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AÇÃO RESCISÓRIA Ocorre quando já houve o trânsito em julgado (indiscutível, a decisão torna- se definitiva, não podendo mais ser objeto de recurso) Não é um recurso, é uma ação (não tem endoprocessualidade) Competência ORIGINARIA DE TRIBUNAL Desconstituição da coisa julgada (juízo rescindente) A ação rescisória é uma ação judicial autônoma cujo objetivo é rescindir uma decisão judicial que tenha transitado em julgado, ou seja, cuja lide já tenha sido encerrada a partir de sentença do juiz, sem possibilidade de recursos. HIPÓTESES DE CABIMENTO: Art. 966 CPC. ROL TAXATIVO MÉRITO ▪ Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz ▪ Juiz impedido ou incompetente ▪ Dolo, coação ou simulação ▪ Ofensa a coisa julgada ▪ Violar manifestamente norma jurídica ▪ Fundada em prova falsa ▪ Prova nova ▪ Erro de fato 5% de caução sobre o valor da causa Relativização da coisa julgada. A hipótese de rescindibilidade é taxativa. Corrente restritiva: ... segurança jurídica que se busca obter com o instituto da coisa julgada, e contra legem, pois o Ordenamento não permite interpretação analógica quando existe expressa previsão legal, como é cediço. Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: § 3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão. § 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei. § 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento. § 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica. Pontes de Miranda: EXISTÊNCIA Ex.: uma decisão que é proferida em um processo no qual não houve citação – a sentença NÃO EXISTE VALIDADE Os fundamentos que o juiz usou para julgar são julgamentos que preconizam o Estado de Direito? O devido processo legal? EFICÁCIA Se o julgamento consegue produzir efeito na sociedade Existem certas decisões com vicio de validade que produzem EFICACIA Ex.: juiz corrompido: vicio de validade, mas enquanto não rescindir a decisão ela produz eficácia (pode haver sentença invalida com eficácia) AÇÃO RESCISÓRIA: para tirar a eficácia de uma sentença invalida A sentença inexistente não produz nenhum efeito (não precisa de rescisória, basta alegar por qualquer meio a inexistência – querela nullitatis) Segundo a corrente restritiva a rescisória somente se aplica a sentenças existentes. Casos de inexistência da sentença seriam objeto de querela nullitatis, bastaria alegar a inexistência da decisão judicial por simples petição ou por ação, pelo procedimento ordinário. QUERELA NULLITATIS INSANABILIS Após a ocorrência do trânsito em julgado de uma decisão apenas seriam possíveis duas hipóteses de sua revisão: a) Ação de nulidade (querela nullitatis insanabilis) b) Ação rescisória As ações de nulidade podem ser propostas a qualquer tempo, em razão de vício trans rescisório, como a ausência de citação, ou mesmo a ausência da validade deste ato. AÇÃO RESCISÓRIA CONCEITO Sentença com vícios de validade: prazo decadencial de 2 anos a partir da sentença ou do conhecimento do erro para buscar a revisão OU 5 anos nos casos de erros materiais A ação rescisória não se confunde com o recurso justamente por atacar uma decisão já sob o efeito da coisa julgada (se é uma ação, não é um recurso) Instaura-se, pela ação rescisória, outra relação jurídica processual. BARBOSA MOREIRA: “Chama-se rescisória à ação por meio da qual se pede a desconstituição de sentença transitada em julgado, com eventual rejulgamento, a seguir, da matéria nela julgada”. É regulada pelos artigos 966 a 975 do Novo CPC. NA RESCISÓRIA TEM DUAS FASES: 1. Rescindir o julgamento com vicio de validade 2. Rejulgar o caso (que agora está sem julgamento) EFEITOS DA SENTENÇA INVÁLIDA Produz os efeitos da coisa julgada e apresenta-se exequível enquanto não revogada pelo remédio próprio da ação rescisória. A sentença rescindível não é nula, mas sim ANULÁVEL (o vício pode ser sanado ou tem que ter um ato de juiz para declarar a perda dos efeitos) “Uma invalidade que só opera depois de judicialmente decretada classificar-se-á, com melhor técnica, como ‘anulabilidade. Rescindir, como anular, é desconstituir”. PRESSUPOSTOS. Os comuns a qualquer ação. Específicos: 1. Uma sentença de mérito 2. Uma das exceções do § 2º do art. 966 § 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça: I – nova propositura da demanda; ou II – admissibilidade do recurso correspondente. 3. Um dos motivos previstos taxativamente no Código de Processo Civil. Não insere entre os requisitos de admissibilidade da ação rescisória a necessidade de esgotamento de todos os recursos. O que se deve ter em vista é a impossibilidade de interposição de recurso, por ter escoado in albis o prazo recursal. (Existe a possibilidade de o trânsito em julgado vir mesmo sem ter esgotado todos os recursos, perder um prazo e transitar em julgado), mesmo que não tenha ido até o final, mas se tiver transitado em julgado cabe ação rescisória) Esse raciocínio que deu origem à Súmula 514/STF: “Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos”. Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I – se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; (ex.: tentou tirar proveito pessoal da situação, recebeu dinheiro ou algum favor) II – for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III – resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; (ex.: autor e réu simular uma ação para obter uma sentença que favoreça um dos dois, sendo que nenhum deles tem direito ao que estão pedindo) IV – ofender a coisa julgada; (ex.: existe uma sentença que transitou em julgado, e depois outra sentença que também transitou em julgado que trata sobre o mesmo tema, mas a decisão é contraria a outra, a segunda sentença poderá ter a sua coisa julgada desconstituída) V - violar manifestamente norma jurídica; VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; (perdeu a ação, transitou em julgado, só que agora tem em mãos uma prova que por si só é capaz de causar uma reviravolta no processo) VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos (erro que olhando para os autos do processo já consegue perceber que a sentença precisa ser refeita) § 1o Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado. LEGITIMIDADE. Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória: I- quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; (legitimidade ordinária superveniente; herdeiros) II - o terceiro juridicamente interessado; (ex.: no caso de simulação, parte autora e ré simularam para prejudicar terceiro e obtiveram uma sentença transitada em julgado, esse terceiro prejudicado tem legitimidade para propor essa ação rescisória) III - o Ministério Público: a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; (custos legis – vicio de validade) b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei; c) em outros casos em que se imponha sua atuação; IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção. Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte. COMPETÊNCIA A quem compete julgar a ação rescisória? O juiz de primeiro grau não possui competência para rescindir a própria decisão (diferente do que ocorre na querela nullitatis insanabilis). RESCISÓRIA PARA VICIO DE VALIDADE, E QUERELA PARA VICIO DE EXISTENCIA (pode alegar onde quiser, na rescisória só pode alegar perante o tribunal) Assim, a competência é sempre do tribunal (competência originaria) Essa competência é funcional absoluta, sendo certo que o tribunal julgará as ações rescisórias tanto das decisões de primeira instância, quanto das decisões originárias do próprio tribunal. POSSIBILIDADE DE INDEFERIMENTO LIMINAR Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319, devendo o autor: I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo; II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente. (paga para ingressar com uma ação rescisória, a ideia é desestimular as pessoas a ingressar quando não forem absolutamente imprescindíveis) § 1o Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de gratuidade da justiça. § 2o O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não será superior a 1.000 (mil) salários-mínimos. PRAZO – Decadência (perde o próprio direito, e não só a pretensão): 2 anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. – Se fundada no inciso VIII (erro de fato) do 966, da data da descoberta sendo no máximo 5 anos da última decisão proferida. SÚMULA 401 - O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial.
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