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ATIVIDADE FINANCEIRO 1 ponto - Daniela Borges

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ISIELE BATISTA DE SOUZA1
Sobre o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, responda:
1) QUAIS OS PONTOS CENTRAIS DA DISCUSSÃO JURÍDICA?
(i) - Crime de Responsabilidade Fiscal
As "pedaladas fiscais" são atrasos de repasses da União a bancos públicos para cobrir
gastos dessas instituições com programas do governo. Além disso, a ex-presidente foi
acusada de editar decretos de créditos suplementares sem a autorização do Congresso
em 2015. Esses decretos autorizam um aumento dos gastos públicos em um momento em que
é de conhecimento do governo que não seria atingiria a meta fiscal. O artigo 167 da CF/88
veda esse tipo de aumento de gastos. (ii) - Operações de crédito; (iii) - Violação da Lei
Orçamentária
2) QUAIS OS ARGUMENTOS JURÍDICOS QUE FUNDAMENTARAM O PEDIDO
DE IMPEACHMENT?
Os signatários da petição do impeachment de Dilma sustentaram a que a prática das
“pedaladas fiscais” enquadra-se nas hipóteses de crimes de responsabilidade, pois viola
disposições legais e constitucionais previstas no artigo 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal,
que enuncia que: “É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e
o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo.” Ademais,
apontam a violação do Art. 85, VI da CF/88 juntamente com a Lei 1.079/50 em seu artigo
quarto, VI. Acerca da edição de decretos suplementares, os autores do texto do pedido de
impeachment fundamentaram também se tratar de crime de responsabilidade. Nesse sentido,
vejamos algumas pontuações feitas no âmbito da denúncia:
Nos termos do art. 10 da Lei 1.079/50, especificamente nos seguintes
itens: “Art. 10. São crimes de Responsabilidade contra a lei
orçamentária: 4) Infringir, patentemente, e de qualquer modo,
dispositivo da lei orçamentária; 6) Ordenar ou autorizar a abertura de
crédito em desacordo com os limites estabelecidos pelo Senado
Federal, sem fundamento na lei orçamentária ou na de crédito
1 GRADUANDA EM DIREITO PELA FACULDADE BAIANA DE DIREITO E GESTÃO - (FBDG)
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adicional ou com inobservância de prescrição legal”. Ora, a
denunciada, por meio dos decretos acima mencionados, autorizou,
nos anos de 2014 e 2015, a abertura de crédito com inobservância à
LOA e à Constituição Federal, justamente por permitir a abertura de
recursos suplementares quando já se sabia da inexequibilidade das
metas de superávit estabelecidas por lei, como demonstrado acima.
(BICUDO; REALE JR.; PASCHOAL, 2015)
3) QUAIS OS FUNDAMENTOS JURÍDICOS APRESENTADOS PELA DEFESA
CONTRA O IMPEACHMENT?
Dentre os principais fundamentos suscitados pela Defesa destacam-se: (i): A
indispensabilidade da aplicação dos pressupostos de configuração delituosa
estabelecidos no âmbito do Direito Penal; Fundados nos elementos que configuram o
injusto penal (tipicidade ou antijuridicidade) e a culpabilidade. Nesse sentido, destaca-se a
inexistência de crime de responsabilidade cometido por ação culposa, ou seja, por ato
imprudente, negligente ou imperito daquele que ocupa o cargo de chefe de Estado e de
Governo. Tipo este atribuído na denúncia e sem conformidade com o Art. 85 CRFB/88 e o
princípio da legalidade. (ii): Acerca dos decretos de abertura de crédito suplementar
temos que esse possui expressa previsão legal e constitucional não havendo que se falar
em qualquer irregularidade nesse tema. Ademais, a abertura de créditos suplementares
para despesas discricionárias sequer expôs a risco o cumprimento da meta, porque tais
despesas estão condicionadas à disponibilidade de recursos para se concretizar.
Ressalte-se que a abertura de créditos suplementares para despesas obrigatórias constitui
estrito cumprimento de dever legal pela Presidenta, sendo absolutamente inexigível conduta
diversa de sua parte.
(iii): Não poderia ser imputada uma ação dolosa a Presidenta da República por
prática de atos jurídicos, a partir de solicitações, pareceres, e manifestações jurídicas,
expressas em atos administrativos expedidos, por servidores de órgãos técnicos, e que se
encontram inteiramente ao abrigo da presunção de legitimidade que envolve todos os
atos administrativos em geral. (iv) Não se pode admitir a aplicação retroativa em
matéria de crime de responsabilidade (respaldo de precedentes do TCU). (v): Da
acusação acerca de subvenções do Plano Safra temos que essas são autorizadas por lei, que
confere a regulamentação e a execução das políticas aos Ministérios responsáveis por sua
gestão, não sendo prevista conduta a ser praticada pela Presidenta da República.
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(vi): A concessão de subvenção ocorre diariamente até o limite definido
anualmente em portaria do Ministério da Fazenda para o ano safra; (vii): A
necessidade de lapso de tempo entre o momento da contratação do crédito rural junto à
instituição financeira e o efetivo pagamento de subvenção à instituição financeira
decorre do tempo necessário para a verificação e fiscalização do emprego adequado do
programa. (viii) Para que se figure crime de responsabilidade seria necessária a
alegação de violação da lei orçamentária. Assim, até mesmo o bem jurídico apontado
pelos denunciantes está errado. Sem ofensa ao bem jurídico, a conduta é atípica. (ix):
Além de se tratar de contratos de prestação de serviços entre a União e o Banco do
Brasil, no ano de 2015 não houve sequer atraso de repasses ao Banco do Brasil. Por fim,
fora exposto o perigo da criminalização da política fiscal vista como um malefício ao
desenvolvimento do país.
4) A PARTIR DA ANÁLISE, QUAL SEU POSICIONAMENTO SOBRE O CASO?
Em primeira análise, cabe a identificação dos problemas centrais. Quais sejam: Os
créditos suplementares e as operações de crédito. Houve no período uma super estimativa de
receitas, e o governo já estava ciente que não conseguiria arrecadar tal montante presente na
Lei de Diretrizes Orçamentárias que estabeleceu as diretrizes para o exercício de 2015. Os
relatórios de execução orçamentária produzidos no período de edição dos decretos atacados já
mostravam a inviabilidade do cumprimento da meta, fato reconhecido pelo próprio governo,
ao encaminhar projeto de lei propondo a alteração da LDO vigente, ante a constatação da
frustração de receitas e elevação das despesas.
É válido ressaltar que a lei orçamentária contém a previsão de receitas e a autorização de
gastos, que, em face de alterações nas circunstâncias de fato ocorridas na execução
orçamentária, podem ser modificadas, desde que com autorização legal. De acordo com o
Princípio da legalidade: não pode haver despesa pública sem a autorização legislativa prévia
(art. 167, I e II da CF). É válido salientar que os créditos suplementares foram autorizados
mas se forem cumpridas as metas. Diante de tais fatos, resta claro que o Direito Financeiro
foi lesado e que as práticas feitas pela Ex-Presidente Dilma foram sim condutas desidiosas
para com a Gestão Financeira do País desrespeitando tanto Princípios financeiros quanto
orçamentários como o do Equilíbrio econômico e o da Legalidade. No entanto, algumas
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dessas práticas são conhecidas e muito comuns nas gestões anteriores, mas para ensejar um
impeachment acerca de condutas já consolidadas me parece algo meramente político.
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