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Tema 9 – Pólipos intestinais Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV É uma lesão pré-maligna com manifestação esporádica ou em síndromes hereditárias. Classificação: • Neoplásicos: adenoma e serrilhado (malignos ou benignos) • Não neoplásicos: hiperplásicos, inflamatórios e harmatosos Morfologia: • Pedunculados ou sésseis • Solitários ou múltiplos É importante pesquisa e tratar os pólipos devido a possibilidade de sangramento e potencialidade de malignização. Fisiopatologia da malignização APC é o iniciador da transformação. Pólipos neoplásicos ADENOMATOSOS (30-40% são > 50 anos) Local de maior frequência: intestino grosso Característica: epitélio displásico Morfologia/ tipos histológicos: • Tubular (85%) • Viloso (5-10%) • Túbulo-viloso (5-10%) Grau de displasia: baixo ou alto (10-30%) Transformação: 2,5% em 5 anos; e 10% nos 10 anos Fatores de risco para malignização: • Tamanho o < 3cm: 3% o 1-2 cm: 10% o > 2cm: 40% • Tipo histológico viloso • Alto grau de displasia Manifestações clínicas: maioria são assintomáticos (apenas achados na colonoscopia) • Sintoma principal: hematoquezia • Raros: diarreia mucoide profusa e prolapso Exames: radiológicos (clister opaco) e endoscópicos (sigmoidoscopia flexível e colonoscopia) SERRILHADO – menores Tipos: • Pólipos hiperplásicos (não neoplásicos) • Adenomas serrilhados tradicionais (neoplásico benigno) • Pólipos serrilhados sésseis Pólipos não neoplásicos HIPERPLÁSICOS (2º em frequência) • Sesseis com padrão serrilhado (telangiectasias) • Assintomáticos • Local: reto e sigmoide • Biopsia não indica colonoscopia HAMARTOSOS JUVENIS (crianças < 5 anos) • Pedunculado e grandes (1-3 cm) • Sangramento, invaginação ou prolapso para reto • Síndrome de Peutz-Jeghers INFLAMATÓRIOS (pouco frequente): doenças inflamatórias intestinais PSEUDOPÓLIPOS: ilhotas residuais após cicatrização Abordagem aos pólipos intestinais Situações em que são encontrados: exames radiológicos ou endoscópicos de outras afecções, triagem familiar, acompanhamento após cirurgia de CA colorretal ou investigações de hematoquezia. Principio inicial: polipectomia para estudo histopatológico SEGUIMENTO ENDOSCÓPICO Visa prevenção do câncer Único método: colonoscopia (1ª deve ser realizada após 1 ano da polipectomia e as seguintes depende do risco do paciente). Prevalência do CA: vilosos (41%) e tubulares (5%) Grupos de risco pela idade: • > 50 anos: o 70-80%: CA colorretais o 30-50%: adenomas • > 60 anos: triplica o risco de câncer, mesmo em adenomas pequenos Grau de risco e seguimento pela morfologia: • Alto risco: o 3 ou mais adenomas (> 10mm) o Componente viloso o Displasia de alto grau o Seguimento: colonoscopia a cada 3 anos • Baixo risco: o 1 ou 2 pequenos pólipos (<10mm) o Adenomas tubulares o Sem displasia de alto grau o Pólipos hiperplásicos o Seguimento: colonoscopia após 5 a 10 anos OBS.: se procedimento foi realizado de forma incompleta, deve ser repetido em 1 a 3 meses. ACOMPANHAMENTO DO CÂNCER Procedimento Início Intervalo Ressecção curativo 1 ano pós-operatório 3 anos CA ou adenoma em parente de 1º grau com + de 60 anos ou dois parentes com qualquer idade 40 anos ou 10 anos antes do caso mais jovem 5 anos CA colorretal em outros parentes 50 anos 10 anos FAP – Polipose adenomatosa familiar Mutação autossômica dominante no gene APC 1% dos casos de câncer colorretal Mais de 100 adenomas distribuídos pelo cólon (pode ser milhares) – surgem durante adolescência e o risco de evolução de CA colorretal é de 100% até a idade de 40-50 anos. Associação com outras neoplasia ou alterações extra-colônicas: • Adenomas duodenais e gástricos (95% dos casos) • Pólipos gástricos de glândulas fúndicas (80-90%) • Osteomas (80%) • Hipertrofia congênita de epitélio pigmentar da retina (75%) • Cistos epidermoides (50%) RASTREAMENTO dos familiares: a partir da puberdade (10-12 anos de idade) anual ou bianual. TRATAMENTO - 3 opções cirúrgicas: • Colectomia total com anastomose ileocólica (preserva reto) • Proctocolectomia com bolsa ileal • Proctocolectomia com ileostomia QUIMIOPREVENÇÃO DE PÓLIPOS ADENOMATOSOS Sulindac (AINE) ou celecoxib (inibidor de COX-2) → não tem impacto na redução do risco de câncer, apenas diminui o tempo de avanço da cripta aberrante em pólipo. Síndrome de Turcot Polipose-glioma: síndrome de polipose familiar com tumores primários do SNC (carcinomas colorretais + adenomas + tumores primários do SNC) Tipo 1: mutação do gene de reparo incompatível, geralmente encontrado em câncer colorretal hereditário simples (cerebral: astrocitoma ou glioblastoma – pior prognóstico) Tipo 2: PAF, apresenta inúmeros pólipos adenomatosos (cerebral: meduloblastoma) Síndrome de Gardner Variante da polipose adenomatosa familiar. Tríade: 1. Polipose adenomatosa dos cólons; 2. Osteomas do crânio e da mandíbula; 3. Cistos epidermoides (atualmente se incluem outras anormalidades de tecidos moles, como tumores desmoides, cistos sebáceos, lipomas, fibromas e sarcomas). Conduta: colectomia total (transformação maligna em todos) Realizar rastreamento familiar MAP – Síndrome de polipose recessiva Rara, autossômica recessiva, associada a mutações no gene MYH, com alta penetrância. Idade média do diagnóstico: 40-50 anos Número de pólipos pode variar de < 100 (maioria) até milhares. 30% dos pacientes desenvolvem o câncer sem associação com polipose. 5% dos pacientes podem apresentar manifestações extracolônicas, como adenomas duodenais e há uma predileção de distribuição dos pólipos no cólon direito. Síndrome de Peutz-Jeghers Rara síndrome autossômica dominante causada pela mutação do gene STK 11. Pólipos hamartosos no aparelho digestivo e manchas escuras nos lábios e na mucosa da boca. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: presença de pelo menos 3 pólipos hamartomatosos, ou qualquer número de pólipos hamartomatosos associados à típica pigmentação mucocutânea, para pacientes sem história familiar. LOCAIS COMUNS: intestino delgado (78%); cólon (42%); estômago (38%); reto (28%) Portadores dessa síndrome podem desenvolver uma grande variedade de neoplasias (mama, estomago, pâncreas, colorretal, pulmão) SEGUIMENTO inclui todas as neoplasias associadas à síndrome. Colonoscopia a partir de 25 anos de idade, a cada 2 a 5 anos. Síndrome de polipose juvenil Rara, autossômica dominante que inclui mutações nos genes SMAD4 e BMPRA Pólipos juvenis: hamartosos, solitários, sem potencial maligno. Se fazer parte da síndrome de polipose juvenil, podem ter potencial maligno. DIAGNÓSTICO: • 5 ou mais pólipos juvenis no cólon, sem história familiar; OU • Qualquer número de pólipos no estômago ou cólon, com história familiar Pólipos desenvolvem na 3ª década de vida e cerca de 10-20% dos pacientes apresentam anormalidades congênitas (macrocefalia, anomalias cardíacas, fissura palatina) SEGUIMENTO: parentes de 1º grau a partir de 12 anos de idade com colonoscopia a cada 1-3 anos.
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