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AÇÃO TRABALHISTA CONCEITO: É o direito de agir, é o direito de exigir do Estado que exerça sua tutela jurisdicional, direito subjetivo de invocar a tutela jurisdicional do Estado • Natureza Jurídica – 4 teorias: a) Teoria imamentista ou concretista/civilista/clássica: maior defensor – Savigny, propagada por Clóvis Beviláquia – CC/1916 “A ação é o próprio direito material em movimento, é assunto de direito material” “Não há ação sem direito, nem direito sem ação”. b) Teoria da ação como direito autônomo concreto: Adolf Wach – “a ação seria um direito autônomo, de natureza pública e subjetiva, mas só se a sentença for favorável ao autor”, ou seja, só teria ação se o direito material fosse favorável. c) Teoria da ação como direito autônomo e abstrato: Carnelluti – “é autônomo em relação ao material, porém é abstrato, não tendo vinculação alguma com um direito material específico”. É o direito de provocar a jurisdição objetivando sua tutela, independentemente da resposta ser favorável ou não. Ou seja, todos têm direito de ação, que seria um direito de peticionar em juízo, sem limitação, pois, mesmo que a sentença seja desfavorável, houve o pleno exercício do direito de ação, posto que o Judiciário fora provocado e prestou a tutela jurisdicional. Para essa corrente, as condições da ação não são permissivas para o exercício do direito de ação. d) Teoria eclética da ação: Enrico Tullio Liebman visualizou o direito de ação como autônomo e abstrato, porém condicionado. Assim, Liebman, apesar de reconhecer o direito de ação como um direito abstrato, constitucionalmente garantido, ressalvava que, para que este fosse exercido em âmbito processual, gerando uma sentença de mérito, necessitava ter preenchido alguns requisitos. Esses requisitos são as chamadas condições da ação. CONDIÇÕES DA AÇÃO • Legitimidade • Interesse de agir • Possibilidade jurídica do pedido LEGITIMIDADE: • A legitimidade das partes refere-se à titularidade ativa ou passiva da ação. É a denominada legitimatio ad causam, que traduz, em âmbito processual, o titular do direito material em litígio. • Podemos, assim, falar que, em regra, o sujeito titular da pretensão resistida é quem possui legitimação para propor a ação. • A parte deve demonstrar que compõe a relação jurídica de direito material que entrou em crise, podendo figurar na ação judicial, em outras palavras, decorre do liame entre o sujeito e o direito material que se discute. Deve, então, haver uma equivalência entre os atores da relação jurídica material e da relação jurídica processual. • Caso não haja essa equivalência, figurando no processo pessoa estranha à relação jurídica material, haverá extinção do processo sem resolução do mérito, em regra. • Legitimação extraordinária: a situação processual em que a lei autoriza alguém a atuar em nome próprio, como parte, no processo, defendendo ou pleiteando interesse ou direito alheio. Só ocorre de forma excepcional, quando a lei expressamente permitir. INTERESSE DE AGIR: • É forjado pelo binômio necessidade e adequação. Processualmente, o interesse vem a lume quando o autor necessita do provimento jurisdicional para obter o bem da vida desejado. Caso consiga obter esse bem sem recorrer ao Poder Judiciário, não há que se falar em interesse de agir. • Assim, se o direito não está em crise, ou seja, se não há controvérsia ou conflito de interesses (lide), não há necessidade de ação (necessidade). Da mesma forma, se o tipo de ação escolhida pelo autor for equivocada para a solução da crise jurídica, não haverá adequação e, por óbvio, falta de interesse de agir. • A ausência de qualquer dessas condições acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO • Diferentemente do CPC de 1973, que previa a possibilidade jurídica do pedido como condição da ação, o atual CPC não a considera como uma condição autônoma, mas sim integrante do interesse de agir. • O CPC de 2015, adotando o pensamento reformulado de Liebman, entende que só haverá interesse de agir se o pedido não ofender o ordenamento jurídico. • O juiz, ao se deparar com um pedido juridicamente impossível, deve julgar o processo extinto, sem resolução do mérito, por falta de interesse de agir. E QUAL O MOMENTO PARA SE VERIFICAR AS CONDIÇÕES DA AÇÃO? Momento de verificação: Teoria da asserção - defendida, no Brasil, dentre outros, por Barbosa Moreira e Kazuo Watanabe, preconiza que as condições da ação devem ser demonstradas in statu assertionis, ou seja, devem estar contidas nas assertivas (asserções) ou narração apresentada ao juiz, na petição inicial. Ocorrendo o desaparecimento destas ao longo do processo, ou em havendo alteração dos fatos, ainda assim, haverá o julgamento do mérito; isso porque as condições da ação têm fundamento ético e econômico, objetivando a otimização da atividade jurisdicional do Estado, evitando aventuras jurídicas, ou seja, ações sem futuro, com respaldo nos princípios do acesso à Justiça, celeridade, efetividade, simplicidade e instrumentalidade do processo. ELEMENTOS DA AÇÃO: • Os elementos são o que permitem identificar a ação e distingui-la das demais: • Partes • Causa de pedir • Pedidos PARTES: • São todos que postulam em uma relação jurídica processual – autor, réu, terceiros intervenientes, MP; • MP: quando fiscal da lei ou órgão agente; • São elementos subjetivos da ação; • Podem agir individualmente (autor/reclamante, réu/reclamado); por uma pluralidade de pessoas (litisconsórcio); representadas (menor/representantes legais); substituídas processualmente (legitimação extraordinária). • Podem ser: partes materiais (titulares) ou partes formais/processuais (substitutos – MPT por ex; ou representantes) CAUSA DE PEDIR: • Refere-se aos fatos e fundamentos – ex: extinção do contrato de emprego sem justa causa (fato) sem o adimplemento das verbas rescisórias (fundamento jurídico); • Art. 319, III, CPC – A petição inicial indicará: os fatos e fundamentos jurídicos do pedido. • Fatos: são as ocorrências relevantes na esfera jurídica, são ocorrências sociais vivenciadas que podem repercutir ou não juridicamente • Teoria da substanciação ou consubstanciação: a causa de pedir é composta pelos fatos e fundamentos jurídicos • Ao juiz caberá a função de proceder à subsunção do fato à norma PEDIDOS: • É elemento crucial, pois nele se encontra o desejo, interesse da parte que provocou o pedido; • Objeto da ação; • Na inicial, o autor deve identificar qual provimento deseja (pedido imediato) e delimitar qual o bem jurídico almejado (pedido mediato) • Imediato: provimento do Estado – ex: a condenação • Mediato: o objeto ou o bem almejado – ex: condenação ao pagamento das verbas • Pedido = Mérito • Pedidos certos e determinados – ação líquida • Art. 840 da CLT CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES Para se determinar a classificação, é necessário observar qual o provimento postulado pelo autor/reclamante na inicial Ação de conhecimento ou cognitiva Ação executória Ação cautelar Ação mandamental Ação executiva lato sensu AÇÃO DE CONHECIMENTO/COGNITIVA: Busca obter um pronunciamento judicial certificando o seu direito material, podendo pôr fim ao litígio. • Declaratória: Busca obter a declaração judicial da existência ou inexistência de uma relação jurídica e, também, a autenticidade ou falsidade de determinado documento Art. 769, CLT Arts. 19 e 20, CPC Ex: existência de contrato de trabalho, nulidade de cláusulas convencionais • Constitutiva: Busca um provimento jurisdicional para criar, modificar ou extinguir uma determinada relação jurídica. A decisão que reconhece a nova situação jurídica já produz efeitos a partir do trânsito em julgado, não necessitando ser executada. Ex: fixação de salário doempregado (art. 460 da CLT); equiparação salarial (art. 461 da CLT); inquérito (ação/reclamação) para apuração de falta grave de dirigente sindical, buscando obter a decretação da extinção do contrato de trabalho deste (art. 853 da CLT); ação rescisória. • Condenatória: Busca obter uma decisão que imponha ao réu o cumprimento de uma obrigação de dar (pagar), entregar coisa, fazer ou não fazer algo. O provimento jurisdicional, neste tipo de ação, além de reconhecer a quem pertence o direito, garante que ele seja efetivado – se não cumpre, pode ser executado (art. 878, CLT). Ex: ação pleiteando o adimplemento de verbas salariais oriundas do contrato de emprego, ações envolvendo obrigação de fazer (assinar CTPS, fornecer EPI’s), reintegrar empregado estável. AÇÃO EXECUTÓRIA: • Possibilita ao vencedor do litígio que o conteúdo previsto no provimento jurisdicional (decisão), que se converteu em título executivo, após o trânsito em julgado, seja, efetivamente, realizado. • No processo do trabalho: possibilidade de executar títulos extrajudiciais taxativamente fixados no art. 876 da CLT (os termos de ajuste de conduta, os termos de conciliação, firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia). • Notas promissórias e cheques decorrentes da relação de trabalho, constituem títulos executivos extrajudiciais que podem ser executados na JT. AÇÃO CAUTELAR: • Tem por objetivo resguardar, proteger um provável direito, assegurando o resultado útil de um provimento jurisdicional. O seu fundamento pode ser encontrado na urgência e na evidência de um direito. • Atualmente, é denominada de tutela cautelar e é espécie da tutela provisória. • A CLT não trata da referida ação, aplicando-se, subsidiariamente, os artigos referidos do CPC AÇÃO MANDAMENTAL: • Este tipo de ação integra o chamado processo sincrético, no qual não há divisão entre o processo de conhecimento e o de execução, entregando- se o bem ao seu legítimo titular em um único processo. • Dessa forma, o provimento judicial não exige a fase de execução, pois já contempla uma ordem, um comando, o qual vem reforçado por uma cominação de sanção (uma coação psicológica). • Ex: mandado de segurança, por meio do qual o juiz, ao decidir, determina o cumprimento de sua decisão sob pena de coação. AÇÃO EXECUTIVA LATO SENSU: • É a ação cuja sentença impõe ao vencido uma obrigação, que, se não cumprida voluntariamente, poderá ser executada no mesmo processo, isto é, independentemente de um processo autônomo (o processo tem natureza sincrética). • Ex: as ações de obrigação de fazer do art. 497 do CPC
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