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Sumário 1 CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................ 4 1.1 Administração Pública Brasileira .................................................................. 6 1.2 Poderes e Deveres do Administrador Público .............................................. 7 1.3 Gerencialismo .............................................................................................. 8 1.4 Governança Pública ..................................................................................... 9 2 HISTÓRICO DE SAÚDE DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR .......................... 9 3 TRAJETÓRIA DO ATENDIMENTO EM SERVIÇOS PÚBLICOS E A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO ................................................... 11 4 ESTRATÉGIA SAÚDE DE FAMÍLIA ............................................................. 14 5 GESTÃO HUMANIZADA EM SAÚDE .......................................................... 16 5.1 Método ....................................................................................................... 16 5.2 Princípios .................................................................................................... 17 5.3 Diretrizes .................................................................................................... 19 5.4 Direito ao Atendimento Humanizado .......................................................... 21 6 A QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE SAÚDE .............................................. 22 6.1 Da Satisfação dos Usuários ....................................................................... 25 6.2 A humanização como política pública ........................................................ 26 6.3 Acesso, qualidade e oferta de serviços de saúde ...................................... 27 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 29 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 1 CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A Administração é vista como um propósito consciente e tem como objetivo construir, implementar ou desenvolver algo, é voltada para negócios e seu objetivo principal é arrecadar fundos (seja por meio de impostos municipais, estaduais ou federais) ou simplesmente resolver problemas para o bem comum. Tudo ao nosso redor é movido pela arte de administrar. Segundo Marx (1968, p. 30), não importa quais interesses e desejos os motivam, as pessoas continuarão a definir metas a serem alcançadas; a administração compreende tudo o que fizerem para atingir seus objetivos desde então. O aspecto principal da administração pública são as atividades do governo e começam quando os sistemas políticos começaram a funcionar. Ela concentra sua atenção em todas as questões comuns, os fatores fundamentais e importantes encontrados no campo administrativo Formalmente falando, é um conjunto de órgãos instituídos e estabelecidos para atingir os objetivos do governo, no sentido material, é um conjunto de funções necessárias para os serviços públicos em geral; no sentido operacional, é a prestação permanente e sistemática, legal e técnica dos serviços próprios do Estado ou que este assume em benefício da coletividade. Portanto, numa perspectiva global, gestão administrativa é todo o aparelhamento do Estado para a execução dos serviços, pensado para atender às necessidades coletivas. (MEIRELLES, 2006, p. 64) Analisando suas necessidades imediatas e não imediatas e fornecer recursos e soluções suficientes para diferentes problemas. Basicamente, a gestão pública é a relação entre o governo, os órgãos administrativos e o povo. A população exige melhorias e recursos devem ser alocados para isso. O governo analisa, apresenta propostas sejam elas eleitorais ou de governo já agasalhadas no orçamento público municipal, implanta as medidas, faz a 5 liberação de verbas e os órgãos administrativos ficam responsáveis a aplicações desses interesses. Heady (1970, p. 1) afirma que “a administração pública é o campo da gestão que existe em um contexto político. Está essencialmente ligada à implementação das decisões de políticas públicas tomadas no sistema político ”. Administração pública é composta por leis, normas e funções. A administração pública possui cinco princípios básicos previstos em lei, são eles: 6 Esses princípios são fundamentais para o trabalho administrativo de quem exerce autoridade pública, são elementos a serem seguidos que são colocados em prática na função de gestão, são regras. 1.1 Administração Pública Brasileira A administração pública brasileira é organizada de forma federal, e suas funções são atribuídas aos poderes executivo, legislativo e judiciário. Esses poderes se dividem nas três esferas de atuação do poder público federal, estadual e municipal. Essa administração é realizada por um conjunto de órgãos governamentais que visam realizar as atividades exigidas pela população. O legislativo é a forma jurídica, o executivo é a conversão da lei e o judiciário é a aplicação da lei. O Poder Legislativo Federal do Brasil é composto pela Câmara dos Deputados e Senado, representando o povo brasileiro, os Estados e o Distrito Federal, respectivamente. As duas casas formam o Congresso Nacional, localizado em Brasília, onde trabalham os Senadores e Deputados Federais. 7 O Judiciário é o órgão fiscalizador da lei, composto por juízes, desembargadores, promotores, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). É visto como um poder independente dos demais, pois seu objetivo é julgar com imparcialidade, incluindo as razões inerentes ao Executivo e Legislativo, bem como próprias pautas e interesses públicos e individuais específicos do judiciário. Segundo Nascimento (2008, p.1), a organização da administração pública brasileira está dividida em duas partes. 1.2 Poderes e Deveres do Administrador Público Quando colocado no governo como um cargo público, todo administrador público tem a responsabilidade de zelar pela execução de projetos com fins sociais, razão pela qual ser autoridade pública, pois não há outro desejo da população a não ser que sejam bem representados e administrados por um agente capaz. Os gestores públicos são responsáveis por implementar as ordens e políticas estipuladas por lei para proteger interesses básicos como saúde, segurança e educação. No exercício de funções administrativas, os agentes do poder público não devem buscar arbitrariamente outros fins, nem encerrar as atividades previstas em lei. Portanto, não pode deixar de cumprir as obrigações que a lei lhe incumbe, nem pode renunciar a quaisquer poderes e privilégios que lhe sejam conferidos que não sejam por considerações pessoais. mas sim para serem utilizados em prol da comunidade administrada. (MEIRELLES,2006, p. 86) Deixando de exercer as funções que lhe são atribuídas, renunciará ao cargo que se propôs representar, pois os gestores públicos devem destinar pela proteção dos interesses públicos, e não privados. Cada autoridade tem os poderes e responsabilidades conferidos por lei, relativos aos cargos e funções, vale destacar que são atribuídos em benefício da comunidade, não devendo este "poder" ser utilizado para outros fins. 8 Segundo Meireles (2006, p. 105), “esse tipo de comportamento é uma característica do abuso de poder, dependendo das circunstâncias específicas, será definido e punido em consonância com a lei”. Esta situação ocorre quando a autoridade competente ultrapassa o escopo e as atividades administrativas impostas pelo cargo se desviando do verdadeiro propósito. 1.3 Gerencialismo Nas décadas de 1980 e 1990, o gerencialismo surgiu como uma ideologia para iniciar o processo de reforma no Reino Unido porque foi traduzido no espírito empresarial do setor privado do país e do setor público, Isso ocorre porque os serviços públicos não são privatizados e muitos deles permanecem no setor público, de modo que um alto desempenho deve ser alcançado em um mercado altamente competitivo. Existem dois modelos na estrutura global, um deles é a administração pública gerenciada (APG) e o governo empresarial (GE), ambos considerados gerencialismo. modelo organizacional que busca implementar mudanças nas relações internas e nas formas de gestão das organizações públicas com foco na eficácia. O conceito de APG é um modelo normativo pós-burocrático cujo objetivo é estabelecer a reorganização da administração pública. Alguns autores referem-se à APG como um movimento para traçar fronteiras no espaço e no tempo, um processo de transformação na administração pública do Norte da Europa, Canadá e Oceania nas décadas de 1980 e 1990. O GE refere-se a um modelo de reinvenção do governo que consiste em um estilo programático de gestão pública. O governo empreendedor é um método inspirado na teoria administrativa moderna, trazendo a linguagem e as ferramentas da administração privada para os administradores públicos (SECCHI, 2009). 9 1.4 Governança Pública O objetivo da governança pública é estabelecer salvaguardas para atingir os objetivos políticos. O objetivo da governança pública é estabelecer o Governo Central para prestar atenção aos objetivos políticos (planos de governo) definidos pelo Parlamento. Portanto, além de responsável, o ministro também será cobrado pelo cumprimento dessas metas. A essência da boa governação, do ponto de vista das responsabilidades do ministerial, tornou-se uma garantia suficiente para o ministro assumir tais responsabilidades. A governança pública não deixa de ser polêmica, pois cria ambiguidades entre os diversos campos do conhecimento. Há algumas disciplinas que estudam os fenômenos da governança, como a teoria do desenvolvimento, a administração privada, a ciência política e a administração pública. Existe um grande debate sobre as consequências da modernização do setor público alemão, e é por isso que governança se tornou um conceito que todos usam, mas não sabem o que é. O verdadeiro significado de governança pública é considerado um entendimento baseado em debates políticos de desenvolvimento. É um termo usado para se referir a certos pressupostos sobre elementos estruturais (como a gestão da responsabilidade do setor público, transparência e legitimidade) como um guia de desenvolvimento. A governança pública difere de qualquer outro conceito aplicável à administração pública por ser uma forma de supervisão da relação entre agentes públicos e cidadãos, por meio de seus pilares: “prestação de contas, transparência, justiça e responsabilidade”. 2 HISTÓRICO DE SAÚDE DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR Antes do século XVII, na época do positivismo que o conceito de hospital era uma instituição de ajuda aos pobres, porque os ricos traziam profissionais médicos para casa. 10 Embora seja uma unidade de cuidado, o hospital é um recurso de exclusão social, pois os pobres também necessitavam de cuidados e, se fosse também doente, poderia ter alguma doença contagiosa, além disso, o pobre poderia estar louco, ou seja, oferecer perigo maior, pelos conceitos da época. Além disso, só no século XVII foi concebido para curar utentes de hospitais, mas para fornecer ajuda material e espiritual, em alguns casos para prestar o último cuidado ou o último sacramento. Na década de 70, a saúde no Brasil só era garantida aos trabalhadores com carteira assinada, que pagavam a previdência social, enquanto outras populações precisavam ter recursos próprios para conseguir atendimento médico (SILVA, 2006). No entanto, essa situação mudou desde o Movimento da Reforma Sanitária. O projeto do Sistema Único de Saúde (SUS) surgiu para atender aos graves problemas enfrentados pelo setor público, como a falta de atendimento a toda a população. O SUS ainda é um projeto inacabado, distorcido ao longo do tempo com a popularização dos serviços médicos, mas é o botão da política de humanização da saúde no Brasil. As primeiras noções ligadas à saúde e à doença, estão relacionadas com a dor e o sofrimento do homem pré-histórico, e que as sensações de sentir-se bem e de sentir-se mal são produzidas pela comparação da condição física de uma pessoa. No período Paleolítico, há evidências de que a terapia se baseava no conceito de magia, por meio do uso de vegetais pelas mulheres e da atividade dos homens como xamãs. Já no período Neolítico, a percepção de saúde, devido à cultura, ainda permanecia-se mítica, porém com certos estabelecimentos de causa e efeito a respeito de medidas terapêuticas diversas. Portanto, hoje, o significado de saúde reflete as condições econômicas, sociais, culturais e políticas, ou seja, se diversificará com o tempo, lugar, classe social e até mesmo valores pessoais, ciência, filosofia e/ou conceitos religiosos. 11 Portanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou o conceito de saúde mundialmente reconhecido em sua carta de princípios datada de 7 de abril de 1948, definiu saúde como “um estado de mais completo bem-estar, físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidades”. Ao contrário do conceito da OMS, saúde seria a ausência de doença, pois afirma que classificar o homem como saudável ou doente é objetivo. 3 TRAJETÓRIA DO ATENDIMENTO EM SERVIÇOS PÚBLICOS E A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO A década de 80 foi caracterizada por manifestações clamando por melhorias nas condições sociais e de saúde pública. Nesse período, apenas os contribuintes do Instituto da Previdência Social tinham direito ao gozo de saúde pública. Foi uma luta pelos direitos constitucionais na qual se apelou para a transformação da democracia e da igualdade de direitos para todos os cidadãos brasileiros. A criação do Sistema Único de Saúde propôs que, o direito funcionasse da mesma maneira em todo território Brasileiro e quem se responsabilizaria seria o Governo Federal, Governo Estadual e Governo Municipal, criando programas garantindo a promoção, proteção e recuperação da saúde da população brasileira (MELLO, 2008). A constituição de 1988 e a Lei orgânica de 1990 serviram de base para o fundamento Legal do Sistema Único de Saúde. A Saúde e direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco da doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário as ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL,1988, art.º 196). A lei que regulamenta o Sistema Único de Saúde garante que a população brasileira siga as três doutrinas: a primeira é a universalidade, ou seja, todas as 12 pessoas têm direito à saúde, independentemente da cor da pele, renda econômica, orientação sexual ou raça. Segunda a Equidade, garante o direito a saúde igual para todos que busquem os serviços do Sistema Único de Saúde, mas atendidos conforme necessidade, diminuindo a desigualdade e a terceira a Integralidade que tem como objetivo não só a doença, mas considera todos os fatores biológico, psicológico e social. A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) assume a responsabilidade pela universalidade, integridade e equidade em saúde. Nessa perspectiva, não que as pessoas não adoeceriam, mas teriam uma melhor qualidade de vida, entretanto é evidente que grandes são os desafios em promover saúde com qualidade. E nesta trajetória muitos foram os avanços e somando-se a isso, fatores consideráveis precisaram de soluções urgentes. Os princípios organizacionais do Sistema Único de Saúde são a Regionalização e Hierarquização, que são os caminhos que a população deve percorrer para ter acesso aos serviços de saúde, buscando primeiro o nível primário que são as Unidades Básica de Saúde, secundário são os centros mas especializados, e o nível terciário que são os hospitais de referência. A Descentralização significa que os municípios devem ter poder de decisão para resolver os problemas locais de saúde; Participação dos cidadãos no processo de formulação das políticas de saúde; Complementaridade do Setor Privado que é a contratação dos serviços privados, conforme os princípios que regem o Sistema Único de Saúde (MELLO, 2008). Levantamento realizado pelo Ministério da Saúde sobre a assistência aos serviços de saúde trouxe novas perspectivas, indicando que a qualidade dos serviços prestados aos usuários é ruim, o que é uma das principais emergências que o Ministério da Saúde precisa realizar no Sistema único de Saúde. Conforme verificado, um país com tantas diversidades, desigualdade social e econômica, o profissional da saúde desvalorizado, carga horária de trabalho extensa, precárias condições de trabalho, falta de reciclagem dos trabalhadores, entretanto seria um erro, de dizer que a culpa e só dos 13 profissionais de saúde, a deficiência da gestão também colabora para esse cenário desumanizado, e a isso ainda podemos acrescentar a fragilidade do vínculo, profissional e paciente. Pode-se dizer nesse contexto de insatisfação dos usuários do Sistema Único de Saúde, ficou clara a necessidade da criação de uma política pública que mudasse esse cenário. A partir de então foi criado a Programa Nacional de Humanização (MELLO, 2008). Em meados de 2000, devido a muitos esforços para melhorar a saúde pública, o Programa Nacional de Humanização da Atenção Hospitalar foi formulado (PNHAH) com o objetivo de melhorar a assistência nos hospitais de todo o Brasil e as condições de trabalho dos profissionais de saúde, um plano de Programa Nacional de Humanização foi implementado em 2003, com o propósito de pôr em prática os princípios que regem o Sistema Único de Saúde, no dia a dia dos profissionais e gestão, e para que haja um melhor relacionamento entre gestores, profissionais e usuários do serviço (BRASIL, 2010). O Ministério da Saúde entende que o cuidado humanizado é um aumento da responsabilidade pela promoção da saúde, mudanças na cultura do atendimento e mudanças na gestão do trabalho. Humanizar é dar qualidade à relação entre paciente e profissional de saúde, é ver o paciente além da patologia, no momento de fragilidade do corpo e do emocional. Nesse universo de tantas angústias, dor, medo do desconhecido, o profissional precisa ter habilidades humanas e científicas. Para que haja sucesso na implantação da Política Nacional de Humanização (PNH), fazem-se necessárias estratégias compostas por eixos à serem seguidos como: financiamento com recursos para humanização, instituições do SUS com planos de governo estadual e municipal, educação, permanentes qualificação profissional, mídia promovendo discursos amplos sobre saúde, atenção ampliação a saúde, gestão da política apoiando pesquisas 14 relacionadas a humanização, juntos possibilitam a sociedade a receber os benefícios da Assistência Humanizada. Porém, isso pode ser pensado como uma forma de conduzir um processo de saúde para atender a todos que procuram os serviços de saúde, escutando todas as suas demandas e tomando uma atitude capaz de abastecer suas carências, dirigindo, se for o caso, o paciente e a família em contato com outros serviços de saúde para o prosseguimento da assistência. Assim sendo, faz-se necessário uma análise dos problemas e dificuldades em cada serviço de saúde, onde se toma por base as experiências bem sucedidas de Humanização do SUS que dar certo, onde parte as orientações para a Política Nacional de Humanização onde é traduzida em método, princípios e diretrizes. A valorização dos diferentes sujeitos implicada no processo, bem como o fomento da autonomia e do Protagonismo desses sujeitos; o aumento do grau de corresponsabilidade; estabelecer vínculo de solidariedade e participação coletiva no processo de gestão; identificar necessidades sociais; a mudança dos modelos de atenção e gestão dos processos de trabalho, tendo como foco as necessidades dos cidadãos e a produção de saúde; o compromisso com a ambiência e a melhoria das condições de trabalho e do atendimento. 4 ESTRATÉGIA SAÚDE DE FAMÍLIA Em 1994, o Ministério da Saúde criou o Programa de Saúde da Família (PSF), hoje denominado Estratégia Saúde da Família (ESF), que é entendido como uma proposta estruturante do sistema de saúde, o objetivo é cooperar de forma decisiva na organização e urbanização de um sistema único de saúde, implementando os princípios básicos de universalização, descentralização, integridade e participação comunitária. O ESF prioriza ações para proteger e promover a saúde das pessoas e famílias (incluindo adultos e crianças, saudáveis ou doentes) de forma holística, humana e contínua. 15 Desde a sua institucionalização, as estratégias de saúde da família têm sido relevantes no discurso político, institucional e social do Ministério da Saúde e têm implementado mecanismos de alocação de recursos e outros métodos de financiamento. O programa foi concebido pelos atores institucionais (nos níveis federal, estadual e municipal) a partir de 1998 como um importante guia para o desenvolvimento dos sistemas locais de saúde e ganhando status de estratégia de reorientação assistencial A Equipe de Saúde da Família é formada por uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, dentistas, auxiliares de saúde bucal, servidores e agentes comunitários de saúde que atuam na prevenção, tratamento e reabilitação pessoal. As principais atividades realizadas são: consulta médica, de enfermagem e odontológica, grupos de saúde, visitas domiciliares, exame preventivo de câncer; consultas pré-natais; vacinação; procedimentos técnicos e educação em saúde nas escolas e na comunidade; além das ações e campanhas priorizadas pelo Ministério da Saúde. A ESF preconiza a utilização da assistência domiciliar à saúde, principalmente a visita domiciliar, como forma de capacitar o profissional a se integrar e compreender a realidade de vida da comunidade, bem como estabelecer ligações com a mesma; atender às diferentes necessidades de saúde das pessoas, cuidando da infraestrutura existente na comunidade e atendimento à saúde da família. A estratégia saúde da família e o espaço que ela ocupa é o ponto de partida e "porta de entrada" para a implementação da política de humanização da saúde da população. 16 5 GESTÃO HUMANIZADA EM SAÚDE Os fatores de crescimento da organização mudaram, o que significa que é necessário lidar com as pessoas de uma nova forma dentro desses conceitos organizacionais, ou seja, uma gestão humanística. (LEITÃO; LAMEIRA, 2005). No conceito de humanismo, no campo da economia neoliberal, o ser humano não será mais apenas um fator de produção que depende de benefícios capitais e procedimentais, mas a principal ferramenta de todo o processo produtivo. As demais se reivindicam a contentamento das prioridades humanas tais como a dignidade e a valorização do usuário no ambiente de trabalho. A gestão humanizada que passa a ser uma precisão no novo modelo organizacional. Pois, tem como finalidade incentivar uma alteração do perfil do gestor em transferência ao estilo autocrático para poder torná-lo um líder e assim ter a capacidade de captar e desenvolver a sua habilidade criativa e consequentemente seus talentos que a organização vai lhe dispor (SILVA, 2006). Portanto, essa imagem de comando é positiva e multifacetada, com o objetivo de transformar gestores em agentes de mudança influentes por meio da arte de liderar pessoas, movimentando energias para a caracterização dos serviços públicos (LEITÃO; LAMEIRA, 2005). O Ministério da Saúde realizou um levantamento das dificuldades vivenciadas na saúde, e conforme os resultados apurados, tornou necessário empregar por modelo o SUS que dá certo, e dele saem às políticas que norteiam o programa nacional de humanização, que são transformadas em métodos, princípios e diretrizes. 5.1 Método Acredita-se que a linguagem autoriza a análise dos sentidos, humanização significa então garantir a expressão da própria dignidade ética e a certeza de ser diferente do outro (GADAMER, 2005). 17 Uma vez que a objetividade científica utilitarista e positivista atributo da prática médica em busca de conhecimento causam uma oposição perante a ciência-tecnologia e da dignidade ética por meio das palavras (GADAMER, 2005). Somente a partir do modelo, que é determinado pela solidariedade do encontro intersubjetivo e mediado pela palavra é competente de originar a humanização, passando por cima da neutralidade do modelo da medicina científica e a exteriorização de cara ao objeto de estudo da enfermidade e não mais o doente, levando em conta que tal procedimento só será finalizado com uma mudança da cultura de organização, uma alteração estrutural do acolhimento já que humanizar o auxílio é humanizar a produção dessa assistência. Envolver a equipe na tomada de decisões de gerenciamento pode ajudar a melhorar a prestação de serviços de saúde, envolvendo os pacientes e suas famílias no processo de cuidado. Nessa perspectiva, muitos profissionais que se deparam com o dilema ético daí decorrente, indicam que cada vez mais se interessam em encontrar uma forma de garanti-los a partir dessas relações profissionais, principalmente aquelas relacionadas à prioridade da autonomia, integridade e respeito à dignidade em respostas mais humanas (BACKES et al., 2006). 5.2 Princípios O SUS é composto por princípios e diretrizes e está elencado em um conjunto organizado e articulado de serviços e ações de saúde, bem como em organizações públicas de saúde nos níveis municipal, estadual e federal. Pois, dá suporte à efetivação da política da saúde no Brasil (VASCONCELOS; PASCHE, 2006). Conforme o estabelecido pela Associação Paulista de Medicina (2008), o SUS suas bases em três princípios: integralidade, universalidade, e equidade como constam na Lei nº 8.080, 7 de setembro de 1990 e prevista no art. 7º, esta 18 ampliada pela Constituição Federal, e faz referência à atos de serviços públicos e privados de saúde. Princípios do Sistema único de Saúde: Transversalidade A Política Nacional de Humanização se faz presente e está incluída nessas políticas e programas do SUS. A PNH procura modificar as relações de trabalho por parte do acrescentamento de grau de contato e do entendimento entre as pessoas e seus conjuntos, fazendo a retiradas das mesmas do isolamento ou relacionadas ao poder constituídos de níveis. Transversalizar reconhecer que as dessemelhantes, especialidades e práticas de saúde podem dialogar com a experiência daquele que é ajudado. Acoplado, esses conhecimentos podem incentivar a saúde de forma mais co-responsável. Indissociabilidade Entreatenção e gestão As deliberações da gestão intervêm absolutamente naatenção à saúde. Deste modo, trabalhadores e usuários necessitam buscar atentar-se como se trabalha a gestão dos serviços e da rede de saúde, bem como também participar de maneira eficaz do processo de adoção de decisão nas organizações de saúde e nos atos de saúde coletiva. Espontaneamente, o cuidado e a assistência em saúde não se restringirão aos encargos do quadro de saúde. Por sua vez o usuário e sua rede sócio familiar precisam também se tornar responsáveis pelo cuidado de si nos tratamentos, assumindo um caráter principal relacionados a sua saúde e a daqueles que lhes são custosos. 19 Protagonismo, corresponsabilida de E autonomia dos sujeitos e coletivos Qualquer transformação na gestão e atenção é mais realista se arquitetada com o acrescentamento da autonomia e aspiração das pessoas abrangidas, que tem responsabilidades compartilhadas. Os clientes não são apenas pacientes, os trabalhadores não só desempenham ordens: as variações acontecem no reconhecimento do papel que cada um. Um SUS humanizado está reconhecendo cada pessoa como autêntica cidadã de direitos e valorizando e incentivando sua performance na produção de saúde. 5.3 Diretrizes Segundo Costa (2009), as diretrizes organizacionais baseiam-se no planejamento e na organização do funcionamento do sistema de saúde, e a coordenação do SUS fundamenta-se em: Acolhimento Acolher é fazer com que o outro traz como legítima e individual necessidade de saúde. O acolhimento deve assistir e amparar a relação entre equipes/serviços e usuários/ populações. Buscando valorizar das práticas de saúde, o acolhimento é identificado de forma conjunta, ocorrendo a partir do diagnóstico dos procedimentos de trabalho e objetiva em focar na construção de relações de confiança, compromisso e estabelecendo vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e paciente com sua rede sócio afetiva. 20 Gestão participativa e cogestão Cogestão quer dizer tanto a inserção de novos subalterna nos processos de análise e tomada de decisão bem quanto o aumento dos afazeres da gestão que ainda pode se transformar em lugar de concretização de análise dos contextos, da política de um modo geral e da saúde privada, em lugar de formulação e de pactuação de trabalhos e de estágio coletivo. Ambiência Designar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que reverenciem a particularidade, que sejam propicieis a mudanças neste processo de atividade e sendo lugares de encontro entre as pessoas. Clinica aplicada e compartilhada A unidade de saúde expandida é um método teórico e prático cuja intenção é dar contribuições para uma abordagem clínica do doente e da aflição, que medite a individualidade do sujeito e a complexidade do que e este processo saúde/doença. Permitindo o enfrentamento da fragmentação das informações e das obras de saúde e seus referentes danos e ineficácia. Valorização do trabalhador É relevante possibilitar a visibilidade à experiência dos trabalhadores e colocando-os na tomada de decisão, acreditando na sua capacidade de avaliar, definir e classificar os processos de trabalho. Defesa dos direitos do usuário As pessoas que utilizam os serviços de saúde têm direitos assegurados por lei e os serviços de saúde necessitam promover o conhecimento desses direitos e ao mesmo tempo assegurando que eles sejam executados em todas as fases do processo do cuidado, desde a entrada até a alta. 21 A um conjunto de atuações e de serviços oferecidos à saúde e alcançados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais ou por institutos a ele acopladas ao qual denominamos Sistema Único de Saúde, sendo um dos principais responsáveis por promover, garantir prevenção e auxiliar na assistência à saúde (PEREIRA, 2008). 5.4 Direito ao Atendimento Humanizado Nesse sentido, a busca de meios eficazes para humanizar a prática em saúde envolve uma crítica que inclui, para além da instrumentalidade, a implicação das dimensões filosóficas que lhe imprimem um significado. A teoria do autocuidado é a ciência que auxilia o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas. Cooperando com os profissionais no ensino do autocuidado, restauração, manutenção e promoção da saúde, essa assistência pode ser independente quando possível. Nessas concepções, a história da humanização da saúde é compreendida há décadas. No entanto, a necessidade surge na realidade dos usuários dos serviços de saúde com queixas de maus-tratos. A humanização é um processo de construção gradual, realizado por meio da doação de conhecimentos e emoções. No entanto, esse tipo de doação é um processo extenso, demorado e complexo, e há resistências porque envolve mudanças de comportamento e sempre causa insegurança. Em outras interpretações, a humanização também pode ser entendida como: Princípio de conduta de base humanista e ética; Movimento contra a violência institucional na área da Saúde; Política pública para a atenção e gestão no SUS; Gestão participativa e métodos complementares de tecnologia em saúde (MEZZOMO, 2001). Em outras palavras, segundo o referido autor, explica que a característica da humanização é respeitar e valorizar as pessoas, e constituir um processo voltado para a transformação da cultura institucional, por meio da construção 22 coletiva de compromissos éticos e ações de assistência médica e gerenciamento de serviços. Este conceito amplo engloba diferentes visões de humanidade como métodos complementares que permitem a realização do propósito apontado por sua definição. Assim, atitudes de participação, autonomia, responsabilidade e solidariedade são as características desta abordagem à saúde, que acabará por conduzir a uma assistência de maior qualidade e melhores condições de trabalho. Sua essência é a aliança da competência técnica e tecnológica com a competência ética e relacional (WAIDMAN, 2009). A humanização é o procedimento que visa salvaguardar as relações e operação que busca resgatar as relações com as pessoas, com as técnicas, com o ambiente ou outros locais onde ocorrem as assistências, minimizando as dificuldades encontradas pelos profissionais na assistência humanizada. Humanizar é tornar humano, civilizar, dar condição humana. Sendo assim, é possível dizer que humanização é um processo que se encontra em constante transformação e que sofre influências sendo promovida e submetida pelo próprio homem. A humanização possibilita ao ser humano exercer suas potencialidades criativas, desde que as condições ambientais e profissionais sejam facilitadoras Enfim, humanizar de acordo com poeticamente é pôr a cabeça e o coração na tarefa a ser desenvolvida, é entregar-se de maneira sincera e leal ao outro, é saber ouvir com ciência e paciência as palavras e o silêncio. O relacionamento e o contato direto fazem crescer, e é nesse momento de troca, que se faz a humanização (LIMA, 2011). 6 A QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE SAÚDE O termo qualidade possui características que dificultam a sua definição, pois não é um termo técnico exclusivo utilizado apenas por especialistas da área, mas sim um termo conhecido que se insere no senso comum. 23 O desenvolvimento do processo de qualidade passou por várias etapas, a preocupação inicial era com os produtos tangíveis (mercadorias), mas como resultado da ampliação do escopo da qualidade, essa preocupação passou a ser os produtos intangíveis. Deste modo, os processos e atividades que no passado pretendiam garantir a qualidade dos aspetos puramente materiais poderiam também ser aplicados a atividades cujos resultados são predominantemente imateriais por natureza. Para um mercado cada vez mais competitivo, há uma dificuldade de se manter a fiel ao cliente e que para mantê-lo como cliente não é suficiente satisfazê-lo, é necessário mais do que isso, é preciso encantá-lo, ofertando produtos e serviços com qualidade superiores a dos seus concorrentes. Em se tratando dos serviços da área da saúde, diz que esses serviços possuem características próprias que os distinguem dos outros serviços hospitalares, mas também em termos de qualidade devem ser pensados e tratados de forma diferenciada. A Acreditação é um método de avaliação e certificação que busca, por meio de padrões e requisitos previamente definidos, promover a qualidade e a segurança da assistência no setor de saúde. A enfermeira Florence Nightingale como pioneira no assunto no assunto sobre melhoria na qualidade do atendimento em saúde, pois foi durante a guerra da Criméia em 1855 desenvolveu métodos de atendimento que qualificaram o cuidado prestado aos feridos de campanha. Nessa perspectiva, percebe-se que para a qualidade da assistência à saúde é imprescindível que os serviços tenham recursos físicos, humanos e materiais adequados e fortaleçam o vínculo afetivo como elo na relação usuário-trabalhador. As instituições de saúde devem motivar os funcionários, admitir falhas, realizar ações educativas e construtivas, prevenir riscos e promover sua saúde. Medir a qualidade e a quantidade dos planos e serviços de saúde é fundamental para o planejamento, organização, coordenação, orientação, avaliação e controle das atividades realizadas. É interessante ressaltar que para 24 se medir a qualidade em serviços e programas de saúde faz- se necessário a elaboração e monitoramento de indicadores. Atendimento é uma arte em que atividades humanas são empreendidas com a finalidade de satisfazer os clientes. Tais atividades, adequadas ao comportamento dos envolvidos na relação comercial, estão diretamente relacionadas com a prestação de serviços que são obrigatoriamente executados pelos recursos humanos associados à organização. Nesse sentido, é sabido que a excelência no atendimento está relacionada à interação entre os seguintes elementos: Aparência; Instalações; Pessoal; Recursos de comunicação; Disposição para servir; Segurança, evidenciada pelo conhecimento e domínio completos do serviço por parte dos vendedores; Habilidade em propiciar um clima de confiança e certa intimidade com os clientes; Customização, que ocorre quando a organização presta um atendimento tal que identifica os clientes como pessoas, com uma dose extra de carinho e sinceridade que os funcionários dispensam aos clientes de maneira encantadora; Capacidade da organização, reparando os erros cometidos em prejuízo do cliente, no esforço de recuperá-los e transformar uma eventual insatisfação num promissor elo de fidelidade ou laço de lealdade entre as partes. O profissional da saúde deve sempre buscar aprimorar a sua prática do cuidar com qualidade, e precisa planejar-se com a implantação e implementação da Gestão da Qualidade no gerenciamento do cuidado prestado nas instituições de saúde, pois, no desenvolvimento do seu fluxo de trabalho, eles têm a oportunidade de interagir diretamente com os pacientes e se aproximarem de suas referências para entender suas ansiedades e expectativas, e a partir dessas informações, planejar a assistência que será prestada pela equipe a fim de atender as expectativas dos clientes. Por outro lado, Elucida e Pistono (1994), Informar a organização de saúde que a qualidade da assistência prestada deve ser considerada fora do processo e dos resultados, e em sua estrutura, entre estes fatores, os visuais das 25 instalações prediais e dos equipamentos físicos influenciam positivamente na avaliação preliminar dos serviços prestados. 6.1 Da Satisfação dos Usuários O termo satisfação do paciente é entendido como o grau de apropriação entre as expectativas dos pacientes em relação ao cuidado e suas percepções sobre o cuidado que recebem. Em citação a outros autores, diz que a satisfação do paciente é uma avaliação positiva das dimensões do cuidado de saúde e também uma percepção subjetiva que pode ser considerada como realidade. Para uma melhor avaliação, é preciso buscar a melhoria da qualidade, que faz parte do cotidiano dos profissionais, mas por isso a qualidade da assistência precisa ser controlada a partir da avaliação sistematizadas do cuidado, por meio de indicadores que demonstrem sua evolução, ao longo do tempo e permitam a comparação com referenciais internos e externos. Um indicador da qualidade do atendimento é a satisfação do usuário, que representa uma medida que os prestadores de atendimento podem usar para entender as expectativas do consumidor. Portanto, a assistência de humanizada desempenha um papel decisivo na satisfação do usuário com a assistência médica geral, sendo fundamental para avaliar a qualidade da assistência prestada aos serviços médicos. Por outro lado, a medida de satisfação do usuário/paciente é considerada uma avaliação pessoal do atendimento médico e dos serviços prestados. Portanto, a perspectiva do usuário fornece informações especiais para completar e equilibrar a qualidade do serviço, que constituem essas medidas de otimização. O ponto de vista do usuário, aproximando-se pela sua satisfação, significa julgar as características do serviço e fornecer as informações necessárias para completar o equilíbrio da qualidade da atenção direcionada. 26 Para confirmar o que diz o nível de satisfação do usuário, a avaliação da qualidade da assistência à saúde deve medir a adequação do serviço à demanda e ser capaz de detectar o quanto o serviço atende às expectativas. Nesse sentido, vale destacar que, nos últimos anos, a satisfação do paciente tem sido analisada como um padrão de avaliação da qualidade dos serviços de saúde não somente pelo fato da satisfação do paciente ser um fator importante para aumentar a demanda de serviços e ter efeitos na conduta dos profissionais que prestam o cuidado, mas por ser considerado um indicador para avaliar a qualidade da assistência. 6.2 A humanização como política pública Como política pública de saúde, a humanização reivindica atualmente a criação de um espaço de mudança na forma de produção saudável, a partir do princípio de aumentar o grau de comunicação entre sujeitos e equipes. Este movimento se faz com sujeitos que possam exercer sua autonomia de modo acolhedor, co-responsável, resolutivo e de gestão compartilhada dos processos de trabalho A política humanizada é baseada em conceitos e equipamentos voltados para a reorganização de processos de trabalho saudáveis, e tem como foco a transformação das relações sociais, para que trabalhadores e gestores possam participar de sua vivência cotidiana de organização e desenvolvimento de serviços; e transformações nas formas de produzir e prestar serviços à população. Em termos de gestão, visa implementar a horizontalização dos órgãos colegiados e “linhas de comando”, valorizar a participação dos participantes, o trabalho em equipe, a chamada “comunicação horizontal”, para democratizar o processo de tomada de decisão, e gestores, trabalhadores e os usuários são solidariamente responsáveis. E traz como fundamental a participação dos profissionais da saúde na elaboração de planos e ações Pautada por princípios horizontais e gerais, entre o cuidado e a gestão, a humanização se expressa como Política Nacional de Humanização desde 2003. 27 Para tanto, compromete-se a estabelecer uma nova relação, seja entre outras políticas e planos de saúde, seja entre as instâncias de implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), seja entre os diversos atores que compõem o fluxo de trabalho em saúde. A política humanizada surge de cenários desafiadores e ainda existe na construção do SUS, o que exige mudanças nos modelos de gestão e de atenção à saúde. Entre eles, destacam-se: conexões fracas entre trabalhadores e grupos de usuários, controle social básico, relações de trabalho instáveis e pouco ou nenhum envolvimento dos trabalhadores na gestão dos serviços, baixo investimento em educação permanente, desestímulo ao trabalho em equipe e despreparo dos profissionais para lidar com questões subjetivas que toda prática de saúde envolve. 6.3 Acesso, qualidade e oferta de serviços de saúde Para o usuário, o tratamento digno, solidário e acolhedor de quem o atende não é apenas um direito, mas também um passo fundamental para a conquista da cidadania. Acolher, pela sua chegada, assumir total responsabilidade por ele, ouvir as suas queixas, deixar-lhe expressar as suas inquietações e anseios, ao mesmo tempo, definir as restrições necessárias para garantir um atendimento resoluto e o contato com outros serviços de saúde para garantir a sua continuidade. Prestando ajuda quando necessário, garantindo atenção resolutiva e a articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência quando necessário. Este conjunto de ações vai caracterizar o atendimento como sendo humanizado, gerando satisfação à clientela atendida. Segundo Nobre (1999) o “O atendimento ao cliente inclui prestar atenção à atitude positiva do cliente, permitindo que ele expresse suas necessidades, ouvindo suas opiniões com interesse, resolvendo seus problemas ou recomendando-o à pessoa certa”. 28 Nesse caso, a Estratégia Saúde da Família encontra-se hoje como estratégia prioritária para a organização da atenção básica, conforme prevê o Sistema Único de Saúde. O Ministério da Saúde entende que o fortalecimento da atenção básica se dá com a ampliação do acesso e a qualificação e reorientação das práticas de saúde embasadas na promoção da Saúde. A atenção básica como porta de entrada está referenciada na Carta dos Direitos dos Usuários do SUS, na qual o primeiro princípio assegurado a todos os cidadãos refere-se ao acesso dos sistemas de saúde “deve ser ordenado e organizado”, sendo que o primeiro item deste princípio estabelece que este acesso deve-se dá “prioritariamente pelos Serviços de Saúde da Atenção Básica próximos ao local de moradia. Pesquisas sobre as percepções dos usuários sobre a qualidade dos serviços de saúde mostram que as falhas estão principalmente relacionadas ao acesso, tratamento fornecido por profissionais, hospitalidade e à baixa resolubilidade. Em estudo semelhante sobre a qualidade em saúde desenvolvido na rede básica também identificou, entre outros fatores negativos associados à qualidade e a dificuldade no acesso. A proposta do atendimento humanizado tem como meta uma nova cultura institucional, que possa instaurar, entre outras coisas, o bem-estar físico, psíquico e social dos usuários dos serviços de saúde, resgatando, assim, a dignidade e o compromisso com o paciente, gerando sem dúvida qualidade de vida a clientela atendida, sanando alguns pontos fundamentais e problemáticos da porta de entrada do sistema. 29 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACKES, D. S.; LUNARDI, V. L.; LUNARDI, W. D. Filho. A humanização hospitalar como expressão. Revista Latino-am Enfermagem, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, 2006. GADAMER, H. G. Verdade e método. 7. ed. Petrópolis: Vozes, Bragança Paulista: EDUSF, 2005. HEADY, Ferrel. Administração Pública, Uma perspectiva comparada. São Paulo; Zahar, 1970. LEITÃO, S. P.; LAMEIRA, V. J. Humanismo e mudança organizacional. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 39, n. 3, 2005. LIMA, N. T., GERSCHMAN, S., EDLER, F. C., & SUARES, J. M. 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