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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Saúde da população LGBTQIA+ Antecedentes históricos 1975: CID-9: 302.1 – Desvios e transtornos sexuais: Homossexualismo. 1990: OMS retirou a homossexualidade da lista de Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a saúde (CID-10). Porém: CID-10: F.66.1 Orientação sexual egodistônica: desconforto e sofrimento psíquico em decorrência de questões sobre a aceitação da homossexualidade. - CID-11: Incongruência de gênero na adolescência e vida adulta. Contexto histórico no Brasil 2002: Resolução CFM: liberação ética da cirurgia para mulher trans (a cirurgia para homem trans exige uma tecnologia maior, que não estava disponível em 2002, por isso foi liberada apenas para mulheres trans). 2008: Diretrizes Nacionais para o Processo Transexualizador no SUS. 2010: Resolução CFM: autorização da cirurgia para homem trans (já havia condições médicas, científicas e sociais para a cirurgia no homem trans). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 2011: Política Nacional de Saúde Integral da população LGBT (é um documento norteador de um problema e uma solução, que fazer recomendações/ coloca diretrizes, mas não é uma lei). 2013: Parecer CFM 08/2013 – regulamenta a hormonioterapia para pessoas com “TIG” (transtorno de incongruência de gênero). 2013: Portaria 2.803: Redefine e amplia o Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS). 2019: Resolução CFM (vigente): ampliação do acesso ao atendimento a essa população na rede pública; critérios para maior segurança na realização de hormonioterapia e cirurgias de adequação sexual. Alguns conceitos fundamentais Gênero e Saúde - Questionamentos desde meados do século XX: “O processo de atribuição de sentido ou o ato de interpretar socialmente a diferença sexual instaurada nos corpos de homens e mulheres (Laqueur, 2001) dá margens para uma classificação social dos atributos quer como femininos ou como masculinos, como se a “ordem natural” imanada dos corpos, assim produzidos e demarcados, fosse o sustentáculo da “ordem social”, hierarquicamente organizada com predominância do valor positivo ao masculino.” Associa o sexo a uma posição social. A associação positiva está para o masculino e a negativa para o feminino. Tendência a pensar o social derivado do biológico. Hoje, a discussão sobre gênero avançou e está pautada sobretudo na autodeterminação das identidades (o que eu me entendo com base nas minhas referências – eu defino como eu quero me identificar e parecer no mundo): “novas experiências subjetivas, novos desejos e novas mutações corporais, rompendo com a compreensão binária antes prevalente”. (Brandão e Alzuguir, 2019). Questiona o binarismo entre FEMININO e MASCULINO, e a associação automática entre SEXO BIOLÓGICO e GÊNERO. Identidade de gênero: Cisgeneridade e Transgeneridade “A identidade de gênero de uma pessoa é autodeterminada a partir de suas próprias referências, independentemente do gênero designado ao nascimento [...] Uma pessoa cisgênero se reconhece com o gênero designado ao nascimento [...] Uma pessoa transexual passa por esse processo de questionar o gênero atribuído ao nascimento e de não se reconhecer nele.” (São Paulo, SMS-SP, 2020). Mulher transexual é toda pessoa que reivindica o reconhecimento social e legal como mulher. Homem transexual é toda pessoa que reivindica o reconhecimento social e legal como homem. Orientação sexual “Orientação sexual é a atração afetiva e/ou sexual que uma pessoa sente pela outra. A orientação sexual existe num continuum que varia desde a homossexualidade exclusiva até a heterossexualidade exclusiva”. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C ORIENTAÇÃO SEXUAL é diferente de GÊNERO. Pessoas transgênero são como as cisgênero, podem ter qualquer orientação sexual. Ex: Pessoa nasceu mulher, mas se reconhece como homem e se interessa por mulheres, então essa pessoa é um homem trans heterossexual. POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS Instituída pela Portaria nº 2.836, de 1º dez de 2011 Dec. 80 e 90: Movimento civil de gays, travestis, lésbicas e bissexuais no enfrentamento da epidemia do HIV/Aids. 2004: “Brasil sem Homofobia – Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania Homossexual” (Presidência da República). 2006: conquista de representação no Conselho Nacional de Saúde (CNS). 2007: na 13ª Conferência Nacional de Saúde, a orientação sexual e a identidade de gênero são incluídas na análise da determinação social da saúde. 2008: 1ª Conferência Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. 2009: Discussões legitimadas em uma política voltada à saúde LGBT. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Objetivos específicos selecionados I - instituir mecanismos de gestão para atingir maior equidade no SUS, com especial atenção às demandas e necessidades em saúde da população LGBT, incluídas as especificidades de raça, cor, etnia, territorial e outras congêneres; IV - qualificar a informação em saúde no que tange à coleta, ao processamento e à análise dos dados específicos sobre a saúde da população LGBT, incluindo os recortes étnico-racial e territorial; VI - garantir acesso ao processo transexualizador na rede do SUS, nos moldes regulamentados; VIII - reduzir danos à saúde da população LGBT no que diz respeito ao uso excessivo de medicamentos, drogas e fármacos, especialmente para travestis e transexuais; IX - definir estratégias setoriais e intersetoriais que visem reduzir a morbidade e a mortalidade de travestis; X - oferecer atenção e cuidado à saúde de adolescentes e idosos que façam parte da população LGBT; XI - oferecer atenção integral na rede de serviços do SUS para a população LGBT nas Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), especialmente com relação ao HIV, à AIDS e às hepatites virais; XII - prevenir novos casos de cânceres ginecológicos (cérvico uterino e de mamas) entre lésbicas e mulheres bissexuais e ampliar o acesso ao tratamento qualificado; XIII - prevenir novos casos de câncer de próstata entre gays, homens bissexuais, travestis e transexuais e ampliar acesso ao tratamento; XVII - garantir o uso do nome social de travestis e transexuais, de acordo com a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde; XX - reduzir os problemas relacionados à saúde mental, drogadição, alcoolismo, depressão e suicídio entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, atuando na prevenção, promoção e recuperação da saúde; XXI - incluir ações educativas nas rotinas dos serviços de saúde voltadas à promoção da autoestima entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e à eliminação do preconceito por orientação sexual, identidade de gênero, raça, cor e território, para a sociedade em geral.
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