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PARASITOSES INTESTINAIS

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1 INTRODUÇÃO
Existem patologias que prevalecem em condições de pobreza e contribuem para desigualdade social, pois apresentam dificuldades para o desenvolvimento dos países. Essas doenças são atualmente conhecidas como Doenças Negligenciadas ou emergentes e re-emergentes. Desde então utiliza-se essa tipologia a um conjunto de agentes infecciosos e parasitários (bactérias, vírus, protozoários e helmintos). Por meio de dados epidemiológicos, demográficos e o impacto da doença, foram definidas, entre as doenças consideradas negligenciadas, sete prioridades de atuação: dengue, doença de chagas, leishmaniose, esquistossomose, malária, hanseníase e tuberculose. Tais doenças são assim denominadas porque o investimento em pesquisa geralmente não reverte em desenvolvimento e ampliações de acesso a novos medicamentos, testes diagnósticos, vacinas e outras tecnologias para sua prevenção e controle (Werneck et al, 2011).
A atenção farmacêutica para essas doenças é precária, porém há outros fatores que colaboram para sua disseminação como a falta de saneamento básico, infraestrutura precária de bairros e moradias as reclassificam em doenças mais que negligenciadas. Dentre varias doenças que fazem parte do conceito de negligenciadas, emergente e re-emergentes, as parasitoses gastrointestinais, que prevalecem em condições de pobreza e afetam a população mais carente que são mais vulneráveis, fazendo parte de um grupo comum entre as faixas etárias. O aumento exacerbado da população de Feira de Santana é caracterizado pela chegada de migrantes, geralmente sem recurso e ocupam lugares urbanos incompatíveis com a sobrevivência, desencadeando essas patologias
2FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 PANORAMA DAS DOENÇAS NEGLIGENCIADAS NO BRASIL
Segundo Souza et al o termo doenças negligenciadas é recente e polêmico. Foi proposto na década de 1970, por um programa da fundação Rockefeller. O termo“negligenciada” tem como base o fato de elas não despertam interesse das grandes empresas farmacêuticas multinacionais, pois não veem nessas doenças compradores efetivos de novos medicamentos. A atualização do conceito doenças emergentes e re-emergentes é mais adequada para se referir a este conjunto de doenças. ( SOUZA, 2010)
De acordo com o Ministério da Saúde as doenças consideradas negligenciadas são as que não só prevalecem em condições de pobreza, mas também contribuem para a manutenção do quadro de desigualdade, já que representam forte entrave ao desenvolvimento dos países. No Brasil, o Ministério da Saúde (2010) elenca a Dengue, a Doença de Chagas, a Esquistossomose, a Hanseníase, a Leishmaniose, a Malária a Tuberculose como doenças de atenção prioritária dentro do contexto das negligenciadas. (VIRMOND, 2010).
Para o Plano Nacional de Saúde, PNS (2011, pag 24) as doenças infecciosas e parasitárias representam uma carga importante no padrão epidemiológico brasileiro. Nas décadas de 30, 40 e 50, as doenças transmissíveis eram a principal causa de mortalidade do Brasil. Em 2009 respondia por 4,9% da mortalidade, sendo a oitava causa de morte no país.(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011)
De acordo o PNS (2011, pág. 33) os hábitos e estilos de vida estão correlacionados a condição de saúde das pessoas. Envolvendo assim aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais que integram a promoção da saúde que constitui condição essencial a qualidade de vida individual e coletiva. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011)
Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas estão infectadas com uma ou mais doenças negligenciadas, o que representa um sexto da população mundial, atingidas por doenças com essa classificação. (REVISTA SAÚDE PÚBLICA, 2010).
Nos últimos anos, mais que investir volumes significativos de recursos nessa área de pesquisa o Ministério da Saúde tem buscado formas de estimular a atenção dos pesquisadores e das instituições de pesquisa do país para a busca de soluções orientadas aos reais problemas de saúde da população. (REVISTA SAÚDE PÚBLICA, 2010).
Por meio de dados epidemiológicos, demográficos e o impacto da doença, foram definidas, entre as doenças consideradas negligenciadas, prioridades de atuação que compõem o programa em doenças negligenciadas e por isso cabe ao Estado exercer um papel regulador, produzindo aquilo que não interessa à indústria farmacêutica, que são os medicamentos voltados para as doenças que atingem as populações. (REVISTA SAÚDE PÚBLICA, 2010)
2.2 PARASITOSES INTESTINAIS
O parasitismo é uma associação entre seres vivos com unilateralidade de benefícios, sendo o hospedeiro um dos associados e o prejudicado na associação, pois fornece o alimento e o abrigo ao parasita; assim, a parasitose é o estado de infecção cuja agressão repercute prejudicialmente sobre o hospedeiro (NEVES, 1997).
Estima-se que mais de 10% da população mundial está infectada Amebíase (Entamoeba dispar e Entamoeba histolytica), que são espécies morfologicamente idênticas, mas só a última é patogênica, sendo sua ocorrência estimada em 50 milhões de casos invasivos/ano. Em países em desenvolvimento, a prevalência da infecção é alta, sendo que 90% dos infectados podem eliminar o parasita durante 12 meses. A Amebíase, conhecida popularmente como disenteria amebiana. É uma infecção causada por protozoário que se apresenta em duas formas: cisto e trofozoíto. Esse parasita pode atuar como comensal ou provocar a invasão de tecidos, originando as formas intestinais e extra intestinal da doença. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, 2013)
A Giardíase é uma doença de distribuição mundial, mais prevalente em países subdesenvolvidos. Epidemias podem ocorrer, principalmente, em instituições fechadas que atendam crianças, sendo o grupo etário mais acometido situado entre 8 meses e 10 a 12 anos. É uma Infecção por protozoários que atinge, principalmente, a porção superior do intestino delgado. A maioria das infecções é assintomática e ocorre tanto em adultos quanto em crianças. A infecção sintomática pode apresentar-se de forma aguda com diarreia, acompanhada de dor abdominal (enterite aguda) ou de natureza crônica, caracterizadas por fezes amolecidas, com aspecto gorduroso, fadiga, anorexia, flatulência e distensão abdominal. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, 2013)
O complexo teníase/cisticercose constitui-se de duas entidades mórbidas distintas, causadas pela mesma espécie de verme, em fases diferentes do seu ciclo de vida. A teníase é provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da Taenia saginata, no intestino delgado do homem. A cisticercose é causada pela larva da Taenia solium nos tecidos, ou seja, é uma enfermidade somática. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, 2013)
No Brasil, a cisticercose tem sido cada vez mais diagnosticada, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, tanto em serviços de neurologia e neurocirurgia quanto em estudos anatomopatológicos. A baixa ocorrência de cisticercose em algumas áreas do Brasil, como por exemplo nas regiões Norte e Nordeste, pode ser explicada pela falta de notificação ou porque o tratamento é realizado em grandes centros, como São Paulo, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro, o que dificulta a identificação da procedência do local da infecção.(SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, 2013)
A Esquistossomose é um indicativo sócio-econômico importante, estando relacionada à pobreza. No Brasil, ocorre nas regiões Norte, Nordeste, e no norte das regiões Sudeste e Sul. Há aproximadamente 150 milhões de infectados por esquistossomatídeos no mundo, sendo 5 milhões só no Brasil. Se trata de um Helminto trematódeo causador da esquistossomose, popularmente conhecida no Brasil como "Barriga d'água", "Xistose" ou "Bilharziose" (DIVISÃO DE DOENÇAS HÍDRICAS E ALIMENTAR, 2001).
O Áscaris é um verme nematódeo é um parasita muito conhecido como lombriga intestinal. Este microrganismo infecta os seres humanos e mais frequentemente as crianças. Aloja-se normalmente no intestino delgado e às vezes dirige-se para outras partes do corpo. Seu comprimento pode variar de 15 a 25 cm(DIVISÃODE DOENÇAS HÍDRICAS E ALIMENTAR, 2001).
Esses agentes etiológicos apresentam ciclos evolutivos que contam com períodos de parasitose humana, períodos de vida livre no ambiente e períodos de parasitose em outros animais. A infecção humana é mais comum em crianças, por meio da via fecal-oral, sendo águas e alimentos contaminados os principais veículos de transmissão (TOSCANI, 2007).
2.3 PERFIL DAS PARASITOSES INTESTINAIS EM ESCALA NACIONAL
As parasitoses intestinais constituem um tipo de endoparasitismo. Entretanto os fatores determinantes para esse problema são a falta de saneamento básico e as condições da moradia precária que o individuo se encontra, levando a uma prevalência alta.Demostrando assim que se trata de um problema de saúde pública principalmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimentos ( AFONSO et al, 2009).
De acordo Silva et al vários programas tem sido dirigidos para o controle das parasitoses intestinais em diferentes países, mas infelizmente, constata-se um descompasso entre o êxito alcançado nos países mais desenvolvidos e aquele verificado nas economias mais pobres. Além do custo financeiro das medidas técnicas, a falta de projetos educativos com participação da comunidade dificultam a implementação de ações de controle.(SILVA, 2005).
A preocupação com tais doenças advém das consequências que provocam no homem, como: má absorção, diarreia, anemia, menos capacidade de trabalho e nas crianças, principalmente nas pertencentes as classes sociais menos favorecidas: baixo rendimento e déficit no crescimento (PEDROSO & SIQUEIRA, 1997).
Segundo Silva et al crianças em idade escolar, que vivem em áreas pobres dos centros urbanos, tem se mostrado alvo de infecções parasitarias. As infecções helmíticas exercem importante influencia sobre o estudo nutricional, crescimento e função cognitiva de escolares de países subdesenvolvidos. (SILVA, 2005).
Tasca & Machado (2006), relata que a pré-disposição racial, genética oua suscetibilidade especifica não são fatores que determina a prevalência de parasitas intestinais, já as diferenças na educação, cultura e nos hábitos alimentares podem aumentar a exposição a infecções. (TASCA & MACHADO ,2006).
O diagnostico das parasitoses intestinais é realizado através de exame parasitológico de fezes, o que permite a avaliação e a terapêutica a ser utilizada. Porém para as infecções parasitarias sejam controladas é necessário que o tratamento esteja associado ao estado sócio econômico, e as condições sanitárias da região,além de outras medidas como educação em saúde (MACHADO, 2006; PITTINERet al, 2006)
2.4 EDUCAÇÃO SANITÁRIA
Segundo Renovato e Bagnato a primeira vez em que o termo Educação Sanitária foi proposto, foi em uma conferência internacional sobre a criança, nos Estados Unidos, em 1919, inserido nos princípios científicos da higiene, que se fortalecia com os avanços da bacteriologia e da imunologia, sendo empregado ao longo do século XX. (RENOVATO, 2012).
A Educação Sanitária é a prática educativa que tem como objetivo ensinar a população como adquirir hábitos higiênicos que promovam a saúde e evitam doenças. Porém, deve-se destacar que, em uma visão holística e mais abrangente, a Educação Sanitária se alicerça na concepção de um planejamento que visa resultados positivos, benefícios e uma eficiente política de gestão pública dos serviços de saneamento básico. A Educação Sanitária se faz fundamental em um contexto escolar como também em casa, para promover hábitos higiênicos necessários à manutenção da saúde e do bem estar (JÚNIOR, 2009; ALVES, 2010).
Segundo LUDWIG et al(1999), vários programas em Educação Sanitária têm sido dirigidos para o controle das parasitoses intestinais em diferentes países, mas, infelizmente, constata-se um descompasso entre o êxito alcançado nos países mais desenvolvidos e aquele verificado nas economias mais pobres, em que vários fatores contribuem para a permanência deste quadro. (LUDWIG,1999)
5 REFERÊNCIAS
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Anexo A
	
Anexo B
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