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DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS São direitos humanos já reconhecidos em leis nacionais e documentos internacionais. Os direitos humanos são direitos fundamentais da pessoa humana. Esses direitos são considerados fundamentais porque, sem ele, a pessoa não é capaz de se desenvolver e de participar plenamente da vida. O direito à vida, à alimentação, à saúde, à moradia, educação, afeto, os direitos sexuais e os direitos reprodutivos são considerados direitos humanos fundamentais. Respeitá-los é promover a vida em sociedade, sem descriminalização de classe social, da cultura, de religião, de raça, de etnia, orientação sexual. MARCOS POLÍTICOS NACIONAIS EM RELAÇÃO AO DIREITO SEXUAL E REPRODUTIVO ➢ Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher - PAISM/MS/1984 ➢ Constituição Federal de 1988: Título VIII da Ordem Social, em seu Capítulo VII, art. 226. § 7° a responsabilidade do Estado no que se refere ao planejamento familiar. ➢ Lei no 9.263/1996, que regulamenta o planejamento familiar. ➢ Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher/MS/2004. ➢ Política Nacional dos Direitos Sexuais e dos Direitos Reprodutivos/MS/2005. Todos esses documentos acima trazem conceitos e descrevem os direitos sexuais e reprodutivos, relacionados à mulher ou à pessoa humana. MARCOS POLÍTICOS INTERNACIONAIS EM RELAÇÃO AO DIREITO SEXUAL E REPRODUTIVO ➢ Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada em Cairo, em 1994, que conferiu um papel primordial à saúde, aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos. ➢ IV Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada em Beijing, Pequim, em 1995, em que se reafirmaram os acordos estabelecidos em Cairo e avançou-se na definição dos direitos sexuais e direitos reprodutivos como Direitos Humanos ➢ A ideia de direitos sexuais implica, portanto, a aceitação dos diferentes tipos de expressão sexual, a autonomia para tomar decisões sobre o uso do próprio corpo e a igualdade de gênero (VILLELA ARILHA, 2003, PETCHESKY, 1999). ➢ O HERA (Health, Empowerment, Rights and Accountability - Saude, Empoderamento, Direitos e Responsabilidade). grupo internacional formado por mulheres que atuam no campo da saude, compreende a saúde sexual como a habilidade de mulheres e homens para desfrutar e expressar sua sexualidade, sem riscos de doenças sexualmente transmissiveis, gestacpes não desejadas, coercão, violencia e discriminação. Então é necessário ressaltar que os direitos sexuais e direitos produtivos foram formalizados no contexto das Conferências das Nações Unidas como concernentes ao planejamento familiar e ao enfrentamento da violência sexual contra as mulheres. O fato é que há distintos grupos populacionais que têm seus direitos humanos violados em função da sexualidade, tais como lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Bem como as pessoas que exercem a prostituição e as pessoas que vivem com HIV/AIDS. DIREITOS SEXUAIS Os direitos sexuais conceitualmente são muito amplos, perpassando por diferentes contextos, sendo esses: ■ Direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações e imposições e com respeito pleno pelo corpo do(a) parceiro(a); ■ Direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual; ■ Direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças; ■ Direito de escolher se quer ou não quer ter relação sexual; ■ Direito de viver a sexualidade independentemente de estado civil, idade ou condição física; ■ Direito de ter relação sexual independente da reprodução; ■ Direito de expressar livremente sua orientação sexual; ■ Direito à informação e à educação sexual; ■ Direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez indesejada e de infecções sexualmente transmissíveis (IST); ■ Direito aos serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e atendimento de qualidade e sem discriminação DIREITOS REPRODUTIVOS Os direitos reprodutivo se balizam em 3 pilares: ■ Direito das pessoas de decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas; ■ Direito a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não ter filhos; ■ Direito de exercer a reprodução livre de discriminação, imposição e violência. DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS NA PRÁTICA ASSISTENCIAL DE SAÚDE REALIDADE: ➢ A um enfoque maior da saúde reprodutiva, com ações mais direcionadas à mulher (responsabilidade pela reprodução ou não Reprodução). ➢ Poucas iniciativas envolvem o homem. ➢ Nas ações de saúde reprodutiva há um predomínio de programas e atividades voltadas ao ciclo gravídico-puerperal. DESAFIOS: ➢ Tornar os direitos humanos uma realidade, para isso é fundamental termos um conhecimento mais amplo de como as desigualdades sociais de gênero foram construídas ao longo da história. ➢ Ampliar as ações para além da reprodução, contemplando a saúde sexual em diferentes fases da vida da mulher. ➢ Promover efetivo envolvimento e corresponsabilidade dos homens. ➢ Capacitar profissionais de saúde para assistência à saúde sexual. Minimizando preconceitos, quebra de tabus e estigmas sociais. PLANEJAMENTO REPRODUTIVO O conceito de planejamento reprodutivo é mais recente e reforça o pressuposto de que as pessoas devam ter assegurado os seus direitos sexuais e reprodutivos independente do desejo de constituir famílias. ➢ É um conjunto de ações em que são oferecidos todos os recursos, tanto para a concepção, quanto para a anticoncepção. Esses recursos devem ser cientificamente aceitos e não colocar em risco a vida e a saúde das pessoas, com garantia da liberdade de escolha. ➢ O planejamento reprodutivo é um direito sexual e reprodutivo e assegura a livre decisão da pessoa sobre ter ou não ter filhos. Não pode haver imposição sobre o uso de métodos anticoncepcionais ou sobre o número de filhos. O planejamento reprodutivo só é possível quando há decisão com base em informações seguras sobre a fecundidade, o conhecimento sobre o corpo e o acesso aos recursos para levar adiante uma escolha. A atenção em planejamento reprodutivo implica não só a oferta de métodos e técnicas para concepção e a anticoncepção, mas também a oferta de informações e acompanhamento, num contexto de escolha livre e informada. PLANEJAMENTO FAMILIAR ANTICONCEPÇÃO A atenção em anticoncepção pressupõe a oferta de informações, aconselhamento, de acompanhamento clínico e de um leque de métodos e técnicas anticoncepcionais, cientificamente aceitos, que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, para homens, mulheres, adultos e adolescentes, num contexto de escolha livre e informada. A dupla proteção é a melhor solução de acordo com a Organização Mundial de Saúde. A prevenção simultânea das infecções sexualmente transmissíveis (IST) e gravidez foi definida pela OMS como dupla proteção. Consiste no uso combinado da camisinha masculina ou feminina com outro método anticoncepcional, tendo como finalidade promover, ao mesmo tempo, a prevenção da gravidez e a prevenção da infecção pelo HIV/aids e outras IST 's. Diante do fenômeno de feminização, juvenilização e pauperização da epidemia da AIDS, o planejamento reprodutivo tem que ser trabalhado juntamente com apresentação das IST/HIV/AIDS. MÉTODOS DE CONCEPÇÃO PELO SUS Métodos anticoncepcionais: Os métodos anticoncepcionais adquiridos atualmente pelo Ministério da Saúde para serem oferecidos à rede de serviços do SUS são: DEFINITIVOS (ESTERILIZAÇÃO) Feminino (ligadura tubária) Masculino (vasectomia) TEMPORÁRIOS (REVERSÍVEIS) Métodos de barreira Diafragma Preservativos masculino e feminino DIU Tcu-380 A (DIU T de cobre) Métodos hormonais Via de administração Tipos Apresentação Hormonais orais Combinado (monofásico) - AOC Etinilestradiol 0,03 mg + levonorgestrel 0,15 mg Minipílulas Noretisterona 0,35 mg Anticoncepcional de emergência (AHE) Levonorgestrel 0,75 mg Hormonais injetáveis Mensais (combinado) Enantato de noretisterona 50 mg + valerato de estradiol 5 mg Trimestrais (progestágeno) Acetato de medroxiprogesterona 150 mg MÉTODOSHORMONAIS ORAL Anticoncepcional hormonal oral também chamados de pílulas anticoncepcionais, possui finalidade básica de impedir a concepção. Os anticoncepcionais hormonais orais se classificam em: 1- Combinados: monofásicos, bifásicos e trifásicos; 2- Apenas com progestogênio ou minipílulas: acetato de noretisterona, levonorgestrel e desogestrel. Os anticoncepcionais hormonais orais combinados: contém dois hormônios sintéticos, o estrogênio e o progestogênio, semelhantes aos produzidos pelo ovário da mulher. Os mecanismos de ação desse método: inibem a ovulação ao tornarem o muco cervical espesso, dificultando a passagem dos espermatozoides. Provocam ainda alterações nas características físico-químicas do endométrio, mantendo-o fora das condições para implantação do blastócito, e interferem na motilidade e na qualidade da secreção glandular tubária. A eficácia das pílulas anticoncepcionais orais relaciona-se diretamente a sua forma de administração, ou seja, esquecimento da ingestão de comprimidos e irregularidades na posologia podem interferir. EFEITOS SECUNDÁRIOS: ➢ Alterações de humor, como depressão e menor interesse sexual, que são pouco comuns; ➢ Náuseas, vômitos e mal-estar gástrico (mais comum nos três primeiros meses); ➢ Cefaléia leve; ➢ Leve ganho de peso; ➢ Nervosismo; ➢ Acne (pode melhorar ou piorar, mas geralmente melhora); ➢ Tonteira; ➢ Mastalgia; ➢ Alterações do ciclo menstrual: manchas ou sangramentos nos intervalos entre as menstruações, especialmente quando a mulher se esquece de tomar a pílula ou toma tardiamente (mais comum nos três primeiros meses), e amenorreia; ➢ Cloasma. COMPLICAÇÕES DA PÍLULA ORAL: ➢ Acidente vascular cerebral; ➢ Infarto do miocárdio; ➢ Trombose venosa profunda. Todas essas complicações acontecem com maior frequência em fumantes de qualquer faixa etária. RISCOS: ➢ Não são recomendados para lactantes, pois afetam a qualidade e quantidade do leite. ➢ Muito raramente, podem causar acidentes vasculares, trombose venosa profunda ou infarto do miocárdio, sendo que o risco é maior entre fumantes (mais de 15 cigarros/dia) com 35 anos ou mais. ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS ORAIS APENAS DE PROGESTOGÊNIO – MINIPÍLULAS ➢ Os anticoncepcionais orais apenas de progestogênio contêm uma dose muito baixa de progestogênio. Eles não contêm estrogênio. ➢ Esses anticoncepcionais são encontrados em embalagens com 28 ou 35 comprimidos ativos. ➢ Sua ação é mais pronunciada sobre o endométrio e o muco cervical (promovem o espessamento do muco cervical, dificultando a penetração dos espermatozóides). Por isso, seu efeito contraceptivo é mais baixo em relação às pílulas combinadas ➢ A ausência do componente estrogênico permite sua utilização nas situações em que há contraindicação ao uso desse esteroide, como as doenças cardiovasculares, tabagismo e amamentação. EFEITOS SECUNDÁRIOS: ➢ Alterações no fluxo menstrual; ➢ Cefaleia; ➢ Sensibilidade mamária. RISCO: ➢ O risco mais importante é a falha anticoncepcional. Para minimizar o risco de gravidez, deve ser tomada sempre na mesma hora, todos os dias. ANTICONCEPCIONAL HORMONAL INJETÁVEL MENSAL O anticoncepcional injetável mensal são combinados e, em suas diferentes formulações, contém éster de um estrogênio natural, o estradiol e um progestogênio sintético, diferentemente dos anticoncepcionais orais combinados, nos quais ambos os hormônios são sintéticos. O mecanismo de ação é inibindo a ovulação e tornando o muco cervical espesso, impedindo a passagem dos espermatozoides. Provocam, ainda, alterações no endométrio. EFEITOS SECUNDÁRIOS: ➢ Alterações no ciclo menstrual: manchas ou sangramento nos intervalos entre as menstruações, sangramento prolongado e amenorréia. ➢ Ganho de peso. ➢ Cefaleia. ➢ Náuseas e/ou vômitos. ➢ Mastalgia. RISCOS ➢ Embora não existam dados sobre os efeitos dos anticoncepcionais injetáveis mensais sobre a composição e a quantidade do leite materno, seu uso entre as lactantes deve ser evitado, pelo menos até o sexto mês após o parto; ➢ Para evitar o risco de doença tromboembólica no período puerperal, não devem ser utilizados antes dos 21 dias após o parto, entre não lactantes; ➢ Podem causar acidentes vasculares, tromboses venosas profundas ou infarto do miocárdio, sendo que o risco é maior entre fumantes (mais de 20 cigarros/dia), com 35 anos ou mais. ➢ A primeira injeção deve ser feita até o quinto dia do início da menstruação. As aplicações subsequentes devem ocorrer a cada 30 dias, mais ou menos três dias, independentemente da menstruação. ➢ Deve-se aplicar por via intramuscular profunda, na parte superior do braço (músculo deltóide) ou na nádega (músculo glúteo, quadrante superior lateral). Risco do anticoncepcional injetável trimestral é a redução da densidade mineral óssea. TRIMESTRAL O acetato de medroxiprogesterona é um método anticoncepcional injetável apenas de progestogênio. É um progestogênio semelhante ao produzido pelo organismo feminino, que é liberado lentamente na circulação sanguínea. Inibe a ovulação e espessa o muco cervical, dificultando a passagem dos espermatozoides por meio do canal cervical. EFEITOS SECUNDÁRIOS ➢ Alterações menstruais; ➢ Aumento de peso; ➢ Cefaléia, sensibilidade mamária, desconforto abdominal, alterações do humor, náuseas, queda de cabelos, diminuição da libido, acne. RISCOS ➢ Redução da densidade mineral óssea. Orientação: A primeira injeção deve ser feita até o sétimo dia do início da menstruação. As aplicações subsequentes devem ocorrer a cada três meses, independentemente da menstruação. O prazo máximo permitido entre cada injeção subsequente é de duas semanas antes ou depois da data prevista. Deve-se aplicar por via intramuscular profunda na parte superior do braço (músculo deltóide) ou na nádega (músculo glúteo, quadrante superior lateral.) MÉTODOS DE BARREIRA Os métodos de barreira são aqueles que impedem a trajetória dos espermatozoides em direção ao óvulo, impondo obstáculos mecânicos e/ou químicos à penetração do espermatozóide no canal cervical. O condom masculino e o feminino constituem atualmente os únicos métodos de planejamento reprodutivo que protegem contra a transmissão de IST/HIV/AIDS. OBSERVAÇÕES: ➢ Indicados para pessoas que não estão dispostas a usar métodos hormonais, DIU, métodos comportamentais ou anticoncepção cirúrgica. ➢ Alguns métodos de barreira requerem mais tempo para o aprendizado do seu uso, mas suas vantagens são consideráveis. ➢ Não possuem efeitos sistêmicos. ➢ Possuem poucos efeitos colaterais locais. ➢ Indicados em pessoas portadoras de doenças endócrino-metabólicas; ➢ A eficácia dos diversos métodos de barreira aumenta com a associação deles. ➢ Existem raras contra indicações para o seu uso. ➢ Dispensam prescrições. ➢ Não requerem acompanhamento médico especializado. CAMISINHA MASCULINA Recobre o pênis durante o ato sexual e retém o esperma por ocasião da ejaculação, impedindo o contato com a vagina, assim como impede que os microrganismos da vagina entrem em contato com o pênis e vice-versa. É o método que, além de evitar a gravidez, reduz o risco de transmissão de doenças. Como usar a camisinha? CAMISINHA FEMININA Para uso vaginal, constituído de dois anéis flexíveis em cada extremidade. O produto deve ser usado uma única vez. Trata-se de um método de proteção contra infecções sexualmente transmissíveis/HIV/Aids e de anticoncepção sobre o controle da mulher. ➢ É o método controlado pela mulher. Feminina dá maior autonomia à mulher sobre o seu corpo e sua vida sexual. ➢ Planejamento para prevenir tanto a gravidez quanto às infecções sexualmente transmissíveis. ➢ Parece não haver condições clínicas que limitem o seu uso. ➢ É confortável, tanto para homem quanto para mulher. ➢ É inserido antes da relação sexual, provocando menos interrupções do ato sexual. ➢ Pode ser colocado na vagina imediatamente antes da penetração ou até 8h00 antes da relação sexual (a de borracha, a de látex não). ➢ Não precisa ser retirado imediatamente após a ejaculação. Como utilizar? DIAFRAGMA O diafragma é um método vaginal deconcepção. Existem diafragmas de diversos tamanhos, sendo necessária a medição por profissional de saúde treinado para determinar o tamanho adequado para cada mulher. O diafragma impede a penetração dos espermatozóides no útero e trompas. Como benefícios temos a ausência dos efeitos sistêmicos, a prevenção de algumas infecções sexualmente transmissíveis (como cervicites e suas complicações) e possivelmente auxilia na prevenção do câncer do colo de útero. Como utilizar? Algumas considerações importantes sobre o uso do diafragma: ➢ O diafragma deve ser colocado em todas as relações sexuais, antes de qualquer contato entre o pênis e a vagina; ➢ Pode ser colocado na hora da relação sexual ou, no máximo, duas horas antes; ➢ Pode ser usado com ou sem geléia espermicida; ➢ O diafragma só deve ser retirado de seis a oito horas após a última relação sexual, não devendo permanecer mais de 24 horas, com a finalidade de se evitar efeitos colaterais; ➢ Não deve ser usado durante a menstruação; ➢ Imediatamente depois de retirar o diafragma, deve-se lavá-lo com água e sabão neutro, secá-lo bem com um pano macio e guardá-lo em um estojo, em lugar seco, fresco, não exposto à luz do sol. Não se deve polvilhar o diafragma com talcos, pois podem danificá-lo ou causarem irritação na vagina ou no colo do útero; ➢ Quando o diafragma está bem colocado, não atrapalha a relação sexual, nem é percebido pelo homem. DISPOSITIVO INTRAUTERINO - DIU O dispositivo intrauterino é um objeto pequeno de plástico flexível, em forma de T, ao qual pode ser adicionado cobre ou hormônios que, inserido na cavidade uterina, exerce função contraceptiva. É um dos métodos de planejamento familiar mais usados em todo mundo. O DIU de cobre atua impedindo a fecundação porque torna mais difícil a passagem do espermatozóide pelo trato reprodutivo feminino, reduzindo a possibilidade de fertilização do óvulo. O dispositivo intrauterino de cobre afeta os espermatozóides e os ovos de várias maneiras. Eles estimulam reação inflamatória pronunciada ou reação a presença de corpos estranhos no útero. Poucos espermatozoides chegam às trompas de falópio, e os que chegam, com toda probabilidade, não são aptos para fertilizar um óvulo. Ou seja, torna o endométrio hostil. ➔ O DIU de cobre pode ser usado por 10 anos. A duração do dispositivo intrauterino difere segundo o modelo. A efetividade do método se mantém durante todo período de uso. Não há necessidade de período de “descanso” para inserir um novo dispositivo por a mulher ter usado um anterior por um longo período. Efeitos secundários do DIU de cobre são: ➢ Alterações no ciclo menstrual. ➢ Sangramento menstrual prolongado e volumoso. ➢ Sangramento e manchas no intervalo entre as menstruações. ➢ Cólica de maior intensidade ou dor durante as menstruações. ➢ Cólicas intensas ou dor até cinco dias depois da inserção. ➢ Dor e sangramento ou manchas podem ocorrer imediatamente após a inserção do DIU, mas usualmente desaparecem em um ou dois dias. Complicações do DIU de cobre: ➢ Gravidez ectópica; ➢ Gravidez tópica: embora o DIU de cobre apresenta taxa de gravidez bastante baixa, a ocorrência de gestações em mulheres com DIU demanda condutas adequadas, de acordo com a localização do saco gestacional em relação ao DIU e da idade gestacional no momento do diagnóstico; ➢ Se a gestação não ultrapassar as 12 ou 13 semanas e os fios do DIU são visíveis no exame especular, deve ser retirado delicadamente por tração contínua e suave. ➢ Nos casos de gestações mais avançadas, as tentativas de retirada devem ser evitadas. Nesses casos, é importante o aconselhamento da gestante, ressaltando que aquela gestação possui um risco aumentado de abortamento, trabalho de parto prematuro e infecções. ➢ Perfuração; ➢ Expulsão; ➢ Dor ou sangramento; ➢ Infecção. Momento apropriado para iniciar o uso: ➢ Mulher menstruando regularmente; ➢ Após o parto; ↪ O momento mais indicado é logo após a expulsão da placenta. Porém pode ser inserido a qualquer momento dentro de 48 horas após o parto. ➢ Após aborto espontâneo ou induzido; ↪ Imediatamente, se não houver infecção. ➢ Quando quer interromper o uso de outro método anticoncepcional. DIU COM LEVONORGESTREL (MIRENA) ➢ Efeitos endometriais. ➢ Muco cervical: diminui a produção e aumenta a viscosidade do muco cervical, inibindo a migração espermática. ➢ Inibição da ovulação: produz anovulação em aproximadamente 25% das mulheres, porém com produção estrogênica, o que possibilita lubrificação vaginal. ➢ Não há aumento de fluxo menstrual, pelo contrário, ele diminui o fluxo e muitas mulheres entram em amenorreia depois do 1º ano. Duração do mirena é de 5 anos após a sua inserção. Em seus efeitos secundários temos: Spotting ou manchas; amenorreia; sensibilidade mamária; acne, dor abdominal, dor nas costas, cefaleia, depressão, náuseas e edema. É importante que essa mulher de seis em seis meses realize uma ultrassonografia para avaliação do dispositivo intrauterino para saber se está bem posicionado. As complicações podem gerar: expulsão; dor ou sangramento; perfuração; infecção; gravidez ectópica; gravidez tópica. MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS COMPORTAMENTAIS Os métodos anticoncepcionais comportamentais também conhecidos como métodos de abstinência periódica ou de percepção da facilidade ou métodos naturais, são técnicas para obter ou evitar a gravidez, mediante a identificação do período fértil da mulher. TABELA OU CALENDÁRIO OU RITMO - OGINO-KNAUS É um método que se baseia no fato de que a duração da segunda fase do ciclo menstrual (pós-ovulatória ou fase lútea) é relativamente constante, com a ovulação ocorrendo entre 11 e 16 antes do início da próxima menstruação. A mulher que quiser usar esse método deve ser orientada a marcar em um calendário, durante pelo menos seis meses, o primeiro dia de cada menstruação, para verificar o número de dias que durou cada ciclo menstrual. Técnica de uso do método – instruções às usuárias: ➢ Verificar a duração (número de dias) de cada ciclo, contando desde o primeiro dia da menstruação (primeiro dia do ciclo) até o dia que antecede a seguinte (último dia do ciclo); ➢ Verificar o ciclo mais curto e o mais longo; ➢ Calcular a diferença entre eles. Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto for de 10 dias ou mais, a mulher não deve usar esse método; ➢ Determinar a duração do período fértil da seguinte maneira: ➢ Subtraindo-se 18 do ciclo mais curto, obtém-se o dia do início do período fértil. ➢ Subtraindo-se 11 do ciclo mais longo, obtém-se o dia do fim do período fértil. ➢ Para evitar a gravidez, orientar a mulher e/ou casal para abster-se de relações sexuais vaginais durante o período fértil. Exemplo: O ciclo mais curto e o ciclo mais longo foram, nesse exemplo, 28 e 31 dias, respectivamente. A diferença entre o ciclo mais curto e o ciclo mais longo, nesse exemplo, é de três dias. Ciclo mais curto = 28-18 = 10° dia (Início do período fértil) Ciclo mais longo = 31-11 = 20° dia (Fim do período fértil) Nesse exemplo, o período fértil determinado foi do 10° ao 20º dia do ciclo menstrual (ambos os dias, inclusive), com uma duração de 11 dias. CURVA TÉRMICA BASAL OU DE TEMPERATURA É um método que se fundamenta nas alterações de temperatura basal que ocorrem na mulher ao longo do ciclo menstrual. A temperatura basal corporal é a temperatura do corpo em repouso. Antes da ovulação, a temperatura basal corporal permanece num determinado nível baixo, após a ovulação, se eleva ligeiramente (alguns décimos de grau centígrados), permanecendo nesse nível até a próxima menstruação. Esse aumento de temperatura é resultado da elevação dos níveis de progesterona, que tem um efeito termogênico. O método permite, portanto, por meio da mensuração diária da temperatura basal, a determinação da fase infértil pós-ovulatória. Técnica de uso do método – instruções às usuárias: A partir do primeiro dia do ciclo menstrual, verificar diariamente a temperatura basal pela manhã, antes de realizar qualquer atividade e após um período de repouso de no mínimo cincohoras, procedendo da seguinte forma: → Usar termômetro comum para a medida da temperatura; - O termômetro deve ser sempre o mesmo (no caso de quebra ou qualquer outro dano anotar o dia da sua substituição). Abaixar o nível de marcação do termômetro na véspera; → A temperatura pode ser verificada por via oral, retal ou vaginal. A temperatura oral deve ser verificada colocando-se o termômetro embaixo da língua e mantendo-se a boca fechada, pelo tempo mínimo de cinco minutos. A temperatura retal ou vaginal deve ser verificada por, no mínimo, três minutos; → Um vez escolhida a via de verificação da temperatura, esta deve ser mantida durante todo o ciclo; → Verificar a ocorrência de aumento persistente da temperatura basal por quatro dias no período esperado após a ovulação; → O período fértil termina na manhã do quarto dia em que for observada a temperatura elevada. MÉTODO DE BILLINGS (MUCO CERVICAL) Esse método baseia-se na identificação do período fértil por meio da auto-observação, com relação às mudanças do muco cervical e à sensação de umidade na vagina ao longo do ciclo menstrual. Fase pré-ovulatória: Ao término da menstruação, pode começar uma seca, que não tem muco, ou igual contínua aparência sensação. O casal pode ter relações sexuais dias fase seca, noites alternadas (para que sêmen prejudique a observação muco cervical). Depois, surge um muco esbranquiçado e pegajoso, que se quebra quando esticado. Fase ovulatória: O muco cervical inicialmente é esbranquiçado, turvo e pegajoso; sob ação estrogênica, vai se tornando a cada dia mais elástico e lubrificante, semelhante à clara de ovo (transparente, elástico, escorregadio e fluido), podendo-se puxá-lo em fio, produz na vulva uma sensação de umidade e lubrificação, indicando o tempo da fertilidade - esse é o período em que no espermatozoides têm maior facilidade de penetração no óvulo. MÉTODO SINTOTÉRMICO Esse método baseia-se na combinação de múltiplos indicadores da ovulação, com a finalidade de determinar o período fértil com maior precisão e confiabilidade. Fundamentalmente, ele combina os métodos da tabela, do muco cervical, da temperatura basal e a observação de sinais e sintomas que indicam o período fértil da mulher. Os parâmetros subjetivos relacionados com relação podem ser, entre outros: dor abdominal; sensação de peso nas mamas, mamas inchadas ou doloridas; variação de humor e/ou da libido; outros sintomas e sinais (enxaqueca, náuseas, acne, aumento do apetite, ganho de peso, sensação de distensão abdominal, sangramento Intermenstrual, entre outros). MÉTODO DA LACTAÇÃO E AMENORREIA É o método anticoncepcional temporário que consiste no uso da amamentação exclusiva para evitar a gravidez. A amamentação tem efeito inibidor sobre a fertilidade. A amamentação é um dos métodos importantes de planejamento familiar, pois é acessível à maioria das mulheres, e efetivamente, contribui para o espaçamento entre as gestações. O aleitamento materno deve ser a única fonte de alimento do bebê. Portanto, a amamentação deve ser exclusiva ao seio, na hora em que o bebê quiser, durante o dia e durante a noite, sem jamais, suco ou água. A mulher deve permanecer em amenorréia. O retorno das menstruações indica que provavelmente a secreção de prolactina não é mais intensa o suficiente para bloquear o eixo hipotálamo-hipófise-ovário e produzir anovulação e amenorreia. MÉTODOS CIRÚRGICOS Os métodos cirúrgicos são métodos contraceptivos definitivos esterilização - que podem ser realizados na mulher, por meio da ligadura das trompas (laqueadura ou ligadura tubária), e no homem, por meio da ligadura dos canais deferentes (vasectomia). No art. 10, da referida Lei, está estabelecido que: Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: I-em homens ou mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce; II-risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório e assinado por dois médicos (BRASIL, 1996) LAQUEADURA TUBÁRIA Anticoncepção cirúrgica voluntária, é um método de esterilização feminina que consiste em algum procedimento cirúrgico de oclusão da trompa de Falópio, com a finalidade de interromper a sua permeabilidade e, consequentemente, a função do órgão, com fim exclusivamente contraceptivo. A legislação federal não permite a esterilização cirúrgica feminina durante os períodos de parto ou aborto ou até o 42° dia do pós-parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores (BRASIL, 1996). A obstrução mecânica das trompas impede que os espermatozoides migrem ao encontro do óvulo, impedindo a fertilização. VASECTOMIA É um procedimento cirúrgico simples, de pequeno porte, seguro e rápido. Consiste na ligadura dos ductos deferentes. Tem por objetivo interromper o fluxo de espermatozoides em direção à próstata e vesículas seminais para constituição do liquido seminal. Pode ser realizado em ambulatório, com anestesia local, desde que se observem os procedimentos adequados para a prevenção de infecções. A vasectomia não altera a vida sexual do homem. O desejo e a potência sexual continuam iguais ao que eram antes da cirurgia. A única diferença é que o esperma ejaculado não contém mais espermatozoides, mas não ocorrem alterações na quantidade e no aspecto do esperma. Comparada a esterilização feminina, a vasectomia: ➔ É provavelmente um pouco mais eficaz; ➔ É um pouco mais segura; ➔ É mais fácil de ser realizada; ➔ É de menor custo; ➔ Sua eficácia pode ser verificada a qualquer momento por meio de espermograma. Técnica cirúrgica: Existem diversas técnicas descritas para a realização da vasectomia. A técnica convencional consiste na incisão da pele da bolsa escrotal com aproximadamente um centímetro de extensão, exatamente sobre o ducto deferente individualizado. Deve ser ressecado um pequeno segmento do ducto deferente, seguido da ligadura das duas extremidades. Orientações importantes: ➔ Após a vasectomia, usar condons ou outro método anticoncepcional eficaz durante as próximas 20 ejaculações ou por três meses após o procedimento. Estudos mais recentes reforçam a orientação de que a liberação de relações sexuais sem proteção anticoncepcional adicional só deverá ocorrer após a realização de um espermograma cujo resultado indique azoospermia. ➔ Realizar o espermograma três meses após a vasectomia ou após 20 ejaculações. ➔ Liberar a atividade sexual sem outra proteção anticoncepcional somente quando o espermograma não indicar presença de espermatozóides. ➔ Enfatizar que a vasectomia não protege contra IST/HIV/Aids. Estimular o uso da dupla proteção, orientando o uso combinado da vasectomia com a camisinha masculina ou feminina, ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA (PÍLULA DO DIA SEGUINTE) ➔ Anticoncepção ou contracepção de emergência consiste na utilização de pílulas contendo estrogênio e progestogênio ou apenas progestogênio depois de uma relação sexual desprotegida, para evitar gravidez. Deve ser usada somente como método de emergência, e não de forma regular, substituindo outro método anticoncepcional. ➔ A pílula anticoncepcional de emergência é tomada antes da ovulação, inibe ou atrasa a liberação do óvulo do ovário. Além disso, pode interferir na migração dos espermatozóides do colo uterino às trompas, ou com o processo de adesão e capacitação dos espermatozóides nas trompas. ➔ A mulher deve tomar as pílulas de anticoncepção de emergência até cinco dias (120 horas) após a relação sexual desprotegida, mas, quanto mais precocemente se administra, maior a proteção. Os seguintes esquemas podem ser utilizados para anticoncepção de emergência: Levonorgestrel (comprimido de 0,75 mg ou comprimido de 1,5 mg): uma formade realizar a anticoncepção de emergência é com o uso de progestágeno isolado, pode ser administrada em dose única oral de 1,5 mg (dois comprimidos de 0,75 mg ou um comprimido de 1,5 mg) ou duas doses de 0.75 mg administradas com intervalo de 12 horas. A dose única apresenta a vantagem de simplificar o uso, evitando o esquecimento da segunda pílula após 12 horas. Método Yuzpe: utiliza anticoncepcionais hormonais orais combinados (etinilestradiol e levonorgestrel) divididos em duas doses iguais, com intervalo de 12 horas e com dose total de 0,2 mg de etinilestradiol e 1 mg de levonorgestrel. No caso de utilização de pílulas contendo 0,05 mg de etinilestradiol e 0,25 mg de levonorgestrel por comprimido, usar dois comprimidos a cada 12 horas. No caso de utilização de pílulas contendo 0,05 mg de etinilestradiol e 0,25 mg de levonorgestrel por comprimido, usar dois comprimidos a cada 12 horas. No caso de utilização de pílulas contendo 0,03 mg de etinilestradiol e 0,15 mg de levonorgestrel por comprimido, usar quatro comprimidos a cada 12 horas. COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA DOS LARCS X MÉTODOS DE CURTA DURAÇÃO REFLEXÕES ● Para romper o ciclo da gravidez indesejada e assegurar que adolescentes e jovens alcancem seus próprios objetivos de vida, é preciso: ● Investir em políticas, programas e ações que promovam os direitos, a autonomia e o empoderamento de adolescentes e jovens, em especial meninas, em relação ao exercício de sua sexualidade e de sua vida reprodutiva, para que possam tomar decisões voluntárias, sem coerção e sem discriminação; ● Garantir o acesso de adolescentes e jovens à informação correta e em linguagem adequada sobre os seus direitos, incluindo o direito à saúde sexual e reprodutiva, bem como o acesso à educação integral em sexualidade; ● Assegurar o acesso às ações e aos insumos de saúde sexual e reprodutiva, tais como preservativos e contraceptivos, para que gravidezes não planejadas sejam evitadas; ● Envolver as famílias, comunidades, serviços e profissionais de saúde na resposta adequada às necessidades e demandas de adolescentes e jovens, incluindo aquelas relacionadas à saúde sexual e reprodutiva. ● Garantir a participação de adolescentes e jovens nos processos de tomada de decisões, como condição fundamental para os avanços democráticos e para a realização de seus direitos.