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aula 5 - mamona

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Grandes Culturas 2 
Aula 5 – Mamona 
Mamona: Importância econômica, origem e botânica, fisiologia e ecofisiologia 
A mamona (Ricinus communis L.) é conhecida também como carrapateira, palma-de-cristo e rícino. 
O nome carrapateira é em alusão aos aspectos da sua semente em algumas variedades. Palma-de-cristo 
é em alusão ao formato de suas folhas. Rícino é em função do ácido graxo mais presente na sua 
semente. 
É uma oleaginosa de destacada importância no Brasil e no mundo – Óleo de mamona 
Seu óleo é uma matéria prima de aplicações únicas na indústria química devido a características peculiares 
de sua molécula. (Ácido ricinoleico). 
Apenas a mamona produz o ácido ricinoleico. 
O óleo presente em sua semente é produto de mais importância e maior valor agregado. 
A baga é o produto de menor valor agregado. 
Devido a importância do óleo da mamona, houve o surgimento da indústria ricinoquimica, que é 
responsável pelo beneficiamento do óleo da mamona. 
O ácido ricinoleico apresentadas características únicas em sua molécula que não pode ser substituído 
por outros materiais. É um composto que ao mesmo tempo é maleável e resistente. 
Aplicação na medicina: Produção de prótese de joelhos (é maleável e resistente); filtro de hemodiálise. 
Outras aplicações: aditivos em combustível de aeronaves (é utilizado como anticongelante, pois ele não 
congela em baixas temperatura) 
Utilização 
Produto final do processamento das sementes são: óleo e torta. Sendo o óleo o principal e a torta o 
subproduto. 
Torta: muito utilizada na alimentação animal, e recentemente tem sido utilizada como adubo orgânico. 
Quando não compensa para o produtor fazer o tratamento da torta para alimentação animal, ele utiliza 
a torta como adubo orgânico. 
Outras aplicações 
Óleo de primeira linha, que são os mais refinados possível - Aplicação na medicina: Produção de prótese 
de joelhos (é maleável e resistente); filtro de hemodiálise; silicones especiais, próteses ósseas, aditivo em 
combustíveis areonautico. 
Óleo de segunda linha - Matéria-prima na produção de tintas, sabão, verniz, detergente, velas, nylon, 
plástico, adesivos, desinfetantes, colas, cosméticos, lentes de contanto 
Vantagens: biodegradáveis e de biomassa renovável 
Óleo de primeira linha vs. Óleo de segunda linha 
O óleo de primeira linha é o retirado após a primeira prensagem da semente, já o de segunda linha é o 
retirado da torta que fica após a primeira prensagem. Essa retirada é feita com o auxílio de ácido 
orgânicos e uma segunda prensagem. 
Produtos da mamona são retirados do fruto (baga) 
Mamona é considerada o petróleo verde. 
 
A ração deve passar por um tratamento pois tem uma proteína tóxica chamada ricina. 
Variedade de porte anão – são cultivadas anualmente e são a variedades mais novas desenvolvidas 
Fruto
Óleo da 
mamona
Matéria vegetal
(resto da planta)
Micronutrientes
Torta da 
mamona
Abubo
Ração
Baga da 
mamona
Variedade de porte médio – são exploradas por 5 a 8 anos e são as mais utilizadas no Nordeste. 
Nos dois casos quando se faz a renovação da área plantada, os restos de cultura são utilizados para 
cobertura do solo pois são ricos em micronutrientes. Assim como a mandioca a mamona é uma planta 
que extrai muitos nutrientes do solo e a utilização dos restos de cultura como adubo é uma forma de 
devolver o que foi tirado do solo. 
Importância 
Além da vasta aplicação na indústria química, a mamoneira é importante devido à sua tolerância à seca, 
tornando-se uma cultura viável para a região semiárida do Brasil. 
Tem uma boa adaptação a região Nordeste e apresenta um bom desempenho em área tecnificadas 
fora do semiárido, podendo ser explorada em diferentes ecossistemas. 
 Principais produtores mundiais 
Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial, perdendo para Índia (1°) e China (2°). 
No Brasil, o Estado da Bahia é o maior produtor nacional, tanto em área como em produção. 
74% da produção nacional é na Bahia 
Minas gerais também se destaca por ter uma grande produtividade e uma produção muito tecnificada, 
abastecendo o mercado aeronáutico. 
No Ceará, temos um produção a base da agricultura familiar, cultivo em sequeiro e pouca tecnificação.. 
Produção da mamona em sequeiro no NE 
Pode-se produzir em média 1.400 kg/há de bagas, equivalente a 631L de óleo /há, considerando o uso 
de uma cultivar como a BRS 149-Nordestina que tem 49% de óleo nas sementes. 
Um quilograma de óleo tem 0,967L e 1,0L de óleo de mamona produz 1,0L de biodiesel. 
Comparada a outras oleaginosas como soja, girassol, algodão e dendê, o dendê é o que mais se aproxima 
da relação de 1Kg para 1L como a mamona faz. 
A mamona é uma cultura chave para produção de biodiesel pois diferente das outras oleaginosas seu 
produto não compete com outras indústrias como a alimentícia e farmacêutica. Porém, o valor pago 
pela indústria de combustível pelo litro de óleo é muito menor comparado ao valor pago pela indústria 
aeronáutica e farmacêutica. 
Da mamona se aproveita tudo 
As folhas servem de alimento para o bicho da seda e, misturadas à folhagem, aumentam a secreção 
láctea das vacas. 
As folhas de mamona não são a primeira opção de alimento para o bicho da seda, mas é o substituto 
mais próximo do alimento que o bicho da seda precisa. No Brasil, a utilização para alimentação do bicho 
da seda não é muito explorada. Existem apenas relatos dessa finalidade no Sul do Brasil. 
A haste, além de celulose própria para fabricação do papel, fornece matéria prima para a produção de 
tecidos rústicos. 
Por tudo isso, esse vegetal, que não entra na cadeia alimentícia, pode ser considerada um “ petróleo 
verde” 
Origem 
Continente Africano 
Etiópia 
Porém, alguns estudiosos indicam o continente asiático como provável centro de origem. Entretanto, 
pesquisam recentes confirmam como sendo o continente africano. 
No Brasil, a planta foi trazida pelos portugueses. 
A planta teve ampla adaptação ás condições edafoclimáticas do pais, podendo ser encontrada em 
praticamente todo território brasileiro. 
Botânica 
A mamoneira é uma planta bastante complexa quanto á morfologia, fisiologia e biologia floral. 
Espécies polimórfica 
 
Apresenta grande variação em seu hábito de crescimento, cor das folhas, caules, ramos, frutos, tamanho 
das sementes, teor de óleo, altura das plantas, sendo possível distinguir um material genético do outro. 
Taxonomia 
A mamona é uma dicotiledônea e se enquadra na seguinte classificação científica; 
 Divisão – Spermatophyta 
 Subdivisão – Angiospermae 
 Classe – Dicotylrdoneae 
 Subclasse – Archichlamydeae 
 Ordem – Geraniales 
 Famíia - Euphorbiaceae 
 Gênero – Ricinus 
 Espécie – R. communis L. 
A mamona é considerada politípica e divide-se em seis subespécies e 25 variedades botânicas. 
Todas as variedades botânicas da mamoneira apresentam 2n=20, sendo possivelmente um poliploide 
natural, podendo ocorrer barreiras genéticas. 
Características da Planta 
Sistema radicular 
O sistema radicular é pivotante (até 3 m), apresentando raízes fistulosas, bastante ramificadas. Ele 
responsável pela grande adaptabilidade da mamona. 
Em condições de pouca disponibilidade hídrica, a raiz principal tem maior penetração no solo. 
É considerada uma escarificadora natural do solo, sendo utilizada na recuperação de áreas degradadas. 
Sistema Caulinar 
O caule é geniculado, espesso e ramificado, podendo apresentar variações quanto á cor e presença de 
cera. 
Porte arbóreo ou arborescente 
Anual ou perene 
Porte varia de 1 m a 8 m 
 Os ramos laterais se desenvolvem a partir da axila da última folha abaixo da inflorescência. É uma planta 
altamente ramificada e cada ramo dará origem a um fruto. 
Classificação quanto ao porte 
 Anão – altura < 1,8 m 
 Normal 
Médio – altura 1,8 a 2,5 m 
Alto – altura 2,5 a 5,0 m, variedade explorada de 5 a 8 anos 
Arbóreo – altura acima de 5,0 m, não é explorado comercialmente.O número de flores masculinas e femininas é muito variado. 
Algumas variedades estão sendo desenvolvidas como plantas ornamentais. 
Sistema foliar 
As folhas são simples, grandes, com largura do limbo variando de 10 a 40 cm, podendo chegar a 60 cm 
no maior comprimento. 
Por ser uma folha muito grande tem grande eficiência na fotossíntese e um grande acumulo de 
fotoassimilados. 
As principais variações nas folhas da mamoneira são na cor, na cerosidade no número de glândulas e na 
profundidade dos lóbulos. 
Presença de glândulas: é uma planta lactífera e se houver o rompimento do tecido da folha ou do pecíolo 
ela irá exsudar látex. 
Folha 
Digitolobadas com 5 a 11 lobos 
Limbo arredondado e/ou margens serreadas 
Coloração do verde ao roxo 
Glândulas nectaríferas extraflorais 
Protegida por duas estipulas 
Filotaxia 2/5 (duas folhas em cada cinco voltas de 360° no eixo do caule) 
Inflorescência 
Planta monoica 
Inflorescência do tipo panicular terminal denominada de racemo com presença de flores femininas na 
parte superior e flores masculinas na parte inferior, podendo ocorrer uma distribuição irregular ao longo 
do racemo. 
A produção de flores masculinas e femininas varia, podendo ocorrer de 0 a 95% de flores masculinas. 
Essa proporção entre flores masculinas e femininas é muito influenciada pelo ambiente, e em menor 
porcentagem pelo fator genético. 
Flores masculinas – coloração amarela 
Flores femininas – coloração vermelha 
Por ser monoica é considerada autógama, porém a taxa de alogamia pode chegar a 40%, sendo a 
polinização do tipo anemófila. 
O racemo principal ou primário é o mais desenvolvido e apresenta maior quantidade de frutos. 
Dependendo da cultivar vai haver a menor ou maior predominância de cachos maiores. Quanto maior o 
número de ramificações maior o número de cachos. Nem sempre o maior número de ramificações será 
vantajoso para a produtividade. 
Ex: pode haver uma cultivar com um menor número de ramificações, mas uma boa produtividade. Isso 
se deve ao fato de que as inflorescências (cachos) terão um tamanho maior e um maior número de 
frutos, o que leva a uma melhor produção. Assim, se uma cultivar tiver um número de ramificações 
muito alto, um grande número de inflorescência (cachos) que podem ser pequenos e com um pequeno 
número de sementes e que não irá refletir uma boa produção. 
Lembrando que os órgãos reprodutivos são drenos fortes, então quanto maior o número de 
inflorescência e frutos, maior o consumo de fotoassimilados para alimentar aqueles órgãos. 
Os racemos variam quanto à forma, podendo ser cônica, cilíndrica ou oval, variando no comprimento (10 
a 80 cm) e quantidade de frutos, dependendo da cultivar. 
Além disso, atingem a maturação em épocas diferentes, dependendo da posição na planta. 
Além disso, a diferença de idade entre os frutos de um cacho, levará a uma diferença de maturação 
dentro do próprio cacho. É praticamente impossível colher a mamona com todos os seus frutos em 
maturação plena, A colheita será governada pelo maior percentual de maturação. Ou seja, quando a 
maioria dos cachos apresentar mais 50% de maturação. 
Não se pode esperar muito pela colheita, pois quando atinge a maturação fisiológica e perde muita 
umidade os frutos entram em deiscência 
Poucas cultivares tem a características de indeiscência dos frutos, e mesmo as que tem essa 
característica não são 100% indeiscente. 
Fruto 
Os frutos da mamona são cápsulas globosas (tricoca), ou bagas, medindo aproximadamente 2,4 cm. 
Cada cápsula abriga 3 sementes. 
Apresentam variações quanto à cor, cerosidade, forma, tamanho, deiscência, caduciadade e presença ou 
ausência de acúleos. 
 Normalmente os frutos da base atingem a maturação fisiológica antes dos frutos do topo. 
Semente 
A semente também é muito variável, com diferentes formas e cores, tamanhos e pesos. 
É uma semente grande e com grande quantidade de óleo. 
É uma semente perfeita com todos os componentes. É composta de tegumento, rafe, micrópila, 
carúncula, endosperma, cotilédones e eixo embrionário. 
A germinação é do tipo epígea 
As sementes contêm elevado teor de óleo, podendo varia de 35% a 55%, quanto maior o percentual 
de óleo mais perecível é a semente. 
Este óleo encontrado nas sementes é o principal produto em importância econômica da mamona, pois 
possui inúmeras aplicações na indústria e recentemente tem sido utilizado no processo de produção do 
biodiesel. 
 
Fisiologia 
Metabolismo 
A mamoneira é uma planta que apresenta metabolismo fotossintético do tipo C3, com elevada taxa de 
fotorrespiração, considerada ineficiente e pouco competitiva. 
Metabolismo C3: o primeiro produto estável formado na etapa bioquímica da fotossíntese será um ácido 
orgânico de 3 carbono, 3-fosfoglicerato, que irá dar origem ao açúcar de 3 carbono gliceraldeído-3-
fosfato. (é o primeiro açúcar produzido na fotossíntese, a glicose é a junção de 2 desses açúcares.) 
Fotorrespiração: foi considerada por muito tempo uma perda produtiva pois a planta estava deixando 
de produzir fotoassimilados. 
A fotossíntese é dividida em etapa fotoquímica e etapa bioquímica. 
Antigamente a fase fotoquímica era achada de fase clara, pois depende da luz para a produção dos 
fotoassimilados, e a fase bioquímica era chamada de fase escura. Porém, essa nomenclatura entrou em 
desuso pois a fase bioquímica também depende da luz, já que as enzimas necessárias (a enzima que 
ativa a rubisco, pois a rubisco só fixa oxigênio quando esta ativada) para a fixação do oxigênio são 
produzidas na fase fotoquímica. 
Na fotorrespiração não há ganhos de carbono e sim uma perda, o processo começa com uma molécula 
de 5 carbonos para uma com 3 carbonos. 
Fotorrespiração 
Rubisco atua como oxigenasse, produzindo um ácido orgânico de 3 carbonos e um ácido orgânico de 
2 carbonos (e não segue a via da fotossíntese, segue outras vias muitas vezes seguindo para o 
metabolismo do nitrogênio fazendo com que as plantas C3 sejam ricas em proteínas).

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