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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Infecção urinária na gravidez Infecção bacteriana mais frequente na gravidez. Formas clínicas: - Bacteriúria assintomática (BA); - Cistite; - Pielonefrite aguda (PNA). As infecções do trato urinário (ITUs): colonização, invasão e proliferação de agentes infecciosos em qualquer parte do sistema urinário. ITU ocorre em 15% das gestações ITU é a infecção mais frequente no ciclo gravídico-puerperal. Ação relaxante da prostaciclina e progesterona na musculatura lisa: hipotonicidade, dilatação e hipomotilidade do trato urinário. Aumento fisiológico de 30% a 50% no fluxo plasmático renal e na taxa de filtração glomerular → aumento do débito urinário, ↓ concentração da urina, alcalinização, glicosúria e aminoacidúria. Dextrorrotação uterina, exercendo ação mecânica compressiva sobre o trato urinário, aumentando as afecções em ureter e rim direitos, principalmente. Alterações anatômicas e fisiológicas da gestação levam à estase de urina abundante, menos concentrada e rica em nutrientes microambiente adequado para a proliferação de microrganismos e o estabelecimento de ITU. Classificação: Trato urinário inferior (bexiga e uretra) Trato urinário superior (rins e ureteres) - Bacteriúria assintomática (BA): diagnosticada por meio da urocultura de rastreamento no pré-natal. - Cistite: sintomas clínicos + positividade na cultura. - Pielonefrite: apresenta sintomatologia importante. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Fatores de risco: Diabetes mellitus. Antecedente de infecção urinária. Idade materna. Paridade. Litíase renal. Baixo nível socioeconômico. Atividade sexual. Anemia ou traço falciforme. Uso de drogas ilícitas. 1) Bacteriúria assintomática Presença de quantidade significativa de bactérias em paciente sem sinais ou sintomas de infecção urinária. Prevalência da bacteriúria assintomática é semelhante à de não gestantes (2 a 10%). Associada a aumento da morbidade perinatal: - Parto prematuro, - Baixo peso fetal, - Pielonefrite em até 40% das gestações, reduzindo-se para apenas 3% com tratamento da BA. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Diagnósticos de Bacteriúria assintomática Isolamento da mesma espécie bacteriana em duas amostras consecutivas de cultura de urina. Na prática clínica, entretanto, utiliza-se comumente o resultado de uma cultura positiva: - ≥ 105 UFC/ml em urina de jato médio - ≥ 100 UFC/ml em urina colhida por cateterismo uretral (amniorrexe ou sangramento vaginal). Nenhum teste ainda é suficientemente acurado para substituir a cultura de urina. O achado de leucocitúria em exame de uroanálise (urina I) não é suficiente para o diagnóstico de bacteriúria assintomática. Fitas reativas (dipsticks) não são suficientemente acuradas para o diagnóstico de BA na gravidez. Tratamento da Bacteriúria assintomática Preconizado em todos os casos. Não está claro qual tratamento é mais efetivo ou seguro. Considerar a segurança para uso na gestação. Tratamentos mais curtos x mais longos: - Menor exposição fetal, melhor aderência. - Maior taxa de erradicação bacteriana. - Amoxicilina 500 mg de 8h em 8h por 3 a 5 dias VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C A erradicação da bactéria deve ser confirmada por urocultura realizada uma a duas semanas após o final do tratamento. Até 30% das pacientes mantém bacteriúria após o tratamento Fazer tratamento mais longo com antibiótico orientado pelo antibiograma VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 2) Cistite Incidência: 1 a 2% das gestações. Não aumenta o risco de parto prematuro, baixo peso fetal ou pielonefrite. O quadro clínico pode se confundir com queixas comuns de alteração do trato urinário na gestação (disúria, polaciúria, urgência miccional, dor suprapúbica). Diagnóstico clínico tem alta sensibilidade e especificidade desde que se afaste vulvovaginite. Colher urocultura em todos os casos. O exame de urina I ou com tiras reativas pode evidenciar leucocitúria, bacteriúria e nitrito, que não são patognomônicos de ITU. A probabilidade de contaminação durante a coleta da amostra não deve ser desprezada. Encaminhar o material rapidamente para o laboratório. Tratamento O tratamento da cistite é empírico. Considerar a prevalência e sensibilidade aos antimicrobianos (conhecer padrão local). Usar esquemas preconizados para BA, com exceção das cefalosporinas e penicilinas (maior risco de resistência bacteriana). Opções: Amoxicilina-clavulanato, Fosfomicina, Nitrofurantoína. Tratamento sintomático com analgésicos comuns ou fenazopiridina por até 48 h para disúria intensa (cat. B). Seguimento Melhora em até 48 horas. Persistência dos sintomas: - Descartar outras afecções (pielonefrite aguda, por exemplo); - Considerar resistência bacteriana ao antimicrobiano utilizado; - Verificar a aderência ao tratamento. A urocultura pode auxiliar quanto à sensibilidade da bactéria isolada. Controle de cura Colher urocultura uma semana após o término do tratamento. Avaliar a necessidade de profilaxia de novos episódios de infecção urinária. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 3) Pielonefrite aguda (PNA) Infecção grave com grande morbidade perinatal. Riscos fetais: Parto prematuro e Baixo peso fetal. Riscos maternos: Bacteremia/sepse, Anemia, Insuficiência renal, Acometimento pulmonar (síndrome da angústia respiratória). Recorrência da pielonefrite antes do parto em 20% dos casos. Maior frequência no 2º e 3º trimestres. Fatores de risco: Traço falciforme, Nuliparidade e Idade mais jovem. Etiologia: E. coli - 70% dos casos; Klebsiella/ Enterobacter/Proteus - 5% cada; Gram-positivos (incluindo estreptococos beta-hemolíticos do grupo B)- 10%. Quadro clínico Febre alta. Queda do estado geral. Dor lombar. Náuseas e vômitos. Sintomas urinários como disúria e polaciúria podem não estar presentes. Exame físico (Sinal de Giordano não é obrigatório, taquicardia materna e fetal, desidratação). Diagnóstico complementar Proteína C reativa pode ser usada para diferenciar PNA de cistite. Valores aumentados em 91% x 5%, respectivamente. Urina I: leucocitúria intensa, cilindros granulosos e bactérias. Hemólise com anemia em até 1/3 das pacientes. Função renal – risco de ins. renal transitória (20%). Eletrólitos. Hemocultura – sepse ou piora clínica. Avaliação de obstrução e abscessos nos casos sem melhora após 48~72 h de tratamento. Menor acurácia de diagnóstico de cálculos ao US durante a gravidez devido à hidronefrose fisiológica. Considerar complementação com RX simples de abdome. Alternativas: uroressonância, urografia excretora com exposição única aos 30’. Tratamento Devido à alta morbidade, toda gestante com PNA deve ser internada para tratamento com hidratação e ATB parenteral. Manter tratamento parenteral até 24~48h de melhora clínica com remissão da febre, mudando para ATB oral para 7~14 dias (seguir padrão de sensibilidade da urocultura). Se não houver melhora em 48 - 72 h: - Mudar o esquema ATB ou acrescentar gentamicina. - Avaliar presença de obstrução ou abscessos renais. - Checar resultado da urocultura e antibiograma. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Seguimento Urocultura uma semana após o final do tratamento. Profilaxia com nitrofurantoína ou cefalexina até o termo da gestação devido ao risco de recorrência da infecção. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C
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