Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
· INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO NA GRAVIDEZ - ITU Sintomas Urinários e infecção do trato urinário são comuns na gestação devido às alterações fisiológicas deste período, afetando a qualidade de vida da mulher e aumentando o risco de morbidade materna e fetal neste período Por isso a triagem de rotina da infecção do trato urinário é recomendada durante a gravidez no pré-natal, mesmo em mulheres assintomáticas A ITU corresponde à infecção de qualquer região do urotélio, presente na uretra, na bexiga, na próstata e no rim. É uma das infecções mais frequentes em adultos na atenção primária à saúde (APS), tendo ficado atrás apenas de infecções das vias aéreas superiores não especificadas e amigdalites como motivo de prescrição de antimicrobianos em unidades de saúde da família em um estudo brasileiro, em que foi responsável por 13,3% das prescrições de antimicrobianos ETIOLOGIA A principal etiologia da ITU é a ascensão uretral de enterobactérias, sendo a Escherichia coli o patógeno mais comum, responsável por cerca de 80 a 90% das ITUs não complicadas Outras bactérias causadoras de ITU são: Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Staphylococcus saprophyticus, Enterococcus faecalis, Streptococcus agalactia e, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter aerogenes e Enterobacter cloacae. Devido ao menor tamanho da uretra, à maior colonização periuretral (pelo ambiente úmido) e à ausência de substâncias antibacterianas do líquido prostático, a ITU é muito mais comum em mulheres do que em homens, sendo rara no sexo masculino antes dos 50 anos ITU NA GRAVIDEZ · Gestante são mais suscetível às infecções urinárias · Estase urinária e o refluxo vesicoureteral, favorecidos pela ação miorrelaxante da progesterona e pela compressão mecânica do útero sobre os ureteres; · Alterações físico-químicas da urina, como aumento do conteúdo de glicose, aminoácidos e vitaminas na urina, favorecendo um meio propício ao crescimento bacteriano; · Imunidade celular diminuída na gravidez O diagnóstico é realizado quando se identificam sintomas urinários associados à bacteriúria, como: disúria, urgência miccional, polaciúria, urgeincontinência, hematúria ou desconforto suprapúbico. Sua incidência é de 1 a 2% das gestantes. ITU NA GESTAÇÃO A ITU na gravidez pode se manifestar de três maneira: 1) Bacteriúria Assintomática 2) Infecção do trato urinário baixa (Cistite) 3) Infecção do trato urinário alto (pielonefrite) BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA (BA) “Infecção de urina sem sintomas” Etiologia é semelhante à cistite e pielonefrite (predomínio de gram negativo) Diferença: melhor defesa do paciente e menor capacidade de adesão da bactéria no urotélio. Bacteriúria em mulheres assintomáticas é definida como o isolamento da mesma bactéria em duas amostras consecutivas de urina, em contagens de105 UFC/ml (Infectious Diases Society of America – IDSA) Tratar BA diminui o índice de infecções sintomáticas? Não Tratar BA diminui o índice de recorrência de infecções? Não Tratar BA diminui o índice de ITU complicado? Não Na população geral não se deve tratar BA Exceções: gestantes e pacientes eu serão submetidos a procedimentos urológicos invasivos (em que sangramento mucoso é esperado) Tratamento é o mesmo para cistite. ITU BAIXA - CISTITE “Inflamação/infecção da bexiga” Bactérias conseguiram ascender à bexiga, fizeram lesão tecidual ponto de gerar sintomas, mas não conseguiram ascender ao trato urinário superior · MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sintomas típicos são disúria, aumento da frequência e urgência urinária, noctúria, desconforto suprapúblico, hematúria macroscópica e urina turva também costuma ocorrer. febre ou dor em flanco sugere um quadro mais alto (cistite associada à pielonefrite) · DIAGNÓSTICO Embora o padrão-ouro de qualquer ITU seja a urocultura, cistites não complicadas podem ser tratadas apenas com base na história clínica. Urina 1: leucocitúria, nitrito +, hematúria (30%) · TRATAMENTO A abordagem da cistite é tão simples e corriqueira que o Harrison, contrariando as normas do bom relacionamento médico- paciente afirma: “many episodes of uncomplicated cystitis can be managed over the telephone” Antibióticos utilizados: Sulfametoxazol + trimetoprim (Bactrim), quinolonas (ciprofloxacino, ofloxacino, levofloxacino – apenas guiado por urocultura) por 3 dias. Nitrofurantoína ou betalactâmicos (amoxicilina, cefalexina) por 5 a 7 dias Fosfomicina, em dose única → Cistite complicada ou recorrente – 7 dias de tratamento ITU ALTA - PIELONEFRITE Infecção aguda, geralmente bacteriana, dos rins e pelve renal Classificação: não complicada (trato urinário estruturalmente e neurologicamente normal) e complicada (anormalidades funcionais ou estruturais do trato urinário – presença de cateteres vesicais e cálculos urinárias) Microorganismo mais comum nas pielonefrite – Escherichia Coli Via mais comum de contaminação renal – via ascendente, a a partir da uretra · MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A síndrome clássica de pielonefrite envolve alguns dias de dor progressiva nos flancos, fadiga, febre, prostração e possivelmente náuseas e vômitos, geralmente precedida ou acompanhada de sintomas de cistite · DIAGNÓSTICO Combinação de dados clínicos e laboratoriais – urina 1 + urocultura CT de vias uriárias – falência terapêutica ou suspeita de abcesso ou obstrução · TRATAMENTO – ORAL X VENOSO? Não existe uma regra no tratamento oral x venoso Plano deve ser individualizado, levando em consideração a gravidade da doença, a presença de náuseas e vômitos, o estado basal do paciente, o suporte clínico em casa e a possibilidade de seguimento médico Gestante, doenças graves, imunodeprimidos, suspeita de abscesso, obstrução ou cálculo, crianças e homens, ausência de terapia oral adequada, condições inadequadas para o tratamento domiciliar, má aderência medicamentosa – internação hospitalar + antibioticoterapia venosa · ESCOLHA DO ANTIBIÓTICO Como os resultados da urocultura + antibiograma demoram alguns dias, o tratamento da pielonefrite geralmente é empírico, com base na farmacocinética e na susceptibilidade esperada dos microorganismos locais. Para todos os pacientes é essencial atividade contra os bacilos gram (-) comuns e, para aqueles com ITU complicada ou terapia antimicrobiana recente, é necessário cobrir também os gram (+) e gram (-) resistentes. → escolha do melhor antibiótico - individualizado REGIMES PARENTERAIS PIELONEFRITE TEMPO DE TRATAMENTO Tempo padrão de tratamento = 14 dias Infecções muitos graves, com sepse ou nas pacientes com fatores complicadores, a terapia deve ser prolongada por até 21 dias.
Compartilhar