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jornal.usp.br-Estresse pode mesmo fazer o cabelo ficar branco E agora os cientistas sabem como

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23 de janeiro de 2020
Estresse pode mesmo fazer o cabelo ficar branco. E
agora os cientistas sabem como
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sabem-como/
Ratos de pelagem escura que sofreram estresse por dor tiveram pelagem embranquecida –
Foto: William A Gonçalves via Agência Fapesp
Relatos médicos sugerem que o processo de despigmentação capilar pode ocorrer de
modo bem mais acelerado sob condições de estresse intenso e persistente ou depois de
um grande trauma. Alguns historiadores especulam que tal fenômeno acometeu a rainha
Maria Antonieta quando, no auge da Revolução Francesa (1793), soube que seria levada
à guilhotina.
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Um novo estudo comprovou que o fenômeno de fato ocorre e identificou os mecanismos
envolvidos. “Além disso, descobrimos uma forma de interromper o processo do
branqueamento por estresse”, contou Thiago Mattar Cunha, integrante do Centro de
Pesquisa em Doenças Inflamatórias (Crid), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão
(Cepid) da Fapesp sediado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da
USP.
A pesquisa foi conduzida em parceria com um grupo da Harvard University (Estados
Unidos) coordenado pela professora de biologia regenerativa Ya-Chieh Hsu. Os
resultados acabam de ser divulgados na revista Nature.
“Fazíamos um estudo sobre dor em camundongos cuja pelagem é negra. Nesse modelo,
administramos uma substância para induzir uma sensação dolorosa intensa”, contou o
pesquisador. “Cerca de quatro semanas após a injeção sistêmica da toxina, um aluno de
doutorado observou que os animais estavam com os pelos completamente brancos.”
O experimento foi repetido algumas vezes, até que o grupo da USP se convenceu de
que o embranquecimento dos fios havia, de fato, sido causado pela aplicação da
substância química extraída da planta Euphorbia resinifera, muito parecida com um
cacto.
“Aventamos a hipótese de que a despigmentação dos pelos seria resultado do estresse
induzido pela dor” disse Cunha. Experimentos foram idealizados e executados em
seguida para testar a hipótese, que foi confirmada.
“Testes conduzidos em nosso laboratório confirmaram que a dor atuou, nesse modelo,
como um potente estressor”, relatou Thiago Cunha. Depois que os animais foram
tratados com um anti-hipertensivo capaz de inibir a neurotransmissão pelas fibras
simpáticas, o embranquecimento capilar foi bloqueado.
Ainda não se sabe se os achados da pesquisa terão, no futuro, alguma implicação
estética, como o desenvolvimento de um fármaco capaz de impedir o embranquecimento
do cabelo associado ao envelhecimento. “É preciso avaliar, por exemplo, se eventuais
efeitos colaterais de um inibidor de CDK valeriam o benefício estético”, ponderou.
Leia aqui a reportagem original na íntegra, com os detalhes do estudo (Karina
Toledo/Agência Fapesp)
https://www.nature.com/articles/s41586-020-1935-3.
http://agencia.fapesp.br/pesquisadores-descobrem-como-o-estresse-agudo-pode-fazer-o-cabelo-ficar-branco/32380/

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