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CRIATIVIDADE, GESTÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO 3

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QUAL O PANORAMA INOVATIVO NO BRASIL?
3.1 Estratégias competitivas para inovação
A estratégia de uma empresa pode ser definida como a forma que ela a desenvolve para obter vantagens competitivas (BARNEY; HESTERLY, 2014). As empresas buscam estratégias competitivas adequadas aos mercados em que atuam para minimizar o impacto das incertezas econômicas. Além das estratégias competitivas gerais adotadas pelas empresas, há um conjunto de estratégias tecnológicas (TIGRE, 2006). Estas possibilitam que as empresas atuem considerando a variedade de situações que acontecem no dia a dia dos negócios, de forma flexível e coerente aos requisitos e potencialidades dos projetos de inovação.
O estabelecimento do escopo da inovação é importante, tanto para o governo quanto para as empresas e universidades, pois auxiliam no desenvolvimento da estratégia tecnológica da organização, com base em métricas, políticas e prioridades para inovação. As atividades do processo inovativo são classificadas nos seguintes grupos: pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental. 
3.1.1 Atividades do processo criativo
Vamos começar com a pesquisa básica, que compreende os trabalhos experimentais ou teóricos iniciados principalmente para obter novos conhecimentos sobre os fundamentos dos fenômenos e fatos observáveis, sem ter em vista qualquer tipo de aplicação prática. Um exemplo aqui são os trabalhos de pesquisa acadêmica, desenvolvidos nas universidades. A pesquisa aplicada consiste em trabalhos originais desenvolvidos para um objetivo prático específico. Como exemplo, podemos citar os trabalhos de pesquisa desenvolvidos como uma parceria entre empresas e universidades.
Os trabalhos sistemáticos são considerados desenvolvimento experimental e, baseados nos conhecimentos existentes obtidos pela pesquisa ou pela experiência prática, dirigidos a produção de novos materiais, produtos ou dispositivos, à instalação de novos processos, sistemas e serviços, ou à melhoria substancial dos já existentes. A essência da pesquisa e do desenvolvimento experimental consiste na utilização da criatividade, de modo sistemático, para que o conhecimento possa ser aumentado e aplicado em todos os campos, contribuindo para o desenvolvimento da sociedade (ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2008). A articulação entre a estratégia competitiva e tecnológica é muito importante, pois a tecnológica deriva da competitiva. Mas como podemos classificar a estratégia tecnológica?
De acordo com Freeman (1987), são seis as possibilidades: ofensiva, defensiva, imitativa, dependente, tradicional e oportunista. Vamos conhecer as características e exemplos de cada uma delas? Então, acompanhe!
3.1.2 Estratégia ofensiva e defensiva
As empresas que buscam a estratégia ofensiva de inovação são aquelas que buscam a liderança tecnológica. Este tipo de inovação pode estar presente tanto em projetos de produtos quanto em projetos de processos, modelo de negócios, etc. Por gerar esses tipos de saídas, a estratégia ofensiva vai requerer o envolvimento das áreas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e outras funções como marketing, logística e adaptação dos processos organizacionais. Os riscos associados são altos, pois consiste em uma ideia ainda não testada no mercado. Além disso, este tipo de estratégia costuma gerar resultados de longo prazo.
A estratégia ofensiva também exige que a empresa possua uma infraestrutura científica e tecnológica e pode ser feito por meio de agentes externos. Por exemplo, centros de excelência universitários, ambientes culturais, educacionais e incentivos locais (como parques tecnológicos, incubadoras, a proximidade de clientes-chave, entre outros), são elementos que favorecem a inovação.
E em que proporção a estratégia ofensiva é adotada pelas empresas brasileiras? Na realidade, poucas empresas brasileiras adotam uma estratégia ofensiva em nível global (TIGRE, 2006). No entanto, a Petrobras é uma empresa brasileira que pode ser citada como exemplo por adotar uma estratégia ofensiva, em função das condições em que o petróleo é encontrado na costa e por ter autonomia decisória e recursos financeiros para empreender de forma inovadora.
Sobre a estratégia defensiva, temos que consistir em agir seletivamente em relação à introdução de inovações. Ao adotar esta estratégia, a empresa tem o objetivo de reduzir incertezas e erros. As organizações aprendem com os pioneiros, que geralmente abrem novos mercados e introduzem soluções seguras e consistentes.
É importante ressaltar que a estratégia defensiva não tem a pretensão da cópia. Ela quer superar os pioneiros, fazendo com que a inovação seja uma espécie de seguro contra o risco de obsolescência tecnológica em sua linha de produtos. Podemos nos questionar então: qual o interesse de algumas empresas em querer prologar o ciclo de vida de seus produtos? Justamente porque estes levam algumas vantagens em relação às inovações mais recentes: consumidores aprisionados pelo hábito utilizam fielmente alguns tipos de produtos; em função do longo tempo de fabricação dos produtos, seus processos produtivos são otimizados; estes produtos têm preços competitivos, pois seus custos de desenvolvimento já foram amortizados. Portanto, estas empresas possuem marcas conhecidas no mercado e que contam com boa capacitação técnica. 
3.1.3 Estratégia imitativa e dependente
A estratégia imitativa consiste em oferecer produtos semelhantes aos existentes e pretende apenas marcar presença no mercado, considerando o tempo de defasagem da introdução do produto pelas características particulares do mercado. Nessa estratégia, a empresa não aspira ter grandes lucros com a introdução da inovação ou ser líder de mercado.
Este tipo de estratégia no Brasil era encorajado em função da proteção governamental contra a competição dos produtos estrangeiros. E como isso era feito? As políticas protecionistas, baseavam-se na substituição das importações por meio de altas taxas alfandegárias, além de barreiras burocráticas, como anuência prévia para importação de determinadas instâncias. Contudo, com a abertura comercial da década de 1990 e a introdução de formas mais rígidas de proteção à propriedade intelectual, a proteção efetiva vem caindo significativamente (TIGRE, 2006).
Um exemplo desta prática no Brasil é em relação à indústria farmacêutica. A engenharia reversa de medicamentos era uma prática comum nos laboratórios nacionais, pois esses possuíam a capacidade técnica necessária para lançar produtos similares aos produzidos por multinacionais. Entretanto, com o reconhecimento das patentes farmacêuticas, a partir de 1996, muitas empresas nacionais tiveram que retirar os produtos similares do mercado.
A estratégia dependente ocorre quando uma empresa menor assume um papel subordinado em relação a empresas mais fortes (TIGRE, 2006). Elas não tomam iniciativas com base nas mudanças técnicas de produtos ou processos e, geralmente, não contam com capacitação própria para alterar o processo produtivo.
Esta estratégia não é necessariamente uma opção voluntária, podendo ser uma exigência de parceiros comerciais ou controladores. Para citar um exemplo de empresa brasileira com estratégia dependente, temos a Toyota. A empresa japonesa deixou que sua subsidiária no Brasil, produzisse de forma independente um utilitário diesel, porque o veículo fabricado na filial já tinha sido descontinuado na matriz. Com isso, a filial tinha que contar com seus próprios recursos e a Toyota teve que reduzir a flexibilidade da subsidiária local.
3.1.4 Estratégia tradicional e oportunista
Empresas que optam por uma estratégia tradicional, praticamente não mudam seus produtos, pois o mercado não demanda mudanças ou porque a concorrência também não inova. Estas empresas ficam restritas ao desenvolver inovações incrementais e fazem pequenas alterações no design do produto com base na experiência dos colaboradores. Também não contam com uma forte capacidade técnica para iniciar mudanças.
Além disso, essas empresas contam com produtos conhecidosno mercado e um caráter artesanal de fabricação. Quer um exemplo? O requeijão Catupiry precisou manter a sua tradicional embalagem circular de madeira para identificar seu produto junto aos consumidores, mesmo com o uso deste material ter sido descontinuado da indústria de alimentos em função dos custos. Outro exemplo na mesma linha, são os doces e cachaças “da roça”, onde mudanças no processo produtivo são evitadas em função do risco de descaracterizar o produto.
Os mercados em rápida transformação, que não requerem grandes investimentos em P&D, são o foco da estratégia oportunista, que está associada à exploração de nichos de mercado ou a oportunidades temporárias. Nesses casos, mais do que capacitação técnica, os empreendedores devem ter imaginação e conhecimento das necessidades dos consumidores.
No Brasil, a crise energética do início dos anos 2000 é uma situação especial que abriu oportunidades para que novos fornecedores de material elétrico desenvolvessem lâmpadas de baixo consumo e luminárias com sensores de presença humana para poupar energia.
3.2 Empreendedorismo e inovação
O conceito de empreendedor parte da visão de uma estrutura primária da população, que estava organizada entre os donos de terras – que precisam cultivar a terra, pagar os custos, aproveitar os lucros; e o resto – pessoas que viviam à custa dos donos das terras. O empreendedor é um especialista em assumir riscos (BREWER, 2002) e nesta configuração, ele garantia o sustento dos trabalhadores comprando seus produtos (ou serviços) para revendê-los antes que os consumidores manifestassem o quanto desejariam pagar por eles (pagavam custos de produção conhecidos, mas ganhavam rendas incertas, devido à natureza especulativa).
3.2.1 Sucesso e satisfação
Schumpeter (1934) dizia que, na vida econômica, o sucesso depende da intuição, da capacidade de ver as coisas de uma maneira que, posteriormente, se constataria verdadeira. Nesta visão, o empreendedor passa a ser um intuitivo. McClelland (1967) apresentou a Teoria da Motivação pelo Êxito/Medo. Segundo esta teoria, os indivíduos possuem diferentes níveis de cada necessidade (motivos), mas nunca a inexistência de qualquer um deles. Assim, os principais vetores para se atingir a satisfação são, a necessidade e o meio para obter satisfação. Vamos ver as três necessidades que orientam o comportamento humano e os meios para se obter a satisfação das necessidades:
Esses motivos estão relacionados com a resolução de problemas. Quando um indivíduo obtém sucesso utilizando determinado meio, tenderá a repeti-lo para a solução de outros problemas (modelos mentais). Assim, as pessoas que apresentam elevada necessidade de realização, buscam a excelência e estão diretamente relacionadas ao comportamento empreendedor.
Drucker (2002) diz que os empreendedores sempre procuram pela mudança, respondem a ela e exploram-na como uma oportunidade. Na visão do autor, inovação é o uso sistemático das oportunidades criadas por mudanças. 
3.2.2 Relação entre o empreendedorismo e inovação
Afinal, o que garante uma inovação? As primeiras condições para inovação foram definidas por Schumpeter (1934). Na visão do autor, só pode ser considerada inovação, uma invenção que tenha superado os diversos riscos associados, tanto tecnológicos quanto de mercando, gerando valor para os envolvidos. Dependendo da quão revolucionária for a inovação e do seu grau de difusão e impacto socioeconômico, pode ser considerada “destruição criativa” (SCHUMPETER, 1934). Quando os empreendedores tiram proveito das oportunidades geradas pela destruição criativa, conseguem lucros positivos durante um próximo período de estabilidade (BESANKO et al., 2012).
O espírito empreendedor tem a inovação como um instrumento específico para geração de riqueza e é com o empreendedor que se viabiliza os recursos necessários para que a inovação ocorra. São quatro propriedades fundamentais que instigam o desenvolvimento de produtos, serviços ou modelos de negócios inovadores (DOSI, 1982):
a) soluções desconhecidas em função da incerteza gerada pela existência de problemas técnico-econômicos;
b) novas oportunidades tecnológicas no conhecimento científico que geram dependência;
c) atividades de pesquisa, desenvolvimento e sua execução no interior de empresas de manufatura integradas, sendo formalizadas de forma crescente;
d) atividades informais de solução de problemas de produção e esforços para satisfazer as necessidades dos clientes, gerando aprendizagem.
Desta forma, o empreendedor detém a habilidade de ser o primeiro a introduzir novas combinações de meios produtivos, resultando na transformação do fluxo estabelecido. Podemos afirmar, então, que o empreendedor é quem provoca a ruptura para introdução da inovação (DRUCKER, 2002), este processo irá ocorrer por meio de três fatores principais: geração, seleção e implementação de novas ideias (BESSANT; TIDD, 2009).
O empreendedor, portanto, é a pessoa que terá habilidade de estabelecer relações, de visualizar oportunidades e de tirar vantagem das mesmas, fazendo com que surjam as ideias que irão abastecer o processo de inovação. A inovação torna-se imprescindível para manter o crescimento de uma empresa quando envolve a exploração de avanços tecnológicos radicais (BESSANT; TIDD, 2009). A atividade industrial e o sistema econômico, como um todo, crescem quando as empresas inovam e ocasiona um aumento no padrão de vida da sociedade (MELLO, 2007).
A inovação já comprovou ser uma importante fonte de redefinição para a filantropia e as práticas governamentais, não sendo apenas mais uma arma em mercados competitivos. Chamamos este tipo de prática como: inovação e empreendedorismo social (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007). A relação entre o crescimento econômico e as mudanças que ocorrem com a disseminação de inovações tecnológicas e organizacionais, é a essência da abordagem neoschumpeteriana da inovação. Neste caso, a empresa é o agente propulsor das mudanças por meio do conhecimento.
3.3 Sistema nacional de inovação (SNI)
O crescimento sustentado da economia é conquistado por meio da capacidade de uma sociedade para produzir, selecionar, adaptar e comercializar o conhecimento (GOEL, et al., 2004). Neste contexto, destaca-se a importância da incorporação, da tecnologia à produção industrial com a intenção de promover o crescimento econômico do Brasil. A inovação, então, pode ser definida como: “o desenvolvimento e a implementação de novas ideias por pessoas que investem tempo engajadas em transações com outras dentro de um contexto institucional” (VAN DE VEN, 1986, p. 604). Mas qual a diferença entre inovação e invenção? Continue a leitura do capítulo para chegar à resposta. 
3.3.1 Inovação e invenção 
E como podemos definir uma inovação? Uma invenção consiste em uma nova ideia que não tenha sido institucionalizada ou implementada. Tradicionalmente, o processo de inovação tem sido visto como uma sequência de etapas separadas - desenvolvimento, produção e marketing -, unidas por transações relativamente menores e que fazem os ajustes entre as etapas. Então, existem basicamente duas variações para este processo linear: uma desenvolvida a partir da tecnologia, criada e depois direcionada para o mercado, e outra que tem origem nas necessidades do consumidor que estimulará o desenvolvimento de novas tecnologias.
Com base nisso, identificamos dois elementos básicos para a inovação. O primeiro é a capacidade de desenvolver conhecimento científico, característica associada principalmente às infraestruturas e aos membros de universidades e instituições de ciência e tecnologia. O segundo é a capacidade de converter este conhecimento em tecnologia, presente em produtos comercializáveis junto ao mercado, capacidade que se encontra fortemente relacionada às empresas. A partir da compreensão desses elementos básicos, podemos perceber o desafio de transformar o conhecimento científico e tecnológico, existente em universidades e centros de pesquisa, em conhecimento disponibilizado pelas empresas na forma de produtos juntoao mercado.
As empresas tipicamente inovam e se desenvolvem por seus relacionamentos com outras empresas e organizações, incluindo universidades e centros de pesquisa (STEIBER; ALÄNGE, 2013). Esta ideia também é defendida por Johnson e Lundvall (2005, p. 99) ao afirmarem que “o desempenho de inovação da economia é sistêmico, no sentido de que depende não apenas das capacidades de inovação das empresas individuais, mas também de como elas interagem entre si e com o setor financeiro, as organizações de pesquisa e o governo”.
A ampliação dos estudos sobre o processo de inovação tem identificado aspectos e conceitos relacionados aos agentes (inovação em empresas), ao sistema de educação e pesquisa (universidades/instituições de ciência e tecnologia) e aos governos. 
3.3.2 Sistema Nacional de Inovação
O Sistema Nacional de Inovação (SNI) foca no estudo dos participantes de um sistema de inovação e seu ambiente, incluindo os mecanismos envolvidos na criação e difusão de novas tecnologias e inovações (FREEMAN, 1987; LUNDVALL, 1992; NELSON, 1993). Da mesma forma, a relação entre agentes relacionados à pesquisa, ao governo e às empresas merecem atenção na perspectiva do sistema nacional de inovação. Neste âmbito, vamos destacar os seguintes conceitos:
· sistemas tecnológicos (CARLSSON,1997);
· sistemas setoriais (MALERBA, 2002);
· conceitos sistêmicos baseados no papel principal do governo (SÁBATO; BOTANA, 1968);
· interações dinâmicas entre empresas, universidades e governos (ETZKOWITZ; LEIDESDORFF, 1995).
A abordagem do SNI ressalta que o fluxo de tecnologia e informação entre as pessoas, os empreendimentos e as instituições são a chave do processo de inovação. Inovação e desenvolvimento de tecnologia são o resultado de um complexo conjunto de atores no sistema, que inclui empresas, universidades e institutos de pesquisa governamentais. A atuação do sistema nacional de inovação pode ajudar a identificar pontos de alavancagem que aumentem o desempenho inovador e a competitividade em geral (ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 1997). Dentro dessa perspectiva apontada, a interação é evidenciada como um elemento importante dos sistemas de inovação.
O atual SNI do Brasil exige uma abordagem histórica para compreensão das dimensões do processo de inovação. Como o país tem uma estrutura de industrialização tardia, baseada principalmente na importação de tecnologia, ele se configura em um modelo de aprendizado tecnológico. Desta forma, os marcos do SNI brasileiro de inovação são:
· década de 1930: processo de industrialização com estatização da infraestrutura, criação de estruturas de financiamento públicas e ação em áreas estratégicas como siderurgia, petróleo e extração de minérios;
· década de 1940: criação da Companhia Siderúrgica Nacional, ações para o desenvolvimento do transporte rodoviário no país e transformação do Conselho Nacional do Petróleo na Petrobrás;
· década de 1950: a criação do Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), foram o marco inicial da política de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) e em ações de diversificação da base industrial brasileira, indústrias automobilísticas, naval, indústria pesada de máquinas e equipamentos elétricos.
Por sua vez, no que diz respeito à intenção governamental de substituir tecnologias importadas por tecnologias nacionais, Ieis (et al., 2013) destaca a criação, em 1968, do Programa Estratégico de Desenvolvimento (PED), que funcionou até 1985, quando houve a implementação do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND I, II e III). É nesse momento que se estabelece o Código Brasileiro de Telecomunicações, com a nacionalização dos serviços de telefonia, telegrafia e radiodifusão. Também vamos citar a criação do Instituto Tecnológico da Aeronáutica permitiu o surgimento da Embraer; a criação da Embrapa em 1970; a criação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), em 1967, e a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 1971 (DAVIDOVICH, 2011). Este período foi marcado pela atuação de empresas estatais no desenvolvimento industrial e tecnológico do país, estimulando a capacidade tecnológica nacional (IEIS et al., 2013). Outros fatos relevantes deste período:
· década de 1970: instalação de um sistema nacional de ciência e tecnologia com uma agência de financiamento, coordenação política e administração de pesquisa completa;
· década de 1980: dificuldades econômicas diminuíram a atenção voltada para Ciência e Tecnologia (C&T), mesmo que em 1985 tivesse sido criado o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT);
· década de 1990: são desenvolvidas ações para garantir a propriedade intelectual e também para a adoção de mecanismos de absorção de tecnologia, em detrimento do desenvolvimento tecnológico nacional. No final da década de 1990, as ações constituem-se da criação de Fundos Setoriais de P&D, gestão compartilhada dos assuntos tecnológicos e científicos, legislação com objetivo de estabilização de fontes de financiamento tecnológico, incentivo à inovação e a desconcentração.
Em 2002, foi estabelecida a Política Nacional de CT&I, com um horizonte temporal de 10 anos e, a partir disso, o setor ganhou mais visibilidade, uma nova estrutura de planejamento e um foco mais voltado à inovação tecnológica (IEIS et al., 2013). Durante este período, intensificaram-se as ações voltadas ao aprimoramento do SNI brasileiro, com vistas a maior articulação entre as ações realizadas pelos atores.
Como sinalizador da maior importância atribuída à inovação ocorreu, em 2011, a mudança na denominação do Ministério de Ciência e Tecnologia para Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Esta mudança é citada pelo governo (BRASIL, 2012) como o reflexo de uma ação estratégica realizada pelo Ministério em aproximação com outros participantes do sistema nacional de inovação.
3.4. O modelo de inovação aberta
A capacidade inventiva de fontes como clientes, fornecedores, universidades e outros são aproveitadas sob a forma de parcerias para inovação aberta (STAL; NOHARA; CHAGAS JR., 2014). E o que vem a ser inovação aberta? 
3.4.1 Inovação aberta 
Na inovação aberta, as invenções internas, não utilizadas internamente, são oferecidas ao mercado. Esta é uma forma de obter inovações melhores, mais baratas e em menos tempo, constituindo o objetivo da inovação aberta.
O P&D utiliza suas capacidades não apenas internamente, mas também, para procurar, selecionar e acessar oportunidades e ativos externos à empresa. Assim, a formação e atuação de redes e colaboração sistemáticas oferecem conhecimento, ideias e patentes para a geração de novos produtos e processos, gerando resultados.
Ao iniciar um projeto de inovação aberta, as empresas devem estar dispostas a negociar os conhecimentos que possuem. Esses conhecimentos serão associados com as competências e os esforços de outras organizações para a geração de inovações. Inovações abertas não teriam condições de serem desenvolvidas se feitas individualmente.
A utilização de recursos externos em projetos de desenvolvimento tecnológico de novos produtos, auxilia no aumento dos departamentos de P&D, por meio de modelos de negócios abertos. Canais de negócios diferentes dos tradicionais também contribuem na comercialização de ideias internas. Atualmente, as organizações têm dificuldades com o elevado custo para o desenvolvimento de inovações e ciclos de vida de produtos cada vez mais curtos. Por isso, o compartilhamento de riscos e custos da inovação aberta faz com que se tenham mais justificativas para investimentos em inovação. Os aspectos mais relevantes deste conceito são as mudanças no modelo de negócios, na cultura empresarial e na gestão da propriedade intelectual (PI). Vamos entender um pouco melhor como a inovação aberta funciona!
3.4.2 Modelo de negócios e cultura empresarial
Começamos pelo modelo de negócio adotado pela organização. Esse é um dos aspectos mais relevantes na inovação aberta, depoisda busca ativa por ideias em fontes externas à empresa. O modelo de negócios é o método pelo qual a empresa oferece aos seus clientes maior valor do que os concorrentes. Isto ocorre por meio da construção e uso de seus recursos e tem como objetivo a geração de lucro (AFUAH; TUCCI, 2001). A mediação entre a tecnologia e a criação de valor econômico para a empresa é o foco de atuação do modelo de negócio (CHESBROUGH; ROSENBLOOM, 2002). Você precisa saber que os elementos de um modelo de negócios são a proposição de valor; o segmento de mercado; a estrutura da cadeia de valor; a estrutura de custos e o potencial de lucro da organização; a posição da empresa na rede de valor (ligação entre fornecedores e clientes) e, por fim, a estratégia competitiva.
O capital financeiro necessário para realizar o modelo e definir o caminho para a ampliação do negócio é justificado por esses atributos.
A inovação aberta também irá exigir mudanças em relação à cultura organizacional. As empresas devem reconhecer que não têm condições de lidar com todos os seus problemas organizacionais, desenvolvendo, assim, soluções internas. Esse é um dos primeiros pontos a ser trabalhado para a criação de uma cultura organizacional adequada à inovação aberta.
Assim entendemos que a essência da cultura organizacional é formada pelo padrão desenvolvido para lidar com problemas de adaptação externa e integração interna (STAL; NOHARA; CHAGAS JR., 2014). Significa que a cultura organizacional representa as percepções dos gestores e é percebida no relacionamento da empresa com seus clientes e colaboradores e também na autonomia que os funcionários possuem.
Se considerarmos que na década de 1980, as organizações eram vistas apenas como uma forma racional de coordenar e controlar um grupo de pessoas (ROBBINS, 2002), entendemos que desenvolver uma cultura de inovação aberta ainda é um desafio para as organizações. Segundo Lindegaar (2009), os elementos para o desenvolvimento de uma cultura de inovação aberta são:
· reconhecer que pessoas inteligentes podem estar fora da empresa e é preciso buscá-las;
· equilibrar a P&D interna e externa, pois as duas são importantes para a organização. A externa cria valor significativo e a interna se apropria de parte desse valor;
· desenvolver um modelo de negócios superior ao dos concorrentes, não sendo o primeiro no mercado;
· valorizar tanto as ideias internas quanto as externas. A empresa deve se permitir compartilhar o conhecimento e fazer uso da propriedade intelectual de outros;
· desenvolver as competências interpessoais nas pessoas, para que possam gerenciar o relacionamento com clientes e parceiros;
· recompensar o esforço e o aprendizado como parte de uma trajetória de inovação, onde as empresas estão sujeitas a riscos tecnológicos como oportunidades de aprendizagem;
· desenvolver a comunicação franca na empresa e com parceiros, criando um ambiente de confiança onde os aspectos individuais das partes sejam preservados, como confidencialidade e propriedade intelectual;
· adotar a rotação de funções, job rotation, para ajudar os funcionários, parceiros e clientes a construir o conhecimento e compreensão da importância da geração de ideias e do uso de tecnologias para a consolidação e um negócio rentável.
O próximo elemento a ser considerado no âmbito da inovação aberta é a gestão da propriedade intelectual (PI). O licenciamento é uma forma da organização extrair valor ou renda a partir de suas inovações. 
3.4.3 Gestão da propriedade intelectual
Ao adotar uma estratégia de inovação aberta, a empresa não estará tornando pública sua PI, mas sim, desenvolvendo formas mais efetivas de trabalhar a gestão da PI. Com isso, irá decidir se deve liberar ou proteger seus resultados, capturar valor com seus direitos de PI e identificar o conhecimento externo que lhe pode ser útil (ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 1997).
Uma parte importante da gestão da propriedade intelectual é o licenciamento da tecnologia. O modo como a empresa gerencia esta atividade depende do paradigma em que ela atua, se aberto ou fechado. A empresa fechada administra sua PI para manter o controle sobre suas ideias, impedindo que outras empresas as utilizem. Desta forma, as patentes não são vistas como fonte de renda e lucro, mas sim, como barreiras de entrada. Já a empresa aberta, compartilha os resultados de invenções que não interessam a ela com outras empresas. Isso não ocorre de forma gratuita, mas representam uma moeda de troca para que a empresa obtenha o que necessita dos outros parceiros.
Tanto a cultura organizacional quanto o modelo de negócios, são elementos essenciais para a gestão do capital intelectual. A cultura organizacional é fundamental para que as empresas sejam compradoras e vendedoras de ativos de PI. Além de usar a PI em seu negócio, excluindo os concorrentes, a PI também pode ser utilizada de outros negócios e beneficiar a empresa. Um bom modelo de negócios é a forma pela qual as tecnologias chegam ao mercado, adquirindo valor econômico.
Com isso, vimos como estão relacionadas às estratégias competitivas e tecnológicas e como as organizações podem se posicionar de diferentes formas em relação à estratégia, dependendo dos fatores internos e externos aos quais estão expostas. Também vimos as relações entre o empreendedorismo e a inovação. A importância do empreendedor para a inovação é fundamental, pois é quem vai levar adiante as ideias e projetos de inovação e transformá-los em novos empreendimentos. Abordamos aspectos importantes da construção do sistema nacional de inovação brasileiro e também falamos sobre como a inovação aberta pode contribuir no sentido de complementar os conhecimentos existentes internamente na organização para geração da inovação.

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