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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Miomatose uterina (Leiomioma uterino) Conceito e Classificação (FIGO): O leiomioma uterino é um tumor benigno, formado por fibras musculares lisas, entrelaçadas por tecido conectivo. Importância: Impacto na qualidade de vida (dor, incapacidade, urgência miccional), além do impacto clínico (anemia fraqueza e insidioso). Eles também são conhecidos como fibromas. Estima-se que 80% das mulheres em idade fértil tenham miomas. Fatores de risco A idade é o principal fator de risco, com maior incidência entre 35 e 50 anos e regressão dos miomas após a menopausa, seja natural, cirúrgica ou quimioterapicamente. A raça também é considerada fator predisponente, observando-se risco relativo duas a nove vezes maior nas negras em relação às brancas, com diagnóstico em idade mais jovem e tumores maiores, mais numerosos e mais sintomáticos. Os antecedentes familiares aumentam o risco em 2,2 vezes para mulheres com mãe e irmã com diagnóstico de mioma. A obesidade aumenta a incidência de mioma em 20% a cada 10 kg de ganho ponderal. Tal aumento pode ser justificado pela diminuição da síntese hepática de SHBG e o aumento de estrona circulante, em decorrência da conversão periférica de androstenediona pela aromatase do tecido adiposo. Fatores de proteção Paridade, com diminuição do risco de desenvolver mioma a cada gestação, reduzindo -se a 1/5 após cinco gestações. Uso de anticoncepcional oral combinado, que reduz em 17% o risco de mioma a cada cinco anos de uso. Tabagismo, que gera um hipoestrogenismo, reduzindo em 18% o risco de mioma com o consumo de 10 cigarros por dia. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Classificação dos miomas pela localização (FIGO) Podem ser classificados, de acordo com sua localização no útero, como corporais, em 98% dos casos, ou cervicais. Os corporais podem ser subdivididos em subserosos, intramurais e submucosos. - Submucoso: não precisa ser grande para gerar muito sangramento. -Subseroso: não dá manifestação clínica, é identificado no USG. - Intramural: cólica. Degeneração: Histopatologia Os miomas podem sofrer degenerações ao longo do tempo, classificadas como: hialina, gordurosa, hemorrágica, cística, necrobiose asséptica e calcificação. Hialina – É a mais frequente, e o tumor torna-se amolecido, cístico, com área central liquefeita. Só não é mais frequente na gestação VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Mucoide – O tumor passa a apresentar cistos de material gelatinoso, sendo frequentemente confundido com o tumor de ovário. Calcificação – É a deposição de sais de cálcio após ocorrerem áreas de necrose. Gordurosa – Transformação em tecido rico em gordura, como uma esteatonecrose. Vermelha ou microbiose asséptica – Corresponde ao infarto hemorrágico do leiomioma e ocorre principalmente durante a gravidez. Sarcomatose (transformação maligna que ocorre na frequência de aproximadamente 0,5% [de 0,1% a 1%]). O diagnóstico é feito quando o tumor apresenta mais de 10 mitoses em 10 campos com grande aumento (400×) ou 5 a 10 mitoses em 10 campos com anaplasia e pleomorfismo. A necrobiose asséptica, também conhecida como degeneração rubra ou vermelha, corresponde ao infarto hemorrágico do leiomioma e pode ser mais comumente observada no ciclo gravídico puerperal, na vigência de pílula anticoncepcional ou de análogos do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). Outras variantes histopatológicas são o leiomioma mitoticamente ativo, o leiomioma celular ou hipercelular, o leiomioma bizarro, o tumor de musculatura lisa de potencial maligno indeterminado (STUMP), a leiomiomatose peritoneal e a intravascular. Etiopatogenia e Fisiopatologia Mutações somáticas no miométrio levam à perda de controle do crescimento celular, culminando com um novo fenótipo. A transformação neoplásica e o crescimento tumoral são graduais e progressivos e os nódulos num mesmo útero têm origem monoclonal independente e comportamento biológico distinto. Tumores hormônio dependentes, nos quais estradiol e progesterona promovem seu crescimento durante a menacme. Em contrapartida, a diminuição dos níveis circulantes deles promove sua regressão (regressão na menopausa). A predisposição genética e a presença dos esteroides sexuais estão intimamente envolvidas na formação e no crescimento dos miomas e, cada vez mais, estudos têm buscado mostrar a relação entre mutações somáticas, hormônios sexuais, fatores de crescimento e citocinas na fisiopatologia dos miomas. Até o momento ainda permanece incerto se a ação dos esteroides sexuais estaria relacionada à iniciação neoplásica ou se somente promove o crescimento do tumor, que tem sua oncogênese desencadeada por outros mecanismos. Já se evidenciou maior expressão de receptores de estradiol e de progesterona no tecido tumoral quando comparado ao miométrio adjacente e, apesar de o estrogênio ser classicamente apontado como o responsável pelo crescimento do mioma, evidências bioquímicas, patológicas e clínicas demonstram que a progesterona tem papel fundamental na proliferação tumoral. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Enquanto o estradiol estimula a produção de componentes da matriz extracelular (colágeno, proteoglicanos e fibronectina), a progesterona aumenta a atividade mitótica e inibe a apoptose. Os leiomiomas apresentam uma sensibilidade aos hormônios ovarianos bem demonstrada pelas evidências clínicas. Os leiomiomas estão: – ausentes na pré-puberdade – são raros na adolescência – surgem e desenvolvem-se nos anos reprodutivos – aumentam ocasionalmente de volume durante a gestação – geralmente se atrofiam após a menopausa Quadro clínico Metade das mulheres são assintomáticas e, nesses casos, os leiomiomas são apenas achados de exame ginecológico ou ultrassonográfico. Quando os sintomas estiverem presentes, eles irão depender: do número de miomas, da localização e das dimensões. As queixas mais frequentes são sangramento uterino anormal, dismenorreia secundária, sintomas compressivos gerados pelo aumento do útero, dor pélvica acíclica, dispareunia, sintomas urinários, sintomas gastrointestinais, infertilidade e abortamento. Os miomas submucosos são, em sua maioria, responsáveis por quadros de sangramento uterino irregular (metrorragia). Exame físico ABDOMEN: Palpação de tumor no hipogástrio, bocelado (irregular), de consistência fibroelástico, com alguma mobilidade lateral, massas volumosas. GINECOLÓGICO: - Toque vaginal - útero aumentado de volume - Toque bimanual - confirma-se tumor do corpo uterino quando movimentos realizados no colo uterino e fórnices vaginais são transmitidos ao corpo uterino. - Diferenciar miomas pediculados e tumores ovarianos junto ao útero. Queixas: - Sangramento uterino anormal (se for submucoso); - Pressão na bexiga (se for o subseroso); - Dor no abdômen (tumores grandes); - Dor lombar (tumores grandes); - Dismenorréia (submucoso e intramural); - Dificuldade para engravidar (se for submucoso ou com endometriose); - Dor pélvica com hemorragia (submucoso); - Dificuldade em esvaziar a bexiga; - Prisão de ventre; - Dispareunia (mais raro). Leiomioma e gravidez Cerca de 30% das pacientes grávidas apresentam aumento de volume dos miomas no 1º trimestre e reduzem ou mantêm o volume adquirido durante os 2º e 3º trimestres da gestação. A maioria dos miomas reduz o volume após o parto. Não há relação do volume anterior do mioma e seu crescimento na gravidez, e nem sempre os grandes miomas crescem mais do que os menores. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C A maioria das pacientes portadoras de miomas não apresenta complicações na gravidez, e, quando ocorrem, nota-se que depende do mioma e de sua relação com a placenta. Os problemas principais são sangramento no 1º trimestre, aborto, trabalhode parto pré-termo, apresentação pélvica e deslocamento placentário que geralmente ocorre quando a placenta localiza-se sobre o mioma ou mantém contato com ele. A degeneração vermelha ou carnosa, que corresponde ao infarto de leiomioma, é observada ocasionalmente durante a gravidez e é seguida de dor pélvica de intensidade branda, febre baixa, leucocitose e, às vezes, náuseas e vômitos. A resolução ocorre com repouso e analgésicos. Mioma como causa de infertilidade é de pouca expressão, 2% a 3%. Pode haver obstrução de ambas as tubas por compressão. Evidências disponíveis indicam que as taxas de implantação e gravidez são significativamente menores em mulheres com miomas submucosos ou mioma intramural com mais de 5 a 7cm e que distorcem a cavidade uterina. Casais inférteis devem afastar todas as outras possíveis causas de infertilidade antes de pensar em alguma intervenção nos miomas uterinos. Diagnósticos diferenciais Adenomiose. Pólipo endometrial. Tumor anexial. Endometriose e Câncer de endométrio. Sarcoma do útero. Gravidez. - Histeroscopia no caso de submucoso. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Ultrassonografia A ultrassonografia ocupa lugar de destaque. Sua utilização tem grande valor para esclarecimento diagnóstico, seguimento e programação terapêutica. Diagnóstico e acompanhamento US endovaginal melhor acurácia para miomas intramurais e submucosos. US abdominal melhor para miomas volumosos: VOLUME UTERINO. US permite avaliar morfologia e dimensões de útero e endométrio além de caracterizar nódulos e padrão vascular pelo estudo do Doppler. Histeroscopia Ressonância magnética VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Tratamento Deve ser individualizado. Depende: Sintomas, Idade, Expectativa ao futuro reprodutivo, Desejo de preservar o útero, Tratamentos prévios, Coexistência de outras doenças, Volume, Velocidade de crescimento. Pode ser feito tratamento clínico ou cirúrgico. Tratamento clínico Indicado para controle de sangramento e da dor pélvica. Usado em tratamento inicial ou longo prazo. Pacientes com risco cirúrgico elevado. Pacientes que não querem ser submetidas a procedimentos invasivos. MEDICAMENTOS NÃO HORMONAIS: - Anti-inflamatórios não hormonais – AINH - Antifibrinolíticos - Ac. Transnexâmico. HORMONAIS: - PÍLULA: combinados orais - Progestagênios isolados - SIU - levonorgestrel – Mirena - Análogos do GnRH - 8 a 12 semanas - trimestral - 1x/semana - reduz em 50% e após efeito miomas voltam a crescer. Tratamento cirúrgico O tratamento cirúrgico é dividido em conservador ou definitivo. A miomectomia é o tratamento conservador, enquanto o definitivo é representado pela histerectomia. Indicação de cirurgia: volume uterino acima de 500 cm³, quando o tratamento medicamentoso não resolve ou crescimento do mioma após a menopausa. Obs.: Todos os tumores de ovário começam na trompa. Tirar o mioma quando a paciente tem desejo de engravidar em até 2 anos, pois há alta probabilidade de novos miomas surgirem. Miomectomia consiste na exérese cirúrgica dos miomas com manutenção do útero, preservando a função sexual e possibilitando gravidez futura. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Radiointervenção: Embolização das artérias uterinas VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C
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