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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Asfixias médico-legais Asfixia: É a síndrome caracterizada pelos efeitos da ausência ou baixíssima concentração de oxigênio no ar respirável por impedimento mecânico de causa fortuita, violenta e externa em circunstâncias as mais variadas. Anóxia: escassez de O2 nos tecidos por alterações respiratórias (anóxia anóxica ou de ventilação), por anemia (anóxia de transporte), por hemorragia (anóxia circulatória ou de estase) ou por intoxicação por cianeto (anóxia histotóxica). ALTERAÇÃO DA DINÂMICA RESPIRATÓRIA Constrição cervical, obstrução das vias aéreas, impedimento da expansão torácica. MODIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE Alteração da composição do meio aéreo (oxiprivativas) ou Mudança do meio. Sinais gerais de Asfixia: Exame externo: hemorragia conjuntival (por ↑ de pressão no pescoço surgem petéquias na esclera), espuma em bocas e narinas (cogumelo de espuma - o aumento do esforço respiratório gera edema e inflamação das mucosas das vias respiratórias; a espuma resulta da mistura da secreção com o ar, aparecendo como bolhas pequenas de coloração rósea, sendo que nos afogados, essa espuma apresenta uma coloração mais esbranquiçada), cianose de extremidades, exoftalmia (protusão do olho – aparece quando há transferência da pressão cervical para a região posterior do globo ocular), protusão de língua (há um grande esforço respiratório, no qual o organismo tenta desobstruir as vias aéreas, principalmente nas constrições cervicais; é uma tentativa de captar mais ar), petéquias em pele e mucosas (infiltrado hemorrágico por esforço respiratório importante, sendo mais comum em enforcados), hipóstases precoces, escuras e abundantes (acúmulo de sangue em áreas de declive do cadáver), resfriamento (ocorrerá de maneira mais lentificada). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Exame interno (tríade): mancha de Tardieu (petéquias em mucosa e pleura), congestão polivisceral (pulmões, cérebro e baço, achado comum em exame microscópico), sangue escuro e fluido (devido à falta de oxigenação sanguínea). 1) ALTERAÇÃO DA DINÂMICA RESPIRATÓRIA: a) Constrição cervical: ENFORCAMENTO Asfixia mecânica com constrição cervical, acionada pelo próprio peso da vítima. Maioria dos caso a natureza é suicídio, mas pode ocorrer de forma incidental. SINAIS EXTERNOS: Sulco único, oblíquo e ascendente, interrompido na área do nó, profundidade maior na parte oposta ao nó, sinais internos mais altos que os sinais externos. SINAIS EXTERNOS SINAIS INTERNOS VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C b) Constrição cervical: ESTRANGULAMENTO Também é uma asfixia mecânica com constrição cervical por laço tracionado por qualquer outra força que não seja o próprio peso da vítima. Na maioria dos casos a natureza jurídica é o homicídio, mas eventualmente pode ocorrer de forma acidental. Deve-se buscar sinais de luta como arranhaduras. SINAIS EXTERNOS: Sulco único ou múltiplo, perpendicular ao eixo do pescoço, contínuo, uniforme, sinais externos e internos no mesmo plano. c) Constrição cervical: ESGANADURA Constrição utilizando partes do corpo (mão, joelho, pé). É a modalidade restritiva ao uso dos segmentos do corpo do oponente para efetivação da manobra, sendo típica quando realizada pelas mãos e atípica quando utilizado membros, joelhos e pés. A causa jurídica da morte é exclusivamente homicida. SINAIS EXTERNOS: Cianose facial, equimoses e escoriações, estigmas ungueais, sinais de luta e sinais gerais de asfixia. SINAIS INTERNOS: infiltração hemorrágica nas glândulas salivares e músculos do pescoço; fraturas e luxações no hioide, lesões em cartilagens e processo estilóide; espuma na traqueia e brônquios; congestão e enfisema pulmonar; sinais gerais de asfixia. SINAIS EXTERNOS SINAIS INTERNOS VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C d) SUFOCAÇÃO Asfixia mecânica produzida pelo impedimento da passagem do ar respirável por meio direito ou indireto de obstrução. DIRETA (obstrução das vias aéreas - tampou narina, boca ou traqueia) É a obstrução devido ao impedimento de entrada de ar pela boca e /ou narina e/ou via aérea. SINAIS: Presença de agente causador; estigmas ungueais em torno dos orifícios; sinais gerais de asfixia. INDIRETA Bloqueio à expansão da caixa torácica de modo extrínseco (movimentos respiratórios). Ex. objeto ou parte de corpo comprimindo e impedindo a expansão da caixa torácica de criança. SINAIS: Máscara equimótica de Morestin, exoftalmia intensa, fraturas de costelas, sinais gerais de asfixia. 2) MODIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: a) ALTERAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DO MEIO AÉREO (oxiprivas) CONFINAMENTO: Asfixia do indivíduo enclausurado em espaço restrito ou fechado, sem renovação de ar atmosférico, por esgotamento de oxigênio e aumento gradativo de dióxido de carbono. GASES INERTES: Asfixia que ocorre em ambiente saturado de gases inertes e pouco tóxicos como butano, metano, propano, xenônio, atuando como bloqueadores mecânicos da respiração. b) MUDANÇA DO MEIO SOTERRAMENTO: Meio gasoso (ar) é substituído por meio solido ou semissólido (terra, areia). Na maioria das vezes é acidental, mas pode ser homicida. Espera-se encontrar: substâncias impregnando externamente o corpo; substâncias nas vias aéreas e estômago; traumatismos (fratura de costelas); sinais gerais de asfixia. Ex: Indivíduo soterrado em obra do metrô e aspirando conteúdo sólido ou ainda indivíduo encontrado em betoneira. AFOGAMENTO: Alteração do meio gasoso (ar) para o meio líquido, impedindo a troca de gases para a respiração. SINAIS EXTERNOS: Embebição cadavérica, pele anserina (arrepiada), cogumelo de espuma, maceração epidérmica (pele enrugada), erosão em dedos, corpos estranhos sob unhas, lesões de pele por arrastamento, lesões pós mortais produzida por peixes e crustáceos, resíduos minerais e/ou vegetais em pele e roupas. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C SINAIS INTERNOS: líquidos em vias aéreas e sistema digestivo; corpos estranhos nos líquidos em vias aéreas (areia, lodo, plâncton e algas); sangue mais diluído; Manchas de Paltauf (sinal patognomônico de afogamento - equimoses subpleurais com contornos imprecisos e maior do que as de Tardieu). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C
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