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Introdução à Tanatologia Forense

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TANATOLOGIA FORENSE 
1 
 
AULA 1 
CONCEITOS DE TANATOLOGIA 
Iniciaremos nossos estudos no módulo de TANATOLOGIA, a matéria que irá 
nos dar o conhecimento necessário para responder questões como: 
 
• Porque o corpo esfria e endurece; 
 
• Qual o tempo aproximado que este cadáver foi assassinado; 
 
 
E também aprenderemos uma abordagem psicológica da profissão, 
compreendendo os processos de luto, a cultura sobre a morte e como a nossa sociedade 
encara a passagem da vida. 
 
Nessa nossa primeira aula veremos como a psicologia classifica os cinco 
estágios do luto na sociedade moderna e veremos também as primeiras manifestações 
da ausência de vida no corpo, que iremos chamar de fenômenos imediatos e de 
fenômenos consecutivos. 
 
A palavra Tanatologia tem sua origem no idioma grego na união dos radicais 
Thanatos e Logos. 
 
Na mitologia grega, Thanatos era uma entidade masculina, representativa da 
morte. Filho da noite e irmão do sono, era constantemente representada com asas, tendo 
nas mãos uma foice e uma urna com cinzas e uma borboleta que simboliza a esperança 
de uma vida nova. 
 
TANATOLOGIA FORENSE 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quanto a Logos, significa estudo. Assim, o significado de Tanatologia, juntando 
as duas palavras é de “estudo da morte”. 
 
Podemos dizer que a Tanatologia estuda não só a morte, mas também os 
processos de morrer, o luto e as perdas. 
 
É competência da tanatologia forense investigar as circunstâncias envolvidas na 
morte, como alterações corporais que acompanham a morte e o período pós morte 
através de exame de necropsia, coleta de dados clínicos da vítima e exames 
complementares que poderão conduzir as causas e circunstâncias da morte. 
 
A Tanatologia como ciência tem como objetivo geral estudar os processos do 
morrer e do luto. Como alguns dos objetivos antropológicos, podemos citar: 
 
• Estudar a dicotomia entre a vida e a morte; 
 
TANATOLOGIA FORENSE 
3 
 
• Abordar particularidades do processo de morrer para auxiliar a compreensão 
daqueles pacientes em estado terminal e seus familiares. 
 
• Identificar meios de lidar e avaliar a dor psíquica e as dificuldades impostas pela 
morte 
Vamos iniciar nossos estudos analisando os aspectos psicossociais do 
luto e da morte. 
Luto 
 É um processo, um conjunto de reações e emoções, resultado de uma perda 
muito impactante. 
 
A verdade é que podemos nos esforçar para definir o que é luto, mas não 
conseguiremos jamais ser precisos. Isso porque ele é extremamente particular, 
individual. 
 
Cada um elabora o sofrimento, a desestrutura, a ideia de fim, de modo singular. 
Inclusive, ao vivenciar diferentes lutos, um mesmo indivíduo pode e provavelmente irá 
reagir de forma única a cada um dos processos. 
 
Embora não possamos comparar ou estabelecer parâmetros fixos, as 5 fases do 
luto, propostas pela psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, sugerem um princípio de 
entendimento. 
 
 Assim, partimos deles para refletirmos sobre o assunto. 
Os 5 estágios do luto 
Elisabeth Kübler-Ross observou 5 reações recorrentes em pessoas diante da 
morte. 
1. Estágio da negação 
Se amamos a pessoa que partiu o luto é natural. Quando uma pessoa nos deixa 
para sempre, esse tempo sem a pessoa causará estranheza. 
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/sofrimento-por-que-e-ou-para-que/
https://www.vittude.com/blog/cinco-estagios-do-luto/
https://www.vittude.com/blog/cinco-estagios-do-luto/
https://www.vittude.com/blog/cinco-estagios-do-luto/
TANATOLOGIA FORENSE 
4 
 
Quanto mais somos apegados à pessoa que partiu mais constante é a falta que 
a presença da pessoa faz em nossa vida. Logo, negar essa nova realidade não parece 
uma alternativa de difícil compreensão. 
 
A negação pode ser íntima e silenciosa. Pode ser comparada a um pesadelo, à 
ideia de uma suspensão temporária da realidade concreta. 
 
Em alguns casos, pode ser uma desconfiança das informações. Como uma 
discreta esperança do anúncio do engano. 
 
Em outros casos, a negação é anunciada. Tanto pela voz quanto pelo 
comportamento, que pode deixar claro que a ausência não foi aceita. 
 
É possível permanecer longo tempo nessa etapa. Algumas pessoas jamais saem 
dela. 
 
Por quê? Porque a negação nos protege da ruptura, deixando a morte como um 
assunto pendente, ao mesmo tempo em que alivia a perda do controle emocional. 
 
Não há regras para a duração da fase de negação. Se a fase de negação pode 
durar 10 anos para uns, para outros, pode ocorrer em 10 segundos. Não há regras ou 
conceitos de certo e errado. 
 
Todavia, a demora neste estágio deve ser observada não só pelo enlutado que 
pode muitas vezes não ter dimensão dos impactos da negativa em sua vida, mas 
também pelas pessoas que o cercam. 
 
Nesses casos, é muito importante o papel da terapia no luto. Enquanto a 
negação se mantém, a vida segue presa a um passado de presente impossível. 
 
Um psicólogo pode oferecer um atendimento clínico diferente, trabalhando uma 
outra abordagem ao luto que não será a mesma que os amigos e parentes, ainda que 
esses, com as melhores intenções, estimulem a “seguir em frente.” 
 
Na terapia, encontramos uma conversa que respeita nossos entraves, mas nos 
provoca a pensamentos novos. Um psicólogo não nos consola e diz que “tudo ficará 
bem”. Mas nos ajuda a encontrar nossos próprios meios para, aos poucos, digerirmos 
a nova condição e nos adaptarmos, da melhor forma possível. 
 
 
 
 
https://www.vittude.com/blog/o-que-e-psicoterapia/
https://www.vittude.com/blog/o-que-e-psicoterapia/
TANATOLOGIA FORENSE 
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2. Estágio da raiva 
A partir do momento em que o indivíduo toma consciência do caráter irreversível 
que é a morte e que a passagem daquela pessoa querida é irreversível surgem fortes 
emoções. 
 
Explosões de raiva, portanto, são bastante comuns, já que exteriorizam o 
sentimento de frustração. 
 
Por vezes, a raiva se dirige a um lugar ou objeto associado à morte. Em outras 
circunstâncias, a raiva encontra em pessoas vistas como culpadas o foco de sua direção. 
Também pode ser uma raiva menos específica, quando a vida e o destino são 
interpretados como algozes injustos. 
 
O estágio da raiva pode ser passageiro, como um rompante. Ou pode persistir, 
alimentando uma revolta que torna os relacionamentos, em geral, um tanto quanto 
problemáticos. 
 
A pessoa em luto pode ser bastante “difícil”, pois, com a raiva, é normal que 
ela se apresente menos cortês, de mau-humor e indisposta. 
 
É importante que o círculo de convivência dessa pessoa, como amigos e 
familiares ofereçam apoio e tenham paciência. 
 
O acolhimento psicológico dialoga com todas as etapas do luto, incluindo a 
raiva. A terapia pode ser sugerida por familiares ou pessoas próximas, que notam 
excessos que apontam prejuízos maiores. Ou, muitas vezes, é procurada por iniciativa 
do próprio enlutado, quando este percebe o impasse de seus sentimentos. 
 
Ao elaborar sua dor, com auxílio do psicólogo, o enlutado consegue administrá-
la melhor, visto que a terapia o conduz ao enfrentamento da morte — com gradual 
abandono de culpas, ressentimentos e revolta. 
3. Estágio de negociação ou barganha 
Diante da morte consumada, a barganha geralmente se manifesta como 
imaginação temporária, como se fosse possível reverter o fato, com mudanças nos 
eventos que a desencadearam. 
 
https://www.vittude.com/blog/raiva/
https://www.vittude.com/blog/raiva/
https://www.vittude.com/blog/frustracao-porque-ficamos-frustrados/
https://www.vittude.com/blog/frustracao-porque-ficamos-frustrados/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/morte-e-luto-e-preciso-saber-lidar/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/morte-e-luto-e-preciso-saber-lidar/
https://www.vittude.com/blog/relacionamentos/
https://www.vittude.com/blog/relacionamentos/
https://www.vittude.com/blog/distimia-sintomas-tratamento/https://www.vittude.com/blog/distimia-sintomas-tratamento/
https://www.vittude.com/blog/psicologia-online/
https://www.vittude.com/blog/psicologia-online/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/sobre-a-importancia-de-curar-a-dor/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/sobre-a-importancia-de-curar-a-dor/
https://www.vittude.com/blog/terapia-online/
https://www.vittude.com/blog/terapia-online/
TANATOLOGIA FORENSE 
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Fica mais claro quando entendemos que, nessa etapa do luto, especialmente 
para pessoas religiosas, busca-se negociar com o sobrenatural. Como se uma promessa 
a Deus ou entidade pudesse reverter o quadro, ou conferir um último momento extra. 
 
Enquanto a morte ainda não é presente, mas se faz próxima, como no caso de 
uma doença grave, a barganha é mais evidente. 
 
A pessoa enferma pode buscar uma chance de superar a ideia de morte, 
procurando novos comportamentos. É possível que ela se empenhe em criar hábitos 
mais saudáveis, maior generosidade e gentileza. 
 
Essa postura é positiva nesses casos e, sem dúvida, se não chega a interferir no 
tempo de vida, torna a qualidade desse tempo muito mais rica. 
 
O risco é quando a barganha não logra êxito, o que inevitavelmente ocorre 
diante da morte consumada ou perante avanços da doença. A frustração leva a outros 
estágios do luto, que podem ser experimentados de forma bastante enfática, 
desestabilizando a saúde emocional. 
4. Estágio de depressão 
Nesta fase, a falta do ente querido é sentida na intensidade de sua consciência. 
Negação, raiva e barganha falham. O que se materializa, é a tristeza profunda, um vazio 
que torna tudo desconexo, desinteressante e sem sentido. 
 
A busca por apoio psicológico, na etapa de depressão, não deve ser entendida 
como a procura pelo fim do sofrimento. A dor do luto não é um transtorno mental que 
precisa ser curado ou medicado. O luto precisa ser vivido. E o papel do psicólogo é 
auxiliar a travessia, não a ignorar ou silenciar. 
 
Vivemos numa condição que nos cobra produtividade e rápida superação de 
obstáculos. Aprendemos a ver a dor como inimiga e, mesmo quando é natural, 
acabamos querendo encurtar o processo. 
 
Um remédio não ensinará como lidar com a perda de um ente querido. Nem o 
psicólogo apresentará, instantaneamente, a solução para que a vida volte ao normal. As 
sessões de terapia não objetivam fazer do luto uma doença a ser tratada. Mas sim uma 
conversa, uma narrativa que permita ao enlutado expressar toda a força da ausência. 
 
https://www.vittude.com/empresas/blog/gentileza-como-cultivar-um-ambiente-de-trabalho-mais-saudavel/
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https://www.vittude.com/blog/fala-psico/5-maneiras-de-cuidar-da-sua-saude-emocional/
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https://www.vittude.com/blog/depressao-profunda/
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https://www.vittude.com/blog/psicologo-online/
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https://www.vittude.com/blog/sentir-tristeza/
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https://www.vittude.com/blog/diferenca-entre-psicologo-e-psiquiatra/
https://www.vittude.com/blog/diferenca-entre-psicologo-e-psiquiatra/
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É na vivência do luto que a superação, sem tempo certo para acontecer, se 
desenvolve. Os recursos terapêuticos favorecem o gradual reencontro do ânimo e da 
potência de novos sentidos. 
5. Estágio de aceitação do luto 
É o momento em que os sentimentos já não bloqueiam a compreensão do fim, 
nem impedem que a vida se restabeleça. 
 
É crucial que não se confunda aceitação com esquecimento. Não há como 
superar o luto imaginando que, um dia, ele será totalmente deletado da memória. 
 
Aceitar também não é deixar de sentir. O luto se torna parte da essência, um 
marco indelével da história pessoal. O sentir se modifica, mas não se esgota. E pode 
provocar retornos a estágios de luto descritos anteriormente. Lembre-se de que não 
estamos falando de ciências exatas, mas de nossas emoções. 
 
A etapa de aceitação significa a resiliência diante da morte. Para alguns, os 
projetos cotidianos ou o compromisso com membros da família podem representar a 
raiz da motivação. Para outros, o engajamento em causas ou projetos maiores é que 
sinalizará o norte para a retomada do movimento vital. 
 
Cada pessoa encontrará sua trajetória ímpar de aceitação do luto. Não existem 
fórmulas, embora o exemplo do outro possa despertar encorajamentos e inspirações. 
 
É necessário que o profissional que atue direta ou indiretamente na perícia 
criminal tenha noção e conhecimento destes processos individuais pois faz parte da 
rotina profissional lidar e atender pessoas enlutadas, sendo compreensíveis todos os 
reflexos de luto, devendo o profissional durante o atendimento manejar de forma a 
conter os ânimos e as emoções dos familiares. 
Cronotanatognose 
Ainda sobre a análise cadavérica é importante dar destaque à 
Cronotanatognose 
 
 que também é um ramo da tanatologia que realiza o estudo da passagem do 
tempo aplicada ao exame cadavérico. 
 
São analisados fenômenos que se apresentam após o início da morte. 
https://www.vittude.com/blog/resiliencia/
https://www.vittude.com/blog/resiliencia/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/emocoes-sentimentos-saude-mental/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/emocoes-sentimentos-saude-mental/
https://www.vittude.com/blog/o-que-e-resiliencia/
https://www.vittude.com/blog/o-que-e-resiliencia/
https://www.vittude.com/blog/5-razoes-para-fazer-terapia-familiar/
https://www.vittude.com/blog/5-razoes-para-fazer-terapia-familiar/
https://www.vittude.com/blog/5-razoes-para-fazer-terapia-familiar/
TANATOLOGIA FORENSE 
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 Esses fenômenos podem ser divididos em: 
Fenômenos abióticos imediatos 
 São aqueles comuns, ocorridos instantes após a morte, como parada respiratória 
e circulatória, palidez, faces hipocráticas e imobilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fenômenos abióticos consecutivos 
Aqueles que se sucedem a partir da morte declarada, como rigidez cadavérica, 
manchas de hipóstase, desidratação do cadáver, resfriamento corporal e ainda os 
espasmos cadavéricos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TANATOLOGIA FORENSE 
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Desidratação cadavérica 
O cadáver sujeito às leis físicas sofre evaporação tegumentar, variando de acordo 
com a temperatura ambiente com a circulação do ar, com a umidade local e com a 
causa da morte. A desidratação se traduz por: 
Decréscimo de peso 
A evaporação da água dos tecidos orgânicos após a morte leva, 
consequentemente, à diminuição de peso. É mais acentuada nos fetos e recém-nascidos, 
chegando a até 8 g por quilograma de peso em um dia, alcançando, segundo Dupont, 
nas primeiras horas até 18 g/kg de peso. Deve-se levar em conta que este fenômeno 
varia de indivíduo para indivíduo, de acordo com o tipo de morte e condições 
ambientais. Para utilização dessa prática, faz-se mister o conhecimento do peso da 
pessoa ante mortem. 
Pergaminhamento da pele 
Por efeito da evaporação tegumentar, a pele se desseca, endurece e torna-se 
sonora à percussão, tomando um aspecto de pergaminho. Apresenta-se de tonalidade 
pardacenta ou pardo amarelada e com estrias decorrentes de arborizações vasculares 
que se desenham na derme. Esse processo começa onde a pele é mais delgada, como 
no saco escrotal. 
Dessecamento das mucosas dos lábios 
Principalmente nos cadáveres de recém-nascidos e de crianças, a mucosa dos 
lábios sofre desidratação, tomando uma consistência dura e tonalidade pardacenta. É 
mais comum na porção mais externa da mucosa labial. Seu conhecimento é 
fundamental para não se atribuir a lesões traumáticas ou ação de substâncias cáusticas. 
Modificação dos globos ocularesA desidratação manifesta nos olhos certos fenômenos que devem ser 
conhecidos, como, por exemplo, a formação da tela viscosa, a perda da tensão do globo 
ocular, o enrugamento da córnea, a mancha negra da esclerótica e a turvação da córnea 
transparente. 
TANATOLOGIA FORENSE 
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O enrugamento da córnea, conhecido também como sinal de Bouchut, é outro 
fenômeno ainda decorrente da desidratação cadavérica. 
 
A mancha da esclerótica conhecida por sinal de Sommer e Larcher, é explicada 
pela dessecação da esclerótica, mostrando, no quadrante externo ou interno do olho, 
uma mancha de cor enegrecida pela transparência do pigmento coroide ano. 
 
A córnea, algumas horas depois da morte, perde sua transparência e se torna 
turva. Este fenômeno, no entanto, poderá ser observado no vivo, quando em estados 
agônicos prolongados. Após 8 h da morte, exercendo-se a pressão digital literalmente 
no globo ocular, pode ocorrer a deformação da íris e da pupila, chamado de sinal de 
Ripault. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esfriamento cadavérico (algor mortis). 
Com a morte e a consequente falência do sistema termorregulador, a tendência 
do corpo é equilibrar sua temperatura com o meio ambiente. 
 
Embora esse esfriamento seja progressivo, não se observa sempre uma 
uniformidade rigorosamente precisa. 
 
Ele começa pelos pés, mãos e face. Os órgãos internos mantêm-se aquecidos 
por 24 h em média. 
 
Quanto maior for o tecido adiposo apresentado pelo indivíduo, mais lento será 
o processo de resfriamento do corpo. 
 
TANATOLOGIA FORENSE 
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 Os livros de Medicina Legal trazem o relato do caso de uma mulher de 150 kg 
que, após 12 h de morte ainda apresentava uma temperatura como se estivesse viva. 
 
As crianças e os velhos esfriam mais facilmente que os adultos. O corpo, 
quando envolvido em roupas ou mantido em ambiente fechado, sofre um processo de 
esfriamento bem mais lento do que em outras circunstâncias. 
 
Por outro lado, os que morrem de doenças crônicas, de traumas cranianos com 
lesões hipotalâmicas, hipotermia, desidratação e grandes hemorragias têm um 
esfriamento do corpo mais rápido. E os que padeceram de insolação, intermação, 
intoxicação por venenos e doenças infecciosas agudas apresentam um esfriamento mais 
lento. 
 
A verificação da temperatura, no cadáver, é feita de preferência no reto, a uma 
profundidade de 10 cm, com termômetros especiais de hastes longas. 
 
O estudo do esfriamento cadavérico é de grande importância na determinação 
do tempo aproximado de morte. 
Manchas de hipóstase cutâneas (livor mortis). 
 Também chamadas de manchas de posição ou livores cadavéricos, são 
fenômenos constantes, inexistindo apenas, e bem assim de modo irregular, em casos 
excepcionais de mortes por grandes hemorragias. 
 
Com a parada da circulação, o sangue, pela lei da gravidade, vai se acumulando 
nas partes mais baixas, deixando de aparecer apenas nas superfícies de contato que o 
cadáver sofre por compressão sob o plano resistente. 
 
Segundo Genival Veloso de França caracterizam-se pela tonalidade azul 
púrpura, de certa intensidade e percebidas na superfície corporal. 
 
São encontradas, de preferência, na parte de declive dos cadáveres e por isso 
chamadas de manchas de hipóstase, variando, logicamente, com a posição do corpo. 
 
Apresentam-se em forma de placas, embora possam surgir as chamadas 
púrpuras hipostáticas. 
 
As manchas hipostáticas cutâneas permanecem até o surgimento dos 
fenômenos putrefativos, quando elas são invadidas pela tonalidade verde enegrecida 
TANATOLOGIA FORENSE 
12 
 
que aparece no cadáver devido à formação do hidrogênio sulfurado combinado com a 
hemoglobina. 
 
Essas manchas, portanto, são importantes para o diagnóstico da realidade da 
morte, para o diagnóstico da causa da morte, para a estimativa do tempo de morte e 
para o estudo da posição em que permaneceu o cadáver depois da morte. 
 
Em geral, começam a aparecer em torno de 2 a 3 horas após a morte. Sua 
distribuição varia de acordo com a posição do cadáver. 
 
Assim, se o cadáver é colocado em decúbito dorsal, que é a mais comum das 
posições, a distribuição dos livores é na parte posterior do corpo, com exceção das 
escápulas, nádegas e face posterior das coxas e das pernas, pelo fato de essas regiões 
estarem sob a pressão do plano onde repousa o corpo. Não são vistos também nos locais 
pressionados pelas vestes, cintos, alças elásticas e pelas dobras e rugas da pele como 
no pescoço. 
 
Sua intensidade varia de acordo com a fluidez do sangue, por isso são mais 
realçadas nos casos de asfixia. 
 
 
Aluno, chegamos ao final de mais uma aula. Espero que tenham aprendido 
e absorvido todo o conhecimento. Até a próxima aula.

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