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Maria Eduarda Zen Biz | ATM 2025.1 7° fase Medicina | 2022.2 Radiologia UCXX CEFALEIAs Causas mais frequentes de distúrbios neurológicos Cefaleia Doença cerebrovascular Alzheimer Epilepsia O Papiro Ebers (1500 aC) referia-se a dores de cabeça e outros distúrbios neurológicos. Os sintomas visuais associados a cefaleia foram descritos por Hipócrates em 400 aC. Prevalência mundial - 15% a 18% da população Terceira causa mais comum de dor crônica nos EUA 2-4% dos sintomas no pronto atendimento > 90% dos indivíduos já tiveram cefaleia 1ª causa de procura a ambulatório de Neurologia 3ª causa de procura a ambulatório de Clínica Médica Primária: 90% dos casos Enxaqueca - Migrânea o Crises recorrentes constituídas por até 5 fases: sintomas premonitórios, aura, cefaleia, sintomas associados e fase de recuperação o Migrânea sem aura - cefaleia recorrente manifestando- se em crises que duram de quatro a 72 horas. As características típicas da cefaleia são: localização unilateral; caráter pulsátil; intensidade moderada ou forte; exacerbação por atividade física rotineira e associação com náusea e/ou fotofobia e fonofobia. o Migrânea com aura - crises recorrentes, com duração de minutos, de sintomas completamente reversíveis unilaterais visuais, sensoriais ou outros sintomas oriundos do sistema nervoso central, que geralmente se desenvolvem gradualmente e são habitualmente seguidos por cefaleia e sintomas migranosos associados Cefaleia tensional o Mais comum o Pico de prevalência aos 40 anos o Fraca a moderada intensidade, aperto ou pressão, maioria das vezes bilateral Cefaleia trigeminoautonômica Outras cefaleias primárias Secundária: Cefaleia atribuída a trauma Cefaleia atribuída a transtorno vascular craniano Cefaleia atribuída a transtorno intracraniano não vascular Cefaleia atribuída ao uso de substância ou à sua supressão Cefaleia atribuída a infecção Cefaleia atribuída a transtorno da homeostase Cefaleia atribuída a transtorno do crânio, pescoço, dentes… e demais estruturas da cabeça Cefaleia atribuída a transtorno psiquiátrico Investigação com exames de imagem O uso indiscriminado de neuroimagem deve ser evitado. Os custos associados à neuroimagem podem ser significativos - um estudo estimou quase US$1 bilhão em custos anuais nos Estados Unidos em exames de neuroimagem. Justificativas para solicitações de exames em pacientes sem sinais de alarme: Desconforto com diagnóstico clínico de enxaqueca Excluir condições secundárias de enxaqueca Prática clínica "atarefada". O exame vai abreviar a investigação. Satisfazer vontades / anseios / expectativa do paciente e/ou familiar, temendo avaliações negativas Questões médico-legais Cefaleia com sinais de alarme SOLICITAR NEUROIMAGEM: TC (EMERGÊNCIA) OU RM Cefaleia nova, súbita (em trovoada - “thunderclap”) - “pior da minha vida” Alterações ao exame neurológico (alterações de nervos craniais) Início > 50 anos Piora da frequência / intensidade História de HIV ou câncer Febre ou sinais de doença sistêmica Papiledema Cefaleia após TCE Cefaleia que piora com manobra de Valsalva Alterações nos exames de neurimagem: Hemorragia (subaracnoidea - intraparenquimatosa - extra- axial) Edema do parênquima cerebral (tumor, insulto vascular, infecção) Alterações na pressão intracraniana (hidrocefalia, lesões expansivas) Hemorragia subaracnoidea Paciente com 61 anos, cefaleia súbita, a pior da vida - 10/10 → TC Crânio - sem contraste - material hiperdenso delineando os Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina espaços intergirais nas convexidades cerebrais, fissuras laterais e cisternas da base, inferindo hemorragia subaracnoide. CONDUTA: angioTC artérial cerebral. Os aneurismas saculares rotos são a causa mais comum de hemorragia subaracnoide (HSA) não traumática e representam aproximadamente 85% dos casos de HAS espontânea. AngioTC Arterial Crânio - aneurisma sacular na artéria cerebral média esquerda. Uma das localizações mais comuns dos aneurismas intracranianos é na artéria comunicante anterior (30% –35%) Aneurismas saculares rotos Traumas, MAVs Perimesencefálica não aneurismática (bom prognóstico) Tomografia tem acurácia de 98% para detecção da HSA Angiotomografia arterial do crânio - especificidade de 90% para aneurismas menores que 3 mm Toxoplasmose cerebral Paciente com 23 anos, cefaleia de início recente, febre. Diagnóstico de HIV há 30 dias → TC Crânio - antes e após uso de contraste. - área nodular mal definida e hipodensa no núcleo lentiforme esquerdo, sem realce pelo meio de contraste. CONDUTA: RM do encéfalo RM do encéfalo (axial FLAIR e T1 pós-contraste) - lesões nodulares com alto sinal em FLAIR difusas no parênquima cerebral. Discreto realce anelar no centro da lesão no putame esquerdo. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina Infecção oportunista comumente associada a AIDS. Áreas de realce nodular ou realce periférico - sem realce central - em região dos núcleos da base ou córtico-subcorticais infecção parasitária (protozoário) Cefaleia, febre, alteração da consciência, convulsões e déficits focais Tomografia sem e com contraste - lesões nodulares no parênquima cerebral, com realce anelar Ressonância Magnética do encéfalo - mais sensibilidade para detecção de lesões e do edema - ideal para controle evolutivo após tratamento RM do encéfalo (T1 pós-contraste) - lesões nodulares com realce periférico irregular e centro avascular. Hemorragia intraparenquimatosa Paciente com 72 anos, hipertenso não controlado, queixa de cefaleia progressiva e rebaixamento do nível de consciência → TC Crânio - sem contraste - material hiperdenso nodular com fino halo de edema na região dos gânglios da base à esquerda, inferindo hemorragia aguda. Componente hemático no corpo do ventrículo lateral esquerdo. CONDUTA: investigação da causa Hipertensão arterial é uma das causas mais comuns de hemorragia intracerebral. Locais mais frequentes - gânglios da base (putame) - tálamo - ponte – cerebelo TC Crânio - sem contraste. - material hiperdenso nodular com fino halo de edema no putame esquerdo. RM do encéfalo - formação nodular com hipersinal no lobo frontal direito, apresentando halo de hipersinal (edema) e desvio da linha média para a esquerda. Tomografia e Ressonância Magnética do encéfalo - são úteis em fase aguda - RM é melhor em fase tardia Angiotomografia arterial do crânio - Pode trazer informações de sangramento ativo em fase aguda, que tem pior prognóstico Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina Trombose venosa cerebral Mulher, 39 anos, usuária de anticoncepcional oral há 13 anos. Tabagista. Quadro de cefaleia súbita há 3 dias, predominando em região parietal e occipital bilateral, sem melhoras com medicamentos comuns. Tem náusea e vômito → TC Crânio - sem contraste. - aumento da densidade no seio venoso sagital e na tórcula (confluência dos seios - inespecífico (trombose?). CONDUTA: estudo de TC com contraste TC Crânio - após contraste. - falha de enchimento irregular no seio sagital superior, na confluência dos seios e seios transversos Sinal do delta vazio - seio sagital superior TC Crânio - após contraste. - opacificação normal do seio venoso dural. A tomografia deve ser realizada com contraste endovenoso para identificação de trombose venosa cerebral. Sinais e sintomas inespecíficos - Cefaleia, crises convulsivas Fatores pró-trombóticos (tabagismo, coagulopatias) Pode evoluir com infarto cerebral e hemorragias parenquimatosas Cefaleia pós-trauma Paciente com 22 anos, apresenta cefaleia e vômitos após TCE (moto x moto), sem capacete, alcoolizado. Otorragia esquerda→ TC Crânio - sem contraste. - Coleção epidural hiperdensa parietal esquerda. Fratura da mastoide esquerda. Aumento de partes moles parietotemporal esquerdo Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina Avaliar efeito compressão da hemorragia extradural (epidural) e possível conduta. A cefaleia pode ocorrer pela coleção epidural em expansão. Também podem ser decorrentes da fratura e contusão de partes moles. Hematoma extradural: Coleção localizada entre a tábua interna da calota craniana e a dura-máter (afasta o córtex da tábua interna do crânio) Homogeneamente hiperatenuante Pode levar a herniações cerebrais Tomografia tem boa sensibilidade Ressonância pode trazer algumas informações adicionais 2-12% dos TCEs A maioria tem origem a partir de fratura craniana, lacerando ramos arteriais meníngeos Mortalidade geral de 5% TC Crânio - sem contraste - coleção subdural aguda frontoparietal direita (setas) TC Crânio - sem contraste (esquerda). Sinal do redemoinho - indica sangramento agudo e risco de expansão RM do encéfalo - Flair (centro) e T2 (à direita): Coleção extradural aguda com morfologia lentiforme, comprimindo o parênquima cerebral. Sinusite aguda Paciente com 17 anos, apresenta cefaleia frontal esquerda recorrente. Sintomas gripais, tosse e escarro purulento → TC de Seios da Face - sem contraste. - Janela óssea - Preenchimento do seio maxilar esquerdo por conteúdo hipodenso, com algumas bolhas de permeio. Paredes ósseas regulares e finas. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 7° fase Medicina Achados de imagem de sinusite devem ser interpretados e valorizados de acordo com quadro clínico Sinusite não complicada não requer avaliação radiológica. Tomografia - melhor método para avaliação anatômica dos seios paranasais, de processos inflamatórios, possíveis causas e complicações (abscessos e erosões ósseas). - útil no planejamento cirúrgico RM - solicitada para avaliação de lesões tumorais ou sinusite fúngicas TC de crânio - sem contraste. - Janela óssea - Redução volumétrica do seio maxilar esquerdo, preenchido por conteúdo hipodenso. Paredes ósseas irregulares e espessas. Tumores cerebrais Homem de 49 anos, apresenta há um mês com episódios de cefaleia severa do lado direito da sua órbita. Não tem história prévia de cefaleia ou neoplasia. Foi diagnosticado com cefaleia em salvas e medicado. Evolui com recidiva dos sintomas. Devido ao início tardio dos sintomas, foi solicitado RM do encéfalo. Lesão expansiva na região selar Tumores intracranianos podem causar cefaleia associada a outros sintomas. Em cerca de 2% dos casos cursa apenas com cefaleia. Tomografia - identifica lesões tumorais e complicações agudas (herniações, compressões, sangramentos) Ressonância Magnética - método de escolha para caracterização Lesão expansiva frontal direita. A calcificação não é apreciada nas imagens de RM, mas é facilmente observada na TC. RM axial T1 pós-contraste. Lesão expansiva no quarto ventrículo, cursando com obstrução e hidrocefalia. RM axial ponderada em T2 de tumor do quarto ventrículo: menino de 6 anos com história de 3 semanas de cefaleia, náuseas, vômitos e marcha instável. Lesão na linha média na região do vermis, obliterando o quarto ventrículo. Há dilatação ventricular significativa, com transudação liquórica periventricular nos cornos frontal e occipital.
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