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M yl le na L ib ór io EXAME FÍSICO - TÓRAX Preparo: Ambiente: paciente despido da cintura para cima, no caso de mulheres permanecer de sutiã, se de camisola, peça para abrir na parte de trás. Cercar com biombos. Higienização das mãos. Materiais: estetoscópio, algodão com álcool. Sequência do exame: começar logo após a palpação da tireoide, quando estiver de pé atrás da pessoa. Realizar inspeção, palpação, percussão e ausculta no tórax posterior e laterais. Mover a face da pessoa e repetir as manobras no tórax anterior. Sentido do ápice para as bases pulmonares. Semiotécnica: 1. Inspeção Avalia-se o estado da pele e das estruturas superficiais da parede torácica. 1.1 INSPEÇÃO ESTÁTICA Tem como objetivo principal, avaliar a forma do tórax e a presença ou não de abaulamentos e depressões. Se for possível, o ideal é que o enfermo fique de pé, de frente para a luz, de preferência com iluminação natural, e o médico de costas para a luz. O médico deverá permanecer parado, enquanto o paciente é solicitado a girar vagarosamente, possibilitando o exame das regiões anterior, posterior e laterais do tórax. Deve-se também caracterizar a morfologia do tórax de acordo com o BIÓTIPO em normolíneo, brevilíneo e longilíneo. Essa classificação é devido à abertura do ângulo de Charppy, que é o ângulo formado pelo rebordo costal direito, apêndice xifóide e o rebordo costal esquerdo. NORMOLÍNEO - angulação costal de aproximadamente 90º. LONGILÍNEO - angulação costal inferior a 90º. BREVILÍNEO - angulação costal superior a 90º. M yl le na L ib ór io A) Pele e seus aspectos Na PELE examina-se a COLORAÇÃO, lembrando de avaliar a cianose e palidez, pesquisando a cianose na pele, nas unhas, nos lábios e na mucosa oral. Quanto ao GRAU DE HIDRATAÇÃO, observar umidificação da mucosa oral e turgor da pele. A presença de LESÕES ELEMENTARES sólidas e lesões de conteúdo líquido, isto é, os abscessos, correlacionando-as com as doenças pulmonares. Verificar a presença de CICATRIZES, que possam evidenciar cirurgias realizadas anteriormente, e de TATUAGENS. Pesquisa-se ainda os PÊLOS, avaliando a sua distribuição (andróide, ginecóide, ausente, etc.), a coloração e a espessura. 9 B) Mamas O exame das MAMAS deve ser feito pela inspeção e palpação comparando a posição do mamilo, volume da mama e presença de nódulos, não deixando de considerar que pacientes mastectomisados por neoplasia estão sujeitos a manifestar nódulo pulmonar solitário ou derrame pleural. Deve-se avaliar também os mamilos e aréolas quanto ao tamanho, forma, pigmentação e simetria. C) Formas do Tórax TÓRAX CHATO OU PLANO: a parede anterior perde a sua convexidade normal, reduzindo o diâmetro antero-posterior. A inclinação anterior das costelas aumenta, os espaços intercostais se reduzem. As clavículas ficam mais nítidas e salientes e as fossas supra e infra claviculares mais profundas. A musculatura é pouco desenvolvida, razão pela qual as escápulas estão mais baixas, afastando-se do tórax, caracterizando os tórax alados, comuns em longelíneo. M yl le na L ib ór io TÓRAX EM TONEL OU GLOBOSO: aumento exagerado do diâmetro antero-posterior, horizontalização dos arcos costais e abaulamento da coluna 10 dorsal. A causa mais comum para esse tipo de tórax é o enfisema pulmonar, no entanto, pode não ser patológico em pessoas idosas saudáveis. INFUNDIBULIFORME OU TÓRAX DE SAPATEIRO (pectus excavatum): depressão na parte inferior do esterno e região epigástrica de natureza congênita. Na radiografia, aparece o contorno do átrio direito borrado, sugerindo erroneamente o comprometimento do lobo médio. O raquitismo é a principal causa desse tipo de tórax. TÓRAX CARINIFORME (pectus carinatum): esterno proeminente e as costelas horizontalizadas, resultando num tórax semelhante ao das aves (tórax de pombo), de natureza congênita ou adquirida devido raquitismo na infância. TÓRAX CRÔNICO, EM SINO OU PIRIFORME: a parte inferior exageradamente alargada, lembrando um cone ou sino, encontrado nas patologias respiratórias crônicas da infância como as adenopatias crônicas e asma, assim como em hepatoesplenomegalias e ascites volumosas na fase adulta. TÓRAX CIFÓTICO: excesso da curvatura antero-posterior da coluna dorsal de origem congênita ou resultante de postura defeituosa, assimétrico em decorrência de desvio lateral do segmento torácico. TÓRAX CIFOESCOLIÓTICO: além da cifose, há um desvio lateral da coluna, caracterizando a escoliose. Essa associação das duas deformidades é comum, mas geralmente desprovida de significado patológico. TÓRAX INSTÁVEL: quando várias costelas são fraturadas, observa-se movimentos paradoxais, assim, na inspiração a área desloca-se para dentro; na expiração, para fora. D) Abaulamentos e depressões Também devem ser avaliados os ABAULAMENTOS, se este é generalizado, unilateral direito ou esquerdo ou ainda se localizado em uma determinada região. Descreve-se sua localização horizontal (sexto espaço intercostal) e vertical (linha mamilar por exemplo), e seu tamanho aproximado (com +/- 3cm ou do tamanho de um limão pequeno). Os abaulamentos localizados traduzem a presença de algumas alterações subjacentes, como fraturas de costela, neoplasia e aneurisma. O rosário raquítico é uma série de pequenas saliências ósseas que surgem na união das costelas com as cartilagens esternais devido ao M yl le na L ib ór io raquitismo na infância podendo também aparecer em estados de caquexia extrema. Não devem ser esquecidas a descrição das RETRAÇÕES e possíveis TUMORAÇÕES presentes no tóráx, caracterizando se são unilaterais direita ou esquerda; sua localização; tamanho; a existência de mioatrofias, que podem ser melhor identificadas na palpação e ainda ulcerações ou exulcerações em sua superfície. 1.2.INSPEÇÃO DINÂMICA A) Tipo Respiratório: Observação ao natural, sem ampliação dos movimentos respiratórios. • Costo-abdominal ou Misto: movimentação em mesma intensidade das partes superior (costal) e inferior (diafragmática) do tórax. É o tipo mais comum (normal) tanto em homens, quanto em mulheres. • Torácico ou Costal: movimentação mais proeminente da porção superior do tórax causada pela maior atividade dos músculos intercostais. • Abdominal ou Diafragmática: movimentação maior da porção inferior do tórax causada pela ampla expansão do diafragma. B)Ritmo de Respiração: • Frequência Respiratória: Observação simples dos movimentos respiratórios e contagem do número de incursões respiratórias por minuto. Eupnéia: respiração de ritmo, frequência e amplitude normais. Nos adultos admite-se de 12 a 20 IRPM Dispnéia: respiração difícil, curta, trabalhosa, etc. Taquipneia: respiração rápida e pouco profunda Bradipnéia: respiração lenta Apneia: ausência de respiração • Ritmos anormais: Cheyne-Stokes: ritmo caracterizado por fase de apnéia, seguida por incursões respiratórias cada vez mais amplas, imediatamente seguida por fase de incursões respiratórias cada vez menos amplas, até nova fase de apneia. 16 Biot: irregularidade respiratória em ritmo, frequência, amplitude, etc. Kussmaul: ritmo respiratório identificado através de uma fase de apneia interposta entre cada movimento de inspiração e expiração Suspirosa: execução de uma série de movimentos inspiratórios de amplitude crescente seguidos de expiração breve e rápida. Podem ocorrer suspiros isolados ou agrupados em momentos de respiração normal. C) Amplitude respiratória: Observação dos movimentos respiratórios espontâneos. Se necessário, pede-se ampliação desses movimentos. Durante a observação espera-se a simetria dos movimentos de expansão e retração do tórax, porém assimetrias, diminuição da expansão global, retrações e irregularidades de movimentos devem ser percebidas. D) Batimentos das asas do nariz: Observar se há movimento das narinas abrindo e colabando durante esforço respiratório, principalmente de crianças, que sugere pneumonia grave. Figura 18: batimento das asas do nariz. M yl le na L ib ór io E) Retração inspiratória fisiológica: Processo fisiológico em que os espaços intercostais,principalmente os inferiores, sofrem retração no início da inspiração. Tiragem: Processo patológico em que ocorre retração inspiratória nos espaços intercostais, nas fossas supraclaviculares, infraclaviculares e subesternal, que persiste por toda a inspiração. A tiragem pode ser difusa ou localizada, sugerindo impossibilidade do pulmão acompanhar os movimentos da caixa torácica, sendo comum em atelectasias subjacentes. F) Movimentos respiratórios paradoxais: Ocorre retração do gradil costal durante a inspiração. Comumente observados nos casos de traumatismos torácicos graves. 2. PALPAÇÃO Deve-se avaliar: ▪ A) Amplitude Respiratória (expansibilidade), é avaliada pela palpação bimanual, que permite apreciar alterações da expansão da caixa torácica no decorrer dos movimentos respiratórios. Em condições normais, a expansão torácica respiratória é igual em regiões simétricas. Pode-se apresentar com maior ou menor amplitude, dependendo da elasticidade torácica e da eficiência da massa muscular respiratória, assim é uniformemente diminuída no enfisema pulmonar. A expansão torácica varia com o sexo, sendo mais nítida nas bases do tórax nas pessoas do sexo masculino, e nos ápices, nas do sexo feminino. Em condições patológicas a expansão respiratória estará aumentada bilateralmente na parte superior do tórax, quando da existência de processos 19 abdominais que impeçam uma boa excursão diafragmática. O contrário ocorrerá nas afecções dolorosas das regiões apicais do pulmão. A causa mais comum de diminuição da expansibilidade bilateral é representada pelo enfisema pulmonar. As alterações localizadas da expansão respiratória aparecem em processos pleuropulmonares localizados. Assim, haverá nítida diminuição da expansão em condensações, atelectasias, pleuris agudo, derrames pleurais e paquipleuris. Semiotécnica a.1) Manobra de Ruault O observador de pé, atrás do paciente, que se manterá de pé ou sentado, adaptará as mãos flacidamente sobre os ápices, com as extremidades dos polegares reunidos na apófise espinhosa da 7ª vértebra cervical, enquanto as M yl le na L ib ór io extremidades dos dedos alcançarão as regiões supraclaviculares. a.2) Parede posterior do tórax -Inter-escápulo-vertebral O observador de pé, atrás do paciente; as mãos são colocadas verticalmente, com os polegares unidos, no espaço entre as escápulas e a coluna vertebral. -infra-escapular O observador de pé, atrás do paciente; as mãos colocadas espalmadas contornando inferiormente as escápulas, extremidades dos polegares unidos na coluna vertebral a.3) Parede lateral do tórax - Região axilar superior; - Região axilar média; - Região axilar inferior; O observador de pé, atrás do paciente, que se manterá de pé ou sentado, mãos espalmadas, com os polegares anteriormente e demais dedos posteriormente. Examinar a região axilar superior, média e inferior. a.4) Parede anterior do tórax -intermamária O observador de pé, na frente do paciente, pedindo para o paciente colocar o rosto para o lado, as mãos são colocadas verticalmente, de modo que as extremidades dos dedos atinjam as clavículas. -submamária O observador de pé, na frente do paciente, pedindo para o paciente colocar o rosto para o lado, as mãos são colocadas espalmadas, abraçando os músculos peitorais, de modo que as extremidades dos polegares fiquem unidas no esterno. Descrição: Em todas as áreas pesquisadas, verificou-se amplitude respiratória M yl le na L ib ór io fisiológica (com o hemitórax direito expandindo mais que o hemitórax esquerdo, devido o brônquio direito ser mais curto, mais calibroso e mais retificado com a traquéia); diminuída ou aumentada (especificando os focos). - Estrutura da parede torácica avaliar presença de crepitações, dor, tônus muscular, massas, edema e outras alterações na pele. - Expansibilidade torácica avaliar assimetria: ápices (posicionar polegares C7) e bases (T9 ou T10). - Frêmito toracovocal avaliar vibração e simetria: frêmito aumentado ou diminuído. 3. LINHAS TORÁCICAS O tórax pode ser dividido, a partir de pontos anatômicos de referência e linhas imaginárias. Esses marcos anatômicos são: a incisura supraesternal; o ângulo de Charpy; e o ângulo de Louis ou esternomanubrial , representado por uma crista óssea horizontal, no mesmo nível do segundo arco costal, palpado ao se deslizar os dedos indicador e médio, lateralmente ao esterno, e, logo abaixo, o segundo espaço intercostal. Dessa maneira, é possível identificar, facilmente, as demais costelas e seus respectivos espaços. A linha traçada, verticalmente, no centro do esterno é a linha medioesternal , e divide a região em hemitórax direito e esquerdo. Ao lado da borda de cada esterno temos a linha paraesternal ou esternal , e através dos pontos médios das clavículas e em paralelo com a linha medioesternal, a linha hemiclavicular ( Fig. 9-2 ), de cada lado. Na face lateral do tórax, à direita e à esquerda, três linhas traçadas verticalmente e paralelas à linha medioesternal dividem a região em três porções: linha axilar anterior, que desce ao nível da prega axilar anterior; linha axilar posterior , que desce ao nível da prega axilar posterior; e linha hemiaxilar ou axilar média , a partir do vértice da axila. No tórax posterior, a linha medioespinal divide os hemitórax, passando sobre os processos espinhosos das vértebras, e as linhas escapulares, que passam pelo As linhas medioesternal e vertebral são precisas, e as demais, estimadas. O tórax é examinado nas regiões anterior, lateral e posterior, sendo as regiões anterior e posterior divididas em superior, média e inferior. M yl le na L ib ór io 4. AUSCULTA A ausculta pulmonar é o método semiológico mais importante no EF pulmonar, pois permite analisar o funcionamento pulmonar, devendo ser realizado em ambiente silencioso e posição cômoda, quando possível. O paciente deve estar com tórax despido e respirar pausada e profundamente, com a boca aberta, sem fazer ruído, idealmente. A ausculta é realizada com diafragma do estetoscópio, de maneira simétrica nas faces posterior, laterais e anterior do tórax. Classificação dos sons pleuropulmonares Sons normais ● Som traqueal ● Som brônquico ● Murmúrio vesicular ● Som broncovesicular Sons anormais ● Descontínuos: estertores finos e grossos ● Contínuos: roncos, sibilos e estridor ● Sopros ● Atrito pleural Sons vocais ● Broncofonia, ● Egofonia ● Pectorilóquia fônica e afônica. Sons Respiratórios Normais Os Sons Respiratórios Normais são classificados da seguinte maneira: Som traqueal Audível na região de projeção da traqueia, no pescoço e região esternal. Origina-se da passagem de ar da fenda glótica e na própria traqueia. Há componente inspiratório – composto por ruído soproso, um pouco rude – e expiratório – ruído forte e prolongado que ocorre após curto intervalo silencioso. M yl le na L ib ór io Som brônquico Som traqueal audível na zona de projeção dos brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax, nas proximidades do esterno. Assemelha-se ao som traqueal, diferenciando-se dele apenas por ter componente expiratório menos intenso. Som broncovesicular Somam-se características do som brônquico com murmúrio vesicular. Desse modo, intensidade e duração da inspiração e expiração são de igual magnitude, ambas um pouco mais forte que murmúrio vesicular, mas sem alcançar a intensidade do som brônquico. Em condições normais, é auscultado na região esternal superior, interescapulovertebral superior e no nível da terceira e quarta vértebras dorsais. Em outras regiões, indica condensação pulmonar, atelectasia por compressão ou presença de caverna, ou seja, mesmas condições que originam som brônquico. Para que surja esse som é necessário que na área lesionada haja alvéolos mais ou menos normais capazes de originar o som vesicular. Murmúrio vesicular Os ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax são causados pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes,tais como bronquíolos ou alvéolos, ou vice-versa. O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tonalidade mais alta em relação ao componente expiratório que, por sua vez, é mais fraco, de duração mais curta e tonalidade mais baixa. Não há intervalo silencioso entre inspiração e expiração, como no som traqueal. Ao comparar-se o murmúrio vesicular com o som brônquico, nota-se que o murmúrio vesicular é mais fraco e suave. Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção nas regiões de sons brônquicos e broncovesicular. Entretanto, é mais forte na parte anterossuperior, axilas e regiões infraescapulares. Sofre variações em sua intensidade na dependência da amplitude dos movimentos respiratórios e da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas pessoas musculosas ou obesas. A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de presença de ar (pneumotórax), líquido (derrame pleural) e tecido sólido na cavidade pleural (espessamento pleural); enfisema pulmonar, dor torácica que impeça ou diminua a movimentação torácica, obstrução das vias aéreas superiores (espasmo ou M yl le na L ib ór io edema de glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolos. Pode haver alteração do murmúrio vesicular chamada prolongamento da fase expiratória, que, em condições normais, é mais curta e suave que fase inspiratória. Esse prolongamento aparece na asma brônquica em crise e na DPOC avançada, traduzindo dificuldade de saída de ar. Som Local de Ausculta Inspi raçã o Expi raçã o Som traqueal Áreas de projeção da traqueia +++ ++++ Som brônquico Áreas de projeção dos brônquios principais +++ +++ Som broncovesicular Região esternal superior e interescapulo-vertebral superior ++ ++ Murmúrio vesicular Periferia dos pulmões +++ ++ Sons ou Ruídos Anormais Descontínuos São representados pelos estertores, ruídos audíveis na inspiração ou expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. Podem ser crepitantes (finos) ou subcrepitantes (grossos). Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da inspiração e têm frequência alta, isto é, são agudos. Curta duração. Não se modificam com a tosse. Podem ser comparados ao ruído produzido pelo atrito dos fios de cabelo. Auscultados principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela força da gravidade quando originados por congestão pulmonar. M yl le na L ib ór io Estertores finos são produzidos pela abertura sequencial das vias respiratórios anteriormente fechadas, devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar – isso explica a presença de estertores finos na pneumonia e congestão pulmonar da IVE – ou por alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas – doenças intersticiais pulmonares. Os estertores grossos, bolhosos ou subcrepitantes têm frequência menor e maior duração que os finos. Podem desaparecer com tosse e são audíveis em todo o tórax. São audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Surgem por causa da abertura e fechamento de vias respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. Comuns na bronquite crônica e bronquiectasias. Tipos Fase do ciclo respiratóri o Efeito da tosse Efeito da posição do paciente Áreas em que predominam Estertores crepitantes Final da inspiração Não se alteram Se causa inflamatória, não se modificam. Caso sejam secundários à congestão pulmonar, podem aumentar ou reduzirem-se Bases se originados por congestão pulmonar. Variam se a causa for inflamatória (lobos superiores na tuberculose) Estertores subcrepitan tes Início da inspiração e toda expiração Podem desapa recer Não se modificam Todas as áreas do tórax Contínuos São roncos, sibilos e estridor. Roncos e sibilos Os roncos são constituídos por sons graves, portanto de baixa frequência e os sibilos por sons agudos, portanto, alta frequência. Ambos originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento desses ductos, seja por espasmo, edema da parede ou secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. Embora apareçam na inspiração e expiração, predominam nessa. Surgem e desaparecem em curto período. Os sibilos também se originam de vibrações das paredes bronquiolares e de seu conteúdo gasoso, aparecendo na inspiração e na expiração. M yl le na L ib ór io Em geral, são múltiplos e disseminados por todo o tórax, quando provocados por enfermidades que comprometem a árvore brônquica, como acontece na asma e bronquite. Quando bem localizados, indicam semiobstrução por neoplasia ou CE. Estridor O estridor é um som produzido pela semiobstrução da laringe ou traqueia, o que pode ser provocado por difteria, laringites agudas, CA de laringe e estenose de traqueia. Quando a respiração é calma e pouco profunda, sua intensidade é pequena. Entretanto, na hiperpneia, o aumento do fluxo de ar intensifica esse som. Sopros Em certas regiões torácicas (C7 no dorso, traqueia e região interescapular), o sopro brando é mais longo na expiração que inspiração. Nesses casos, é normal. Porém, quando o pulmão perde sua textura normal, como na pneumonias bacterianas, grandes cavernas e pneumotórax hipertensivo ocorrem, respectivamente sopro tubário, cavitário e anfórico. Atrito pleural Em condições normais, os folhetos parietal e visceral deslizam um sobre o outro, durante movimentos respiratórios, sem produzir qualquer ruído. Na pleurite, estão recobertas de exsudato e produzem ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger de couro atritado. Sons vocais (ausculta da voz) Para terminar o EF, ausculta-se a voz nitidamente pronunciada e a voz cochichada. Para isso, o paciente pronúncia “33” enquanto faz a ausculta comparando regiões homólogas, semelhante ao exame de FTV. Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica são ressonância vocal. Normalmente, são sons incompreensíveis, isto é, não distinguem sílabas que formam as palavras, uma vez que o parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros. Por outro lado, quando está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar) a transmissão é facilitada. A ressonância vocal é mais intensa nas regiões onde se ausculta respiração broncovesicular. Costuma ser mais forte em homens do que em mulheres e crianças. M yl le na L ib ór io O aumento da ressonância é chamado broncofonia e ocorre quando há condensação pulmonar – RI, neoplasia ou peri-cavitária. Na atelectasia, espessamento pleural e nos derrames, ocorre diminuição da ressonância vocal. Os resultados coincidem com a manobra do FTV, porque as vibrações são facilmente percebidas no tórax pelo tato (FTV) e orelha (ausculta). Por isso, a ausculta da voz é pouco usada. Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia fônica. Com a voz cochichada, pectorilóquia afônica. Broncofonia é quando se ausculta a voz sem nitidez. Egofonia é forma especial de broncofonia, broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. Aparece na parte superior dos derrames pleurais e nas condensações pulmonares. Na ausculta da voz, a ressonância vocal pode estar aumentada, diminuída ou normal. Broncofonia é a ressonância da voz alta escutada sobre o tórax, sem se perceber a articulação da palavra. -Broncofonia fisiológica: com variantes de intensidade, aumentada ou diminuída. -Broncofonia patológica: retumbância exagerada da voz auscultada. Corresponde ao sopro tubário. -Pectoriloquia ou voz cavernosa: é uma modalidade da broncofonia exagerada, caracterizada pela percepção clara da voz articulada. Corresponde ao sopro cavernoso, mas está presente também na hepatização pulmonar. -Pectoriloquia afônica: é a transmissão perfeita da voz cochichada. Está presente em várias afecções da pleura e dos pulmões: hepatização, caverna, derrames da pleura. -Egofonia: é apercepção da voz com caráter trêmulo. Corresponde ao sopro pleural. -Voz anfórica ou anforofonia: é a percepção da voz com timbre musical ou eco metálico. Corresponde ao sopro anfórico.
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