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PREDUC - ESTUDO

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ESTUDO PARA A PROMOTORIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO 
 
Tornar a educação universal exige incidir sobre históricas desigualdades sociais. 
CAOIJEFAM – Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Educação, Família e 
Sucessões. 
Conselho Municipal de Educação (CME): O Conselho Municipal de Educação é um 
órgão vinculado à Secretaria Municipal de Educação incumbido de assessorar o 
Executivo Municipal na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas 
municipais no âmbito educacional. O CME é também espaço participativo e 
mobilizador, ao proporcionar para os diversos atores da sociedade, a defesa do direito 
à educação e democratização do acesso à educação e, ao promover debates e 
seminários relativos ao ensino no Sistema Educacional Municipal. Os Conselhos 
Municipais de Educação têm um papel relevante tanto na busca ativa escolar, quanto 
na recuperação de aprendizagem. 
Coordenadoria Regional da Educação (CRE) - A Secretaria da Educação do RS tem uma 
estrutura que conta com 30 coordenadorias regionais sob coordenação direta do 
governo do Estado. 
Cada coordenadoria é responsável pelas políticas relacionadas as suas regiões, tendo 
como atribuições coordenar, orientar e supervisionar escolas oferecendo suporte 
administrativo e pedagógico para a viabilização das políticas da secretaria. 
Além disso, busca a integração entre alunos, famílias e a comunidade, oferecendo 
oportunidades de diálogo e de interação que promovam o compartilhamento de 
informações e a construção de conhecimentos, integrando a escola à prática social. 
A Coordenadoria Regional de Educação representa a secretaria na área de sua 
jurisdição, tendo como atribuições também o fornecimento de pessoal qualificado 
para atuar nas escolas e a gestão de seus recursos financeiros e de infraestrutura. 
FICAI – Ficha de Informação do Aluno Infrequente – ou – Ficha de Comunicação de 
Aluno Infrequente. 
RAE-Rede de Apoio à Escola. = Redes intersetoriais -> A Rede de Apoio à Escola (RAE) é 
um grupo formado por vários segmentos da sociedade que se reúnem para discutir e 
elaborar alternativas para melhorar a frequência/indisciplina/aprendizagem (entre 
outras situações) em prol do atendimento aos estudantes. 
A RAE (Rede de Apoio à Escola) tem o objetivo de discutir alternativas para diminuir a 
evasão, a infrequência e o abandono escolar, fomentando uma revitalização escolar e 
familiar para que estes sejam erradicados. A iniciativa é abraçada com expectativa de 
mudar o cenário e fortalecer a união entre escola e família, a fim de que o ensino seja 
realmente o papel da escola, e não prover uma estrutura que é de responsabilidade da 
família. A RAE tem por objetivo o trabalho em rede e a busca de soluções coletivas de 
alternativas para diminuir a evasão e outros problemas que interferem direta ou 
indiretamente no processo ensino-aprendizagem e/ou na socialização do educando. 
Subsidiar professores e diretores de escolas na tarefa diária de combater a evasão, 
oferecendo parceria e apoio por meio de capacitações aos educadores formais; ações 
conjuntas de promoção dos direitos à educação; mapeamento de alunos infrequentes 
e com histórico de violência no ambiente escolar, e atuação junto ao professor na 
abordagem com os núcleos familiares mapeados. 
A Rede de Apoio à Escola é o “coração da FICAI (Ficha de Comunicação do Aluno 
Infrequente)”, uma vez que o sucesso escolar e a educação de qualidade passam, 
obrigatoriamente, pela articulação da escola com a sociedade, através dos órgãos 
governamentais e não-governamentais que são chamados para interagirem com a 
comunidade escolar. 
A FICAI e a RAE são utilizadas como instrumentos de apoio contra a evasão, 
infrequência e abandono escolar, fazendo parte do dia-a-dia das escolas do município. 
A preparação dada para iniciar o projeto da RAE dar-se-á de modo a explicar como 
funcionará a rede de apoio, principalmente. 
Através de um termo de cooperação firmado em 2011, entre Ministério Público do 
Estado do Rio Grande do Sul, Secretaria Estadual de Educação, Conselho Estadual de 
Educação, Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente e outros órgãos 
relacionados à Educação, um processo de controle de abandono da escola foi iniciado. 
Desde 1997, a FICAI atua no Estado, com representação em mais de 460 Municípios, 
porém, a união do projeto com a RAE tem por objetivo reforçar a integração social. 
O aluno está infrequente? A direção da escola, ou os professores, vão atrás do aluno 
para descobrir o que aconteceu e conversar com os pais para que a criança volte. 
Nesse meio tempo, a escola poderá situar-se do que está acontecendo com o aluno, e 
repassar na reunião da rede de apoio. A partir disso, serão discutidas soluções para o 
problema e a criança poderá ser direcionada para atendimento específico, caso seja 
necessário. Se o aluno não voltar para a escola, a mesma termina de preencher a FICAI, 
encaminha para o Conselho Tutelar e será responsabilidade do Conselho fazer com 
que o aluno retorne. Se isso não acontecer, irá para o Ministério Público. 
A Promotoria Regional da Educação de Santa Maria, junto ao Ministério Público do RS, 
abrange 44 municípios e está vinculado à 08 Coordenadorias Regionais da Educação. 
Antes da criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, os então chamados 
genericamente de “menores” eram considerados meros objetos da intervenção do 
Estado, sem qualquer direito explicitamente reconhecido e sem serem portando 
cidadãos. Com o ECA, crianças e adolescente passaram ao status de Sujeitos de 
Direitos, em igualdade de condições com todos os demais cidadãos. 
 
PNE – Plano Nacional de Educação: Em 26 de junho de 2014, o Plano Nacional de 
Educação (PNE) foi sancionado após quatro anos de tramitação no Congresso Nacional. 
Este Plano visa melhorar a educação no país com base em 20 metas, que devem ser 
atingidas em 10 anos. Como já explicamos brevemente acima, o Plano Nacional de 
Educação, estabelecido pela Lei Nº 13.005 e mais conhecido como PNE, é um 
documento que determina as diretrizes, metas e estratégias para a política 
educacional entre o período de 2014 e 2024. 
Dessa forma, todos os estados e municípios devem estruturar seus planos específicos – 
mais conhecidos como Planos Subnacionais de Educação – mostrando como vão 
alcançar e atingir as metas previstas pelo PNE, considerando, é claro, o contexto e as 
necessidades locais. 
O PNE, sancionado em 2014, estabelece 10 diretrizes para melhorar a educação até o 
ano de 2024. A seguir listamos os objetivos deste Plano: 
Erradicação do analfabetismo; 
Universalização do atendimento escolar; 
Superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da justiça social, 
da equidade e da não discriminação; 
Melhoria da qualidade da educação; 
Formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos 
em que se fundamenta a sociedade; 
Promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; 
Promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país; 
Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como 
proporção do produto interno bruto, que assegure atendimento às necessidades de 
expansão, com padrão de qualidade e equidade; 
Valorização dos profissionais da educação; 
Promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à 
sustentabilidade socioambiental. 
Mas o PNE que está em vigor não foi o primeiro de nossa história. Em 1996, por 
exemplo, o primeiro Plano Nacional de Educação foi criado, mas, no entanto, vários 
objetivos não foram alcançados. Dessa forma, um novo plano – o sancionado em 2014 
– foi criado de maneira mais objetiva e com muitos dados estatísticos, o que facilita 
não só o cumprimento, mas também a sua fiscalização. 
LDB (Lei 9394 de 96): LDB é a sigla para Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 
considerada a mais importante lei que versasobre a educação no Brasil. Conhecida 
popularmente como Lei Darcy Ribeiro, em homenagem a um dos mais proeminentes 
educadores brasileiros, a LDB deve ser estudada por todo estudante e profissional da 
educação. 
Aprovada em 1996, a LDB define e organiza todo o sistema educacional brasileiro, do 
ensino infantil até o superior, assegurando, dessa forma, o direito social à educação 
para estudantes brasileiros. A sigla LDB representa a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação (Lei n. 9394/96). Ela é composta por 92 artigos que estabelecem – como o 
próprio nome diz – as diretrizes e bases da educação nacional. 
Essa legislação disciplina os diferentes níveis de ensino, os profissionais que atuam 
nessa área, os recursos financeiros que devem ser destinados, entre outros assuntos. 
Em outras palavras, a LDB define e organiza todo o sistema educacional brasileiro, do 
ensino infantil até o superior, assegurando, dessa forma, o direito social à educação a 
todos os estudantes brasileiros. 
• PANDEMIA E EDUCAÇÃO: 
Com o advento da pandemia do COVID-19, o isolamento social foi imposto e 
como consequência disso, as salas de aulas e o ensino presencial abriram 
espaço para plataformas virtuais e aulas à distância. Esse cenário de 
distanciamento física e emocional entre os alunos e a instituição ecolar com 
seus significados (direções, coordenações, professores e demais 
profissionais) por certo, incidiu na desmotivação e distanciamento afetivo 
dos estudantes para com a escola. 
Neste contexto, o segmento mais afetado pela pandemia foi o das crianças e 
dos adolescentes, isto porque inúmeros problemas de aprendizagem 
começaram a surgir, como por exemplo a dificuldade de entender um 
conteúdo sem ter um professor presencialmente para explicar a matéria, de 
ter disciplina, de se concentrar e até mesmo dificuldades envolvendo o 
acesso à internet de qualidade para consumir os conteúdos ministrados. 
Ficou evidente que existem realidades nas quais as condições de acesso ao 
meio virtual ainda são limitadas nos dias atuais. 
 
Diante disso, o Ministério Público, por meio de seus promotores e 
promotoras, passaram a articular e desenvolver ações que promover a 
recuperação desta aprendizagem, que foi gravemente afetada pelo contexto 
pandêmico. 
 
Estas ações são colocadas em prática nos dias de hoje a partir de um Termo 
de Cooperação Interinstitucional, no qual há um trabalho conjunto entre os 
poderes do Estado e a própria sociedade civil. 
 
É imprescindível mencionar que, para que estas ações sejam efetivas e para 
se ter uma dimensão dos desafios, deve ser analisado antes de tudo a 
realidade social destas crianças e adolescente. O conhecimento da realidade 
sobre as crianças e adolescentes fora da escola permite o diagnóstico do 
problema, sua amplitude e dimensões, a partir de indicadores qualitativos e 
quantitativos, bem como das forças e fragilidades das políticas públicas 
locais. Por isso, foi feito um levantamento em março/abril de 2022, onde 
colheu-se informações sobre a busca ativa escolar e sobre a recuperação de 
aprendizagem, por meio de formulários digitais enviados para a rede 
estadual. 
 
Houve uma excelente adesão por parte da Coordenadorias Regionais da 
Educação e os gestores municipais da educação (cerca de 95% dos municípios 
e 96% das Coordenadorias Regionais de Educação). 
 
Houve um aumento das matrículas nas redes municipais entre o ano de 2021 
e 2022 (aumento de 3,41% ). 
Quando comparada com a rede de educação estadual em 2022, verifica-se 
que a rede municipal apresenta percentuais mais elevados no que tange os 
anos iniciais e finais do ensino fundamental. No entanto, quando se trata de 
ensino médio e EJA, a rede estadual apresenta números superiores. 
 
A rede de educação estadual apresentou um elevado crescimento de 20,48% 
no número de matrículas no ensino médio, quando comparado ao ano de 
2021. 
 
A evasão escolar e a infrequência escolar são assuntos delicados e 
preocupantes, uma vez que, nos anos de 2021 e 2022, o percentual de 
abandono/infrequência escolar foi de 56% dos municípios e 94% das 
Coordenadorias Regionais de Educação. 
 
O que chamou a atenção em levantamento realizado foi que diversos 
municípios do estado do RS não souberam estimar o número de crianças fora 
da escola durante a pré-escola na rede municipal de ensino. 
 
As Promotorias Regionais de Educação têm buscado fomentar a busca ativa 
escolar e o trabalho intersetorial, mesmo preteritamente à pandemia. 
 
A Busca Ativa Escolar permite que as pessoas enviem informações sobre 
crianças e adolescentes fora da escola pela internet, por meio de aplicativo 
ou por SMS. Uma equipe intersetorial local toma as medidas necessárias para 
a matrícula, permanência e aprendizagem. Trata-se, em outras palavras, de 
um trabalho direcionado a universalizar e a integralizar a educação, de modo 
a torná-la acessível aos estudantes das mais diversas etapas de ensino. Trata-
se da aproximação do serviço às necessidades da população a partir da sua 
realidade concreta, que neste caso é a educação. A Busca ativa escolar é um 
instrumento que conduz o Estado ao indivíduo que não usufrui de 
determinados serviços públicos e/ou vive fora de qualquer rede de proteção 
e promoção social. Visa-se a inclusão no indivíduo dentro de seus direitos. A 
busca ativa requer o envolvimento intersetorial de políticas públicas sociais 
dos órgãos do Sistema de Justiça, bem como da sociedade civil como um 
todo. É um trabalho em rede. 
A busca ativa escolar está prevista no Plano Nacional de Educação em todas 
as etapas de educação básica, bem como para a educação de jovens e 
adultos. 
No que tange à evasão escolar e o não acesso à escola, a busca ativa e o 
trabalho em rede são complementares e inter-relacionados. 
Quando realizado levantamento em de 2021 para 2022, verificou-se que, a 
partir de medidas implementadas pela busca ativa escolar, houve um retorno 
de 44% de alunos às escolas, em relação ao indicado fora da escola. 
 
De 356 municípios analisados, em 75% deste foram realizadas buscas ativa 
escolares incluindo visitação (alguns por professores e outros por 
conselheiros tutelares. 
 
Em 1997, em POA, foi criado o FICAI (Ficha de Informação do Aluno 
Infrequente ou também chamado de Ficha de Comunicação de Aluno 
Infrequente), instrumento utilizado para contribuir no processo de 
enfrentamento à evasão e a à infrequência das escolas. 
 
Em 2011, o FICAI estimulou o trabalho em intersetoriais, ao ponto de criar as 
RAE’s (Redes de Apoio à Escolas). Em 2015, foi adotado o modo online e 
atualmente as redes de apoio à escola funcionam no formato digital. 
 
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A partir do cenário pandêmico e das novas demandas que a aprendizagem 
passou a exigir diante das novas tecnologias, a Ficha de Comunicação de 
Aluno Infrequente deu início a uma atualização e revitalização, visando 
tornar mais cooperativo o trabalho em rede e intersetorial. Além disso, 
recentes estudos constataram a necessidade existente para o 
aprimoramento da FICAI, adequando-se em termos tecnológicos e à 
metodologia da busca ativa escolar. 
 
O Estado do Rio Grande do Sul possui 497 municípios, com portes e 
realidades sociais bastante diversas. E diante dos casos concretos, há 
problemas complexos que requerem estratégias coletiva e abrangentes. 
Neste sentido, há algumas ideias de planejamento locais para o 
enfrentamento à exclusão escolar: 
 
Como desenvolvimento da busca ativa escolar, é imprescindível a mobilização da 
comunidade por meio de campanhas em defesa da educação. Nessa esteira, também 
se vê necessário a articulação das redes intersetoriais (redes de apoio à escola) através 
da realização de estudos, diagnósticos, reuniões, capacitação dos profissionais da 
educação, normatização pelos conselhos municipais de educação, de avaliação e 
monitoramento, de estratégias e do uso derecursos informatizados. 
A busca ativa é um desafio intersetorial e compartilhado com o conjunto da sociedade 
civil e famílias, sobretudo porque parcela significativa dos alunos não desenvolveram o 
necessário ou o projetado para seu ciclo ou ano. A escola tem o papel de favorecer e 
constituir as condições para os processos de ensino-aprendizagem. 
A esse respeito, a Lei 9.394 de 1996 estabelece a obrigação legal de o estabelecimento 
de ensino e o educador zelarem pelo aperfeiçoamento da prática de ensino e 
aprendizagem, com trabalho de diferenciado aos alunos mais vulneráveis, trazendo 
entre os dispositivos do artigo 12 – V “prover meios para a recuperação dos alunos de 
menor rendimento” e do artigo 13, incisos III e IV, “zelar pela aprendizagem dos alunos 
(...) estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento”. 
 
A escola vem se deparando com a exclusão de alunos desde que se propôs à 
universalização do acesso. Com isso, foram implementadas experiências em diversas 
redes conhecidas como estratégias de “aceleração”. Os programas de aceleração têm 
o propósito de desenvolver ações que permitam a integração ou reintegração de 
alunos excluídos da escola no processo de escolarização regular. As estratégias mais 
usadas são o apoio pedagógico e oficinas de matemática e língua portuguesa. A 
aceleração de aprendizagem ou os programas de correção de fluxo têm baixo 
indicador. Com a pandemia da Covid-19, as circunstâncias e a dimensão do problema 
se ampliaram, o que impõe tratar a recuperação de aprendizagens como estratégia 
planejada incorporada ao cotidiano da escola. 
Há a necessidade de estabelecer estratégias específicas para recomposição ou 
recuperação de aprendizagens, considerando a singularidade de cada realidade social. 
O próprio CNE (Conselho Nacional da Educação), por meio do parecer n°6 de 2021 
indicou a priorização da busca ativa escolar, a avaliação diagnóstica para orientar a 
recuperação das aprendizagens e o replanejamento curricular. 
Um estudo realizado sobre a distorção idade-ano, por Chiapinoto e Lunardi (2022), 
com base nas experiências da rede municipal de Santa Maria, reproduziu estratégias 
no que tange a recuperação a recuperação da aprendizagem e abriu espaço para o 
debate sobre este assunto. O estudo partiu da alta defasagem gerada pela retenção e 
reprovação nas escolas e levou em consideração tanto os aspectos internos dos 
estabelecimentos de ensino, bem como as dimensões que envolvem família, 
comunidade e a realidade social. 
A criança e adolescente precisam de escola estruturada, amparo familiar, condições 
para estudar, conjunto de políticas intersetoriais, alimentação adequada, sala de aula 
com mobiliário adequado, espaço para educação física e arte. Além disso, é 
imprescindível que haja uma identificação do professor com o aluno, recursos 
tecnológicos, transformação da realidade, motivação intrínseca do indivíduo, proposta 
pedagógica adequada, ambiente escolar significativo para a criança, família caminhando 
junto com a escola e, é claro, uma esquipe docente bem preparada para tratar com 
cautela a singularidade de cada realidade social, levando em consideração aqueles 
alunos que são vulneráveis. 
 As autoras que realizaram este estudo, concluíram que para que haja um planejamento 
efetivo e preventivo (ao invés de meramente reparador), deve-se levar em conta 
algumas ações de articulação no que tange a busca ativa escolar, como por exemplo: a 
criação do bloco pedagógico de alfabetização, garantia de vagas em escolas públicas 
para crianças a partir de 4 anos, controle de frequência dos estudantes, avaliação 
diagnóstica, ampliação da carga horária diária escolar (educação em tempo integral), 
transformação da escola em um espaço atrativo, agradável e estimulante, criação de 
parcerias intersetoriais como Secretaria de Esporte e Lazer, Secretaria de Cultura, 
Secretaria de Transporte, Programas institucionais de Correção de Fluxo Escolar 
adequado para cada realidade, investimento em material didático e material 
pedagógico como jogos e diferentes recursos educacionais. Ademais, é importante 
mencionar que a planificação do trabalho é necessário para a previsão e a alocação dos 
recursos necessários. 
A planificação do que será feito na busca ativa escolar pode ser pautada a partir do 
diagnóstico individual dos alunos que retornaram à escola e, consequentemente, a 
partir dos indicadores do diagnóstico, estabelecer estratégias de recuperação da 
aprendizagem. Além disso, a partir dos supramencionados indicadores, é interessante 
alocar os recursos humanos necessários (como contratação, concurso e remanejo), 
destinar os recursos materiais necessários à recuperação da aprendizagem, capacitar 
professores quanto aos processos pedagógicos, destinar assessor e supervisão às 
escolas para as experiências de recuperação de aprendizagem, monitoramento e 
avaliação, normatização pelos Conselhos Municipais de Educação e compartilhamento 
com os profissionais da educação de todos os fluxos da busca ativa escolar. 
Os dados coletados a partir do diagnóstico feito servem como uma bússola, um norte, 
que orienta os processos de planejamento e para identificar coletivamente as lacunas e 
as defasagens a serem enfrentadas. 
No último diagnóstico realizado, detectou-se que nas duas redes (municipal e estadual) 
os recursos tecnológicos são escassos; que menos de 60% (tanto da rede municipal 
quanto a rede estadual) assinalaram positivamente para a alocação de recursos 
humanos, pedagógicos e tecnológicos; e que a supervisão às escolas para as 
experiências de recuperação de aprendizagem é atualmente ofertada por ambas as 
redes, apresentando um indicador superior à 85%. 
Um dos requisitos para o desenvolvimento dos processos de recuperação de 
aprendizagem é a capacitação dos professores. Insta mencionar que a rede de ensino 
estadual apresentou indicadores potentes sobre isso. 
Quando falamos em supervisão, é importante mencionar que ela favorece o 
alinhamento, a criação de espaços de troca e compartilhamento de conhecimentos, 
ampliando a construção de alternativas com os próprios profissionais da rede local. 
 O Ministério Público do RS tem a atuação junto à Política de Educação como 
estratégica, compreendendo que o acesso ao conhecimento socialmente acumulado 
pela humanidade e o desenvolvimento pleno de habilidades e competências de 
crianças e adolescentes é um bem social de valor inestimável, para um presente e um 
futuro digno para todos. 
Nessa esteira, foram criadas as Promotorias Regionais da Educação, visando 
especializar a atuação institucional na exigibilidade desse direito social. Essa 
caminhada institucional que já tem uma história no Rio Grande do Sul, nas 10 regionais 
da Educação, vem sendo partilhada com um conjunto de atores e segmentos que têm 
propósitos comuns. 
Em fevereiro de 2022, pactuou-se com 17 instituições representativas do Estado e da 
sociedade civil, e se estabeleceu o Termo de Cooperação Interinstitucional que 
desenha um conjunto de compromissos comuns entre os firmatórios para que, 
coletivamente, façamos frente aos desafios postos à Educação. 
O Comitê Gestor Estadual responsável por dar vida ao pacto firmado vem 
desdobrando os conteúdos pactuados em um plano de trabalho para o qual todas as 
instituições partícipes têm contribuído. Trabalha-se com indicadores e informações 
confiáveis que auxiliem no planejamento dos trabalhos. Os dados colhidos indicam que 
as redes municipais e estaduais estão em movimento. O tema da busca ativa escolar e 
da recuperação de aprendizagem está na pauta coletiva. Há reorganização das redes 
intersetoriais (RAE’S), investimentos em tecnologia da informação, em recursos 
humanos e pedagógicos. Porém, atualmente, ainda existem vazios de informação, o 
que é preciso desfazer para identificar com nitidez o tamanho dos desafios para trazercada estudante gaúcho para a escola. 
Ao adentrar à escola, a tarefa não está concluída, é preciso receber a cada estudante 
na sua singularidade. É preciso, ressalta-se novamente, da colaboração de toda a 
sociedade, de recursos humanos, pedagógicos e capacitação continuada dos docentes. 
A Emenda Constitucional 59/2006 e Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014) 
estabeleceram que o ingresso da criança na pré-escola deve ser efetivado a partir dos 
4 anos de idade, e que é direito da criança frequentar a cheche, dos 0 aos 3 anos de 
idade. 
Acolhendo manifestação do Ministério Público do Rio Grande do Sul em ações civis 
públicas ajuizadas pela Promotoria de Justiça Regional da Educação de Santa Maria, a 
Justiça determinou que o Estado do Rio Grande do Sul disponibilize transporte escolar, 
de forma regular e ininterrupta, a todos os alunos da rede pública estadual residentes 
na zona rural e aos alunos com deficiência, inclusive na zona urbana, dos municípios de 
Santa Maria, São Gabriel, Jaguari e Santiago, sob pena de multa diária em caso de 
descumprimento da ordem judicial. 
Nas ações, a promotora de Justiça Regional da Educação de Santa Maria, Rosangela 
Corrêa da Rosa, registra que “a recusa do Estado do Rio Grande do Sul – através da 
omissão inicial em realizar a licitação do transporte escolar em Santa Maria e, agora, 
através da morosidade no processo de licitação, especialmente na tramitação interna 
de análise de dados e pareceres – frustra a oferta de transporte escolar para que as 
crianças e adolescentes de rede estadual de Santa Maria e prejudica a frequência à 
escola, com regularidade, desses alunos. Tal situação, depois de dois anos de 
afastamento da presencialidade na pandemia, caracteriza violação do direito à 
educação, fazendo com que o Ministério Público tenha que ajuizar a presente ação 
civil pública, com pedido de tutela de urgência”. 
Além da tutela de urgência, foi pedida pelo MPRS a condenação do Estado pela prática 
de dano moral coletivo, ante a gravidade da conduta e a prática reiterada de atos 
semelhantes, a extensão do dano (grande número de alunos atingidos, por 
aproximadamente dois meses de aulas presenciais), a gravidade, a intencionalidade e a 
reprovabilidade extremas da conduta, com a condenação do ente federativo. 
No despacho, a magistrada Gabriela Dantas Bobsin destacou que “a audiência de 
conciliação restou inconclusiva quanto à data de início da disponibilização efetiva do 
transporte aos alunos das escolas relacionadas, embora já tenha-se iniciado há mais de 
60 dias o ano letivo, somando 479 alunos sem perspectiva de atendimento pelo 
serviço. Embora noticiadas duas ordens de início às contratadas, não contemplam 
sequer 10% do número trazido na inicial. Nessas circunstâncias, há ensejo ao 
deferimento dos pedidos de tutela antecipada formulados pelo Ministério Público, 
legitimado à defesa do coletivo das crianças e adolescentes para garantia de direitos 
básicos, neste caso indubitavelmente violados por omissão do Estado”. 
Em Santa Maria e Santiago, foi fixada multa diária, enquanto as decisões de Jaguari e 
São Gabriel foram pena de bloqueio de valores para custeio do transporte. 
Após as ações e em cumprimento das decisões judiciais, foi regularizado o transporte 
escolar em São Gabriel, enquanto Jaguari e Santa Maria tiveram algumas linhas 
regularizadas, ainda em curso o prazo judicial. 
Ainda, a pedido do MPRS, a Justiça determinou que as 8ª, 19ª e 35ª Coordenadorias 
Regionais da Educação apresentem, no prazo de 10 dias, um plano emergencial de 
recuperação dos dias letivos, para análise e posterior homologação judicial. 
O Estado recorreu da decisão da ação civil pública de Santa Maria, sendo mantida a 
multa pela Justiça, mas ampliado o prazo para 30 dias. “Quanto à astreinte e o valor 
fixado na decisão recorrida igualmente descabe seu afastamento ou redução, visto que 
tal imposição tem por finalidade compelir ao cumprimento da ordem judicial 
atingindo-se assim o objetivo pretendido que é a efetivação das medidas 
determinadas, não sendo esperado oportunizar seu descumprimento. O valor elevado 
fustiga para surtir o efeito pretendido que é o cumprimento da decisão judicial, 
afastando a possibilidade da parte achar conveniente optar por arcar com a multa, 
pelo seu valor acessível, no lugar de atender ao comando judicial”, destaca o 
desembargador relator Eduardo Kothe Werlang, mantendo a decisão, alterando 
apenas o prazo estipulado para que o Estado disponibilize transporte escolar, de 10 
para 30 dias. 
Incumbe ao Poder Público tornar real o direito à educação, mediante concreta 
efetivação da promessa constitucional que garante de acesso irrestrito de todos aos 
bancos escolares. 
Uma Ação Civil Pública pode ser ajuizada na defesa do direito à educação. 
O foco da Ação Civil Pública como mecanismo processual propicia a defesa 
fundamental e essencial na proteção das normas de direitos indispensáveis e sua 
aplicabilidade. 
O direito à educação é classificado como um direito social, fazendo parte do grupo dos 
direitos fundamentais de segunda geração. 
Diante tanta batalha foi na Constituição de 1988 que o instituto recebeu status 
constitucional com a inserção do Artigo 129 que diz: “São funções institucionais do 
Ministério Público: (…) III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a 
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses 
difusos e coletivos” (BRASIL, 1988). 
As garantias constitucionais tanto podem ser garantias da própria Constituição 
(acepção lata) como garantias dos direitos sociais subjetivos expressos ou outorgados 
na carta Magna, portanto, remédios jurisdicionais eficazes para a salvaguarda desses 
direitos (acepção estrita). 
Vale acrescentar que qualquer pessoa ou grupo de pessoas acima mencionadas pode 
acionar o Poder Judiciário e ser for comprovada a negligência do Poder Público na 
oferta do ensino obrigatório, a autoridade competente poderá ser imputada de crime 
de responsabilidade. 
Em razão do exposto, fica claro que a implementação de políticas públicas para a 
educação é um dever do Estado. Possibilitando a busca ao Poder Judiciário pela 
concretização do direito social à educação. Tendo como instrumento processual para 
tal objetivo a Ação Civil Pública.Anos mais tarde foi agregado nessa defesa o Estatuto 
da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990 e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 
1996, que regulamentam e complementam o Direito à Educação, onde nenhuma 
criança, jovem ou adulto brasileiro pode deixar de estudar por falta de vaga. 
Prevê o artigo 209 do Estatuto da Criança e do Adolescente que as ações que tenham por 
objeto interesses individuais, difusos ou coletivos das crianças e adolescentes serão propostas 
no local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou a omissão. 
O art. 148, IV, do mesmo estatuto legal, preconiza que a Justiça da Infância e Juventude é 
competente para conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou 
coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art. 209. 
O ensino infantil foi elevado à categoria de direito público subjetivo, restando determinado 
que é dever do Estado fornecer o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, de acordo com o 
artigo 208, incisos IV e V e §1º, da Constituição Federal, e artigo 54, inciso I, do Estatuto da 
Criança e do Adolescente. 
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente essencial a função jurisdicional do 
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses 
sociais e individuais indisponíveis. (...) Art. 129. São funções institucionais do Ministério 
Público: (...) II - zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância 
pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua 
garantia; 
O cabimento deação civil pública para a defesa de interesses individuais indisponíveis 
pertinentes a infância e juventude, vem especialmente consagrado no Estatuto da Criança e 
Adolescente, que prevê: Art. 201 - Compete ao Ministério Público: (...) V – promover o 
inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou 
coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no artigo 220, § 3º, inciso 
II, da Constituição Federal; (...) VIII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais 
assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais 
cabíveis; (...). 
De forma específica, em se tratando de garantir o direito público subjetivo à educação, versa o 
art. 5º, caput, e §3°, da Lei Federal n. 9.394/1996 (LDB), que: Art. 5º. O acesso ao ensino 
fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, 
associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente 
constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo. (...) § 3º. 
Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no 
Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do Art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de 
rito sumário a ação judicial correspondente.” 
Ademais, a responsabilidade em matéria de educação básica – e, portanto, a legitimidade para 
estar no polo passivo desta demanda – decorre do previsto nos arts. 23, inciso V, 205 e 211, § 
3º, todos da Constituição da República, no art. 54 da Lei n. 8.069/90, nos arts. 2º e 5º da Lei 
n°9.394/1996, dentre outros diplomas legais. 
A Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988, em seu artigo 6o , 
consagrou a educação e a proteção à infância como direitos fundamentais sociais. Trata-se de 
direitos fundamentais de segunda geração, que impõe ao Estado obrigações prestacionais, isto 
é, comportamento ativo para sua concretização prática. 
Mais adiante, no artigo 227, caput, o texto constitucional brasileiro estabeleceu 
expressamente, como dever do Estado, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta 
prioridade, dentre outros, o direito à educação. 
Ditos preceitos constitucionais foram repetidos e regulamentados, em nível 
infraconstitucional, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, em vários de seus dispositivos. 
Ainda em sede infraconstitucional, convém aludir à Lei Federal nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional), no que concerne aos princípios e critérios que orientam a 
organização da educação básica. 
É direito público subjetivo, gratuito e obrigatório o ensino para crianças e adolescentes de 4 à 
17 ano. 
O PNE (Plano Nacional de Educação), previu mediante a Lei Federal nº 13.005 de 2014 que os 
Planos Municipais e Estaduais de educação são instrumentos de planejamento que devem 
levar em consideração a realidade local, o universo de pessoas que serão beneficiadas e os 
curtos envolvidos 
Para que a educação seja ofertada de maneira efetiva, é necessário, que o poder público 
planeje as ações na área, por meio de inserção da matéria no contexto dos planos plurianuais, 
das leis de diretrizes orçamentárias e das leis orçamentarias anuais. 
Os municípios devem divulgar, estimular à participação social, acompanhar e monitorar a 
execução 
Há uma co-responsabilidade estabelecida entre diversos órgãos e autoridades. 
 
 
Lei seca 
*art.6º da CF 
*art 227 da CF 
*art 205 da CF 
* art 208(Caput + V + §1º) da CF 
*art 3º do ECA 
*art 4º do ECA 
*art 53 (caput + V) do ECA 
*art 54 (caput + I,+§1º+§2º) 
*art 2º da lei 9394 de 96 
*art 3º (caput+I+II) da lei 9394 de 96 
*art 4º (caput+I) da lei 9394 de 96 
*art 5º (caput+§2º+§3º+§4º+§5º) da lei 9394 de 96 
*art 22 da lei 9394 de 96 
*art 32 da lei 9394 de 96 
*art 
*art.208 (I+II+§1º+§2º) da CF 
*art 98 do ECA 
*art.127 e 129 da CF 
*art 129 da CF 
*Emenda nº59 de 2009 
* art. 129, inciso III, da CF 
*art 205 da CF 
* artigo 25, inciso IV, “a”, da Lei n.º 8.625/93 
* artigo 201, incisos V e VIII, da Lei n.º 8.069/90 
*art 208 da CF 
*art 209 do ECA 
*art 148, IV, ECA 
* artigo 208, incisos IV e V e §1º, da CF 
*artigo 54, inciso I, do ECA 
*art 201, V, VIII do ECA 
* art. 5º, caput, e §3°, da Lei Federal n. 9.394/1996 (LDB) 
* arts. 23, inciso V, 205 e 211, § 3º, todos da Constituição da República, no art. 54 da Lei n. 
8.069/90, nos arts. 2º e 5º da Lei n°9.394/1996,

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