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Psicologia da Comunicação
Aula 1 – Psicologia Social e Processos Interpessoais
Psicologia social X Sociologia
A psicologia social e seus principais objetos de estudo
Sabemos que a Psicologia Social se caracteriza pelo segmento da Psicologia que estuda os processos
relacionais, logo, podemos dizer que todos os trabalhos nesta área se fundamentam na relação com o
outro. As relações interpessoais estão presentes em nossas vidas desde o nascimento através de processos
de dependência e de interdependência, até nossa morte. Estas relações são fatores determinantes de vários
processos psíquicos, pois, além de definirem os aspectos relacionais, influenciam consideravelmente em
nossa própria estrutura interna de personalidade.
Processos Relacionais sob a Ótica do Conhecimento Científico da Psicologia
Apesar do vínculo relacional ser tão constante em nossas vidas, apenas com Lewin na década de 30
iniciou-se os estudos dos processos relacionais sob a ótica do conhecimento científico da Psicologia. 
Antes disso, os processos psíquicos eram entendidos como exclusivamente interiores e pessoais, isto é,
sem a influência direta das relações na sua constituição. Esta visão deve-se em grande parte à Psicanálise
e sua influência de um modelo médico organicista aplicado aos processos psicológicos. Hoje em dia, a
compreensão destes processos é praticamente oposta ao modelo citado. 
As relações adquiriram uma importância tal na construção dos processos psicológicos que temos
abordagens tais como a da escola francesa de psicologia que, por exemplo, considera que a personalidade
não é algo que os indivíduos possuem, mas sim, algo que exibem na relação com o outro. 
Isto é, a personalidade construída como um mecanismo relacional. 
Para o Behaviorismo de Watson, a personalidade é um conjunto de condicionamentos aprendidos através
das relações e assim por diante, temos uma série de modelos que consideram as relações como não só
influentes, mas determinantes nos processos mentais.
Principais processos psíquicos
Dentre os principais processos psíquicos que hoje podemos considerar como determinados pelas relações
interpessoais temos os seguintes:
- O Outro como Fator de Segurança: Proveniente do comportamento infantil, aonde há total
dependência de um adulto. Desta forma nos acostumamos a perceber o outro como um apoio as suas
necessidades ou inseguranças.
- O Outro como fator de influência na personalidade: Concepção baseada em conceitos pelas quais a
personalidade é exclusivamente um produto da interação social, como nas teorias culturalistas.
- O Outro como fator de equilíbrio psicológico: O outro é visto como modelo e o sentimento de
normalidade se dará em função da equiparação da pessoa com o senso comum.
- O Outro como fator motivador de ações e atitudes: A ação é a realização será ao contexto relacional 
( códigos culturais) que motivou a intenção.
Comportamento social
O modo como as relações dos processos psíquicos se estabelecem é, inicialmente, através de certos
comportamentos que produzimos em função do outro, ou mesmo em função de nossas próprias
expectativas sociais, ou seja, em função do modo como queremos que os outros nos percebam. A estes
comportamentos chamamos de comportamento social. Assim, o que difere um comportamento social de
um não social, não é propriamente a ação realizada, mas sim, a intenção que motivou a ação.
Procurar uma sombra em um dia de sol forte pode não ser um comportamento social se a motivação
estiver em uma sensação desagradável do sujeito.Pode ser um comportamento social, se a motivação
estiver no fato dele não querer transpirar na roupa, pois se dirige a um encontro importante.
ATENÇÃO: 
São exatamente estes comportamentos sociais que nos conduzem a um processo tão comum e, ao mesmo
tempo, talvez um dos mais complexos nas sociedades humanas: A formação de GRUPOS.
Grupo: Primeiramente, torna-se necessário uma definição mais precisa do que seja GRUPO.
É o nome dado ao espaço psicológico aonde o individuo se relaciona com o social. Ogrupo ou não-grupo,
está dentro de nós,em nosso psiquismo.
Uma vez instituído o grupo, passam a ocorrer processos que se caracterizam pela bi-direcionalidade, ou
seja, são processos relacionais que atuam ao mesmo tempo na direção do sujeito para o grupo e do grupo
para o sujeito. 
São eles:
Coesão: É a pressão resultante das forças que agem sobre o sujeito para que este permaneça ligado ao
grupo. Foram detectadas por estudos experimentais três destas forças como principais fontes de
COESÃO: ATRAÇÃO PESSOAL ENTRE OS COMPONENTES, ATRAÇÃO PELA TAREFA FIM
DO GRUPO e ATRAÇÃO PELO PRESTÍGIO DO GRUPO. A primeira caracteriza-se pela afinidade que
possa existir entre os membros. A segunda considera que os grupos tem, invariavelmente, uma proposta
fim, seja a manutenção de uma família ou a construção de um projeto espacial e, a força de coesão seria o
interesse do sujeito pela obtenção do objetivo do grupo ao qual pertence. A última assinala como fonte de
permanência em um grupo um interesse de ordem pessoal, de orgulho ou talvez vantagens, que o
indivíduo possa usufruir por pertencer a um determinado grupo.
Coalizão: É o processo pelo qual diferenças individuais de poder pessoal são anuladas pela integração de
seus membros. A coalizão se dá entre alguns membros de um grupo com o objetivo de equilibrar o poder
no conjunto grupal. A título de exemplificação, tomemos como grupo, os partidos políticos. É bastante
frequente vermos o partido “A” fazer uma coalizão com o partido “B” para equilibrar uma votação aonde,
se sabe, que o partido “C” tem opinião contrária e muitos membros votantes. A união de forças
tecnicamente não visa derrotar um membro, mas sim equilibrar o grupo (Se “C” > “A” e “A” = “B”, a
coalizão “AB” (A + B) será > ou = “C”).
Comunicação: A comunicação grupal refere-se ao nível de acesso e influência direta exercida por um
membro do grupo em relação aos demais. A comunicação está diretamente relacionada à eficácia do
funcionamento do grupo, isto é, quanto maior comunicação, mais eficácia. 
Existem dois tipos de comunicação entre os membros de um grupo. 
CENTRALIZADA, quando um membro do grupo detém e centraliza a comunicação com os demais. 
DESCENTRALIZADA, quando a comunicação é igualitária entre os membros, ou seja, não há
necessidade da interferência de um membro para que qualquer outro se comunique com os demais.
Normas: São padrões ou expectativas de comportamento partilhadas pelos membros de um grupo. 
Todo grupo tem necessariamente que produzir normas para a sua manutenção. Mesmo que não
conscientemente, as normas são fixadas em função de vários fatores, mas de modo geral, reproduzem e
substituem as diretrizes do poder dominante. As normas podem ser EXPLÍCITAS, isto é, diretas como as
regras de um jogo, ou IMPLÍCITAS, não diretas, como em uma relação conjugal.
Liderança: Durante muito tempo, acreditou-se em teorias que baseavam a liderança em traços de
personalidade (inteligência, dominância, autoconfiança, etc...), hoje, são mais aceitas as teorias que
consideram a chamada LIDERANÇA EMERGENTE, segundo as quais, a liderança é fruto da interação
entre os membros do grupo e surge em função de seus objetivos. Em outras palavras, o líder é definido
pelo grupo como aquele que apresenta melhores condições de encaminhar o grupo ao seu objetivo. 
Mudando-se o objetivo do grupo, este se reorganiza sob nova liderança (que não precisa ser
necessariamente uma liderança formal).
Status: Prestígio desfrutado por um membro do grupo. O Status refere-se à POSIÇÃO do sujeito no
grupo. Pode ser SUBJETIVO, que representa uma visão pessoal do sujeito sobre si mesmo, ou SOCIAL,
que é o resultado do consenso do grupo acerca do indivíduo.
O Status subjetivo pode ou não corresponder ao Status social. O Status é sempre conferido em função da
natureza do grupo. Isto é, dependendo da característicado grupo, certas características pessoais podem ser
mais ou menos valorizadas pelos demais, o que determinará o Status do sujeito no grupo.
Papel: Diretamente relacionado ao Status, o Papel representa o conjunto subjetivo de atributos
organizados e construídos pela FUNÇÃO do sujeito no grupo. 
Assim como o Status, o Papel também pode ser subjetivamente atribuído pelo sujeito a si próprio, ou
coerente às expectativas do grupo.
Animais sociais
Para entendermos os processos relacionais, torna-se importante, ainda, considerarmos que o homem,
como qualquer animal social, possui certas características de vínculos grupais que pertencem à natureza
destes animais. Assim, uma rápida noção sobre a abordagem etológica pode nos ser útil no sentido de
verificarmos alguns destes procedimentos grupais que independem da cultura do grupo, uma vez que
pertencem ao conjunto de condutas instintivas das espécies sociais. Ao final do século passado, os
homens de ciência que pesquisavam o comportamento animal tiveram contribuições significativas de
teóricos de abordagens reflexológicas, como Pavlov, e behavioristas, como Watson. 
A limitação, no entanto, estava no fato de que estes cientistas estudavam as reações dos animais em
situações artificiais de laboratório. Seus trabalhos visavam mais a comparações reflexas com o ser
humano do que propriamente à análise das próprias estruturas comportamentais dos agrupamentos
animais. Esta lacuna foi preenchida pela Escola Objetivista de Lorenz, que passou a estudar o
comportamento dos animais em seu próprio habitat, através da observação de seus ritos, sua
aprendizagem social e as posteriores correlações entre o inato e o adquirido. Destas observações de
Lorenz e sua equipe, foi possível determinar a existência de uma série de comportamentos naturais de
organização social. Estes comportamentos estão presentes na maioria dos grupos sociais,
independentemente de suas espécies, desde que, evidentemente, se refiram a animais sociais, incluindo
nisso o homem.
Comportamentos de organização do grupo social 
A importância, para nós, da existência dos comportamentos sociais inatos, é a consciência de que são
condutas que, por serem naturais, estarão sempre presentes nos grupos sociais e, portanto, é lícito
considerarmos a existência destas condutas em nossas análises dos processos sociais. 
Vale lembrar que são todos comportamentos de organização do grupo social, o que irá variar segundo o
aspecto cultural são os modos como estes comportamentos serão efetuados. 
Vamos a eles:
Hierarquia social: 
Aqui, mais do que talvez em qualquer outro, é importante lembrar que a existência de uma hierarquização
é natural e necessária a qualquer grupo. No entanto, os fatores que irão determinar quem ou quais as
características que serão necessárias a um melhor lugar na escala hierárquica estes sim, são culturais, e,
portanto, variáveis de grupo para grupo.
Preservação territorial: 
Refere-se ao comportamento de demarcação e proteção do território do grupo. Esta conduta propicia o
domínio sobre os limites do território e “avisa” a outros grupos que estão impedidos de entrar naquele
espaço. O processo de construir muros nas casas é o exemplo humano do mesmo procedimento de
preservação territorial que faz o cão urinar em torno de sua área para definir um espaço pessoal. 
É interessante notar que o conceito de território pode se referir ao Território Grupal, protegido pelo grupo
todo, como ao Território Individual, composto pelo espaço pessoal de cada um, como uma espécie de
bolha imaginária que nos cerca e delimita o espaço de quem nós autorizamos ou não a aproximação
(física ou psicológica).
Cooperação social: Diz respeito ao comportamento pelo qual o grupo se une para a produção de uma
ação que trará benefício para todos os membros.
Preservação da Prole: O comportamento de proteção à infância tem a função de permitir a
aprendizagem “teórica” antes dos filhotes necessitarem enfrentar a realidade. Ou seja, é uma conduta
preparatória para a vida. Absolutamente necessária e fundamental para a preservação da espécie.
Comunicação social: É o comportamento que permite o estabelecimento de uma comunicação entre os
membros de um grupo. Sem ele, o grupo não conseguiria desenvolver qualquer ordem em suas relações. 
Independente do tipo da comunicação (gestual ou vocal), esta conduta permite, por exemplo, a
transmissão de informações, a aprendizagem e até mesmo o reconhecimento de membros do grupo. 
Grande parte da comunicação humana, principalmente no que diz respeito à comunicação gestual, é
independente da tipologia cultural. Estudos transculturais revelam uma espetacular coincidência de
condutas gestuais semelhantes para a intimidade afetiva, cumprimentos, relações hierárquicas de
dominação e submissão, etc... além de uma comunicação vocal também praticamente idêntica para a
expressão de sensações físicas como a dor (grito), por exemplo, ou psicológicas como a alegria ou a
satisfação (risos).
O Processo Civilizatório
Categorizados os comportamentos naturais de organização social, inerentes às espécies sociais, vejamos
agora o modo como estes indivíduos se relacionam com o seu meio ambiente e assim, compreendermos
um pouco do processo civilizatório.
Dois aspectos estão presentes na evolução e no desenvolvimento de espécies animais deste gênero:
O aspecto biológico, intrínseco à natureza orgânica da espécie e condicionado às transformações internas
da estrutura biológica da espécie como um todo. São modificações lentas em uma escala de evolução
natural que caracterizam as transformações biológicas decorridas nas espécies com o passar do tempo.
O aspecto social, dependente da natureza interna (genética) e/ou externa (fatores ambientais) e decorrente
de impulsos naturais (instinto gregário). Estas características produzem as sociedades animais,
compreendidas como uma totalidade de indivíduos que se agrupam em coletividade e determinam regras
de atuação comum em relação aos membros da coletividade e/ou ao meio em que vivem através,
unicamente, de instintos vinculados à sobrevivência.
ATENÇÃO: 
Estes dois fatores, intercalados, ou seja, a estrutura biológica que propicia uma relação ambiental mais
sofisticada associada aos comportamentos sociais é que determinam e possibilitam a algumas espécies
viverem em sociedades.
Aspecto Cultural
O homem, como já vimos, encontra-se inserido neste grupo de animais, o que significa que para nós,
viver em sociedade não é exatamente uma opção, mas sim um determinante biológico, portanto natural. A
espécie humana, entretanto, possui um terceiro aspecto que o distingue das demais espécies sociais, é o
aspecto cultural.
Decorrente de nossa atividade intelectual, o aspecto cultural pode ser traduzido como o processo de
construção consciente das regras de uma sociedade, capaz de diferenciá-la e individualizá-la em relação a
outros grupos sociais da mesma espécie. 
O aspecto cultural, portanto, tem se demonstrado o fator diferencial no desenvolvimento das civilizações,
ou seja, o modo de organização das estruturas sociais é que irá definir uma alteração nas características de
um grupo social.
Animais Sociais
Entre os animais sociais, portanto, existe sociedade, mas não cultura, o que significa que a espécie toda
atua sobre o ambiente e constrói suas relações sociais de modo constante e uniforme, sem diferenciação
geográfica ou temporária e, consequentemente, sem possibilidade de reconstrução de sua ordem social
por intermédio de reminiscências de sua “cultura”.
O que já não ocorre com a espécie humana que, como no caso do antigo Egito ou em outras sociedades
extintas, podemos saber perfeitamente todos os esquemas sociais que regiam aquela sociedade através de
seus códigos culturais (idioma, símbolos, emblemas, deuses, adornos, etc...) que sobreviveramà própria
sociedade que os criou.
Edgar Morrin
A identidade social, produzida pelas relações parentais e pela tradição (costumes particulares, códigos
culturais) de um grupo, será reforçada pelo confronto com outros grupos sociais que, embora de
organização social semelhante, se diferenciam em seus modos de organização.
“... a cultura define a identidade individual e a social, não só por sua própria imagem, mas também por
oposição à da cultura estrangeira”.
Identidade Social
Uma vez estabelecida uma civilização (grupo sociocultural), seu desenvolvimento será baseado
fundamentalmente em uma tríade de desenvolvimentos que se relacionam entre si. 
São eles:
Desenvolvimento Tecnológico: Refere-se aos progressos técnicos existentes em uma sociedade desde
suas formas mais elementares às mais complexas. Dá-se de modo sequencial, irreversível e cumulativo.
Desenvolvimento Social: Diz respeito às relações instituídas entre a tecnologia empregada pela
sociedade para o progresso social de sua população e as formas como estas relações se estabelecem ao
nível interno e, por extensão ao nível externo com outras sociedades. Isto é, diz respeito à parcela da
população que se beneficia da tecnologia existente naquela sociedade.
Desenvolvimento Cultural ou Ideológico: Determinado pelo conjunto de crenças e valores produzidos
ideologicamente pelas relações sociais em razão da interação dos desenvolvimentos citados. Isto é, os
valores sociais que surgem pela relação entre o desenvolvimento tecnológico e o desenvolvimento social.
Aula 2 – Os Processo de Subjetivação
Desenvolvimento Psicológico
A linguagem é, sem dúvida, um dos mais importantes processos de mensuração do desenvolvimento
psicológico como um todo e do cognitivo em especial.
A linguagem possibilita e representa a capacidade da pessoa em relacionar-se e extrair relações de sua
realidade. Não devemos considerar esta afirmativa, no entanto, sob uma ótica simplória da linguagem
verbal (domínio do discurso falado), ou incorreríamos no absurdo de avaliar o desenvolvimento de uma
criança muda como nulo. Devemos sim, compreender a linguagem como a estrutura capaz de dar
simbolismos ao real. Isto é, o modo pelo qual nossos referenciais da realidade se introjetam em nossas
mentes. 
Conjunto de códigos
Como todo símbolo, a linguagem implica em um conjunto de códigos que necessitam ser interpretados
para que cumpram sua função comunicativa de transmissão de mensagens e, ao interpretarmos algo,
sempre damos também ao símbolo uma representação subjetiva. Em outras palavras, tudo que implica em
decodificação carrega consigo uma forte carga subjetiva, na medida em que podemos estabelecer a
relação entre significado e significante de diversas maneiras.
Linguagem e Desenvolvimento Cognitivo
Ao contrário do que se considerava há algum tempo, relacionar o papel da linguagem ao desenvolvimento
cognitivo como um todo é trabalhar em uma via de mão dupla.
A linguagem é proporcional ao desenvolvimento biológico, psíquico e cognitivo. Assim como o
desenvolvimento biológico, psíquico e cognitivo são proporcionais à linguagem.
Ou seja, quanto mais desenvolvimento, mais sofisticada a linguagem e vice-versa. As teorias sobre
linguagem e desenvolvimento, ou como preferem os mais tradicionalistas, sobre o desenvolvimento da
linguagem, dividem-se basicamente em duas correntes bem diferentes. Uma ligada ao Behaviorismo e
outra chamada de Psicolinguística, como veremos a seguir.
Behaviorismo de Skinner
Pelo lado das teorias behavioristas, destacam-se as provenientes do condicionamento aplicadas à
linguagem, proposta por Skinner e seus seguidores. Segundo este modelo, a aquisição da linguagem se dá
a partir de necessidades primárias que vão sendo saciadas nas crianças a partir das primeiras vocalizações,
como uma espécie de reforço. 
Corrente Behaviorista
A criança se condiciona a repetir um determinado som para receber líquido quando tem sede ou outro
diferente quando tiver fome. A própria vocalização dos pais também estimula a criança, através de um
comportamento imitativo, a repetir sons específicos. De modo geral, as manifestações de alegria e carinho
que a criança percebe dos adultos, quando imita um som, também funcionam como reforço afetivo. Com
o passar do tempo, os adultos vão se tornando mais exigentes na perfeição do fonema para proporcionar à
criança a mesma recompensa. Assim, se a princípio o som áua era o suficiente para receber o líquido,
alguns meses mais tarde a criança será estimulada a sofisticar sua pronúncia para ága, e posteriormente,
para “água” a fim de obter a mesma recompensa.
ATENÇÃO:
Para os Behavioristas, este processo vai se sofisticando e formando relações. Palavras isoladas vão se
compondo em pequenas frases, que significam uma sequência de eventos.
Por exemplo: a criança aprende a palavra “homem” e a palavra “corre”.
Ao ver um homem correndo, ela organizará as palavras em uma sentença lógica: “o homem corre”. Ao
mesmo tempo, a criança vai aprendendo, também por condicionamento, o sentido das palavras. A palavra
"não" fica associada com punição.
Um experimento associou a palavra “grande” a um estímulo aversivo em crianças, após o
condicionamento, qualquer objeto “grande” era temido por aquelas crianças. Com isto, procuraram
demonstrar que o significado das palavras é obtido através do condicionamento de suas representações.
 
Corrente Psicolinguística
Pelo lado da Psicolinguística, as principais teorias são provenientes de Chomsky e sua “gramática
transformacional gerativa”. Para eles, haveria uma espécie de “pré-programação” do cérebro humano para
a linguagem.Isto é, todas as pessoas já nasceriam com uma predisposição à utilização da linguagem. Esta
predisposição seria apenas moldada aos símbolos específicos da cultura nativa da criança.O principal
argumento utilizado é que mesmo crianças que ainda não tiveram qualquer tipo de aprendizagem acerca
de regras gramaticais são capazes de inferir regras para a construção de suas frases.
Até os 18 meses, o desenvolvimento da linguagem é muito lento, e o vocabulário de uma criança média
pode variar entre 3 e 50 palavras. Com a “explosão”, a criança pula para um vocabulário de cerca de
1.000 palavras que são de seu uso cotidiano, mais umas duas ou três mil que compreende, mas não utiliza.
Para Lenneberg, esta “explosão” não pode ser tida como fruto de aprendizagem ou condicionamento de
imitação, mas é antes uma evidência de que a linguagem se desenvolve a partir de um cronograma
biológico que lhe propiciaria a estrutura do discurso falado.
ATENÇÃO: Seja qual for o modelo teórico, o desenvolvimento psicológico é sempre acompanhado por
uma paridade linguística e, a linguagem é tida como o domínio do simbólico e como principal fonte de
comunicação entre os indivíduos.
Aspectos subjetivos
O que podemos observar, nos modelos que procuram explicar a linguagem, é que existem aspectos
presentes na representação dos símbolos que são profundamente variantes, sejam no modo como os
interpretamos ou os codificamos, seja no modo como os construímos. Muitos destes aspectos subjetivos,
presentes tanto na transmissão quanto na recepção de um símbolo são inconscientes, ou seja, fogem do
domínio de nossa análise consciente e racional.
Breve entendimento
Vale a pena, neste ponto, um breve entendimento deste conceito da Psicanálise, para entendermos o
porquê de alguns fatores da linguagem e de nossas vidas como um todo estarem fora do controle de nossa
razão. Nos sistemas teóricos que a Psicologia formulou antes da Psicanálise, a consciência estava
vinculada a um aspecto orgânico (ligada aos órgãos dos sentidos). A Psicanálise se caracteriza por
abandonar esta abordagem e, influenciada pela Medicina, passa a interessar-se pelos aspectos patológicos
(relativos às doenças) do psiquismo.
Inconsciente: Sigmund Freud (1856-1939)era originalmente um neurologista que, interessado em
doenças mentais, foi em 1885 a Paris estudar com Charcot, um renomado médico, que desenvolvia na
ocasião um trabalho de tratamento da histeria através da hipnose.
Posteriormente, Freud abandona a hipnose e, juntamente com seu colega e também neurologista Breuer,
desenvolve o método de ASSOCIAÇÕES LIVRES, onde o paciente é estimulado a falar a primeira coisa
que lhe vier à mente ao ouvir determinados termos.
A partir de seu interesse pelo inconsciente, Freud passa a estudar a interpretação dos simbolismos dos
sonhos e descobre que estes funcionam como formas de realização de desejos não conscientes das
pessoas. No decorrer deste modelo de análise, Freud percebe que a consciência esbarra frequentemente
em censuras. 
A existência destas censuras fez com que ele esboçasse as primeiras noções do INCONSCIENTE como
sendo um processo de censura do consciente para ocultar a natureza sexual das neuroses.
1ª Tópica Freudiana: 
A chamada 1ª Tópica Freudiana se divide em:
CONSCIENTE: Aquilo que está presente na consciência. Tudo o que a pessoa sabe sobre si, seus
motivos e suas condutas.
PRÉ-CONSCIENTE: Mais próximo do consciente e sem sofrer a pressão do recalque, pode tornar-se
consciente pelo processo da ASSOCIAÇÃO sem produzir muitos conflitos profundos e, portanto, não
apresenta grave resistência do consciente.
INCONSCIENTE: Constituído por material recalcado, reúne sentimentos e desejos que, apesar de
constituírem as verdadeiras causas das atitudes e condutas, necessitam permanecer fora da consciência
para que não produzam conflitos no indivíduo.
2ª Tópica Freudiana
A 1ª Tópica é transformada por Freud de modo a incorporar-se especificamente ao recém-descoberto
conceito de LIBIDO (energia vital). Seu esquema se substitui pela chamada 2ª TÓPICA, na qual Freud
estabelece as estruturas que irão compor a personalidade para a Psicanálise. Essas estruturas são:
ID: Instinto do prazer, fonte de desejos básicos e egocêntricos; puramente inconsciente.
EGO: EU, estrutura central e mais consciente da personalidade. Visa satisfazer os desejos do ID sem
produzir conflitos com o SUPEREGO.
SUPEREGO: Instinto da realidade. Constitui-se das regras, normas e valores sociais.
Funciona como o aspecto da repressão dos desejos.
A Percepção
No início do século XX, surge um sistema teórico na Psicologia chamado de Gestalt. Os trabalhos sobre a
percepção constituíram desde o início as bases deste sistema. 
Em 1910, Max Wertheimer descobre a tendência visual ao que chamou de “fechamento das formas”. Por
este fenômeno, Wertheimer faz referência ao processo neurológico pelo qual, diante de uma forma
geométrica inacabada, nosso cérebro tende a “finalizar” o desenho.
Koffka e Kohler descobrem que toda percepção corresponde a uma relação de uma figura sobre um
fundo. É bem conhecida a figura na qual podemos visualizar uma taça ou dois rostos frente a frente,
dependendo de focarmos nosso olhar em uma parte ou outra do desenho.
Tanto o fechamento das formas quanto a relação figura-fundo são processos cerebrais (neurológicos), mas
os gestaltistas descobriram também que os fenômenos psíquicos possuem funcionamento semelhante aos
processos cerebrais por serem deles oriundos, e chamaram este conceito de Isomorfismo. Em outras
palavras, o modo como percebemos uma situação de vida também sofre as mesmas influências da
percepção de formas. Dependendo de onde focarmos nossa perspectiva, podemos ter um entendimento ou
outro da mesma situação.
Percepção e subjetividades
Além da conceituação funcional do processo, a Gestalt também nos levou às principais características
deste processo. Isto é, como ele ocorre em termos de sua estrutura interna.
Seguem algumas destas características, para que possamos frisar o quanto nossa percepção é sujeita às
subjetividades:
Esta característica refere-se ao principal conceito da Gestalt, segundo o qual “o todo é mais do que a soma
de suas partes”.
Para uma melhor compreensão deste conceito, devemos considerar que um objeto é composto por partes.
No entanto, não basta agrupar desordenadamente estas partes para termos o objeto.
É preciso que as partes estejam organizadas dentro de certas especificações e, ao agrupá-las assim, temos
mais do que partes. Temos um objeto novo, que não tínhamos antes de aquelas partes se unirem daquela
forma. Assim também funciona a percepção: ao visualizar um objeto ou ouvir uma música, não
percebemos de modo isolado as partes do objeto ou as notas musicais, mas sim o objeto ou a música
como uma coisa única e inteira.
A figura sobrepõe-se ao fundo: O que será figura e o que será fundo depende de uma série de fatores
pessoais do percebedor. Entretanto, o que esta característica estabelece é que, em qualquer universo
perceptivo, o indivíduo ressaltará um fragmento como principal (figura), e este será percebido como
relevante. Outros fragmentos deste mesmo universo perceptivo serão considerados como um cenário no
qual o principal acontece (fundo), e não serão percebidos ao nível da consciência.
A percepção tende às formas fortes e/ou geométricas: Torna-se muito mais fácil uma percepção nítida de
um dado objeto quando sua forma não contém contornos excessivos e de difícil compreensão. 
Formas simples, geométricas e fortes, em termos de impacto sensorial, são percebidas instantaneamente e
facilmente memorizadas (como por exemplo, os logotipos criados pelos publicitários para os produtos).
A passagem das formas se dá de modo brusco: A percepção de um objeto novo só se impõe na
consciência quando os elementos que o compõem já formaram um conjunto definido. 
Isto é, só temos uma percepção mais exata de um objeto quando este já está constituído em sua forma
final. Objetos que demoram a se constituir em uma forma final definida tendem a não serem percebidos
pelas pessoas como uma unidade.
Alteração ou tendência das percepções
É importante frisar que todas estas características aplicam-se em função do Isomorfismo. Tanto as
percepções oriundas diretamente de órgãos sensoriais (visão, audição gustação, tato e olfato) quanto as
percepções de situações psicológicas e emocionais. Alguns fatores influenciam no processo perceptivo.
Ou seja, não chegam a ser características por não pertencerem diretamente ao processo, mas podem
alterar ou tendenciar a percepção. São eles:
A posição do observador em relação ao objeto: Esta posição pode referir-se ao aspecto físico como
também ao aspecto cultural.
O conhecimento intelectual do observador em relação ao objeto: É interessante frisar que uma informação
acerca do objeto sempre influencia na percepção deste, mesmo quando esta informação está errada. Ou
seja, aqui, a veracidade ou não das informações não importa. Havendo informações, a percepção será
necessariamente influenciada por elas.
Experiências afetivas do observador em relação ao objeto: Independentemente de terem sido positivas ou
negativas, sempre que o observador tiver vivenciado alguma experiência afetiva em relação ao objeto,
esta experiência ira influenciar em sua percepção. Evidentemente, se a experiência foi positiva , ele
tenderá a perceber o objeto como mais agradável do que se a experiência tiver sido negativa.
A Percepção é o mais importante dos processos cognitivos por ser, digamos assim, a porta de entrada da
realidade. Tudo o que compreendemos está necessariamente acompanhado do “modo como nós
percebemos”. A Percepção irá atuar diretamente não só na compreensão das coisas, como também em
todos os demais processos que são oriundos de nossos entendimentos, como o modo pelo qual
construímos nossas condutas e até mesmo as características de nossa personalidade.
Aula 3 – A Linguagem como Instrumento de Racionalidade e do Saber
Linguagem: Vinculada à memória, a linguagem vai codificar as informações estocadas e armazenadas e
acioná-las de modo imediatoatravés de conceitos compreensíveis dentro de uma função comunicativa.
De modo amplo, consideramos como linguagem toda e qualquer modalidade de comunicação entre os
seres.
Como se divide o Sistema Nervoso Autonômico?
Temos, portanto, uma linguagem gestual, por exemplo, que apesar de não utilizar-se de palavras as
substitui por gestos que tem a mesma finalidade. A linguagem verbal, ou oral como preferem alguns, não
é diferente de nenhuma outra modalidade de linguagem. Resume-se a um conjunto de códigos aprendidos
e compartilhados por um dado grupo social que visa o estabelecimento de comunicação conceitual entre
seus membros.
Termo e objeto
A linguagem vai funcionar de modo a transformar um conceito em um código comunicável mais
facilmente do que se houvesse a necessidade de expor o sujeito ao contato direto com o conceito ou
objeto que se deseja comunicar.
Tecnicamente temos, portanto, duas esferas que se interligam. O termo, é a palavra que representa o
objeto (ou conceito); e o objeto (ou conceito) que é aquilo que a palavra está representando .
Signo linguístico
Saussure, irá ainda aprofundar esta construção da linguagem considerando o signo linguístico (a
representação do objeto) como composto por significado, que seria o conceito que o termo representa e
por significante que seria o termo em si, composto por sua cadeia de sons. 
A linguagem, portanto, vai utilizar-se de signos (sons que representam conteúdos) para representar
objetos ou aspectos não materiais da realidade.
Por exemplo, a palavra “elefante” aciona no indivíduo todo o quadro mnemônico (relativo à memória)
referente aquele animal. Sem que haja necessidade do comunicador da mensagem colocar o ouvinte
diante do animal para que possa se fazer entender em relação ao objeto que pretende se referir.
ATENÇÃO: Apenas a título de fixação, vale ressaltar que o signo não necessariamente é uma palavra,
mas qualquer código que represente o objeto. É através da linguagem que o chamado pensamento
operatório executa as operações mentais mais complexas. Vejamos como isso ocorre nas telas seguintes.
Estruturas do pensamento
As estruturas que caracterizam o pensamento teriam suas raízes na ação e em mecanismos sensório
motores mais profundos que a linguagem. Por outro lado, quanto maior o refinamento destas estruturas do
pensamento, maior também a necessidade da linguagem para sua elaboração.
A intervenção da linguagem é necessária porque sem ela, não haveria um sistema de expressão simbólico
e as operações ficariam estagnadas ao estado de ações simultâneas e permaneceriam individuais,
ignorando as funções de interação e troca interpessoal entre indivíduo e ambiente.
ATENÇÃO: Uma forma fácil de compreendermos esta relação é a comparação com aspectos biológicos.
Deste modo a respiração, a circulação sanguínea, o batimento cardíaco, etc. pertencem a um sistema
integrado de sustentação vital. Apesar de serem todos necessários ao conjunto, não são suficientes de
modo isolado à manutenção da vida. 
Vemos, portanto, que a linguagem, para Piaget é posterior ao pensamento e assim, não é a fonte causal do
processo operacional, entretanto, exerce uma função indispensável a este processo: a simbolização da
ação concreta.
Novas estruturas na organização psíquica
Com o advento da linguagem, surgem duas novas estruturas na organização psíquica: a Representação e a
Esquematização, que corresponde à inserção dos pbjetos e fatos num âmbito conceitual, isto é, os
conceitos.
Sabemos que o fato de conceituar é que permite à criança a produção de classificações e categorizações,
assim, os esquemas mentais e as operações necessitam desta função para o desenvolvimento de suas
estruturas lógicas.
Um segundo argumento, refere-se à relação de dependência entre operações intelectuais e ações. 
Piaget considera neste argumento as operações concretas, que surgem por volta dos 7-8 anos e é o estágio
que se caracteriza pelo surgimento das classificações, seriações e correspondências.
Segundo ele, estas operações como, por exemplo, as de reunir e dissociar são, antes de se tornarem
operações do pensamento (simbólicas), ações propriamente ditas. A criança as executaria ao nível
perceptivo e através da manipulação experimental antes de formulá-las no plano verbal. A linguagem,
portanto, não poderia ser a causa de sua formação.
Um último argumento refere-se às operações formais, estas, surgidas por volta dos 11-12 anos, baseiam-
se em raciocínios lógicos e independentes dos objetos concretos, estariam, portanto, em uma relação mais
direta com a linguagem.
Estruturas de Conjunto
Piaget, entretanto, nega também que seja a linguagem a responsável pelo surgimento desta categoria
operacional pelo fato de que para ele, o que caracterizaria as operações lógicas do ponto de vista
psicológico, seria sua reunião em sistemas ou estruturas de conjunto e não seriam constituídas por
elementos isolados. Estas estruturas de conjunto, apesar de mais simples, já estariam presentes nas
operações concretas e a passagem para o estágio mais sofisticado das operações formais só dependeria da
introdução de uma estrutura combinatória.
Esta estrutura combinatória, também apareceria tanto no plano verbal quanto no não verbal e, portanto,
não se poderia afirmar que dependa da linguagem, alias, pelo contrario segundo Piaget, é o acabamento
das operações combinatórias que permitiria ao sujeito completar as suas classificações verbais.
Desenvolvimento do pensamento operatório
O processo operacional, desde as suas estruturas mais simples como a seriação, até as mais sofisticadas,
como as estruturas ideológicas, utilizam-se da linguagem após sua elaboração e não para a sua
elaboração. 
É a capacidade combinatória do pensamento, mais ligada ao desenvolvimento das condições cognitivas
como um todo e vinculada à inteligência como característica adaptativa de solução de problemas, mais do
que a linguagem, as responsáveis pelo desenvolvimento do pensamento operatório.
As posições teóricas de Piaget não são aceitas unanimemente por todos os teóricos do desenvolvimento. 
Entretanto, sua originalidade e principal contribuição, independente de estar ou não certo acerca destes
processos, reside no fato de ter estabelecido uma especificidade do conhecimento que se reporta mais às
estruturas do processo do que com perspectivas que partam unicamente da observação de condutas e
comportamentos objetivos do tipo Behaviorista.
Tipos de linguagem
Lev Vygotsky inicia sua teoria reportando-se aos conceitos Piagetianos e contradiz o materialismo
afirmando que linguagem e pensamento são processos distintos e independentes. 
Uma de suas contribuições mais importantes foi a distinção entre dois tipos específicos de linguagem,
uma das quais levou, mais tarde, Piaget a desenvolver o conceito de linguagem egocêntrica.
Estes dois tipos de linguagem estavam vinculados às funções que Vygotsky descrevia acerca da
linguagem.
Primeira função: Uma destas funções era a comunicação e, portanto, necessitaria de uma linguagem
socializada e capaz de sustentar uma troca verbal entre o sujeito e um interlocutor.
Segunda função: A outra função, no entanto, não apresentava um caráter exterior por não exercer um
funcionamento de contato entre o sujeito e o mundo externo, mas sim, uma característica de organização
pessoal e interior do pensamento. Este tipo de função organizadora do mundo interior é que veio a ser
denominada de linguagem egocêntrica.
Vygotsky X Piaget
Para Vygotsky enquanto na linguagem socializada, a criança faz trocas com o outro: pergunta, pede,
ameaça, dá e solicita informações, na linguagem egocêntrica, a criança fala para si própria, não tem
interesse pelo interlocutor, não espera nenhuma resposta externa e normalmente, nem se preocupa se está
sendo ouvida ou não. Outra discordância de Vygotsky emrelação a Piaget refere-se ao fato de que para
ele, esta linguagem não desapareceria com a consolidação da linguagem socializada, apenas se
internalizaria.
Para Piaget, esta linguagem não preenche uma função adaptativa (útil) e, portanto, se atrofia quando a
criança chega à idade escolar e consolida sua linguagem socializada. Vygotsky defende, contrariamente a
Piaget, que esta linguagem representa um importante papel na atividade cognitiva infantil porque além de
funcionar como uma forma de explicitar e aliviar a tensão, ainda atua como organizadora do pensamento.
Linguagem interior
Vygotsky aceita que a função primária da linguagem é a comunicação e por isso, a primeira forma de
linguagem é sempre essencialmente social. A linguagem egocêntrica introduz-se posteriormente e, ao não
se exteriorizar mais, continua como linguagem interior a representar um importante papel na organização
do pensamento. Segundo Vygotsky, até os oito anos de idade, aproximadamente, não há qualquer
distinção entre a linguagem social e a linguagem interior, isto é, a criança raciocina exatamente como se
estivesse “conversando” com um interlocutor imaginário. Por exemplo:
Para Vygotsky, isto demonstra que esta linguagem interior é nada mais do que a introjeção da linguagem
egocêntrica aonde a criança repete em voz alta estas mesmas frases para si própria diante de uma tarefa.
Linguagem como um facilitador
Luria ampliou a função organizadora da linguagem demonstrando como ela se estenderia ao
comportamento em qualquer padrão.
Vários experimentos demonstraram que nos animais, apesar da ausência de linguagem, existe uma
inteligência prática que os possibilita realizar determinados problemas. Também nas crianças em idade
pré-verbal, a inteligência funcionaria na operacionalização de questões em função de seu caráter
adaptativo.
O que Luria defende, é que a linguagem funcionaria como um facilitador deste processo, na medida em
que permitiria uma apreensão da realidade de modo muito mais complexo e profundo do que se esta se
desse apenas pela experimentação empírica do problema. 
Ou seja, o fato da criança denominar os componentes de uma questão, não só lhe facilitaria a resolução do
problema como também diminuiria a necessidade de experimentar por várias vezes a situação antes de
conseguir dominá-la. Fica fácil notarmos, que para Luria, a linguagem opera como um reforço poderoso
no processo de condicionamento de bases Behavioristas.
Função cultural da linguagem
Num plano geral, Luria salienta a função cultural da linguagem, visto que compreende o desenvolvimento
a partir da incorporação das experiências sociais e históricas do grupo ao qual o indivíduo pertence.
Assim, é através da linguagem, que a criança inicia seu processo de aculturação. 
Quando a mãe nomeia os objetos e ensina palavras de ordem como “vá”, “não”, “tire”, etc... ela está
moldando o comportamento da criança e ao mesmo tempo, organizando um padrão social.
Ao aprender a executar as ordens da mãe, a criança guarda as instruções verbais por um longo tempo e
aprende a formular seus próprios desejos e intenções. Ou seja, passa a nomear ela própria os objetos e
assim organizar suas atividades de percepção e ação voluntária. 
A própria criança diz para si: “Não tire o livro” ou “Vá pegar água”, antes de executar a tarefa ou inibir a
intenção.
Classificação de Objetos em Classes
Para Luria, a linguagem é também a responsável pela instalação de categorias e, consequentemente, pela
classificação de objetos em classes. Isto é, a criança só seria capaz de identificar a relação entre “cavalo”,
“cão” e “elefante”, a partir do momento da aquisição do termo “animal”. Antes disso, é impossível a ela
categorizar estes objetos em uma escala lógica de padrão. 
O importante em Luria é a pertinência que a linguagem tem na execução de tarefas. 
Para ele, é a linguagem que orienta a ação voluntária, não instintiva, e possibilita ao indivíduo uma
atuação social mais ampla e definida. Não fica difícil identificarmos como as ações, as representações que
fazemos da realidade, nossos sentimentos, afetos e valores, utilizam a linguagem como forma de
organização e administração pela consciência de nossos atos. Justamente em função desta
interdependência entre linguagem, sentimentos e ações é que a partir da comunicação podemos
transformar condutas e sentimentos. Como toda ação voluntária, corresponde à materialização de uma
intenção, vamos ver como se constituem as atitudes e como podemos, através de uma comunicação
profissional, intervir em seus direcionamentos.
Conceito de Atitude
O conceito de Atitude tem sido, em função de sua utilização leiga, confundido com a ação ou o
comportamento que surge como consequência da existência de uma intenção em relação a algo.
Atitudes, na verdade, são sentimentos pró ou contra um objeto social, produzidos por um sistema de
crenças e cognições e que predispõem o indivíduo a ações coerentes em relação a este objeto social. Ou
seja, atitudes não são comportamentos, atitudes produzem comportamentos através dos componentes
afetivos e das experiências pessoais do indivíduo. 
Podemos prever o comportamento de alguém se soubermos qual a atitude do sujeito frente a um
determinado objeto.
Por exemplo, se eu tenho uma atitude positiva em relação a esportes, provavelmente terei
comportamentos do tipo de ler revistas especializadas, assistir a eventos esportivos, incentivar meus filhos
a frequentar um clube esportivo e etc.
Para que tenhamos uma atitude formada frente a um objeto, três componentes precisam estar intercalados:
Componente Cognitivo: É o conjunto de informações, crenças, conhecimentos, aprendizagens e demais
experiências cognitivas que possibilitam à pessoa a construção de algum esquema representacional do
objeto. Base de nossas representações sociais, estas informações são diretamente provenientes da
comunicação dos outros conosco e de nossas próprias experiências pessoais. 
Se a pessoa não tiver nenhuma informação sobre um objeto, jamais poderá desenvolver uma atitude
acerca dele. No entanto, é importante ressaltar, que estas informações não tem qualquer obrigatoriedade
de serem corretas. A veracidade ou não dos dados, não implica em um maior ou menor desenvolvimento
nas atitudes, visto que o afeto deslocado para o objeto não está calcado na veracidade, mas na intensidade
da aprendizagem. Se por outro lado, estas informações forem vagas ou superficiais, ai então, teremos uma
atitude frágil ou mesmo inexistente frente ao objeto.
Componente Afetivo: É o componente mais característico das atitudes e alguns autores chegam a
considerá-lo como o único componente necessário para a instalação das atitudes por ser este, o
componente que diferencia uma atitude de uma opinião, aonde há o componente cognitivo, mas não o
afetivo. O componente afetivo será o sentimento, pró ou contra, vinculado ao objeto e está estritamente
correlacionado ao tipo de cognição que o sujeito possui em relação ao objeto. Assim, se tenho
informações positivas a seu respeito, gostarei de você, se tiver informações negativas, não gostarei.
Componente Comportamental: É a predisposição às ações coerentes com os meus sentimentos em
relação ao objeto. Esta predisposição não é efetivamente a ação e nem precisa, necessariamente ser
explicitada o tempo todo, mas, se tiver informações positivas em relação a um objeto, gostarei dele e,
portanto, estarei quando necessário, disposto a executar ações de ajuda ou defesa a este objeto.
Equilíbrio do sistema afetivo
Para que a atitude se transforme em ação, torna-se necessária a existência de uma situação específica que
mobilize o indivíduo a explicitar seu sentimento (atitude) em forma de comportamento (ação).
Os três componentes das atitudes influenciam-se mutuamente e funcionam dentrode um sistema
integrado de coerência. Esta harmonia entre os componentes é o que caracteriza o equilíbrio do sistema
afetivo dos indivíduos.
O próprio sistema psicológico dos indivíduos sustenta e necessita deste equilíbrio, qualquer mudança,
portanto, em um dos componentes produz automaticamente uma reorganização dos demais de modo a se
restaurar a harmonia entre os componentes.
Mudanças nos componentes
As mudanças no componente cognitivo compõem-se de um novo conjunto de informações, verdadeiras
ou falsas, que destoando das informações originais forçarão mudanças nos demais componentes. 
Estas alterações podem ocorrer a partir de experiências concretas, como vivenciar uma situação nova ou a
partir de ressignificações.
Por exemplo: “Sou muito fechado e isto me faz mal”.
Ser fechado não é necessariamente ruim se for entendido como não exibicionista além de ser útil em
muitas situações nas quais não queremos nos expor.
As mudanças no componente afetivo caracterizam-se pela instalação de um afeto diferente (incoerente)
daquele produzido pelo componente cognitivo. Se passar a gostar de alguém, passarei também a ver nele
qualidades e valores que não via antes.As mudanças no componente comportamental são sempre
decorrentes de pressões ou necessidades de agirmos de forma incoerente com nossos afetos. 
Isto é, se por necessidade precisar ter comportamentos hostis em relação a alguém por um período mais
prolongado, acabarei não gostando dele para preservar meu equilíbrio interno.
Regras de comunicação persuasiva
Veremos a seguir algumas regras de comunicação persuasiva que aumentam consideravelmente o poder
de argumentação do profissional de modo a facilitar sua influência na alteração destes componentes. -
COMPETÊNCIA E CREDIBILIDADE. Quanto mais credibilidade o ouvinte der ao comunicador, mais
bem sucedida será sua influência. Assim, é fundamental na formação do vínculo, que o comunicador
demonstre confiança, segurança e competência de modo a formar uma imagem de credibilidade. -
APARENTE DESINTERESSE DO COMUNICADOR EM ALTERAR UMA POSTURA. Se o ouvinte
notar no comunicador uma tentativa explícita de produzir um determinado efeito, isto acionará seus
mecanismos de defesa que por sua vez, produzirão resistências que dificultarão a mudança desejada. -
RAPPORT. É o vínculo necessário a qualquer boa comunicação. Antes de iniciar qualquer emissão de
mensagem é preciso certificar-se que estabeleceu um rapport positivo através da identificação dos
sistemas representacionais. O que isto significa é que o comunicador e o ouvinte, são pessoas diferentes e,
portanto, funcionam sob dois sistemas representacionais distintos. Uma mensagem que para o
comunicador tem certo objetivo ou significação, pode ser captada pelo ouvinte de modo absolutamente
diverso. Não cabe ao comunicador alterar o sistema do ouvinte, mas atingi-lo. Portanto, se a mensagem
não foi interpretada segundo seu objetivo mude sua forma de comunicação de modo a atingir o modelo do
outro. "O resultado de sua comunicação será sempre a resposta que você obter." Toda comunicação é
hipnótica na medida em que as palavras induzem a uma situação psicológica no outro. Portanto, é
fundamental se ter em mente, exatamente o objetivo que se deseja atingir, para que o discurso não se
esvazie ou fique perdendo seu impacto na busca de um objetivo. Algumas estruturas de linguagem são
frequentemente utilizadas pelas pessoas em seus discursos e se forem devidamente trabalhadas podem
não só esclarecer o conteúdo do discurso como influir de modo decisivo neste mesmo discurso. Vejamos
alguns destes padrões. - ELIMINAÇÃO. Estabelecem-se formas incompletas de discurso que eliminam
aspectos muitas vezes essenciais à comunicação. Cabe ao comunicador profissional esclarecer estes
aspectos (e é claro, evitá-los em seu próprio discurso) e não permitir ao ouvinte pressupostos do tipo
"todo mundo sabe do que eu estou falando". 2 Vejamos alguns exemplos: "Lá em casa tem uns problemas
que não me permitem concentrar nos estudos". "Quais são estes problemas?" "Comunicar é difícil para
mim." "Comunicar o que? Comunicar a quem?”. - NOMINALIZAÇÕES. Correspondem a conceitos
abstratos inclusos nos discursos e passíveis de serem interpretados de diversas maneiras. Ex: "Tenho uma
frustração em relação a isso." "O que é frustração para você? Como você se sente ao ficar frustrado?”. -
GENERALIZAÇÕES. Transformam-se situações específicas em genéricas. Ex: "Ninguém presta atenção
quando eu falo.” "Quem não presta atenção quando você fala?”. - PRESSUPOSIÇÕES. Insere-se no
discurso algo que não foi dito explicitamente e que funciona como uma concordância. Ex: "Se João
tivesse estudado não estaria passando por isso agora." Pressupõe que: João não estudou. - LEITURA DE
MENTE. A pessoa alega conhecer o conteúdo das mentes alheias. Ex: "Você sabe como me sinto." "Não,
não sei. Como você se sente?" "Estou certa de que ele ficou feliz." "Como sabe disso? Ele lhe disse?”.
Além destas estruturas de linguagem, outras técnicas podem ser igualmente eficientes na comunicação.
Vejamos mais algumas. - A comunicação verbal precisa ser congruente com a comunicação perceptual.
Gestos, tom de voz, expressão facial, etc. - Espelhamento de futuro. Colocar a pessoa em uma situação
futura onde já estará efetuando o que o comunicador objetiva. - Interação entre o objetivo do comunicador
e a necessidade ou desejo do ouvinte. - Ordem dos argumentos. Quando o ouvinte estiver pouco motivado
para um objetivo utiliza-se primeiro o ganho principal, quando houver sintonia é mais eficiente ordenar a
argumentação em direção a um clímax. - A apresentação da conclusão é eficiente apenas para ouvintes
pouco sofisticados. Audiências mais sofisticadas intelectualmente formulam suas conclusões por si
próprias e não sentem o comunicador como as tendo induzido àquilo. - A exposição de argumentos
contrários aos objetivos do comunicador por ele próprio, funciona como uma "vacina" para o ouvinte
contra futuras influências opostas. Ex: "Alguns conhecidos podem dizer que isto não é importante,
mas...”. 3 - O tamanho do objetivo do comunicador deve ser proporcional à atitude do ouvinte. 
Isto é, pessoas que rejeitem um objetivo não aceitarão grandes mudanças de uma vez, já pessoas
favoráveis àquele objetivo não só aceitarão como desejarão grandes mudanças. - A comunicação não deve
produzir medo ou ameaças e deve ser mais ou menos racional ou emocional em função das características
psicológicas do ouvinte.
Aula 4 – A Mídia como Representação Social
Decorrente de nossa atividade intelectual, o aspecto cultural é traduzido como o processo de construção
consciente das regras de uma sociedade, capaz de diferenciá-la e individualizá-la em relação a outros
grupos sociais da mesma espécie.
Processo de construção consciente das regras de uma sociedade
Ou seja, por ser consciente é opcional em seu modelo, é ideológico e não mais natural. Sendo assim,
difere de grupo social para grupo social, não é inato (portanto também não é biológico) e não está
vinculado a nenhum processo de preservação da espécie.
ATENÇÃO: associa-o ao conceito de tradição, isto é, está ligado à história e às experiências particulares
de cada comunidade.
Homem, um ser Social
Sendo o homem um ser social, possui sua organização psíquica repleta de valores que são os reflexos da
sociedade na qual foi criado.
Para compreendermos melhor as implicações de nossa natureza como parte integrante de um gênero
social da natureza, torna-se importante considerarmos que o homem, como qualquer outro animal social,
possui certas características de vínculos grupais que pertencem à natureza dos agrupamentos sociais
destes animais (sociais).
Homem, um ser biológico
Antes de um ser ideológico o homem é um ser biológico e, portanto, está inserido em seu código genético
uma estrutura de sistemas comportamentais que independem de aspectosculturais. Quando a natureza
gera um ser humano, não pode se dar ao luxo de criar subcategorias adequadas às variações temporais,
históricas ou culturais de nossas civilizações, a adequação do ser ao meio cultural é evidentemente função
da socialização.
Assim o homem nasce pronto para pertencer à espécie humana, mas inacabado para adequar-se a um dado
grupo social. 
Aspectos do Processo Civilizatório
Ao considerarmos o desenvolvimento da espécie humana, seja ao nível intelectual, biológico ou social,
precisamos lembrar que, destes aspectos, apenas o cultural, é realmente determinante de uma evolução no
processo civilizatório.
Aspecto biológico: Isto porque, pelo aspecto biológico, que se caracteriza por alterações evolutivas da
espécie temos aproximadamente “apenas” meio milhão de anos do domínio do fogo pelo homem até os
nossos dias, o que representa tempo insuficiente para qualquer alteração biológica significativa a ponto de
justificar o progresso neste período pela genética, como o crescimento de cérebro,por exemplo.
Aspecto Social: O aspecto social é igualmente dependente da natureza interna ( genética ) e/ou externa
( fatores ambientais) e decorrente de impulsos naturais (instinto gregário). Estas características produzem
as sociedades animais, compreendidas como uma totalidade de indivíduos que se agrupam em
coletividade e determinam regras de atuação comum em relação aos membros da coletividade e/ou ao
meio em que vivem através, unicamente, de instintos vinculados à sobrevivência.
Assim, apesar dos inegáveis progressos sociais e das sofisticações sofridas pelas dinâmicas relacionais, as
bases do comportamento social no homem, permanecem bastante semelhantes á origem social
(respeitadas as diferenças culturais).
Ou seja, as atitudes vinculadas à alimentação, medo, agressão, sexo, cuidados familiares, etc.
Modificaram-se em sua metodologia mas mantiveram-se estáveis enquanto motivações sociais, como
alias é característico do fator social.
Aspecto cultural: O aspecto cultural, entretanto, tem se demonstrado o fator diferencial no
desenvolvimento das civilizações, ou seja, o modo de organização das estruturas sociais é que irá definir
uma alteração nas características de um grupo social.
Identidade Social
A identidade social, produzida pelas relações parentais e pela tradição (costumes particulares, códigos
culturais) de um grupo, será reforçada pelo confronto com outros grupos sociais que, embora de
organização social semelhante, se diferenciam em seus modos de organização.
Segundo Edgar Morin, “... a cultura define a identidade individual e a social, não só por sua própria
imagem, mas também por oposição à da cultura estrangeira.”
Noção de cultura
Desta forma, nossos valores, nossa ética, nossas crenças e também nossos recalques e fantasias
determinarão não apenas nosso modelo de convivência social como também nosso próprio senso de
realidade. Dentro de uma visão leiga, da pessoa comum da rua, não técnica, Cultura está vinculada ao
conceito de erudição. Assim, sob este aspecto, uma pessoa “culta” é aquela que possui erudição, conhece
autores clássicos, fala alguns idiomas, etc.
Enquanto que quem não possui conhecimentos eruditos é dito uma pessoa “sem cultura”. Se
considerarmos a história de colonização europeia e, se entendermos que muitos dos chamados clássicos
são na verdade, aspectos culturais europeus, entenderemos como a origem desta “equivocada” noção de
cultura e os movimentos catequistas (antigos e recentes) possuem a mesma gênese.
Ideologias
As ideologias mais do que simplesmente espelhar uma época, um momento da história humana, são as
próprias estruturas que fundamentam o sistema de análise e compreensão da realidade.
Estão presentes no modo como as pessoas educam seus filhos; no conceito que tem de realização pessoal;
na noção de morte e em todas as esferas de atuação pessoal e coletiva nas quais existem pessoas que se
relacionam com um mundo externo de realidade complexa. Uma música; Uma escultura; um sistema
arquitetônico, Todas as manifestações artísticas , culturais ou de organização da vida coletiva, nos
propiciam o material necessário para analise de ética, dos valores e dos costumes de uma sociedade.
Origem Social
A moderna biologia tem nos mostrado como a partir de qualquer célula de um organismo, podemos
reconstruir toda sua estrutura biológica em função dos dados contidos ao nível genético. Deste modo,
cada parte do ser contém um resumo de sua integridade e a noção de que as partes estão contidas no todo
necessita ser, portanto, expandida ao conceito de que também o todo, está contido nas partes. 
Assim, qualquer fragmento cultural de uma sociedade conterá embutido em si como um “gene” a sua
origem social.
Para qualquer análise de situação grupal é fundamental a consciência de que o que ocorre em um grupo
qualquer tem relação direta com a estrutura social e as instituições da sociedade pela qual o grupo se
apoia. Todo grupo é na verdade uma micro sociedade, um reflexo d grande grupo social ao qual aquelas
pessoas pertencem. E como toda sociedade, como vimos acima, é a representação social do individuo. Ou
seja, sujeito e sociedade como faces da mesma moeda.
Assim, é necessária uma forte identidade entre sujeito e grupo social. Identidade esta constituída
basicamente pelo conjunto de crenças, cognições, valores e outros aspectos ideológicos e
comportamentais que permitem a uma pessoa se identificar como membro de um grupo social.
Ao mesmo tempo, permitem ao grupo identificar a pessoa como pertencente a ele. A este conjunto de
saberes, valores e perspectivas é dado o nome de Representações Sociais.
Sanidade mental e os valores e ideologias de um grupo social
As representações sociais, portanto, constituem-se nas simbologias compartilhadas por um grupo, e são
elas, que basicamente irão definir a identidade tanto social quanto particular das pessoas. A antipsiquiatria
de Laing e Cooper, já há muito ressalta a direta vinculação entre a sanidade mental e os valores e
ideologias de um grupo social. A sanidade e a loucura são para estes autores parâmetros de equivalência
entre o ser e o social, assim, se meus conceitos, minhas verdades, meus valores e atitudes são coerentes
aos dos demais membros de minha sociedade sou são, caso contrário, sou doente. Podemos exemplificar
esta relação de modo extremamente fácil se pensarmos no conceito de “normal” que possui uma
conotação de sanidade quando aplicado de modo adjetivo e que, de fato, reporta-se ao conceito estatístico
de “norma” que corresponde à aquilo que ocorre com mais frequência em um dado conjunto. Assim sou
“normal” na medida em que apresento posturas frequentes em meu grupo. Note-se que exclui-se qualquer
outro juízo de valor ético ou conceitual, técnico ou moral desta avaliação. A “normalidade” decorre das
atitudes sociais do grupo e por esta lógica valida e corrobora a ação individual.
Mídia como fator determinante
Na base de toda esta construção ideológica, fundamentação de nossa Representação Social, encontram-se
os meios de comunicação de atuam de forma a difundir modelos, padrões, conceitos e estilos de vida. A
mídia, nas sociedades contemporâneas, é sem dúvida alguma o mais determinante fator de construção de
nossa realidade. Nos anos 30, influenciados pelo clima do período entre as duas grandes guerras
mundiais, teóricos americanos da comunicação sustentavam através da chamada “teoria hipodérmica” que
a comunicação profissional, através de seus veículos de massa, seria capaz de direcionar conceitos,
valores e ideologias da população como bem lhe conviesse sem qualquer forma de análise ou resistência
crítica à mensagem. Em outras palavras, a mídia criaria realidades convenientes aos seus interesses e a
população absorveria estas realidades da forma como lhe fosse transmitida. Hoje sabemos que não é
assimque se dá o processo relacional que se estabelece entre uma sociedade e seus veículos de
comunicação de massa. O modelo hipodérmico (referência à agulha que injeta uma substância no corpo)
desconsiderava não apenas o contexto comunicacional, como também subestimava profundamente a
capacidade crítica e informativa de uma pessoa medianamente inserida em seu grupo social.
Este modelo vai evoluindo, se transformando e a perspectiva de que haveria uma assimilação acrítica vai
se transmutando para modelos mais contemporâneos, como o proposto por McLuhan, onde se entende
que haja uma verdadeira relação entre público e veículo e a comunicação é concebida como uma troca
que se funde em um valor comum. Esta relação se concretiza através do que Hernandez chama de
“contratos” entre as partes. Este “contrato” implica em uma co-participação ativa do público na
construção ideológica das mensagens. O público não é um agente passivo, mas ao contrário, determina os
direcionamentos ideológicos do veículo através não só de seu sustento por meios indiretos como pela
audiência, como também pelo sustento direto através da compra de revistas e jornais.
Em troca, a mídia apresenta à população uma análise dos fatos que interferem nos destinos de sua
sociedade através de especialistas nas mais diversas áreas e possibilita às pessoas conhecerem outras
culturas, outras formas de vida e outros valores que igualmente auxiliam na perspectiva crítica de sua
própria realidade.
Noção da Verdade
Ao fazer as análises, a mídia transmite interpretações da realidade e não “a verdade absoluta dos fatos”. 
Um aspecto é importante frisar neste ponto. A mídia não transmite a “verdade absoluta” simplesmente
porque esta é um construto teórico. Ou seja, não existe. A noção de “verdade” se origina de uma
ideologia monoteísta de que existe o fato real, tal como o foi concebido e existe a interpretação errônea
deste fato. 
Ou seja, ao admitirmos o “verdadeiro” e o “falso”, estamos também admitindo que o ser que interpreta o
real não está de fato refletindo este real como ele o é em seu noumeno. Pelas colocações já discutidas,
podemos concluir que todo saber é sempre um reflexo do ser e não do real. Assim, ou estamos todos
errados acerca de tudo ou temos que repensar o conceito de “erro-engano” – a antítese do conceito de
“verdade-certeza” - e traduzi-lo como outra “leitura”, não necessariamente nefasta, porém diferente da
nossa (ou da vigente).
Perspectiva do real
Uma parada cardíaca é um erro do funcionamento do coração, isso significa que o coração “desconhece”
sua programação biológica ? A natureza erra ? Nascem pessoas com defeitos congênitos. O que isso
significa ? Erro ?
Sim, se considerarmos o erro como fruto das complexidades de um sistema, como consequência dos
ruídos mínimos que provocam grandes alterações. Não, se considerarmos o erro como a ignorância do
sistema ou como algo decorrente de uma interpretação enganosa do padrão. Uma pessoa pode induzir
outra ao erro através, por exemplo, da mentira, mas ainda assim, o que errou não interpretou
enganosamente a ação do primeiro, apenas não considerou outros interesses não manifestos que
determinaram aquela ação. Aquilo que chamamos de verdade é um recorte, uma perspectiva do real, que
pode ser profundamente variável em função do ângulo (físico ou psicológico) pelo qual nos posicionamos
frente aos fatos.
Poder da mídia
Um veículo de comunicação é tão idôneo quanto a honestidade das análises que realiza dos fatos, não ao
quanto estas análises são isentas de valor ideológico. Todos os produtos midiáticos embutem em si
perspectivas ideológicas, valores, conceitos e ideias que são pertinentes aos seus posicionamentos, à
cultura da sociedade a qual representam e aos interesses de seu público e de seus proprietários. E não
poderia ser diferente. São exatamente estas análises ideológicas e políticas que irão costurar as
identidades individuais em coletivas, fortalecer as representações sociais e manter, transformar ou
eliminar valores, ideias e comportamentos. O senso comum, invariavelmente, considera que o poder
manipulativo da mídia esteja em ações antiéticas como a tendenciosidade das informações dadas, a
distorção dos fatos, a não difusão de aspectos da notícia ou pura e simplesmente no tipo de abordagem
que faz sobre os fatos. Certamente que como em qualquer atividade, existem os maus profissionais e
mesmo veículos menos éticos que se utilizam destes artifícios, mas não podemos utilizar estes como
exemplos. A manipulação da mídia se dá através da comunicação persuasiva que, sem incorrer em
nenhum tipo de postura antiética, induz e direciona a lógica pela qual os fatos são interpretados por seu
público.
Para compreendermos melhor este aspecto, precisamos partir de algumas premissas básicas. A primeira
delas, é que esta manipulação necessariamente implica em uma uniformidade de conceitos e valores. Em
outras palavras, é preciso que haja uma identificação entre as representações sociais do público alvo e
aquelas que o veículo transmite. É preciso falar a linguagem (conceitual) do público. Vimos em nossa
Aula 03, quando estudamos algumas das técnicas de comunicação persuasiva, que para obtermos um
rapport é importante termos em mente que “não cabe ao comunicador alterar o sistema do ouvinte, mas
atingi-lo”. O que isso significa, é que se não houver uma sintonia entre conceitos básicos e visão de
mundo, a identidade não se consolidará e a manipulação não ocorrerá.
A segunda premissa básica para a comunicação persuasiva é que o público não pode duvidar que o
veículo esteja falando a verdade. Ou seja, vimos acima que a verdade absoluta é uma construção
hipotética, portanto, quando nos referimos à verdade, nos referimos aos fatos desprovidos de análise. 
A manipulação não ocorre no fato, mas na análise que é feita. Assim, sendo o fato comprovado e
indiscutível, a credibilidade não é afetada.
Uma terceira e última premissa da comunicação persuasiva se refere à objetividade do texto e da
argumentação utilizada. Falaremos na próxima aula, de modo mais detalhado, sobre a questão do discurso
isento, mas é importante frisar que uma comunicação persuasiva realmente efetiva, não pode fugir das
normas éticas de objetividade. 
Um discurso ou texto profissional objetivo não é aquele que simplesmente não utiliza a primeira pessoa
em sua formulação frasal, mas sim aquele que é elaborado de modo a que o receptor não se sinta
“carregado” ideologicamente para uma direção definida. A comunicação profissional efetiva não diz para
seu público o que ele deve achar, mas é tecnicamente elaborada de modo a dar ao público a argumentação
(e a contra argumentação) necessária para que ele construa suas conclusões. A comunicação persuasiva
não engana, direciona.
O leitor de uma revista semanal ou de um jornal, por exemplo, identifica-se com os posicionamentos
deste e espera ver uma postura coerente a estes posicionamentos nos argumentos e textos apresentados. 
Textos muito pessoalizados, repletos de posicionamentos pessoais ou com uma argumentação parcial e
tendenciosa, tendem a dar ao leitor a desagradável sensação de que está sendo obrigado a concluir algo e,
certamente, isso acionará nele resistências e má vontade àquela conclusão. Um texto objetivo e o mais
impessoal possível apenas ressalta a identidade entre leitor e veículo, mas não aciona mecanismos de
defesa ou a sensação de estar sendo desqualificado em sua capacidade crítica ou analítica.
Aula 5 – Jornalismo como Papel Mediador na Sociedade
Processo de explicação
Para começarmos nossa aula precisamos deixar bem definido o conceito de explicação. 
A explicação é definida como o processo pelo qual torna-se claro ou detalhado um fato ou situação
anteriormente confusa ou obscura. Ou seja, é o procedimento de análise e compreensãode um dado
qualquer. Para que sejamos capazes de executar esse processo, utilizamo-nos de relações causais, isto é,
estabelecemos relações entre causa e efeito.
Por exemplo: “se algo ocorre comigo ou no mundo, algo ou alguém deve ter provocado isso”. Através
destas relações causais, a explicação ordena e dá coerência às experiências e constrói um sentido, um
nexo para os acontecimentos de nossas realidades. O modo como estabelecemos estas relações entre
causa e efeito será, portanto, o responsável pela forma como compreendemos as coisas.
Associar causas a efeitos
A informação de um fato, quando se propõe a não apenas descrever a ocorrência, mas também a auxiliar
na compreensão deste fato, necessita, portanto, atingir este objetivo: associar causas a efeitos. Dizer, no
entanto, que “A” provocou “B” implica na responsabilidade da análise dessa ocorrência. Frequentemente,
diversos fatores conjugados produzem um resultado, e vincular um destes fatores como necessário e
obrigatório traz consequências éticas e muitas vezes legais.Toda análise causal é ideológica. Não pode
haver isenção ao apontarmos a causa de um fator, pois ao agirmos assim, nos comprometemos com uma
visão, uma perspectiva, uma verdade, dentre tantas possíveis.A função social do Jornalismo vive nesta
linha limítrofe entre o explicar os fatos à sociedade e, ao mesmo tempo, colocar-se como imparcial nessa
condição.Esta aparente impossibilidade ética só se desfaz quando percebemos o limite destes conceitos:
os limites entre o ideal e o humano e entre a frieza de um comunicado impessoal e a necessidade de
humanização do contato interativo entre o profissional e seu público.
Objetividade Transformada pelo olhar do Sujeito – O Processo Explicativo
O pensamento explicativo é a organização típica do pensamento para o processo de dar uma ordem lógica
e causal aos fatos. Através do estabelecimento destas relações de causa e efeito é que conseguimos
explicar as coisas, ou, em outras palavras, dar sentido àquilo que nos cerca.Este tipo específico de
raciocínio lógico possui um funcionamento autônomo e independente. Isto significa que nós é que
encontramos nossas próprias explicações.
Assim, quando dizemos que um professor está “ explicando”, ele está, de fato apresentando um fator, que
será analisado e interpretado de modo diferenciado pelas mentes presentes, o que acarreta, entre outras
coisas, em diferentes compreensões da aula. Quando um aluno não entende, isso pode ser provocado pela
sua incapacidade em organizar o pensamento para a analise daquele fator, ou pela exposição fragmentada
e deficitária do fator (pelo professor), que dificulta ou mesmo impossibilita uma analise precisa. Desta
forma, o professor apresenta os dados de modo lógico e de forma a facilitar a organização do raciocínio
do aluno. Porém, é o aluno que estrutura esta ordenação de modo interno e pessoal e dá aos dados uma
formatação definida – que será seu entendimento da questão.
Coerência e veracidade
Um interessante aspecto a ser ressaltado refere-se ao fato de que a coerência das explicações é mais
importante do que a sua veracidade no que diz respeito à ordenação mental. Assim, o modo como
explicamos a criação do mundo, por exemplo – se por vontade divina ou se por explosões cósmicas – não
faz a menor diferença. O que realmente importa é que a explicação traga à pessoa uma coerência e um
sentido à realidade. A ausência desta coerência, ou seja, de explicação sobre um dado da realidade
impossibilita que a pessoa ordene coerentemente os fatos e acarreta em desordem mental e discursiva da
realidade.
Características do Processo de Explicação
Em função desta coerência das explicações, podemos considerar a explicação como um processo
indispensável ao equilíbrio psicológico. O processo de explicação possui algumas características básicas:
A explicação não é focal: A todo momento, precisamos explicar fatos, sensações e percepções às quais
estamos expostos de modo concomitante. Ao mesmo tempo em que a um aluno em sala de aula se explica
o conteúdo da matéria, explica-se também os ruídos externos, suas funções motoras e orgânicas, sua razão
de estar ali etc.
A explicação tem um nexo situacional próprio: Isto significa que a explicação não pode ficar restrita a
uma lógica simples ou comum. Isto é, o sentido da situação é analisado dentro de um contexto especifico.
Deste modo, situações que, em uma lógica geral, não fariam sentido adquirem um senso próprio dentro de
certo contexto.
Por exemplo: “Vou pôr você de castigo porque quero o melhor para você.” Significa “vou fazê-lo sofrer
porque o amo.” 
Através de uma analise lógica simples, esta situação não faz sentido; no entanto, dentro de uma relação
familiar entre mãe e filho, ambos entendem o nexo da situação.
Respostas Coerentes
Explicar se propõe a dar respostas coerentes entre si aos fatos que nos cercam e, assim, obter nossa
própria coerência interna. Para explicar a si próprio, o indivíduo precisa explicar o mundo ao qual está
inserido, e estas explicações se dão de modo paralelo, através da construção da realidade. Na criança, a
explicação possui modos e características bastante diferenciadas. A pergunta infantil, por exemplo, não
possui um alcance intelectual. Para ela, toda pergunta tem um forte componente afetivo. Isto é, a criança
só pergunta como forma de sentir-se protegida e atendida pelo adulto. Isso é o que provoca aquelas
perguntas infantis que temos certeza que a criança já sabe a resposta.
Fases para chegar à explicação objetiva
Segundo Piaget, a criança passa por três fases antes de ser capaz de chegar à explicação objetiva:
I) Artificialismo mítico. Nesta fase, a explicação é centrada no paralelo da compreensão do universo
pessoal da criança. O agente produtor do efeito é primordial ao modo de produção deste efeito. Assim,
não importa para a criança como a coisa ocorre, mas sim quem a fez ocorrer. Para compreender, precisará
construir um paralelo com sua própria realidade.
Ex.: “Deus faz a chuva para regar as plantas; (assim como) mamãe faz a comida para eu comer”.
II) Artificialismo técnico. A criança ainda necessita, nesta fase, do paralelo com sua realidade pessoal. No
entanto, a ênfase da explicação passa a ser no modo de produção do efeito. É a fase na qual a criança
começa a querer saber como as coisas acontecem ou funcionam. 
A famosa fase dos “porquês”.
Ex.: “Por que a chuva „rega‟ as plantas?”; “Como o vulcão „cospe‟ fogo?”.
III) Explicação causal natural. Aqui a criança começa a abandonar o egocentrismo primitivo que
caracteriza as fases anteriores e começa a buscar objetividade nas explicações. Já não deve necessitar
tanto do paralelismo com suas experiências pessoais. Ela busca o estabelecimento de nexos causais mais
diretos entre os fatores.
Ex.: “É a nuvem que causa a chuva”.
Deve-se ressaltar que, mesmo quando adultas, muitas vezes as pessoas utilizam-se de uma lógica
explicativa calcada em suas experiências pessoais para a compreensão de um fator. No entanto, dentro da
estrutura teórica de Piaget, isto implica que tal indivíduo não se utiliza plenamente do estágio das
operações formais.
Ex.: o conceito de força na Física, compreendido como capacidade de tração motora.
A função social do Jornalismo
O Jornalismo é, por definição, uma ação de mediação entre o sujeito e sua realidade social. Assim,
podemos comparar a atuação do jornalista com a atuação do professor dada no exemplo que vimos sobre
o processo explicativo. Não podemos considerar que é o jornalista quem determinará como seu público
interpretará ou compreenderá os fatos. No entanto, sem dúvida, dependendo da forma como o público for
exposto a um tema, ele terá mais ou menos facilidade de organização de seu pensamento explicativo
sobre o fato relatado, ou ainda tenderá a compreender este fato sob uma ou outra lógica causal.
Naturalmente que, como em qualquer outra situação de comunicação,

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