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Balanço de pagamento - conceitos e estrutura

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1 
 
CAPÍTULO 5 
Balanço de Pagamentos 
O objetivo deste capítulo é apresentar as contas do balanço de pagamentos segundo as normas seguidas 
pelo Banco Central do Brasil (Bacen). Além disso, inclui três anexos: no primeiro, apresenta-se um 
quadro-resumo de registros contábeis, no segundo, uma comparação entre os dados do balanço de 
pagamentos após a atualização da metodologia do Bacen, realizada em 2015, e no terceiro, os dados 
agregados do balanço de pagamentos como apresentado mensalmente pelo Bacen. 
Introdução 
O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as transações econômicas entre um país e o 
resto do mundo durante um determinado intervalo de tempo. Em economia, o balanço de pagamentos 
é normalmente utilizado para analisar o estado das finanças internacionais de um país, pois um saldo 
negativo em uma determinada conta significa que os pagamentos para o exterior superaram as receitas 
vindas do exterior naquele tipo de transação. Em outras palavras, o balanço de pagamentos é um 
importante instrumento de análise econômica, pois ele permite acompanhar a evolução do fluxo de 
recursos materiais e financeiros entre os agentes residentes e não residentes de uma economia. 
No Brasil e na maioria dos países do mundo, os registros do balanço de pagamentos seguem as normas 
internacionais publicadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que por sua vez adota uma 
metodologia de registro contábil compatível com o Sistema de Contas Nacionais da Organização das 
Nações Unidas (ONU). O registro e a divulgação do balanço de pagamentos brasileiro é 
responsabilidade do Banco Central do Brasil, que disponibiliza, para o público em geral, estatísticas 
anuais desde 1947, trimestrais desde 1979 e mensais, desde 1995i. 
Este capítulo tem por objetivo apresentar a estrutura lógica do balanço de pagamentos, com ênfase 
para as diversas formas de registro contábil e a relação entre o balanço de pagamentos e as contas 
nacionais. A seção 5.1 começa a análise apresentando as principais contas e subcontas que compõem 
o balanço de pagamentos, segundo a metodologia mais recente do FMIii. Uma vez definidos os 
conceitos básicos, a seção 5.2 apresenta vários exemplos de registro contábil de transações entre 
residentes e não residentes, de modo a ilustrar a ligação entre as diversas contas do balanço de 
pagamentos. A seção 5.3 mostra a ligação conceitual entre o balanço de pagamentos e o Sistema de 
Contas Nacionais, bem como as diferentes interpretações teóricas para a identidade contábil que 
relaciona investimento e poupança em uma economia aberta. Por fim, a última seção, 5.4, apresenta a 
ligação entre o balanço de pagamentos e a posição internacional de investimento de uma economia, 
isto é, a ligação entre o fluxo de recursos financeiros entre residentes e não residentes e a evolução do 
estoque de ativos e passivos externos de uma economia. 
5.1. Estrutura básica 
Como todo plano contábil, o balanço de pagamento consiste de um conjunto de contas agregadas, que 
podem ser subdivididas em duas ou mais subcontas, dependendo do objetivo da análise. A estrutura 
básica do balanço de pagamentos pode ser resumida em três contas analíticas, baseadas na classificação 
econômica das transações entre residentes e não residentes: 
1. a Conta Corrente, que registra o comércio de bens e serviços, os pagamentos e recebimentos de 
rendas de capital e trabalho e as transferências de renda entre o país e o resto do mundo; 
2 
 
2. a Conta Capital, que registra as transferências de ativos reais e financeiros e as transações de ativos 
não financeiros não produzidos entre residentes e não residentes; e 
3. a Conta Financeira, que registra todos os tipos de fluxos de capitais entre o país e o resto do mundo, 
bem como a variação das reservas internacionaisiii. 
Na ausência de erros e omissões, a soma das Contas-corrente, Capital e Financeira é igual a zero. O 
sentido intuitivo desse resultado é que quando um país tem um déficit em conta corrente, deve haver 
um superávit no mesmo valor na soma das contas Capital e Financeiraiv. Um déficit em conta corrente 
significa que o país tem uma necessidade de financiamento externo, e isso é necessariamente coberto 
via transferências de ativos (Conta Capital) ou investimentos e financiamentos (Conta Financeira) por 
parte do resto do mundo. Por analogia, o oposto ocorre no caso de um superávit em conta corrente. 
Teoricamente, a soma das contas Corrente, Capital e Financeira é igual a zero, em razão do sistema de 
partidas dobradas utilizadas no balanço de pagamentos. Esse ajuste automático ocorre porque a Conta 
Financeira contém um item denominado “ativos de reserva”, que corresponde à mudança do estoque 
de reservas internacionais decorrente das transações registradas no balanço de pagamentosv. 
Na prática, nem todas as transações entre residentes e não residentes são registradas formalmente pela 
autoridade monetária, fazendo com que a soma dos saldos das contas Corrente, Capital e Financeira 
seja diferente de zero ao final do período em análise. Para “solucionar” este problema, o balanço de 
pagamentos possui uma quarta conta de natureza residual, a conta de erros e omissões, que corresponde 
exatamente às transações não registradas pela autoridade monetária, mas que acarretam uma variação 
das reservas internacionais do país. 
A informação economicamente relevante do balanço de pagamentos está obviamente nos componentes 
das contas Corrente, Capital e Financeira. Para facilitar a análise, analisaremos cada uma dessas contas 
separadamente, a seguir. Antes disso, vale a pena apresentar os dados da economia brasileira em 2015 
em dólares norte-americanos para ilustrar o sentido intuitivo das principais contas do balanço de 
pagamentos (Tabela 5.1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Tabela 5.1 
Resumo do balanço de pagamentos do Brasil, em 2015 (valores em milhões de dólares) 
 
Traduzindo a Tabela 5.1 em palavras, em 2015 a economia brasileira registrou um déficit em conta 
corrente de US$ 58.882 milhões e um superávit da Conta de Capital de US$ 440 milhões. A soma 
dessas duas contas resultou na necessidade de financiamento de US$ 58.442 milhões, que por sua vez 
deveria ser o valor registrado na Conta Financeira, na ausência de erros e omissões. Porém, o valor 
registrado pelo Bacen para esse ano foi de US$ 54.734 milhões, ou seja, US$ 3.708 milhões a menos 
do que apontou a soma da Conta-Corrente com a Conta de Capital. Essa discrepância corresponde a 
transações entre residentes e não residentes não registradas pelo Bacen e, portanto, contabilizadas na 
conta de erros e omissões no balanço de pagamentos. 
Outra forma de analisar a Tabela 5.1 é verificar que o balanço de pagamentos registrou um aumento 
(aquisição) de US$ 1.569 milhão em ativos de reserva em 2015. Esse aumento ocorreu mesmo diante 
de uma necessidade de financiamento de US$ 58.442 milhões (capacidade de financiamento negativa), 
porque houve uma entrada líquida de US$ 56.303 milhões em fluxos de capitais (emissão líquida de 
passivos financeiros, exceto ativos de reserva) e de mais US$ 3.708 milhões em transações não 
registradas pelo Bacen (erros e omissões). Por essa perspectiva, o valor da conta de “ativos de reserva” 
na atual metodologia do FMI corresponde ao que se costumava chamar de “déficit do balanço de 
pagamentos” na metodologia anterior, isto é, a redução das reservas internacionais decorrente de fluxos 
de bens, serviços, transferências e investimentos entre residentes e não residentesvi. 
 
4 
 
5.1.1. Conta-Corrente 
A Conta-Corrente é composta por quatro subcontas: balanço comercial, balanço de serviços, balanço 
de rendas primárias (remuneração de fatores de produção) e balanço de rendas secundárias 
(transferências correntes). 
Balanço comercial 
O balanço comercial registra as transações de compra e venda de bens entre residentes e não residentes. 
Os valoresdas transações são registrados somente pelo seu valor free on board (FOB), isto é, pelos 
valores dos bens transacionados sem os custos de fretes, comissões, seguros e outros serviços 
acessórios ao comércio. Considere, por exemplo, a importação de um bem com custo total de $ 120 
para o importador, dos quais $ 15 correspondem ao frete e $ 105 ao bem propriamente dito. O balanço 
comercial registrará somente $ 105 como importação, sendo os $ 15 restantes registrados como 
pagamento de fretes no balanço de serviços. 
Em sua versão mais básica, o balanço comercial consiste de apenas duas contas: exportações e 
importações. Porém, dependendo da disponibilidade de dados e do objetivo da análise, versões mais 
sofisticadas podem dividir os fluxos comerciais por categorias econômicas ou por regiões geográficas. 
Uma taxonomia usual consiste em dividir o balanço comercial por categoria de uso, classificando os 
produtos como bens intermediários, bens de capital e bens de consumo. Já o exemplo mais comum de 
taxonomia geográfica consiste em classificar as exportações segundo o país de destino e as 
importações de acordo com o país de origem. 
A Tabela 5.2 apresenta o saldo comercial do Brasil em 2015, por categoria de uso, segundo os dados 
da Fundação de Comércio Exterior (Funcex). O valor total do saldo comercial não é igual ao reportado 
pelo Bacen, em virtude das diferenças entre as metodologias das duas instituiçõesvii, mas a composição 
das exportações e importações levantadas pela Funcex nos fornece uma informação importante sobre 
a estrutura do comércio internacional do Brasil. 
Tabela 5.2 
Balanço comercial do Brasil em 2015, por categoria de uso (valores em milhões de dólares) 
 
5 
 
Balanço de serviços 
O balanço de serviços registra as receitas e pagamentos relativos à prestação de serviços entre 
residentes e não residentes. A divisão do balanço de serviços procura abrigar transações similares sob 
uma mesma rubrica e, de acordo com a metodologia adotada atualmente pelo Bacen, as principais 
classificações para o Brasil são as seguintes: 
• Serviços de manufatura: serviços de processamento de insumos físicos que pertencem a não 
residentes, geralmente dentro de cadeias globais de produção, sem mudança de propriedade do 
insumo entre residentes e não residentes. Um exemplo desse serviço é o recebimento de peças 
de um smartphone do exterior, para montagem no país, e reenvio do produto processado aos 
proprietários das peças, no exterior. 
• Serviços de manutenção e reparo: serviços de manutenção e reparo de bens de não residentes, 
também sem mudança de propriedade do bem. 
• Transportes: serviços relacionados com o transporte de cargas (fretes) e de passageiros 
(passagens), incluindo despesas postais e excluindo seguros. 
• Viagens: receitas e despesas relacionadas com a aquisição de bens e serviços, por viajantes, em 
viagens de negócios ou de turismo com duração de até um anoviii. Esta conta não inclui as 
despesas de passagens, que são registradas na subconta de transportes. 
• Construção: serviços de construção e instalação de projetos, prestados temporariamente por 
residentes para não residentes no exterior, e vice-versa. 
• Seguros: receitas e despesas relativas à provisão de seguros e previdência privada como seguro 
de cargas, seguros pessoais, seguros de vida e resseguros. 
• Serviços financeiros: receitas e despesas relativas aos custos da intermediação financeira, como 
taxas e comissões associadas a linhas de crédito, operações de financiamento, subscrição de 
ações e ofertas primárias de títulos mobiliários. 
• Serviços de propriedade intelectual: receitas e despesas relativas ao uso autorizado de ativos e 
direitos de propriedade intangíveis, como marcas comerciais, patentes, franquias, livros e 
filmes. 
• Telecomunicação, computação e informação: receitas e despesas relativas a transmissão de 
dados, manutenção e reparo de hardware, implementação de software e gerenciamento de 
informações e de bases de dados. 
• Aluguel de equipamentos: receitas e despesas relativas ao aluguel ou ao leasing de máquinas e 
equipamentos. 
• Serviços culturais, pessoais e recreativos: serviços pessoais, como saúde, e audiovisuais e 
culturais, como produção de filmes, eventos esportivos e realização de shows e espetáculos. 
• Outros serviços de negócios: serviços de contabilidade, advocacia, consultoria e outras 
atividades profissionais para empresas não incluídas nos demais itens de serviços privados. 
• Serviços governamentais: receitas e despesas relacionadas com todos os serviços prestados e 
recebidos por órgãos governamentais no exterior, como embaixadas e consulados, não 
relacionados em outros itens do balanço de serviços. 
 
 
 
6 
 
Tabela 5.3 
Balanço de serviços do Brasil, em 2015 (valores em milhões de dólares) 
 
Balanço de rendas primárias 
O balanço de rendas primárias registra as receitas e pagamentos associados às rendas do trabalho e do 
capital, em transações entre residentes e não residentes. As rendas do trabalho correspondem aos 
salários e ordenados pagos por residentes a não residentes, ou por não residentes a residentes, em 
contratos de curta duração ou sazonais. Já as rendas de capital correspondem a lucros, dividendos e 
juros. Essas rendas podem ser remetidas ao exterior ou reinvestidas no país em que foram geradas. 
O detalhamento da Conta de Renda de Capital é normalmente determinado pelo detalhamento da Conta 
Financeira, isto é, para cada tipo de investimento na Conta Financeira existe uma conta correspondente 
na Conta de Renda de Capital da conta corrente, por exemplo, ao investimento direto é normalmente 
associada uma conta de lucros e dividendos de investimento direto e outra conta de juros incidentes 
sobre empréstimos Inter companhia. 
Além da taxonomia por tipo de investimento, em situações excepcionais também é adotada uma 
classificação de acordo com o pagamento efetivo da renda de capital, dividindo-se os juros em juros 
pagos e juros atrasados, por exemplo. Os primeiros têm como contrapartida uma redução nas reservas 
internacionais ou um refinanciamento voluntário por parte dos não residentes, enquanto os segundos 
têm como contrapartida um financiamento compulsório por parte do resto do mundoix. 
A Tabela 5.4 apresenta a classificação adotada pelo Bacen a partir de 2015. A Conta de Rendas 
Primárias se subdivide em remuneração de empregados e remuneração de investimentos, sendo que 
esta última ainda se subdivide em quatro itens: 
1. investimento direto; 
2. investimento em carteira; 
7 
 
3. outros investimentos; e 
4. ativos de reserva. 
Tabela 5.4 
Balanço de rendas primárias do Brasil, em 2015 (valores em milhões de dólares) 
 
Apresentaremos as características desses investimentos mais à frente. Por enquanto, cabe apontar que 
a renda de investimentos em carteira inclui os juros pagos a não residentes por títulos emitidos no 
mercado doméstico em moeda nacional. Em outras palavras, a partir de 2015, os juros pagos em reais 
(BRL) para não residentes dentro do Brasil entram na Conta de Rendas Primárias, calculada pelo 
Bacen, mesmo que esses juros não sejam remetidos para o exterior. Além disso, a atualização da 
metodologia do balanço de pagamentos pelo Bacen também adicionou um item específico para 
explicitar o rendimento dos ativos de reserva do país, bem como uma conta residual para registrar 
“outras rendas primárias” que não se encaixam nas quatro definições anteriores. 
Balanço de rendas secundárias 
As rendas secundárias correspondem às receitas ou às despesas que não têm como contrapartida a 
aquisição de um bem, a prestação de um serviço ou a utilização de um fator de produção como 
transferências pessoais de renda, contribuições e benefícios sociais, impostos e prêmios de seguro. 
Nesse sentido, essas transações correspondem à transferência unilateral de renda de residentes para 
não residentes, e vice-versa. 
Ataxonomia das transferências depende da importância de cada tipo de fluxo para a economia em 
análise. Em linhas gerais, as transferências são divididas em duas categorias: governamentais e 
privadas. Além desta taxonomia, para alguns países também é importante destacar as transferências 
pessoais, que correspondem, por exemplo, à renda enviada por trabalhadores brasileiros, no exterior, 
para suas famílias, no Brasil. A Tabela 5.5 apresenta o valor e composição dessa conta para o Brasil 
em 2015, com destaque para as transferências pessoais. 
 
 
 
8 
 
Tabela 5.5 
Balanço de rendas secundárias para o Brasil, em 2015 (valores em milhões de dólares) 
 
5.1.2. Conta de Capital 
A Conta de Capital registra as transferências de ativos reais, financeiros e intangíveis entre residentes 
e não residentes. A principal diferença em relação às transferências registradas na conta corrente é que 
as transferências de capital envolvem direitos de propriedade sobre ativos em vez de renda. 
No modelo atual de balanço de pagamentos do Brasil, a conta de capital é dividida em apenas duas 
categorias: transferências de capital, que incluem ativos reais e financeiros; e transferências de bens 
não financeiros não produzidos, que incluem, por exemplo, cessão de patentes e direitos autorais, bem 
como receitas e despesas relacionadas com passes de atletas. A Tabela 5.6 apresenta o valor e 
composição dessa conta para o Brasil, com destaque para o peso de passes de atletas na Conta de 
Capital em 2015. 
Tabela 5.6 
Conta Capital do Brasil, em 2015 (valores em milhões de dólares) 
 
5.1.3. Conta Financeira 
A Conta Financeira registra os fluxos de capital entre residentes e não residentes, e está organizada em 
cinco subcontas: investimento direto, investimento em carteira, derivativos, outros investimentos e 
ativos de reserva. 
Investimento direto 
O investimento direto consiste de entradas e saídas de capital relacionadas com a obtenção de um 
interesse “duradouro”, por parte de um residente, em um negócio ou atividade residente em outra 
economia. A noção de interesse duradouro implica a existência de uma relação de longo prazo entre o 
investidor e o negócio em questão, bem como o controle significativo por parte do investidor sobre o 
ativo transacionado. 
9 
 
Como acontece com qualquer definição contábil, o conceito de interesse duradouro reflete uma 
convenção adotada pelo Manual de Balanço de Pagamentos do FMI, segundo o qual investimento 
direto é definido como negócios, de companhias abertas ou não, nos quais o investidor que é residente 
em outro país possui 10% ou mais das ações ordinárias, no caso de companhias abertas, ou um poder 
de influência equivalente, no caso de companhias fechadas (FMI, 2009, p. 101, item 6.12). 
Os exemplos mais usuais de investimento diretos são a abertura de filiais de empresas nacionais no 
exterior e a abertura de filiais de empresas estrangeiras no país. Além disso, os empréstimos entre 
matrizes e filiais também são considerados investimentos diretos, uma vez que implicam o aumento 
de capital controlado por residentes em negócios localizados no exterior. Outra modalidade importante 
de investimento direto é a aquisição do controle de companhias estrangeiras por parte de investidores 
nacionais, ou de companhias nacionais por parte de investidores estrangeiros. 
Cabe ressaltar que, em termos econômicos, o investimento direto não implica necessariamente o 
aumento do estoque de capital, uma vez que a transação pode envolver simplesmente a compra e venda 
de ativos já existentes. Para distinguir os dois casos, a literatura sobre o tema define os investimentos 
que aumentam o estoque de capital como greenfield, no sentido de que eles ocorrem sobre um campo 
vazio ou “verde”. Já os investimentos que implicam somente a troca de propriedade são denominados 
brownfield (o equivalente a campo “marrom” ou preenchido, ou seja, o contrário do conceito anterior), 
uma vez que envolvem estruturas, máquinas ou equipamentos já existentes. 
Os investimentos diretos incluem não só a transação inicial, que estabelece a relação de longo prazo 
entre o investidor residente e o ativo não residente, mas também todas as transações subsequentes entre 
as empresas envolvidas. Um exemplo importante dessas relações subsequentes é o reinvestimento dos 
lucros obtidos pelo investimento direto no país onde se localiza tal investimento. Esse tipo de transação 
é registrado como uma remessa de lucro na Conta de Rendas Primárias, e como uma entrada de 
investimento direto na Conta de Investimento Direto. O impacto sobre os ativos de reserva do país é 
nulo, uma vez que os recursos não saem efetivamente do país onde se localiza o investimento. 
Na metodologia atual do balanço de pagamentos do Brasil, o investimento direto é classificado de 
acordo com sua direção, no exterior ou no país, e com o instrumento envolvido, participação no capital 
ou empréstimos intercompanhia. Os fluxos de participação no capital são subdivididos em duas 
categorias: fluxos novos e reinvestimentos; enquanto os empréstimos intercompanhia são subdivididos 
em três categorias: da matriz à filial, da filial à matriz ou entre “companhias irmãs”, isto é, companhias 
que não são filiais ou matrizes uma das outras, mas que têm o mesmo controlador. 
A Tabela 5.7 apresenta o valor e a composição do investimento direto do Brasil em 2015. Em tal ano 
houve um investimento direto de US$ 13.498 milhões do Brasil no exterior, e de US$ 75.075 do 
exterior no Brasil. Uma grande parte desse investimento direto no Brasil ocorreu através de 
“investimento reverso”, isto é, de empréstimos de filiais de empresas brasileiras no exterior a suas 
matrizes no Brasil, com US$ 10.981 bilhões. 
 
 
 
 
 
10 
 
Tabela 5.7 
Conta de Investimento Direto do Brasil, em 2000 (valores em milhões de dólares) 
 
Investimento em carteira 
A conta de investimento em carteira registra as receitas e despesas relacionadas com investimentos em 
ações, debêntures e outros títulos de renda fixa ou variável, bem como em instrumentos de mercado 
monetário e financeiro, como certificados de depósitos bancários e quotas de fundos de investimento. 
Em contraposição ao investimento direto, o investimento em carteira não caracteriza o estabelecimento 
de um vínculo duradouro entre o investidor e o ativo em questão, e também não proporciona o controle 
formal do negócio correspondente ao título mobiliário. 
A partir de 2015, o Bacen passou a registrar os investimentos em ativos de reserva em uma conta 
separada da conta de investimento em carteira, em virtude da natureza especial e residual de tal conta. 
A variação dos ativos de reserva funciona como uma conta de caixa do balanço de pagamentos, na 
qual são feitas as contrapartidas de todas as transações liquidadas em moeda estrangeirax. 
Assim como o investimento direto, o investimento em carteira também é classificado de acordo com 
sua direção e com o instrumento envolvido. Nesse sentido, os registros contábeis são agrupados em 
variações do ativo (vendas líquidas de ativos por residentes para não residentes) e variações do passivo 
(emissão líquida de passivos por residentes para não residentes). Dentro de cada uma dessas categorias, 
a atual metodologia de registro do balanço de pagamentos do Brasil divide os fluxos em três tipos de 
instrumentos: ações, fundos de investimento ou títulos de renda fixa. 
Em virtude da incorporação de títulos em moeda nacional negociados no Brasil no conceito de 
investimento em carteira, a metodologia do Bacen também separa esse tipo de investimento dos demais 
investimentos em carteira. Isso acontece porque quando um agente não residente recebe juros de um 
título doméstico e reinveste os recursos no Brasil, o balanço de pagamentos registra esse procedimento 
como pagamento de juros na Conta-Corrente e entrada de investimento em carteira na Conta 
Financeiraxi. Essa transação nãotem impacto sobre os ativos de reserva da economia, mas altera a 
posição financeira do Brasil em relação ao resto do mundo. 
11 
 
A Tabela 5.8 apresenta o valor e principais componentes do investimento em carteira no Brasil em 
2015. 
Tabela 5.8 
Investimento em carteira do Brasil, em 2015 (valores em milhões de dólares) 
 
Derivativos 
A Conta de Derivativos foi incluída na metodologia do FMI para registrar, em separado, as variações 
de capital associadas a instrumentos financeiros cujo valor depende do valor de outros instrumentos 
financeiros, e sobre o qual não há pagamento de juros nem adiantamento ou repagamento de capital. 
Traduzindo em termos intuitivos, derivativos são contratos financeiros cujo valor deriva do preço de 
outros ativos ou índices, como contratos de dólar futuro, opções de compra de ações e swaps de taxas 
de juroxii. Como o valor dos derivativos flutua de acordo com os índices aos quais eles estão atrelados, 
não há renda de capital associada a esse tipo de contrato. Na verdade, à medida que os preços dos 
índices de referência flutuam, os contratos de derivativos proporcionam ganhos ou perdas de capital a 
seus detentores. Essas variações são registradas na própria Conta de Derivativos. 
Mais formalmente, segundo o Banco Central do Brasil, a Conta de Derivativos Financeiros “registra 
os fluxos financeiros relativos à liquidação de haveres e obrigações decorrentes de operações de swap, 
opções e futuros e os fluxos relativos aos prêmios de opções. Não inclui os fluxos de depósitos de 
margens de garantia vinculados às operações em bolsas de futuros, alocados em outros ativos e outros 
passivos de curto prazo” (Banco Central do Brasil, 2001, p. 12). 
O exemplo mais simples para ilustrar a mecânica da Conta de Derivativos é considerar uma situação 
em que um investidor estrangeiro detém uma posição comprada em dólar futuro na Bolsa de 
Mercadorias & Futuros (BM&F) de São Paulo. Caso a cotação do dólar futuro suba, o investidor 
externo tem um ganho de capital, pois o ativo que ele comprou se valorizou. Se o investidor estrangeiro 
liquidar sua posição, recebendo em dinheiro seu ganho de capital, essa operação será registrada como 
um débito na Conta de Derivativos, pois o investidor não residente obteve um ganho, e como um 
crédito na conta de ativos monetários dos estrangeiros no país, pois o ganho do investidor externo é 
creditado em sua conta-corrente no Brasil. 
 
12 
 
Outros investimentos 
A Conta de Outros Investimentos é uma conta residual que registra todos os fluxos de capitais que não 
se enquadram em nenhuma das definições anteriores. Segundo a metodologia proposta pelo FMI, esta 
conta deve ser subdividida em quatro grandes grupos: 
• Créditos comerciais: financiamentos de curto ou longo prazo associados a operações de 
exportação ou de importação de bens e serviços, como as operações de crédito ao exportador 
(suppliers’ credit) ou ao importador (buyers’ credit). 
• Empréstimos: empréstimos de curto e longo prazo, incluindo amortizações, desembolsos e 
refinanciamentos. 
• Moeda e depósitos: disponibilidades monetárias de não residentes no país e de residentes no 
exterior, como moeda em espécie e depósitos bancários, que não se enquadram no conceito de 
ativos de reserva da autoridade monetária. 
• Outras operações: todas as operações que não se enquadram nas definições anteriores, como 
depósitos de margem relativos a operações com derivativos. 
A Tabela 5.9 apresenta o valor e composição da conta de outros investimentos para o Brasil em 2015. 
Tabela 5.9 
Outros investimentos no balanço de pagamentos do Brasil, em 2015 (valores em milhões de 
dólares) 
 
Ativos de reserva 
Os ativos de reserva passaram a integrar a conta financeira brasileira a partir de 2015, quando o Bacen 
atualizou sua metodologia de balanço de pagamentos. Essa conta tem por objetivo registrar a variação 
dos ativos de alta liquidez internacional, que podem ser utilizados para saldar compromissos 
internacionais sem gerar nenhuma obrigação futura. Em outras palavras, os ativos de reserva 
funcionam como o meio de pagamento internacional, no sentido de que quando uma transação é 
quitada com esse ativo, as obrigações entre credor e devedor se encerramxiii. 
Os ativos de reserva internacional consistem de haveres da autoridade monetária que estão disponíveis 
e diretamente sob o controle do governo “(...) para financiar ou regular desequilíbrios de pagamentos 
e para outros propósitos” (FMI, 2009, p. 88, item 330). Dentre os “outros propósitos”, cabe destacar 
intervenções no mercado de câmbio destinadas a afetar o nível ou a volatilidade da taxa de câmbio, 
dependendo do regime cambial adotado pelo país em questão. Como o Brasil adota o sistema de 
câmbio flutuante (desde 1999), as intervenções cambiais do Bacen têm por objetivo principal reduzir 
a volatilidade da taxa de câmbio ao comprar e vender moeda estrangeiraxiv. 
13 
 
Segundo a metodologia de registro proposta pelo FMI, a conta de haveres da autoridade monetária 
deve ser organizada em quatro categorias: 
• Ouro monetário: ouro em espécie que pode ser diretamente utilizado como meio de pagamento em 
transações domésticas ou internacionaisxv. 
• Direitos especiais de saque (Special Drawing Rights – SDRs): ativos de reserva emitidos pelo FMI, 
para funcionar como um substituto do dólar e do ouro em transações internacionaisxvi. 
• Posições de reserva no FMI: ativos que os países membros do FMI transferiram ao FMI, em moedas 
ou ativos de reserva internacional. 
• Outros ativos: todos os outros ativos de alta liquidez em moeda estrangeira, de posse da autoridade 
monetária, que não se enquadram nas definições anteriores. 
A Tabela 5.10 apresenta a Conta de Ativos de Reserva do Brasil em 2015. O valor negativo de US$ 
1.569 milhões significa que houve uma “compra líquida” de reservas internacionais, isto é, o saldo 
final de todas as outras contas do balanço de pagamentos resultaram em um aumento de US$ 1.569 
milhões das reservas brasileiras em 2015. 
Tabela 5.10 
Conta de Ativos de Reserva do Balanço de Pagamentos do Brasil, em 2015 (valores em milhões 
de dólares) 
 
5.2. Exemplos de registro contábil 
O balanço de pagamentos segue o método de partidas dobradas, isto é, um crédito em uma conta deve 
necessariamente estar associado a um débito em outra conta, de modo que o sistema total seja sempre 
“zerado”. A Conta de Ativos de Reserva ganha importância exatamente neste quesito, uma vez que 
transações entre residentes e não residente saldadas via remessas de recursos têm como contrapartida 
um lançamento, a débito ou a crédito, na Conta de Ativos de Reserva. Para ilustrar esse procedimento, 
os exemplos a seguir apresentam diversos tipos de registro contábil do balanço de pagamento. 
✓ Exportação de bens no valor de $ 100, com remessa integral de moeda estrangeira para o 
exportador, que por sua vez internaliza os recursos no país: crédito de $ 100 em exportações e 
débito de $ 100 em ativos de reserva. 
✓ Importação de $ 230, sendo $ 130 pago em dinheiro e $ 100 financiado pelo produtor da 
mercadoria importada: crédito de $ 130 em ativos de reserva, crédito de $100 em outros 
investimentos (subconta crédito comercial), e débito de $ 230 em importações. 
✓ Doação de medicamentos para o exterior no valor de $ 50: crédito de $ 50 em exportações e 
débito de $ 50 em rendas secundárias da conta-corrente. 
14 
 
✓ Exportação de bens no valor de $ 200, sendo $ 150 financiados pelo produtor nacional e o 
restante depositado na sua conta bancária no exterior: crédito de $ 200 em exportações, débito 
de $ 150 em outros investimentos (subconta crédito comercial) e débito de $ 50 em outros 
investimentos (subconta moedas e depósitos). 
✓ Despesa total de $ 70 por parte de turistas brasileiros em viagens internacionais, sendo $ 30 
referentes a passagens compradas em companhias aéreas estrangeiras, e $ 40 de gastos comhotéis e compras no exterior: crédito de $ 70 em ativos de reserva, débito de $ 30 em transportes 
(subconta passagens) e débito de $ 40 em viagens. 
✓ Despesa de $ 200 com leasing de aeronaves, por parte de fabricantes estrangeiros, para 
utilização por companhias aéreas brasileiras: crédito de $ 200 em ativos de reserva e débito de 
$ 200 em aluguel de máquinas e equipamentos, 
✓ Pagamento de $ 400 em dividendos para não residentes, sendo $ 130 reinvestidos no Brasil: 
crédito de $ 270 em ativos de reserva, crédito de $ 130 em investimento direto e débito de $ 
400 em rendas (subconta dividendos). 
✓ Juros vencidos, mas não pagos, no valor de $ 50, sobre empréstimos de brasileiros a não 
residentes: crédito de $ 50 em rendas (subconta juros atrasados) e débito de $ 50 em outros 
investimentos (subconta empréstimos por juros atrasados). 
✓ Transferências de $ 35 de trabalhadores brasileiros no exterior para suas famílias no Brasil: 
crédito de $ 35 em rendas primárias (subconta transferências pessoais) e débito de $ 35 em 
ativos de reserva. 
✓ Perdão de $ 10 em empréstimos atrasados tomados por brasileiros no exterior: crédito de $ 10 
em transferências de capital e débito de $ 10 em outros investimentos (subconta empréstimos 
– amortização). 
✓ Empréstimo de uma companhia brasileira para sua filial no exterior, no valor de $ 110: crédito 
de $ 110 em ativos de reserva e débito de $ 110 em investimento direto (subconta empréstimo 
intercompanhias). 
✓ Venda de ações detidas por não residentes na Bolsa de Valores de São Paulo, no valor de $ 
200, com remessa de $ 120 para o exterior: crédito de $ 120 em ativos de reserva, crédito de $ 
80 em outros investimentos (subconta moedas e depósitos) e débito de $ 200 em investimento 
em carteira (subconta ações). 
✓ Emissão de títulos de dívida externa no valor de $ 400, com pagamento de comissão de 1% 
para o agente financeiro no exterior: crédito de $ 400 em investimento em carteira, débito de $ 
400 em ativos de reserva, débito de $ 4 em serviços financeiros e crédito de $ 4 em ativos da 
autoridade monetária. 
✓ Refinanciamento de empréstimos atrasados no valor de $ 35: crédito de $ 35 em outros 
investimentos (subconta empréstimos – desembolso) e débito de $ 35 também em outros 
investimentos (subconta empréstimos – amortização). 
✓ Amortização de $ 90 referentes a um empréstimo de curto prazo, sendo $ 40 refinanciadas: 
crédito de $ 50 na conta de ativos de reserva, crédito de $ 40 em outros investimentos (subconta 
empréstimos – desembolso) e débito de $ 90 em outros investimentos (subconta empréstimos 
– amortização). 
✓ Empréstimo de $ 300 do FMI ao Banco Central do Brasil: crédito de $ 300 em outros 
investimentos (subconta empréstimos) e débito de $ 300 em ativos de reserva. 
✓ Aquisição do controle de uma companhia externa por parte de uma companhia brasileira no 
valor de $ 400, sendo $ 350 financiado via emissão de títulos de renda fixa no exterior: crédito 
15 
 
de $ 50 em ativos de reserva, crédito de $ 350 na conta de investimento em carteira e débito de 
$ 400 na conta de investimento direto. 
✓ Aquisição de uma posição de $ 100 em mercados de derivativos no exterior, com depósito de 
margem de 10%: crédito de $ 10 em outras operações e débito de $ 10 na conta de ativos de 
reserva. 
✓ Perda de $ 50, por parte de investidores brasileiros, em operações de derivativos no exterior, 
com remessa do valor correspondente para pagar tal despesa no exterior: crédito de $ 50 em 
ativos de reserva e débito de $ 50 na conta de derivativos. 
✓ Securitização de $ 250 de um empréstimo de brasileiros para não residentes: crédito de $ 250 
em empréstimos e débito de $ 250 em investimento em carteira. 
O apêndice deste capítulo apresenta um quadro-resumo de todos os registros relacionados 
anteriormente. Ao final do exercício, o resultado é um déficit de US$ 519 na conta-corrente, um 
superávit de $ 10 na Conta Capital e, portanto, uma entrada líquida de capitais no valor de $ 509 na 
Conta Financeira. Neste último valor estão incluídos US$ 229 de redução dos ativos de reserva, que é 
um item da Conta Financeira. 
5.2.1. Saldo do balanço de pagamentos e variação de reservas 
Até o momento, trabalhamos com a hipótese de que o saldo da Conta de Ativos de Reserva corresponde 
à redução do estoque de reservas internacionais da economia em análise. Na prática, esta hipótese é 
uma boa aproximação da realidade, pois a maior parte da variação das reservas internacionais decorre 
da diferença entre receitas e despesas no balanço de pagamentos. No entanto, do ponto de vista 
contábil, a variação das reservas internacionais também deve levar em consideração os ganhos e perdas 
de capital, isto é, as variações do valor total das reservas decorrentes de variações nos preços dos ativos 
de reserva em relação à unidade de conta adotada. 
Um exemplo ajuda a esclarecer o papel dos ganhos e perdas de capital. Assuma que as reservas 
internacionais do Brasil têm a seguinte composição: 90 bilhões de dólares norte-americanos (US$) e 
50 bilhões de euros (€). Caso a contabilidade do Banco Central seja realizada em dólares e a taxa de 
câmbio internacional seja de US$ 0,87 por euro, o valor das reservas internacionais do Brasil em 
dólares norte-americanos é de 90 + 50 x 0,87 = 133,5 bilhões de dólares. 
Agora, suponha que o saldo da conta de ativos de reserva do balanço de pagamentos do Brasil é zero 
e que a taxa de câmbio dólar/euro passe de 0,87 para 0,85. Como o valor das reservas brasileiras é 
expresso em dólares, a valorização do dólar ante o euro leva a uma redução do valor do estoque de 
reservas internacionais do Brasil em dólares, apesar do saldo zero da conta de ativos de reserva. Mais 
formalmente, o novo valor das reservas brasileiras será de 90 + 50 x 0,85 = 132,5 bilhões de dólares. 
Por analogia, o mesmo raciocínio vale para o caso em que as reservas brasileiras também incluam 
ienes japoneses, libras esterlinas, ações norte-americanas, títulos de renda fixa norte-americanos e 
outros itens de alta liquidez. 
5.3. Balanço de pagamentos e contas nacionais 
O balanço de pagamentos está intimamente ligado ao restante do Sistema de Contas Nacionais via a 
identidade entre poupança e investimento, uma vez que a chamada poupança externa é uma das 
contrapartidas da formação bruta de capital. Para analisar essa questão com mais detalhes, vale 
começar pela definição do Produto Interno Bruto da economia (PIB) sob a ótica da despesa, isto é: 
Y = C + I + G + X – M (5.1) 
16 
 
Em que Y representa o PIB, C, o consumo total (privado e público), I, o investimento total (privado e 
público) e X e M, as exportações e importações de bens e serviços, respectivamente. 
O conceito de absorção doméstica corresponde ao gasto total em consumo e investimento por parte de 
agentes residentes. Já o conceito de exportações líquidas corresponde à soma dos saldos dos balanços 
comercial e de serviços. Com base nestas duas definições, temos: 
Y = A + NX (5.2) 
Em que A = C + I + G é a absorção doméstica e NX = X – M representa as exportações líquidas. 
5.3.1. Renda disponível, absorção doméstica e saldo em conta-corrente 
Passando à ótica da renda, o PIB é definido como: 
PIB = RNB + RLEE (5.3) 
Em que RNB é a renda nacional bruta e RLEE é a renda líquida (do trabalho e do capital) enviada ao 
exterior (déficit da conta de renda primária apresentada anteriormente). Seja TUR as transferências 
unilaterais líquidas de renda recebidas do exterior (superávit da conta de renda secundária apresentada 
anteriormente), com base em (5.3), temos: 
PIB – RNB + TUR + RLEE – TUR (5.4) 
portanto: 
PIB = RND + RLEE – TUR (5.5) 
Em que RND = RNB + TUR é a renda nacional disponível para consumo e investimento por parte dos 
agentes residentes no país. 
Subtraindo (5.5) de (5.1) temos: 
0 = (A – RND) + (NX – RLEE + TUR) (5.6) 
ou seja: 
SCC = RND – A (5.7) 
Em que SCC =NX – RLEE + TUR é o saldo em conta-corrente do balanço de pagamentos. 
O sentido intuitivo de (5.7) é que um superávit em conta-corrente indica que o país gasta menos do 
que sua renda disponível em consumo e investimento (RND > A) e, por analogia, um déficit em conta-
corrente significa que o país gasta mais do que sua renda disponível em consumo e investimento 
(RND < A). 
5.3.2. Poupança e investimento 
Considere agora a identidade entre poupança e investimento em (5.1), (5.5) e (5.6). Assim: 
C + I + G + X – M = RND + RLEE – TUR (5.8) 
e, depois de algumas operações algébricas: 
I = SD + SE (5.9) 
17 
 
Em que SD = RND – C representa a poupança doméstica ou interna e SE = - SCC representa a 
poupança externa. 
O sentido intuitivo de (5.9) é que um déficit em conta-corrente corresponde a uma poupança externa 
positiva, no sentido de que ele significa um excesso do investimento em relação à poupança doméstica. 
Por analogia, um superávit em conta-corrente corresponde a uma poupança externa negativa, ou seja, 
ao excesso da poupança interna em relação ao investimento. Com base nestas definições, é comum 
dizer que um país que tem superávit em conta-corrente está “exportando” poupança para o exterior, 
enquanto um país com déficit em conta-corrente está “importando” poupança do exterior. 
5.3.3. Identidades contábeis e visões teóricas 
Passando a considerações teóricas, note que (5.9) é uma identidade contábil e, como tal, ela não permite 
atribuir um sentido de causalidade entre as variáveis. Para fazer proposições causais, é preciso 
introduzir alguma teoria na análise, de modo a estabelecer qual é variável independente e qual é a 
variável dependente em (5.9). 
Segundo a visão keynesiana da macroeconomia, o investimento causa a poupança no nível agregado, 
isto é, a causalidade corre da esquerda para a direita em (5.9). O sentido intuitivo desta visão é que, de 
um lado, o aumento do investimento tende a gerar um aumento da renda, que por sua vez leva ao 
aumento da poupança doméstica. Por outro lado, o aumento do investimento também tende a gerar um 
aumento das importações, reduzindo o saldo em conta-corrente e aumentando a poupança externa. 
Já segundo a visão neoclássica da macroeconomia é a poupança que causa o investimento. Assim, o 
aumento da poupança doméstica ou externa disponibiliza mais recursos para acumulação do capital e, 
desta forma, permite o aumento do investimento, geralmente via uma queda da taxa de juros decorrente 
da redução do consumo. 
A identidade contábil dada por (5.9) é compatível com ambas as interpretações, mas a recíproca não é 
verdadeira. O fato de (5.9) ser sempre válida não implica necessariamente que a visão keynesiana ou 
a visão neoclássica são sempre corretas. De fato, em economia é frequente alguns analistas 
confundirem identidades contábeis com relações teóricas e afirmarem, por exemplo, que, como o 
investimento é igual à soma da poupança interna com a poupança externa, o aumento da poupança 
externa leva necessariamente ao aumento do investimento. Na prática, o aumento da poupança externa 
também pode ocorrer paralelamente a uma redução da poupança doméstica, e o seu “impacto” sobre 
o investimento é indeterminado a priori. 
Um exemplo da história recente do Brasil ajuda a ilustrar o ponto anterior: na década de 1990, o 
aumento da poupança externa que se seguiu ao Plano Real foi acompanhado de um boom do consumo, 
isto é, de uma redução da poupança doméstica. O aumento da poupança externa não se traduziu, 
portanto, em um aumento do investimento na mesma magnitude. Já mais recentemente, em 2003-2006, 
a poupança externa da economia brasileira caiu, mas o investimento subiu, contrariando a visão teórica 
de que uma queda na poupança externa leva necessariamente à queda do investimento. A variável de 
ajuste foi obviamente o aumento da poupança interna, isto é, o aumento dos lucros, salários e impostos 
gerados pelo aumento do investimento que não foram destinados ao consumo. 
5.3.4. Investimento e poupança no Brasil, 1947-2006 
O Gráfico 5.1 apresenta a evolução do investimento e das poupanças doméstica e externa do Brasil em 
percentual do PIB, de 1950 a 2009xvii. É possível discernir claramente duas “ondas” de elevação e 
queda da poupança externa: a primeira de 1973 a 1984, e a segunda de 1995 a 2003. O primeiro período 
18 
 
foi marcado pela implementação do II Plano Nacional de Desenvolvimento, durante os governos dos 
Presidentes Geisel e Figueiredo, quando o aumento da poupança externa foi acompanhado de um 
aumento na taxa de investimento. O segundo período foi marcado pelos efeitos do plano real, durante 
o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, quando o aumento da poupança externa foi 
acompanhado pela redução da poupança doméstica. 
 
 
5.4. Saldo em conta-corrente e posição internacional de investimento 
A posição internacional de investimento consiste da diferença entre o valor dos ativos externos detidos 
por residentes e o valor dos ativos domésticos detidos por não residentes. Em termos mais intuitivos, 
a posição internacional de investimento corresponde ao patrimônio líquido do país em relação ao resto 
do mundo. Por exemplo, caso o Brasil deva mais ao resto do mundo do que o resto do mundo deve ao 
Brasil, a posição internacional de investimento do Brasil é negativa, e vice-versa. 
O saldo do balanço de pagamentos em conta-corrente é geralmente associado à variação da posição 
internacional de investimento, uma vez que um superávit em conta-corrente significa que um país está 
acumulando ativos externos e/ou reduzindo o seu passivo externo. No mesmo sentido, um déficit em 
conta-corrente significa que o país está reduzindo seus ativos externos ou aumentando seu passivo 
externo. 
Um exemplo ajuda a ilustrar a questão. Suponha que o Brasil tenha um déficit em conta-corrente de 
US$ 40 bilhões. Para cobrir este déficit, o Brasil pode tomar um empréstimo de US$ 40 bilhões junto 
ao resto do mundo, ou reduzir suas reservas em US$ 40 bilhões. Em ambos os casos a posição externa 
de investimento do país se deteriora, isto é, aumenta o saldo devedor do Brasil em relação ao resto do 
mundo. 
Assim como acontece com a ligação entre o saldo do balanço de pagamentos e a variação das reservas 
internacionais, o saldo em conta-corrente é apenas um dos determinantes da variação da posição 
internacional de investimento da economia. Mesmo que o saldo em conta-corrente seja zero, a posição 
internacional de investimento pode variar devido a ganhos ou perdas de capital. Por exemplo, suponha 
que o saldo conta-corrente seja de US$ 10 bilhões e que os investimentos estrangeiros em carteira no 
19 
 
Brasil se valorizem em US$ 17 bilhões. A variação da posição internacional de investimento será de 
10 – 17 = - 7 bilhões de dólares, apesar de o Brasil ter tido um superávit em conta-corrente. 
A Tabela 5.11 apresenta a posição internacional de investimento do Brasil no final de 2015. Naquele 
momento, o Brasil possuía US$ 752.727 milhões em ativos externos e US$ 1.230.494 milhões em 
passivos externos. A posição líquida era, portanto, negativa em US$ 477.767 milhões. Note que a 
maioria das grandes contas é deficitária, exceto as contas de derivativos e de ativos de reserva, nas 
quais o Brasil tinha um saldo positivo de US$ 464 e 352.463 milhões no final de 2015, 
respectivamente. 
Tabela 5.11 
Posição internacional de investimento do Brasil, ao final de 2015 (valores em milhões de dólares) 
 
20 
 
 
Fonte: Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br). 
Resumo 
• O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as transações financeiras entre um país e o 
resto do mundo, durante um determinado período de tempo – geralmente um mês, um trimestre ou um 
ano. 
• O balanço de pagamento é composto por três grandes contas analíticas: a Conta-Corrente, que registra 
o comércio de bens e serviços, as rendas de capital e trabalho eas transferências unilaterais de renda; 
a Conta de Capital, que registra as transferências de ativo tangíveis ou intangíveis, e a Conta 
Financeira, que registra o fluxo de capitais. O balanço de pagamentos possui, ainda, uma conta de erro 
e omissões para registrar discrepâncias entre as transações registradas e a variação das reservas 
internacionais. 
• Os registros do balanço de pagamentos seguem o método de partidas dobradas, isto é, um lançamento 
a débito em uma conta deve necessariamente ter como contrapartida um lançamento a débito em outra 
conta. 
• O saldo em conta-corrente do balanço de pagamento corresponde à poupança externa, ou seja, à 
diferença entre investimento e poupança interna na Conta de Capital do Sistema de Contas Nacionais. 
• Os fluxos do balanço de pagamento afetam a posição internacional de investimento do país, isto é, a 
diferença entre o total de ativos e passivos externos detidos por residentes. 
21 
 
ANEXO I 
Quadro-resumo dos exemplos de registro contábil apresentados na seção 3 
 
 
 
22 
 
ANEXO II 
BPM5 e BPM6 
Até 2014, o Bacen utilizou a 5ª edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI (BPM5, de 1993) 
para contabilizar as transações entre residentes e não residentes no país. A partir de 2016, o Bacen 
passou a utilizar a 6ª edição do mesmo manual (BPM6, de 2009). A mudança de metodologia alterou 
substancialmente o valor de algumas contas, mas não a variação total dos ativos de reservas 
internacionais. As principais alterações ocorreram nas seguintes contas: 
1. Balanço comercial: pela adoção do critério de mudança de propriedade do bem para caracterizar um 
fluxo comercial, de exportação ou importação. 
2. Balanço de serviços: pela separação de serviços de processamento de insumos dos serviços 
comerciais. 
3. Renda primária: pela inclusão da renda de juros pagas para não residentes por títulos em reais 
negociados no mercado doméstico, bem como pela reorganização dos reinvestimentos por direção e 
não pela localização da matriz e da filial das empresas. 
4. Conta financeira: pela inclusão de investimento direto de rendimentos de títulos domésticos 
auferidos por não residentes e não remetidos ao exterior, bem como pela inclusão da variação de ativos 
de reserva na Conta Financeira. 
A Tabela 5.12 apresenta um resumo do balanço de pagamentos do Brasil para 2014, quando existem 
dados com base nas duas metodologias, para comparação das classificações e resultados segundo o 
BPM5 e BPM6. Em linhas gerais, a mudança metodológica reduziu o saldo em conta-corrente do 
Brasil, devido à incorporação do pagamento de juros por títulos domésticos a não residentes no Brasil, 
ao mesmo tempo que elevou o investimento direto no país em virtude da permanência da maioria 
desses juros no país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
Tabela 5.12 
Balanço de Pagamentos do Brasil em 2014, de acordo com o BPM5 e BPM6 do FMI (valores em 
milhões de dólares) 
 
 
Com base nos dados anteriores, fica claro que os principais resultados econômicos da mudança de 
metodologia contábil do BPM5 para o BMP foram a redução do saldo em conta-corrente (menos US$ 
12.893 bilhões em 2015) e a elevação do saldo das contas de investimento direto e em carteira quase 
na mesma proporção (mais US$ 12.836 milhões). Para ilustrar esse efeito, a Tabela 5.13 apresenta os 
24 
 
saldos dessas contas, em 2010-2015, de acordo com a metodologia atual e a metodologia vigente até 
2014. A redução do saldo em conta-corrente é praticamente igual à elevação da entrada líquida de 
investimentos diretos e em carteira. 
Tabela 5.13 
Saldo das contas-correntes e de investimento direto e em carteira (valor positivo = entrada 
líquida de recursos) do Brasil, segundo as metodologias da 5ª (BPM5) e da 6ª (BPM6) edições do 
Manual de Balanço de Pagamentos do FMI (valores em milhões de dólares) 
 
ANEXO III 
Balanço de pagamentos apresentado pelo Bacen 
O Bacen publica os dados do balanço de pagamentos brasileiro mensalmente, na nota para imprensa 
sobre o setor externo. Em sua apresentação, o Bacen segue a recomendação do FMI e atribui um valor 
negativo à Conta Financeira quando há entrada líquida de capitais externos, no sentido de que isso 
representa uma emissão líquida de passivos (obrigações) ou uma redução líquida de ativos (direitos) 
pelo Brasil. Apesar de fazer sentido do ponto de vista contábil, essa aplicação de sinais positivos e 
negativos atrapalha a leitura econômica dos dados, em que uma entrada líquida de capitais é geralmente 
representada como um fluxo positivo, como mostrou a Tabela 5.1. Para comparar as duas maneiras de 
apresentar o balanço de pagamentos, a Tabela 5.14, a seguir, apresenta os dados no formato adotado 
pelo Bacen. 
 
 
 
 
 
25 
 
Tabela 5.14 
Balanço de pagamentos do Brasil em 2015, como apresentado pelo Bacen (valores em milhões de 
dólares) 
 
 
26 
 
Referências 
BANCO CENTRAL DO BRASIL (2001). Notas metodológicas do balanço de pagamentos. Notas 
Técnicas. Banco Central do Brasil. 
BANCO CENTRAL DO BRASIL (2014). Nota Metodológica 1 – Adoção da 6a edição do Manual de 
Balanço de Pagamentos e Posição Internacional de Investimento (BPM6). 
BANCO CENTRAL DO BRASIL (2015a). Nota Metodológica 2 – Transações correntes. 
BANCO CENTRAL DO BRASIL (2015b). Nota Metodológica 3 – Investimentos diretos e renda 
primária. 
BANCO CENTRAL DO BRASIL (2015c). Nota Metodológica 4 – Dívida Externa. Brasília. 
BESSADA, O.; BARBEDO, C.; ARAÚJO, G. (2005). Mercado de derivativos no Brasil, São Paulo: 
Record. 
INTERNATIONAL MONETARY FUND (2009). Balance of Payments Manual. 6a ed. Washington 
D.C.: IMF. 
INTERNATIONAL MONETARY FUND (2000). Financial Derivatives: A supplement to the Fifth 
Edition of the Balance of Payments Manual. Washington D.C.: IMF. 
 
 
 
 
 
 
 
i 1 Procurar por “séries temporais” no endereço eletrônico do Bacen: www.bcb.gov.br. 
 
ii A metodologia foi divulgada pelo FMI em 2009, mas adotada pelo Bacen somente a partir de 2015. Essa atualização da 
metodologia do Bacen alterou o valor e a estrutura do balanço de pagamentos brasileiro em relação ao apresentado na 
edição anterior deste livro. Para simplificar a exposição, apresentaremos a metodologia atual e deixaremos comparações 
com a metodologia vigente até 2014 para o Anexo II deste capítulo. 
 
iii Na metodologia vigente até 2014, a variação das reservas internacionais não era registrada na Conta Financeira. Para a 
apresentação das principais mudanças metodológicas adotadas a partir de 2015, ver Banco Central do Brasil (2014, 2015a. 
 
iv Neste capítulo, adotaremos a abordagem intuitiva de que um valor positivo da Conta Financeira corresponde a uma 
entrada líquida de capital externo. Por motivos contábeis, na metodologia do Bacen ocorre o inverso, mas isso dificulta a 
explicação do sentido econômico do balanço de pagamentos. 
 
v Como veremos mais adiante, o valor das reservas internacionais também varia em virtude das flutuações nos preços dos 
ativos de reserva em relação à unidade de conta adotada como referência para o balanço de pagamentos. 
 
vi Na metodologia anterior, a conta “Haveres da Autoridade Monetária” cumpria o papel da conta “Ativos de Reserva”. 
 
vii O Bacen considera que há exportação ou importação quando ocorre mudança de propriedade econômica do bem entre 
residentes e não residentes. Já a Funcex utiliza a saída ou entrada do bem como critério de conta. A diferença está no fato 
http://www.bcb.gov.br/
27 
 
 
de que um bem pode ter saído ou entrado no Brasil e, ainda assim, não ter mudado de propriedade entre residentes e não 
residentes (por exemplo, uma empresa brasileira envia grãos para armazenagem em seu nome no exterior: houve saída do 
bem, mas não mudança de propriedade). 
 
viii Receitas e despesas relacionadas com viagens por motivos de estudo ou saúde são registradas nesta conta, 
independentemente de sua duração. Para obter mais detalhessobre esta e as demais contas do balanço de pagamentos, ver 
FMI (2000 e 2009). 
 
ix Essa diferenciação foi importante para o Brasil durante a crise da dívida externa dos anos 1980. 
 
x Na metodologia anterior, isso era feito pela conta “Haveres da Autoridade Monetária”, que não era parte da Conta 
Financeira. 
 
xi Essa é uma transação macroeconomicamente relevante para o Brasil, pois, segundo o Bacen (2015c), os títulos 
domésticos detidos por não residentes correspondiam a 26,1% da dívida externa bruta do Brasil em 2015 (US$ 144,7 
bilhões de um total de US$ 554,6 bilhões). 
 
xii Para uma introdução ao mercado de derivativos, ver, por exemplo, Bessada, Barbedo e Araújo (2005); para detalhes da 
contabilização de derivativos no balanço de pagamentos, ver FMI (2000 e 2009). 
 
xiii Por exemplo, no caso de uma importação paga em dólares, não há nenhuma obrigação adicional por parte do importador. 
Já quando a importação é financiada, o importador permanece com uma dívida a ser paga ao seu credor. 
 
xiv Normalmente, o Bacen anuncia um leilão de compra ou venda de um determinado valor fixo em dólares, deixando para 
o mercado determinar a taxa de câmbio entre o real e o dólar. 
 
xv O ouro monetário é normalmente expresso em unidades-padrão, com qualidade certificada por autoridades monetárias, 
e transacionáveis nos mercados doméstico e externo. 
 
xvi O SDR é uma espécie de moeda emitida pelo FMI que pode ser convertida nas moedas dos seus países membros. O 
valor do SDR é dado por uma cesta de moeda, com composição ajustada periodicamente. A composição atual, fixada em 
2015, é de 41,73% em dólar norte-americano, 30,93% em euro, 10,92% em renminbi chinês, 8,33% em iene japonês e 
8,09% em libra esterlina (Reino Unido). 
 
xvii Os dados são do Ipeadata, com base na metodologia de balanço de pagamentos vigente no Brasil até 2014 (BPM5). Os 
dados a partir de 2010 foram recalculados com base na recomendação do FMI (BPM6) e não são diretamente comparáveis 
com as séries do Ipeadata. O Bacen ainda não reavaliou os dados anteriores a 2010 com base na sua nova metodologia.

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