Prévia do material em texto
3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Neste Tópico 1 abordaremos que, ao contrário da oralidade, uma habilidade natural e universal da humanidade e parte de seus atributos biológicos, a capacidade de desenvolver a linguagem escrita é uma herança cultural das sociedades letradas. Uma invenção da raça humana que requer um ensino sistematizado e intencional. A história da alfabetização no Brasil remota ao período da colonização, atravessando contextos históricos diferentes, porém, sempre caracterizada por embates econômicos, políticos, sociais e metodológicos que existem até hoje. A intensa desigualdade econômica a qual o Brasil está submetido revelou-se tanto a causa quanto a consequência da exclusão dos pobres à cultura letrada, tornando tão permanente quanto sério o problema do analfabetismo brasileiro. Com a universalização do ensino esse problema ficou ainda mais evidente. A partir da década de 1990 diversas políticas públicas foram gestadas na busca de superar o analfabetismo e tendo como foco a formação do professor alfabetizador, reconhecendo-o como aquele que exerce um papel fundamental na qualidade da alfabetização. 2 A INVENÇÃO DA ESCRITA Ao longo dos milhares de anos de sua história, o homem tem criado invenções que vêm transformando significativamente sua maneira de viver no decorrer das eras. Contudo, nenhuma delas modificou mais sua forma de se comunicar, de registrar e compartilhar conhecimento do que a invenção da escrita! Para conhecer sobre a história da escrita, acesse: http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista/348/formacao-online-ead.html DICAS UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO 4 2.1 A INVENÇÃO DA ESCRITA A oralidade é uma habilidade biológica hereditária. Em todas as raças e culturas, independente das condições geográficas, econômicas e sociais, a linguagem verbal é uma característica da espécie humana. A linguagem escrita, porém, não é uma capacidade universal da humanidade. Embora existam estudos que caminham em sentido contrário a essa compreensão, como aponta Soares (2016), há o entendimento quase unânime da comunidade científica de que os sujeitos não aprendem a ler e escrever de modo natural, como aprendem a falar. O que linguistas e psicólogos cognitivos afirmam é que não há semelhança alguma entre ouvir e falar e ler e escrever. Para Stanovich (2000), os que negam essa diferença [...] ignoram os fatos óbvios de que todas as comunidades de seres humanos desenvolveram línguas orais, mas só uma minoria dessa línguas existe na foram escrita; que a fala é quase tão antiga quanto a espécie humana, mas a língua escrita é uma invenção cultural recente de apenas os últimos três ou quatro mil anos; que virtualmente todas as crianças em ambientes normais desenvolvem facilmente a fala por si mesmas, enquanto a maior parte das crianças necessita de instrução explícita para a prender a ler, e um número significativo de crianças enfrenta dificuldades, mesmo depois de intensos esforços por parte de professores e pais (STANOVICH, 2000, p. 400 apud SOARES, 2016, p. 43). Estudos arqueológicos apontam que os primeiros registros escritos foram encontrados na Mesopotâmia, e fazem parte do arcabouço histórico dos povos Sumérios, datados por volta do ano 3.500 a.C. IMAGEM 1 – SUMÉRIA, 4.500 A.C - 1.900 A.C FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sum%C3%A9ria>. Acesso em: 20 abr. 2021. TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO 5 Os povos sumérios também foram responsáveis pelas primeiras formas políticas de organização das cidades-estados e do desenvolvimento do comércio. Seus registros escritos rememoram aspectos da cultura, da religião, da política, e da economia do período. A escrita suméria foi denominada como cuneiforme, devido ao formato cônico dos elementos traçados em artefatos de argila. IMAGEM 2 – ESCRITA SUMÉRIA FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sum%C3%A9ria>. Acesso em: 20 abr. 2021. No decorrer da história, os grupos humanos construíram diversos sistemas de escrita. O Egito Antigo utilizava a escrita hieroglífica, traçadas no papiro ou nas paredes dos templos e pirâmides. Acadêmico, acesse a esse link e vivencie a experiência de visitar “a digitalização do Cemitério de Menna, na antiga capital Luxor, onde foram enterrados membros da Décima Oitava Dinastia, a mesma de Tutancâmon. É possível ver famosos murais com hieróglifos.” Disponível em: https://my.matterport. com/show-mds?m=vLYoS66CWpk INTERESSA NTE https://my.matterport.com/show/?m=vLYoS66CWpk https://my.matterport.com/show/?m=vLYoS66CWpk UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO 6 O nosso sistema alfabético é somente um entre outros que existem. Na atualidade, coexistem sistemas de escrita com símbolos em que representam ideias, como o chinês, que representam os sons da fala, como o nosso. O alfabeto, como o temos, é de origem greco-latina e que, por sua vez, foi inspirado no alfabeto fenício. Os fenícios foram povos que habitaram a região onde hoje localiza-se a Síria e o Líbano, no Oriente Médio. Os fenícios criaram uma escrita consonantal, de 22 letras, que significou uma grande inovação, pois com elas era possível se escrever todas as palavras. Mais tarde, os gregos incorporaram as vogais ao alfabeto, mas, até hoje, a escrita hebraica e árabe usam apenas consoantes. IMAGEM 3 – EVOLUÇÃO DO ALFABETO FONTE: <http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=911&sid=7>. Acesso em: 22 abr. 2021. Para conhecer um pouco sobre esse interessante sistema de escrita tão diferente da Língua Portuguesa, acesse o link abaixo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Lvo5sMqxIGo INTERESSA NTE TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO 7 Produto da criatividade humana, a escrita, bem como as tecnologias da comunicação e da informação não param de evoluir e seu uso acontece sempre pari passu à dinâmica cultura e social. Nas sociedades contemporâneas de escrita alfabética elementos pictóricos mesclam-se às palavras ou até substituem a escrita, no processo comunicativo cibernético. IMAGEM 4 – CONVERSA DE WHATSAPP FONTE: A autora (2021) No que tange ao tema de estudos dessa disciplina, naturalmente que esse novo modo de escrita em ambientes digitais ocupam um lugar no processo de alfabetização, o que discutiremos à frente. Pensando no contexto do surgimento da escrita e no lugar que essa invenção ocupa nas sociedades letradas da atualidade, vê-se que, embora os símbolos que a representam e a mídia que a comporta tenham se modificado e evoluído no decorrer das eras, sua importância e uso permanecem inalterados: a escrita sempre esteve atrelada a mecanismos interativos, sociais, econômicos e culturais. Adiante, veremos como a apreensão da língua escrita se deu e ainda se dá, na história do nosso país. UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO 8 3 A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: DOS JESUÍTAS AO FIM DO IMPÉRIO, O QUE SE SABE SOBRE ALFABETIZAÇÃO? Não somente agora, mas, especialmente no tempo presente, a qualidade da educação brasileira tem sido ponto de debate entre professores, pesquisadores do campo, representantes governamentais e de entidades sociais. O que torna o tema tão complexo, são as múltiplas dimensões que o envolvem. Aspectos como a formação humana, o processo de ensino e de aprendizagem, a formação e o fazer docente, as interações pessoais e organizacionais da vida em sociedade, além das perspectivas político-ideológicas subjascentes, colaboram para que a tratativa das questões educacionais seja tão abstrusa. Trabalhar pela melhoria da educação demanda que todas essas dimensões sejam consideradas em suas particularidades e no modo como elas se articulam, o que se constitui um grande desafio. Desafio esse, acadêmico, que tem como ponto fundamental o processo de alfabetizaçãopara o progresso bem sucedido nas demais etapas de escolarização. Neste tópico, conheceremos um pouco sobre a história desse período basilar da educação brasileira. Entretanto, devemos esclarecer que o princípio da história da alfabetização funde-se às história da própria educação no Brasil, durante o período colonial, que envolve a educação jesuítica e a reforma pombalina, alcançando também, o período em que o imperador D. João VI veio morar no Brasil (SILVA, 1988). Portanto, consideramos importante para compreender a história da alfabetização percorrermos também esse tempo, pois ele nos fornece elementos importantes para compreendermos o quanto os aspectos políticos e ideológicos têm implicância direta na qualidade da educação e, naturalmente, na baixa qualidade historicamente constituída da alfabetização. 3.1 A ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA O aprendizado da língua escrita no Brasil tem início no fim da primeira metade do século XVI, quando o país ainda era colônia de Portugal. O estudo da história desse contexto nos permite demarcar três momentos distintos da prática pedagógica realizada no Brasil Colônia: a Pedagogia Jesuítica, as Aulas Régias e a educação no Reino Unido do Brasil. Explanaremos a respeito desse tempo nos pontos a seguir: • A chegada dos Jesuítas no Brasil De caráter missionário, a alfabetização e as primeiras buscas de se organizar um processo educativo no país, tinham como objetivo a evangelização dos índios e sua conversão à fé católica. O trabalho se iniciou com a chegada da Companhia de Jesus, liderada pelo padre Inácio de Loyola, inaugurando o período jesuítico. TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO 9 Naquele tempo, o governo, a política e a religião da Metrópole eram instituições que se fundiam. Naturalmente, com vistas a consolidar seus fins expansionistas e a reafirmação da fé católica, era fundamental que os habitantes da colônia absorvessem a religião e a cultura de Portugal. "Portanto, é no espírito da evangelização que se desenvolve em Portugal o sentido de educação formal, que influencia substancialmente a formação da sociedade brasileira e o desenvolvimento dos processos educativos" (PAIVA, 2015, p. 204). Assim, ao se estabelecer a ordem jesuíta no país, foram sendo criadas ao longo do litoral, várias escolas de ler e aprender, ou escolas de bê-a-ba. Em 1551, fundou-se no Brasil o primeiro Colégio Jesuíta. Segundo Casimiro e Silveira (2012), O método pedagógico utilizado pelos jesuítas foi desdobrado nas práticas da catequese que, simultaneamente, instruíam as crianças a ler, escrever e contar. Em boa parte das aldeias da costa, por onde passavam, os padres inacianos estabeleciam “pequenos seminários”. Eram as chamadas casas de be-a-bá, espaços onde ministravam às crianças indígenas o ensino da doutrina e das primeiras letras. As casas de be-a-bá eram estruturadas em espaços pequenos e nesse mesmo lugar ocorria o ensino da fé e das letras (CASIMIRO; SILVEIRA, 2012, p. 218). “Em 1549, quando aqui chegaram, os jesuítas souberam aproximar-se dos índios, conviver com eles, aprendendo a cultura, a língua e descobriram logo como convertê-los. As aproximações incluíam mímicas, discursos emotivos, uso de instrumentos musicais e presentes” (PAIVA, 2015, p. 205). É certo que essa aproximação foi também marcada por certa coerção, em que os padres jesuítas usavam da autoridade da colônia para a dominação indígena. Estrategicamente, dentre as tribos, somente as crianças indígenas participavam das aulas, consideradas tábulas rasas, onde é mais simples se imprimir o conhecimento. Nesse período, crianças e jovens órfãos e marginalizados socialmente foram trazidos de Portugal, para serem alfabetizados junto com os pequenos índios, e assim, favorecer o processo de aculturação indígena. Considerando sobre os materiais e métodos empregados, a fim de instrumentalizar os padres, a Companhia de Jesus trouxe de Portugal a Cartilha de João de Barros. A cartinha de João de Barros é um compêndio onde se apresentam as letras do alfabeto, silabário e textos em forma de orações cristãs. Vale lembrar que esse se constitui como o primeiro material impresso para o ensino da leitura, pois antes se ensinava por papéis manuscritos, e que pretendia suplantar o método alfabético ou de soletração antiga, caracterizado pelo estudo simultâneo de todas as letras (VIEIRA, 2017, p. 55). Araújo (2008), nos fornece interessantes ilustrações dos recursos utilizados pelos padres inacianos: UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO 10 FIGURA 5 – ALFABETO DA CARTILHA JOÃO DE BARROS FONTE: Araújo (2008, p. 83-84) Chamamos sua atenção para o modo como foi organizado o material de alfabetização. A figura trazida por Araújo (2008) apresenta o alfabeto traçado em letras no estilo gótico, associadas a uma imagem e ao substantivo que a nomeia, herança do antigo método Alfabético ou Soletração, usados pelos gregos. O texto é bastante representativo quanto ao pensamento pedagógico da época, em que se entendia que a aprendizagem inicial da escrita era facilitada pela relação entre letras, sílabas, imagens e palavras. Muito semelhante a materiais que ornamentam as salas de aulas atuais, não acham? Embora o trabalho fosse orientado por cartilhas, os padres inacianos, aproximando-se de alguns aspectos do modo de viver dos índios, incorporaram à sua didática elementos da natureza e de situações do cotidiano das crianças nativas para viabilizar o processo de ensino. Nas palavras de Saviani (2011, p. 7), “os jesuítas tiveram que ajustar suas ideias educacionais, modificando-as segundo as exigências dessas condições”. Assim, embora fortemente marcada por uma raiz tradicional, advinda da escolástica, o lúdico se fez presente na prática alfabetizadora jesuíta, abrindo portas para uma didática mais contextualizada à realidade infantil (PAIVA, 2015). Jogos, brincadeiras e canções eram elementos presentes na alfabetização e no estudo de outros conhecimentos como matemática, retórica e teologia, sem, contudo, abordar conteúdo das ciências iluministas que se espalhavam pela Europa. Mesmo não sendo o objetivo principal, mas apenas um meio para o alcance de fins religiosos, o modelo educacional jesuíta cresceu e se consolidou, defendendo ideais de formação humana, disciplina e desenvolvimento das habilidades individuais (MACIEL; NETO, 2006). TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO 11 Escolástica: corrente filosófica medieval que buscou conciliar a fé cristã católica e a racionalidade, sobre a qual se construiu uma concepção de ensino. Possuía como princípios a disciplina, a repetição, a memorização, a espiritualidade e a moralidade. NOTA A Cartilha de João de Barros explicita sua escolha pelo trabalho com as sílabas, contrapondo-se ao Método Alfabético ou de Soletração, que vigorava desde a Antiguidade até a Idade Média (VIEIRA, 2017). Os jesuítas ensinavam as crianças a unir as letras às vogais, formando as famílias silábicas. Observe: FIGURA 6 – MÉTODO SILÁBICA NA CARTILHA DE JOÃO DE BARROS FONTE: Araújo (2008, p.125) A estrutura organizacional e educacional jesuítica já preconizava a sistematização do ensino no Brasil, ressaltando a importância de um método para alfabetizar. O sucesso do trabalho atraiu também os nobres, senhores de engenho, que matriculavam seus filhos para, posteriormente, seguirem seus estudos em Portugal. Tal contexto resultou num grande fortalecimento do grupo jesuíta no Brasil, que, por mais de dois séculos, se multiplicou no país com a abertura de novos colégios e missões, atribuindo à Companhia, um importante poder político, em detrimento das demais ordens religiosas que também se faziam presentes no UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO 12 país, como os beneditinos, e franciscanos. Essa situação se tornou uma ameaça à soberania de nobreza portuguesa, pois os jesuítas se posicionavamcontra a escravização dos ameríndios e até realizavam missas em tupi-guarani. Em 1759, Portugal, na figura do Marquês de Pombal, expulsou os jesuítas das terras brasileiras, confiscando os bens da Companhia. Esse fato logo tornou- se um problema para a educação na colônia, uma vez que a profissão docente era exercida pelos jesuítas, com destaque para os professores alfabetizadores. Foi assim que a elite e os militares se inseriram na educação do Brasil. • A instauração das aulas régias Na metade do século XVIII, Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro- ministro português, conde de Oeiras, conhecido como o Marquês de Pombal, sabedor das fragilidades vivenciadas pela Metrópole naquele tempo, e com ideias de governo diferentes das que eram administras por Portugal, identificou no campo da educação, uma maneira de obter maior controle político na Colônia. FIGURA 7 – MARQUÊS DE POMBAL FONTE: <https://conhecimentocientifico.r7.com/marques-de-pombal/>. Acesso em: 25 abr. 2021. A expulsão dos Jesuítas e de sua educação voltada para formação do pensamento religioso, significou o início do ensino laico, enfraquecendo o poderio do clero frente à nobreza. Uma forma de modernizar a Coroa e aproximá- la das mudanças políticas, econômicas e culturais que já ocorriam na Europa, por influência do Iluminismo. No entanto, implicou em grande perda no campo educacional. Sendo assim, a educação voltava-se para os interesses econômicos da elite administradora da colônia. Para Maciel e Neto (2006), o grande empecilho para a concretização desses objetivos foi a falta de homens capacitados para o ensino elementar e primário, ou seja, havia, tanto na metrópole quanto na colônia, uma grande carência de professores aptos ao exercício da função de ensinar. Frente a esse contexto, pode-se afirmar que Pombal, ao expulsar os jesuítas e TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO 13 oficialmente assumir a responsabilidade pela instrução pública, não pretendia apenas reformar o sistema e os métodos educacionais, mas colocá-los a serviço dos interesses político do Estado (MACIEL; NETO 2006, p. 471). Nesse contexto, Marquês de Pombal atribuiu a responsabilidade docente e gestora dos colégios aos nobres militares e aos representantes de outras ordens católicas que estavam no Brasil. Era importante para o poderio da Metrópole deter o domínio do sistema educacional. Representantes da Coroa Portuguesa deram início ao modelo de aulas régias no Brasil. A esse respeito, Silva (2020) evidencia que: As aulas régias também serviram para estabelecer relações entre as pessoas que faziam parte do quadro de funcionários dos órgãos responsáveis pelo gerenciamento e controle da educação que foi implementada pelo Estado na segunda metade do século XVIII, estendendo também para os demais envolvidos, como os professores, os alunos e seus responsáveis (SILVA, 2020, p. 73). O autor nos leva à compreensão do modo como a educação brasileira passou a ser regida pelo alto escalão do governo, iniciando assim, a história de interesses políticos, econômicos e partidários que envolvem a escola brasileira e que se alonga até os dias de hoje. As aulas régias, ministradas isoladamente em ambientes independentes criados pelos mestres, favoreciam a construção de relações sociais que visavam a ascensão social. "É notório ressaltar que a sociedade do Antigo Regime era balizada na dependência interpessoal, sendo que as redes clientelares eram utilizadas como estratégia para estruturar os diversos níveis de relações sociais, estabelecendo relações de poder entre indivíduos e os grupos sociais"(SILVA, 2020, p.122). Não somente nesse tempo, coexistindo com as Cartilha de João de Barros, mas especialmente após a saída dos jesuítas, foi amplamente difundida no Brasil as Cartas do ABC. [...] por volta dos anos de 1870, o professor preparava um ABC manuscrito em folhas de papel que se manuseava com ‘pega-mão para não sujar’. Em seguida à carta manuscrita do ABC, vinha o bê-a-bá, O Iluminismo se iniciou como um movimento cultural europeu do século XVII e XVIII que buscava gerar mudanças políticas, econômicas e sociais na sociedade da época. Para isso, os iluministas acreditavam na disseminação do conhecimento, como forma de enaltecer a razão em detrimento do pensamento religioso. Acesse: https://www.politize.com.br/iluminismo/ NOTA UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO 14 que era o início de uma longa série de cartas de sílabas. Após estas, vinham as cartas de nomes, e, por último, as cartas de fora. As cartas de fora eram cedidas ao professor, por empréstimo, para exercitar os alunos nas dificuldades das letras manuscritas; eram ofícios dirigidos ao professor e alguns deles traziam a assinatura do Inspetor Geral (BARBOSA, 1994, p. 58). Acadêmicos, pensem sobre o quanto essa estrutura tem impactado a visão metodológica e a ideologia por trás das políticas de alfabetização. Frente a esse contexto, pode-se afirmar que Pombal, ao expulsar os jesuítas e oficialmente assumir a responsabilidade pela instrução pública, não pretendia apenas reformar o sistema e os métodos educacionais, mas colocá-los a serviço dos interesses político do Estado (MACIEL; NETO, 2006, p. 471). O novo modelo educativo empregado, as chamadas Aulas Régias, implicou numa grande mudança filosófica e nos fins da educação colonial. Embora didaticamente alguns professores, formados pelos jesuítas, ainda mantivessem traços didáticos dessa pedagogia, a formação política do Marquês e sua inclinação aos ideais iluministas, reforçou a diferença na qualidade da educação oferecida aos filhos das elites, em relação ao que era proposto aos ameríndios e filhos dos pobres colonos. Além disso, "havia crianças e jovens que não eram nobres e nem cidadãos, que estavam fora da escola e que não receberam essa herança, de nobreza e de cidadania"(SILVA, 1998, p.59). De acordo com a nova proposta, os mestres régios, que eram representantes da Coroa e funcionários do governo, deveriam ensinar aos meninos índios e pobres apenas a ler e a escrever em português e a fazer cálculos simples. Ressalta-se que o número de crianças pobres atendidas era bem pequeno e foi progressivamente tornam-se ainda menor. Essa formação visava atender apenas à necessidade de mão de obra mais qualificada na Colônia, que caminhava para a modernização. As meninas, que foram de certo modo alcançadas pela educação jesuíta, era educadas em escolas próprias, tendo em vista o aprendizado de tarefas úteis ao lar (PAIVA, 2015). No que tange aos materiais e métodos empregados no processo de alfabetização, sabe-se que os mestres se valiam das antigas cartilhas de alfabetização, com ênfase na repetição e memorização para o aprendizado da língua escrita. A pesquisa de SOUZA (2009), nos traz como modelo, o manual produzindo pelo exímio calígrafo Manuel De Andrade de Figueiredo, material utilizado pela Nova escola para aprender a ler, escrever e a contar, publicado em Portugal, em 1722, antes das reformas pombalinas, mas que muito provavelmente foram trazidos para o Brasil, no final do século XVIII. “A Nova escola para aprender a ler, escrever e contar, da autoria de Andrade de Figueiredo é um sofisticado exemplar dos manuais de caligrafia setecentistas. A obra segue os padrões organizacionais ou estruturais comuns aos manuais de caligrafia correntes na época” (SOUZA, 2009, p. 44). TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO 15 FONTE: Souza (2009, p. 51) Pombal não conseguiu alcançar com sua nova proposta educacional, a mesma organização e sucesso dos Jesuítas, sendo avaliada por Maciel e Neto (2006), da seguinte maneira: A reforma de ensino pombalina pode ser avaliada como sendo bastante desastrosa para a Educação brasileira e, também, em certa medida para a Educação em Portugal, pois destruiu uma organização educacional já consolidada e com resultados, ainda que discutíveise contestáveis, e não implementou uma reforma que garantisse um novo sistema educacional. Portanto, a crítica que se pode formular nesse sentido, e que vale para nossos dias, refere-se à destruição de uma proposta educacional em favor de outra, sem que esta tivesse condições de realizar a sua consolidação (MACIEL; NETO, 2006, p. 475). Articulando nosso estudo sobre as práticas alfabetizadoras no Brasil à concepção de políticas públicas educacionais, é fundamental que você acadêmico, note como a ideologia governista exerce influência na constituição da ação política educacional. No bojo dessas análises, verifica-se a organização escolar brasileira à serviço dos interesses da elite dominante da época. Aos pobres, e às mulheres, conforme a ordem social da época, deveria ser oferecido o mínimo de acesso à escolarização necessário para o trabalho. Já os filhos dos nobres recebiam uma educação diferenciada, com currículo mais elaborado, constituído de componentes das áreas das ciências humanas, das ciências da natureza e das ciências exatas, fomentadas pelo movimento renascentista. Após a morte do Marquês de Pombal, em 1782, a elite brasileira, determinada a difundir o pensamento iluminista, continuou a buscar maneiras de elevar a educação no país. No final do século XVIII, início do século XIX, FIGURA 7 – ORNATO CALIGRÁFICO DA ESCOLA NOVA UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO 16 chegou ao Brasil as Cartilhas de João de Deus, um prelúdio dos Métodos Analíticos, e o Método Lacaster, que viria a ser efetivamente implantado como plano governamental, sob o reinado de D. Pedro I. Num tempo em que a educação não era obrigatória, a nova estrutura acabou por propiciar um afastamento dos pobres da escola, pela construção de um ambiente excludente e de menor afinidade ao seu contexto de vida. • Alfabetização no Período Joanino Após o fracasso das reformas pombalinas, com a chegada de D. João VI no Brasil, em 1808, alguns investimentos passaram a ser feitos na educação na colônia. O imperador tinha forte interesse pelas letras, as artes e as ciências em geral. Logo viu-se que o Brasil não possuía uma estrutura educacional de qualidade para oferecer aos filhos da nobreza (Silva, 1998). Observe, acadêmico, que desde a saída dos jesuítas, os esforços que se fizeram em prol da educação no país foram direcionados aos filhos das elites. Ainda que os investimentos jesuítas na educação popular tenham sido com objetivos religiosos e não propriamente educativos. As circunstâncias políticas que fomentaram a vinda da Família Real para o Brasil favoreceram novidades no plano do conhecimento. Instituições foram criadas para atender e sustentar os interesses educativos da corte. A presença do Rei na colônia fez com que livros pudessem ser impressos aqui, e no ano de sua chegada foi criada a Imprensa Régia (LOPES, 2000). Com a Família Real, o acervo da Biblioteca Nacional de Portugal foi embarcado para o Brasil, juntamente com Acadêmico, propomos uma literatura clássica e interessante. Memórias de um sargento de milícias, de Antônio Manoel de Almeida, narra e descreve, em vários trechos, cenas das aulas régias. Deleite-se na leitura! DICAS TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO 17 os tesouros da Coroa. Em 1810, foi fundada a Biblioteca Pública no Rio de Janeiro. Essa nova realidade, sem dúvida, enriqueceu o capital cultural da colônia, mas não com extensão às camadas populares. FIGURA 8 – PRÉDIO DA IMPRENSA RÉGIA FONTE: <https://bit.ly/3meQtp0>. Acesso em: 25 abr. 2021. FIGURA 9 – BIBLIOTECA NACIONAL FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_Nacional_do_Brasil>. Acesso em: 25 abr. 2021 Além disso, a abertura dos portos às nações amigas permitiu a importação de livros lidos na Europa desde o século XVII, quando os ideais iluministas se expandiam no mundo ocidental. Literaturas de autores como John Locke, Thomas Hobbes, George Berkeley e David Hume, trouxeram o empirismo para o Brasil. O pensamento de que o conhecimento só era acessível por meio dos sentidos ensaiou uma concepção de alfabetização que considerasse o ritmo de aprendizagem da criança. Esse entendimento, porém, não se confirmou na prática, sendo essa orientada pelo arcaísmo das metodologias já vivenciadas em Portugal. E apesar de já existir impressa no país, as cartilhas de alfabetização continuavam sendo trazidas da Metrópole. Durante o Período Joanino, embora muitos professores tenham sido trazidos de Portugal para cá, poucas escolas com classes de alfabetização foram formadas. Delas participavam somente algumas crianças de famílias europeias residentes nos centros urbanos. Silva (1998) denuncia que: UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO 18 Neste período, apesar do aumento do número de professores encarregado de ensinar a ler, escrever e contar e dos recursos para a educação, os resultados não foram significativos, que se pode atribuir a circunstâncias desfavoráveis e não à inércia e incúria dos poderes público, reafirma Almeida. Ou seja, desde os inícios, somos os culpados de nossa ignorância, barbárie, atraso (SILVA, 1998, p. 60). Vê-se, portanto, que a educação para todos não foi assumida como responsabilidade do governo nesse período. 3.2 ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL IMPÉRIO Declarada a Independência, embora o governo ainda demonstrasse pouca preocupação com as questões educacionais, em 1824 a primeira Constituição do Brasil garantia como direito civil de todo cidadão brasileiro a instrução primária gratuita. Não obstante o documento ser dirigido a todo cidadão brasileiro, numa sociedade escravocrata, o acesso à alfabetização ainda era privilégio somente daqueles que podiam pagar: descendentes de famílias abastadas, ou freiras e padres, mantidos pelo Estado. Silva (1998), esclarece que Em 1840, a população do pais era de 6.000.000 de habitantes, sendo que, destes "2.500.000 (eram) indígenas e escravos, que não fornecem alunos à população escolar; sobravam, pois, 3.500.000 pessoas livres"(:80) [sic]. Quando, portanto, no texto, fala-se em povo, sociedade, classes populares. está-se falando em pessoa livre. Analisando período posterior, o de 1870-1875, o autor diz que "o recenseamento acusa a existência de 23.087 indivíduos livres de 7 a 14 anos, em idade de receber a instrução primária"(:l34) [sic]. Desses 23.087, 9.311 estavam na escola. Logo, havia 13.776 fora da escola, isto é, 315 da população livre (SILVA, 1998, p. 62). Passados dez anos, D. Pedro I promulgou algumas alterações e adições à Constituição Política do Império. O ato adicional de 1834 regia que cabia às Assembleias das províncias legislar sobre a instrução pública e prover os estabelecimentos próprios para promovê-la. Sendo assim, a responsabilidade da oferta da educação primária e da gestão das escolas desse nível seria de cada província. Nesse ínterim, foram criados também os cursos Normais, de nível secundário, visando a formação de professores alfabetizadores, também sob competência das províncias. No que diz respeito aos recursos didáticos utilizados para alfabetizar, o Método Lancaster, ou Método Mútuo, ganhou proeminência no Estado. Segundo Vieira (2017), Desenvolvido na Inglaterra no final do século XVIII, no apogeu do processo da industrialização e urbanização, por Andrew Bell e Joseph Lancaster, o método pretendia instruir uma grande quantidade de alunos de uma só vez, acelerando o progresso dos alunos além de TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO 19 abreviar o trabalho do mestre e diminuir os custos com a educação. A educação e a escolarização passam a ser alvo de expansão nas várias províncias (VIEIRA, 2017, p. 80). Esse foi o primeiro método educacional instituído de modo oficial no Brasil, por D. Pedro I, em 15 de outubro de 1827. A proposta vinha ao encontro dos ideais iluministas de modernização e crescimento da nação. Indo de encontro aométodo individual, em que embora os alunos estivessem agrupados em um mesmo espaço, o professor ensinava e fazia intervenções com cada aluno individualmente, o Método Lancaster não permitia a organização de turmas homogêneas e o ensino coletivo, propiciando mais rapidez e eficiência. FIGURA 10 – MÉTODO LANCASTER FONTE: <https://bit.ly/3F7HbDL>. Acesso em: 25 abr. 2021 Essa nova estrutura representou certo avanço no campo educacional, porém, a exclusão dos cidadãos marginalizados ganhou nova dimensão. Naquele tempo, como ainda hoje, havia diferenciação do poderio econômico entre as regiões do país. Com a descentralização do ensino, as províncias mais carentes não podiam manter a mesma estrutura educacional que as outras. Enquanto existiam províncias com bons resultados acadêmicos, o ensino em outras era muito precário, o que acarretou em deperecimento. Escolas particulares foram surgindo, reforçando a desigualdade social entre aqueles que podiam pagar para serem alfabetizados e aqueles que continuariam excluídos. Paralelamente à organização escolar de ensino mútuo, os materiais orientados por métodos tradicionais, como o da soletração e o silábico, trabalhados pelas cartilhas de João de Barros e as cartilhas ABC, sustentavam o ensino. Entrementes, expandiu-se no Brasil o Método Castilho, criado pelo português Antônio Feliciano de Castilho, com uma abordagem mais lúdica para a alfabetização e em oposição ao caráter punitivo e exaustivo que ações escolares tinham naquele tempo. Na análise de Vieira (2017), Castilho UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO 20 Traz, na primeira lição, as vogais ilustradas o que também nos faz rememorar a Cartinha de João de Barros que trazia o desenho colado à letra como forma de auxiliar na memorização da referida letra. O “novo” aqui consiste no esforço do autor em buscar estampas destinadas a dar ideia da forma e do som da letra, associando-a a uma história. Para a letra A, por exemplo, encontra-se associada uma imagem de “um rapazito encostado a um tronco, bocejando o som A, esforço metodológico para relacionar a grafia da letra ao som correspondente (VIEIRA, 2017, p. 89). Em sua pesquisa, a autora ilustra partes do material de Castilho: FIGURA 11 – ENSINO DE VOGAL PELO MÉTODO CASTILHO FONTE: Vieira (2017, p. 90) Após o aprendizado das vogais, eram apresentadas as consoantes, seguindo o mesmo modelo: mediado por uma pequena história, a criança era conduzida ao aprendizado da grafia e da compreensão fonêmica da letra: FIGURA 11 – ENSINO DE CONSOANTE PELO MÉTODO CASTILHO FONTE: Vieira (2017, p. 91) TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO 21 Após a apresentação dos cartazes com as letras, a criança era conduzida à formação de palavras e frases curtas, para então, ler pequenos textos. O método Castilho incorporava também, ao final do estudo de cada letra, pequenas histórias a fim de explorar melhor o fonema, por meio da ludicidade. Castilho destacava também, a importância do conhecimento dos sinais de pontuação, para a escrita e interpretação. FIGURA 12 – CONTO DE CASTILHO, TRABALHANDO A LETRA F FONTE: Vieira (2017, p. 92) De 1840 a 1889, D. Pedro II assumiu o comando do país. Esse foi um período marcado por muitos conflitos e manifestações políticas e sociais, culminando na Proclamação da República. Esse também foi um tempo de muitas ações antiescravistas, com a sanção de leis a favor dos negros, até que a escravidão fosse abolida no país, em 1888. Esse contexto impulsionou a entrada de imigrantes no Brasil, a fim de suprir a necessidade de mão de obra, o que gerou um grande intercâmbio cultural. A diversidade de costumes, crenças e religiões se amalgamou ao país já miscigenado, propiciando mudanças nas relações sociais. A presença do Protestantismo no Brasil alcançou também o campo da alfabetização. A crença na leitura da Bíblia como indispensável ao crescimento espiritual de todo cristão provocou o surgimento de escolas que permitiram a escolarização de alguns marginalizados socialmente. Assim, pessoas pobres, brancas, mestiças, negras e índias, ainda que poucas, puderam ser alfabetizadas. UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO 22 Como se percebe, desde a chegada dos portugueses ao Brasil, até o império de D. Pedro II, a alfabetização popular recebeu pouca atenção do governo. Estivemos sempre imersos num jogo de interesses políticos e econômicos que acabaram por construir um cenário em que o acesso à educação era permitido somente aos nobres da sociedade. Apenas com a Proclamação da República, em 1889, é que o analfabetismo passa a ser considerado um problema para o governo. Convidamos você, acadêmico, a continuar conosco essa viagem, avançando no conhecimento dos métodos de alfabetização, pela história da educação do Brasil!