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3
TÓPICO 1 — UNIDADE 1
LER E ESCREVER: SOCIEDADE, 
CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Neste Tópico 1 abordaremos que, ao contrário da oralidade, uma 
habilidade natural e universal da humanidade e parte de seus atributos biológicos, 
a capacidade de desenvolver a linguagem escrita é uma herança cultural das 
sociedades letradas. Uma invenção da raça humana que requer um ensino 
sistematizado e intencional. 
 
A história da alfabetização no Brasil remota ao período da colonização, 
atravessando contextos históricos diferentes, porém, sempre caracterizada por 
embates econômicos, políticos, sociais e metodológicos que existem até hoje. A 
intensa desigualdade econômica a qual o Brasil está submetido revelou-se tanto a 
causa quanto a consequência da exclusão dos pobres à cultura letrada, tornando 
tão permanente quanto sério o problema do analfabetismo brasileiro. Com a 
universalização do ensino esse problema ficou ainda mais evidente. 
A partir da década de 1990 diversas políticas públicas foram gestadas na 
busca de superar o analfabetismo e tendo como foco a formação do professor 
alfabetizador, reconhecendo-o como aquele que exerce um papel fundamental na 
qualidade da alfabetização. 
 
2 A INVENÇÃO DA ESCRITA 
Ao longo dos milhares de anos de sua história, o homem tem criado 
invenções que vêm transformando significativamente sua maneira de viver no 
decorrer das eras. Contudo, nenhuma delas modificou mais sua forma de se 
comunicar, de registrar e compartilhar conhecimento do que a invenção da escrita! 
Para conhecer sobre a história da escrita, acesse:
http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista/348/formacao-online-ead.html
DICAS
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
4
2.1 A INVENÇÃO DA ESCRITA
A oralidade é uma habilidade biológica hereditária. Em todas as raças 
e culturas, independente das condições geográficas, econômicas e sociais, a 
linguagem verbal é uma característica da espécie humana. A linguagem escrita, 
porém, não é uma capacidade universal da humanidade. 
Embora existam estudos que caminham em sentido contrário a essa 
compreensão, como aponta Soares (2016), há o entendimento quase unânime 
da comunidade científica de que os sujeitos não aprendem a ler e escrever de 
modo natural, como aprendem a falar. O que linguistas e psicólogos cognitivos 
afirmam é que não há semelhança alguma entre ouvir e falar e ler e escrever. Para 
Stanovich (2000), os que negam essa diferença
[...] ignoram os fatos óbvios de que todas as comunidades de seres 
humanos desenvolveram línguas orais, mas só uma minoria dessa 
línguas existe na foram escrita; que a fala é quase tão antiga quanto a 
espécie humana, mas a língua escrita é uma invenção cultural recente 
de apenas os últimos três ou quatro mil anos; que virtualmente todas 
as crianças em ambientes normais desenvolvem facilmente a fala por 
si mesmas, enquanto a maior parte das crianças necessita de instrução 
explícita para a prender a ler, e um número significativo de crianças 
enfrenta dificuldades, mesmo depois de intensos esforços por parte 
de professores e pais (STANOVICH, 2000, p. 400 apud SOARES, 2016, 
p. 43).
Estudos arqueológicos apontam que os primeiros registros escritos foram 
encontrados na Mesopotâmia, e fazem parte do arcabouço histórico dos povos 
Sumérios, datados por volta do ano 3.500 a.C.
IMAGEM 1 – SUMÉRIA, 4.500 A.C - 1.900 A.C
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sum%C3%A9ria>. Acesso em: 20 abr. 2021.
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
5
Os povos sumérios também foram responsáveis pelas primeiras formas 
políticas de organização das cidades-estados e do desenvolvimento do comércio. 
Seus registros escritos rememoram aspectos da cultura, da religião, da política, 
e da economia do período. A escrita suméria foi denominada como cuneiforme, 
devido ao formato cônico dos elementos traçados em artefatos de argila. 
IMAGEM 2 – ESCRITA SUMÉRIA
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sum%C3%A9ria>. Acesso em: 20 abr. 2021.
 
No decorrer da história, os grupos humanos construíram diversos sistemas 
de escrita. O Egito Antigo utilizava a escrita hieroglífica, traçadas no papiro ou 
nas paredes dos templos e pirâmides.
Acadêmico, acesse a esse link e 
vivencie a experiência de visitar 
“a digitalização do Cemitério de 
Menna, na antiga capital Luxor, 
onde foram enterrados membros da 
Décima Oitava Dinastia, a mesma de 
Tutancâmon. É possível ver famosos 
murais com hieróglifos.”
Disponível em: https://my.matterport.
com/show-mds?m=vLYoS66CWpk
INTERESSA
NTE
https://my.matterport.com/show/?m=vLYoS66CWpk
https://my.matterport.com/show/?m=vLYoS66CWpk
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
6
O nosso sistema alfabético é somente um entre outros que existem. Na 
atualidade, coexistem sistemas de escrita com símbolos em que representam 
ideias, como o chinês, que representam os sons da fala, como o nosso.
O alfabeto, como o temos, é de origem greco-latina e que, por sua vez, foi 
inspirado no alfabeto fenício. Os fenícios foram povos que habitaram a região 
onde hoje localiza-se a Síria e o Líbano, no Oriente Médio. Os fenícios criaram 
uma escrita consonantal, de 22 letras, que significou uma grande inovação, 
pois com elas era possível se escrever todas as palavras. Mais tarde, os gregos 
incorporaram as vogais ao alfabeto, mas, até hoje, a escrita hebraica e árabe usam 
apenas consoantes. 
IMAGEM 3 – EVOLUÇÃO DO ALFABETO
FONTE: <http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=911&sid=7>. Acesso 
em: 22 abr. 2021.
Para conhecer um pouco sobre esse interessante sistema de escrita tão 
diferente da Língua Portuguesa, acesse o link abaixo.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Lvo5sMqxIGo
INTERESSA
NTE
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
7
Produto da criatividade humana, a escrita, bem como as tecnologias da 
comunicação e da informação não param de evoluir e seu uso acontece sempre 
pari passu à dinâmica cultura e social. Nas sociedades contemporâneas de escrita 
alfabética elementos pictóricos mesclam-se às palavras ou até substituem a escrita, 
no processo comunicativo cibernético. 
IMAGEM 4 – CONVERSA DE WHATSAPP
FONTE: A autora (2021)
 
No que tange ao tema de estudos dessa disciplina, naturalmente que esse 
novo modo de escrita em ambientes digitais ocupam um lugar no processo de 
alfabetização, o que discutiremos à frente. 
Pensando no contexto do surgimento da escrita e no lugar que essa 
invenção ocupa nas sociedades letradas da atualidade, vê-se que, embora os 
símbolos que a representam e a mídia que a comporta tenham se modificado e 
evoluído no decorrer das eras, sua importância e uso permanecem inalterados: 
a escrita sempre esteve atrelada a mecanismos interativos, sociais, econômicos e 
culturais. Adiante, veremos como a apreensão da língua escrita se deu e ainda se 
dá, na história do nosso país. 
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
8
3 A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: DOS 
JESUÍTAS AO FIM DO IMPÉRIO, O QUE SE SABE SOBRE 
ALFABETIZAÇÃO?
Não somente agora, mas, especialmente no tempo presente, a qualidade 
da educação brasileira tem sido ponto de debate entre professores, pesquisadores 
do campo, representantes governamentais e de entidades sociais. O que torna o 
tema tão complexo, são as múltiplas dimensões que o envolvem. Aspectos como a 
formação humana, o processo de ensino e de aprendizagem, a formação e o fazer 
docente, as interações pessoais e organizacionais da vida em sociedade, além das 
perspectivas político-ideológicas subjascentes, colaboram para que a tratativa 
das questões educacionais seja tão abstrusa. 
Trabalhar pela melhoria da educação demanda que todas essas dimensões 
sejam consideradas em suas particularidades e no modo como elas se articulam, 
o que se constitui um grande desafio. Desafio esse, acadêmico, que tem como 
ponto fundamental o processo de alfabetizaçãopara o progresso bem sucedido 
nas demais etapas de escolarização. 
Neste tópico, conheceremos um pouco sobre a história desse período 
basilar da educação brasileira. Entretanto, devemos esclarecer que o princípio 
da história da alfabetização funde-se às história da própria educação no Brasil, 
durante o período colonial, que envolve a educação jesuítica e a reforma pombalina, 
alcançando também, o período em que o imperador D. João VI veio morar no 
Brasil (SILVA, 1988). Portanto, consideramos importante para compreender a 
história da alfabetização percorrermos também esse tempo, pois ele nos fornece 
elementos importantes para compreendermos o quanto os aspectos políticos e 
ideológicos têm implicância direta na qualidade da educação e, naturalmente, na 
baixa qualidade historicamente constituída da alfabetização. 
3.1 A ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA
O aprendizado da língua escrita no Brasil tem início no fim da primeira 
metade do século XVI, quando o país ainda era colônia de Portugal. O estudo da 
história desse contexto nos permite demarcar três momentos distintos da prática 
pedagógica realizada no Brasil Colônia: a Pedagogia Jesuítica, as Aulas Régias e 
a educação no Reino Unido do Brasil. Explanaremos a respeito desse tempo nos 
pontos a seguir: 
• A chegada dos Jesuítas no Brasil 
De caráter missionário, a alfabetização e as primeiras buscas de se 
organizar um processo educativo no país, tinham como objetivo a evangelização 
dos índios e sua conversão à fé católica. O trabalho se iniciou com a chegada 
da Companhia de Jesus, liderada pelo padre Inácio de Loyola, inaugurando o 
período jesuítico. 
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
9
Naquele tempo, o governo, a política e a religião da Metrópole eram 
instituições que se fundiam. Naturalmente, com vistas a consolidar seus fins 
expansionistas e a reafirmação da fé católica, era fundamental que os habitantes 
da colônia absorvessem a religião e a cultura de Portugal. "Portanto, é no 
espírito da evangelização que se desenvolve em Portugal o sentido de educação 
formal, que influencia substancialmente a formação da sociedade brasileira e o 
desenvolvimento dos processos educativos" (PAIVA, 2015, p. 204). Assim, ao se 
estabelecer a ordem jesuíta no país, foram sendo criadas ao longo do litoral, várias 
escolas de ler e aprender, ou escolas de bê-a-ba. Em 1551, fundou-se no Brasil o 
primeiro Colégio Jesuíta. Segundo Casimiro e Silveira (2012), 
O método pedagógico utilizado pelos jesuítas foi desdobrado nas 
práticas da catequese que, simultaneamente, instruíam as crianças 
a ler, escrever e contar. Em boa parte das aldeias da costa, por onde 
passavam, os padres inacianos estabeleciam “pequenos seminários”. 
Eram as chamadas casas de be-a-bá, espaços onde ministravam às 
crianças indígenas o ensino da doutrina e das primeiras letras. As casas 
de be-a-bá eram estruturadas em espaços pequenos e nesse mesmo 
lugar ocorria o ensino da fé e das letras (CASIMIRO; SILVEIRA, 2012, 
p. 218).
“Em 1549, quando aqui chegaram, os jesuítas souberam aproximar-se dos 
índios, conviver com eles, aprendendo a cultura, a língua e descobriram logo 
como convertê-los. As aproximações incluíam mímicas, discursos emotivos, uso 
de instrumentos musicais e presentes” (PAIVA, 2015, p. 205). É certo que essa 
aproximação foi também marcada por certa coerção, em que os padres jesuítas 
usavam da autoridade da colônia para a dominação indígena. Estrategicamente, 
dentre as tribos, somente as crianças indígenas participavam das aulas, 
consideradas tábulas rasas, onde é mais simples se imprimir o conhecimento. 
Nesse período, crianças e jovens órfãos e marginalizados socialmente foram 
trazidos de Portugal, para serem alfabetizados junto com os pequenos índios, e 
assim, favorecer o processo de aculturação indígena. 
Considerando sobre os materiais e métodos empregados, a fim de 
instrumentalizar os padres, a Companhia de Jesus trouxe de Portugal a Cartilha 
de João de Barros. 
A cartinha de João de Barros é um compêndio onde se apresentam as 
letras do alfabeto, silabário e textos em forma de orações cristãs. Vale 
lembrar que esse se constitui como o primeiro material impresso para 
o ensino da leitura, pois antes se ensinava por papéis manuscritos, e 
que pretendia suplantar o método alfabético ou de soletração antiga, 
caracterizado pelo estudo simultâneo de todas as letras (VIEIRA, 2017, 
p. 55).
Araújo (2008), nos fornece interessantes ilustrações dos recursos utilizados 
pelos padres inacianos: 
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
10
FIGURA 5 – ALFABETO DA CARTILHA JOÃO DE BARROS
FONTE: Araújo (2008, p. 83-84)
Chamamos sua atenção para o modo como foi organizado o material de 
alfabetização. A figura trazida por Araújo (2008) apresenta o alfabeto traçado em 
letras no estilo gótico, associadas a uma imagem e ao substantivo que a nomeia, 
herança do antigo método Alfabético ou Soletração, usados pelos gregos. O texto 
é bastante representativo quanto ao pensamento pedagógico da época, em que 
se entendia que a aprendizagem inicial da escrita era facilitada pela relação entre 
letras, sílabas, imagens e palavras. Muito semelhante a materiais que ornamentam 
as salas de aulas atuais, não acham?
Embora o trabalho fosse orientado por cartilhas, os padres inacianos, 
aproximando-se de alguns aspectos do modo de viver dos índios, incorporaram 
à sua didática elementos da natureza e de situações do cotidiano das crianças 
nativas para viabilizar o processo de ensino. Nas palavras de Saviani (2011, p. 
7), “os jesuítas tiveram que ajustar suas ideias educacionais, modificando-as 
segundo as exigências dessas condições”. Assim, embora fortemente marcada por 
uma raiz tradicional, advinda da escolástica, o lúdico se fez presente na prática 
alfabetizadora jesuíta, abrindo portas para uma didática mais contextualizada à 
realidade infantil (PAIVA, 2015). Jogos, brincadeiras e canções eram elementos 
presentes na alfabetização e no estudo de outros conhecimentos como matemática, 
retórica e teologia, sem, contudo, abordar conteúdo das ciências iluministas 
que se espalhavam pela Europa. Mesmo não sendo o objetivo principal, mas 
apenas um meio para o alcance de fins religiosos, o modelo educacional jesuíta 
cresceu e se consolidou, defendendo ideais de formação humana, disciplina e 
desenvolvimento das habilidades individuais (MACIEL; NETO, 2006). 
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
11
Escolástica: corrente filosófica medieval que buscou conciliar a fé cristã 
católica e a racionalidade, sobre a qual se construiu uma concepção de ensino. Possuía 
como princípios a disciplina, a repetição, a memorização, a espiritualidade e a moralidade.
NOTA
A Cartilha de João de Barros explicita sua escolha pelo trabalho com as 
sílabas, contrapondo-se ao Método Alfabético ou de Soletração, que vigorava 
desde a Antiguidade até a Idade Média (VIEIRA, 2017). Os jesuítas ensinavam as 
crianças a unir as letras às vogais, formando as famílias silábicas. Observe:
FIGURA 6 – MÉTODO SILÁBICA NA CARTILHA DE JOÃO DE BARROS
FONTE: Araújo (2008, p.125)
A estrutura organizacional e educacional jesuítica já preconizava a 
sistematização do ensino no Brasil, ressaltando a importância de um método para 
alfabetizar. O sucesso do trabalho atraiu também os nobres, senhores de engenho, 
que matriculavam seus filhos para, posteriormente, seguirem seus estudos em 
Portugal. 
Tal contexto resultou num grande fortalecimento do grupo jesuíta no 
Brasil, que, por mais de dois séculos, se multiplicou no país com a abertura de 
novos colégios e missões, atribuindo à Companhia, um importante poder político, 
em detrimento das demais ordens religiosas que também se faziam presentes no 
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
12
país, como os beneditinos, e franciscanos. Essa situação se tornou uma ameaça 
à soberania de nobreza portuguesa, pois os jesuítas se posicionavamcontra a 
escravização dos ameríndios e até realizavam missas em tupi-guarani. 
Em 1759, Portugal, na figura do Marquês de Pombal, expulsou os jesuítas 
das terras brasileiras, confiscando os bens da Companhia. Esse fato logo tornou-
se um problema para a educação na colônia, uma vez que a profissão docente 
era exercida pelos jesuítas, com destaque para os professores alfabetizadores. Foi 
assim que a elite e os militares se inseriram na educação do Brasil.
• A instauração das aulas régias
Na metade do século XVIII, Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro-
ministro português, conde de Oeiras, conhecido como o Marquês de Pombal, 
sabedor das fragilidades vivenciadas pela Metrópole naquele tempo, e com 
ideias de governo diferentes das que eram administras por Portugal, identificou 
no campo da educação, uma maneira de obter maior controle político na Colônia.
FIGURA 7 – MARQUÊS DE POMBAL
FONTE: <https://conhecimentocientifico.r7.com/marques-de-pombal/>. Acesso em: 25 abr. 2021.
 
A expulsão dos Jesuítas e de sua educação voltada para formação do 
pensamento religioso, significou o início do ensino laico, enfraquecendo o 
poderio do clero frente à nobreza. Uma forma de modernizar a Coroa e aproximá-
la das mudanças políticas, econômicas e culturais que já ocorriam na Europa, 
por influência do Iluminismo. No entanto, implicou em grande perda no campo 
educacional. Sendo assim, a educação voltava-se para os interesses econômicos 
da elite administradora da colônia. Para Maciel e Neto (2006),
o grande empecilho para a concretização desses objetivos foi a falta 
de homens capacitados para o ensino elementar e primário, ou seja, 
havia, tanto na metrópole quanto na colônia, uma grande carência 
de professores aptos ao exercício da função de ensinar. Frente a 
esse contexto, pode-se afirmar que Pombal, ao expulsar os jesuítas e 
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
13
oficialmente assumir a responsabilidade pela instrução pública, não 
pretendia apenas reformar o sistema e os métodos educacionais, mas 
colocá-los a serviço dos interesses político do Estado (MACIEL; NETO 
2006, p. 471).
Nesse contexto, Marquês de Pombal atribuiu a responsabilidade docente 
e gestora dos colégios aos nobres militares e aos representantes de outras ordens 
católicas que estavam no Brasil. Era importante para o poderio da Metrópole 
deter o domínio do sistema educacional. Representantes da Coroa Portuguesa 
deram início ao modelo de aulas régias no Brasil. A esse respeito, Silva (2020) 
evidencia que:
As aulas régias também serviram para estabelecer relações entre 
as pessoas que faziam parte do quadro de funcionários dos órgãos 
responsáveis pelo gerenciamento e controle da educação que foi 
implementada pelo Estado na segunda metade do século XVIII, 
estendendo também para os demais envolvidos, como os professores, 
os alunos e seus responsáveis (SILVA, 2020, p. 73). 
O autor nos leva à compreensão do modo como a educação brasileira 
passou a ser regida pelo alto escalão do governo, iniciando assim, a história de 
interesses políticos, econômicos e partidários que envolvem a escola brasileira 
e que se alonga até os dias de hoje. As aulas régias, ministradas isoladamente 
em ambientes independentes criados pelos mestres, favoreciam a construção de 
relações sociais que visavam a ascensão social. "É notório ressaltar que a sociedade 
do Antigo Regime era balizada na dependência interpessoal, sendo que as redes 
clientelares eram utilizadas como estratégia para estruturar os diversos níveis de 
relações sociais, estabelecendo relações de poder entre indivíduos e os grupos 
sociais"(SILVA, 2020, p.122).
Não somente nesse tempo, coexistindo com as Cartilha de João de Barros, 
mas especialmente após a saída dos jesuítas, foi amplamente difundida no Brasil 
as Cartas do ABC. 
[...] por volta dos anos de 1870, o professor preparava um ABC 
manuscrito em folhas de papel que se manuseava com ‘pega-mão para 
não sujar’. Em seguida à carta manuscrita do ABC, vinha o bê-a-bá, 
O Iluminismo se iniciou como um movimento cultural europeu do século XVII 
e XVIII que buscava gerar mudanças políticas, econômicas e sociais na sociedade da época. 
Para isso, os iluministas acreditavam na disseminação do conhecimento, como forma de 
enaltecer a razão em detrimento do pensamento religioso. 
Acesse: https://www.politize.com.br/iluminismo/
NOTA
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
14
que era o início de uma longa série de cartas de sílabas. Após estas, 
vinham as cartas de nomes, e, por último, as cartas de fora. As cartas 
de fora eram cedidas ao professor, por empréstimo, para exercitar os 
alunos nas dificuldades das letras manuscritas; eram ofícios dirigidos 
ao professor e alguns deles traziam a assinatura do Inspetor Geral 
(BARBOSA, 1994, p. 58).
Acadêmicos, pensem sobre o quanto essa estrutura tem impactado a visão 
metodológica e a ideologia por trás das políticas de alfabetização. 
Frente a esse contexto, pode-se afirmar que Pombal, ao expulsar os 
jesuítas e oficialmente assumir a responsabilidade pela instrução 
pública, não pretendia apenas reformar o sistema e os métodos 
educacionais, mas colocá-los a serviço dos interesses político do 
Estado (MACIEL; NETO, 2006, p. 471).
O novo modelo educativo empregado, as chamadas Aulas Régias, 
implicou numa grande mudança filosófica e nos fins da educação colonial. Embora 
didaticamente alguns professores, formados pelos jesuítas, ainda mantivessem 
traços didáticos dessa pedagogia, a formação política do Marquês e sua inclinação 
aos ideais iluministas, reforçou a diferença na qualidade da educação oferecida 
aos filhos das elites, em relação ao que era proposto aos ameríndios e filhos dos 
pobres colonos. Além disso, "havia crianças e jovens que não eram nobres e 
nem cidadãos, que estavam fora da escola e que não receberam essa herança, de 
nobreza e de cidadania"(SILVA, 1998, p.59).
De acordo com a nova proposta, os mestres régios, que eram representantes 
da Coroa e funcionários do governo, deveriam ensinar aos meninos índios e pobres 
apenas a ler e a escrever em português e a fazer cálculos simples. Ressalta-se que 
o número de crianças pobres atendidas era bem pequeno e foi progressivamente 
tornam-se ainda menor. Essa formação visava atender apenas à necessidade de 
mão de obra mais qualificada na Colônia, que caminhava para a modernização. 
As meninas, que foram de certo modo alcançadas pela educação jesuíta, era 
educadas em escolas próprias, tendo em vista o aprendizado de tarefas úteis ao 
lar (PAIVA, 2015). 
No que tange aos materiais e métodos empregados no processo de 
alfabetização, sabe-se que os mestres se valiam das antigas cartilhas de alfabetização, 
com ênfase na repetição e memorização para o aprendizado da língua escrita. A 
pesquisa de SOUZA (2009), nos traz como modelo, o manual produzindo pelo 
exímio calígrafo Manuel De Andrade de Figueiredo, material utilizado pela Nova 
escola para aprender a ler, escrever e a contar, publicado em Portugal, em 1722, antes das 
reformas pombalinas, mas que muito provavelmente foram trazidos para o Brasil, 
no final do século XVIII. “A Nova escola para aprender a ler, escrever e contar, 
da autoria de Andrade de Figueiredo é um sofisticado exemplar dos manuais de 
caligrafia setecentistas. A obra segue os padrões organizacionais ou estruturais 
comuns aos manuais de caligrafia correntes na época” (SOUZA, 2009, p. 44). 
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
15
FONTE: Souza (2009, p. 51)
Pombal não conseguiu alcançar com sua nova proposta educacional, a 
mesma organização e sucesso dos Jesuítas, sendo avaliada por Maciel e Neto 
(2006), da seguinte maneira:
A reforma de ensino pombalina pode ser avaliada como sendo 
bastante desastrosa para a Educação brasileira e, também, em certa 
medida para a Educação em Portugal, pois destruiu uma organização 
educacional já consolidada e com resultados, ainda que discutíveise contestáveis, e não implementou uma reforma que garantisse um 
novo sistema educacional. Portanto, a crítica que se pode formular 
nesse sentido, e que vale para nossos dias, refere-se à destruição de 
uma proposta educacional em favor de outra, sem que esta tivesse 
condições de realizar a sua consolidação (MACIEL; NETO, 2006, p. 
475).
Articulando nosso estudo sobre as práticas alfabetizadoras no Brasil à 
concepção de políticas públicas educacionais, é fundamental que você acadêmico, 
note como a ideologia governista exerce influência na constituição da ação 
política educacional. No bojo dessas análises, verifica-se a organização escolar 
brasileira à serviço dos interesses da elite dominante da época. Aos pobres, e às 
mulheres, conforme a ordem social da época, deveria ser oferecido o mínimo 
de acesso à escolarização necessário para o trabalho. Já os filhos dos nobres 
recebiam uma educação diferenciada, com currículo mais elaborado, constituído 
de componentes das áreas das ciências humanas, das ciências da natureza e das 
ciências exatas, fomentadas pelo movimento renascentista.
Após a morte do Marquês de Pombal, em 1782, a elite brasileira, 
determinada a difundir o pensamento iluminista, continuou a buscar maneiras 
de elevar a educação no país. No final do século XVIII, início do século XIX, 
FIGURA 7 – ORNATO CALIGRÁFICO DA ESCOLA NOVA
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
16
chegou ao Brasil as Cartilhas de João de Deus, um prelúdio dos Métodos 
Analíticos, e o Método Lacaster, que viria a ser efetivamente implantado como 
plano governamental, sob o reinado de D. Pedro I. 
Num tempo em que a educação não era obrigatória, a nova estrutura 
acabou por propiciar um afastamento dos pobres da escola, pela construção de 
um ambiente excludente e de menor afinidade ao seu contexto de vida. 
• Alfabetização no Período Joanino
Após o fracasso das reformas pombalinas, com a chegada de D. João 
VI no Brasil, em 1808, alguns investimentos passaram a ser feitos na educação 
na colônia. O imperador tinha forte interesse pelas letras, as artes e as ciências 
em geral. Logo viu-se que o Brasil não possuía uma estrutura educacional de 
qualidade para oferecer aos filhos da nobreza (Silva, 1998). Observe, acadêmico, 
que desde a saída dos jesuítas, os esforços que se fizeram em prol da educação no 
país foram direcionados aos filhos das elites. Ainda que os investimentos jesuítas 
na educação popular tenham sido com objetivos religiosos e não propriamente 
educativos. 
As circunstâncias políticas que fomentaram a vinda da Família Real para 
o Brasil favoreceram novidades no plano do conhecimento. Instituições foram 
criadas para atender e sustentar os interesses educativos da corte. A presença do 
Rei na colônia fez com que livros pudessem ser impressos aqui, e no ano de sua 
chegada foi criada a Imprensa Régia (LOPES, 2000). Com a Família Real, o acervo 
da Biblioteca Nacional de Portugal foi embarcado para o Brasil, juntamente com 
Acadêmico, propomos uma literatura clássica e interessante. Memórias de um 
sargento de milícias, de Antônio Manoel de Almeida, narra e descreve, em vários trechos, 
cenas das aulas régias. Deleite-se na leitura! 
DICAS
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
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os tesouros da Coroa. Em 1810, foi fundada a Biblioteca Pública no Rio de Janeiro. 
Essa nova realidade, sem dúvida, enriqueceu o capital cultural da colônia, mas 
não com extensão às camadas populares. 
FIGURA 8 – PRÉDIO DA IMPRENSA RÉGIA
FONTE: <https://bit.ly/3meQtp0>. Acesso em: 25 abr. 2021.
FIGURA 9 – BIBLIOTECA NACIONAL
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_Nacional_do_Brasil>. Acesso em: 25 abr. 2021
 
Além disso, a abertura dos portos às nações amigas permitiu a importação 
de livros lidos na Europa desde o século XVII, quando os ideais iluministas 
se expandiam no mundo ocidental. Literaturas de autores como John Locke, 
Thomas Hobbes, George Berkeley e David Hume, trouxeram o empirismo para 
o Brasil. O pensamento de que o conhecimento só era acessível por meio dos 
sentidos ensaiou uma concepção de alfabetização que considerasse o ritmo 
de aprendizagem da criança. Esse entendimento, porém, não se confirmou na 
prática, sendo essa orientada pelo arcaísmo das metodologias já vivenciadas em 
Portugal. E apesar de já existir impressa no país, as cartilhas de alfabetização 
continuavam sendo trazidas da Metrópole. 
Durante o Período Joanino, embora muitos professores tenham sido 
trazidos de Portugal para cá, poucas escolas com classes de alfabetização foram 
formadas. Delas participavam somente algumas crianças de famílias europeias 
residentes nos centros urbanos. Silva (1998) denuncia que:
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
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Neste período, apesar do aumento do número de professores 
encarregado de ensinar a ler, escrever e contar e dos recursos para 
a educação, os resultados não foram significativos, que se pode 
atribuir a circunstâncias desfavoráveis e não à inércia e incúria dos 
poderes público, reafirma Almeida. Ou seja, desde os inícios, somos 
os culpados de nossa ignorância, barbárie, atraso (SILVA, 1998, p. 60).
Vê-se, portanto, que a educação para todos não foi assumida como 
responsabilidade do governo nesse período. 
3.2 ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL IMPÉRIO
Declarada a Independência, embora o governo ainda demonstrasse pouca 
preocupação com as questões educacionais, em 1824 a primeira Constituição do 
Brasil garantia como direito civil de todo cidadão brasileiro a instrução primária 
gratuita. Não obstante o documento ser dirigido a todo cidadão brasileiro, numa 
sociedade escravocrata, o acesso à alfabetização ainda era privilégio somente 
daqueles que podiam pagar: descendentes de famílias abastadas, ou freiras e 
padres, mantidos pelo Estado. Silva (1998), esclarece que
Em 1840, a população do pais era de 6.000.000 de habitantes, sendo que, 
destes "2.500.000 (eram) indígenas e escravos, que não fornecem alunos 
à população escolar; sobravam, pois, 3.500.000 pessoas livres"(:80)
[sic]. Quando, portanto, no texto, fala-se em povo, sociedade, classes 
populares. está-se falando em pessoa livre. Analisando período 
posterior, o de 1870-1875, o autor diz que "o recenseamento acusa 
a existência de 23.087 indivíduos livres de 7 a 14 anos, em idade de 
receber a instrução primária"(:l34) [sic]. Desses 23.087, 9.311 estavam 
na escola. Logo, havia 13.776 fora da escola, isto é, 315 da população 
livre (SILVA, 1998, p. 62).
Passados dez anos, D. Pedro I promulgou algumas alterações e adições 
à Constituição Política do Império. O ato adicional de 1834 regia que cabia às 
Assembleias das províncias legislar sobre a instrução pública e prover os 
estabelecimentos próprios para promovê-la. Sendo assim, a responsabilidade da 
oferta da educação primária e da gestão das escolas desse nível seria de cada 
província. Nesse ínterim, foram criados também os cursos Normais, de nível 
secundário, visando a formação de professores alfabetizadores, também sob 
competência das províncias. 
No que diz respeito aos recursos didáticos utilizados para alfabetizar, o 
Método Lancaster, ou Método Mútuo, ganhou proeminência no Estado. Segundo 
Vieira (2017),
Desenvolvido na Inglaterra no final do século XVIII, no apogeu do 
processo da industrialização e urbanização, por Andrew Bell e Joseph 
Lancaster, o método pretendia instruir uma grande quantidade de 
alunos de uma só vez, acelerando o progresso dos alunos além de 
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
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abreviar o trabalho do mestre e diminuir os custos com a educação. A 
educação e a escolarização passam a ser alvo de expansão nas várias 
províncias (VIEIRA, 2017, p. 80).
Esse foi o primeiro método educacional instituído de modo oficial no 
Brasil, por D. Pedro I, em 15 de outubro de 1827. A proposta vinha ao encontro 
dos ideais iluministas de modernização e crescimento da nação. Indo de encontro 
aométodo individual, em que embora os alunos estivessem agrupados em 
um mesmo espaço, o professor ensinava e fazia intervenções com cada aluno 
individualmente, o Método Lancaster não permitia a organização de turmas 
homogêneas e o ensino coletivo, propiciando mais rapidez e eficiência. 
FIGURA 10 – MÉTODO LANCASTER
FONTE: <https://bit.ly/3F7HbDL>. Acesso em: 25 abr. 2021
Essa nova estrutura representou certo avanço no campo educacional, 
porém, a exclusão dos cidadãos marginalizados ganhou nova dimensão. Naquele 
tempo, como ainda hoje, havia diferenciação do poderio econômico entre as 
regiões do país. Com a descentralização do ensino, as províncias mais carentes 
não podiam manter a mesma estrutura educacional que as outras. Enquanto 
existiam províncias com bons resultados acadêmicos, o ensino em outras era 
muito precário, o que acarretou em deperecimento. Escolas particulares foram 
surgindo, reforçando a desigualdade social entre aqueles que podiam pagar para 
serem alfabetizados e aqueles que continuariam excluídos. 
Paralelamente à organização escolar de ensino mútuo, os materiais 
orientados por métodos tradicionais, como o da soletração e o silábico, 
trabalhados pelas cartilhas de João de Barros e as cartilhas ABC, sustentavam 
o ensino. Entrementes, expandiu-se no Brasil o Método Castilho, criado pelo 
português Antônio Feliciano de Castilho, com uma abordagem mais lúdica para 
a alfabetização e em oposição ao caráter punitivo e exaustivo que ações escolares 
tinham naquele tempo. Na análise de Vieira (2017), Castilho
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
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Traz, na primeira lição, as vogais ilustradas o que também nos faz 
rememorar a Cartinha de João de Barros que trazia o desenho colado 
à letra como forma de auxiliar na memorização da referida letra. 
O “novo” aqui consiste no esforço do autor em buscar estampas 
destinadas a dar ideia da forma e do som da letra, associando-a a 
uma história. Para a letra A, por exemplo, encontra-se associada 
uma imagem de “um rapazito encostado a um tronco, bocejando o 
som A, esforço metodológico para relacionar a grafia da letra ao som 
correspondente (VIEIRA, 2017, p. 89).
Em sua pesquisa, a autora ilustra partes do material de Castilho: 
FIGURA 11 – ENSINO DE VOGAL PELO MÉTODO CASTILHO
FONTE: Vieira (2017, p. 90)
Após o aprendizado das vogais, eram apresentadas as consoantes, 
seguindo o mesmo modelo: mediado por uma pequena história, a criança era 
conduzida ao aprendizado da grafia e da compreensão fonêmica da letra: 
FIGURA 11 – ENSINO DE CONSOANTE PELO MÉTODO CASTILHO
FONTE: Vieira (2017, p. 91)
TÓPICO 1 — LER E ESCREVER: SOCIEDADE, CULTURA E ESCOLARIZAÇÃO
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Após a apresentação dos cartazes com as letras, a criança era conduzida à 
formação de palavras e frases curtas, para então, ler pequenos textos. O método 
Castilho incorporava também, ao final do estudo de cada letra, pequenas histórias 
a fim de explorar melhor o fonema, por meio da ludicidade. Castilho destacava 
também, a importância do conhecimento dos sinais de pontuação, para a escrita 
e interpretação. 
FIGURA 12 – CONTO DE CASTILHO, TRABALHANDO A LETRA F
FONTE: Vieira (2017, p. 92)
De 1840 a 1889, D. Pedro II assumiu o comando do país. Esse foi um 
período marcado por muitos conflitos e manifestações políticas e sociais, 
culminando na Proclamação da República. Esse também foi um tempo de 
muitas ações antiescravistas, com a sanção de leis a favor dos negros, até que a 
escravidão fosse abolida no país, em 1888. Esse contexto impulsionou a entrada 
de imigrantes no Brasil, a fim de suprir a necessidade de mão de obra, o que gerou 
um grande intercâmbio cultural. A diversidade de costumes, crenças e religiões se 
amalgamou ao país já miscigenado, propiciando mudanças nas relações sociais. 
A presença do Protestantismo no Brasil alcançou também o campo da 
alfabetização. A crença na leitura da Bíblia como indispensável ao crescimento 
espiritual de todo cristão provocou o surgimento de escolas que permitiram 
a escolarização de alguns marginalizados socialmente. Assim, pessoas 
pobres, brancas, mestiças, negras e índias, ainda que poucas, puderam ser 
alfabetizadas. 
UNIDADE 1 — LÍNGUA ESCRITA: HISTÓRIA, PROBLEMA E INVESTIGAÇÃO
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Como se percebe, desde a chegada dos portugueses ao Brasil, até o império 
de D. Pedro II, a alfabetização popular recebeu pouca atenção do governo. 
Estivemos sempre imersos num jogo de interesses políticos e econômicos que 
acabaram por construir um cenário em que o acesso à educação era permitido 
somente aos nobres da sociedade. Apenas com a Proclamação da República, em 
1889, é que o analfabetismo passa a ser considerado um problema para o governo. 
Convidamos você, acadêmico, a continuar conosco essa viagem, 
avançando no conhecimento dos métodos de alfabetização, pela história da 
educação do Brasil!

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