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Capítulo 4 - Mercados financeiros

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Capítulo 4 – Livro do Blanchard
Mercados financeiros
Prof. Dr. Matheus Gomes
Objetivo
	O	capítulo	4	examina	o	equilíbrio	nos	mercados	financeiros	(ou monetário).
	Seu foco é na demanda por moeda e no papel do Banco Central em afetar as taxas de juros.
Trata também das restrições existentes à política monetária.
4.1 - Demanda por moeda
A moeda, que você pode usar para transações, não paga juros.
	Há dois tipos de moeda: papel moeda – as moedas e notas em espécie – e depósitos à vista – os depósitos bancários sobre os quais você pode emitir cheques ou utilizar o cartão de débito.
	Os títulos pagam uma taxa de juros positiva, 𝑖, mas não podem ser utilizados para transações.
	A	proporção	de	moeda	e	títulos	que	você	deveria	reter	dependerá principalmente de duas variáveis:
Do nível de transações.
Da taxa de juros dos títulos.
Alguns conceitos
	Os fundos mútuos do mercado monetário ou de investimento agrupam os fundos de muitas pessoas e são usados para a compra de títulos – normalmente, títulos públicos.
	Renda é o que você ganha com seu trabalho mais o que recebe de juros e dividendos. É um fluxo — algo expresso em unidades de tempo.
	Poupança é a parte da renda líquida de impostos que você não gasta. Também é um fluxo.
	Sua riqueza financeira é o valor de todos os seus ativos financeiros menos todos os seus passivos financeiros. Riqueza é uma variável de estoque — medida em dado instante.
Alguns conceitos
	Investimento é um termo que os economistas reservam para a compra de novos bens de capital, de máquinas a fábricas e edifícios comerciais.
	A compra de ações ou de outros ativos financeiros é um investimento financeiro.
Moeda é o que se pode usar para pagar transações.
Derivação da demanda por moeda
	A demanda por moeda é o montante de moeda que as pessoas desejam reter.
	A demanda por moeda na economia como um todo é simplesmente a soma de todas as demandas por moeda de cada pessoa nessa economia.
	A demanda por moeda depende do nível total de transações na economia e da taxa de juros.
(1) 𝑀𝑑 = $𝑌𝐿 ด𝑖
−
A demanda por moeda aumenta em proporção à renda nominal ($𝑌),
e depende negativamente da taxa de juros, 𝐿 ด𝑖	.
−
Derivação da demanda por moeda
Figura 4.1 - Demanda por moeda
	Para	dado	nível nominal,	uma	taxa
de	renda de		juros
menor aumenta a demanda por moeda.
	A determinada taxa de juros, um aumento da renda nominal desloca a demanda por moeda para a direita.
4.2 - Determinação da taxa de juros	𝑖
	Nesta	seção,	vamos	supor	que	os	depósitos	à	vista	não	existam. Portanto, a única moeda na economia é o papel moeda.
	O papel desempenhado pelos bancos como fornecedores de moeda (e depósitos à vista) será introduzido na próxima seção.
	O equilíbrio nos mercados financeiros requer que a oferta de moeda seja igual à demanda por moeda, ou seja, que
(2)	𝑀𝑠 = 𝑀 = 𝑀𝑑
𝑀𝑠 é a oferta de moeda e 𝑀𝑑 é a demanda por moeda.
Essa relação de equilíbrio é chamada de relação 𝐿𝑀.
Demanda por moeda, oferta de moeda e taxa de juros de equilíbrio
Figura	4.2	-	Determinação	da	taxa	de juros
Substituindo (1) em (2):
(3) 𝑀 = $𝑌𝐿 𝑖
	A taxa de juros deve ser tal que a oferta de moeda (que é independente da taxa de juros) seja igual à demanda por moeda (que depende da taxa de juros).
Demanda por moeda, oferta de moeda e taxa de juros de equilíbrio
Figura 4.3 - Efeitos de um aumento da renda nominal sobre a taxa de juros
	Um aumento da renda nominal leva a um aumento da taxa de juros.
	Isso ocorre porque com a oferta de moeda fixa, os juros se elevam para reduzir a demanda por moeda em um segundo momento.
Demanda por moeda, oferta de moeda e taxa de juros de equilíbrio
Figura 4.4 - Efeitos de um aumento da oferta de moeda na taxa de juros
de		moeda da	taxa	de
	Um	aumento	da	oferta leva	a	uma	diminuição juros.
	A redução da taxa de juros aumenta a demanda por moeda de modo que ela seja igual à maior oferta de moeda.
Operações de mercado aberto
	Operações de mercado aberto, que ocorrem no ‘mercado aberto’ de títulos, são o método padrão utilizado por Bancos Centrais para alterar o montante de moeda nas economias modernas.
	Se um Banco Central compra títulos, esta operação é chamada de operação de mercado aberto expansionista, na qual o Banco Central aumenta (expande) a oferta de moeda.
	Se um Banco Central vende títulos, esta operação é chamada operação de mercado aberto contracionista, na qual o Banco Central diminui (contrai) a oferta de moeda.
Preços de títulos e rendimento de títulos
	Figura 4.5 - Balancete patrimonial do Banco Central e uma política monetária expansionista.
	O ativo do Banco Central é a soma dos títulos que ele possui. O passivo é o estoque da economia.
	Uma operação de mercado aberto na qual o Banco Central compra títulos e emite moeda aumenta o ativo e o passivo no mesmo montante.
Preços de títulos e rendimento de títulos
É preciso entender a relação entre taxa de juros e preços dos títulos.
	Se você comprar um título hoje e o mantiver por um ano, a taxa de retorno (ou juros) de um título de US$ 100 daqui a um ano será de:
(4)	𝑖 = $100−$𝑃𝐵
$𝑃𝐵
Onde $𝑃𝐵 é o preço do título no período atual e 𝑖 é a taxa de juros.
	Se tivermos a taxa de juros, 	 poderemos	descobrir o preço	do título usando a mesma fórmula.
(5)	$𝑃𝐵 =
$100
1+𝑖
Demanda por moeda, oferta de moeda e taxa de juros de equilíbrio
Figura 4.6 – Decisão de reduzir a taxa de juros
	Uma decisão do Banco Central de diminuir a taxa de juros de 𝑖 a 𝑖′ é equivalente a aumentar a oferta de moeda.
	Os Bancos Centrais geralmente pensam na taxa de juros que desejam atingir e, então, alteram a oferta de moeda para atingir essa taxa.
4.3 - Determinação da taxa de juros: II
	Intermediários financeiros são instituições que recebem fundos de pessoas e empresas e usam esses fundos para comprar títulos ou ações ou para fazer empréstimos a outras pessoas e empresas.
	Os bancos são um tipo de intermediário financeiro. Eles recebem fundos de pessoas e empresas que ou depositam os fundos diretamente ou têm os fundos enviados a suas contas correntes (por meio do depósito direto dos seus salários, por exemplo).
O passivo dos bancos é igual ao valor desses depósitos à vista.
	Os bancos mantêm como reservas parte dos fundos que recebem. Essas reservas são mantidas parcialmente em dinheiro e parcialmente em uma conta mantida no Banco Central.
Preços de títulos e rendimento de títulos
	Figura 4.7 - Balancete patrimonial dos bancos e balancete patrimonial do Banco Central revisitado.
O ativo do Banco Central é a soma dos títulos que ele retém.
O passivo do Banco Central é a moeda emitida, a moeda do Banco Central.
A nova característica é que nem toda moeda do Banco Central é mantida como moeda manual pelo público (papel moeda).
Uma parte dela é mantida como
reservas bancárias pelos bancos.
O que os bancos fazem
Os bancos têm reservas por três motivos:
	Se observarmos determinado dia do mês, qualquer que seja ele, alguns correntistas retiram dinheiro da sua conta corrente, enquanto outros depositam dinheiro nelas.
	Do mesmo modo, se tomarmos qualquer dia, as pessoas com contas no banco emitem cheques para pessoas com contas em outros bancos, e pessoas com contas em outros bancos emitem cheques para pessoas com contas no banco.
	Os bancos são sujeitos a requerimento de reservas bancárias. O coeficiente de reservas – a razão entre reservas bancárias e depósitos à vista.
A oferta e a demanda por moeda do Banco Central
	Pensemos em termos de oferta e demanda por moeda do Banco Central.
	A demanda por moeda do Banco Central é igual à demanda por moeda manual pelas pessoas mais a demanda por reservas pelos bancos.
	A oferta de moeda do Banco Central está sob o controle direto do Banco Central.
	A taxa de juros de equilíbrio é tal que a demanda e a oferta de moeda do Banco Central sejam iguais.
Demanda por moeda
	Quando	as	pessoas	podem	reter	tanto	papel-moeda	quanto depósitos à vista,a demanda por moeda envolve duas decisões:
As pessoas devem decidir quanto reter de moeda.
Dada essa moeda, devem decidir quanto reter em moeda manual e quanto reter em depósitos à vista.
Demanda por papel moeda (ou moeda manual)	𝐶𝑈𝑑	:
(6)	𝐶𝑈𝑑 = 𝑐𝑀𝑑
𝑐 é a proporção fixa que as pessoas mantém em papel moeda.
𝐷𝑑
Demanda por depósitos à vista	:
(7)	𝐷𝑑 =	1 − 𝑐	𝑀𝑑
Demanda por reservas
	Quanto maior o montante dos depósitos à vista, maior o montante de reservas que os bancos devem reter, tanto por precaução quanto por exigência legal (θ é a razão de reservas, ou seja, o montante de reservas que os bancos detêm em relação aos depósitos a vista).
Demanda por moeda do Banco Central:
(8) 𝑅 = θ𝐷
Demanda por reservas pelos bancos (das equações (7) e (8)):
(9) 𝑅𝑑 = θ 1 − 𝑐 𝑀𝑑
Demanda por moeda do Banco Central
	A demanda por moeda do Banco Central é igual a soma da demanda por moeda manual e da demanda por reservas.
Demanda por moeda do Banco Central:
(10)	𝐻𝑑 = 𝐶𝑈𝑑 + 𝑅𝑑
Assim, das equações (6) e (9):
(11)	𝐻𝑑 = 𝑐𝑀𝑑 + θ	1 − 𝑐	𝑀𝑑 =
𝑐 + θ	1 − 𝑐
𝑀𝑑
Determinação da taxa de juros
Como 𝑀𝑑 = $𝑌𝐿	𝑖	:
(12)	𝐻𝑑 =	𝑐 + θ	1 − 𝑐	$𝑌𝐿	𝑖
Em	equilíbrio,	a	oferta	de	moeda	do	Banco	Central
𝐻	é	igual	à
𝐻𝑑
demanda por moeda do Banco Central	:
(13)	𝐻 = 𝐻𝑑
(14)	𝐻 =	𝑐 + θ	1 − 𝑐
$𝑌𝐿	𝑖
A oferta e a demanda por moeda do Banco Central
Determinantes da demanda e da oferta de moeda do Banco Central
Equilíbrio do mercado para moeda do Banco Central e determinação da taxa de juros
Figura 4.8 – Determinação da taxa de juros
	A taxa de juros de equilíbrio é tal que a oferta de moeda do Banco Central seja igual à demanda por moeda do Banco Central.
4.4 – Armadilha da Liquidez
	A principal conclusão das três primeiras seções deste capítulo foi que o Banco Central pode, ao escolher sua oferta de moeda, determinar a taxa de juros que deseja.
Se ele quiser aumentar a taxa de juros, reduz o montante de moeda.
Se quiser reduzir a taxa de juros, aumenta o montante de moeda.
	Esta seção demostra que essa conclusão vem com uma importante ressalva: a taxa de juros não pode ir abaixo de zero.
	Quando a taxa de juros baixa a zero, a política monetária não pode reduzi-la ainda mais. A política monetária deixa de agir, e diz que a economia está em uma armadilha da liquidez.
4.4 – Armadilha da Liquidez
	A principal conclusão das três primeiras seções deste capítulo foi que o Banco Central pode, ao escolher sua oferta de moeda, determinar a taxa de juros que deseja.
Se ele quiser aumentar a taxa de juros, reduz o montante de moeda.
Se quiser reduzir a taxa de juros, aumenta o montante de moeda.
	Esta seção demostra que essa conclusão vem com uma importante ressalva: a taxa de juros não pode ir abaixo de zero.
	Quando a taxa de juros baixa a zero, a política monetária não pode reduzi-la ainda mais. A política monetária deixa de agir, e diz que a economia está em uma armadilha da liquidez.
Equilíbrio do mercado para moeda do Banco Central e determinação da taxa de juros
Figura 4.9 – Demanda por moeda, oferta de moeda e a armadilha da liquidez.
Quando a taxa de juros nominal é igual a zero, e quando as pessoas têm dinheiro suficiente para realizar suas transações, elas ficam indiferentes entre manter moeda ou títulos.
A demanda por moeda torna-se horizontal. Isso implica que, quando a taxa nominal de juros é igual a zero, aumentos adicionais na oferta de moeda não têm efeito sobre a taxa nominal de juros.
Armadilha da Liquidez
	A armadilha da liquidez descreve uma situação em que a política monetária expansionista se torna ineficaz.
	O aumento da oferta de moeda cai na armadilha da liquidez: as pessoas estão dispostas a reter mais moeda (mais liquidez) considerando a mesma taxa de juros nominal.
	O Banco Central pode aumentar a “liquidez”, mas a moeda adicional é voluntariamente mantido pelos agentes econômicos a uma taxa de juros inalterada, ou seja, zero.
Armadilha de liquidez se espalhou para emergentes, diz Paul Krugman – Infomoney (12 maio 2020)
	Política monetária perde força à medida que as taxas de juros se aproximam de zero, casos de países como Peru, Chile, Brasil e Colômbia.
	Dois meses após a crise mais profunda em décadas, algumas das maiores economias da América Latina estão perto de perder sua principal ferramenta de combate à recessão: cortes das taxas de juros.
	Peru e Chile já reduziram o juro para quase zero e são obrigados a considerar novas táticas para resgatar as economias em colapso. Brasil e Colômbia podem em breve estar no mesmo barco.
	A chamada armadilha de liquidez, quando a política monetária perde força à medida que as taxas de juros se aproximam de zero, atormenta países ricos há anos. O economista e Prêmio Nobel Paul Krugman diz que o problema agora se espalhou para alguns mercados emergentes.
https://www.infomoney.com.br/economia/armadilha-de-liquidez-se-espalhou-para-emergentes-diz-paul- krugman/
Armadilha de liquidez se espalhou para emergentes, diz Paul Krugman – Infomoney (12 maio 2020)
	“Não há nada na lógica da armadilha de liquidez que diga que isso não pode acontecer em um país em desenvolvimento”, disse Krugman em entrevista por telefone em 8 de maio.
	Na semana passada, o banco central do Peru disse que está pronto para usar diferentes tipos de estímulo monetário para sustentar a demanda durante a pandemia de coronavírus, enquanto no Chile a autoridade monetária começou a comprar títulos emitidos por bancos. Porém, medidas desse tipo são uma forma muito menos eficaz de estímulo do que simplesmente reduzir a taxa básica, de acordo com Krugman.
https://www.infomoney.com.br/economia/armadilha-de-liquidez-se-espalhou-para-emergentes-diz-paul- krugman/
Para a próxima aula
Entregar 8 exercícios resolvidos do final do capítulo 4 do livro do Blanchard (exercícios do “teste rápido”, e/ou “aprofundando” e/ou “explorando mais”).

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