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D i b e IMUNIDADE DO RN E AMAMENTAÇÃO A infecção é uma das causas mais importantes de morbidade e mortalidade no período neonatal e nos primeiros meses de vida. Destaca-se a frequência e a severidade das infecções por bactérias gram- negativas Barreiras Naturais: A pele do recém-nascido é imatura e tem mais permeabilidade, possivelmente em consequência à produção inadequada de ácidos-graxos livres e pH alcalino. Células: Monócitos e macrófagos: prejuízo na fagocitose. NK: em neonatos apresentam função reduzida com menos ação citotóxica contra vírus, embora sejam equivalentes em números às dos adultos. Neutrófilos: - Últimas células a aparecerem no feto; - Quantidade: no recém-nascido estão reduzidos. Está menos capacitado a elevar o número de neutrófilos circulantes em resposta a um estímulo e associa-se a quadros sépticos nessa idade. - Função: nos recém-nascidos ocorre prejuízo na quimiotaxia, rolamento, adesão e migração até o sítio de infecção e também redução de sua atividade oxidativa, que é o seu mecanismo de citotoxicidade. Complemento: Em recém-nascidos a termo alcançam níveis próximos de 60-90% dos valores do adulto enquanto recém-nascidos pré-termo alcançam 47-70%. Níveis semelhantes aos dos adultos somente são atingidos após um ano de idade. Prejuízos Fibronectina, fatores da coagulação e sistema cinina: encontram reduzidos ao nascimento. Resultando em: - Reduzida capacidade de opsonização. - Reduzida capacidade em lisar bactérias Gram negativas e alguns vírus. - Reduzida quimiotaxia de polimorfonucleares e monócitos. Os precursores das células T são identificados no fígado fetal na sétima semana de gravidez, mas ainda não expressam CD3 em sua superfície. Migram para o timo, onde completam sua proliferação. Entre 18 e 24 semanas, os linfócitos T já se encontram em número semelhante ao do adulto. A produção das citocinas está desviada para o perfil de resposta Th2 até um ano de idade. A produção de IL-12 que ativa linfócitos T CD4 para o perfil Th1 está atrasada no recém-nascido. Ocorre um déficit na resposta Th1 visto no neonato. Sendo assim, sua deficiência acarreta problemas em toda a imunidade. Produção e maturação de linfócitos B Durante a gestação: Os precursores dos linfócitos B estão no fígado com oito semanas, onde já iniciam sua diferenciação. Após o nascimento, a maturação das células B se verifica na medula óssea. Produção de Ig -Durante a gestação: A produção de imunoglobulinas fetais já se inicia desde a 10ª semana de gestação, atingindo pico com 26 semanas. A partir de então, cai drasticamente até o nascimento. Isso ocorre devido à baixa exposição intrauterina a antígenos e aos altos níveis de imunoglobulinas maternas transferidas passivamente ao feto. -Recém-nascido: ao nascimento a criança apresenta baixos níveis de imunoglobulinas (IgM, IgA e IgE), sendo a grande maioria da IgG de origem materna. A produção de IgA secretória está ausente nos primeiros dias de vida, levando a maior vulnerabilidade das mucosas dos tratos respiratório e gastrintestinal a invasões por microrganismos patogênicos. Após o nascimento, inicia-se a produção própria de imunoglobulinas em resposta a antígenos alimentares e ambientais. O período compreendido entre a queda dos anticorpos maternos e a produção sustentada de anticorpos próprios é chamado hipogamaglobulinemia transitória ou fisiológica. Ocorre entre o terceiro e o quinto meses de vida, com resolução completa entre dois e cinco anos. E. coli A E. coli é uma das principais bactérias Gram-negativas causadoras de meningite e sepse no período neonatal. Sabe-se que a IgG não consegue se ligar de forma eficiente à superfície da bactéria, permitindo, dessa forma, que escape ao mecanismo de reconhecimento do sistema imune. A deficiência na cascata de complemento observada no sangue de cordão de recém-nascidos contribui também para o defeito de opsonização dos neonatos contra a E. coli. Dessa forma, a sobrevivência da bactéria dentro dos macrófagos pode exercer importante papel no surgimento de quadros como sepse e meningite. Estreptococo do grupo B (EGB) O EGB é importante causa de infecção bacteriana no período neonatal. A colonização por estreptococos patogênicos do grupo B é facilitada pela grande capacidade de adesão às células da mucosa epitelial de neonatos e pela ausência de IgA secretora na primeira semana de vida. Além disso, a deficiência na produção de interleucina-12 pelas células fagocitárias tem sido proposta recentemente como outro mecanismo associado à má-resposta imune ao EGB. Lysteria monocytogenes A ativação macrofágica é de suma importância para a destruição eficiente da bactéria e a ativação pelo INF γ é fundamental nesse processo, sendo sua produção deficitária relacionada à escassez e ao atraso no desenvolvimento de células T de memória no período neonatal Herpes-vírus O atraso na resposta das células Th 1 à infecção, na proliferação dos linfócitos T CD4, na secreção de INF γ e do fator de necrose tumoral, além da produção deficiente de anticorpos específicos contra o vírus, permite que a infecção torne-se disseminada, causando danos importantes a todos os órgãos. Alguns estudos mostram que há expressiva produção de IL-6 e IL-8 nos recém-nascidos a termo e pré-termo, em resposta à infecção pelo herpes- vírus. No entanto, a produção exagerada de citocinas inflamatórias parece estar associada à maior intensidade das manifestações clínicas da doença, na comparação com adultos. Vírus respiratório sincicial (VRS) O receptor TLR4 participa do reconhecimento do VSR pela imunidade inata. Os recém-nascidos prematuros apresentam pouca quantidade de TLR4 e reduzida produção de citocinas após sua ativação, o que implica mais suscetibilidade à infecção por esse vírus. A resposta adaptativa eficiente a patógenos virais é mediada pelas citocinas produzidas pelas células Th1. No entanto, a produção destas pode ser inibida por citocinas secretadas pelos linfócitos Th2. Cada vez mais se reconhece que a dependência imunitária do neonato em relação ao organismo materno não cessa no momento do parto, da mesma maneira que a dependência afetiva e nutricional. Após o nascimento, a mãe continua a transmitir fatores de defesa antiinfecciosa a seu filho através do colostro e depois do leite. Então, ao considerar o recém-nascido recebendo este "suplemento imunológico", a situação de sua imunocompetência muda bastante. Deficiências no sistema imune do neonato Imunidade inata Papel da amamentação contra infecções Resposta específica a patógenos Imunidade adaptativa/ celular D i b e Fatores solúveis e celulares de defesa no leite humano A IgA é a principal imunoglobulina das secreções externas, onde se encontra predominantemente em sua forma dimérica. Está bem demonstrado que a maior parte da IgA secretada pela glândula mamaria é produzida localmente, sendo desprezível a quantidade derivada de transudação sérica. As concentrações de IgA são muito elevadas no colostro e diminuem progressivamente à medida em que o leite amadurece. IgA possui atividade de anticorpo contra cepas enteropatogênicas de E. coli, Salmonelas, bem como de algumas bactérias patológicas para o trato respiratório e contra o bacilo tetânico e Mycoplasma pneumoniae. Demonstra-se, também, atividade contra vários tipos de vírus, como polio I, II e III, influenza, rotavírus, entre outros. Descreve-se ainda uma ação sinérgica entre IgA, lisozima e complemento. Alguns estudos recentes sugerem que possa haver pequena absorção de imunoglobulinas pelo intestino do recém-nascido nas primeiras 24 horas de vida, período em que existe uma permeabilidade aumentada da mucosa. Em um estudo com 40 recém-nascidos a termo, avaliaram, durante os primeiros seis meses de vida, os valores de IgA na saliva. Constataram um aumento significativo desta em bebês alimentadosexclusivamente com leite humano, em relação aos que utilizaram leites artificiais, e sugeriram que esse aumento poderia ser um dos fatores responsáveis por maior proteção contra as infecções. Por outro lado, em um estudo realizado com mães guatemaltecas em amamentação, que apresentavam desnutrição moderada, não foi detectada alteração dos níveis normais de IgA, mesmo quando parte desse grupo recebeu suplementação na dieta. Com isso, ficou demonstrado, também, que a concentração de IgA no leite humano independe do grau de nutrição materna. A IgM no colostro é encontrada em concentrações muito próximas às do soro de adultos normais. Existem dúvidas quanto ao local de produção da IgM do leite, mas algumas evidências experimentais falam a favor de uma produção pela própria glândula mamaria. No ser humano, como em outras espécies, existem indícios de que a IgM do leite contenha atividade de anticorpo contra enterobactérias, o que pode ser um fator a mais de proteção. No colostro e no leite, a IgG encontra-se em concentrações mais baixas que as imunoglobulinas já citadas e, como as demais, diminui à medida em que a lactação progride. A IgG do leite parece ter sua origem sérica e sua concentração máxima nesta secreção não ultrapassa 3% da do soro. No leite de vaca, a IgG constitui a classe predominante de imunoglobulina, entretanto ela é completamente destruída no processo de pasteurização. IgE foi detectada no leite humano nos 5-6 primeiros dias de lactação, em concentrações até 20 vezes maiores que as séricas, o que pode indicar transporte seletivo ou produção local. Oligossacarídeos São elementos promotores do crescimento bacteriano, estimulando a proliferação do Lactobacillus bifidus no trato intestinal inferior dos lactentes. Estes microrganismos, através da metabolização de açúcares, levam à formação de ácido láctico e de pequenas quantidades de ácidos fórmico e succínico, propiciando um pH fecal baixo, incompatível com a multiplicação acelerada de enteropatógenos como E. coli, e fungos. A atividade deste fator é 40 a 100 vezes maior no leite humano do que no leite de vaca. Lactoferrina É uma proteína presente em várias secreções externas e que tem a propriedade de se ligar ao ferro, impedindo os microrganismos patogênicos de utilizar este mineral para seu metabolismo. Está presente em concentrações elevadas no leite humano, em forma amplamente insaturada. Além de inibir o crescimento de microrganismos como a E. coli e a Cândida albicans, age ainda contra outras bactérias, tais como o Vibrio cholerae e o Streptococcus mutans. Lisozima A maior concentração desta proteína no fluido extracelular é encontrada no leite materno. Trata-se de uma enzima com ação lítica da parede celular bacteriana através da clivagem de peptidoglicans da membrana dos microrganismos suscetíveis e potencializando a ação de IgA e complemento. A concentração chega a ser 300 vezes maior que no leite de vaca. Lactoperoxidase Fatores inespecíficos Imunoglobulinas D i b e Esta enzima, juntamente com peróxido de hidrogênio,formam um sistema capaz de inibir efetivamente o crescimento bacteriano in vitro com a inibição da proliferação de S. faecalis, S. albus, E. co//, B. megatherium, L. acidophylus e S. cremor. Interferon Pesquisadores cultivaram células do leite humano em condições apropriadas, demonstraram a produção de interferon por parte destas células, substância esta que tem conhecida ação antiviral. Sistema de Complemento Várias frações do sistema complemento tem sido detectadas no leite humano. -O componente C3 alcança concentrações próximas à do soro do adulto normal. -C4 em níveis apreciáveis no leite, pequena quantidade de C1 O papel exato dos componentes do complemento no leite ainda não está bem esclarecido, uma vez que a IgA, não é capaz de ativar a via clássica: no entanto, a descrição do C3 (fator importante na ativação deste sistema pela via alternativa) pode sugerir a sua ação. O C3 ativado pode ser potencialmente importante por sua capacidade opsônica. 40-65% neutrófilos 35-55% macrófagos 5-10% Linfócitos Leucócitos Leucócitos vivos estão presentes no leite humano Linfócitos Os linfócitos B, na sua maioria, portam IgA na membrana. Agentes antiinflamatórios Citocinas Contraindicações: HIV, sarampo, herpes ativo... A infecção pode ocorrer em qualquer fase do aleitamento. Depende da carga viral no leite. São encontrados vírus livres e infectando monócitos do leite. Fazem transporte de vírus para o intestino. Células C
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