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ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇOES CONTABEIS

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2 
CONVERSA INICIAL 
Olá Aluno(a), tudo bem? Desejamos boas-vindas a essa aula. 
O objetivo da disciplina é possibilitar um entendimento sobre a 
obrigatoriedade das demonstrações contábeis, bem como dos itens que as 
compõe. 
Nesta aula, vamos estudar o Balanço Patrimonial e sua estrutura. O 
objetivo desta aula é possibilitar a você o conhecimento acerca da 
obrigatoriedade dessa demonstração, e a compreensão a respeito do conjunto 
de informações necessárias na elaboração do Balanço Patrimonial, conforme as 
exigências legais. 
Para atingir a esse objetivo, iremos estudar os seguintes tópicos: 
• Informação a ser apresentada no balanço patrimonial; 
• Distinção entre circulante e não circulante; 
• Ativo circulante; 
• Passivo circulante; 
• Ativo e passivo não circulantes. 
Aproveite a leitura e pratique os conhecimentos adquiridos resolvendo os 
exercícios. Lembre-se: a melhor maneira de aprender é praticando. 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
A contabilidade como linguagem dos negócios (Marion, 2009, p. 24) 
possui o papel social fundamental de garantir a transparência dos negócios 
realizados pelas entidades públicas, privadas e do terceiro setor, sendo também 
a base para aferição do desempenho empresarial, o qual é realizado com base 
nas demonstrações contábeis (Oyadomari et al., 2018). 
Nesse contexto, a Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, dispõe sobre: 
Demonstrações Financeiras 
Disposições Gerais 
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com 
base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes 
demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a 
situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no 
exercício: 
I - balanço patrimonial; 
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; 
III - demonstração do resultado do exercício; e 
 
 
3 
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 
11.638,de 2007) 
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (Incluído 
pela Lei nº 11.638,de 2007) 
§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a 
indicação dos valores correspondentes das demonstrações do 
exercício anterior. 
§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser 
agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que 
indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor 
do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de 
designações genéricas, como "diversas contas" ou "contas-correntes". 
§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros 
segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de 
sua aprovação pela assembleia-geral. 
§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas 
e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias 
para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do 
exercício. 
O texto dado pela lei das SA busca orientar a publicação de 
demonstrativos que devem obrigatoriamente ser elaborados e divulgados pelas 
sociedades anônimas. No entanto, com a padronização das demonstrações 
contábeis em decorrência da aderência do Brasil às normas internacionais de 
contabilidade, visando à harmonização das práticas contábeis em nível global, 
surgiram a Lei n. 11.638/2007 e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), 
responsável pela emissão de pronunciamentos técnicos, interpretações técnicas 
e orientações, fazendo com que houvesse uma revolução na contabilidade 
brasileira (Gelbecke et al., 2018). 
Dentre as principais mudanças, a Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 
2007 “Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, 
e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de 
grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações 
financeiras”. 
Dentre outras alterações, em seu artigo terceiro, a Lei n. 11.638/2007 
(grifo nosso) determina: 
Art. 3o Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não 
constituídas sob a forma de sociedades por ações, as disposições da 
Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sobre escrituração e 
elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de 
auditoria independente por auditor registrado na Comissão de Valores 
Mobiliários. 
Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins 
exclusivos desta Lei, a sociedade ou conjunto de sociedades sob 
controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total 
superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) 
ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões 
de reais). 
 
 
4 
Dessa forma, ambas as leis (Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e 
Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007) determinam a obrigatoriedade das 
demonstrações contábeis, impondo quais demonstrativos são obrigatórios e 
quais empresas devem elaborá-los. Por sua vez, o papel do CPC no que tange 
aos relatórios contábeis está mais voltado para a estrutura dos demonstrativos 
(CPC-00 (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório 
Contábil-Financeiro) e a base para a apresentação destes (CPC26 (R1) – 
Apresentação das Demonstrações Contábeis). 
De acordo com Borinelli e Pimentel (2018, p. 51), o CPC foi com base na 
necessidade de (1) convergência internacional das normas contábeis; (2) 
centralização na emissão de normas contábeis no Brasil; e (3) representação e 
processo democrático na produção de normas, considerando opiniões de 
acadêmicos, usuários, contadores, auditores, intermediários e governo. 
As demonstrações contábeis têm por objetivo fornecer informações 
sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na 
posição financeira da entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários 
em suas avaliações e tomadas de decisão econômica (Oyadomari et al., 2018). 
Conforme Gelbcke et al. (2018, p. 83), “para que as demonstrações contábeis 
representem apropriadamente a posição patrimonial e financeira, o desempenho 
financeiro e os fluxos de caixa da entidade, devem ser seguidas as 
orientações do CPC” Conforme os autores supracitados, “presume-se que a 
aplicação dos Pronunciamentos, Orientações e Interpretações do CPC garante 
às demonstrações contábeis a adequação necessária”. 
As demonstrações contábeis são apresentadas de forma sintética, 
obedecendo a uma padronização e formalização adequadas e em linguagem 
apropriada das operações que ocorrem no dia a dia das empresas (Oyadomari, 
et al., 2018). Os autores apontam como principais demonstrações contábeis que 
fornecem informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho 
e as mudanças na posição financeira da entidade os seguintes itens: 
• Balanço Patrimonial (BP); 
• Demonstração de Resultados do Exercício (DRE); 
• Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC). 
 
 
5 
Levando em consideração esse contexto, é apresentado um esquema 
com características sobre cada uma das demonstrações contábeis, conforme 
exposto na figura abaixo: 
Figura 1 – Forma simplificada e utilidade das principais demonstrações contábeis 
 
Fonte: Oyadomari et al., 2018, p. 4. 
Embora os autores apontem apenas essas três demonstrações, a 
obrigatoriedade da lei ainda abrange outros demonstrativos, como o 
Demonstrativo de Lucros ou Prejuízos Acumulados e o Demonstrativo de Valor 
Adicionado. Nesse entendimento, a disciplina de Estrutura das Demonstrações 
Contábeis visa apresentar esses demonstrativos, além de notas explicativas e 
relatório da administração. 
Figura 2 – Important 
 
Créditos: K.-U. HAESSLER/Shutterstock. 
Não podemos iniciar nossa aula sem antes falar sobre um ponto 
importante em relação aos demonstrativos financeiros. Bom, vamos estudamos 
o Balanço Patrimonial, suas contas, e ver como esse demonstrativo é importante 
para a contabilidade. No entanto, surge um fato que precisa ser pontuado em 
Posição Patrimonial e Financeira 
Ondese investe? 
Como se financia? 
Capacidade de pagar os passivos 
Balanço Patrimonial 
Eficiência/Desempenho Econômico 
Dá lucro ou prejuízo? 
Quanto é o faturamento? 
Operacional ou financeiro? 
Demonstração do 
Resultado do Exercício 
Mutações na Posição Financeira 
O que acontece com o caixa? 
Gera caixa? 
Como gera e onde consome? 
Demonstração do Fluxo 
de Caixa 
 
 
6 
relação não somente ao BP, mas a todos os demais demonstrativos obrigatórios 
por lei e pelo CPC. Pergunta: como apresentar os demonstrativos quando a 
entidade é controladora de outras empresas? Esse contexto é explicado por 
Gilbeck et al. (2018, p. 5): 
As normas internacionais obrigam à consolidação toda vez em que 
existe investimento em controlada, e isso foi seguido pelo CPC no 
Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Conselho 
Federal de Contabilidade (CFC). Assim, não restam mais alternativas 
de não consolidação quando de investimento em controlada. 
Você deve estar se perguntando, o que vem a ser a consolidação das 
demonstrações contábeis? A consolidação leva à combinação das 
demonstrações financeiras, ou seja, é a junção das demonstrações de uma 
empresa e suas subsidiárias. Quando se faz a consolidação, as demonstrações 
apresentam os dados não somente da controladora, mas de um grupo como um 
todo. 
Entende-se então que a consolidação acontece quando uma empresa 
detém o controle sobre outra ou outras empresas, havendo então a necessidade 
de combinar as demonstrações do grupo. Não adentraremos o assunto acerca 
de consolidação de demonstrações contábeis, mas é importante que se tenha o 
conhecimento acerca da existência dessa consolidação, visto que as empresas 
que possuem subsidiárias devem fazer a apresentação de suas demonstrações 
de forma consolidada. 
No fim da aula, apresenta-se um exemplo de balanço patrimonial de uma 
empresa, balanço consolidado apresentando dados da controladora e 
subsidiárias. 
Vamos, então, iniciar nossa aula contextualizando sobre o principal 
demonstrativo apresentado pela lei, o qual apresenta as principais informações 
que serão base para outros demonstrativos, o então conceituado Balanço 
Patrimonial. 
TEMA 1 – INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NO BALANÇO 
PATRIMONIAL 
O mais importante relatório gerado pela contabilidade é o Balanço 
Patrimonial (BP), pois esse demonstrativo possibilita identificar a saúde 
financeira e econômica da empresa no fim do ano ou em qualquer data prefixada 
(Marion, 2018). Esse relatório apresenta a posição estática da empresa, 
 
 
7 
demonstrando a situação do patrimônio em uma determinada data, ao fim de um 
período (Borinelli, 2017), e por conta disso, o BP pode ser definido como a 
representação estática do patrimônio (Padoveze, 2018). 
 
A Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, mais conhecida como Lei das 
Sociedades por Ações, ou lei das SA, dispõe sobre a obrigatoriedade do BP. Os 
artigos 178 a 185 da referida lei estabelecem que o BP deve representar de 
forma quantitativa e qualitativa a posição financeira e patrimonial da empresa, 
evidenciando o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade num 
determinado momento (Gelbecke et al., 2018; Silva, 2019). 
Para fazer essa evidenciação, as 
contas patrimoniais devem ser dispostas de 
forma a separar a origem da aplicação dos 
recursos. Dessa forma, o BP é dividido em 
duas colunas, sendo a coluna da esquerda denominada Ativo e a da direita 
denominada Passivo (Marion, 2018). Conforme o autor supracitado, “o ideal 
seria denominar a segunda coluna Passivo e Patrimônio Líquido. Entretanto, a 
Lei das Sociedades por Ações apresenta apenas o termo “Passivo”” (Marion, 
2018, p. 40). A figura a seguir mostra a representação do balanço com as duas 
divisões: 
Figura 3 – Representação do Balanço Patrimonial 
 
Fonte: Adaptado de Gelbcke et al., 2018, p. 67. 
Mesmo com essa separação, em decorrência do fato de que as contas do 
passivo representem a origem de recursos e as contas do ativo representem a 
aplicação destes, conforme o método das partidas dobradas, os dois lados 
devem fechar em valores iguais, e por conta disso, “o nome Balanço vem da 
O balanço tem por finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em 
determinada data, representando, portanto, uma posição estática (Gelbecke et al., 2018, p. 66). 
Aplicação 
de recursos Origem de 
recursos
 
 
8 
ideia de equilíbrio entre Ativo e Passivo. Assim, o Ativo compreende os bens 
e direitos, e o Passivo compreende as obrigações e o Patrimônio Líquido” 
(Padoveze, 2018, p. 7). 
Até o momento, trabalhamos somente com os grupos de contas, mas não 
evidenciamos as contas que devem compor cada grupo. Nesse sentido, 
recorremos ao CPC 26 para buscar o esclarecimento a respeito de quais seriam 
essas contas, uma vez que, conforme já comentado anteriormente, a lei 
determina quais entidades devem divulgar os demonstrativos, e o CPC instrui 
sobre as informações que esses demonstrativos devem apresentar, bem como 
a forma de apresentação destes. Diante disso, sobre as contas do ativo, o CPC 
26 faz a seguinte colocação: 
Figura 4 – CPC 26 
 
Fonte: CPC 26 (R1). 
O balanço patrimonial deve apresentar, respeitada a 
legislação, as seguintes contas: 
(a) caixa e equivalentes de caixa; 
(b) clientes e outros recebíveis; 
(c) estoques; 
(d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas 
alíneas “a”, “b” e “g”); 
(e) total de ativos classificados como disponíveis para 
venda e ativos à disposição para venda de acordo com o 
CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e 
Operação Descontinuada; 
(f) ativos biológicos dentro do alcance do CPC 29; 
(g) investimentos avaliados pelo método da equivalência 
patrimonial; 
(h) propriedades para investimento; 
(i) imobilizado; 
(j) intangível; 
(k) contas a pagar comerciais e outras; 
(l) provisões; 
(m) obrigações financeiras (exceto as referidas nas 
alíneas “k” e “l”); 
(n) obrigações e ativos relativos à tributação corrente, 
conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 32 – 
Tributos sobre o Lucro; 
(o) impostos diferidos ativos e passivos, como definido 
no Pronunciamento Técnico CPC 32; 
(p) obrigações associadas a ativos à disposição para 
venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 
31; 
(q) participação de não controladores apresentada de 
forma destacada dentro do patrimônio líquido; e 
(r) capital integralizado e reservas e outras contas 
atribuíveis aos proprietários da entidade. 
 
PRONUNCIAMENTO 
TÉCNICO CPC 26 (R1) 
 
 
9 
Conforme demonstrado, o balanço patrimonial engloba uma variedade de 
itens que, no seu conjunto, entre bens direitos e obrigações, forma o patrimônio 
da entidade. É percebível que, dentre as contas apresentadas, tem-se a 
configuração de todas as contas que podem ser formadas no decorrer da vida 
de uma entidade, desde sua formação, com a formalização e integralização do 
capital social, até a sua maturidade, com a apresentação de contas voltadas à 
participação de não controladores. 
Bom, o CPC 26 nos mostra, nesse trecho, os itens que devem compor o 
patrimônio, mas não apresenta nele a forma como devem ser classificados esses 
itens para serem colocados no BP. No entanto, se observarmos a Lei n. 
6.404/1976, já teremos então um indicativo dos grupos de contas que dividem o 
patrimônio, possibilitando uma melhor identificação e distinção entre contas de 
origem e contas de aplicação de recursos em seu artigo 178, no qual ela 
apresenta o ativo e o passivo como os dois grupos do demonstrativo. 
Embora a lei não apresente o grupo do patrimônio líquido como uma conta 
separada do passivo, as contas correspondentes a ele são classificadas em 
separado no BP, conforme estrutura determinada pelo CPC 00. Nesse contexto, 
o CPC dispõe sobre todos esses itens patrimoniais, dispondo da classificação 
destes; e em relação à estrutura do balanço, o CPC 00 dispõe acerca da 
mensuração dos elementos, definindo os respectivosgrupos que compõem a 
demonstração. 
Dessa forma, o CPC 00 define os grupos, para que seja então possível 
realizar a classificação dos itens que compõem o patrimônio, com base nessa 
definição, de acordo com suas características, possibilitando uma interpretação 
sobre o grupo de contas ao qual deve pertencer cada elemento, possibilitando 
então a caracterização como um bem ou direito (ativo), uma obrigação para com 
terceiros (passivo) ou um interesse de sócios ou proprietários na entidade 
(patrimônio líquido). 
A seguir, tem-se a definição dada pelo CPC 00: 
Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da posição 
patrimonial e financeira são os ativos, os passivos e o patrimônio 
líquido. Estes são definidos como segue: 
(a) ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de 
eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios 
econômicos para a entidade; 
(b) passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos 
passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos 
da entidade capazes de gerar benefícios econômicos; 
 
 
10 
(c) patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade 
depois de deduzidos todos os seus passivos. 
Perceba que o CPC aponta claramente a formação de três grupos de 
contas no balanço patrimonial, sendo essa a estrutura que deve ser utilizada 
para a elaboração do demonstrativo. 
É importante ressaltar que, com base na estrutura trazida pelo CPC e pela 
lei das SA, deve-se proceder com a classificação das contas em subgrupos, nos 
quais os itens são agrupados conforme suas características, respeitando 
também a ordem de liquidez (para itens do ativo) e a ordem de liquidação (para 
itens do passivo). Nesse contexto, o fator tempo é considerado, e as contas do 
ativo e passivo são divididas em curto prazo e longo prazo, tendo como 
referência o exercício social da entidade. 
Diante disso, o entendimento entre circulante e não circulante se faz 
necessário, sendo esse o assunto a ser tratado no nosso Tema 2, possibilitando 
então maior entendimento sobre o assunto. 
TEMA 2 – DISTINÇÃO ENTRE CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE 
Estudamos anteriormente sobre os itens que o balanço patrimonial deve 
apresentar, sendo que esses itens representam o patrimônio da entidade, 
basicamente o seu conjunto de bens, direitos e obrigações (Ativo, Passivo e 
Patrimônio Líquido). Conforme comentado, as contas desse demonstrativo 
devem ser separadas de acordo com sua natureza: do lado direito, a origem de 
recursos, do lado esquerdo, a aplicação. No entanto, ainda não falamos da forma 
como as contas pertencentes a esses grupos devem estar dispostas no BP. 
Ainda que respeitemos as classificações quanto a natureza das contas, 
caso misturemos estas dentro de seu respectivo grupo (por exemplo, somando-
se caixa com máquinas, duplicatas a receber com veículos e assim por diante), 
a interpretação e análise do BP seria muito complexa (Marion, 2018). Nesse 
contexto, o autor aponta que essa é a razão pela qual as contas de mesma 
natureza devem ser agrupadas, para facilitar a leitura do balanço. 
Portanto, as contas devem ser classificadas não somente por natureza, 
mas também quanto às suas características. Além disso, outro fator que deve 
ser considerado na elaboração do BP é o fator “tempo”, pois deve-se levar em 
conta o prazo de realização ou de vencimento das contas para uma melhor 
estruturação do demonstrativo, o que também possibilitará aos usuários uma 
 
 
11 
melhor interpretação e análise do relatório. O quadro a seguir apresenta o artigo 
178 da lei das SA, o qual dispõe sobre a classificação das contas em cada grupo. 
Quadro 1 – Classificação das contas 
 
No mesmo sentido, o CPC 26 complementa a forma que deve ser utilizada 
para fazer essa classificação, conforme apresentado abaixo: 
A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e 
passivos circulantes e não circulantes, como grupos de contas 
separados no balanço patrimonial [...], exceto quando uma 
apresentação baseada na liquidez proporcionar informação confiável e 
mais relevante. Quando essa exceção for aplicável, todos os ativos e 
passivos devem ser apresentados por ordem de liquidez. 
O entendimento acerca dos textos trazidos pela lei das SA e pelo CPC 
nos leva então a separação das contas dentro de seus respectivos grupos em 
“Circulante” e “Não Circulante”. Mas afinal, o que seriam esses termos dentro da 
contabilidade? 
Os termos circulante e não circulante são também conhecidos como 
“curto prazo” e “longo prazo”. Em contabilidade, o curto prazo compreende o 
período de até um ano. Por conseguinte, ao se apresentar um balanço, todas 
as contas a receber e a pagar nos próximos 365 dias devem ser classificadas a 
curto prazo. O longo prazo, por sua vez, está relacionado a um período 
superior a um ano (Marion, 2018), o que significa dizer que contas do ativo e 
passivo que se realizam ou vencem após 365 do fechamento do balanço devem 
ser classificadas no longo prazo. 
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os 
elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a 
facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da 
companhia. 
§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de 
grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes 
grupos: 
I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) 
II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, 
investimentos, imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei n. 11.941, 
de 2009) 
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: 
I – passivo circulante; (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) 
II – passivo não circulante; e (Incluído pela Lei n. 11.941, de 2009) 
III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, 
ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em 
tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei n. 11.941, de 
2009) 
Lei 
11.604/76 
 
 
12 
Esse contexto é dado pelo CPC 26 (grifo nosso), ao determinar que “a 
entidade deve divulgar o montante esperado a ser recuperado ou liquidado em 
até doze meses ou mais do que doze meses, após o período de reporte, 
para cada item de ativo e passivo”. Perceba que essa classificação está então 
relacionada com a data de fechamento do balanço, o que implica dizer que, para 
classificar o curto e longo prazo, conta-se 365 dias a partir da data de 
fechamento do balanço, sendo esse método válido tanto para ativos quanto 
para passivos, pois ambos os grupos de contas devem ser classificados em 
circulante e não circulante, conforme determinado pelo CPC 26. 
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos considerar que a Indústria 
Limpex tem o seu exercício social dentro do período de 01/01/2019 e 
enceramento em 31/12/2019. Dessa forma, todas as contas do ativo cuja 
realização esteja prevista para até 31/12/2020 devem ser classificadas no 
circulante, assim como todas as contas do passivo com previsão de vencimento 
para até 31/12/2020, devem também ser classificadas no curto prazo. Contas de 
ambos os grupos, que tiverem prazo superior a essa data, serão classificadas 
no longo prazo. 
Vamos ver o esquema gráfico do curto e longo prazo da Indústria Limpex: 
Figura 5 – Indústria Limpex 
 
Agora, vamos considerar que a indústria tenha feito uma compra de 
matéria-prima no dia 15/10/2019 com pagamento para 15 vezes com entrada. 
A pergunta é: como devemos classificar essa compra, no curto prazo ou no longo 
prazo? Para resolver esse problema, vamos analisar os dados. 
Primeiro: sabemos que o exercício social da empresa compreende o 
período de um ano, ou seja, inicia-se em 01/01/2019 e encerra-se em 
31/12/2019. 
Segundo: sabemos que o curto prazo abrange o período de até um ano 
após encerrado o exercício social (365 dias após a data do balanço, conforme 
determinadopelo CPC 26). 
365 dias 
depois 
Data do 
balanço 
Circulante 
(Curto prazo) 
Não Circulante 
(Longo prazo) 31/12/19 31/12/20 
Exercício 
Social 2019 
 
 
13 
Terceiro: se o exercício social da Indústria Limpex se encerra em 
31/12/2019, significa que o curto prazo se dará até 31/12/2020. 
Bom, com essas informações, fica fácil definir em qual grupo deve ser 
classificada a operação. Vamos lá! Se a compra foi realizada em 15/10/2019 em 
15 vezes com entrada, precisamos então identificar até quando vai a última 
prestação. Fica fácil de visualizar se fizermos isso numa planilha e a 
confrontarmos com o nosso esquema gráfico de curto e longo prazo, pois dessa 
forma poderemos visualizar cada parcela dentro do seu respectivo mês de 
ocorrência, facilitando a identificação do que seria circulante e não circulante: 
Figura 6 – Indústria Limpex 
 
Perceba que a última parcela será paga em dezembro de 2020, o que 
significa que todo o valor deve ser contabilizado no curto prazo, ou seja, no 
passivo circulante. 
Agora, vamos considerar que a indústria tenha feito uma compra de 
matéria prima no dia 15/10/2019 no valor de R$150.000,00 com pagamento para 
15 vezes com entrada para 30 dias. E agora, como devemos classificar essa 
compra, no curto prazo, no longo prazo, ou em ambos? Bom, primeiro você deve 
fazer a mesma análise que fizemos antes, e após isso, vamos lançar os dados 
numa planilha para ficar mais fácil a visualização. Teremos então: 
Figura 7 – Indústria Limpex 
 
 
 
14 
Perceba que, no momento da compra, não foi dada nenhuma entrada, 
portanto, como a compra foi feita para pagamento em 15 prestações com a 
primeira parcela paga em novembro de 2019, isso fez com que a última parcela 
fosse paga somente em 2021, levando-a a ser registrada no longo prazo, ou 
seja, no passivo não circulante. Nesse contexto, temos parte da operação 
contabilizada no curto prazo, e o valor referente a uma única parcela 
contabilizada no longo prazo. 
Desse modo, você compreende o quanto é importante se atentar ao 
conceito de curto e longo prazo e o entendimento quanto a tais conceitos? O 
contador deve estar sempre atento, pois qualquer detalhe pode implicar num 
registro incorreto, podendo levar a empresa a ser autuada e pagar multas, 
dependendo da gravidade da situação relacionada ao lançamento incorreto. 
Outro aspecto a ser considerado é que a informação mal estimada ou 
apresentada com distorções induz os tomadores de decisões ao erro, fazendo 
com que o objetivo principal da contabilidade (fornecer informações úteis aos 
tomadores de decisão) não seja atingido. 
Ainda em relação ao circulante e não circulante, outro ponto deve ser 
observado, o qual diz respeito ao ciclo operacional. A Lei n. 6.404/76, em seu 
art. 179, Parágrafo único, diz que “na companhia em que o ciclo operacional da 
empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante 
ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo”. O mesmo contexto é dado 
pelo CPC 26: 
Figura 8 – CPC 26 
 
Esse conceito de curto e longo prazo em relação ao ciclo operacional é 
colocado em caráter de exceção, sendo aplicado quando relacionado a 
atividades muito específicas, cujos processos podem implicar em prazos muito 
Quando a entidade fornece bens ou serviços dentro de 
um ciclo operacional claramente identificável, a 
classificação separada de ativos e passivos circulantes 
e não circulantes no balanço patrimonial proporciona 
informação útil ao distinguir os ativos líquidos que 
estejam continuamente em circulação como capital 
circulante dos que são utilizados nas operações de 
longo prazo da entidade. Essa classificação também 
deve destacar os ativos que se espera sejam realizados 
dentro do ciclo operacional corrente, bem como os 
passivos que devam ser liquidados dentro do mesmo 
período. 
CICLO 
OPERACIONAL 
 
 
15 
longos para que se produza um determinado item. Um exemplo disso é dado por 
Marion (2018, p. 53) assim exposto: 
Figura 9 – Exemplo dado por Marion 
 
Créditos: KAMONTAD999/Shutterstock. 
Conforme o autor supracitado, o ciclo operacional representa o tempo 
demorado para a produção, venda e recebimento do produto. Nesse contexto, 
“sempre que o ciclo operacional ultrapassar um ano, o curto prazo será o tempo 
do ciclo operacional” (Marion, 2018, p. 53). 
Vamos ver então o ciclo operacional no texto dado pelo próprio CPC: 
Figura 10 – CPC 
 
Agora que já sabemos o que é o curto e o longo prazo, é hora de 
conhecermos quais contas do ativo e quais contas do passivo devem ser 
classificadas no circulante e no não circulante. 
TEMA 3 – ATIVO CIRCULANTE 
Iniciamos, então, fazendo a classificação das contas que devem compor 
o ativo circulante. “No Ativo, são apresentadas em primeiro lugar as contas mais 
rapidamente conversíveis em disponibilidades, iniciando com o disponível (caixa 
e bancos), contas a receber, estoques, e assim sucessivamente” (Gelbecke et 
“Imagine uma empresa que fabrica navios; 
dependendo do porte da construção, a empresa 
levará mais de um ano para concluir a obra. Nesse 
caso, quando o ciclo operacional ultrapassa um ano, 
o conceito de curto prazo passa a valer pelo ciclo 
operacional. Na área pecuária, é muito comum isso 
acontecer; normalmente, desde o nascimento do 
bezerro até a venda dele na condição de boi gordo, 
o ciclo ultrapassa muito mais de um ano”. 
O ciclo operacional da entidade é o tempo entre a aquisição de ativos 
para processamento e sua realização em caixa ou seus equivalentes. 
Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente 
identificável, pressupõe-se que sua duração seja de doze meses [...]. 
O mesmo ciclo operacional normal aplica-se à classificação dos 
ativos e passivos da entidade. 
Ciclo 
Operacional 
CPC 26 
 
 
16 
al., 2018, p. 67). A disposição das contas do ativo também é pontuada por 
Padoveze (2018, p. 65): 
Figura 11 – Disposição das contas do ativo 
 
Créditos: K.-U. HAESSLER/Shutterstock. 
Iniciamos, então, buscando o que nos traz a Lei n. 6.404/76 sobre o ativo 
circulante: 
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: 
I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no 
curso do exercício social subsequente e as aplicações de recursos em 
despesas do exercício seguinte; 
Para atender às exigências legais, o CPC 26 dispõe então sobre essa 
classificação: “o ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer 
qualquer dos seguintes critérios” (CPC 26, grifo nosso): 
 
Para esse primeiro item, é importante que nos atentemos aos seguintes 
termos: realizado, vendido ou consumido. Nesse contexto, o CPC classifica 
praticamente três tipos de ativos, sendo eles alguns direitos, estoques e bens de 
consumo. 
Quando se fala em realizado, tem-se em mente os potenciais direitos que 
a empresa possui, e que devem se realizar dentro do período estabelecido para 
Os elementos do Ativo devem ser dispostos em ordem decrescente 
de grau de liquidez ou realização. Realização, neste caso, significa a 
transformação do Ativo em moeda corrente. Assim, os ativos que 
se transformam mais rapidamente em dinheiro devem ser 
apresentados em primeiro lugar. Isso quer dizer que os ativos que 
têm maior grau de liquidez devem ser apresentados primeiro. Essa 
é a razão por que as contas de Caixa e Bancos (as disponibilidades) 
aparecem em primeiro lugar dentro do Ativo Circulante, assim 
como o próprio Ativo Circulante é apresentado antes do Realizável 
a Longo Prazo. Assim, os ativos são apresentados na melhor ordem, 
obedecendo ao grau de liquidez. Logo a seguir às Disponibilidades 
vêm as Aplicações Financeiras de curtíssimo prazo (aplicações no 
mercado aberto). Depois os valores a receber e as demais 
Aplicações Financeiras, e assim sucessivamente (PADOVEZE, 2018, 
p. 65) 
(a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no 
decurso normal do ciclo operacionalda entidade; (CPC 26) 
 
 
17 
a característica de circulante. Assim, poderíamos destacar aqui os valores 
referentes à conta clientes, duplicatas a receber, empréstimos a funcionários, 
adiantamento a fornecedores etc. No entanto, ainda temos que considerar que 
algumas aplicações financeiras também podem ser resgatadas no curto prazo, 
estando essas também enquadradas no conceito de “realizado”. 
O termo “vendido” nos remete aos estoques da empresa, sejam eles de 
mercadorias ou de produtos fabricados. Percebam que, de um modo geral, as 
empresas esperam que seus estoques sejam vendidos no menor espaço de 
tempo possível, geralmente no período máximo de um ano. Quando as 
empresas percebem que determinado produto não tem uma boa saída, 
geralmente são feitos saldos para liquidação destes, pois não é interessante 
manter no estoque produtos cujo giro sejam muito baixo. Por isso, os estoques 
são sempre classificados no curto prazo. 
O termo “consumido” é relacionado aos itens que a empresa consome 
em suas atividades operacionais. Esses itens podem abranger várias coisas, 
dentre eles, material de limpeza, material de escritório, combustíveis ou qualquer 
outro bem que seja consumido nos processos operacionais. 
Nesse item, se encaixam ativos que se encontram exclusivamente com o 
propósito de serem vendidos, como por exemplo instalações, equipamentos e 
outros ativos que a empresa não utiliza mais e que pretende colocá-los à venda. 
Também se encaixam os ativos financeiros que a entidade mantém 
exclusivamente para negociação. Segundo o CPC 38, a negociação reflete a 
compra e a venda ativa e frequente, e os instrumentos financeiros mantidos para 
negociação são usados com o objetivo de gerar lucro de flutuações de curto 
prazo no preço ou na margem do revendedor. 
A estimativa de realização está relacionada às contas do ativo que tendem 
a se tornarem caixa ou equivalentes de caixa futuramente. Nessa classificação, 
entram os estoques da empresa, aplicações de liquidez imediata e outras contas 
(b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; (CPC 26) 
(c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou (CPC 
26) 
 
 
18 
com vencimento até o fim do próximo exercício social (aplicações, investimentos, 
contas de clientes, duplicatas a receber). 
 
Nesse item, entram as contas relacionadas aos bens já realizados. São 
numerários (dinheiro em espécie), ou saldos em bancos e aplicações financeiras 
com resgate imediato. Nesse item, estão as contas do patrimônio que 
representam a disponibilidade da empresa em pagar suas contas naquele exato 
momento. 
 
As contas do ativo circulante podem ser visualizadas de forma sintética 
abaixo (Borinelli, 2018): 
Contas do Ativo circulante: 
• Disponibilidade: “Representam os recursos existentes em caixa (dinheiro 
em espécie disponível) ou equivalentes de caixa, tais como saldo em 
bancos e em aplicações financeiras de curto prazo e alta liquidez, e que 
não tenham riscos significativos de mudanças de valor” (Borinelli; 
Pimentel, 2018, p. 111). 
• Aplicações financeiras: “São ativos representados substancialmente por 
aplicações em títulos de renda fixa, como certificado de depósito bancário 
(CDB), títulos públicos e títulos privados ou aplicações de curto prazo em 
títulos de renda variável” (Borinelli; Pimentel, 2018, p. 111). 
• Contas a receber de clientes: “Compreendem os direitos ou valores a 
receber de terceiros, realizáveis (conversíveis) em dinheiro no exercício 
social em curso ou até o final do exercício subsequente (12 meses), 
decorrentes de vendas ou prestação de serviços ligados à operação da 
entidade” (Borinelli; Pimentel, 2018, p. 111). 
(d) é caixa ou equivalente de caixa [...] a menos que sua troca ou uso para liquidação 
de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do 
balanço (CPC 26). 
Em suma, o ativo circulante compreende todos os bens e direitos já convertidos em dinheiro 
ou que se converterão em dinheiro num prazo de 12 meses. Portanto, correspondem aos 
recursos aplicados em elementos que estão em constante movimentação, por isso o nome 
circulante. Em casos raros, quando uma companhia possuir um ciclo operacional com 
duração superior ao exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por 
base o prazo desse ciclo (Borinelli; Pimentel, 2017) 
 
 
19 
• Estoques: “Registra as contas referentes às mercadorias destinadas à 
venda ou materiais destinados à produção, consumo ou venda” (Borinelli; 
Pimentel, 2018, p. 111). 
• Tributos a recuperar: tributos que a empresa paga no momento de 
aquisição de bens e que podem ser recuperados quando da venda destes, 
não podendo então compor os custos de aquisição desses itens, devendo 
o direito de recuperação ser registrado no ato de sua aquisição em conta 
do ativo como tributos a recuperar (Gelbecke et al., 2018). 
• Despesas pagas antecipadamente: valores referentes a despesas que 
são pagas antes do seu vencimento e, portanto, devem ser registradas no 
ativo circulante da entidade. 
Por fim, o CPC 26 coloca que “todos os demais ativos devem ser 
classificados como não circulantes”. Dessa forma, itens que não se 
classificam nas categorias apresentadas anteriormente, serão então 
classificadas como ativos não circulante. 
TEMA 4 – PASSIVO CIRCULANTE 
Diferentemente das contas do ativo cuja classificação se dá por ordem de 
liquidez, “no Passivo, classificam-se em primeiro lugar as contas cuja 
exigibilidade ocorre antes” (Gelbecke et al., 2018, p. 67). 
Recorremos novamente ao CPC 26 para um melhor entendimento e 
detalhamento das contas: 
O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer 
qualquer dos seguintes critérios: 
 
Os passivos compreendem as obrigações da empresa, são valores a 
pagar tanto para terceiros (obrigações exigíveis) quanto também as obrigações 
para com sócios/proprietários (obrigações não exigíveis). Nesse contexto, 
devemos nos atentar primeiramente ao termo “liquidado” trazido pelo CPC 26. 
Esse termo nos remete ao fato de que, para ser classificada no circulante, 
primeiramente a conta deve representar uma obrigação exigível, pois obrigações 
(a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade 
(CPC 26). 
 
 
20 
não exigíveis não são liquidadas. Esse é o primeiro ponto que devemos 
considerar. 
O outro ponto nos remete novamente ao entendimento quanto ao ciclo 
operacional da empresa. O CPC novamente nos traz o contexto acerca deste, o 
qual é utilizado como referência para o curto prazo. Importante lembrar 
novamente que o curto prazo compreende o período de doze meses após o 
fechamento do balanço, sendo somente utilizado o ciclo operacional como 
referência, quando este se prolongar por período superior aos doze meses. 
 
Diz respeito aos instrumentos financeiros que a entidade mantém 
exclusivamente para negociação. Dentre outros exemplos, o CPC 38 aponta os 
passivos financeiros que são contabilizados como instrumentos de hedge. 
 
Aqui, entra o prazo de pagamento da obrigação. Para ser classificada no 
curto prazo, é obrigatório que esteja com o prazo final de vencimento dentro do 
período de até doze meses após a data de fechamento do BP. As contas cujo 
vencimento for superior a esse prazo, mesmo que atendidos os itens anteriores, 
devem ser classificadas no longo prazo, passivo não circulante. 
 
O último item trazido pelo CPC 26 coloca como condição final para 
classificação de passivos no curto prazo o fato de que a entidade não pode ter 
poder de postergar o prazo de liquidação do item para período superior a doze 
meses após a data do balanço. 
Perceba que, anteriormente, tratamos do fato de que a entidade pode 
entrar em acordo com seus fornecedores e negociar novos prazos para 
pagamento das obrigações. No presente item, o entendimento que se tem é que 
ela não pode fazê-lo porconta própria, não pode ter o direito de definir por si 
só os prazos de vencimento de obrigações, sendo esses impostos por algum tipo 
de documento legal, o que possibilita a classificação em atendimento ao item. 
(b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado (CPC 26). 
(c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço (CPC 
26). 
(d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante 
pelo menos doze meses após a data do balanço (CPC 26). 
21 
As contas do passivo circulante podem ser visualizadas de forma sintética 
abaixo (Borinelli, 2018): 
Contas do Passivo circulante: 
• Fornecedores;
• Empréstimos e financiamentos de curto prazo;
• Juros a pagar;
• Salários a pagar;
• Tributos a pagar;
• Contas a pagar;
• Dividendos a pagar.
O CPC, então, aponta que “todos os outros passivos devem ser
classificados como não circulantes”. Vamos então ver quais contas do ativo 
e do passivo devem ser classificadas no longo prazo. 
TEMA 5 – ATIVO E PASSIVO NÃO CIRCULANTE
A partir da classificação dos itens patrimoniais em circulantes, temos 
então a classificação destes em não circulantes, conforme determinado pelo 
CPC. Nessa classificação, faremos então a inclusão do grupo patrimônio líquido 
de forma separada do passivo, conforme disposto pelo CPC 00. 
5.1 Ativo não Circulante 
Esse grupo do ativo apresenta as contas que devem ser transformadas 
em dinheiro após o exercício social, e também aquelas que não têm o objetivo 
de ser realizadas. De acordo com a Lei n. 6.404/76, em seu art. 178, as contas 
do ativo não circulante são as seguintes: 
• Ativo realizável a longo prazo;
• Investimentos;
• Ativo imobilizado;
• Ativo intangível.
A mesma lei dispõe sobre as características de cada uma dessas contas:
Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: 
 
 
22 
II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o 
término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, 
adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas 
(artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da 
companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do 
objeto da companhia; 
III - em investimentos: as participações permanentes em outras 
sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no 
ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da 
companhia ou da empresa; 
IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens 
corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou 
da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes 
de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e 
controle desses bens; (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) 
V – (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) 
VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos 
destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa 
finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei 
nº 11.638, de 2007) 
No contexto da Lei, percebe-se que a única conta que possui a finalidade 
de realização é a conta realiável a longo prazo, a qual diz respeito a itens do 
ativo que tendem a se converter em numerários em prazo superior a 12 meses 
após a data do balanço. Todas as demais contas são relativas a itens que a 
empresa deve manter para suporte a suas atividades operacionais. 
5.2 Passivo não circulante 
Esse grupo apresenta as exigibilidades da empresa que possuem prazo 
superior a doze meses após a data do balanço. As contas do passivo exigível 
dizem respeito a obrigações para com terceiros, e por conta disso, devem ser 
mantidas separadas o patrimônio líquido. 
Sobre esse grupo, a Lei n. 6.404/76 dispõe: 
Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para 
aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no 
passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no 
passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, 
observado o disposto no parágrafo único do art. 179 desta Lei. 
(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) 
 No geral, a maioria das contas do passivo não circulante está relacionada 
com investimentos e financiamentos de longo prazo, mas também podem 
representar outras formas de exigibilidades com terceiros cujo vencimento seja 
superior ao ciclo operacional da entidade. 
 
 
 
23 
5.3 Patrimônio líquido 
O último grupo de contas do patrimônio da entidade possui várias 
particularidades por se tratar de um grupo muito específico, o qual representa os 
direitos dos sócios ou proprietários em caso de liquidação da entidade. Esse 
grupo possui ligação direta com a demonstração do resultado e a demonstração 
do resultado abrangente, pois é o resultado líquido evidenciado por essas 
demonstrações que irá alterar o patrimônio líquido da entidade. 
A lei das SA também caracteriza as contas que devem compor esse 
grupo: 
Art. 182. A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, 
por dedução, a parcela ainda não realizada. 
§ 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que 
registrarem: 
a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor 
nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal 
que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, 
inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes 
beneficiárias; 
b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de 
subscrição; 
c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado 
pela Lei nº 11.638,de 2007) 
d) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) (Revogado 
pela Lei nº 11.638,de 2007) 
§ 2° Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da 
correção monetária do capital realizado, enquanto não-capitalizado. 
§ 3o Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, 
enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao 
regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições 
de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência 
da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta Lei ou, em 
normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, com base na 
competência conferida pelo § 3o do art. 177 desta Lei. (Redação dada 
pela Lei nº 11.941, de 2009) 
§ 4º Serão classificados como reservas de lucros as contas 
constituídas pela apropriação de lucros da companhia. 
§ 5º As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como 
dedução da conta do patrimônio líquido que registrar a origem dos 
recursos aplicados na sua aquisição. 
Pelo texto dado pela lei, é percebível que as contas do patrimônio líquido 
abrangem um leque maior de itens que devem tornar esse grupo mais complexo 
que os outros dois. Lembrando que isso acontece pelo fato de se tratarem de 
contas que representam direitos dos proprietários, e por conta disso a lei busca 
 
 
24 
estabelecer critérios tanto de reconhecimento quanto de mensuração para que 
se possa proteger os direitos relacionados a esse grupo. 
As contas que compõe o patrimônio líquido podem ser elencadas a seguir 
(Moura, 2018, p. 11-12): 
• Capital social: “Representa o valor inicial pelo qual a empresa iniciou 
suas atividades e incorpora também acréscimos posteriores que podem 
ocorrer, tanto por aporte de novos recursos, quanto por meio de 
reinvestimento de parte dos lucros” (Coelho; Lins, 2010, p. 53). 
• Reservas de capital: Conforme Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras 
(2009), as reservas de capital representam valores recebidos que não 
transitam pelo resultado, como acontece com as receitas. Isso acontece 
porque os valores destinados às reservas de capital não têm relação com 
a entrega de bens ou serviços da empresa. 
• Ajuste de avaliação patrimonial: “Essa conta é decorrente das 
contrapartidas de aumentos ou diminuições de valores atribuídos aelementos do ativo e do passivo” (Araújo; Assaf Neto, 2010). 
• Reservas de lucros: “Essa conta é formada por valores que dizem 
respeito à parcela de lucros não distribuídos pela empresa com objetivo 
específico definido” (Ribeiro Filho; Lopes; Pederneiras, 2009). As reservas 
de lucros são compostas pelas seguintes contas: 
• Reserva legal; 
• Reservas estatutárias; 
• Reservas para contingências; 
• Reservas de lucros para expansão; 
• Reservas de lucros a realizar. 
• Ações em tesouraria: De acordo com Araújo e Assaf Neto (2010), esta 
conta é redutora do Patrimônio Líquido. Nela são registrados os valores 
relacionados às compras que a empresa faz de suas próprias ações no 
mercado. 
• Prejuízos acumulados: Representam valores negativos que a empresa 
retifica no seu Patrimônio Líquido, reduzindo assim, o valor deste (Araújo; 
Assaf Neto, 2010). 
A representação do patrimônio líquido e suas contas é dada a seguir: 
 
 
25 
Figura 12 – Contas do Patrimônio Líquido 
 
Fonte: Adaptado de Moura, 2018, p. 12. 
Conforme o CPC 00, “patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos 
da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos” e por conta disso 
existe tanto cuidado por parte da lei no que tange a classificação, mensuração e 
reconhecimento de contas desse grupo. 
Está em dúvida sobre o interesse residual? Pense assim: digamos que 
você possua um determinado patrimônio (casa, dinheiro no banco, automóvel, 
computador, celular etc.). Veja só, elencamos apenas bens aqui, mas o 
patrimônio não é o conjunto de bens, direitos e obrigações? Nesse caso, se você 
possui direitos em relação a outras pessoas, também podemos elencar nesse 
rol. Por exemplo, você possui dinheiro a receber de empréstimos que fez a outra 
pessoa, ou vendeu algum bem e a pessoa está pagando parcelado. Esses 
direitos entram na conta também. Agora, temos as obrigações. Se você possui 
dívidas com outras pessoas, tem a obrigação de pagá-las. Dessa forma, o 
interesse residual se configura no que “resta” para você após cobrir todas as 
suas obrigações para com terceiros. 
Bom, agora que já conhecemos todas as contas do BP, a sua divisão em 
grupos, bem como a classificação de contas de origem e aplicação de recursos, 
torna-se importante visualizar esse demonstrativo. Para tanto, escolhemos um 
Balanço de uma empresa controladora, para que se possa observar um 
demonstrativo consolidado, o qual é apresentado a seguir: 
 
PATRIMÔNIO 
LÍQUIDO
CAPITAL 
SOCIAL
RESERVAS
RESERVAS DE 
CAPITAL
RESERVAS DE 
LUCROS
RESERVA LEGAL
RESERVAS 
ESTATUTÁRIAS
RESERVAS DE 
CONTINGÊNCIAS
RESERVAS DE L. 
PARA EXPANSÃO
RESERVAS DE L. A 
REALIZAR
AÇÕES EM 
TESOURARIA
PREJUÍZOS 
ACUMULADOS
 
 
26 
Figura 13 – Demonstrativo consolidado 
 
 
 
27 
O balanço patrimonial da empresa natura demonstra a forma correta de 
apresentação do BP, apresentado em separados os grupos de contas conforme 
estudado nesta aula. No balanço, também é possível observar que os dados são 
apresentados de dois em dois anos, o ano do exercício e o ano anterior. Mas 
qual seria a finalidade disso? Bem, a finalidade é para que se possa fazer a 
comparação de períodos diferentes. 
Observe também que o balanço apresenta os dados individuais das contas 
da controladora, mas em seguida observa-se os dados consolidados do grupo 
como um todo, ou seja, a soma das contas individuais da controladora com as 
contas do grupo como um todo. Essa apresentação, conforme já dito na parte 
introdutória da aula, é obrigatória por lei para as empresas que possuem 
participação em outras sociedades. 
Último ponto a ser considerado é o link que o balanço apresenta com as 
notas explicativas. Repare que, em várias contas, apresenta-se um número 
relacionado a uma nota explicativa. Dessa forma, caso o usuário do relatório 
tenha interesse em saber das práticas contábeis adotadas pela empresa para a 
elaboração de suas demonstrações, poderá fazê-lo verificando nas notas 
explicativas qual link está relacionado a sua conta de interesse. Entenderemos 
mais sobre notas explicativas mais adiante. 
TROCANDO IDEIAS 
 Nesta aula, conseguimos entender a estrutura do balanço patrimonial e 
as contas que pertencem a esse demonstrativo. Geralmente, o balanço é 
considerado como o principal demonstrativo contábil a ser divulgado pelas 
empresas. Nesse sentido, você consegue dizer por qual motivo o BP possui essa 
característica de ser considerado o demonstrativo mais importante? Consegue 
estabelecer uma relação deste com os outros demonstrativos obrigatórios? Entre 
no fórum e debata o assunto com seus colegas. 
NA PRÁTICA 
1. O mais importante relatório gerado pela contabilidade, é o Balanço 
Patrimonial (BP), pois esse demonstrativo possibilita identificar a saúde 
financeira e econômica da empresa no fim do ano ou em qualquer data 
prefixada (MARION, 2018). 
 
 
28 
Sobre o balanço patrimonial, analise as asserções a seguir e a relação entre 
elas: 
I. O Balanço Patrimonial pode ser definido como a representação estática do 
patrimônio. 
Porque 
II. Esse demonstrativo demonstra a situação do patrimônio em uma determinada 
data, ao fim de um período. 
Assinale a alternativa correta: 
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. 
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma 
justificativa da I. 
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
e) As asserções I e II são proposições falsas. 
2. Segundo o artigo 178 da lei das SA, No balanço, as contas serão 
classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e 
agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação 
financeira da companhia. 
Considerando o texto anterior, avalie as asserções a seguir. 
I – No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de 
liquidez dos elementos nelas registrados. 
II – No passivo as contas serão classificadas em passivo circulante, passivo não 
circulante e passivo realizável a longo prazo. 
III – Os termos circulante e não circulante são também conhecidos como “curto 
prazo” e “longo prazo”. 
IV – Para classificar o curto e longo prazo, conta-se 365 dias a partir da data do 
fato gerador da transação. 
V – Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior 
que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base 
o prazo desse ciclo. 
Assinale a alternativa correta: 
a) Está correto o que se afirma em I, II e III apenas 
 
 
29 
b) Está correto o que se afirma em I, II, III e IV apenas 
c) Está correto o que se afirma em I, III e V apenas 
d) Está correto o que se afirma em II, III e IV apenas 
e) Está correto o que se afirma em III, IV e V apenas 
3. A indústria Limpex fez uma compra de matéria prima no dia 01/02/2019 com 
pagamento para 18 vezes com entrada. Sabendo-se que o exercício social da 
empresa é de 12 meses, iniciando sempre em 01 de Janeiro de cada ano, 
responda em qual parte do passivo deve ser reconhecida a obrigação. Explique 
por que. 
4. A indústria Limpex fez uma compra de matéria prima no dia 31/12/2019 com 
vencimento do total para 13 meses sem entrada. Sabendo-se que o exercício 
social da empresa é de 12 meses, iniciando sempre em 01 de Janeiro de cada 
ano, responda em qual parte do passivo deve ser reconhecida a obrigação. 
Explique por quê. 
5. A indústria Limpex fez uma compra de matéria prima no dia 25/05/2019 com 
pagamento para 36 vezes com entrada. Sabendo-se que o exercício social da 
empresa é de 12 meses, iniciando sempre em 01 de Janeiro de cada ano, 
responda em qual parte do passivo deve ser reconhecida a obrigação. Explique 
por quê. 
FINALIZANDO 
Chegamos ao fim desta aula, e conseguimos aprender acerca dos itens 
que compõe o patrimônio da entidade. Nestaaula, vimos como o CPC e a lei das 
SA agem no sentido de nortear a elaboração e divulgação das demonstrações 
contábeis, tendo focado exclusivamente no balanço patrimonial. 
Esse demonstrativo, por apresentar as contas patrimoniais, fornece base 
para os demais demonstrativos financeiros, sendo então possível observar a sua 
relação com os demais relatórios conforme a figura a seguir: 
 
 
 
30 
Figura 14 – Balanço patrimonial 
 
Fonte: Borinelli; Pimentel, 2018, p. 86. 
Com base no balanço patrimonial, conseguiremos então entender os 
outros demonstrativos, sendo eles apresentados mais adiante. 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, vamos estudar a Demonstração do Resultado do Exercício e 
a Demonstração do Resultado Abrangente. O objetivo da aula é possibilitar a 
você o conhecimento acerca da obrigatoriedade dessas demonstrações e a 
compreensão a respeito do conjunto de informações necessárias na elaboração 
dos dois demonstrativos. 
Para atingir esse objetivo, iremos estudar os seguintes tópicos: 
 Demonstração do Resultado do Exercício; 
 Informação a ser apresentada na DRE; 
 Forma de apresentação da DRE; 
 Importância do regime de competência para a apuração do resultado; 
 Demonstração do Resultado Abrangente. 
Aproveite a leitura e pratique os conhecimentos adquiridos resolvendo os 
exercícios. Lembre-se de que a melhor maneira de aprender é praticando. 
CONTEXTUALIZANDO 
O maior objetivo de uma empresa é a obtenção de lucros. 
Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) – Apresentação das 
Demonstrações Contábeis, as empresas devem apresentar todas as mutações 
do patrimônio líquido reconhecidas em cada exercício que não representem 
transações entre a empresa e seus sócios em duas demonstrações: a 
Demonstração do Resultado do Período e a Demonstração do Resultado 
Abrangente do Período (CPC, 2011). 
Tão importante quanto conhecer o patrimônio de uma entidade, o qual é 
apresentado pelo balanço patrimonial, é conhecer também o desempenho 
econômico desta em um determinado período (Gelbcke, et al., 2018, p. 1578). 
TEMA 1 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 
“As demonstrações contábeis retratam os efeitos patrimoniais e 
financeiros das transações e outros eventos, por meio do grupamento dos 
mesmos em classes amplas de acordo com as suas características econômicas” 
(CPC, 2019). Nesse contexto, assim como o agrupamento das contas 
 
 
3 
patrimoniais para a evidenciação do patrimônio da entidade por meio do Balanço 
Patrimonial, a cada exercício social, geralmente o período de um ano, a empresa 
deve apurar também o resultado dos seus negócios, sendo este destacado na 
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) (Marion, 2018). 
A DRE é um relatório que evidencia o conjunto das operações realizadas 
pela organização ao longo de um período de tempo, as quais impactam o seu 
resultado econômico (Borinelli; Pimentel, 2018). De acordo com o CPC 26, 
“resultado do período é o total das receitas deduzido das despesas, exceto os 
itens reconhecidos como outros resultados abrangentes no patrimônio líquido” 
(CPC, 2011), podendo resultar em lucro (Receita > Despesa) ou em prejuízo 
(Receita < Despesa) (Oyadomari, 2018). 
Saiba mais 
É importante lembrar que, a denominação que se dá ao resultado 
depende do tipo de empresa, pois serão utilizados os termos “lucro ou prejuízo”, 
se for uma organização com fins lucrativos; em contrapartida, utiliza-se os termos 
déficit ou superávit, se a organização em questão não possui fins lucrativos 
(Borinelli; Pimentel, 2018). 
O resultado econômico de uma entidade é fundamental para a avaliação 
do seu desempenho em determinado período (Oyadomari, 2018), sendo que “os 
elementos diretamente relacionados com a mensuração do desempenho na 
demonstração do resultado são as receitas e as despesas” (CPC 00) (CPC, 
2019). Nesse contexto, ao realizar a confrontação entre receitas e despesas para 
a evidenciação do desempenho da entidade, o objetivo da DRE é demonstrar a 
composição do resultado líquido do exercício (Gelbcke et al., 2018), 
possibilitando que essas informações sirvam de base para uma melhor tomada 
de decisão por parte dos usuários das demonstrações contábeis. 
Assim, ao verificar o desempenho da entidade que reporta a informação 
por meio da DRE, um usuário desse demonstrativo pode identificar: 
Quadro 1 – Informações fornecidas pela DRE 
• se a entidade vem gerando resultado positivo; 
• qual a natureza dos ingressos de recursos na entidade (receitas); 
 
 
4 
• qual o peso de cada categoria de custo e despesa nas receitas; 
• diferentes níveis de resultados (bruto/operacional, líquido); 
• se tem capacidade de gerar lucros em períodos futuros, dentre outras 
coisas. 
Fonte: Borinelli; Pimentel, 2018, p. 87. 
A obrigatoriedade da DRE é dada pela Lei 6.404/76 em seu art. 176, no 
qual a respectiva lei determina quais demonstrativos devem ser elaborados 
pelas empresas no fim de cada exercício social, estando a demonstração do 
resultado do exercício dentre eles. Diante do exposto, dada a sua importância 
para o contexto empresarial, é importante que saibamos quais informações 
devem ser apresentadas por esse demonstrativo. 
TEMA 2 – INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NA DRE 
Iniciamos este tópico apresentado os itens que a lei determina que devem 
compor a DRE, conforme abaixo: 
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: 
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os 
abatimentos e os impostos; 
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e 
serviços vendidos e o lucro bruto; 
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas 
das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas 
operacionais; 
IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras 
despesas; (Redação dada pela Lei n. 11.941, de 2009) 
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a 
provisão para o imposto; 
VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e 
partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e 
de instituições ou fundos de assistência ou previdência de 
empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada 
pela Lei n. 11.941, de 2009) 
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação 
do capital social. 
O contexto apresentado pela lei das SA aponta todos os itens que devem 
ser considerados quando da evidenciação do resultado do exercício. Para um 
melhor entendimento, vamos detalhar os itens apresentados pela lei conforme a 
estrutura da DRE, e complementarmente apresentaremos também itens trazidos 
pelo CPC 26 (CPC, 2011). 
 
 
5 
2.1 Receita operacional bruta 
Esse item compreende os valores relativos às vendas de produtos e 
serviços da empresa, evidenciados pelo valor constante da nota fiscal. Isso 
significa que na receita operacional bruta estão incluídos valores referentes aos 
impostos de ICMS, IPI, PIS, COFINS e ISS, tanto pelo regime de cumulatividade 
quanto de não cumulatividade, no caso do PIS e COFINS (Padoveze, 2018). 
Saiba mais 
Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período 
observado no curso das atividades ordinárias da entidade que resultam no 
aumento do seu patrimônio líquido, exceto os aumentos de patrimônio líquido 
relacionados às contribuições dos proprietários (CPC, 2012). 
2.2 Deduções e abatimentos sobre vendas 
Sendo a DRE uma demonstração dinâmica, com base na receita bruta de 
vendas inicia-se o processo de dedução, que significa deduzir das receitas os 
custos e as despesas. No entanto, não são somente custos e despesas que são 
deduzidos das receitas, pois aqui também devem entrar os valores referentes 
aos itens que não integram a receita propriamente dita, tais como: 
 Impostos; 
 Descontos incondicionais; 
 Abatimentos; 
 Vendas canceladas.Perceba que nenhum desses itens representam valores que aumentam o 
patrimônio da empresa. No que tange aos impostos “para fins contábeis, esses 
tributos devem ser contabilizados diretamente como obrigações, em vez de 
integrarem a receita bruta de vendas e serem delas deduzidos como despesas” 
(Visconti, 2017, p. 411). Os abatimentos ocorrem quando, em decorrência de 
alguma especificidade do produto que possa levar o cliente a desistir da compra, 
a empresa diminui o preço numa espécie de acordo, o que reduz a receita na 
transação. O desconto incondicional possui o mesmo impacto na receita, embora 
tenha sua ocorrência relacionada a outros motivos, tais como a fidelização de 
clientes, compra de grande volume de produtos ou algo relacionado. 
 
 
6 
É importante lembrar que os descontos financeiros ou condicionais não 
são considerados nesse grupo, uma vez que fazem parte do resultado financeiro. 
As devoluções ocorrem quando o cliente não está satisfeito com a compra do 
item. De um modo geral, “da mesma forma que os tributos, esses benefícios 
econômicos não fluem para a entidade e não resultam no aumento real de seu 
patrimônio” (Visconti, 2017, p. 411). 
2.3 Receita líquida das vendas e serviços 
A receita líquida é evidenciada após deduzidos da receita bruta os itens 
tratados no tópico anterior. “Este item é que deve ser encarado como Receita de 
Vendas, já que os valores do Custo das Mercadorias, Produtos ou Serviços 
Vendidos já estão sem os impostos incidentes sobre as compras (IPI, ICMS, PIS 
e Cofins), se recuperáveis” (Padoveze, 2018). 
2.4 Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos 
Assim como na receita bruta foram realizadas as deduções, na receita 
líquida de vendas também devem ser deduzidos os valores referentes aos custos 
(valor relativo aos gastos incorridos pela empresa na produção de seus produtos, 
na realização do serviço ou na aquisição das mercadorias): 
 dos produtos vendidos (empresa industrial); 
 das mercadorias vendidas (empresa comercial) ou; 
 dos serviços prestados (empresa de serviços). 
De acordo com Padoveze (2018, p. 74), “a avaliação do custo das vendas 
é exatamente a mesma avaliação do Ativo de Estoque de Mercadorias ou 
Produtos”. Conforme esse autor, “os mesmos elementos que formam tais ativos 
formam o Custo das Vendas, já que este representa o valor dos Estoques 
retirados da empresa pelas vendas realizadas” Padoveze (2018, p. 74). 
2.5 Lucro bruto 
O lucro bruto é conceituado simplesmente como a diferença entre as 
receitas líquidas e os custos incorridos. Aqui já é possível identificar, de certa 
forma, como foi o desempenho da empresa na questão de eficiência nos 
processos, principalmente no que tange a empresas industriais quanto à forma 
 
 
7 
de gerir seus recursos produtivos. Evidencia-se aqui a margem de lucro que se 
obteve da operação principal do negócio para bancar o restante da estrutura 
organizacional, incluindo os gastos incorridos por meio das despesas. 
2.6 Despesas operacionais 
De acordo com a lei das SA e o CPC 26 (CPC, 2011), os gastos produtivos 
(custos) devem ser separados de gastos administrativos (despesas). Nesse 
sentido, para a apresentação da demonstração de resultado, separam-se custos 
de despesas, sendo estas classificadas como operacionais, e divididas em: 
a. Despesas administrativas: dizem respeito aos gastos relativos a 
atividades de apoio, tais como aluguéis, telefone, água, energia elétrica, 
folha de pagamento. Lembrando que esses gastos incorrem em outras 
áreas que não as de produção. 
b. Despesas comerciais: dizem respeito aos gastos diretamente 
relacionados com a área de vendas da empresa. Como exemplo, temos 
a comissão de vendedores, fretes na venda de produtos, brindes etc. 
Conforme explica Padoveze (2018), as despesas operacionais são 
aquelas necessárias ao funcionamento das empresas, compreendendo gastos 
administrativos e de comercialização, indispensáveis à colocação dos produtos 
no mercado. 
2.7 Resultado antes das receitas e despesas financeiras 
Nesse item, é evidenciado o resultado produzido exclusivamente pelas 
atividades fim da entidade. Faz-se necessária essa primeira evidenciação do 
resultado operacional para que se possa analisar a capacidade da empresa em 
se manter operante somente com suas atividades fim, sem contabilizar formas 
optativas de geração de receitas. Para o cômputo desse lucro, não são 
considerados valores referentes a receitas e despesas financeiras. 
De acordo com Borinelli e Pimentel (2018, p. 160), 
Apesar de a Lei das S/As não obrigar, o CPC e a CVM exigem que 
exista quebra adicional na demonstração do resultado que apresente 
o resultado antes das receitas e despesas financeiras. Esse resultado 
é comumente chamado de Lucro Antes dos Juros (resultado financeiro) 
e Impostos, ou simplesmente LAJI, ou ainda sua sigla em inglês, EBIT 
(Earnings Before Interest and Taxes) 
 
 
8 
Após a apuração desse resultado, deve-se então apresentar as receitas 
e as despesas decorrentes de juros recebidos (receitas) ou pagos (despesas), 
assim como demais receitas e despesas financeiras, como variações cambiais, 
descontos financeiros etc., evidenciando-se o chamado resultado financeiro. 
2.8 Resultado do exercício antes do imposto sobre a renda e a provisão 
para o imposto 
Após todas as deduções apresentadas anteriormente, bem como a 
inclusão do resultado financeiro (seja ele positivo ou negativo) tem-se então o 
resultado, considerando todas as operações realizadas pela empresa. 
2.9 Lucro do exercício antes das participações 
Havendo participações diversas em decorrência de resultados positivos 
que possam estar previstas no contrato social ou estatuto, estas devem ser 
discriminadas nesse item para conhecimento dos usuários das demonstrações 
contábeis. 
2.10 Resultado líquido do período 
Eis que finalmente chegamos ao resultado líquido do período, o qual se 
espera que seja lucro. Segundo Visconti e Neves (2017, p. 414), “O resultado 
líquido do período corresponde à soma dos resultados líquidos das operações 
continuadas e descontinuadas” 
Saiba mais 
Com a edição da Lei n. 11.941/09, que alterou o art. 187, inciso IV, da Lei 
no 6.404/76, deixou de existir a segregação das receitas e despesas em 
operacionais e não operacionais. A partir do exercício de 2008, os normativos 
fazem referência apenas à segregação das atividades em continuadas e não 
continuadas. Assim, passaram a ser reconhecidos como outras receitas e 
despesas das operações continuadas os ganhos ou perdas que decorram de 
transações que não constituam as atividades ordinárias de uma entidade, mas 
que não se enquadrem entre as operações descontinuadas (CPC, 2009). Ou 
seja, o conceito de lucro das operações continuadas engloba os resultados das 
 
 
9 
atividades principais e acessórias, e essas outras receitas e despesas são 
atividades acessórias do objeto da empresa 
Marion (2018) explica que as operações continuadas dizem respeito às 
atividades operacionais, ao passo que as não continuadas dizem respeito a 
vendas, por exemplo, de máquinas de uma de suas linhas de produção, que será 
desativada ou vendida – descontinuidade. O CPC 31 apresenta essa 
classificação da seguinte forma: 
Um componente da entidade compreende operações e fluxos de caixa 
que podem ser claramente distinguidos, operacionalmente e para fins 
de divulgação nas demonstrações contábeis, do resto da entidade. Em 
outras palavras, um componente da entidade terá sido uma unidade 
geradora de caixa ou um grupo de unidades geradoras de caixa 
enquanto mantido em uso. 
32. Uma operação descontinuada é um componente da entidade que 
foi baixado ou está classificado como mantido para venda e 
(a) representa uma importante linha separada de negócios ou área 
geográfica de operações; 
(b) é parte integrante de um único plano coordenado para venda de 
uma importante linha separadade negócios ou área geográfica de 
operações; ou 
(c) é uma controlada adquirida exclusivamente com o objetivo da 
revenda. (CPC, 2009) 
De acordo com Gelbcke, et al. (2018, p. 1.738), “O pressuposto para essa 
não segregação é que, de uma forma ou de outra, todas as atividades e 
transações realizadas pela empresa contribuem para o incremento de sua 
operação ou de seu negócio” 
Quadro 2 – Operação continuada e operação descontinuada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Marion, 2018. 
 
 
10 
Complementarmente, Visconti e Neves (2017) explanam sobre a forma 
como funciona essa segregação: 
Esse resultado é composto por dois itens: 
a. O resultado propriamente dito das operações descontinuadas, ou 
seja, o proveniente de ativos ou de grupos de ativos responsáveis pela 
produção de bens e serviços que a entidade pretende descontinuar. 
b. Um dos seguintes valores: 
I. no caso da venda ou baixa dos ativos ou grupo de ativos 
responsáveis pela produção descontinuada, o ganho ou perda de 
capital decorrente dessa operação; 
II. caso esses ativos ou grupo de ativos ainda não tenha sido alienado 
ou baixado, o ajuste, positivo ou negativo, decorrente da avaliação 
deles pelo valor justo menos despesas de venda em relação ao valor 
contábil 
Essa segregação se dá em decorrência das normas internacionais, e vem 
a facilitar a capacidade de o usuário prospectar com relação ao futuro da 
entidade (Silva, 2019). Após apresentar as informações que devem constar na 
demonstração de resultado, torna-se fundamental conhecer a forma de 
apresentação do demonstrativo, assunto do próximo tema. 
TEMA 3 – FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DRE 
Diferente do balanço patrimonial, que é um relatório estático, a 
demonstração de resultado é considerada uma demonstração dinâmica 
(Borinelli; Pimentel, 2018). Isso acontece porque ela “é apresentada de forma 
dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, 
indica-se o resultado (lucro ou prejuízo)” (Marion, 2018, p. 86). 
A figura abaixo demonstra e o sentido dedutivo da DRE: 
Figura 1 – Demonstração dedutiva 
 
Fonte: Marion, 2018, p. 86. 
Com base no Pronunciamento Técnico CPC n. 26, que trata da 
apresentação das demonstrações contábeis, bem como na determinação da lei, 
é possível estabelecer uma estrutura de apresentação da demonstração de 
Receita 
Despesa (-) 
Lucro ou prejuízo 
Sentido vertical (dedutivo) 
 
 
 
11 
resultado, basicamente elencando os itens já estudados anteriormente, 
colocados na forma dedutiva até a evidenciação do lucro líquido do exercício 
(CPC, 2011). 
O Quadro 3 apresenta a estrutura da demonstração: 
Quadro 3 – Demonstração de Resultados do Exercício 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conforme o quadro anterior, outro ponto que pode ser observado na 
estrutura da DRE é em relação aos itens Outras Receitas e Outras Despesas 
dentro do grupo operacional. De acordo com Silva (2019, p. 50), “as receitas e 
despesas que estavam sendo classificadas como não operacionais, em 
conformidade com a lei anterior, devem ser denominadas de Outras Receitas e 
Outras Despesas, no grupo operacional, e não após a linha do resultado 
operacional”. 
De acordo com Gelbcke et al. (2018), essas contas incluem valores 
oriundos de baixas por alienação de ativos não circulantes, tais como ganhos ou 
perdas na baixa de imobilizados, ou mesmo ganhos e perdas na baixa de 
investimentos. A principal causa dessas alterações é a convergência do Brasil 
às normas internacionais de contabilidade, sendo que essas alterações foram 
introduzidas pela Lei n. 11.638/2007 e MP n. 448/2008 (Lei n. 11.941/2009) 
(Silva, 2019). 
 
 
12 
Em torno de todos os itens que compõem a forma de apresentação e as 
contas que devem compor a DRE, é de suma importância a observação de um 
fato em particular, que diz respeito ao reconhecimento de receitas e despesas, 
mais precisamente ao período de reconhecimento destas, visto que a lei 
determina também a forma de escrituração, tanto de contas patrimoniais quanto 
de resultados. 
No entanto, é importante observar que, quando se trata da DRE, o 
reconhecimento de receitas e despesas tem impacto direto no desempenho da 
entidade, ou seja, pode aumentar ou diminuir o resultado do período. 
Um exemplo de DRE é dado a seguir: 
Figura 2 – Exemplo de DRE 
 
Fonte: Natura, S.d. 
 
 
 
13 
TEMA 4 – IMPORTÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA PARA A 
APURAÇÃO DO RESULTADO 
Para fazer o levantamento da demonstração de resultado, é importante 
entender a principal diferença entre dois regimes de escrituração contábeis, 
sendo eles caixa e competência. É importante fazer a distinção entre os dois 
regimes, visto que ambos são utilizados pelas entidades para análise de 
desempenho face às operações realizadas, sendo também importante saber 
qual deve e pode ser utilizado em consonância com a normatização contábil 
(Borinelli; Pimentel). 
 Nesse contexto, a Lei n. 6.404/76 então determina: 
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros 
permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e 
desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, 
devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo 
e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência 
(Brasil, 1976) 
 Essa determinação da lei se aplica principalmente ao balanço patrimonial 
e à demonstração do resultado. No balanço, o reconhecimento de itens 
patrimoniais pelo regime de competência deve abranger todas as contas, 
implicando também o registro de provisões, as quais, por sua vez, também 
impactam no resultado. 
 No contexto da DRE, de acordo com Silva (2019, p. 50), o regime de 
competência prevê a adoção de dois princípios para o reconhecimento das 
contas, conforme segue: 
 Princípio da Realização da Receita: as receitas e os rendimentos ganhos 
no período, independentemente da sua realização em moeda; 
 Princípio do Confronto das Despesas: os custos, despesas, encargos e 
perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e 
rendimentos. 
Em consonância com a lei, o CPC 00 também estabelece o regime de 
competência na elaboração do demonstrativo de resultado: 
As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado 
com base na associação direta entre elas e os correspondentes itens 
de receita. Esse processo, usualmente chamado de confrontação entre 
despesas e receitas (regime de competência), envolve o 
reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e despesas 
que resultem diretamente ou conjuntamente das mesmas transações 
 
 
14 
ou outros eventos. Por exemplo, os vários componentes de despesas 
que integram o custo das mercadorias vendidas devem ser 
reconhecidos no mesmo momento em que a receita derivada da venda 
das mercadorias é reconhecida. (CPC, 2019) 
A adoção do regime de competência possibilita um melhor entendimento 
de como se deu o resultado do período, implicando também a avaliação do 
desempenho da entidade, uma vez que se podem relacionar todas as despesas 
com as receitas do período, evidenciando a eficiência da gestão naquele 
exercício específico. Conforme explica Marion (2018), o regime de competência 
é adotado universalmente, sendo também aceito e recomendado pela teoria da 
contabilidade e pelo imposto de renda, pois ele evidencia o resultado da empresa 
de forma mais adequada e completa. 
Imagine, por exemplo, se o balanço patrimonial fosse elaborado pelo 
regime de caixa: não apresentaria as contas de clientes, fornecedores, assim 
como também não evidenciaria valores relacionados a provisões, depreciações 
e outras contas que não movimentam caixa. Dessa forma, a informação 
fornecida por esse demonstrativo seria incompleta. 
Esse contexto não se daria pelo regime de caixa, pois, por esse regime, 
a contabilidade somente manteria registros de fatos contábeis quando estes 
movimentassem numerários,

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