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Exemplos de redação nota 1000 - Prof. Heloisa

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Exemplos de
REDAÇÃO do ENEM
NOTAL 1000
Professor, este material pode ser usado de diversas maneiras, por exemplo:
- Pausa protocolada;
- Análise de discurso;
- Identificação de juízo de valor (foi pra isso que eu compilei, inclusive);
- Uso de conectivos;
- Tema e tese;
- Observação de argumentos e citações;
- Estrutura de redação;
etc....
Sucesso no aproveitamento do material...
Prof. Heloisa G. C. de Lima
Joinville/SC
Enem 2021 –
Maitê Maria (PB)
No célebre texto “As Cidadanias Mutiladas”, o geógrafo brasileiro Milton Santos afirma que a
democracia só é efetiva à medida que atinge a totalidade do corpo social, isto é, quando os direitos
são desfrutados por todos os cidadãos. Todavia, no contexto hodierno, a invisibilidade intrínseca à
falta de documentação pessoal distancia os brasileiros dos direitos constitucionalmente garantidos.
Nesse cenário, a garantia de acesso à cidadania no Brasil tem como estorvos a burocratização do
processo de retirada do registro civil, bem como a indiferença da sociedade diante dessa
problemática.
Nessa perspectiva, é importante analisar que as dificuldades relativas à retirada de documentos
pessoais comprometem o acesso à cidadania no Brasil. Nesse sentido, ainda que a gratuidade do
registro de nascimento seja assegurada pela lei de número 9.534 da Carta Magna, os problemas
associados à documentação civil ultrapassam a esfera financeira, haja vista que a demanda por
registros civis é incompatível com a disponibilidade de vagas ofertadas pelos órgãos responsáveis, o
que torna o processo lento e burocrático. Sob tal óptica, a realidade brasileira pode ser sintetizada
pelo pensamento do sociólogo francês Pierre Bourdieu, o qual afirma que a “violência simbólica” se
expressa quando uma determinada parcela da população não usufrui dos mesmos direitos, fato
semelhante à falta de acesso à cidadania relacionada aos imbróglios da retirada de documentos de
identificação no País.
Outrossim, é válido destacar a ausência de engajamento social como fator que corrobora a
invisibilidade intrínseca à falta de documentação. Fica claro, pois, que a indiferença da sociedade
diante da importância de assegurar o acesso aos registros civis para todos os indivíduos silencia a
temática na conjuntura social, o que compromete a cidadania de muitos brasileiros, haja vista que a
posse de documentos pessoais se faz obrigatória para acessar os benefícios sociais oferecidos pelo
Estado. Sob esse viés, é lícito referenciar o pensamento do professor israelense Yuval Harari, o qual,
na obra “21 Lições para o Século XXI”, afirma que grande parte dos indivíduos não é capaz de
perceber os reais problemas do mundo, o que favorece a adoção de uma postura passiva e apática.
Torna-se imperativo, portanto, que cabe ao Ministério da Cidadania, como importante autoridade na
garantia dos direitos dos cidadãos brasileiros, facilitar o processo de retirada de documentos
pessoais no Brasil. Tal medida deve ser realizada a partir do aumento de vagas ofertadas diariamente
nos principais centros responsáveis pelos registros civis, além do estabelecimento de um maior
número de funcionários, a fim de tornar o procedimento mais dinâmico e acessível, bem como
garantir o acesso à cidadania aos brasileiros. Ademais, fica a cargo do Ministério das Comunicações
estimular o engajamento social por meio de propagandas televisivas e nas redes sociais, com o fito
de dar visibilidade à temática e assim assegurar os direitos cidadãos.
Enem 2021 –
Fernanda Quaresma (PE)
Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua família vivem uma
situação degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do protagonista não recebem nomes,
sendo chamados apenas como o “mais velho” e o “mais novo”, recurso usado pelo autor para
evidenciar a desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção, sem desconsiderar o contexto histórico
da obra, nota-se que a problemática apresentada ainda percorre a atualidade: a não garantia de
cidadania pela invisibilidade da falta de registro civil. A partir desse contexto, não se pode hesitar – é
imprescindível compreender os impactos gerados pela falta de identificação oficial da população.
Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persistente falta de
pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já estudado pelo historiador
José Murilo de Carvalho, para que haja uma cidadania completa no Brasil é necessária a coexistência
dos direitos sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se que, quando o pilar civil não é
garantido – em outras palavras, a não efetivação do direito devido à falta do registro em cartório –,
não é possível fazer com que a cidadania seja alcançada na sociedade. Dessa forma, da mesma
maneira que o “mais novo” e o “mais velho” de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros
continuam por ser invisibilizados: sem nome oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem
a dignidade de um cidadão.
Além disso, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete, também, na
manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão ocorre, pois, de acordo com a
análise da antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a Independência do Brasil, não há a formação
de um ideal de coletividade – ou seja, de uma “Nação” ao invés de, meramente, um “Estado”. Com
isso, o caráter de desigualdade social e exclusão do diferente se mantém, sobretudo, no que diz
respeito às pessoas que não tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequentemente, são
obrigadas a lidar com situações humilhantes por parte do restante da sociedade: das mais diversas
discriminações até o fato de não poderem ter qualquer outro documento se, antes, não tiverem sua
identificação oficial.
Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro está
diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema. Assim, cabe ao
Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer por meio da
implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil, o qual irá articular, junto aos
gestores dos municípios brasileiros, campanhas, divulgadas pela mídia socialmente engajada, que
expliquem sobre a importância do registro oficial para garantia da cidadania, além de instruções para
realizar o processo, a fim de mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação.
Afinal, assim como os meninos em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o
reconhecimento do seu nome e identidade. Fonte: http://glo.bo/3E1raPO
Enem 2021 -
Giovana Dias (PE)
Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à condição
de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis
socioeconomicamente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua válida
nos dias atuais, mesmo décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a partir do alto
índice de brasileiros que não possuem registro civil de nascimento, fator que os invisibiliza. Com
base nesse viés, é fundamental discutir a principal razão para a posse do documento promover a
cidadania, bem como o principal entrave que impede que tantas pessoas não se registrem.
Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da cidadania se
relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento. Tal situação ocorre,
porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a população, visto que, desde
1500, os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao máximo do que a colônia tinha a
oferecer, visão ao lucro a todo custo, sem se preocupar com a população que nela vivia ou com o
desenvolvimento interno do país. Logo, assim como estudado pelo historiador Caio Prado Júnior,
formou-se um Estado de bases frágeis, resultandoem uma falta de um sentimento de identificação
como brasileiro. Desse modo, a posse de documentos, como a certidão de nascimento, funcione
como uma espécie de âncora para uma população com escasso sentimento de pertencimento, sendo
identificada como uma prova legal da sua condição enquanto cidadãos brasileiros.
Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não se
registrem é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população apenas
como mão de obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista José Murilo de
Carvalho, observa-se a formação de uma “cidadania operária”, na qual a população mais vulnerável
socioeconomicamente não é estimulada a desenvolver um pensamento crítico e é idealizada para ser
explorada.
Nota-se, então, que, devido a essa disfunção no sistema educacional, essas pessoas não conhecem
seus direitos como cidadãos, como o direito de possuir um documento de registro civil. Assim, a
partir dessa educação falha, forme-se um ciclo de desigualdade, observada no fato de o país ocupar
o 9º lugar entre os países mais desiguais do mundo, segundo o IBGE, já que, assim como afirmado
pelo sociólogo Florestan Fernandes, uma nação com acesso a uma educação de qualidade não
sujeitaria seu povo a condições de precária cidadania, como a observada a partir do alto número de
pessoas sem registro no país.
Portanto, observa-se que a questão do alto índice de pessoas no Brasil sem certidão de nascimento
deve ser resolvida. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação reforce políticas de
instrução da população acerca dos seus direitos. Tal ação deve ocorrer por meio da criação de um
Projeto Nacional de Acesso à Certidão, a qual irá promover, nas escolas públicas de todos os 5570
municípios brasileiros, debates acerca da importância do documento de registro civil para a
preservação da cidadania, os quais irão acontecer tanto extracurricularmente quanto nas aulas de
sociologia. Isso deve ocorrer, a fim de formar brasileiros que, cientes dos seus direitos, podem mudar
o atual cenário de precária cidadania e desigualdade.
Enem 2021 –
Sarah Fernandes Rosa (SP)
O ser é percebido – O clássico da literatura infantil inglesa “Oliver Twist” aborda as vivências
daqueles marginalizados durante a Era Vitoriana e a forma como eram considerados invisíveis por
não pertencerem à lógica social. Essa percepção sobre uma parcela considerável da população
dialoga, analogamente, com a realidade atual de inúmeros brasileiros que não possuem acesso aos
seus direitos civis por não apresentarem os registros primários necessários à inserção omo cidadãos
no próprio país. Dessa forma, torna-se notório que a garantia aos principais instrumentos de
validação pessoal enfraquece problemáticas estruturais da totalidade tupiniquim, pois a invisibilidade
não só fortalece a marginalização, como também mantém um ciclo de violações.
É nesse contexto que a máxima do Empirismo Radical “Ser é ser percebido” reforça a urgência em ser
considerado um cidadão, uma vez que a existência de um indivíduo diante do Estado ocorre
substancialmente a partir do registro da certidão de nascimento, ou seja, esse é o meio de ser
percebido como um agente social pela estrutura do país. Essa estrutura, segundo o antropólogo
belga Claudé Levi-Strauss, representa o conjunto de padrões sociais nos quais a relações
interpessoais estão ancoradas e, desse modo, determina o papel do sujeito na comunidade. Como o
registro civil, para obter direitos no Brasil, é estrutural à lógica contemporânea, a individualidade só se
faz presente por meio dos documentos oficiais, o que promove, portanto, a invisibilidade daqueles
que não os possuem.
Além disso, tal apagamento identitário mantém o agravamento da problemática presente entre as
gerações de forma cíclica, pois pais invisíveis geram filhos invisíveis ao país. Como é preciso ser
registrado para ter acesso aos princípios básicos para a manutenção da vida, os quais, de acordo
com a consolidação dos direitos civis durante o iluminismo francês, são a propriedade, a liberdade e
todos os aspectos que envolvem a vida, como educação e saúde, a garantia de acesso à cidadania
representa um caminho para a valorização individual. Nesse cenário, a supressão da invisibilidade e,
consequentemente, a percepção pessoal pea totalidade brasileira marcam o início do avanço social
no país e afasta, por fim, da realidade analisada em “Oliver Twist”, na qual as pessoas não eram
reconhecidas como seres humanos por não serem percebidas.
Há, portanto, a urgência de findar essa problemática notória na estrutura do Brasil. Cabe, então, ao
ministério da Família e dos Direitos Humanos, responsável pelo encabeçamento da manutenção da
seguridade social, promover, em parceria com prefeituras e subprefeituras, um aumento da eficácia
de registro civil nos municípios. Essa ação irá ocorrer por meio de campanhas, as quais promoverão
a conscientização sobre o acesso aos direitos civis, e documento da contratação de funcionários dos
fóruns para agilizar o registro, principalmente, das certidões de nascimento. Dessa maneira, haverá a
diminuição da marginalização de uma parcela populacional, seja ativamente pela garantia de acesso
à cidadania, seja pelo rompimento do ciclo de invisibilidade. Fonte: http://glo.bo/3E1raPO
Enem 2020 –
Raíssa Picolli Fontoura (MS)
De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e mental seria imprescindível para a
manutenção da integridade humana. Nesse contexto, elucida-se a necessidade de maior atenção ao
aspecto psicológico, o qual, além de estar suscetível a doenças, também é alvo de estigmatização na
sociedade brasileira. Tal discriminação é configurada a partir da carência informacional concatenada
à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a falta de suporte aos necessitados. Isso mostra
que esse revés deve ser solucionado urgentemente.
Sob essa análise, é necessário salientar que fatores relevantes são combinados na estruturação
dessa problemática. Dentre eles, destaca-se a ausência de informações precisas e contundentes a
respeito das doenças mentais, as quais, muitas vezes, são tratadas com descaso e desrespeito. Essa
falta de subsídio informacional é grave, visto que impede que uma grande parcela da população
brasileira conheça a seriedade das patologias psicológicas, sendo capaz de comprometer a
realização de tratamentos adequados, a redução do sofrimento do paciente e a sua capacidade de
recuperação. Somada a isso, a veiculação virtual de uma vida idealizada também contribui para a
construção dessa caótica conjuntura, pois é responsável pela crença equivocada de que a existência
humana pode ser feita, isto é, livre de obstáculos e transtornos. Esse entendimento falho da realidade
fez com que os indivíduos que não se encaixem nos padrões difundidos, em especial no que
concerne à saúde mental, sejam vítimas de preconceito e exclusão. Evidencia-se, então, que a
carência de conhecimento associado à irrealidade digitalmente disseminada arquitetam esse
lastimável panorama.
Consequentemente, tais motivadores geram incontestáveis e sérios efeitos na vida dos indivíduos
que sofrem de algum gênero de doença mental. Tendo isso em vista, o acolhimento insuficiente e a
falta de tratamento são preocupantes, uma vez que os acometidos precisam de compreensão,
respeito e apoio para disporem de mais energia e motivação no enfrentamento dessa situação, além
de acompanhamento médico e psicológico também ser essencial para que a pessoa entenda seus
sentimentos e organize suas estruturas psicológicas de uma forma mais salutar e emancipadora. O
filme “Toc toc” retrata precisamente o processo de cura de um grupo de amigos que são
diagnosticados com transtornos de ordem psicológica, revelando que o carinho fraternal e o
entendimento mútuo são ferramentas fundamentais no desenvolvimento integral da saúde.
Mostra-se, assim, que a estigmatização de doentes mentais produz a escassez de elementos
primordiais para que elespossam ser tratados e curados.
Urge, portanto, que o Ministério da Saúde crie uma plataforma, por meio de recursos digitais, que
contenha informações a respeito das doenças mentais e que proponha comportamentos e atitudes
adequadas a serem adotados durante uma interação com uma pessoa que esteja com alguma
patologia do gênero, além de divulgar os sinais mais frequentes relacionados à ausência de saúde
psicológica. Essa medida promoverá uma maior rede informacional e propiciará um maior apoio aos
necessitados. Ademais, também cabe à sociedade e a mídia elaborar campanhas que preguem a
contrariedade ao preconceito no que tange os doentes dessa natureza, o que pode ser efetivado
através de mobilizações em redes sociais e por intermédio de programas televisivos com viés
informativo. Tal iniciativa é capaz de engajar a população brasileira no combate a esse tipo de
discriminação. Com isso, a ideia platônica será convertida em realidade no Brasil.
ENEM 2018 -
Thais Saeger
É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da
saúde, dos transportes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede
potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da construção de um
banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos usuários. Tal personalização se
observa, também, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes,
tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos
educacionais e econômicos.
É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle de dados na internet permite a
manipulação do comportamento dos usuários. Isso ocorre, em grande parte, devido ao baixo senso
crítico da população, fruto de uma educação tecnicista, na qual não há estímulo ao questionamento.
Sob esse âmbito, a internet usufrui dessa vulnerabilidade e, por intermédio de uma análise dos sites
mais visitados por determinado indivíduo, consegue rastrear seus gostos e propor notícias ligadas
aos seus interesses, limitando, assim, o modo de pensar dos cidadãos. Em meio a isso, uma analogia
com a educação libertadora proposta por Paulo Freire mostra-se possível, uma vez que o pedagogo
defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa forma, libertar o indivíduo da situação a
qual encontra-se sujeitado – neste caso, a manipulação.
Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos por tal controle de dados. Essa
questão ocorre devido ao capitalismo, modelo econômico vigente desde o fim da Guerra Fria, em
1991, o qual estimula o consumo em massa. Nesse âmbito, a tecnologia, aliada aos interesses do
capital, também propõe aos usuários da rede produtos que eles acreditam ser personalizados.
Partindo desse pressuposto, esse cenário corrobora o termo “ilusão da contemporaneidade”
defendido pelo filósofo Sartre, já que os cidadãos acreditam estar escolhendo uma mercadoria
diferenciada mas, na verdade, trata-se de uma manipulação que visa ampliar o consumo.
Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários possui íntima relação com
aspectos educacionais e econômicos.
Desse modo, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários
nas escolas, orientar os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos
científicos ou por intermédio da checagem de dados, com o fito de estimular o senso crítico dos
estudantes e, dessa forma, evitar que sejam manipulados.
Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica
nas escolas, através de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na
construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos
iludida.
Redação nota mil 2017 -
Isabella Barros Castelo Branco
Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o realista Machado de Assis expõe, por meio da
repulsa do personagem principal em relação à deficiência física (ela era “coxa), a maneira como a
sociedade brasileira trata os deficientes.Atualmente, mesmo após avanços nos direitos desses
cidadãos, a situação de exclusão e preconceito permanece e se reflete na precária condição da
educação ofertada aos surdos no País, a qual é responsável pela dificuldade de inserção social desse
grupo, especialmente no ramo laboral.
Convém ressaltar, a princípio, que a má formação socioeducacional do brasileiro é um fator
determinante para a permanência da precariedade da educação para deficientes auditivos no País,
uma vez que os governantes respondem aos anseios sociais e grande parte da população não exige
uma educação inclusiva por não necessitar dela.
Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de que os limites do campo da visão de uma
pessoa determinam seu entendimento a respeito do mundo que a cerca, ocorre porque a educação
básica é deficitária e pouco prepara cidadãos no que tange aos respeito às diferenças.
Tal fato se reflete nos ínfimos investimentos governamentais em capacitação profissional e em
melhor estrutura física, medidas que tornariam o ambiente escolar mais inclusivo para os surdos.
Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades em variados
âmbitos de suas vidas. Um exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no mercado de trabalho,
devido à precária educação recebida por eles e ao preconceito intrínseco à sociedade brasileira.
Essa conjuntura, de acordo com as ideias do contratrualista Johm Locke, configura-se uma violação
do “contrato social”, já que o Estado não cumpre sua função de garantir que tais cidadãos gozem de
direitos imprescindíveis (como direito à educação de qualidade) para a manutenção da igualdade
entre os membros da sociedade, o que expõe os surdos a uma condição de ainda maior exclusão e
desrespeito.
Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que
respeitem às diferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em
grupo, que envolvam a família, a respeito desse tema, visando a ampliar o contato entre a
comunidade escolar e as várias formas de deficiência.
Além disso, é imprescindível que o Poder Público destine maiores investimentos à capacitação de
profissionais da educação especializados no ensino inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas,
com o objetivo de oferecer aos surdos uma formação mais eficaz.
Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por
meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo
social no mercado de trabalho. Dessa forma, será possível reverter um passado de preconceito e
exclusão, narrado por Machado de Assis e ofertar condições de educação mais justas a esses
cidadãos.
ENEM 2016 -
Marcela Sousa Araújo
No meio do caminho tinha uma pedra
No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil
foi convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade
ao culto e à crença religiosa. Por outros, as minorias que se distanciam do convencional se
afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados diariamente por opressores
intolerantes.
O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua Constituição Federal
o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando como base a legislação e
acreditando na laicidade do Estado, as manifestações religiosas e a disseminação de ideologias
fora do padrão não são bem aceitas por fundamentalistas. Assim, o que deveria caracterizar os
diversos “Brasis” dentro da mesma nação é motivo de preocupação.
Paradoxalmente ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de expressão com
crimes inafiançáveis. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são
registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15% envolvem violência
física, sendoas principais vítimas fieis afro-brasileiros. Partindo dessa verdade, o então direito
assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria dos Direitos Humanos é amputado e o
abismo entre oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior.
Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a intolerância
religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a máxima do autor, para
combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias alternativas concretas que tenham
como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia.
O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas que
visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá garantir,
efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de caráter, deverá incluir
matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto poder, deverá veicular
campanhas de diversidade religiosa e respeito às diferenças. Somente assim, tirando as pedras
do meio do caminho, construir-se-á um Brasil mais tolerante.
ENEM 2015 -
Isadora Peter Furtado, do Rio Grande do Sul
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um problema muito presente.
Isso deve ser enfrentado, uma vez que, diariamente, mulheres são vítimas desta questão. Neste
sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico-cultural e o desrespeito às leis.
Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao homem.
Comprova-se isso pelo fato de elas poderem exercer direitos, ingressarem no mercado de trabalho e
escolherem suas próprias roupas muito tempo depois do gênero oposto.Esse cenário, juntamente
aos inúmeros casos de violência contra as mulheres corroboram a ideia de que elas são vítimas de
um histórico-cultural. Nesse ínterim, a cultura machista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de
enraizar-se na sociedade contemporânea, mesmo que de forma implícita, à primeira vista.
Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei, independente de cor,
raça ou gênero, sendo a isonomia salarial, aquela que prevê mesmo salário para mesma função,
também garantidas por lei. No entanto, o que se observa em diversas partes do país, é a gritante
diferença entre os salários de homens e mulheres, principalmente se estas forem negras. Esse fato
causa extrema decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem ter a quem
recorrer. Desse modo, medidas fazem-se necessárias para corrigir a problemática.
Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da violência, tanto
física quanto moral, criando campanhas de combate à violência, além de impor leis mais rígidas e
punições mais severas para aqueles que não as cumprem. Some-se a isso investimentos em
educação, valorizando e capacitando os professores, no intuito de formar cidadãos comprometidos
em garantir o bem-estar da sociedade como um todo.
Enem 2015 -
Mariana Moura Goes, do Ceará
A mulher vem, ao longo dos séculos XX e XXI, adquirindo valiosas conquistas, como o direito de votar
e ser votada. Entretanto, a violência contra este gênero parece não findar, mesmo com a existência de
dispositivos legais que protegem a mulher. A diminuição dos índices deste tipo de violência ocorrerá
no momento em que os dispositivos legais citados passarem a ser realmente eficazes e o machismo
for efetivamente combatido, desafios esses que precisam ser encarados tanto pelo Estado quanto
pela sociedade civil.A Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, por exemplo, são dispositivos legais
que protegem a mulher.
Entretanto, estes costumam ser ineficazes, visto que a população não possui esclarecimentos sobre
eles. Dessa forma, muitas mulheres são violentadas diariamente e não denunciam por não terem
conhecimento sobre as ditas leis e os agressores, por sua vez, persistem provocando violências
físicas, psicológicas, morais, etc., por, às vezes, não saberem que podem ser seriamente punidos por
suas ações.
Somado a isso, o machismo existente na sociedade brasileira contribui decisivamente para essa
persistência. Na sociedade de caráter patriarcal em que vivemos é passado, ao longo das gerações,
valores que propagam a ideia de que a mulher deve ser submissa ao homem. Essa ideia é reforçada
pela mídia ao apresentar, por exemplo, a mulher com enorme necessidade de casar, e, quando
consegue, ela deve ser grata ao homem, submetendo-se, dessa forma, às suas vontades. Com isso,
muitos homens crescem com essa mentalidade, submetendo assim, suas esposas aos mais diversos
tipos de violência.
Visto isso, faz-se necessária a reversão de tal contexto. Para isso, é preciso que o Poder Público
promova palestras em locais públicos nas cidades brasileiras a fim de esclarecer a população sobre
os dispositivos legais existentes que protegem a mulher, aumentando, desse modo, o número de
denúncias.
Aliado a isso, é preciso que as escolas, junto com a equipe de psicólogos, promovam campanhas,
palestras, peças teatrais, etc. , que desestimulem o machismo entre crianças e adolescentes para
que, a longo prazo, o machismo na sociedade brasileira seja findado. Somado a isso, a população
pode pressionar a mídia através das redes sociais, por exemplo, para que ela passe a propagar a
equidade entre gêneros e pare de disseminar o machismo na sociedade.
ENEM 2015 -
Amanda Carvalho Maia Castro
A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas últimas décadas.
De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em
230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros
tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que
essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas.
O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá porque,
ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em relação às mulheres.
Contrariando a célebre frase de Simone de Beavouir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, a cultura
brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao
masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher livre.
Dessa forma, os comportamentos violentos contra as mulheres são naturalizados, pois estavam
dentro da construção social advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição para
este tipo de agressão é dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é
aumentada.
Além disso, já o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque a ideologia da
superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros.
Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são
ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos e a serem recatadas.
Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo de se expressar
por estar sob a constante ameaça de sofrer violência física ou psicológica de seu progenitor ou
companheiro. Por conseguinte, o número de casos de violência contra a mulher reportados às
autoridades é baixíssimo, inclusive os de reincidência.
Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas brasileiras dificultam a erradicação
da violência contra a mulher no país. Para que essa erradicação seja possível, é necessário que as
mídias deixem de utilizar sua capacidade de propagação de informação para promover a
objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir campanhas governamentais para a denúncia
de agressão contra o sexo feminino.
Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a punição de
agressores, para que seja possível diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim da violência
contra a mulher deixe de ser uma utopia para oBrasil.
ENEM 2015 -
Cecília Maria Lima Leite
Violação à dignidade feminina
Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos interesses
masculinos e tal paradigma só começou a ser contestado em meados do século XX, tendo a
francesa Simone de Beauvoir como expoente. Conquanto tenham sido obtidos avanços no que se
refere aos direitos civis, a violência contra a mulher é uma problemática persistente no Brasil, uma
vez que ela se dá- na maioria das vezes- no ambiente doméstico. Essa situação dificulta as
denúncias contra os agressores, pois muitas mulheres temem expor questões que acreditam ser de
ordem particular.
Com efeito, ao longo das últimas décadas, a participação feminina ganhou destaque nas
representações políticas e no mercado de trabalho. As relações na vida privada, contudo, ainda
obedecem a uma lógica sexista em algumas famílias. Nesse contexto, a agressão parte de um pai,
irmão, marido ou filho; condição de parentesco essa que desencoraja a vítima a prestar queixas, visto
que há um vínculo institucional e afetivo que ela teme romper.
Outrossim, é válido salientar que a violência de gênero está presente em todas as camadas sociais,
camuflada em pequenos hábitos cotidianos. Ela se revela não apenas na brutalidade dos
assassinatos, mas também nos atos de misoginia e ridicularização da figura feminina em ditos
populares, piadas ou músicas. Essa é a opressão simbólica da qual trata o sociólogo Pierre Bordieu:
a violação aos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está
–sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana ou
de um grupo social.
Destarte, é fato que o Brasil encontra-se alguns passos à frente de outros países o combate à
violência contra a mulher, por ter promulgado a Lei Maria da Penha. Entretanto, é necessário que o
Governo reforce o atendimento às vítimas, criando mais delegacias especializadas, em turnos de 24
horas, para o registro de queixas. Por outro lado, uma iniciativa plausível a ser tomada pelo
Congresso Nacional é a tipificação do feminicídio como crime de ódio e hediondo, no intuito de
endurecer as penas para os condenados e assim coibir mais violações. É fundamental que o Poder
Público e a sociedade – por meio de denúncias – combatam praticas machistas e a execrável prática
do feminicídio.
ENEM 2015 -
Tainá Rocha Josino, do Ceará
Apesar de destacar enquanto potência econômica mundial, o Brasil ainda vivencia problemas sociais
arcaicos, como a persistência da violência contra a mulher. Diante da gravidade desta questão urge a
mobilização conjunta do Estado e da sociedade para seu efetivo combate. A violência contra a
mulher no Brasil está atrelada, entre outros fatores, ao processo histórico do país.
A herança do patriarcalismo colonial ainda é sensível em nossa cultura, sendo evidenciada, inclusive,
em discursos de várias pessoas públicas, como candidatos à presidência ou à liderança de comissão
de Direitos Humanos. Mesmo que extremamente retrógrado, o machismo segue sustentando o
consciente coletivo de suposta superioridade masculina, e, lamentavelmente, proporcionando a
inúmeras mulheres cotidianos humilhantes, com afronta a seus direitos humanos mais básicos.
É justo reconhecer, no entanto, as iniciativas públicas e privadas que têm como objetivo a debelação
dessa triste realidade. Por exemplo, a lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, já um marco
democrático para o Brasil, pois contribui exemplarmente para a proteção da dignidade e soberania da
mulher, em uma tentativa legítima de reverter o cenário violento contra esse gênero. Juizados e varas
especializadas neste âmbito foram criados, denúncias de opressões foram estimuladas, entre outras
ações admiráveis, contudo, isso não tem sido suficiente para anular o número de vítimas.
Dentre os agentes e impossibilidades do fim desse tipo de agressão, destaca-se a infraestrutura
inadequada para este tipo de investigação de possíveis abusos, apreensão de agressores e sua
devida prisão. A falha acarreta constante impunidade e altos índices de reincidência de agressões,
que podem se agravar e se tornar fatais. Também há carência de profissionais preparados para
acolher a vítima e dar-lhe apoio psicológico.
Além disso, o desconhecimento ou até descrédito da população quanto ao amparo jurídico dado às
vítimas de violência resulta na escassez de denúncias frente ao real número de agressões.
Portanto, para que haja o fim deste cenário violento contra a mulher, é imprescindível esforço
coletivo. O Estado deve otimizar a infraestrutura destinada a essa seara, ampliando o número de
delegacias da mulher, por exemplo, além de se unir a instituições profissionalizantes, com o fito de
capacitar cada vez mais profissionais que lidem de forma mais positiva possível com a proteção dos
direitos femininos.
A população, previamente orientada por campanhas públicas e por eventos culturais, contribuirá
denunciando agressões. A educação é ponto nevrálgico deste processo, de forma que as escolas
precisam promover debates e seminários acerca do tema, a fim de consolidar valores morais e éticos
nesta geração e nas futuras.
Através dessas e outras medidas de promoção da cidadania a sociedade brasileira se tornará cada
vez mais sensata e consciente de sua responsabilidade no combate à violência (covarde,
desproporcional e insustentável) contra a mulher.
ENEM 2014 -
Carlos Eduardo Lopes Marciano ( Rio de Janeiro)
O verdadeiro preço de um brinquedo
É comum vermos comerciais direcionados ao público infantil. Com a existência de personagens
famosos, músicas para crianças e parques temáticos, a indústria de produtos destinados a essa
faixa etária cresce de forma nunca vista antes. No entanto, tendo em vista a idade desse público,
surge a pergunta: as crianças estariam preparadas para o bombardeio de consumo que as
propagandas veiculam?
Há quem duvide da capacidade de convencimento dos meios de comunicação. No entanto, tais
artifícios já foram responsáveis por mudar o curso da História. A imprensa, no século XVIII,
disseminou as ideias iluministas e foi uma das causas da queda do absolutismo. Mas não é preciso
ir tão longe: no Brasil redemocratizado, as propagandas políticas e os debates eleitorais são capazes
de definir o resultado de eleições. É impossível negar o impacto provocado por um anúncio ou uma
retórica bem estruturada.
O problema surge quando tal discurso é direcionado ao público infantil. Comerciais para essa faixa
etária seguem um certo padrão: enfeitados por músicas temáticas, as cenas mostram crianças, em
grupo, utilizando o produto em questão.Tal manobra de “marketing” acaba transmitindo a mensagem
de que a aceitação em seu grupo de amigos está condicionada ao fato dela possuir ou não os
mesmos brinquedos que seus colegas. Uma estratégia como essa gera um ciclo interminável de
consumo que abusa da pouca capacidade de discernimento infantil.
Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar, como já
acontece em países como Canadá e Noruega, a propaganda para esse público, visando à proibição
de técnicas abusivas e inadequadas. Além disso, é preciso focar na conscientização dessa faixa
etária em escolas, com professores que abordem esse assunto de forma compreensível e
responsável. Só assim construiremos um sistema que, ao mesmo tempo, consiga vender seus
produtos sem obter vantagem abusiva da ingenuidade infantil.
ENEM 2014
João Pedro Maciel Schlaepfer (Rio de Janeiro)
Quem Sabe o que é Melhor Para Ela? Desde o final de 1991, com a extinção da antiga União Soviética,
o capitalismo predomina como sistema econômico. Diante disso, os variados ramos industriais
pesquisam e desenvolvem novas formas e produtos que atinjam os mais variados nichos de
mercado. Esse alcance, contudo, preocupa as famílias e o Estado quando se analisa a publicidade
voltada às crianças em contraponto à capacidade de absorção crítica das propagandas por parte
desse público-alvo.
Por ser na infânciaque se apreende maior quantidade de informações, a eficiência da divulgação de
um bem é maior. O interesse infantil a determinados produtos é aumentado pela afirmação do desejo
em meios de comunicação, sobretudo ao se articular ao anúncio algum personagem conhecido.
Assim, a ânsia consumista dos mais jovens é expandida.
Além disso, o nível de criticidade em relação à propaganda é extremamente baixo. Isso se deve ao
fato de estarem em fase de composição da personalidade, que é pautada nas experiências vividas e,
geralmente, espelhada em um grupo de adultos-exemplo. Dessa forma, o jovem fica suscetível a
aceitar como positivo quase tudo o que lhe é oferecido, sem necessariamente avaliar se é algo
realmente imprescindível.
Com base nisso, o governo federal pode determinar um limite, desassociando personagens e figuras
conhecidas aos comerciais, sejam televisivos, radiofônicos, por meios impressos ou quaisquer outras
possibilidades. A família, por outro lado, tem o dever de acompanhar e instruir os mais novos em
como administrar seus desejos, viabilizando alguns e proibindo outros.
Nesse sentido, torna-se evidente, portanto, a importância do acessoria parental e organização do
Estado frente a essa questão. Não se pode atuar com descaso, tampouco ser extremista. A criança
sabe o que é melhor para ela? Talvez saiba, talvez não. Até que se descubra (com sua criticidade
amadurecida), cabe às entidades superiores auxiliá-la nesse trajeto.
ENEM 2014 -
José Querino de Macêdo Neto, de Alagoas
Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de recursos estilísticos da linguagem, a
exemplo da metáfora e das frases de efeito, como atrativo na vendagem de produtos, a manipulação
de instrumentos a serviço da propaganda infantil produz efeitos que dão margem mais visível ao
consumo desnecessário. Com base nisso, estabelecem-se propostas de debate social acerca do
limite de conteúdos designados a comerciais televisivos que se dirigem a tal público.Faz-se preciso,
no entanto, que se ressaltem as intenções das grandes empresas de comércio: o lucro é, sobretudo,
ditador das regras morais e decisivo na escolha das técnicas publicitárias.
Para Marx, por exemplo, o capital influencia, através do acúmulo de riquezas, os padrões que
decidem a integração de um indivíduo no meio em que ele se insere — nesse caso, possuir
determinados produtos é chave de aceitação social, principalmente entre crianças de cuja
inocência se aproveita ao inferir importâncias na aquisição.
Em contraposição a esses avanços econômicos e aos interesses dos grandes setores nacionais de
mercado infanto-juvenil, os órgãos de ativismo em proteção à criança utilizam-se do Estatuto da
Criança e do Adolescente para defender os direitos legítimos da não-ludibriação, detidos por
indivíduos em processo de formação ética. Não obstante, a regulamentação da propaganda tende a
equilibrar os ganhos das empresas com o crescente índice de consumo desenfreado.
Cabe, portanto, ao governo, à família e aos demais segmentos sociais estimular o senso crítico a
partir do debate em escolas e creches, de forma a instruir que as necessidades individuais devem se
sobrepor às vontades que se possuem, a fim de coibir o abuso comercial e o superconsumo.
ENEM 2014 -
Juan Costa da Costa, do Pará
Muito se discute acerca dos limites que devem ser impostos à publicidade e propaganda no Brasil –
sobretudo em relação ao público infantil. Com o advento do meio técnico-científico informacional, as
crianças são inseridas de maneira cada vez mais precoce ao consumismo imposto por uma
economia capitalista globalizada – a qual preconiza flexibilidade de produção, adequando-se às mais
diversas demandas. Faz-se necessário, portanto, uma preparação específica voltada para esse jovem
público, a fim de tornar tal transição saudável e gerar futuros consumidores conscientes.
Um aspecto a ser considerado remete à evolução tecnológica vivenciada nas últimas décadas. Os
carrinhos e bonecas deram lugar aos “smartphones”, videogames e outros aparatos que
revolucionaram a infância das atuais gerações. Logo, tornou-se essencial a produção de um
marketing voltado especialmente para esse consumidor mirim – objetivando cativá-lo por meio de
músicas, personagens e outras estratégias persuasivas. Tal fator é corroborado com a criação de
programas e até mesmo canais voltados para crianças (como Disney, Cartoon Network e Discovery
Kids), expandindo o conceito de Indústria Cultural (defendido por filósofos como Theodor Adorno) –
o qual aborda o uso dos meios de comunicação de massa com fins propagandísticos.
Somado a isso, o impasse entre organizações protetoras dos direitos das crianças e os grandes
núcleos empresariais fomenta ainda mais essa pertinente discussão. No Brasil, vigoram os acordos
isolados com o Poder Público – sem a existência de leis específicas. Recentemente, a Conanda
(Comissão Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente) emitiu resolução condenando a
publicidade direcionada ao público infantil, provocando o repúdio de empresários e propagandistas –
que não reconhecem autoridade dessa instituição para atuar sobre o mercado. Diante desses
posicionamentos antagônicos, o debate persiste.
Com o intuito de melhor adequar os “consumidores do futuro” a essa realidade, e não apenas almejar
o lucro, é preciso prepará-los para absorver as muitas informações. Isso pode ser obtido por meio de
campanhas promovidas pelo Poder Público nas escolas (com atividades lúdicas e
conscientizadoras) e na mídia (TV, rádio, jornais impressos, internet), bem como a criação de uma
legislação específica sobre marketing infantil no Brasil – fiscalizando empresas (prevenindo
possíveis abusos) – além de orientação aos pais para que melhor lidem com o impulso de consumo
dos filhos (tornando as crianças conscientes de suas reais necessidades). Dessa forma, os
consumidores da próxima geração estarão prontos para cumprirem suas responsabilidades quanto
cidadãos brasileiros (preocupados também com o próximo) e será promovido o desenvolvimento da
nação.
ENEM 2014 -
Maria Eduarda de Aquino Correa Ilha (Rio de Janeiro)
Consumidores do futuro
De acordo com o movimento romântico literário do século XIX, a criança era um ser puro. As
tendências do Romantismo influenciavam a temática poética brasileira através da idealização da
infância. Indo de encontro a essa visão, a sociedade contemporânea, cada vez mais, erradica a
pureza dos infantes através da influência cultural consumista presente no cotidiano. Nesse
contexto, é preciso admitir que a alegação de uma sociedade conscientizada se tornou uma
maneira hipócrita de esconder os descaso em relação aos efeitos da publicidade infantil no país.
Em primeiro plano, deve-se notar que o contexto brasileiro contemporâneo é baseado na lógica
capitalista de busca por lucros e de incentivo ao consumo. Esse comportamento ganancioso da
iniciativa privada é incentivado pelos meios de comunicação, que buscam influenciar as crianças
de maneira apelativa no seu dia-a-dia. Além disso, a ausência de leis nacionais acerca dos
anúncios infantis acaba por proporcionar um âmbito descontrolado e propício para o consumo.
Desse modo, a má atuação do governo em relação à publicidade infantil resulta em um domínio
das influências consumistas sobre a geração de infantes no Brasil.
Por trás dessa lógica existe algo mais grave: a postura passiva dos principais formadores de
consciência da população. O contexto brasileiro se caracteriza pela falta de preocupação moral nas
instituições de ensino, que focam sua atuação no conteúdo escolar em vez de preparar a geração
infantil com um método conscientizador e engajado. Ademais, a família brasileira pouco se
preocupa em controlar o fluxo de informações consumistas disponíveis na televisão e internet.
Nesse sentido, o despreparo das crianças em relação ao consumo consciente e às suas
responsabilidades as tornam alvos fáceis para as aquisições necessárias impostas pelos anúncios
publicitários.
Torna-se evidente, portanto, que a questão da publicidadeinfantil exige medidas concretas, e não
um belo discurso. É imperioso, nesse sentido, uma postura ativa do governo em relação à
regulamentação da propaganda infantil, através da criação de leis de combate aos comerciais
apelativos para as crianças. Além disso, o Estado deve estimular campanhas de alerta para o
consumo moderado.
Porém, uma transformação completa deve passar pelo sistema educacional, que em conjunto com
o âmbito familiar pode realizar campanhas de conscientização por meio de aulas sobre ética e
moral. Quem sabe, dessa forma, a sociedade possa tornar a geração infantil uma consumidora
consciente do futuro, sem perder a pureza proposta pelo Movimento Romântico.

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