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Anatomia Topográfica – Medicina Veterinária 1 Estudo que descreve a posição relativa e a interação funcional de órgãos e estruturas de várias regiões do corpo. Posição anatômica padrão. Em quadrúpedes corresponde a posição em ESTAÇÃO (quatro patas no chão, em alerta). Termos descritivos empregados para indicar precisamente e sem ambiguidade a posição ou direção de partes do corpo. • Plano mediano: divide o corpo na metade. • Planos sagitais: secções do corpo feitas por planos paralelos ao mediano (lascas). • Plano transversal: plano de secção perpendicular (90º) ao plano mediano no sentido dorso-ventral (fatias). • Plano horizontal: plano de secção que divide o animal em dorsal e ventral, sendo que nos membros fala-se proximal e distal. São linhas imaginárias traçadas no animal considerando sua inclusão no paralelepípedo. • EIXO LONGITUDINAL Crânio caudal – une o centro do plano cranial ao centro do plano caudal. • EIXO VERTICAL Dorso ventral: une o centro do plano dorsal ao centro do plano ventral. • EIXO TRANSVERSAL Latero lateral – une o centro do plano lateral direito com o centro do plano lateral esquerdo. TOPOGRÁFICA Anatomia Topográfica – Medicina Veterinária 2 Cão (Canis familiaris) é a espécie com maior variação morfológica devido a maior herança genética e aos vários cruzamentos. Proporções e dimensões diferem entre as raças e espécies. DOLICOCEFÁLICO • Cabeça longa e estreita com focinho longo. • Índice cefálico – aprox. 50. • Alta incidência de RETROGNATISMO (mandíbula mais caudal). • Exemplos de raças: Greyhound, Borzoi, Collie. MESATICEFÁLICO • Padrão, regular. • Medidas intermediárias, focinho de comprimento igual ou ligeiramente inferior ao crânio. • Índice cefálico – aprox. 70. • Exemplo de raça: Beagle BRAQUICEFÁLICO • Focinho encurtado. • Índice cefálico – aprox. 90. • Fossa orbitária mais rasa – maior chance de úlceras e KCS (Ceratoconjuntivite seca). • Principais problemas: Prognatismo (mandíbula mais cranial). Prolongamento de palato – ESTAFILECTOMIA (Procedimento de correção). Narinas mais fechadas – RINOPLASTIA (Procedimento de correção). Síndrome do braquicefálico. Cálculo para mensurar o comprimento e a largura da cabeça. 𝐿𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑟â𝑛𝑖𝑜 𝑥 100 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑟â𝑛𝑖𝑜 DOLICOCEFÁLICO • Face alongada, forma triangular. • Principal raça: Siamês. MESATICEFÁLICO • Mandíbula globosa, crânio arredondado, face relativamente curta. • Maioria das raças. BRAQUICEFÁLICO • Focinho achatado. • Maior incidência de estenose ou hipoplasia do ducto lagrimal – KCS. • Principal raça: Persa. - Conformações do crânio: Convexo – ex: Puro-Sangue Lusitano. Anatomia Topográfica – Medicina Veterinária 3 Reto comum – ex: Puro-Sangue Inglês. Côncavo – ex: Puro-Sangue Árabe. ESTRUTURAS SUPERFICIAIS • Estruturas importantes localizadas logo abaixo da pele com pouca espessura de tecido mole. • Vulnerabilidade do crânio favorece lesões por impacto frontal (traumas). • Estruturas palpáveis: arco zigomático, processo zigomático do frontal, crista facial, forame infraorbital e incisura nasoincisiva. VASOS • Artéria e veia transversa da face. • Artéria e veia facial. • Artéria massetérica. NERVOS SUPERFICIAIS • Ramo auriculopalpebral do nervo facial. • Ramo bucal dorsal do nervo facial. • Ramo bucal ventral do nervo facial. • Nervo facial. Suscetíveis a lesões e traumas – cabresto (pode causar paralisia pela compressão desses nervos). • Nervo supraorbital. • Nervo infraorbital. • Nervo mentoniano ou mentual. Utilizados para anestesias em procedimentos odontológicos. CARACTERÍSTICAS EXTERNAS NARINAS • Largas e amplamente espaçadas. • Porção superior – conduz a um divertículo nasal de fundo cego. • Porção inferior – conduz à cavidade nasal e fornece passagem para o sistema digestório. • Flexibilidade das margens das narinas – dilatação, arredondada. • Ducto nasolacrimal – localizado no assoalho nasal cerca de 5 cm internamente em relação à entrada do vestíbulo nasal, próximo à junção mucocutânea. LÁBIOS E CAVIDADE ORAL • Entrada pequena – comissura a curta distância à frente do primeiro pré- molar. • Lábios móveis e sensíveis – seleção e apreensão de alimento. • Sensibilidade do lábio superior – cachimbo (método de contenção). • Lábio inferior supera o volume do queixo – apoiado sobre o coxim de tecido fibroadiposo. OLHOS • Proeminentes. • Posicionados de cada lado da cabeça – campo de visão panorâmica. • Habilidade de vigiar amplamente até um ângulo de 330º. • Campo binocular: limitado a 65º. • Campo de sobreposição: região cega na frente da face devido ao comprimento e formato do focinho. Anatomia Topográfica – Medicina Veterinária 4 • Terceira pálpebra – exposta no ângulo medial por meio de pressão sobre o olho através da pálpebra superior. • Depressão nucal: proeminente no animal em repouso – aparece e desaparece durante a alimentação (movimentos da mandíbula) – deslocamento de um coxim gorduroso entre o músculo temporal e a periórbita. ORELHAS • Orelhas externas proeminentes. • Movimentos giratórios – localizar a origem de um som. • Movimentos que expressam a emoção. SUPERFÍCIES INTERNAS CAVIDADES NASAIS • Pouco espaçosa – dentes molares e extenso sistema de seios paranasais. • Conchas nasais – divididas pelo septo. • Porção caudal das conchas dorsais: extensão rostral do seio frontal com livre comunicação. • Espaço caudal da concha ventral: comunica-se com o seio maxilar rostral. • Espaço da porção rostral de cada concha maior comunica-se diretamente com a cavidade nasal. • Conchas etmoidais: aumentam a área olfatória – pode ser afetada por lesões (ex: hematoma etmoidal). MEATOS NASAIS • Ar se move do meato dorsal até a mucosa olfatória e do meato médio até os seios. • Os meatos ventral e comum compreendem a principal passagem respiratória. Também são a via mais ampla e conveniente para introdução de tubo gástrico, endoscópio ou outro instrumento. SEIOS PARANASAIS • Grande importância clínica – fornece acesso às porções não irrompidas dos molares (susceptibilidade de infecções). • Seios frontais, maxilares caudais e rostrais. FARINGE • Se comunica rostralmente com as cavidades oral e nasal e caudalmente com o esôfago. LARINGE • Hemiplegia de Laringe (neuropatia laringeana). Afeta movimentos de abdução e adução dos processos corniculados da cartilagem aritenoide. • Ramo laríngeo recorrente do nervo vago. • Síndrome do cavalo roncador. Anatomia Topográfica – Medicina Veterinária 5 BOLSA GUTURAL • Divertículo (expansão sacular) da tuba auditiva. • Passagem de veias, artérias e nervos em seu interior. • Comunicação entre a nasofaringe e o ouvido interno. • Função exata não esclarecida – resfriamento cerebral, aquecimento de ar inspirado, redução da pressão sanguínea cerebral. • Localização: no meio do Triângulo de Viborg. Limite cranial: borda caudal da mandíbula. Limite caudal: tendão do músculo esternocefálico. Limite ventral: veia linguofacial. • Protege estruturas nobres: nervos craniais VII (facial), IX (glossofaríngeo), X (vago), XI (acessório espinal) e XII (hipoglosso). • Empiema de bolsa gutural. Acúmulo de secreção purulenta.I – Nervo olfatório (sensitivo). II – Nervo óptico (sensitivo). III – Nervo oculomotor (motor). IV – Nervo troclear (motor). V – Nervo trigêmeo (misto). VI – Nervo abducente (motor). VII – Nervo facial (misto). VIII – Nervo vestíbulo-coclear (sensitivo). IX – Nervo glossofaríngeo (misto). X – Nervo vago (misto). XI – Nervo acessório (motor). XII – Nervo hipoglosso (motor). Bovinos: formato angular e piramidal com desenvolvimento tardio dos seios nasais frontais. • Bezerros: cabeça com contorno abaulado. • Adultos: cabeça com fronte ampla e achatada. • Focinho sem pelos. • Superfície nasolabial composta por glândulas nasolabial e filtro – impressão nasal. • Narinas largas e ovais. • Abertura do ducto nasolacrimal – caudal à junção mucocutânea. • Lábios grossos, relativamente imóveis e insensíveis. • Lábio superior – maior e sobrepõe- se ao lábio inferior em repouso. CORNOS • Crescimento contínuo – diferente dos chifres. • Marcas anelares que podem indicar prenhez e estresse fisiológico, mas não é sinal obrigatório. • Bovinos: posição temporal. • Ovinos: triangulares, posição parietal, crescimento helicoidal e podem apresentar cornos múltiplos (policerados) – contato com a pele pode acarretar infecções, dermatites e miíases. Anatomia Topográfica – Medicina Veterinária 6 • Caprinos: diâmetro oval, posição parietal e crescimento caudal. • Bolsa cutânea infraorbital em ovinos - Glândulas sebáceas e tubulares serosas. - Secreção mista: marcador territorial. • Glândulas pericorneais em caprinos - Glândula de Schietzel ou glândula dos cornos. - Secretam líquido de odor hicino, afrodisíaco nos machos. DESCORNA • Nervo córneo – derme sensível. • Descorna com cauterização do epitélio germinativo – até 3 meses de idade. • Descorna de animal adulto com remoção do epitélio germinativo – necessita de bloqueio anestésico no nervo córneo. • Possíveis complicações: falhas no bloqueio anestésico, retração da artéria córnea e sinusite no compartimento frontal caudal. ESTRUTURAS SUPERFICIAIS VASOS • Artéria e veia facial. • Veia jugular. • Veia linguofacial. • Veia maxilar. NERVOS • Nervo Facial ramo auriculopalpebral – orelha externa e pálpebras. Lesão pode causar inclinação da orelha e flacidez das pálpebras. • Ramo bucal dorsal do nervo facial – músculos do nariz e lábio superior. Lesão pode causar distorção da face e acúmulo de alimento no vestíbulo oral. • Nervo córneo – derme sensível dos cornos. Descorna em bezerros – até 3 meses: somente cauterização do epitélio germinativo. Descorna em adultos: necessário realizar bloqueio anestésico do nervo córneo para retirada do epitélio germinativo. ESTRUTURAS SUPERFICIAIS • Grande parte do crânio pode ser palpada. • Locais palpáveis da face: forames infraorbitais e mentuais, crista sobre a raiz do dente canino superior, arco zigomático, borda da mandíbula e margem orbital. CRÂNIO • Crista sagital e nucal – palpáveis. • Fontanela: característica neonatal – pode persistir até a vida adulta em raças miniaturas continuando palpável. Anatomia Topográfica – Medicina Veterinária 7 • Margem ventral da mandíbula e processo angular proeminente na extremidade caudal - facilmente palpáveis. • Metades da mandíbula: encontram- se em uma articulação cartilaginosa que persiste por toda a vida. MÚSCULOS MASTIGATÓRIOS • Mais densos e maiores. • Temporal e Masseter: impedem o acesso direto à placa lateral dos ossos frontal e parietal e ao ramo da mandíbula – arco zigomático (limite entre eles). GLÂNDULAS SALIVARES E LINFONODOS • Glândulas parótidas, glândulas mandibulares e linfonodos mandibulares – palpáveis caudais à mandíbula • Glândula mandibular: envolta pela veia maxilar e pela veia linguofacial – se unem para formar a veia jugular externa. VASOS • Veia facial (em direção rostral) passa sobre os linfonodos mandibulares e pela margem ventral do masseter antes de atravessar a face em sentido oblíquo. • Veia facial – originária da fusão entre a veia nasal dorsal e a veia angular do olho. NERVOS • Nervo Facial Ramo Auriculopalpebral: atravessa o arco zigomático – pode ser bloqueado para impedir que o olho pisque o músculo orbicular durante a realização de exames. • Nervo Facial Ramo dorsal: segue pela metade dorsal do masseter. • Nervo Facial Ramo ventral: segue pela metade ventral do masseter. Estruturas nobres – artérias, veias e nervos. Vértebras cervicais e medula espinhal. Traqueia. Esôfago. Musculatura cervical. Ligamentos nucais ESTRUTURAS E REGIÕES DE IMPORTÂNCIA REGIÃO CERVICAL VENTRAL • Área de superfície que cobre a traqueia exteriormente. • Região laríngea, sulco jugular e fossa jugular. • Estruturas presentes: fáscia cervical superficial, fáscia cervical profunda, bainha carotídea – próxima a traquéia (contém artéria carótida comum, tronco vagossimpático e veia jugular interna – exceto no equino). Anatomia Topográfica – Medicina Veterinária 8 • Camadas das fáscias cervicais – fornecem vias para vasos e nervos e criam espaços com várias glândulas (como parótida e tireoide) e linfonodos (retrofaríngeos e cervicais profundos). REGIÃO PRÉ-ESCAPULAR • Cranial à escápula e integra a região cervical lateral. • Linfonodos cervicais superficiais – localizam-se sob o músculo omotransverso cranial à articulação do ombro (no equino - sob o músculo braquiocefálico). • Nervo acessório – atravessa ângulo dorsal formado pelos músculos braquiocefálico, omotransverso e trapézio. IMPORTÂNCIA CLÍNICA • Conecta a cabeça ao tronco – plano transverso entre o atlas e osso occipital até o ombro (sulco pré- escapular). • Encontram-se a traqueia, o esôfago e o timo em animais jovens. • Estruturas importantes: artéria carótida comum, artéria vertebral, artéria cervical profunda, nervo vago (forma o tronco vagossimpático quando combinado com o tronco simpático), nervo laríngeo recorrente e tronco traqueal linfático. • Medula espinal – inserida no canal vertebral e envolvida pelas meninges. • Local utilizado para administração de medicamentos por vias intramuscular e intravenosa. • Coleta de sangue e líquido cerebroespinhal. Veia Jugular externa – localizada no sulco jugular (parte ventral da face lateral do pescoço). • Região ventral: local onde é feita traqueostomia. • Esofagostomia – colocação de sonda. Principais funções: • Suportar o peso corporal. • Fornece postura e locomoção. • Protege a medula e os nervos espinhais. • Fornece um eixo rígido e flexível. FÓRMULAS ÓSSEAS DE DIFERENTES ESPÉCIES ESTRUTURAS DAS VÉRTEBRAS • Corpo. • Arco. • Processos espinhoso, transverso e articular. Anatomia Topográfica – Medicina Veterinária 9 • Entre as vértebras – disco intervertebral (amortece impactos). • O disco intervertebral é formado por núcleo pulposo (centro – estrutura rígida) e anel fibroso (em volta – textura gelatinosa). • DDIV – doenças do disco intervertebral - HANSEN TIPO 1 - Extrusão: extravasamento do núcleo pulposo obstruindo a passagem da medula. - HANSEN TIPO 11 - Protusão: compressão das vértebras que aumentam o volume do núcleo pulposo e dos anéis fibrosos. • Ligamento interespinhoso: entre os processos espinhosos das vértebras. • Ligamento supra-espinhoso: acima dos processos espinhosos. • Duas articulações – articulação sinovial e sínfise entre corpos vertebrais. • Ligamento nucal – funículo nucal e lâmina nucal. • Região do coxal -Ligamento sacro-ilíaco lateral - Ligamento sacro-ilíaco dorsal - Ligamento sacro-ilíaco ventral MUSCULATURA DA COLUNA TORACOLOMBAR É classificada de acordo com sua posição em relação ao processo transverso das vértebras. • Músculos epaxiais: músculos localizados dorsais (acima) aos processos transversais das vértebras. - LONGUÍSSIMO DORSAL. - MULTIFIDUS (intimamente ligado ao processo espinhoso). - ERETOR ESPINHAL. • Músculos hipaxiais: músculos ventrais (abaixo) aos processos transversais das vértebras. - ILIPISOAS: abaixo do processo transverso. - RETO ABDOMINAL: próximo a linha mediana ventral. - OBLÍQUO: região ventral do abdômen (latero-lateral). APLICAÇÃO CLÍNICA ANESTESIA EPIDURAL • É a deposição de fármacos anestésicos no espaço epidural, bloqueando os nervos posteriores antes que estes deixem a coluna vertebral • Bloqueio sensitivo e motor dos nervos espinhais. • Muito utilizada em cesáreas. • Locais de acesso nos equinos: - Espaço interarqueado lombossacral (última lombar – 1ª sacral). - Espaços intervertebrais caudais (1ª caudal – 2ª caudal). • Locais de acesso em bovinos: - Espaço interarqueado cranial (3ª lombar – 4ª lombar). - Espaço interarqueado lombosacral (6ª lombar – 1ª sacral). - Espaço intervertebrais caudais (1ª caudal – 2ª caudal). ALTERAÇÕES NO ALINHAMENTO • Curvatura espinhal (escoliose, xifose, lordose). Anatomia Topográfica – Medicina Veterinária 10 • Fraturas ou luxação da coluna. • Anormalidades na forma ou contorno vertebral. ANORMALIDADES NA FORMA OU CONTORNO VERTEBRAL • Anormalidades congênitas (hemi- vértebra). • Exostoses. • Fraturas. • Infecções. • Neoplasias.
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