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Kamilla Galiza / 5º P / APG Objetivos Ø Caracterizar a memoria destacando o conceito, tipo, processamento e Anatomofisiologia. Ø Analisar as alterações da memoria Ø Discorrer sobre as manifestações clinicas e a semiologia das alterações da memoria Definições básicas A memória é a capacidade de codificar, armazenar e evocar as experiências, impressões e fatos que ocorrem em nossas vidas. Tudo o que uma pessoa aprende em sua existência depende intimamente da memória. A capacidade específica de memorizar relaciona-se com vários fatores, entre eles o nível de consciência e atenção, o estado emocional e o interesse motivacional e, particularmente importante, os contextos, como lugar, momento, com que pessoas, em que tipo de atividade e em que fase da vida a codificação, o armazenamento e a evocação das informações ocorrem Tipos de memória Qualitativa Memória cognitiva (psicológica): Permite ao indivíduo registrar, conservar e evocar a qualquer momento, os dados aprendidos. Possui 3 fases: 1. Fase de registro: Percepção, gerenciamento e início da fixação 2. Fase de conservação: retenção 3. Fase de evocação: lembranças, recordações ou recuperação Memória genética (genótipo): Esse tipo de memória abrange conteúdos de informações biológicas adquiridos ao longo da história filogenética da espécie e ao longo das vivências do indivíduo e de seus ancestrais, contidos no material biológico (DNA, RNA, cromossomos, mitocôndrias, mudanças epigenéticas) dos seres vivos Memória imunológica: Registradas e potencialmente recuperáveis pelo sistema imunológico. Memória coletiva ou cultural: Conhecimentos e práticas culturais, costumes, valores, arte, ideologia, preconceitos, estilo de vida. Bases neurobiológicas da memória Para a formação das unidades de memória, as estruturas límbicas temporomediais, principalmente relacionadas ao hipocampo, à amígdala e ao córtex entorrinal, são fundamentais. Elas atuam, em especial, na consolidação dos registros e na transferência das unidades de memória de curto e médio prazos (intermediária) para a de longo prazo (estocagem da memória remota). O substrato neural da memória de longo prazo (registros bem consolidados) repousa basicamente no córtex cerebral, ou seja, nas áreas de associação neocorticais, principalmente frontais e temporoparietoccipitais. Há evidências de que o processo neuronal de memorização difere entre memórias recentes (minutos a horas) e memórias de longo prazo (meses a anos). Nas memórias recentes, há mudanças e consolidações de sinapses neuronais relacionadas a complexas cascatas de eventos moleculares e celulares necessárias para a primeira estabilização de informações recentemente adquiridas, nas redes neuronais coordenadas pelo hipocampo. Em contraste, nas memorizações lentas e de longo prazo, a consolidação das memórias se baseia em processos de nível sistêmico (redes neuronais), lentos, tempo-dependentes, que convertem os traços lábeis de memória recente em formas mais permanentes, estáveis e ampliadas, baseadas na reorganização de redes neurais de suporte à memória, também coordenadas pelos hipocampos. A interrupção bilateral do circuito hipocampo-mamilo- tálamo-cíngulo pode determinar a incapacidade de fixação de novos elementos mnêmicos, produzindo, assim, a síndrome amnéstica, de maior ou menor intensidade. As estruturas mais importantes para a memória são, certamente, os hipocampos. Hipocampo (direito e esquerdo) São estruturas do cérebro, localizadas na parte medial dos lobos temporais, filogeneticamente antigas, de importância central para os processos de aprendizagem e memória. Entretanto, de certa forma, quase toda a cognição está relacionada a eles, pois os hipocampos se conectam a múltiplas áreas do córtex cerebral, organizam eventos relacionados entre si em uma rede estruturada de memórias, além de atuarem na percepção e na organização mental, espacial e temporal dos eventos. Eles são possivelmente a estrutura mais bem estudada em neurociências cognitivas, havendo uma revista científica específica para eles, chamada Hippocampus. A retirada cirúrgica ou destruição por doença dos dois hipocampos causa uma terrível síndrome de amnésia anterógrada, na qual o indivíduo fica totalmente sem memória para fatos novos e com profunda incapacidade para aprender (com exceção de funções da memória de procedimentos, como abordado a seguir). Anatomicamente, o hipocampo dos mamíferos tem três grandes regiões: o giro denteado (GD), o corno de Ammon (CA, este dividido em quatro partes: CA1, CA2, CA3 e CA4) e o córtex entorrinal lateral Memória alterações Memória Kamilla Galiza / 5º P / APG e medial. Essas três regiões têm diferentes padrões de conectividade, tipos de neurônios e suscetibilidade a fatores destrutivos. Funcionalmente, os hipocampos são divididos em hipocampo dorsal (mais ligado especificamente ao aprendizado e à memória) e hipocampo ventral (mais ligado ao processamento emocional). Todo o hipocampo tem grande capacidade de plasticidade sináptica. Os hipocampos foram tradicionalmente relacionados à memória explícita consciente, e não à implícita. Entretanto, pesquisas têm revelado que eles desempenham um papel que vai além dos processos conscientes da memória. Estudos neuroanatômicos indicam que tanto a memória explícita como a implícita usam o hipocampo nos mesmos locais, mas com processos funcionais diferentes. Em nosso cérebro, é criado um modelo do mundo a nossa volta. Experienciar e reexperienciar vivamente cenas do passado e poder imaginar o futuro são ações que dependem intimamente da integridade dos hipocampos. Utilizamos as representações do mundo para perceber e compreender o que ocorre a cada momento. Trabalhos recentes indicam que funções como percepção, imaginação e lembrança de cenas e eventos estão particularmente ligadas ao hipocampo anterior. Amígdala e o TEPT Situações temerosas estimulam o cérebro a ativar o sistema nervoso simpático e as glândulas suprarrenais, causando a liberação de neurotransmissores e hormônios do estresse e volumes de cortisol (cortisol é uma hormona corticosteroide da família dos esteróides, produzido pela parte superior da glândula suprarrenal (no córtex suprarrenal, porção fasciculada ou média) diretamente envolvido na resposta ao estresse). Essas substâncias ativam a resposta de “fuga ou luta” que inclui um aumento na frequência cardíaca para facilitar a entrega de sangue aos músculos em atividade após ativada a resposta de fugir ou ficar para lutar. Esses hormônios também estimulam a estrutura cerebral chamada amígdala. A natureza seletiva de nossa memória faz sentido; nossa própria sobrevivência pode depender as lições de episódios que ameaçam a vida. No entanto, nossa capacidade de lembrar seletivamente episódios traumáticos, também pode nos prejudicar. 7% da população geral sofre de Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT). Episódios que produzem medo intenso podem levar ao TEPT com efeitos que podem durar um mês ou persistir por toda a vida, conforme Susan R Barry em seu texto Eyes on the Brain. Memoria psicológica Dois aspectos importantes sobre a memória psicológica. Primeiro: a memória não é um processo unitário. Ela é composta de múltiplos elementos, que podem ser organizados e expostos de distintas formas e exigem redes e estruturas cerebrais diferentes. Segundo: a memória não é um processo passivo e fidedigno de fixação de elementos e de evocação exata e realista do que foi arquivado. Nesse sentido, ela é muito mais um processo ativo, no qual vários elementos do indivíduo participam da codificação e da evocação, como elementos sensoriais, imaginativos, semânticos e afetivos. A memória é frequentemente reeditada, ou seja, as informações de eventos, cenas e acontecimentos do passado, que já foram armazenadas, podem ser reconfiguradas com acréscimosde elementos novos (vividos ou imaginados pelo próprio indivíduo ou instigados por estímulos externos, conscientes ou não). Assim, há um processo de recriação e reinterpretação no arquivo de longo prazo de nossas memórias. Elas frequentemente não são “o filme realista do que aconteceu”, mas “reedições criativas” de vários “diretores” que influem no conteúdo do arquivo de memórias. Elementos básicos da memória Codificação: captar, adquirir e codificar informações. Armazenamento: reter as informações de modo fidedigno. Recuperação ou evocação: também denominada de lembranças ou recordações; é fase em que as informações são recuperadas para distintos fins. A codificação é o processo inicial da memorização. Ela depende muito da atenção. A evocação, a capacidade de acessar os dados fixados, seria a etapa final do processo de memória. Lembrança é a capacidade de acessar elementos no banco da memória de longo prazo. Reconhecimento é a capacidade de identificar uma informação apresentada ao sujeito com informações já disponíveis na memória de longo prazo. Esquecimento, por sua vez, é a denominação que se dá à impossibilidade de evocar e recordar. Termos 1. Evocação: capacidade de recuperar e atualizar os dados fixados 2. Esquecimento: impossibilidade de evocar e recordar 3. Reconhecimento: capacidade de identificar o conteúdo mnêmico como lembrança e diferenciá-la da imaginação e de representações atuais. 4. Priming: evocação de conteúdo mnêmico amplo a partir de fragmentos - Sugere que fragmentos de memória são armazenados parcialmente independentes Ex.: Músico que lembra a música após 3 notas 5. Esquecimento (oposto da evocação) se dá por 3 vias: a. Esquecimento fisiológico, por desinteresse ou desuso. b. Por repressão (Freud, séc.19): estocados no pré-consciente, reprimidos, recuperáveis por esforço próprio, em geral desagradáveis. c. Esquecimento por recalque (Freud): Certos conteúdos mnêmicos, devido ao fato de serem emocionalmente insuportáveis, são banidos da consciência, podendo ser recuperáveis apenas em circunstâncias especiais. Kamilla Galiza / 5º P / APG OBS.: LEI DE RIBOT (século 18) O indivíduo que sofre lesão ou doença cerebral, e atinge seus mecanismos mnêmicos. Tende a perder os conteúdos da memória em uma sequência: 1) Perda do conteúdo na ordem e no sentido inverso que os adquiriu; 2) Perde primeiro elementos recentes e depois os mais antigos; 3) Perde primeiro os elementos mais complexos, depois os mais simples; 4) Perder primeiro os elementos menos habituais e posteriormente os mais familiares. 5) Perde os conteúdos mais neutros, depois os afetivos e apenas no fim, os hábitos e comportamentos costumeiros. Processo de fixação Esse processo depende de: Ø Nível de consciência; Ø Atenção global e tenacidade; Ø Sensopercepção preservada; Ø Vontade e afetividade; Ø Conhecimento prévio; Ø Capacidade de compreensão do conteúdo a ser fixado; Ø Organização temporal das repetições; Ø Canais sensoperceptivos envolvidos na percepção (quanto maior, mais eficaz a fixação: sons, imagens etc.) Fatores associados ao processo de memorização Processo de memorização (codificação, armazenamento e futura evocação) de novos elementos da memória depende de: Ø Nível de consciência e estado geral do organismo: o indivíduo deve estar desperto, não muito cansado, calmo, em bom estado geral, para que a memorização ocorra da melhor maneira possível. Ø Atenção focal: diz respeito à capacidade de manutenção de atenção concentrada sobre o conteúdo novo a ser fixado. Informações novas entram na memória de longo prazo principalmente quando se presta bastante atenção durante o aprendizado. Ø Organização e distribuição temporal: diz respeito a distribuir, no processo de aprendizado de novas informações, as tentativas de aprendizado ao longo de um período de tempo mais longo e cadenciado; é melhor praticar “pouco e sempre” do que tentar memorizar e aprender tudo apressadamente, em um único dia (p. ex., no dia antes da prova). Ø Interesse e colorido emocional: relaciona-se às informações a serem fixadas, assim como ao empenho do indivíduo em aprender (vontade e afetividade). Ø Conhecimento anterior: elementos já conhecidos ajudam a adquirir elementos novos, principalmente quando se articulam os novos conhecimentos a informações, classificações e esquemas cognitivos já bem assentados, formando uma cadeia de elementos mnêmicos. Ø Capacidade de compreensão do significado da informação: buscar entender o significado da informação ou conhecimento que se está tentando aprender é de fundamental ajuda para a memorização. Se a informação não tem um significado particular (é algo aleatório), então é útil atribuir-lhe um significado arbitrário. Ø Estabelecimento de um contexto rico e elaborado: o contexto e as circunstâncias associadas à informação que se quer memorizar têm papel central na eficácia da memorização. Ø Codificação da informação nova em mais de uma via: para o armazenamento mais eficaz de uma informação nova, quanto maior for o número de canais sensoriais e dimensões cognitivas distintas, mais eficaz será a fixação. Por exemplo, se a informação for uma palavra, deve-se buscar associar uma imagem visual; se for visual, deve-se buscar associar uma palavra. Com isso, são criados mapas mentais, que colaboram para o armazenamento eficaz. Memória quantitativa Em relação ao processo temporal de aquisição, armazenamento e evocação de elementos mnêmicos, a neuropsicologia moderna divide a memória em quatro momentos temporais Memória imediata ou de curtíssimo prazo Esse tipo de memória se confunde conceitualmente também com a atenção e com a memória de trabalho. Trata-se da capacidade de reter o material (palavras, números, imagens, etc.) imediatamente após ser percebido, como reter um número telefônico para logo em seguida discar. A memória imediata tem também capacidade limitada e depende da concentração, da fatigabilidade e de certo treino. As memórias imediata e de trabalho dependem sobretudo da integridade das áreas pré-frontais. Obs.: ocorre de poucos segundos até 3 minutos Memória recente ou de curto prazo: Refere-se à capacidade de reter a informação por curto período. Também é um tipo de memória de capacidade limitada. Muitas vezes, as memórias de curto prazo e de curtíssimo prazo são consideradas simplesmente como memória de curto prazo. A memória recente depende de estruturas cerebrais das partes mediais dos lobos temporais, como a região CA1 do hipocampo, do córtex entorrinal, assim como do córtex parietal posterior Obs.: ocorre de poucos minutos, até 3-6 h Memória remota ou de longo prazo: meses a anos É a função relacionada à transferência de informações para depósitos de longo prazo, tendo capacidade quase ilimitada. Ela também se relaciona à evocação de informações e acontecimentos ocorridos no passado, geralmente após muito tempo do evento (pode durar por toda a vida). É um tipo de memória de capacidade bem mais ampla em termos de itens a serem guardados que a memória imediata e a recente. As informações a serem guardadas na memória de longo prazo são armazenadas de modo organizado, em sistemas que proporcionam uma estrutura organizacional. Assim, as informações são arquivadas e conservadas de acordo com seu significado, em redes semânticas nas quais conceitos semelhantes ou semanticamente relacionados são armazenados de maneira vinculada, próximos uns dos outros. Acredita-se que a memória remota se relacione tanto ao hipocampo, no processo de transferência de memórias recentes para memórias de longo prazo, como implicando também, para o armazenamento de longo, amplas e difusas áreas corticais de associação em todos os lobos cerebrais Kamilla Galiza / 5º P / APG Tipos de memórias específicas Dependentes do caráter consciente ou não consciente do processo mnêmico. ExplícitaØ Adquirida de forma consciente; Ø Mais relevante do ponto de vista clínico Ø Ex.: Lembranças de fatos autobiográficos Implícita Ø Adquirida de forma automática; Ø Relacionada com as sensações de familiaridade; Ø O indivíduo não se da conta de que está aprendendo a habilidade Ø Ex.: Andar de bicicleta Declarativa Ø Fatos e eventos memorizados que são possíveis declarar verbalmente de que forma são memorizados, é sempre explícita. Ø Ex.: Contar o que comeu ontem Não declarativa Hábitos e capacidades motores, sensórias, linguísticos (Ex.: nadar, andar de bicicleta, soletrar), sobre os quais é difícil declarar como são lembrados. Classificados segundo a estrutura cerebral envolvida Memória de trabalho Explícita e declarativa a) P.E: memorizar o número de telefone para depois discar. b) Mantidas ativas por curto período (1-3 min), a fim de serem manipuladas com o objetivo de selecionar um plano de ação e executá-lo. c) É um gerenciador de memória: seu papel não é formar arquivos, mas analisar e selecionar as informações que chegam e compará-las as demais memórias. d) Regiões corticais: tarefas verbais (áreas pré-frontais esquerdas, áreas de Broca e Wericke) e tarefas visuoespaciais (préfrontais direitas) e) Investigação: mini mental (pedir para fazer tarefa no papel) f) Demência vascular, DA, esquizofrenia, TDAH, TOC. Memória episódica Explícita e declarativa a) Eventos concretos, em geral autobiográficos, bem circunscritos em determinado momento, local e contexto. b) P.E: relatar o que foi feito na noite anterior c) Obedece a Lei de Ribot: 1º perde memória recente. d) Regiões da face medial dos lobos temporais (hipocampo) e córtices entorrinal e perirrinal. e) Avaliação por mini mental: pedir para repetir palavras ou frases (nem aqui, nem ali, nem lá). Relato de acompanhantes é muito necessário para confirmar a veracidade do que foi dito pelo paciente. f) Síndrome Korsakoff, DA, DFT (mais rápidas), demência vascular. Memória semântica Explícita e declarativa a) Registro e a retenção de conteúdos em função do significado que tem ou arquivo de conhecimentos. b) Componente da memória de longo prazo e corresponde à nomeação e categorização. c) Episódica X Semântica: lembrar do “almoço na casa dos avós em SP no mês passado” depende da memória episódica, e o conhecimento das palavras “avós”, “SP”, “almoço”, depende da memória semântica. d) Regiões inferiores e laterais dos lobos temporais. e) Avaliação por mini mental: nomear objetos: caneta, relógio ou dizer o maior número de animais possíveis. f) DA, AVC, encefalites. Memória de procedimentos Implícita e não declarativa a) Tipo de memória automática e não consciente; b) P.E: andar de bicicleta, digitar no computador, tocar violão, aprendizado de línguas. c) Pode até ser explícita: aprender a dirigir seguindo ordens d) A memorização destas ocorre de forma lenta, por repetições. e) Áreas envolvidas: área motora suplementar (lobos frontais), gânglios da base e cerebelo. f) Avaliar perda de habilidades motoras ou visuoespaciais previamente aprendidas (pregar botão, escrever) ou grande dificuldade de aprender novas. g) DP, Coreia de Huntington, paralisia supranuclear progressiva, degeneração olivopontocerebelar. Alterações patológicas Quantitativas Hipermnésia: É mais uma característica do taquipsiquismo (aceleração do ritmo de pensamento) do que uma alteração propriamente da memória. Hipomnésia: Perda da capacidade de fixar, manter ou evocar conteúdos antigos. 1. Amnésia psicogênica: perda da memória focal, com valor psicológico específico (simbólico/afetivo) § Pode ser superada por estado hipnótico. 2. Amnésia orgânica: menos seletiva § Segue a Lei de Ribot 3. Amnésia anterógrada: Não há fixação de elementos mnêmicos a partir do elemento que causou danos cerebrais; § Distúrbio chave e frequente nos distúrbios neurocognitivos. 4. Amnésia retrógrada: perda da memória de fatos ocorridos antes do início da doença ou trauma, em quadros dissociativos, amnésia dissociativa e fuga dissociativa podem ocorrer. OBS.: TCE é comum AMNÉSIA RETROANTERÓGRADA (ocorre amnésia dias, semanas ou meses antes e depois do evento) Alterações qualitativas Paramnésias: Envolvem a deformação do processo de evocação de conteúdos mnêmicos previamente fixados (lembrança deformada) 1. Ilusões mnêmicas: Há acréscimo de momentos falsos a um núcleo verdadeiro de memória. Ex.: Esquizofrenia, paranoia, histeria grave, transtornos de personalidade. 2. Alucinações mnêmicas: criações imaginativas com aparência de lembranças ou reminiscências que não Kamilla Galiza / 5º P / APG correspondem a qualquer lembrança verdadeira, pode ser repentino. Ex.: Esquizofrenia e outras psicoses. OBS: em Ilusões e alucinações mnêmicas são o material básico para a formação e elaboração de delírios. 3. Fabulações (confabulações): São invenções do paciente que preenchem um vazio da memória. Ø Sem intenção de mentir ou enganar o entrevistador Ø Podem ser produzidas ao perguntar sobre o que fez no domingo anterior ou na noite passada (fabulações de embaraço) Ø Diferem das ilusões e alucinações, as quais não podem ser produzidas, induzidas ou direcionadas. Ø Síndrome de Korsakoff, TCE, encefalite herpética, intoxicação por monóxido de carbono. OBS: PSEUDOLOGIA FANTÁSTICA OU MENTIRA PATOLÓGICA: Construções e histórias fantasiosas, extensas e mescladas com a realidade, vividas com tanta intensidade que o paciente crê nelas. 4. Criptomnsésias: falseamento da memória, em que as lembranças aparecem como fatos novos ao paciente, que não as reconhece como lembrança, vivendo-as como uma descoberta. Ex.: Comum na doença de Alzheimer. 5. Ecmnésia: uma recordação condensada de muitos eventos que ocorrem rapidamente, como forma de presentificação do passado. Ex.: Pacientes com crise epilépticas, histeria, estados de hipnose. Ex.2: Experiências de quase morte desencadeiam visões panorâmica da vida, consistem em um tipo de ECMNÉSIA. Lembrança obsessiva ou ideia fixa: Ø Surgimento espontâneo de imagens mnêmicas ou conteúdos do passado que, uma vez instalados na consciência, não podem ser repelidos voluntariamente. Ø Embora reconhecida como absurda e indesejável, reaparece de forma constante e permanente, como um incômodo na consciência do paciente. Ø Ocorrem no transtorno obsessivo- compulsivo (TOC) Agnosia Agnosias táteis Astereognosia: incapaz de reconhecer a forma dos objetos em sua mão, estando de olhos fechados. Agnosia tátil propriamente dita: o paciente identifica as formas elementares do objeto, mas há incapacidade de reconhecimento global de tal objeto. Agnosias visuais Não reconhece mais pela visão, enxerga, pode descrevê-los, mas não sabe o que realmente são. Prosopagnosia: Agnosia de reconhecimento das faces e incapacidade de reconhecer membros específicos de determinado grupo genérico de coisas, como uma marca de trânsito. Agnosias auditivas Agnosia auditiva seletiva: incapacidade de reconhecer sons não linguísticos. Agnosia verbal ou surdez verbal pura: o paciente pode falar, ler e escrever corretamente, mas não entende qualquer palavra falada, as reconhece como ruídos. Cegueira verbal pura: paciente fala, escreve e entende palavras faladas, mas não pode ler de forma compreensível um texto (alexia agnóstica sem disgrafia) Outros Anosognosia: incapacidade de reconhecer um déficit ou doença que o acomete. Anosodiaforia: incapacidade de reconhecer o estado afetivo que se encontra. Simultanagnosia: incapacidade de reconhecer mais de um objeto ao mesmo tempo. Grafestesia: reconhecimento da escrita pelo tato Paramnésia duplicada: paciente consegue reconhecer o hospital onde se encontra, mas afirma erroneamente que está em casa Semiotécnica Memória recente Ø Há quanto tempo está nessa enfermaria? Ø Onde dormiu? Ø Quemsou eu e qual meu nome? Ø Que horas se levantou? Memória remota Ø Estado civil? Ø Com quanto anos se casou/divorciou? Ø Como se chama seu cônjuge? Testes 1) Memória verbal 2) Memória visual 3) Teste por associação 4) Teste de memória lógica Referencias Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais – Paulo Dalgalarrondo. CORRÊA, Nísea de Azevedo. Associação entre o desempenho da memória e os volumes do hipocampo e do lobo frontal em idosos saudáveis. 2016. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.
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