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Universidade Politécnica A POLITÉCNICA Escola Superior Aberta Moçambique GUIA DE ESTUDO PLANEAMENTO E CONTROLO DE GESTAO (Vº Semestre) Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 2 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância FICHA TÉCNICA Maputo, Dezembro de 2012 © Série de Guias de Estudo para o Curso de Gestão de Empresas (Ensino à Distância). Todos os direitos reservados à Universidade A Politécnica Título: Planeamento e Controlo de Gestão Edição: 1ª Organização e Edição Escola Superior Aberta (ESA) Elaboração: Lourenço MANGANHELA, CFE Revisão literária: Benedito Marime Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 3 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância UNIDADES TEMÁTICAS Introdução ao planeamento e controlo da Gestão ------------------------------------------------------5 Controlo estratégico operacional (Tableaux de Bord e Balanced Score card) ----------------------11 Controlo orçamental----------------------------------------------------------------------------------------22 Preço de transferência e criação do espírito empreendedor-------------------------------------------33 Guia de Respostas dos exercícios------------------------------------------------------------------------41 Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 4 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância APRESENTAÇÃO Caro(a) estudante Está nas suas mãos o Guia de Estudo da disciplina de Planeamento e Controlo de Gestão, que integra a grelha curricular do Curso de Licenciatura em Gestão de Empresas, oferecido pela Universidade Politécnica na modalidade de Educação à Distância. Este guia tem por finalidade orientar os seus estudos individuais. Ao estudar esta disciplina de Planeamento e Controlo de Gestão, você ficará consciencializado sobre a necessidade de um adequado sistema de acompanhamento das actividades dos gestores, como instrumento ao serviço das organizações e determinante da sua rentabilidade. A partir dos instrumentos explorados neste manual, você será capaz de construir um conjunto de sistemas e tarefas, de modo a que seja possível a convergência entre a prática de gestão e a estratégia da empresa. Este Guia de Estudo contempla: textos introdutórios, para situar o assunto que será estudado; os objectivos específicos a serem alcançados, ao término de cada unidade temática; a indicação de diversas actividades que favorecem a compreensão dos textos lidos; e a chave de correcção das actividades, o que lhe permite verificar se você está a compreender o que está a estudar. Por forma a criar maior motivação de leitura, as definições de conceitos básicos estão destacados e os exemplos usados adequam-se à realidade Moçambicana. Encontrará, também, neste guia, a indicação de leituras complementares, isto é, indicações de outros textos, livros e materiais relacionados com o tema em estudo, para ampliar as suas possibilidades de reflectir, investigar e dialogar sobre aspectos do seu interesse. Uma vez atingidos todos os objectivos que apresentamos por cada tema, você estará muito preparado para, com sucesso, enfrentar todas as avaliações desta cadeir. Esta é a nossa proposta para o estudo de cada disciplina deste curso. Ao recebê-la, sinta-se como um actor, que se apropria de um texto para expressar a sua inteligência, sensibilidade e emoção, pois você é também o(a) autor(a) no processo da sua Gestão de Empresas. Os seus estudos individuais, a partir destes guias, nos conduzirão a muitos diálogos e a novos encontros. A equipa de professores que se dedicou à elaboração deste guia sente-se honrada em tê-lo como interlocutor(a) em constantes diálogos, motivados por um interesse comum, que é a educação de pessoas e a melhoria contínua dos negócios, base para o aumento do emprego e renda no nosso belo Moçambique. Seja muito bem-vindo(a) ao nosso convívio académico. A Equipa da ESA Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 5 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância UNIDADE TEMÁTICA 1 INTRODUCAO AO PLANEAMENTO E CONTROLO DA GESTÃO Elaborado por Lourenço Manganhela Objectivos No final desta unidade, você deve ser capaz de: ♦ Explicar, detalhadamente, o conceito de Planeamento e Controlo de Gestão, como parte das quatro principais tarefas de Gestão. ♦ Explicar a importância de Planificação e Controlo no processo de gestão. O QUE É PLANEMANTO E CONTROLO DE GESTÃO? Certamente que você se lembra que Gestão é uma palavra de ordem no mundo das organizações. Deve também saber que não existem empresas ou organizações intrinsecamente boas ou más, vencedoras ou perdedoras. O sucesso ou fracasso de qualquer entidade dependem da maneira como a organização é gerida. De maneira simplificada, pode-se dizer que gerir é cuidar das actividades de uma organização, qualquer que seja o seu tipo: sector primário, manufactura ou serviços. Para simplificar, pode-se resumir a palavra Gestão como o processo de Planear, Organizar, Liderar e Controlar as actividades duma entidade. Normalmente, este processo simplifica-se como POLC proveniente das iniciais das quatro actividades de gestão aqui apresentadas. Com esta pequena introdução, o estudante já descobriu que esta cadeira centra-se na primeira e última letra do POLC, o P de Planeamento e o C de Controlar. Planeamento e Controlo de Gestão : esforço permanente realizado pelos principais responsáveis duma organização para atingir os objectivos fixados. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 6 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância De acordo com Hugues, Planeamento e Controlo de Gestão é o esforço permanente realizado pelos principais responsaveis duma organização para atingir os objectivos fixados duma forma eficiente e eficaz. Nesta definição, deve-se notar que a plavra Controlo não deve ser entendida no sentido restrito de fiscalização, mas, sim, no sentido de keeping things under control. Os principais responsáveis, como os gestores, são responsabilizados por uma série de missões operacionais, tais como actividades relacionadas com vendas, produção, desenvolvimento organizacional, aprovisionamento etc. Para que os gestores façam um planeamento e controlo adequado, é imprescindível que eles tenham os recursos necessários para atingir resultados, sem terem que se subordinar a pedidos de autorização para utilizar esses meios. Portanto, sem delegação e empoderamento de gestores, não é possível controlar as actividades de gestão. Um outro segredo de sucesso no planemento e controlo de gestão é a habilidade de implementar uma gestão participativa e traçar metas SMART (Específicos, Mensuráveis, Alcançáveis, Realísticas e Enquadráveis num tempo real). Duma forma geral, pode-se afirmar, com toda a justiça, que se os trabalhadores duma organização não vivem a cultura de controlo de qualidade, então não e possível haver controlo de Gestão nessa organização. PRINCÍPIOS DE CONTROLO DE GESTÃO Para haver sucesso no processo de controlo de gestão, é imprescindível que se observem oito princípios, nomeadamente: Primeiro Princípio - Os instrumentos de planeamento e controlo de Gestão não podem se limitar-se apenas na dimensão financeira, porque os objectivos duma organização são de natureza diversa. Segundo Princípio - A descentralização das decisões e a delegação de autoridade são a condição básica no controlo e planeamento da gestão. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 7Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Terceiro Princípio - O controlo de Gestão organiza a convergência de interesses entre cada divisão ou sector e a empresa no seu todo. Quarto Princípio - Os instrumentos de controlo de Gestão são concebidos com vista à acção e não apenas a documentação ou burocracia. Quinto Princípio - O horizonte do controlo de Gestão é, fundamentalmente, o futuro e não apenas o passado. Sexto Princípio - O controlo de Gestão actua muito mais sobre os homens do que sobre os números Sétimo Princípio - Para haver sucesso no planemaento e controlo de Gestão, deve haver um sistema de sanções, claro e conhecido pelos colaboradores da organização. Oitavo Princípio - Os actores de primeira linha no controlo de Gestão são, muito mais, os responsáveis operacionais do que os controladores de Gestão. A seguir, vamos explorar um pouco mais as actividades de Gestão, para melhor compreender a Planificação e Controlo e como contribuem para o ciclo completo das actividades de Gestão, o POLC. O CICLO DA ACTIVIDADE DE GESTÃO O amadurecimento das teorias de gestão incluiu, em sua definição, o processo de Planear, Organizar, Liderar e Controlar. Na verdade, trata-se dum ciclo, como ilustrado na Figura 1. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 8 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Fig. 1 — Relacionamento das quatro funções da gestão. Um processo é uma forma sistemática de fazer as coisas. Todos os processos de gestão ocorrem na forma destes ciclos, que podem ser utilizados em maior ou menor escala. Planear Qualquer processo de gestão, independentemente do nível de importância e grau de abrangência, deve ser iniciado com uma etapa de planeamento. É preciso pensar e estabelecer os objectivos e acções que devem ser executados, com a maior antecedência possível. Por meio de planos, os gerentes identificam, com mais exactidão, o que a organização precisa de fazer para ser bem sucedida. Os objectivos devem ser estabelecidos com base em alguma metodologia, plano ou lógica, de forma a evitar que as acções sejam associadas a meros palpites e suposições. Albert Einstein costumava dizer que a formulação de um problema é muito mais importante que a sua solução, que pode ser simplesmente uma questão de capacidade matemática ou experimental. Levantar novas questões, novas possibilidades e ver velhos problemas, a partir de um novo ângulo, exige imaginação criativa e representam um avanço real na ciência. Pode-se enfatizar a necessidade de planeamento dizendo que: “antes de começarmos a caminhar, é necessário saber para onde queremos ir”. Em uma organização, é preciso saber o que se deseja fazer, antes de se tomar qualquer atitude. Qualquer coisa nova que se deseje fazer precisa de ser planeada antes. Isto significa que o gestor de produção nunca toma decisões sem primeiro Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 9 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância planear, e este planeamento inclui actualmente os estudos de mercado, que identificam as necessidades do mercado. O planeamento exige que as decisões sejam tomadas com suporte de informações, baseadas em factos e dados, uma vez que o risco de insucesso pode ser alto, ao se basear apenas em palpites ou suposições. Organizar Com o planeamento definido, inicia-se a segunda fase do ciclo de gestão. Organizar é o processo de designar o trabalho, a autoridade e os recursos aos membros da organização, criando um mecanismo para que o que foi planeado seja posto em andamento. Em outras palavras: “após definir onde queremos chegar, é preciso organizar as coisas de modo a conseguir chegar lá”. No processo de produção, esta fase inclui a organização da matéria-prima, maquinaria e pessoal qualificado. Liderar Quem gere a organização (ou unidade de produção) deve influenciar e motivar os seus membros, para que possam dar o melhor de si. Em inúmeras situações, não é possível agradar a todos. O interesse geral da organização deve prevalecer, exigindo que o líder assuma, em muitos casos, uma postura de mediador. Controlar Qualquer pessoa que gere uma organização deve verificar, sempre, se as coisas estão saindo de acordo com os objectivos inicialmente planeados. Caso haja desvio do planeado, o gestor deve tomar acções, para que o trabalho volte à normalidade. Enfim, o líder deve ter o controlo do que está acontecendo. PAPEL DO CONTROLADOR DE GESTÃO Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 10 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Depois de perceber o conceito e princípios do controlo de gestão, torna-se necessário perceber o papel dum controlador de gestão, que apresentamos, a seguir, duma forma resumida. As principais funções de um controlador de gestão são: ω Executar tarefas de gestão previsional e fazer o acompanhamento dos resultados materializados pelos instrumentos tradicionais de gestão, tais como orçamentos e planos operacionais. ω Exercer actividades relacionadas com a concepção de sistemas de informação para a gestão, conforme a estrutura da empresa. Aqui, destacam-se actividades relacionadas com contabilidade geral, gestão orçamental, contabilidade analítica etc. ω Exercer actividades resultantes de delegação de funções ω Exercer actividades de carácter administrativo, como no exemplo de controlo interno e outras tarefas de gestão administrativa. Já completou o estudo deste capítulo. Para ampliar o seu conhecimento, recomendamos que responda às questões abaixo colocadas e leia as obras indicadas como obrigatórias. Não consulte a ficha de respostas antes de responder ao questionário. Exercícios - Unidade temática 1 1. Certamente que, ao longo do primeiro capítulo deste manual, você aprendeu muito. Então, defina o planeamento e controlo de gestão. 2. Explica os oito princípios do planeamento e controlo de gestão 3. Como é que o ciclo de actividades de gestão se relaciona com os conceitos de planeamento e controlo? 4. Qual é o papel dum controlador de gestão? Leituras Complementares Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 11 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância JORDAN, H., NEVES, J.C. e RODRIGUES, J.A., O controlo de Gestão ao Serviço da Estratégia e dos Gestores, Áreas Editora, 6ª Edição, 2005 JOHNSON, Phil, & GILL, John, Management Control and Organizational Behavior, Sheffield Hallam University, 1993 UNIDADE TEMÁTICA 2 CONTROLO ESTRATÉGICO OPERACIONAL (Tableaux de Bord e Balanced score card) Objectivos O estudo deste capítulo devera possibilitar o estudante a: ♦ Explicar a importância do controlo estratégico e operacional ♦ Explicar com detalhe os componentes, funcionamento e importância do Tableaux de Bord e Balanced Score card como instrumentos de controlo de gestão. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 12 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Introdução Depois de termos explorado os conceitos de controlo e planeamento, vamos, agora, explorar alguns dos instrumentos mais vocacionados para um adequado acompanhamento da performance pessoal e organizacional. Actualmente, os instrumentos mais comuns usados no controlo de performance organizacional são o Tableaux de Bord (TB) e o Balanced Score Card (BSC). Vamos explicar, com detalhe, o que cada um dos instrumentos significa, a sua importância e como pode ser operacionalizado. 1. Tableau de Bord A expressão francesa "Tableau de Bord", que em português pode ser traduzida por Quadro de Bordo, designa um instrumento de controlo de gestão, onde é, geralmente, efectuada a comparação entreum determinado valor pretendido e o valor efectivamente realizado, permitindo assim a avaliação dos desvios relativamente aos objectivos fixados. Podem ser construídos Tableaux de Bord para quaisquer áreas da gestão, desde que os objectivos estejam fixados e quantificados. Para cumprir eficazmente as suas funções, o Tableau de Bord deve apresentar-se muito sintético, rápido e frequente e tem como objectivos a redução da incerteza da tomada de decisão ao filtrar a informação, pelo que contribui, assim, para um melhor controlo do risco. Duma forma sintética, pode se considerar que as principais funções desempenhadas por um tableau de board são: Reduzir a Incerteza: O tableau de bord oferece uma melhor percepção da realidade, contribuindo para reduzir a incerteza que inviabiliza a tomada de decisão. Tabelaux de Bord: instrumento de controlo de gestão, onde se compara o valor pretendido e o valor efectivamente realizado, permitindo, assim, a avaliação dos desvios, relativamente aos objectivos fixados. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 13 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Estabilizar a Informação: A empresa é dinâmica e a informação é instável por natureza. Estabilizar e filtrar a informação é, apenas, apresentar o essencial e indispensável para quem toma as decisões. Contribuir para um Melhor Controlo dos Riscos: Para cada decisão, está associado um risco. Com um tableau de bord, cada responsável em situação de decisão dispõe de uma visão estruturada do seu espaço de acção, conforme as opções de desenvolvimento escolhidas. Facilitar a Comunicação: Quando o tableau de bord é utilizado por um grupo de trabalho, desempenha também um papel de referencial comum na percepção unificada da situação. Dinamizar a Reflexão: O tableau de bord não se destina somente a gerir alertas. Propõe, também, ferramentas eficazes de análise, para estudar situações e sugere elementos de reflexão. Afinal, quais são os passos que devem ser seguidos para a concepção dum Tableau de Bord? Na prática, dois passos são seguidos, para a elaboração dum tableau de Bord nomeadamente: A Selecção dos Objectivos: Nesta primeira etapa, é necessário seleccionar os objectivos a atingir nas mais diversas áreas da empresa. No processo de identificação e selecção dos objectivos, procura-se, em cada centro de responsabilidade, definir as zonas de resultado, nas quais é fundamental, ou vital, que o centro de responsabilidade obtenha bons resultados nesse período. A Selecção dos indicadores: definidos os objectivos, dever-se-á então proceder à selecção dos indicadores para cada um dos objectivos. 2. BALANCED SCORE CARD Balanced Score Card (BSC) é um outro instrumento de controlo de gestão e foi desenvolvido por Robert Kaplan e David Norton em 1992. O BSC foi desenvolvido em resultado de uma Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 14 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância investigação em algumas das maiores empresas americanas, com o objectivo de criar um sistema de avaliação do desempenho organizacional. O Balanced Score card é um sistema que fornece aos gestores uma visão global e integrada do desempenho organizacional sob quatro perspectivas, nomeadamente, a perspectiva do cliente, financeira, dos processos e da aprendizagem e crescimento, como se ilustra na figura a seguir, extraída de Kaplan e Norton (1992) através de http. //pt.wikipedia.org/Wiki/ficheiro.BSC. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 15 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância O BSC é um projecto lógico de um sistema de gestão genérico para organizações, onde o administrador de empresas deve definir e implementar (através de um Sistema de informação de gestão, por exemplo) variáveis de controlo, metas e interpretações para que a organização apresente desempenho positivo e crescimento ao longo do tempo. BSC é uma sigla que pode ser traduzida para Indicadores Balanceados de Desempenho, ou ainda, para Campos (1998), Cenário Balanceado. O termo “Indicadores Balanceados” se deve ao facto de a escolha dos indicadores de uma organização não se restringirem unicamente ao foco económico e financeiro. As organizações também utilizam indicadores relacionados com activos intangíveis, tais como: desempenho de mercado junto a clientes, desempenhos dos processos internos e pessoas, inovação e tecnologia. O uso destes vários indicadores, que ultrapassam os tangíveis, justifica se pelo facto de que o seu somatório alavanca o desempenho desejado pelas organizações e, consequentemente, cria um valor acrescentado pela maximização do desempenho e ganhos da organização. Segundo Kaplan e Norton (1997, p. 25), o Balanced Score card reflecte o equilíbrio entre objectivos de curto e longo prazo, entre medidas financeiras e não financeiras, entre indicadores de tendências e ocorrências e, ainda, entre as perspectivas interna e externa de desempenho. Este conjunto abrangente de medidas serve de base para o sistema de medição e gestão estratégica, por meio do qual o desempenho organizacional é mensurado de maneira equilibrada, sob as quatro perspectivas. Dessa forma, contribui para que as empresas acompanhem o desempenho financeiro, monitorando, ao mesmo tempo, o progresso na construção de capacidades e na aquisição dos activos intangíveis necessários para o crescimento futuro. Portanto, a partir de uma visão balanceada e integrada de uma organização, o BSC permite descrever a estratégia, de forma muito clara, por intermédio de quatro perspectivas: financeira; clientes; processos internos; aprendizado e crescimento, sendo que todos se interligam entre si, formando uma relação de causa e efeito. Desde que foi criado, o BSC vem sendo utilizado por centenas de organizações do sector privado, público e em ONG’s no mundo inteiro e foi escolhido pela reconhecida revista Harvard Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 16 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Business Review como uma das práticas de gestão mais importantes e revolucionárias dos últimos 75 anos. Objectivos do Balanced Score Card Depois desta pequena introdução sobre o Balanced Score card, vamos explicar os seus principais objectivos, ou seja, o porquê do seu uso. O principal objectivo do BSC é o alinhamento do planeamento estratégico com as acções operacionais da empresa. Esse objectivo é alcançado pelas seguintes acções: Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia da organização - É frequente as organizações possuírem uma visão e estratégias que não são devidamente esclarecidas e discutidas. A clarificação e tradução da visão estratégica, pelos membros da organização, facilitam o seu sucesso. Ao definir o mapa estratégico, através de uma sequência de relações causa e efeito entre resultados e vectores de desempenho, o Balanced Scored card ajuda a esclarecer as acções a empreender. Este método também contribui para a criação de consensos, entre os gestores, da visão e estratégia da organização. Comunicar e associar objectivos e medidas estratégicas - o comprometimento dos colaboradores com a organização só existe quando as metas que se pretendem alcançar tem alinhamento com os objectivos e expectativas dos gestores. Se o sucesso da organização depende dos objectivos estratégicos que a organização pretende alcançar, tal meta só se afigura possível quando os colaboradores os conhecem e reconhecem como seus. O colaborador esforçar-se-á na mesma medida e proporção em que conhece as intenções estratégicas da empresa. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 17 Escola Superior Aberta /APolitécnica – Ensino a Distância Planear, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas - os gestores devem identificar metas desafiantes para os seus funcionários, definir processos internos, planear o desempenho financeiro e o crescimento. A definição de objectivos conduz à mensuração dos mesmos, comprometendo os colaboradores na redução do tempo de execução das tarefas; na introdução consolidada de produtos no mercado e no aumento da sua capacitação e competências. Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico - permite monitorizar continuamente a organização, girando à volta das quatro questões/visões que apresentamos na figura acima, nomeadamente: • Perspectiva Financeira ou do accionista Esta perspectiva pretende medir e melhorar a capacidade mantida pela organização, para satisfazer aos seus accionistas. Para melhor perceber, apresentamos um quadro resumo com possíveis factores críticos, na perspectiva financeira do BSC Como encarar os accionistas Factores críticos Possíveis indicadores Rendibilidade: capacidade de gestão dos activos e resultados ω Rendibilidade do capital investido (RCI) ω Rendibilidade dos capitais próprios (RCP) ω Rendibilidade das vendas (RV) ω Resultados por acção Crescimento da organização: novos produtos e serviços alcançando novos clientes e mercados ou aumentando os actuais ω Quota do mercado ω Volume de negócios ω Taxa de crescimento do volume de negócios Criação do valor: capacidade da maximização do valor para o ganho real dos accionistas ω Valor económico acrescentado (EVA) ω Cash flow sobre o investimento Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 18 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Perspectiva de Clientes A perspectiva dos clientes preocupa se com factores que contribuem para a consolidação da relação para melhor se atingir os objectivos da organização. Para isso, a empresa deve conhecer melhor os seus clientes e identificar os atributos mais valorizados por esses clientes e produzir de acordo com as necessidades do mercado e não apenas pensando na maximização dos lucros. Aliás, não e possível maximizar lucros quando os clientes não estão satisfeitos. Perspectiva de processos internos Esta perspectiva centra-se no melhoramento interno, para permitir excelência e competitividade. O quadro a seguir resume os factores críticos e indicadores a considerar nesta perspectiva. Como lidar com os nossos clientes Factores críticos Possíveis indicadores de desempenho Rendibilidade: Garantir uma carteira de clientes que contribuem para o valor da empresa ω Valor económico do negócio por cliente ω Rendibilidade das vendas por cliente Satisfação: a capacidade de atingir elevados níveis de satisfação dos clientes ω Índice de satisfação dos clientes ω Tempo de entrega de produtos/serviços ω Cumprimento de prazos Retenção: capacidade para cativar clientes ou crescer nos actuais ω Quota do mercado ω Volume de negócios com novos clientes Fidelização: Capacidade para manter os clientes actuais (loyalty maintenance) ω Crescimento do volume de negócios, por entrada de novos clientes ω Número de clientes que voltam a comprar na organização. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 19 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Perspectiva de aprendizagem e crescimento A essência deste objectivo é responder à pergunta como a Organização pode melhorar para criar mais valor, conforme se ilustra na tabela que segue. Como lidar com os nossos clientes Factores críticos Possíveis indicadores de desempenho Organização: reconhecer que a organização existe para assegurar processos e não acumular funções ω Lead time/tempo do ciclo ω Prazos de execução Racionalização: Eliminar actividades que não são geradoras de valor ω Custos unitários Qualidade: assegurar elevados índices de aceitação do produto ou serviço ω Taxa de rejeições ω Conformidades com especificações do cliente Eficiência e eficácia: Optimizar a utilização dos recursos da qual dependem os resultados ω Produtividade ω Taxa de utilização da capacidade. Como lidar com os nossos clientes Factores críticos Possíveis indicadores de desempenho Inovação: Capacidade dos trabalhadores e colaboradores em apresentar novas ideias ω Número de novas ideias aproveitadas ω Número de novos produtos ou serviços Satisfação: garantir elevados índices de motivação e empenho ω Índices de satisfação do pessoal ω Montante de prémios e incentivos Qualificação: assegurar níveis de conhecimento dos trabalhadores/colaboradores que potenciam os seus desempenhos ω Número de colaboradores qualificados ω Número de horas de formação Tecnologia: Aproveitar o potencial tecnológico que possa contribuir para a competitividade da organização ω Número de postos de trabalho informatizados ω Investimentos em Tecnologias de informação por cada trabalhador Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 20 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Porque é importante analisar estas quatro perspectivas? Responder aos desafios colocados por estas quatro perspectivas permite ajustar, continuamente, a estratégia e mudá-la, quando necessário. A resposta permanente a estas quatro questões permite realizar uma mensuração, simultaneamente, financeira e não financeira, inerente ao sistema de informação, alargado a todos os níveis da organização. Equilibra indicadores externos para accionistas e indicadores internos de processos, inovação, aprendizagem e crescimento; equilibra os resultados do esforço passado e os indicadores dos desempenhos futuros; equilibra indicadores quantificáveis e indicadores subjectivos de desempenho. Componentes dum BSC Mapa estratégico: Descreve a estratégia da empresa através de objectivos relacionados entre si e distribuídos nas quatro perspectivas. Objectivo estratégico: Descreve o que deve ser alcançado e o que é crítico para o sucesso da organização. Indicador: Sintetiza como será medido e acompanhado o sucesso do alcance do objectivo. Qualquer indicador deve cumprir os seguintes requisitos: ♦ Ser claro, transmitir informação clara e confiável sobre o evento a analisar; ♦ Fácil de obter, mediante o acesso intuitivo a uma aplicação informática; ♦ Coerente com os fins estabelecidos, com a Visão e Missão da organização, medindo e controlando os resultados alcançados; ♦ Adequado e oportuno, estando disponível para a tomada de decisão; Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 21 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância ♦ Ter a sua unidade de medida correctamente identificada: números absolutos, percentagens (taxas de crescimento, pesos), dias, horas, valores etc. ♦ Ter um responsável designado capaz de actuar sobre os indicadores. Meta: O nível de desempenho ou a taxa de melhoria necessários durante o período x. Plano de acção Programas de acochava necessários para se alcançar os objectivos. Balanced Score Card versus Tableaux de Board Para fecharmos o tema sobre o controlo estratégico operacional, vamos apresentar um resumo comparativo dos dois instrumentos estudados acima. Embora os dois instrumentos tenham surgido em períodos diferentes, o tableaux de Bord e Balanced Score Card ainda apresentam características muito similares, entre as quais há a destacar: ω Ambos são instrumentos de medição de performance; ω Apresentam linguagem variada, de nível financeiro e não financeiro; ω Estão relacionadoscom objectivos e meios de acção ou factores críticos dos gestores, procurando traduzi-los em indicadores de desempenho; ω Procuram produzir informação sintetizada; ω Visam promover a comunicação, na medida em que a escolha dos indicadores é feita à luz e imagem das responsabilidades dos meios de acção de cada gestor ou colaborador. Embora haja similaridades entre os dois instrumentos, existem também aspectos que os diferenciam, a destacar: ω O Tableaux de Bord é demasiadamente operacional, enquanto o Balanced Score card é um produto estratégico; ω O tableaux de Bord foi criado na França por engenheiros que procuraram monitorizar elementos críticos na área técnico produtiva, enquanto o BSC foi lançado por professores de gestão de Harvard, por isso tem maior enfoque no estudo da divulgação de estratégias; Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 22 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância ω O Tableaux de Bord tem sido prejudicado pelo facto de ter sido publicado num período de fraco desenvolvimento tecnológico, enquanto o BSC foi sempre associado a tecnologias avançadas; ω No Tableaux de Bord, os objectivos são definidos de forma livre pelos gestores, enquanto no BSC os objectivos são, logo, enquadrados nas quatro perspectivas de análise; ω O Tableaux de Bord usa o conceito de variável chave (acção que será empreendida e que condiciona os resultados, enquanto o BSC utiliza o conceito de factor critico (elemento que condiciona a realização dos objectivos). ω A definição dos indicadores no Tableaux de Bord apresenta-se mais rica e abrangente, enquanto que, no BSC, é onde apenas se distinguem os indicadores de resultado (lead) e indicadores de processo (lag indicators). ω Enquanto no Tableau de Bord se parte se da definição dos objectivos e dos planos de acção para, daí, se definirem se os indicadores de desempenho, no BSC estabelecem-se os objectivos, face à estratégia, e se definem se os factores críticos para, a partir daí, se identificarem os planos de acção. EXERCÍCIOS - UNIDADE TEMÁTICA 2 1. Qual é a importância do tableau de bord? 2. Enumere e explique os passos que devem ser seguidos na concepção do tableau de bord. 3. Discuta a relevância do balanced score card no processo do planeamento e controlo de gestão. 4. Faça uma comparação detalhada entre o balanced score card e o tableaux de bord. Leituras Complementares ♦ JORDAN, H. , NEVES, J.C. e RODRIGUES, J.A. , O controlo de Gestão ao Serviço da Estratégia e dos Gestores, Áreas Editora, 6ª Edição, 2005 ♦ KAPLAN, Robert S. e NORTON David P., A Estratégia em Acção - Balanced Score card, Editora Campus - 4 ª Edição , 1997 Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 23 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância ♦ http.//pt.wikipedia.org/Wiki/ficheiro.BSC. UNIDADE TEMÁTICA 3 CONTROLO ORÇAMENTAL Objectivos Após a aprendizagem deste capítulo, o estudante devera estar apto a: ♦ Explicar a importância do controlo orçamental ♦ Elaborar um orçamento. ♦ Fazer a análise e interpretação da execução orçamental. ♦ Explicar a importância do controlo orçamental O Orçamento é um instrumento de quantificação financeira dos planos duma organização, que apoia o gestor para o alcance dos objectivos definidos, duma forma eficiente, tendo em conta os recursos financeiros disponíveis na organização. Isto significa que o orçamento é um instrumento de decisão e de acção. Contudo, o orçamento duma organização não pode ser visto como o orçamento do Estado que, uma vez aprovado pela Assembleia da República, se torna se uma lei de difícil alteração. Devido ao dinamismo no ambiente de negócio, é precisa alguma flexibilidade para incorporar revisões pertinentes nos orçamentos. O processo de elaboração do orçamento segue três fases distintas, sendo: a definição dos objectivos que a empresa pretende alcançar, a escolha da forma como vai operar para atingir os objectivos (planos de acção) e, por fim, a elaboração do orçamento, conforme indica a figura a seguir Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 24 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Fase 1 Fase 2 Fase 3 O ciclo orçamental apresentado acima permite que o orçamento tenha uma consistência e funcione como um verdadeiro instrumento de gestão, para conceber e escolher planos de acção pertinentes, que tornem a alocação de recursos financeiros eficiente, assim como permitem a avaliação e evolução da empresa, em relação aos objectivos, servindo para o controlo do desempenho corrente e como o sinal de alerta para os gestores. Importância do controlo orçamental. O controlo orçamental merece um lugar de maior destaque nos instrumentos de gestão, na medida em que constitui não só um instrumento de aprendizagem contínua no processo de gestão duma organização, como, também, um meio de ligação entre o presente e o futuro da empresa, levando o gestor a preocupar-se mais com o futuro do que com o passado. Para que o controlo de gestão seja eficaz, deve ser utilizado duma forma correcta, racional e limitada. Assim, é necessário que o processo de controlo orçamental consiga identificar correctamente os factores motivadores dos desvios ocorridos, por forma a evitar a imputação de responsabilidades a quem Objectivos Negociçao e fixaçao Planos de acção Escolha cuidadosa para o alcance dos objectivos Orçamentos Quantificação monetária dos objectivos Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 25 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância não as tem ou que não sejam atribuídas acções correctivas para as quais não disponha de meios para as levar a bom termo. Agora, vamos resumir a importância do controlo orçamental nos três pontos que se seguem: 1. Obriga o gestor a estabelecer objectivos atingíveis e a escolher planos de acção exequíveis, o que envolve diagnósticos mais aprofundados sobre as oportunidades e ameaças, os pontos fortes e fracos, isto é a conhecer melhor o meio em que se move a sua empresa, o seu repartimento etc. 2. Obriga o gestor a um acompanhamento da sua actividade, comparando permanente ou periodicamente as realizações das metas previstas. Este acompanhamento permite diagnosticar em que medida as previsões foram optimistas (pessimistas) ou as realizações estão aquém (além) das expectativas e porquê. 3. Obriga o gestor a conceber acções correctivas, isto é, a recorrer a planos contingenciais com novas ideias, novos métodos e recursos alternativos. Grandes considerações no processo de orçamentação O processo de elaboração de orçamento é feito através de prognóstico. Neste contexto, o prognóstico não significa adivinhar ou acertar os preços como no caso de totoloto. O termo prognóstico, neste caso, pressupõe partir do da situação actual e considerar todos os factores que possam vir afectá-la. Assim, o prognóstico tem que ser feito na base de: a) Análise crítica da gestão passada, procurando reconhecer os factores que afectam a actividade do gestor, pela identificação das situações normais que deverão voltar a verificar-se, situações anormais que devem ser eliminadas, assim como identificação do Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 26 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância comportamento dos diversos tipos de custo, por forma a melhorar o trabalhão de previsão e de controlo.b) Identificação do comportamento dos diversos tipos de custo, por forma a melhorar o trabalho de previsão e de controlo. Vamos dar os seguintes exemplos: • Despesas fixas dum período para o outro, como é o caso da renda, contratos de prestação de serviços. Algumas despesas deste tipo podem ser limitadas pela gestão. Por exemplo, a gestão pode decidir reduzir custos de representação, ofertas ou doações, publicidade etc. • Despesas variáveis, que podem ser estimadas com base no volume de actividades previstas. Por exemplo, as comissões em vendas, as matérias consumidas na produção, o número de horas da mão-de-obra etc. • Alguns produtos que podem se basear em quocientes ou rácios conhecidos ou que devem ser estimados em combinação com outras variáveis, como encargos sociais em percentagens de salários, consumo de gasolina, podem ser estimados através de determinados quocientes técnicos. • Ainda mais, há casos de elementos com maior grau de incerteza, como a deterioração de produtos cuja estimativa se pode basear nas estatísticas da empresa ou na experiência do gestor em relação ao comportamento destes custos. Alguns custos da natureza da deterioração são regulados pelas normas de contabilidade aplicáveis no país. Esta técnica em que o gestor se baseia no comportamento dos custos em períodos anteriores para estimativas orçamentais chama se extrapolação. Extrapolação ‐técnica orçamental onde se usa o comportamento de custos de períodos anteriores para estimar os custos do futuro. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 27 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância EXEMPLO PRÁTICO DE CONTROLO ORÇAMENTAL- ANÁLISE DE DESVIOS Vamos, a seguir, apresentar um exemplo simples de seguimento orçamental. Para facilitar a sua percepção, usamos o exemplo dum orçamento simples. Descrição Orçamento Despesas anuais Desvio numérico Desvio % 1. Salários e benefícios A B C=(B-A) D=C/A Nota Coordenador 180.000 600.000 420.000 233% B1 Oficial de projecto 156.000 156.000 0 0% Oficial de formação 132.000 500.000 368.000 279% B2 Contabilista 156.000 158.000 2.000 1% Oficial de campo 108.000 108.000 0 0% Assistente administrativo 108.000 107.000 -1.000 -1% Guardas 72.000 72.000 0 0% IRPS 36.000 15.000 -21.000 -58% B3 INSS 2.610 2.610 0 0% Seguro de trabalho 27.000 17.000 -10.000 -37% B4 Total Salários e benefícios 977.610 1.735.610 758.000 78% B 2 . Custos de escritório Renda do escritório 180.000 350.000 170.000 94% C1 Electricidade 12.000 12.000 0 0% Água 12.000 12.000 0 0% Telefone 30.000 31.000 1.000 3% Internet 24.000 25.000 1.000 4% Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 28 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Seguro dos Equipamentos 4.000 4.000 0 0% Consumíveis de escritório 25.000 25.000 0 0% Toner 24.000 24.100 100 0% Fotocopiadora e cópias 24.000 23.000 -1.000 -4% Despesas bancárias 48.600 46.000 -2.600 -5% Serviços de IT 84.000 730.000 646.000 769% C2 Auditoria Externa 65.000 65.000 0 0% Total Custos de escritório 532.600 1.347.100 814.500 153% C 3. Equipamentos Rede de Internet 1.600 1.600 0 0% Instalação de Telefone 4.300 4.500 200 5% Computador 75.000 150.000 75.000 100% D1 Impressora Laser 21.500 22.000 500 2% Estante 12.000 12.000 0 0% Cofre 9.000 9.100 100 1% Secretária 12.000 12.000 0 0% Cadeiras 0 10.600 10.600 #DIV/0! D2 Projector 29.500 75.000 45.500 154% Total Equipamentos 164.900 296.800 131.900 80% D 4. Actividades Seminários de capacitação 150.000 700.000 550.000 367% E1 Pesquisas e divulgação dos resultados 3.600.000 1.000.000 -2.600.000 -72% E2 Viagens de troca de experiencias 600.000 1.500.000 900.000 150% E3 Imprevistos 200.000 500.000 300.000 150% E4 Total Actividades 4.550.000 3.700.000 -850.000 -19% E TOTAL GERAL 6.225.110 7.079.510 854.400 14% A Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 29 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância O seguimento orçamental é feito com o objectivo central de notar desvios e tomar medidas adequadas de gestão. A análise faz-se através da comparação entre os valores orçados em cada linha e as respectivas despesas. Em princípio, a execução orçamental deveria ser igual ao valor orçado, mas isto nem sempre acontece, devido à natureza do processo orçamental, que tem como base as estimativas. Contudo, é importante o estudante saber que quanto melhor for o processo de estimativas na orçamentação, maior será a tendência de não existirem desvios significativos. Desta forma, estamos a dizer que os desvios orçamentais podem ser causados por dois factores, nomeadamente: a) insuficiências no processo de elaboração do orçamento - nos casos em que as estimativas de custos pelo orçamento fogem muito da realidade dos preços; b) insuficiências na gestão financeira - quando o gestor financeiro não faz o seguimento da execução orçamental, os pequenos desvios não são notados e corrigidos e transformam se em desvios significativos. Como fazer a análise de desvios Passo 1- Calcule a diferença entre o valor orçado e o total de despesas por cada rubrica. Passo 2- Divida o resultado do passo 1 pelo valor do orçamento por cada rubrica Passo 3- Transforma o resultado para forma percentual, multiplicando-o por 100. A materialidade de variâncias orçamentais é, normalmente, estipulada na política interna de cada organização. Duma forma geral, considera-se que um desvio orçamental igual ou superior a 10 por cento deve ser explicado através duma nota ao relatório financeiro. Para tal, é preciso fazer uma investigação adequada, para auferir as razões das variações. As variações significativas podem ser um indicativo de fraude. Aqui está um exemplo de análise que pode derivar do relatório financeiro apresentado na figura 2. Fraude ‐ uso intencional de bens, serviços ou influência para fins diferentes dos objectivos da organização. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 30 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Nota - execução geral do orçamento Verifica-se que as despesas gerais ultrapassam orçamento em 14% (6,225,110- 7,079,510)/6,225,110, com maior enfoque para as variações nos custos de salários e benefícios, equipamento e custos de escritório. Duma forma geral, nota se que houve desvios significativos acima do orçamento em despesas de vária natureza, enquanto Nota B - Salários e benefícios Os custos em salários e benefícios ultrapassam o orçamento em 78%, principalmente devido às seguintes razões: Salários pagos ate 600,000 contra o orçamento de apenas 180,000 Salários pagos ao oficial de formação na ordem de 500,000 contra o orçamento de 132,000. Nesta linha, pode se questionar também a fraca absorção do orçamento para IRPS e INSS (-58 e -38% respectivamente). Esta baixa absorção pode ser indicativo de que os impostos sobre os salários pagos não foram bem calculados ou não foram deduzidos propositadamente, o que pode ter implicações legais na organização. Nota C - Nesta rubrica, verifica se um desvio de 153%, causado, essencialmente, por pagamentos de renda de 180,000 contra o orçamento de 350,000 representando um desvio de 94% assim como as despesas de 730,000 em Informação em IT contra o orçamento de apenas 84,000. Nota D - Esta rubrica orçamental também observou um desvio significativo de 80% acima do orçamento, principalmente devido aos custos de 10,600 na compra de cadeiras. Estas despesas não estavam previstas para o período, ou seja não existia orçamento para tal. Destacam se também gastosde 150,000 na compra de computadores, contra um orçamento de apenas 75,000. Este desvio foi de 100% do orçamento previsto. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 31 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Nota E - Verifica se um desvio de 19% abaixo do orçamento, com destaque para gastos de apenas 100,000 em actividades de pesquisa contra o orçamento previsto de 3,600,000. Atenção especial também vai para gastos imprevistos de 500,000 contra o orçamento de 200,000. Principais conclusões A partir deste exemplo, certamente que o estudante notou que: • A análise orçamental é muito importante, porque ajuda na identificação de desvios que, depois, podem ser corrigidos. • Pode identificar indicadores de fraude e outras actividades não autorizadas na organização. • Dá uma imagem clara sobre o nível de implementação de actividades • Clarifica a relação entre os diferentes tipos de custos na organização, por exemplo o nível de equilíbrio entre gastos de funcionamento e gastos em actividades. Exercícios - Unidade temática 3 1. Enumere e explique os passos que devem ser seguidos na elaboração dum orçamento. 2. A orçamentação é tarefa exclusiva de contabilistas e financeiros. Concorda com esta afirmação? Argumente a sua resposta. 3. Qual é a importância do controlo de gestão 4. Explique os passos que devem ser seguidos na análise orçamental. 5. Faça uma análise do orçamento em anexo, indicando os principais desvios que merecem a atenção do gestor e de recomendações específicas sobre como melhorar o processo orçamental nesta organização. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 32 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância ORGANIZAÇÃO XYZ Orçament o de 2005 Despesas 2005 Descrição USD USD 1. CUSTOS COM PESSOAL 1.1 Secretário Executivo 22.800 40.000 1.2 Contabilista 9.000 15.000 1.3 Oficial de Advocacia e Lobby (50%) 0 10.000 SUBTOTAL CUSTOS COM PESSOAL 31.800 65.000 2. CONSULTORIAS 2.1 Capacitação em função das necessidades 8.000 18.000 2.2 Desenho e aquisição de sistema Contabilidade e R.H 12.840 2.000 2.3 Desenho e aquisição de sistema de Monitoria e Avaliação 7.000 3.000 2.4 Mapeamento de Competência das organizações similares 8.000 500 SUBTOTAL CONSULTORIAS 35.840 23.500 3. FORMAÇOES E CAPACITAÇOES 3.1 Formação em PS (conceitos, legislação e sistemas) 5.650 ‐ 3.2 Monitoria e Advocacia de Políticas, integração de género e direitos humanos e planificação conjunta 8.000 500 3.3 Evento na Semana de comparação do dia mundial 4.000 200 3.4 Formação na Região Norte, Centro e Sul s/PS 24.000 5.000 SUBTOTAL FORMAÇÕES E CAPACITAÇOES 41.650 5.700 4. EQUIPAMENTOS Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 33 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância 4.1 Computadores Desktop 1.500 20.000 4.2 Impressora 500 ‐ 4.3 Máquina de Filmar 500 2.000 4.4 Data Show 1.000 1.500 4.5 Máquina Fotográfica 320 50.000 4.6 Secretárias (Mesas e Cadeiras) 1.000 ‐ SUBTOTAL EQUIPAMENTOS 4.820 73.500 5. COMUNICAÇAO 5.1 Hospedagem e manutenção da pág. Web da 500 100 5.2 Internet 0 ‐ 5.3 Telefone 600 600 5.4 Material de Visibilidade Institucional 500 150 5.5 Produção e Reprodução do Boletim Informativo 400 400 SUBTOTAL COMUNICAÇÃO 2.000 1.250 6.0 ESCRITÓRIO 6.1 Consumíveis 600 9.000 6.2 Água e Luz 317 400 6.3 Combustíveis e lubrificantes 1.200 1.200 SUBTOTAL CONSUMIVEIS DE ESCRITÓRIO 2.117 10.600 SUB/TOTAL CUSTOS DIRECTOS 118.227 179.550 0 CUSTOS INDIRECTOS Contingências (1.5% dos Custos directos) 1.773 8.978 ORÇAMENTO TOTAL 120.000 Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 34 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância 188.528 Leituras Complementares ♦ JORDAN, H. , NEVES, J.C. e RODRIGUES, J.A. , O controlo de Gestão ao Serviço da Estratégia e dos Gestores, Áreas Editora, 6ª Edição, 2005 ♦ HORNEGREN, Sundenm & Straton, Introduction to Management Accounting Prentice ‐ Hall, international ed ,2002. ♦ Drury, Colin, Managament and cost accounting, British Library cataloguing’ in’ publication data, ♦ 5ht ed, 2000. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 35 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância UNIDADE TEMÁTICA 4 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA E CRIAÇÃO DO ESPÍIRITO EMPREENDEDOR Objectivos No fim desta unidade temática, o estudante deve estar apto a: ♦ Explicar o significado e o historial da palavra empreendedor, o seu perfil e características, assim como as dicas para cultivar o espírito de um empreendedor de sucesso. ♦ Explicar a relevância e o objectivo da aplicação de preços de transferência Origem e Conceito A palavra empreendedor (entrepreneur) surgiu na França, por volta dos séculos XVII e XVIII, com o objectivo de designar aquelas pessoas ousadas que estimulavam o progresso económico, mediante novas e melhores formas de agir. Entretanto, foi o economista francês Jean-Baptiste Say, que, no início do século XIX, conceituou o empreendedor como o indivíduo capaz de mover recursos económicos de uma área de baixa para outra de maior produtividade e retorno. Mais tarde, o austríaco Joseph Schumpeter, um dos mais importantes economistas do século XX, definiria esse indivíduo como o que reforma ou Empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação económica e pessoal. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 36 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância revoluciona o processo “criativo-destrutivo” do capitalismo, por meio do desenvolvimento de nova tecnologia ou do aprimoramento de uma antiga – o real papel da inovação. Esses indivíduos são os agentes de mudança na economia. Posteriormente, Peter Ferdinand Drucker, considerado “o pai da administração moderna”, é que amplia a definição proposta por Jean-Baptiste Say, descrevendo os empreendedores como aqueles que aproveitam as oportunidades para criar as mudanças. Os empreendedores não devem se limitar aos seus próprios talentos pessoais e intelectuais para levar a cabo o ato de empreender, mas mobilizar recursos externos, valorizando a interdisciplinaridade do conhecimento e da experiência, para alcançarem os seus objectivos. O conceito de empreendedorismo está, também, muito relacionado aos pioneiros da alta tecnologia do Vale do Silício, na Califórnia. Ainda nos EUA, o Babson College tornou-se um dos mais importantes pólos de dinamização do espírito empreendedor, com enfoque no ensino de empreendedorismo na graduação e pós-graduação,com base na valorização da oportunidade e da superação de obstáculos, conectando teoria com a prática, introduzindo a educação para o empreendedorismo através do currículo e das actividades extracurriculares. É notória a actual ênfase dada ao empreendedorismo e a inovação como temas centrais, nas melhores Universidades Norte-Americanas. Actualmente a definição considerada mais completa e concisa foi desenvolvida pelo estudioso Robert Hirsch, em seu livro “Empreendedorismo”. Segundo ele, empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação económica e pessoal. A satisfação económica é resultado de um objectivo alcançado (um novo produto ou empresa, por exemplo) e não um fim em si mesma. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 37 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância O perfil do empreendedor Os estudos na área do empreendedorismo mostram que as características do empreendedor ou do espírito empreendedor não são um traço de personalidade. De acordo com a interpretação da definição de Robert Hirsch, pode se concluir que Empreendedores são pessoas que têm a habilidade de ver e avaliar oportunidades de negócios; prover recursos necessários, para pô-los em vantagens; e iniciar acção apropriada para assegurar o sucesso. São orientadas para a acção, altamente motivadas e assumem riscos para atingirem os seus objectivos. O empreendedor tem um novo olhar sobre o mundo, à medida que presencia a evolução, valoriza as suas experiências, tomando decisões acertadas. O empreendedor abre novas trilhas, explora novos conhecimentos, define objectivos e dá o primeiro passo. Segundo Leite (2000), nas qualidades pessoais de um empreendedor, entre muitas, destacam-se: Iniciativa Visão Coragem Firmeza Decisão Atitude de respeito humano Capacidade de organização e direcção Um Empreendedor valoriza as suas experiências, abre novas trilhas, explora novos conhecimentos, define‐se objectivos e dá o primeiro passo. Um empreendedor não é alguém que copia as ideias dos outros. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 38 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância O empreendedor deve focalizar o aprendizado nos quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, e, com isso, ser capaz de tomar a decisão certa, frente à concorrência existente. Novas habilidades vêm sendo exigidas dos profissionais para poderem enfrentar a globalização com responsabilidade, competência e autonomia. Um empreendedor deve ser profissionalmente autónomo. Isto significa que devemos considerar que, para ter o espírito de empreendedor, é preciso ser perseverante, determinado, aprendiz, flexível, adicionado a: Positividade Organização Criatividade Inovação Foco Estas qualidades ajudam a vencer a competitividade dos tempos modernos. Pela experiência, pode-se afirmar que a maioria das pessoas, se estimuladas, podem desenvolver habilidades empreendedoras. Ouve-se e fala-se que o empreendedor precisa de ter visão. Visão pessoal. Uma visão que vem de dentro. A maioria das pessoas tem pouca noção da verdadeira visão, dos níveis de significado. Metas e objectivos não são visão. Ser visionário é imaginar cenários futuros, utilizando-se de imagens mentais. Ter visão é perceber possibilidades dentro do que parece ser impossível. É ser alguém que anda, caminha ou viaja para inspirar pensamentos inovadores. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 39 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Síndrome do Empregado e suas consequências no espírito empreendedor Vamos, a seguir, apresentar, resumidamente, o conceito de síndrome do emprego, por este ser um dos principais motivos pelos quais maior a parte de pessoas não possui o espírito de empreendedor. O termo síndrome do empregado nasceu com o personagem "Seu André" do livro O Segredo de Luísa, do autor brasileiro Fernando Dolabela. "Seu André" preocupado em explicar a ineficácia de grande parte dos empregados da sua indústria, disse: "eles estão contaminados com a síndrome do empregado". A síndrome do empregado designa um empregado: • Desajustado e infeliz, com visão limitada; • Dificuldade para identificar oportunidades; • É dependente, no sentido de que necessita de alguém, para se tornar produtivo; • Sem criatividade; • Sem habilidade para transformar conhecimento em riqueza, descuida de outros conhecimentos que não sejam voltados à tecnologia do produto ou à sua especialidade; • Dificuldade de auto-aprendizagem, não é auto-suficiente, exige supervisão e espera que alguém lhe forneça o caminho; • Domina somente parte do processo, não busca conhecer o negócio como um todo: a cadeia produtiva, a dinâmica dos mercados, a evolução do sector; • Não se preocupa com o que não existe ou não é feito: tenta entender, especializar-se a melhorar somente no que já existe; • Mais faz do que aprende; • Não se preocupa em formar sua rede de relações, estabelece baixo nível de comunicações; • Tem medo do erro, que não trata como uma aprendizagem; • Não se preocupa em transformar as necessidades dos clientes em produtos/serviços; • Não sabe ler o ambiente externo: ameaças; Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 40 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância • Não é pró-activo (expressão que indica iniciativa, vontade própria e espírito empreendedor). A seguir, apresentamos um quadro resumo que vai lhe facilitar a compreender as características dum bom empreendedor. Faça uma combinação entre o conteúdo deste quadro e a leitura anterior ao quadro. Depois de perceber este quadro, termine o capítulo lendo o segredo do empreendedorismo, que é o caminho que um empreendedor deve seguir para ter sucesso. Características Gerente Empreendedor Intra-empreendedor Motivação Poder Liberdade de acção, Automotivação Liberdade de acção e recompensa Organizacional Actividades Delega a sua autoridade Arregaça as mangas, Colabora com os outros Delega mas colabora Competência Administração, Política Negócios, Gerência e Política Empreendedor com mais habilidade Política Interesses Acontecimentos internos da empresa Tecnologia e Mercado Dentro e fora da empresa, mercado Erros Evitar erros Aprendizagem com erros Erros são evitados, mas aprende-se com eles Decisões Interage do assunto para, depois, delegar Visão e decisão própria, Acção versus Discussão Fundamentação Sistema Burocracia o satisfaz Se o sistema não o satisfaz, constrói o seu Acomoda-se ou provoca curto- circuito Relações Hierarquia Negociação Hierarquia "amiga" Caminhos do empreendedor Para um empreendedor ter sucesso, deve seguir os caminhos que indicamos abaixo Caminho 1 (Auto conhecimento): Espaço de si estreito (Teoria X) versus. Espaço de si amplo (Teoria Y). Caminho 2 (Perfil do empreendedor): Comparação das características do empreendedor e da pessoa. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 41 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância Caminho 3 (Aumento da criatividade): Dominar os processos internos para gerar inovação e criatividade. Caminho 4 (Processo visionário): Desenvolver uma visão e aprender a identificar oportunidades. Caminho 5 (Rede de relações): Estabelecer relações que possam servir de suporte ao desenvolvimento e aprimoramento da ideia do negócio e sua sustentação. Caminho 6 (Avaliação das condições para iniciar um plano): Avaliaras suas condições até então e separar o utilizável do descartável, para inicializar o seu plano. Caminho 7 (Plano de negócio): Metas mensuráveis, flexibilidade no plano, indicadores de evolução, compromisso colectivo, revisão de metas, aprender com a experiência. Caminho 8 (Capacidade de negociar e apresentar uma ideia): Cooperação entre pessoas, parceiros ou empresas para alcançar objectivos, de tal forma que todos saiam ganhando. Preço de Transferência Por preço de transferência entende-se o valor cobrado por uma empresa na venda ou transferência de bens, serviços ou propriedade intangível, a empresa a ela relacionada. Tratando- se de preços que não se negociaram em um mercado livre e aberto, podem eles se desviar daqueles que teriam sido acertados entre parceiros comerciais não relacionados, em transacções comparáveis nas mesmas circunstâncias. Este termo pode ser usado sob ponto de vista contabilístico e fiscal. Contudo, para os objectivos que se pretendem neste módulo, vamos centrar o nosso estudo no preço de transferência Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 42 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância relacionado com transferências de produtos e serviços entre diferentes áreas dentro duma mesma organização ou conjunto de organizações relacionadas. Neste caso, vamos chamar de preço de transferência interna, que pode se definir como um instrumento para valorizar os fluxos reais de bens ou serviços entre centros de responsabilidade diferentes numa organização. Para se estabelecer o preço de transferência, é obrigatório que as seguintes condições sejam satisfeitas: Existência dum produto ou serviço bem identificado e apto a ser fornecido; Existência dum mercado para o produto ou serviço, isto é, alguém que esteja interessado; Condições de mercado que possibilitam uma transacção, isto é, um preço e a respectiva forma de pagamento; Liberdade de aprovisionamento por parte do cliente, face às condições do mercado (vendedor e cliente, com poder de escolherem cliente e vendedor, respectivamente, sem imposição). Principais objectivos dos preços de transferência interna Em síntese, podemos considerar que os preços de transferência interna têm como objectivo central: A motivação dos gestores para tomada de decisões que defendam o interesse geral da empresa; A criação da equidade no sistema de avaliação de desempenho; A instituição dum mecanismo de controlo interno sobre os produtos e serviços. Por se tratar dum termo complexo, recomendamos que o estudante faça uma leitura mais ampla sobre o preço de transferência, nas páginas 330 até 353, da obra de Hugues Jordam. Exercícios - Unidade temática 4 Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 43 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância 1. Defina o e empreendedorismo e arrole as principais características que um empreendedor de sucesso deve ter. 2. Um bom empreendedor deve ser inovador. Explique o sentido desta afirmação. 3. Identifique os caminhos que devem ser seguidos por um empreendedor de sucesso. Leituras Complementares ♦ JORDAN, H. , NEVES, J.C. e RODRIGUES, J.A. , O controlo de Gestão ao Serviço da Estratégia e dos Gestores, Áreas Editora, 6ª Edição, 2005 ♦ HORNEGREN, Sundenm & Straton, Introduction to Management Accounting Prentice‐ Hall, international ed ,2002. ♦ Vaz, Carlos e Serra Andreia, Guia de Estudo de empreendedorismo e criatividade, ESA 2009 Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 44 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância CHAVE DE CORRECÇÃO DAS ACTIVIDADES Exercícios - Unidade temática 1 1. Certamente que, ao longo do primeiro capítulo deste manual, você aprendeu muito. Então defina o planeamento e controlo de gestão. R: Planeamento e Controlo de Gestão é o esforço permanente realizado pelos principais responsáveis duma organização para atingir os objectivos fixados, duma forma eficiente e eficaz. 2. Explique os oito princípios do planeamento e controlo de gestão. R: Espera-se uma resposta explicativa sobre os oito princípios do planeamento e controlo. A resposta deve explicar os oito princípios, nomeadamente: 1. A necessidade de não limitar instrumentos de planeamento e controlo apenas na dimensão financeira, porque a natureza organizacional é diversificada. 2. A valorização da descentralização de decisões e delegação de funções como base para controlo e planemento. 3. O controlo de Gestão organiza a convergência de interesse entre cada divisão ou sector e a empresa no seu todo. 4. Os intrumentos de controlo de Gestão são concebidos com vista à acção e não apenas à documentação ou burocracia. 5. O horizonte do controlo de Gestão é, fundamentalmente, o futuro e não apenas o passado. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 45 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância 6. O controlo de Gestão actua muito mais sobre os homens do que sobre os números. 7. Para haver sucesso no no planeamento e controlo de Gestão, deve haver um sistema de sanções, claro e conhecido pelos colaboradores da organização. 8. Os actores de primeira linha no controlo de Gestão são muito mais os responsáveis operacionais do que os controladores de Gestão. 3. Como é que o ciclo de actividades de gestão se relaciona com os conceitos de planeamento e controlo? R: A resposta deve identificar correctamente os conceitos relacionados com o ciclo de gestão, nomeadamente, POLC (Planeamento, Organização, Liderança e Controlo) e, ainda, esclarecer que a cadeira de planeamento e controlo trata de dois blocos dos quatro conceitos. A resposta também deve explicar o papel do Controlo e Planeamento em relação ao POLC, enfatizando que estes quatro elementos se complementam. 4. Qual é o papel dum controlador de gestão? R: A resposta deve citar, entre outras, as seguintes tarefas do controlador de gestão: • Executar tarefas de gestão previsional e acompanhamento dos resultados materializados pelos instrumentos tradicionais de gestão, tais como orçamentos e planos operacionais. • Exercer actividades relacionadas com a concepção de sistemas de informação para a gestão, conforme a estrutura da empresa. Aqui, destacam-se actividades relacionadas com contabilidade geral, gestão orçamental, contabilidade analítica etc. • Exercer actividades resultantes de delegação de funções. • Exercer actividades de carácter administrativo, como no exemplo de controlo interno e outras tarefas de gestão administrativa. Exercícios - Unidade temática 2 1. Qual é a importância do tableaux de bord. As funções do tableaux de bord podem ser resumidas da seguinte forma: Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 46 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância • Reduzir a Incerteza: O tableau de bord oferece uma melhor percepção da realidade, contribuindo para reduzir a incerteza que inviabiliza a tomada de decisão. • Estabilizar a Informação: A empresa é dinâmica e a informação é instável por natureza. Estabilizar e filtrar a informação e apenas apresentar o essencial é indispensável para quem toma as decisões. • Contribuir para um Melhor Controlo dos Riscos: Para cada decisão, está associado um risco. Com um tableau de bord, cada responsável em situação de decisão dispõe de uma visão estruturada do seu espaço de acção, conforme as opções de desenvolvimento escolhidas. • Facilitar a Comunicação: Quando o tableau de bord é utilizado por um grupo de trabalho, desempenha também um papel de referencial comum na percepção unificada da situação. • Dinamizar aReflexão: O tableau de bord não se destina somente a gerir alertas. Propõe também ferramentas eficazes de análise, para estudar situações e sugere elementos de reflexão. • 2. Enumere e explique os passos que devem ser seguidos na concepção do tableaux de bord. R: A resposta deve indicar os dois passos que são seguidos na concepção do tableaux de bord nomeadamente: 1. A Selecção dos Objectivos: Nesta primeira etapa, é necessário seleccionar os objectivos a atingir nas mais diversas áreas da empresa. No processo de identificação e selecção dos objectivos, procura-se, em cada centro de responsabilidade, definir as zonas de resultado, nas quais é fundamental, ou vital, que o centro de responsabilidade obtenha bons resultados nesse período. 2. A Selecção dos indicadores: definidos os objectivos, dever-se-á então proceder à selecção dos indicadores para cada um dos objectivos. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 47 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância 3. Discuta a relevância do balanced score card no processo do planeamento e controlo de gestão. R: Espera se uma resposta explicativa a volta das seguintes funções do BSC • Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia da organização • Comunicar e associar objectivos e medidas estratégicas • Planear, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas • Melhorar o feedback e o aprendizado 1. Faça uma comparação detalhada entre o balanced score card e o tableaux de bord. R: A resposta comparativa deve indicar semelhanças e diferenças entre estes dois instrumentos. As semelhanças são: ω Ambos são instrumentos de medição de performance ω Apresentam linguagem variada do nível financeiro e não financeiro ω Estão relacionados com objectivos e meios de acção ou factores críticos dos gestores, procurando traduzi-los em indicadores de desempenho. ω Procuram produzir informação sintetizada. ω Visam promover a comunicação, na medida em que a escolha dos indicadores é feita à luz e imagem das responsabilidades dos meios de acção de cada gestor ou colaborador. As diferenças podem ser resumidas da seguinte forma: O Tableaux de Bord é demasiadamente operacional, enquanto o Balanced Score card é um produto estratégico O tableaux de Bord foi criado na França, por engenheiros que procuraram monitorizar elementos críticos na área técnico produtiva, enquanto o BSC foi lançado por professores de gestão de Harvard, por isso tem maior enfoque no estudo da divulgação de estratégias. O Tableaux de Bord tem sido prejudicado pelo facto de ter sido publicado num período de fraco desenvolvimento tecnológico enquanto o BSC foi sempre associado a tecnologias avançadas. Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 48 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância No Tableaux de Bord os objectivos são definidos de forma livre pelos gestores, enquanto no BSC os objectivos são logo enquadrados nas quatro perspectivas de análise. O Tableaux de Bord usa o conceito de variável chave (acção que será empreendida e que condiciona os resultados, enquanto o BSC utiliza o conceito de factor crítico (elemento que condiciona a realização dos objectivos). A definição dos indicadores no Tableaux de Bord apresenta se mais rica e abrangente, enquanto que no BSC apenas se distinguem os indicadores de resultado (lead) e indicadores de processo (lag indicators). Enquanto no Tableaux de Bord se parte se da definição dos objectivos e dos planos de acção para, daí, se definir os indicadores de desempenho, no BSC estabelecem-se os objectivos face à estratégia, definem se os factores críticos para, a partir daí, se identificarem os planos de acção. Exercícios - Unidade temática 3 1. Enumere e explique os passos que devem ser seguidos na elaboração dum orçamento. 2. A orçamentação é tarefa exclusiva de contabilistas e financeiros. Concorda com esta afirmação? Argumente a sua resposta. R: A resposta tem que ser negativa, com o argumento de que a melhor forma de orçamentação é quando é feita com envolvimento dos financeiros assim como aqueles que vão participar na execução. A resposta também deve enfatizar que um orçamento elaborado apenas por financeiros e contabilistas pode ter muitas lacunas na medida em que aqueles que implementam actividades podem conhecer melhor as estimativas de preços. 3. Explique a importância do controlo orçamental R: O controlo orçamental obriga o gestor a estabelecer objectivos atingíveis e a escolher planos de acção exequíveis, o que envolve diagnósticos mais aprofundados Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 49 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância sobre as oportunidades e ameaças, os pontos fortes e fracos, isto é a conhecer melhor o meio em que se move a sua empresa, o seu departamento etc. Obriga o gestor a um acompanhamento da sua actividade, comparando, permanente ou periodicamente, as realizações das metas previstas. Este acompanhamento permite diagnosticar em que medida as previsões foram optimistas (pessimistas) ou as realizações estão aquém (além) das expectativas e porquê. Obriga o gestor a conceber acções correctivas, isto é, a recorrer a planos contingenciais com novas ideias, novos métodos e recursos alternativos. 4. Explique os passos que devem ser seguidos na análise orçamental. R: A resposta desta pergunta deve ser explicativa em relação aos três passos importantes na análise orçamental, que são o cálculo da diferença entre o orçamento e o valor real de gastos por cada rubrica, a divisão de cada diferença pelo valor orçado e a transformação para forma percentual, que facilita a análise comparativa dos desvios. 5. Faça uma análise do orçamento em anexo, indicando os principais desvios que merecem a atenção do gestor e dê recomendações específicas sobre como melhorar o processo orçamental nesta organização. ORGANIZAÇÃO XYZ Orçament de 2005 Despesas 2005 Variação % Notas Descrição USD USD 1. CUSTOS COM PESSOAL A B C=B‐A #VALUE! 1.1 Secretário Executivo 22.800 40.000 17.200 75% A 1.2 Contabilista 9.000 15.000 6.000 67% A 1.3 Oficial de Advocacia e Lobby (50%) 0 10.000 10.000 #DIV/0! B SUBTOTAL CUSTOS COM PESSOAL 31.800 65.000 33.200 104% A 2. CONSULTORIAS #VALUE! #VALUE! Gestão de Empresas – Planeamento e Controlo de Gestão – Semestre 5 50 Escola Superior Aberta /A Politécnica – Ensino a Distância 2.1 Capacitação em função das necessidades 8.000 18.000 10.000 125% A 2.2 Desenho e aquisição de sistema Contabilidade e R.H 12.840 2.000 ‐10.840 ‐84% C 2.3 Desenho e aquisição de sistema de Monitoria e Avaliação 7.000 3.000 ‐4.000 ‐57% 2.4 Mapeamento de Competência das organizações similares 8.000 500 ‐7.500 ‐94% C SUBTOTAL CONSULTORIAS 35.840 23.500 ‐12.340 ‐34% 3. FORMAÇOES E CAPACITAÇOES #VALUE! #VALUE! 3.1 Formação em PS (conceitos, legislação e sistemas) 5.650 ‐ #VALUE! #VALUE! 3.2 Monitoria e Advocacia de Políticas, integração de género e direitos humanos e planificação conjunta 8.000 500 ‐7.500 ‐94% C 3.3 Evento na Semana de comparação do dia mundial 4.000 200 ‐3.800 ‐95% C 3.4 Formação na Região Norte, Centro e Sul s/PS 24.000 5.000 ‐19.000 ‐79% C SUBTOTAL FORMAÇOES E CAPACITAÇOES 41.650 5.700 ‐35.950 ‐86% C 4. EQUIPAMENTOS #VALUE! #VALUE! 4.1 Computadores Desktop 1.500 20.000 18.500 1233% A 4.2 Impressora 500 ‐ #VALUE! #VALUE! 4.3 Máquina de Filmar 500 2.000 1.500 300% A 4.4 Data Show 1.000 1.500 500 50% 4.5 Máquina Fotográfica 320 50.000 49.680 15525% A 4.6 Secretárias (Mesas e Cadeiras)
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