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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLARA TEREZA MACHADO SCHRAMM RELATÓRIO DE VIVÊNCIA ITAJAÍ 2022 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 3 RELATÓRIO DE VIVÊNCIA 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 6 REFERÊNCIAS 7 INTRODUÇÃO As visitas de observação dos estágios é uma prática que que tem por objetivo fazer com que o acadêmico compreenda a realidade de atuação do fonoaudiólogo, nesse caso, no contexto clínico, examinando a relação terapeuta-paciente, os protocolos aplicados, conduta fonoaudiológica, postura profissional, entre outras questões. Assim, esse relato caracteriza-se por ser do tipo observacional, realizado no Serviço de Atendimento Clínico em Fonoaudiologia (CLIFO), sendo esse, uma clínica escola do Curso de Fonoaudiologia na Universidade do Vale do Itajaí. As informações foram obtidas pela professora responsável pelo estágio na área de linguagem na clínica escola, acima citada, coletadas a partir de avaliações fonoaudiológicas e complementares. A fim de preservar a identidade dos pacientes, no decorrer do trabalho foi-lhe atribuídos a inicial do nome para identificá-los (L. e H., respectivamente). RELATÓRIO DE VIVÊNCIA O presente relatório tem como objetivo relatar as visitas feitas no CLIFO, que ocorreram no mês de maio de 2022, a fim de ampliar os conceitos apresentados na disciplina de Introdução à Fonoaudiologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Inicialmente, o sujeito observado é do sexo masculino, com 58 anos de idade. A respeito de seu histórico clínico, o paciente sofreu um acidente vascular encefálico (AVE) no ano de 2013, em razão disso, seu L. apresenta acometimento motor no lado direito do corpo, bem como afasia, comprometimento na compreensão e formulação da linguagem oral e escrita. Durante a sessão fonoterápica observada em maio de 2022 na clínica escola, a estagiária e estudante de fonoaudiologia aplicou testes da Bateria Montreal-Toulouse de Avaliação da Linguagem (Bateria MTL-BR), protocolo originalmente estrangeiro, desenvolvido com o intuito de diagnosticar o quadro de afasia, altamente prevalente após lesão cerebral. Os testes observados no dia foram atividades de compreensão oral e escrita (avaliado a partir da leitura de frases e sequente identificação do cenário descrito); repetição; nomeação (na avaliação expuseram ao seu L. uma ilustração repleta de ferramentas, o sujeito nomeou adequadamente alguns dos objetos, contudo quando solicitado que dissesse o que o conjunto representava, respondeu "pedreiro" ao invés de ferramentas, sinalizando anomia, típica alteração pós-acidente encefálico); e escrita (avaliado sob ditado). Perceptível uso de frases curtas para comunicação, bem como, fala lentificada devido falha no acesso lexical. A sessão acima citada caracteriza-se por ser uma terapia fonoaudiológica reabilitacional, no campo da saúde, mais especificamente na área de linguagem. Acrescenta-se uma segunda observação no “espelho espião” do CLIFO (Serviço de Atendimento Clínico em Fonoaudiologia), uma criança de 4 anos de idade, do sexo masculino, diagnosticada pelo neuropediatra com Transtorno de Espectro Autista (TEA). O H. já faz acompanhamento no serviço citado acima a um ano, apresenta transtorno de linguagem associado ao TEA, devido seu diagnóstico, porém, pelo fato do “autismo” ser um distúrbio neurológico, caracterizado pelo comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal com episódios frequentes de comportamentos restritivos e repetitivos e com dificuldade de coordenação motora; e o sujeito não apresentar tais implicações, além do atraso na linguagem, levanta-se a hipótese diagnóstica de inexistência do transtorno, sendo um quadro de aquisição tardia dos níveis linguísticos. A sessão acompanhada por observação, iniciou-se com atividade dialógica entre a criança e a estagiária, por meio da pintura de ilustrações; sequentemente foi proposto a “leitura” de histórias infantis, a fim de estimular a construção de narrativa do paciente, bem como incentivar a linguagem oral do mesmo; por fim, a brincadeira simbólica inserida na terapia fonoaudiológica foi a de mercadinho, desenvolvendo a habilidade de nomeação das frutas, durante a atividade lúdica ficou claro a desenvoltura social do H., já que a criança interagiu bastante com a estagiária, alternando as ações com a mesma. Durante a observação ficou claro que o paciente “come” as sílabas iniciais das palavras, bem como, ocasionalmente apresenta falas ininteligíveis. É importante ressaltar a excelente relação paciente-terapeuta entre os indivíduos citados. Dessa forma, a sessão assistida é uma terapia habilitacional de linguagem oral, no campo da saúde, especificamente na área de linguagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS A observação dos estágios na clínica escola possibilita com que o acadêmico entre em contato com a prática clínica, no meu caso, na área da linguagem, facilitando a compreensão do que está sendo apresentado nas aulas de Introdução à Fonoaudiologia. Tal prática apresentou grande importância pessoal, já que eu tinha uma visão sólida da fonoaudiologia com infantes, contudo ao acompanhar a terapia do seu L., fiquei encantada com a atuação profissional com adultos, não esperava gostar tanto assim do trabalho com essa faixa etária, devido minha paixão pelos indivíduos em seus primeiros anos de vida. A experiência de ver o paciente se esforçando para recuperar os aspectos de linguagem afetados pelo AVE, foi incrível, sem falar do carisma do seu L., um senhor que contagia quem está ao seu redor. Já acompanhando a sessão do H., tive ainda mais a certeza do quanto o lúdico e a relação paciente-terapeuta são importantes na evolução do desenvolvimento da linguagem, toda a terapia deu-se de forma leve e dinâmica, foi muito gostoso de observar. Pensando na minha vez de estagiar, tenho receio de não compreender o que é falado pela criança, não estabelecendo comunicação com a mesma. Por fim, vale ressaltar a importância da observação dos estágios clínicos durante a iniciação acadêmica, a fim de relacionar a atuação fonoaudiológica teórica com a prática. REFERÊNCIAS Conselho Federal de Fonoaudiologia – Conselho Federal de Fonoaudiologia – CFFA. Disponível em: <https://www.fonoaudiologia.org.br/>. Acesso em 26/05/2022. Kunst, Letícia Regina et al. Eficácia da fonoterapia em um caso de afasia expressiva decorrente de acidente vascular encefálico. Revista CEFAC [online]. 2013, v. 15, n. 6 [Acessado 26 Maio 2022] , pp. 1712-1717. 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