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ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: CONTRIBUIÇÕES NO TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS Felipe Tadeu Carvalho Santos Divisão de Assistência Farmacêutica/SMS TÓPICOS 1- CONTEXTUALIZAÇÃO Necessidades de saúde da população Morbimortalidade relacionada a medicamentos Respostas do sistema de saúde 2- ASPECTOS FARMACOTERAPÊUTICOS Tratamento do diabetes mellitus Classificação dos medicamentos antidiabéticos Medicamentos disponíveis no SUS 3- CUIDADO FARMACÊUTICO Dimensões da atuação do farmacêutico Atuação clínica do farmacêutico Acompanhamento farmacoterapêutico 1. CONTEXTUALIZAÇÃO NECESSIDADES DE SAÚDE DA POPULAÇÃO Alterações no perfil demográfico Tripla carga de doenças Estilo de vida pouco saudáveis Alterações no padrão de morbimortalidade TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA E EPIDEMIOLÓGICA Aumento da expectativa de vida Diminuição da taxa de natalidade Recrudescimento de algumas doenças infecto contagiosas Índices consideráveis de morte por causas externas Aumento expressivo e predominância das DCNT 1. CONTEXTUALIZAÇÃO A análise de carga de doenças no país mostra que o somatório das doenças crônicas e das condições maternas e perinatais representam 75% da carga global de doenças no país, enquanto as condições agudas representadas pelas doenças infecciosas e parasitárias, causas externas e nutricionais somam 25%. As DCNT são consideradas um dos problemas globais mais desafiadores na saúde pública, estando entre as principais causas de mortes no mundo. No Brasil, foram responsáveis por cerca de 56,9% das mortes no ano de 2017, na faixa etária de 30 a 69 anos. De acordo com a OMS, a grande maioria das mortes por DCNT são ocasionadas por um pequeno conjunto de fatores de risco, dentre os quais destacam-se o tabagismo, o consumo alimentar inadequado, a inatividade física e o consumo excessivo de bebida alcoólica. NECESSIDADES DE SAÚDE DA POPULAÇÃO 1. CONTEXTUALIZAÇÃO No mundo são 415 milhões de diabéticos (8,8%) 16,8 milhões estão no Brasil (5º lugar no ranking mundial) Em 1995 eram 4,9 milhões e em 2035 estima-se 19,2 milhões • O DM é uma das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) mais prevalente no mundo. • Corresponde a um conjunto de distúrbios metabólicos de etiologia múltipla, caracterizado por hiperglicemia crônica resultante das alterações na produção, na secreção e/ou no mecanismo de ação da insulina. O DM é uma das principais causas de óbito, insuficiência renal que evolui para diálise ou transplante, amputações de membros inferiores, doenças coronarianas, entre outras. NECESSIDADES DE SAÚDE DA POPULAÇÃO 1. CONTEXTUALIZAÇÃO Aumento da população adulta e idosa Aumento das DCNT MORBIMORTALIDADE RELACIONADA A MEDICAMENTOS Tendência ao aumento de consumo de medicamentos A utilização inadequada, irracional e abusiva de medicamentos tornou-se um importante problema de saúde pública. Dados da OMS destacam a morbimortalidade relacionada aos medicamentos (MMRM) como um dos principais pontos a serem enfrentados. A MMRM está relacionada a: • Medicamentos desnecessários; • Inefetividade terapêutica; • Falta de adesão ao tratamento; • Intoxicações medicamentosas; • Reações adversas; • Interações medicamentosas. A MMRM gera: • Procura por serviços saúde; • Aumento de internações; • Desperdício de recursos; • Maiores custos; • Aumento dos danos à saúde; • Piora da qualidade de vida. 1. CONTEXTUALIZAÇÃO RESPOSTAS DO SISTEMA DE SAÚDE A crise contemporânea dos sistemas de atenção à saúde reflete o desencontro de um perfil epidemiológico dominante de condições crônicas em meio a uma estrutura assistencial com foco a responder aos eventos agudos e de caráter curativo. NECESSIDADES DE SAÚDE X ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS • Transição demográfica acelerada • Tripla carga de doenças • Predominância das condições crônicas • Sistema fragmentado • Episódico e reativo • Voltado principalmente para condições agudas e agudizações das condições crônicas Dentre os desafios atuais do SUS ressalta-se a transição de um modelo de atendimento agudo para um modelo baseado na saúde intersetorial, com promoção e integração dos serviços de saúde. 1. CONTEXTUALIZAÇÃO MODELO DE ATENÇÃO DE ACORDO COM AS NECESSIDADES DE SAÚDE Fonte: Mendes, 2011 EXEMPLO: CONDIÇÕES CRÔNICAS Organização Sistêmica Organização de Serviços Práticas Profissionais Cuidado em Saúde Fonte: Programa de Estudos em Sistemas de Saúde/NEEP/Unicamp DIMENSÕES DA GESTÃO DO CUIDADO RESPOSTAS DO SISTEMA DE SAÚDE 1. CONTEXTUALIZAÇÃO • Pode-se afirmar que o modelo tradicional centrado na doença para acompanhamento dos pacientes com comorbidades crônicas, inclusive com DM, não é adequado, necessitando de novas estratégias e abordagens, que considerem: Abordagem integral do processo saúde/doença; Determinantes e condicionantes sociais da saúde; Saberes e tecnologias de vários campos do conhecimento; Participação integrada de diferentes profissionais; Usuário como sujeito social. Entre as políticas públicas setoriais e transversais aos Sistemas de Saúde, as Políticas Farmacêuticas são consideradas relevantes na contribuição do processo de coordenação de cuidados e integração clínica, assim como na integralidade da assistência em saúde. RESPOSTAS DO SISTEMA DE SAÚDE 1. CONTEXTUALIZAÇÃO 2. ASPECTOS FARMACOTERAPÊUTICOS TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS • A assistência ao usuário com DM deve ser direcionada para o controle glicêmico, o tratamento das comorbidades, a pesquisa e/ou o tratamento das complicações da enfermidade. • O cuidado ao paciente com DM transcende o descontrole glicêmico característico da enfermidade, mas tem como objetivo também reduzir as complicações micro e macrovasculares, bem como suas manifestações agudas. • O tratamento envolve medidas não farmacológicas (mudanças no estilo de vida – educação em saúde, alimentação e atividade física) e medidas farmacológicas. • No DM1 trabalha-se a tríade: insulina, monitorização e educação (alimentação, atividade física e educação aos usuários e famílias). • Foco na autonomia e qualidade de vida do usuário. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO • Inclui educação em saúde, modificações nos hábitos de vida (alimentação e atividade física), redução de peso e diminuição ou abandono de alguns vícios prejudiciais à saúde, como fumo e álcool. • Tem como finalidade retardar a implantação da doença e, quando diagnosticada, evitar ou adiar o tratamento farmacológico ou evitar o aumento do número de medicamentos necessários para o controle da enfermidade. TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS • A mudança dos hábitos de vida pode prevenir ou retardar o desenvolvimento de complicações e requer o envolvimento da equipe interdisciplinar. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO • DM1 – envolve o uso de insulina em esquemas que mimetizem a secreção fisiológica normal do hormônio. • DM2 – a escolha do medicamento baseia-se nos seguintes aspectos: Mecanismos de resistência à insulina (RI); Falência progressiva da célula beta; Múltiplos transtornos metabólicos (disglicemia, dislipidemia e inflamação vascular); Repercussões micro e macrovasculares que acompanham a história natural. • Deve ser baseado em estratégias para solucionar as alterações fisiológicas presentes em cada indivíduo, portanto é individualizado. Considerar também as medidas não farmacológicas. No caso do DM2 o tratamento é heterogêneo. No início, a maioria apresenta resistência à insulina, o que requer o uso de medicamentos sensibilizadores da ação desse hormônio. Com a evolução, pode ocorrer redução da produção da insulina, requerindo reposição indireta da mesma (secretagogos de insulina)e/ou direta (insulina). TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS DM1 Insulinoterapia é inserida imediatamente após o diagnóstico da enfermidade e deve estar associada às medidas não farmacológicas. Devido à natureza progressiva do DM2, a insulinoterapia é indicada quando houver falha no controle glicêmico com o tratamento farmacológico por meio de hipoglicemiantes orais. CLASSIFICAÇÃO NOME INÍCIO DA AÇÃO Bolus Basal Ultrarrápida Rápida Regular < 15 min < 15 min < 15 min Aspart Glulisina Lispro 30-60 min Intermediária NPH 2-4 horas Longa duração 2 horas 2 horas 2 horas Detemir Glargina Degludec SUS SUS SUS SUS INCORPORADAS PELA CONITEC AS INSULINAS DE LONGA AÇÃO NO COMPONENTE ESPECIALIZADO, PORÉM AINDA NÃO ESTÃO DISPONIBILIZADA NAS FARMÁCIAS ESTADUAIS. TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS Na literatura existem divergências nas recomendações de tratamento farmacológico do DM2. Entretanto, existe consenso da metformina como fármaco de escolha para o início do tratamento, pois apresenta custo-efetividade adequada, principalmente na redução de complicações micro e macrovasculares do DM, com reduzido risco de ocorrência de hipoglicemia quando utilizada em monoterapia. Assim, em situações em que for necessária terapia combinada, deverão ser associados antidiabéticos com ações que atendam às necessidades específicas de cada paciente, o que na maioria das vezes envolverá a metformina associada a um ou mais antidiabéticos orais e/ou insulina. Monoterapia Metformina Etapa 1 Terapia dupla Metformina + 1 medicamento Etapa 2 Terapia tripla Metformina + 2 medicamentos Etapa 3 DM2 DM2 TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS ANTIDIABÉTICOS • DE ACORDO COM O MECANISMO DE AÇÃO PRINCIPAL • Sulfoniuréias •Glinidas Incrementam a secreção pancreática de insulina • Inibidores das alfaglicosidases Reduzem a velocidade de absorção de glicídios •Biguanidas Diminuem a produção hepática de glicose •Glitazonas Aumentam a utilização periférica da glicose • Incretinomiméticos •Gliptinas Exercem efeito incretínico mediado por hormônios (GLP-1 e GIP) • Inibidores de SGLT2 Inibem o contratransporte de sódio/glicose 2 nos túbulos proximais dos rins Ex: gliclazida, glibenclamida, glipizida, glimepirida, clorpropamida Ex: repaglinida, nateglinida Ex: acarbose Ex: metformina Ex: rosiglitazona, pioglitazona Ex: liraglutida, exenatida, lixisenatida, dulaglutida, semaglutida Ex: sitagliptina, vildagliptina, saxagliptina, linagliptina, alogliptina Ex: canagliflozina, empagliflozina, dapagliflozina 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS • Sulfoniluréias •Glinidas Incrementam a secreção pancreática de insulina • Inibidores das alfaglicosidases Reduzem a velocidade de absorção de glicídios •Biguanidas Diminuem a produção hepática de glicose •Glitazonas Aumentam a utilização periférica da glicose • Incretinomiméticos •Gliptinas Exercem efeito incretínico mediado por hormônios (GLP-1 e GIP) • Inibidores de SGLT2 Inibem o contratransporte de sódio/glicose 2 nos túbulos proximais dos rins AUMENTAM A SECREÇÃO DE INSULINA (SECRETAGOGOS) AUMENTAM A SECREÇÃO DE INSULINA DEPENDENTE DE GLICOSE E DIMINUEM A SECREÇÃO DE GLUCAGON NÃO AUMENTAM A SECREÇÃO DE INSULINA (ANTI-HIPERGLICEMIANTES) PROMOVEM A GLICOSÚRIA • DE ACORDO COM O MECANISMO DE AÇÃO PRINCIPAL CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS ANTIDIABÉTICOS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS MEDICAMENTOS DISPONÍVEIS NO SUS 1. INSULINAS • A dose diária de insulina depende de inúmeros fatores, como: idade, peso corporal, tempo de diagnóstico do DM, estado do local de aplicação de insulina e ingestão de alimentos, do automonitoramento e dos valores de hemoglobina glicada, da rotina diária, da prática e da intensidade da atividade física, dentre outros. • De modo geral, a dose de insulina pode variar de 0,5 a 2,0 U/kg/dia, sendo recomendados a quantidade de insulina basal diária (40% a 60% da dose total) e o restante em bolus correção (quantidade de insulina rápida ou análogo ultrarrápido para alcançar a meta terapêutica desejada) e bolus refeição (quantidade de insulina necessária para metabolizar versus gramas de carboidratos). 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS Fonte: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Diabete Melito Tipo 1 Quadro: Farmacocinética das insulinas disponíveis no SUS AÇÃO INTERMEDIÁRIA AÇÃO RÁPIDA AÇÃO ULTRA RÁPIDA DISPONÍVEIS NAS FARMÁCIAS DA REDE BÁSICA DISPONÍVEIS NAS FARMÁCIAS DO COMPONENTE ESPECIALIZADO MEDICAMENTOS DISPONÍVEIS NO SUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS • Os locais recomedados para aplicação são braços, abdomêm, coxas e nádegas. A velocidade de absorção varia conforme o local de aplicação, sendo mais rápida no abdômen, intermediária nos braços e mais lenta nas coxas e nádegas. • É importante manter a prática do rodízio desses locais, para prevenir a lipohipertrofia, caracterizada por lesões fibrosas e pobremente vascularizadas. • O principal efeito adverso ao uso da insulina é a hipoglicemia, principalmente noturna e grave. Portanto, a orientação do paciente, cuidadores e familiares sobre os sintomas e o manejo é imprescindível. Fonte: Ministério da Saúde, 2020 MEDICAMENTOS DISPONÍVEIS NO SUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS 2. ANTIDIABÉTICOS ORAIS CLASSE MEDICAMENTO EFETIVIDADE DISPONIBILIDADE NO SUS Biguanidas METFORMINA Glicemia jejum: Redução 60-70 mg/dL HbA1c: redução 1,5-2,0% Farmácias da rede básica Farmácias Dose Certa Programa Aqui Tem Farmácia Popular Sulfoniulréias 1 GLICLAZIDA 2 GLIBENCLAMIDA Glicemia jejum: Redução 60-70 mg/dL HbA1c: redução 1,5-2,0% Farmácias da rede básica (somente 1) Farmácias Dose Certa (somente 2) Programa Aqui Tem Farmácia Popular (somente 2) Inibidores de SGLT2 DAPAGLIFOZINA Glicemia jejum: Redução 60-70 mg/dL HbA1c: redução 1,5-2,0% Farmácias estaduais do Componente Especializado MEDICAMENTOS DISPONÍVEIS NO SUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS • AÇÃO: reduz a liberação hepática de glicose e aumentar sua captação nos tecidos periféricos diminuindo a glicemia. • USO: recomenda-se iniciar o tratamento com doses baixas (500mg ou 850mg), durante ou após as refeições (café da manhã e/ou jantar), para prevenir possíveis desconfortos gastrointestinais. No caso de falha do objetivo terapêutico é possível associar outros hipoglicemiantes. • CONTRAINDICAÇÃO: É um medicamento seguro e bem tolerado, contudo, é contraindicado em pacientes com insuficiência renal ou em situações que aumentem o nível de lactato como na insuficiência hepática descompensada, sepse, hipotensão. Evitar uso em idosos acima de 80 anos. 2.1 Metformina MEDICAMENTOS DISPONÍVEIS NO SUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS 2.2 Gliclazida e glibenclamida • AÇÃO: estimulam a secreção de insulina das células beta do pâncreas e possuem eficácia similares, porém, a gliclazida de liberação prolongada está associada a uma menor taxa de hipoglicemia. • USO: uso em jejum ou antes das refeições. A glicazida de liberação prolongada deve iniciar com a dose de 30 mg, sendo a dose máxima diária sugerida de 120 mg. Já a glibenclamida inicia-se com a dose de 5 mg, não ultrapassando a dose máxima diária de 20 mg. O tratamento com geralmente indicadas como associação a outros hipoglicemiantes, em especial a metformina, quando for necessária a intensificaçãoterapêutica para controle glicêmico. • CONTRAINDICAÇÃO: São bem tolerados, contudo, contraindicados em pacientes com disfunção renal ou hepática graves. MEDICAMENTOS DISPONÍVEIS NO SUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS 2.3 Dapaglifozina • AÇÃO: age diminuindo a reabsorção renal de glicose, aumentando a excreção urinária, favorecendo a redução da glicemia independentemente da secreção endógena ou da ação da insulina. • USO: recomenda-se o início do tratamento com a dose de 10 mg uma vez ao dia. O uso é recomendado para pacientes com DM2, com idade igual ou superior a 65 anos e doença cardiovascular estabelecida, que não conseguiram controle adequado em tratamento otimizado com metformina e sulfonilureia. Está indicada em associação à metformina e/ou a outros antidiabéticos. • CONTRAINDICAÇÃO: Não é indicado para pacientes com taxa de filtração glomerular (TFG) < 45 mL/min/1,73m. MEDICAMENTOS DISPONÍVEIS NO SUS 2. CONTRIBUIÇÕES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO DIABETES MELLITUS 3. CUIDADO FARMACÊUTICO 3. CUIDADO FARMACÊUTICO DIMENSÕES DA ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO Atividades clínico assistenciais Atividades técnico pedagógicas Atividades técnico gerenciais Paciente Medicamento Equipe & Comunidade Farmacêutico DIMENSÕES DA ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO 3. CUIDADO FARMACÊUTICO ATIVIDADES TÉCNICO GERENCIAIS ATIVIDADES CLÍNICO ASSISTENCIAIS ATIVIDADES TÉCNICO PEDAGÓGICAS Contempla a oferta de serviços clínicos farmacêuticos, centrados no usuário, voltados para a prevenção, identificação e resolução de problemas relacionados à farmacoterapia, que podem se dá através das consultas farmacêuticas, com vistas ao alcance de melhores resultados em saúde. Contempla atividades voltadas para usuários e profissionais de saúde, de forma individual ou coletiva, relacionadas à promoção do uso racional de medicamentos, a partir das ações de educação em saúde e na lógica do matriciamento. - Revisão da farmacoterapia - Reconciliação medicamentosa - Monitorização terapêutica de medicamentos - Rastreamento em saúde - Acompanhamento farmacoterapêutico - Dentre outras - Orientações individuais - Grupos educativos - Atendimentos compartilhados - Reuniões de discussão de caso - Atividades de educação permanente - Dentre outras Relacionadas à cadeia logística de abastecimento farmacêutico, envolve atividades administrativas e gerenciais, com vistas a disponibilidade e o acesso a medicamentos pela população de acordo com as necessidades de saúde da mesma. - Seleção de medicamentos - Programação de medicamentos - Aquisição de medicamentos - Armazenamento de medicamentos - Distribuição de medicamentos DIMENSÕES DA ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO CUIDADO FARMACÊUTICO • Ações e serviços realizados pelo farmacêutico • Atuação integrada com a equipe de saúde • Contempla atividades clínico assistenciais e técnico pedagógicas • Direcionado para os indivíduos, as famílias e as comunidades • Busca o alcance de melhores resultados terapêuticos e em saúde • Visa a melhoria da qualidade de vida das pessoas 3. CUIDADO FARMACÊUTICO DIMENSÕES DA ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO PORTARIA SMS.G Nº 1.918/2016 INSTITUI O CUIDADO FARMACÊUTICO NO ÂMBITO DA REDE BÁSICA DE ESPECIALIDADES. 3. CUIDADO FARMACÊUTICO ATUAÇÃO CLÍNICA DO FARMACÊUTICO PRODUÇÃO DE FARMACÊUTICOS DA REDE BÁSICA E DE ESPECIALIDADES DA SMS SP 2020 2021 Total Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Acolhimento/ Escuta inicial 43.015 4.350 4.128 3.032 2.228 3.230 3.225 2.707 65.915 Consultas 47.637 5.388 7.403 5.578 2.668 4.894 5.901 5.385 84.854 Teleatendimentos 17.785 3.325 3.135 5.097 5.762 3.982 4.497 3.036 46.619 Visita domiciliar 5.352 564 949 595 11.524 534 585 608 20.711 Fonte: CEInfo – Adaptação por subgrupo REVISÃO DA FARMACOTERAPIA RECONCILIAÇÃO MEDICAMENTOSA MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA DE MEDICAMENTOS RASTREAMENTO EM SAÚDE ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO 3. CUIDADO FARMACÊUTICO ATUAÇÃO CLÍNICA DO FARMACÊUTICO 3. CUIDADO FARMACÊUTICO • O farmacêutico deverá realizar a análise farmacoterapêutica da prescrição, observando a presença de contraindicações, interações medicamentosas potenciais relevantes, histórico do paciente de reações adversas e avaliação do regime posológico prescrito conforme características do usuário, considerando sua condição clínica e o tratamento farmacológico. ANTIDIABÉTICOS ORAIS DISPONÍVEIS NO SUS POSOLOGIA USUAL CONTRAINDICAÇÕES CUIDADOS Metformina 500 a 2.550 mg/dia, divididos nas principais refeições do dia - Acidose metabólica - Cetoacidose diabética - Creatinina > 1,4 mg/dL em mulheres - Creatinina > 1,5 mg/dL em homens - Uso de contrastes contendo iodo - Hipersensibilidade à metformina -> Usuários com declínio da função renal: evitar uso. -> Usuários com declínio da função hepática: evitar uso. -> Idosos: evitar uso em usuários com mais de 80 anos. Gliclazida Glibenclamida 30 a 120 mg – 1 a 2 vezes ao dia 5 a 20 mg – 1 a 2 vezes ao dia - Cetoacidose diabética - Não recomendado para DM1 - Hipersensibilidade às sulfoniulreias -> Usuários com declínio da função renal: evitar uso. Se necessário, preferencialmente gliclazida. -> Usuários com declínio da função hepática: recomendada redução de dose. -> Idosos: preferencialmente gliclazida. Dapaglifozina 5 a 10 mg – 1 vez ao dia - Diálise - Doença renal em estágio avançado - Clearance de creatinina < 30 mL/min - Hipersensibilidade aos inibidores SGLT2 -> Usuários com declínio da função renal: evitar uso. -> Usuários com declínio da função hepática: não requer ajuste de dose. -> Idosos: cautela em usuários com mais de 75 anos. Fonte: Guidoni CM, Obreli-Neto PR, Pereira LRL. 2019 ATUAÇÃO CLÍNICA DO FARMACÊUTICO 3. CUIDADO FARMACÊUTICO • É importante o farmacêutico garantir também a orientação adequada do usuário, identificando as suas dúvidas e principais dificuldades quanto ao uso medicamentos. Destacam-se as orientações quanto a finalidade, como utilizar e efeitos possíveis dos antidiabéticos. ANTIDIABÉTICOS ORAIS DISPONÍVEIS NO SUS FINALIDADE COMO UTILIZAR EFEITOS POSSÍVEIS Metformina -Tratamento do DM -Redução da resistência à insulina -Prevenção de complicações micro e macrovasculares Durante ou após as refeições para reduzir efeitos gastrintestinais -> Positivos: redução da glicemia de jejum após 2 a 4 semanas e da HbA1c. -> Negativos: náusea, vômito, diarreia, desconforto gástrico, geralmente transitórios. Gliclazida Glibenclamida -Tratamento do DM -Estimulam a secreção da insulina -Prevenção de complicações microvasculares Antes das refeições. Não permanecer em jejum prolongado após utilizar o medicamento -> Positivo: redução da glicemia de jejum após 2 a 4 semanas e da HbA1c. -> Negativos: hipoglicemia e ganho de peso. Atenção à hipoglicemia! Dapaglifozina -Tratamento do DM -Inibição da reabsorção de glicose pelos rins -Prevenção de complicações microvasculares Preferencialmente antes da primeira refeição do dia -> Positivo: redução da glicemia de jejum após 2 a 4 semanas e da HbA1c. Redução do peso corporal. -> Negativos: Procurar profissional de saúde caso tenha dor suprapúbica, dor nos flancos, noctúria, disúria. Fonte: Guidoni CM, Obreli-Neto PR, Pereira LRL. 2019 ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO 3. CUIDADO FARMACÊUTICO • No acompanhamento farmacoterapêutico é fundamental monitoramento do uso dos medicamentos, avaliando a necessidade, a adesão, a efetividade e a segurança dos fármacos no controle do DM, com foco no alcance das metas terapêuticas propostas. OBJETIVOS DO TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS PARÂMETROS AMERICAN DIABETES ASSOCIATION(2016) SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (2015) Glicemia de jejum Glicemia pós prandial Hemoglobina glicada 80 a 130 mg/dL < 180 mg/dL < 7,0% 70 a 130 mg/dL Até 160 mg/dL < 7,0% Pressão arterial < 140 e < 90 mmHg < 140 e < 80 mmHg (<60 anos) < 150 e < 80 mmHg (maior/igual 60 anos) LDL HDL Triglicerídeos Redução 30-50% ou > 50% do valor basal > 40 mg/dL (homens) ou > 50 mg/dL (mulheres) < 150 mg/dL Redução 30-50% ou > 50% do valor basal > 40 mg/dL (homens) ou > 50 mg/dL (mulheres) < 150 mg/dL Fonte: Guidoni CM, Obreli-Neto PR, Pereira LRL. 2019 3. CUIDADO FARMACÊUTICO ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO • É importante a atuação do farmacêutico junto à equipe de saúde na execução de serviços de educação e prevenção em DM, além de acompanhamento farmacoterapêutico para os pacientes já diagnosticados com a doença. Necessidade Adesão Efetividade Segurança AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA 3. CUIDADO FARMACÊUTICO ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO Fonte: Serviços Farmacêuticos na Atenção Básica à Saúde (BRASIL, 2014) Figura: Método clínico da consulta farmacêutica ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO 3. CUIDADO FARMACÊUTICO Farmacoterapia atual Intervenções farmacêuticas • CONSULTA FARMACÊUTICA Avaliação da farmacoterapia Avaliação de adesão Estratégias de auxílio na autogestão da farmacoterapia Compartilhamento e discussão com a equipe Adesão ao tratamento Problemas de saúde e queixas Acesso aos medicamentos Problemas relacionados à farmacoterapia Perfil do paciente e história social ATUAÇÃO CLÍNICA DO FARMACÊUTICO 3. CUIDADO FARMACÊUTICO • Diversos estudos têm demostrado que a incorporação do farmacêutico como parte da equipe de cuidados primários tem resultado em melhorias nos indicadores de saúde, principalmente no que tange aos aspectos da gestão de doenças crônicas, da prevenção de erros associados aos medicamentos e na autogestão da farmacoterapia pelo paciente. • Estudos têm evidenciado ainda um impacto positivo de serviços clínicos farmacêuticos na: Melhoria de condições de saúde crônicas (ROTTA et al. 2015; DOLOVICH et al. 2008; SANTOS, SILVA TAVARES, 2018); Controle de fatores de risco cardiovasculares de pacientes (SABATER-HERNANDEZ et al. 2016); Redução de internações hospitalares (HAZEN et al. 2015); Melhor adesão ao tratamento (HATAH et al. 2014; BRASIL, 2014; MESSERLI et al. 2016); Redução do número de medicamentos utilizados pelos pacientes (SÁEZ-BENITO et al., 2013); Desenvolvimento da autonomia do paciente e a redução de riscos e custos associados aos medicamentos (DILKS et al. 2016). FONTES • Almeida NMM, Belfort IKP, Monteiro SCM, Pharmaceutical care to diabetes patients: a experience report, Revista Saúde (Santa Maria), Vol.43, n.3, set./dez. 2017. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Serviços Farmacêuticos na Atenção Básica à Saúde. Brasília, 2014 (Cuidado farmacêutico na Atenção Básica, caderno 1). 108 p. • CONASEMS. Instrumento de referência dos serviços farmacêuticos na Atenção Básica. 2021. 72 p. • Gouvea ECDP, Barros FCR, Neto PFV, Santos RO, Stopa SR, Tierling VL et al. Mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis. Bol Epidemiol [Internet]. 2019 set [27 set 2019]; 50(n. esp.): 99-101. • Hazen AC, Sloeserwij VM, Zwart DL, De Bont AA, Bouvy ML, De Gier JJ, Wit NJ, Leendertse AJ. Design of the POINT study: Pharmacotherapy Optimisation through Integration of a Non-dispensing pharmacist in a primary care Team (POINT). BMC family practice, v. 16, n. 1, p. 76, 2015. FONTES • Guidoni CM, Obreli-Neto PR, Pereira LRL. Cuidado Farmacêutico aos Pacientes com Diabetes Mellitus In. Lima Santos PCJ (org.), Lyra Jr DP. Vol. 3 - Cuidado Farmacêutico: Pacientes com Diabetes, Distúrbios da Tireoide, Anemias e Outras Doenças/ Farmácia Clínica & Atenção Farmacêutica), 1. ed. - Rio de Janeiro: Atheneu, 2019. 224p. • Mendes EV. As Redes de Atenção à Saúde. 2o Edição. Organização Pan-Americana da Saúde: Brasília, 2011. • Messerli M, Blozik E, Vriends N, Hersberger KE. Impact of a community pharmacist-led medication review on medicines use in patients on polypharmacy - a prospective randomised controlled trial. BMC Health Services Research. 2016;16 (1):1-16. • Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Diabete Melito Tipo 1. 2019. • Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Diabete Melito Tipo 2. 2020. • WHO – World Health Organization. Global status report in noncommunicable diseases 2014. Geneva, 2014. CONTATO • ftcsantos@prefeitura.sp.gov.br • Página da Divisão de Assistência Farmacêutica/SMS: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/assist_farmaceutica/ OBRIGADO! AGRADECIMENTOS: ALESSANDRA MORENO PALMA CAROLINA COUTO HERCULANO DE CASTRO JOSÉ RUBEN DE ALCÂNTARA BONFIM LAURA SATIKO YANO NAKANO RENATA RODRIGUEZ IMPARATO
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