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QUEZIA TCC FINAL PRONTINHO

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11
MEDICAMENTOS ANTIHIPERTENSIVOS E ANTIDIABÉTICOS:
POSSÍVEIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
MEDEIROS, Quézia dos Santos[footnoteRef:2] [2: Bacharel em Farmácia no centro universitário Campos de Andrade. Graduando pós Farmacologia e Interações medicamentosas. (Polo Uninter Carlos Gomes).
] 
BANASZESKI, Célio Luiz[footnoteRef:3] [3: Graduação em Farmácia e Bioquímica, Graduação em Oficial da PMPR, Especialização em Administração Hospitalar, Especialização em Técnica de Ensino, Especialização em Microbiologia Clínica, Especialização em Administração com Ênfase em Segurança Pública, Especialização em Política, Estratégia e Planejamento(ADESG), Especialização em Planejamento e Controle da Segurança Pública, Especialização Aperfeiçoamento de Oficiais - PMPR, Especialização em Polícia Judiciária Militar, Professor e Orientador de TCC/UNINTER.
] 
RESUMO
No Brasil, a Diabetes Mellitus (DM) e a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) constituem um grande problema em saúde pública, de alto custo social e de grande impacto no perfil de morbimortalidade da população, sendo a principal causa de mortalidade e de hospitalizações no Sistema Único de Saúde. Em relação ao tratamento dos usuários hipertensos e diabéticos, a interação medicamentosa é uma das variáveis que interfere na resposta terapêutica, principalmente nos casos em que o usuário é polimedicamentoso. Objetivou de forma geral identificar as interações medicamentosas dos anti-hipertensivos e antidiabéticos. A HAS é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e mantidos de Pressão Arterial (PA). O termo “diabetes mellitus” (DM) refere-se a um transtorno metabólico de etiologias heterogêneas, caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, resultantes de defeitos da secreção e/ou da ação da insulina. Define-se interações medicamentosas como a interferência de um fármaco na ação de outro ou de alimentos e nutrientes na ação de medicamentos. Neste contexto, tais interações podem ser benéficas ou indesejáveis, sendo que, interações prejudiciais podem acarretar o aumento dos efeitos adversos e até mesmo perda de eficácia do medicamento. O presente estudo teve como base uma revisão bibliográfica elaborada a partir de um material já estruturado, incluindo livros e artigos científicos. Trata-se de uma pesquisa dos principais trabalhos existentes, os quais fornecem dados atuais sobre a temática em questão. Concluiu-se que a atenção farmacêutica juntamente com a colaboração do cliente, é importante na investigação e mapeamento de interações medicamentosas, garantindo melhores resultados nos objetivos terapêuticos.
Palavras-chave: Hipertensão. Diabetes Mellitus. Interações Medicamentosas. Tratamento Medicamentoso.
1 INTRODUÇÃO
As doenças crônicas não transmissíveis, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), representam atualmente a principal causa de mortalidade no mundo (SILVA, 2006). No Brasil, a Diabetes Mellitus (DM) e a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) constituem um grande problema em saúde pública, de alto custo social e de grande impacto no perfil de morbimortalidade da população(BRASIL, 2004), sendo a principal causa de mortalidade e de hospitalizações no Sistema Único de Saúde (SUS) e representam, ainda, mais da metade do diagnóstico primário em pessoas com insuficiência renais crônicas submetidas à diálise (SCHMIDT et al, 2009; SCHMIDT et al., 2011; ROSA, 2008).
Em relação ao tratamento dos usuários hipertensos e diabéticos, a interação medicamentosa é uma das variáveis que interfere na resposta terapêutica, principalmente nos casos em que o usuário é polimedicamentoso.
Neste contexto, a interação medicamentosa pode ocasionar potencialização do efeito terapêutico, diminuição da eficácia, aparecimento de reações adversas com distintos níveis de gravidade, ou ainda, apresentar pequeno significado clínico (SECOLI, 2001).
	Desta forma, questiona-se: Quais as possíveis interações medicamentosas no tratamento medicamentoso de hipertensão e diabetes, segundo os referenciais bibliográficos?
	Este trabalho teve por objetivo geral; Identificar as interações medicamentosas dos anti-hipertensivos e antidiabéticos. De forma mais específica, buscou-se em conceituar Hipertensão e Diabetes Mellitus, analisar o tratamento medicamentoso da Hipertensão e da Diabetes Mellitus e identificar os principais medicamentos utilizados no tratamento e suas interações medicamentosas.
Para tanto, realizou-se uma revisão de literatura acerca desta temática, consultando as bases de dados Scielo, PubMed e Ministério da Saúde, utilizando-se como palavras-chave os termos: Hipertensão, Diabetes Mellitus, Interação Medicamentosa e Tratamento Medicamentoso.
A proposta organizativa deste estudo o divide em três capítulos. No primeiro, abordou-se o tema da Hipertensão e o seu tratamento farmacológico. No segundo, abordou-se a Diabetes Mellitus e o seu tratamento medicamentoso. No terceiro, analisaram-se as possíveis interações medicamentosas no tratamento anti-hipertensivo e antidiabéticos.
2 METODOLOGIA
A presente pesquisa apresenta delineamento bibliográfico. Gil (2008) define a pesquisa bibliográfica como aquela elaborada a partir de um material já estruturado, incluindo livros e artigos científicos, e possibilitando a abrangência de um número mais amplo de fenômenos do que seria possível na pesquisa direta. (GIL, 2008). Trata-se da análise dos principais trabalhos existentes, os quais fornecem dados atuais sobre a temática em questão (MARCONI; LAKATOS, 2003). 
Em se tratando de sua natureza, esta pesquisa classifica-se como exploratória, ou seja, estudo que visa desenvolver, esclarecer mudar conceitos, a fim de formular problemas precisos ou hipóteses passíveis de pesquisa para estudos futuros. Proporcionam uma visão geral sobre um fato. Incluem, em geral, levantamento bibliográfico e documental (GIL, 2008).
Para a realização da pesquisa foram consultadas as bases de dados eletrônicas, tais como: Scielo, PubMed, Ministério da Saúde, utilizando-se como palavras-chave os termos: Hipertensão, Diabetes Mellitus, Interações Medicamentosas e Tratamento Medicamentoso. Foram priorizados os estudos revisados por pares e aqueles publicados recentemente.
3 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS 
3.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA 
A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e mantidos de Pressão Arterial (PA) (COSTA; SILVA; CARVALHO, 2011), com valores iguais ou superiores a 140 x 90 mmHg. Com frequência, manifesta-se integrada às alterações funcionais e estruturais dos órgãos-alvo, como coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos; e às alterações metabólicas, com ampliação do risco de eventos cardiovasculares fatais ou não (BRASIL, 2013).
Tabela 1.Classificação da pressão arterial em adultos de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
	Classificação
	PAS (mmhg)
	PAD (mmHg)
	Normal
	≤ 120
	≤ 80
	Pré-hipertensão
	121-139
	81-89
	Hipertensão grau 1
	140 – 159
	90-99
	Hipertensão grau 2
	160-179
	100-109
	Hipertensão grau 3
	≥ 180
	≥ 110
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2017.
A prevalência da Hipertensão Arterial Sistêmica no Brasil é variável entre 22% e 44% para adultos; maior que 50% para indivíduos com idade entre 60 e 69 anos; atingindo 75% das pessoas acima de 70 anos. Esta doença crônica é causa direta de cardiopatia hipertensiva; e fator de risco para doença isquêmica cardíaca, cerebrovascular, vascular periférica e renal, as quais são decorrentes de aterosclerose e trombose. Está associada ainda à insuficiência cardíaca, à doença de Alzheimer e demência vascular. Trata-se, portanto, de uma doença com grande potencial para reduzir a expectativa e a qualidade de vida da população (BRASIL, 2013a).
A Hipertensão Arterial Sistêmica apresenta elevada prevalência e reduzidas taxas de controle, dado este bastante preocupante, na medida em que a mortalidade por doença cardiovascular é ampliada de forma progressivacom o aumento da Pressão Arterial, a partir de 115/75 mmHg de modo linear, contínuo e independente (BRASIL, 2013).
A hipertensão é a mais prevalente de todas as Doenças Cardiovasculares (DVC), afetando mais de 36 milhões de brasileiros adultos, sendo o maior fator de risco para lesões cardíacas e cerebrovasculares e a terceira causa de invalidez (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007). A Hipertensão provavelmente está envolvida em 50% das mortes causadas por DCV (BRONNER; KANTER; MANSON, 1996). 
O controle da pressão arterial é crítico para a prevenção de lesão à órgãos induzida pela hipertensão, mas a natureza assintomática dessa doença faz com que ela seja sub-diagnosticada e consequentemente, sub-tratada, apesar de sua alta prevalência (CIPULLO, 2010). As doenças cardiovasculares têm representado a principal causa de morte no Brasil. Embora tenha havido redução da mortalidade por doença cardíaca isquêmica e cerebrovascular entre 1996 e 2007, a mortalidade por doença cardíaca hipertensiva cresceu 11%. A prevalência média de Hipertensão Arterial Sistêmica auto-referida no Brasil é de aproximadamente 23%, sendo maior em mulheres (BRASIL, 2013a).
 Esse agravo, comumente, possui curso clínico lento e assintomático, elevada prevalência, múltiplos fatores de risco agindo simultaneamente, dificuldade no controle da doença e, quando não adequadamente controlada, ocasiona um grande número de complicações principalmente cardiovasculares, como acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio, além da doença renal crônica terminal (COSTA; SILVA; CARVALHO, 2011).
Esta doença é, portanto, fator de risco para inúmeros agravos, embora comprovadamente o controle pressórico permita a redução de danos aos órgãos alvo (MALFATTI; ASSUNÇÃO, 2011). Contudo, o não controle dos níveis pressóricos entre os hipertensos no Brasil atinge valores de 70% a 89% em diferentes estudos, reflexo, principalmente, da falta de adesão ao tratamento, visto que uma porcentagem considerável de medicamentos prescritos e as recomendações de mudança nos hábitos de vida não são efetivados. Somente 22% dos hipertensos conseguem seguir as orientações (GOMES; SILVA; SANTOS, 2010).
No Brasil, o controle e a prevenção da HAS são realizados, principalmente, por equipes multiprofissionais da Atenção Básica. O Ministério da Saúde preconiza que seja promovida a modificação do estilo de vida, instituindo alimentação adequada, reduzindo o consumo de sal e controlando o peso, praticando atividade física, abandonando o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, e substituindo o uso de anticoncepcionais hormonais orais por outros métodos contraceptivos. Sem este controle, o uso de medicamentos pode não ser efetivo para que os níveis desejados de Pressão Arterial sejam atingidos (BRASIL, 2013).
Para decidir quanto ao início da medicação anti-hipertensiva, é preciso analisar a preferência do paciente, sua motivação para modificar seu estilo de vida, os níveis pressóricos e o risco cardiovascular. Os pacientes que apresentam alto risco cardiovascular ou níveis pressóricos no estágio 2, com PA ≥ 160/100 mmHg, são beneficiadas pelo tratamento medicamentoso para atingir a meta pressórica, além da mudança de estilo de vida (BRASIL, 2013).
Caso o paciente não se enquadre nestes critérios e opte juntamente com o médico, por não utilizar a medicação, mudando seu estilo de vida, pode tentar atingir a meta por três a seis meses, monitorando seus níveis pressóricos mensalmente. Caso as mudanças não sejam efetivas, deve-se oferecer ao paciente a possibilidade do uso de anti-hipertensivos (BRASIL, 2013).
A escolha do medicamento deve ser realizada levando-se em consideração as necessidades de cada um, avaliando a existência de comorbidades, a presença de lesões em órgãos-alvo, a história familiar, a idade e possível gravidez. O tratamento pode requerer a associação de dois ou mais medicamentos (BRASIL, 2013).
De acordo com o Ministério da Saúde, os principais medicamentos utilizados no tratamento da hipertensão são:
- Diuréticos tiazídicos, como a Hidroclorotiazida (Denominação genérica).
- Diuréticos (de Alça), caso das Sulfonamidas simples, como a Furosemida (Denominação genérica).
- Agentes poupadores de potássio, como a Espironolactona (Denominação genérica).
- Betabloqueadores seletivos, como o Atenolol (Denominação genérica); o Succinato de Metoprolol (Denominação genérica) e o Tartarato de Metropolol (Denominação genérica).
- Agentes alfa e betabloqueadores, como o Carvedilol (Denominação genérica).
- Betabloqueadores não seletivos, como o Propranolol (Denominação genérica).
- Antiadrenérgicos de ação central, como a Metildopa (Denominação genérica).
- Bloqueadores seletivos dos canais de cálcio – Derivados da diidropiridina, como Besilato de Anlodipino (Denominação genérica); e Nifedipino 10 mg (Denominação genérica).
- Bloqueadores seletivos dos canais de cálcio – Derivados da fenilalquilamina, como o Cloridrato de Verapamil (Denominação genérica).
- Agentes que atuam no músculo liso arteriolar, como o Cloridrato de Hidralazina (Denominação genérica).
- Inibidores da enzima conversora de angiotensina, simples, como o Captopril (Denominação genérica); e o Maleato de Enalapril (Denominação genérica).
- Antagonistas da angiotensina II, simples, como a Losartana potássica (Denominação genérica) (BRASIL, 2013a).
3.2 DIABETES MELLITUS
O termo “Diabetes Mellitus” (DM) refere-se a um transtorno metabólico de etiologias heterogêneas, caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, resultantes de defeitos da secreção e/ou da ação da insulina (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999). O DM vem aumentando sua importância pela sua crescente prevalência e habitualmente está associado à dislipidemia, à hipertensão arterial e à disfunção endotelial. É um problema de saúde considerado Condição Sensível à Atenção Primária, ou seja, evidências demonstram que o bom manejo deste problema ainda na Atenção Básica evita hospitalizações e mortes por complicações cardiovasculares e cerebrovasculares (ALFRADIQUE, 2009).
Atualmente é enorme o arsenal de fármacos adotados no estabelecimento de uma normoglicemia em diabéticos e, diante desta realidade, a adesão farmacológica por estes pacientes coloca-se como uma temática relevante de saúde pública, pois muitos pacientes acreditam ser dispensável a terapia farmacológica em virtude do caráter assintomático assumido pela doença em algumas situações (ESTANCIAL; MARINI, 2013).
As consequências humanas, sociais e econômicas relacionadas ao DM são devastadoras, ocorrem aproximadamente quatro milhões de mortes por ano relativas ao DM e suas complicações, o que representa 9% da mortalidade mundial total. O grande impacto econômico ocorre notadamente nos serviços de saúde, como consequência dos crescentes custos do tratamento da doença e, sobretudo, de suas complicações (ESTANCIAL; MARINI, 2013).
O DM está associado a várias complicações crônicas que limitam a qualidade de vida dos pacientes, diminuem a sua capacidade de trabalho e aumentam a mortalidade. Pacientes com DM são mais suscetíveis a desenvolver diversas complicações, tanto crônicas como agudas, assim como reações adversas a medicamentos (ESTANCIAL; MARINI, 2013).
Em se tratando das complicações crônicas do Diabetes Mellitus (DM), as úlceras de pés ou pé diabético e a amputação de extremidades são as mais graves e as que geram maior impacto socioeconômico. O pré diabético apresenta uma incidência anual de 2%, sendo que o indivíduo com diabetes possui um risco de 25% em desenvolver úlceras nos pés com o decorrer da idade. Pacientes com esta complicação apresentam 40 a 70% maior risco de amputações (BRASIL, 2013b).
A definição da programação de atendimento e acompanhamento de pacientes com DM na Atenção Básica ocorre de acordo com as necessidades gerais previstas no cuidado integral e longitudinal do diabetes, levando em consideração o apoio para mudança de estilo de vida, o controle metabólico e a prevenção das complicações crônicas (BRASIL, 2013b).O Diabetes Mellitus pode ser classificado em diferentes tipos, quais sejam: o tipo 1, agressivo e que gera rápido emagrecimento, ocorre na infância e na adolescência, caracterizado pela deficiência absoluta de produção de insulina pelo pâncreas, devido à destruição das células beta pancreáticas pelo próprio sistema imune do indivíduo; o tipo 2, causado pela resistência à insulina e pela obesidade, ocorre com maior frequência em adultos com mais de 40 anos, causado pela redução da sensibilidade dos tecidos alvo ao efeito da insulina (LUCENA, 2007); tipos específicos de diabetes causados por defeitos genéticos, por doenças do pâncreas exócrino, por endocrinopatias, por uso de drogas e produtos químicos, por infecções ou formas incomuns do sistema imuno-mediado; e o diabetes gestacional, resultado da redução da tolerância a carboidratos (GROSS et al., 2002).
O tratamento do Diabetes Mellitus (DM) tipo 2 requer a adoção de hábitos saudáveis, incluindo uma dieta alimentar equilibrada, prática regular de atividade física, redução do consumo de álcool e abandono do tabagismo, podendo haver ou não o uso de medicamentos (BRASIL, 2013b).
Quando a insulinização no DM tipo 2 for necessária, com aporte de múltiplas doses diárias, o manejo clínico será realizado na Unidade Básica de Saúde (UBS), podendo ser feito em ambulatório de especialidade em casos específicos, ou com apoio matricial, se necessário (BRASIL, 2013b).
O paciente com DM tipo 1, normalmente acompanhado pela Atenção Especializada, também deve ser atendido na Atenção Básica. Seu tratamento envolve, além da terapia não farmacológica, a administração de insulina, a qual será prescrita em esquema intensivo, de três a quatro doses por dia, divididas em insulina basal e insulina prandial. Suas doses são ajustadas em conformidade com as glicemias capilares, as quais devem ser realizadas ao menos três vezes ao dia. Desta forma, reduz-se a incidência de complicações microvasculares e macrovasculares (BRASIL, 2013b). 
O DM tipo 2 requer tratamento não farmacológico, uso de antidiabético oral e, às vezes, uma ou duas doses de insulina basal, conforme a evolução da doença. Os antidiabéticos orais representam a primeira escolha para o tratamento do DM tipo 2 não responsivo (BRASIL, 2013b)
De acordo com o Ministério da Saúde, os principais medicamentos utilizados no tratamento da Diabetes Mellitus são: as Biguanidas, como o Cloridrato de Metformina (Denominação genérica); e os derivados da ureia e sulfonamidas, como a Glibenclamida (Denominação genérica) e Gliclazida (Denominação genérica) (BRASIL, 2013b).
Quando o uso de metformina em associação com uma sulfonilureia por três a seis meses não é suficiente para obter o controle glicêmico; ou os níveis de glicose plasmática estiverem maiores que 300 mg/dL, na primeira avaliação ou no momento do diagnóstico, acompanhado de perda de peso, cetonúria e cetonemia deve se empregar a insulina(BRASIL, 2013b).
As insulinas disponibilizadas no Sistema Único de Saúde possuem ação rápida (regular) ou intermediária. A primeira é indicada em casos de emergência, como de cetoacidose, gravidez e trabalho de parto, em combinação com insulinas de ação média ou prolongada, ou em tratamento tipo bolus antes das refeições. A insulina NPH, ou isófana é utilizada em tratamento de manutenção para o controle glicêmico basal (BRASIL, 2013b).
O uso de insulina pode levar a ganho de peso, hipoglicemia e lipodistrofia. Para controle das hipoglicemias deve-se adequar a dose de insulina à dieta e ao exercício e seu fracionamento sempre que atingir 40 U/dia. Sua via de administração usual é a subcutânea, porém a insulina regular pode ser aplicada por vias intravenosa e intramuscular, quando necessário efeito imediato (BRASIL, 2013b).
3.3 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS NO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO E ANTIDIABÉTICO
A definição de interações medicamentosas é a interferência de um fármaco na ação de outro ou de um alimento ou nutriente na ação de medicamentos. Algumas interações visam reduzir efeitos adversos, prolongar a duração do efeito e tratar doenças simultâneas, entre outros. Portanto, há interações indesejáveis que determinam aumento de efeitos adversos, diminuição do efeito ou resultado inesperado, redução na atividade do medicamento e perda da eficácia (SEHN et al., 2003).
Em um estudo feito por Masahiko (2018), analisando o risco de hipoglicemia através do Japanese Adverse Drug Event Report (JADER), observou que o uso concomitante hipoglicemiantes da classe dos inibidores da DPP-4 e anti-hipertensivo da categoria dos bloqueadores de cálcio, provoca hipoglicemia, sendo esse mecanismo ainda desconhecido. Analisando 200 prescrições médicas em um estudo foi observado interação de hidroclorotiazida e metformina em uma mesma prescrição, promovendo essa interação hiperglicemia e intolerância a glicose induzida pela hidroclorotiazida (FAROOQUI; KARIM; MUNEER, 2018).
A glibenclamida mostrou interação considerável com 12 fármacos sendo o captopril o mais frequente, acompanhado pelo atenolol, carvedilol, amiodarona, propranolol, hidroclorotiazida e enalapril, desenvolvendo a diminuição da eficácia, hipoglicemia excessiva e aumento nos níveis plasmáticos de glibenclamida, (JESUS et al ,2014).
Melgaço et al (2011) fez um estudo sobre a estimativa que o risco de interações medicamentosas eleva praticamente 100% a partir de 8 medicamentos por prescrição. Para avaliar as interações medicamentosas durante a hospitalização de idosos envolvendo agentes hipoglicemiantes verificou que a metformina apresentou potencial interação com oito fármacos provocando aumento na concentração plasmática e absorção de metformina, e o aparecimento de quadros de hipoglicemia e hiperglicemia, dentre eles, medicamentos pertencentes a classe dos beta-bloqueadores (atenolol, carverdilol e propranolol).
Wang et al (2016), mostrou que o uso de nifedipino junto ao uso em monoterapia de uma sulfoniluréia reduz a indução de hiperglicemia ao realizar experimento injetando tais drogas em células da veia umbilical humana. A metformina pode ter seus níveis aumentados por redução de sua eliminação induzido por atenolol, anti-hipertensivo pertencente à classe dos betabloqueadores, enquanto com metoprolol, pode diminuir os níveis plasmáticos de metformina por induzir a sua metabolização que é outro tipo de betabloqueador (MAIDEEN; JUMALE; BALASUBRAMANIAM, 2017). 
Kothari e Ganguly (2014), em seu estudo concluíram que o atenolol, anlodipino, hidroclorotiazida, furosemida, enalapril, losartana e metformina eram as drogas mais constantemente associadas a interações medicamento-medicamento. Essas possíveis interações costumam ser comuns principalmente por que pacientes que apresentam essas comorbidades (diabetes mellitus e hipertensão), usam mais de dois medicamentos, o que geralmente denomina-se polifarmácia (SILVA et al. 2015).
 Neste contexto Rampel, et al. (2015), realizaram um estudo e constataram que os anti-hipertensivos de uso mais frequente foram Captopril/ Enalapril e Hidroclorotiazida, sendo que os antidiabéticos mais utilizados foram Glibenclamida e Metformina. E o medicamento antidiabético de uso mais frequente foi a Glibenclamida. Como demonstrado na tabela a seguir:
Tabela 2:Algumas possíveis interações medicamentosas encontradas neste estudo por pacientes que fazem uso de anti-hipertensivos e/ou antidiabéticos
	
Medicamentos
	
 IM
	Número de IM
do presente estudo
	
Relevância clínica
	Glibenclamida, Insulina metformina
Captopril, Enalapril
Glibenclamida, Insulina
Enalapril, Captopril
Metformina
Glibenclamida, Insulina
Glibenclamida, Insulina
Metformina
Metformina
HCTZ
Propranolol, Atenolol
Propranolol, Atenolol
Propranolol, Atenolol
Metformina
	Captopril
Enalapril
HCTZ
AAS
AAS
HCTZ
Propranolol
Atenolol
Glibenclamida
AAS
HCTZ
AAS
Captopril
Insulina 
	 34
 31
 22
 20
 19
 11
 11
 10
 43
2
2
	Potencializarão do efeito hipoglicemiante
Redução da pressão arterial
Pode ocorrer hipoglicemia
Redução do efeito anti-hipertensivo.
Redução do efeito hipoglocemiante
O Propranolol inibe a resposta em hipoglicemia
Redução da glicemia
Pode reduzir o efeito anti-hipertensivo.
Pode causar hiperglicemia
Redução do efeito hipotensivo em altas doses.
Redução da pressão arterial
Redução da Pressão arterial
Redução da Glicemia
Fonte:Análise da medicação utilizada por diabéticos e hipertensos (2015).
 Neste Viés Rampel et al.(2015), salientam que, os medicamentos utilizados pelas pessoas em sua pesquisa, assemelham-se a outros estudos, nos quais a maioria dos indivíduos portadoras de diabetes tipo 2, utilizam mais que um medicamento antidiabéticos. Desse modo, o estudo citado demonstrou a necessidade de educação em saúde para o uso racional de medicamentos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da pesquisa pode-se verificar que portadores de doenças como o diabetes mellitus e a hipertensão arterial, cuja prevalência é alta em todo o mundo, aumentam o risco e a chance de ocorrência de interações medicamentosas, sendo um problema sério relacionados a medicamentos. A Atenção Farmacêutica é uma ferramenta importante para investigar, rastrear e reduzir interações medicamentosas, o profissional farmacêutico é quem realiza e identifica os problemas relacionados a farmacoterapia, e junto com o paciente resolve-os investiga as possíveis interações, garantindo assim uma adesão terapêutica e melhores resultados nos objetivos terapêuticos.
As interações medicamentosas entre os medicamentos utilizados nos tratamentos para hipertensão e diabetes normalmente ocorrem por mecanismos farmacocinéticos e/ou farmacodinâmicos que alteram absorção, metabolismo e excreção, causando assim no aumento ou diminuição dos efeitos clínicos e adversos. As interações medicamentosas podem ser benéficas, desfavoráveis ou não causar alterações significativas.
REFERÊNCIAS
ALFRADIQUE, M.E., et al. Internações por condições sensíveis à atenção primária: a construção da lista brasileira como ferramenta para medir o desempenho do sistema de saúde (Projeto ICSAP – Brasil). Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 6, p. 1337-1349, 2009. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/csp/v25n6/16.pdf> Acesso em: 19.Nov.2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde. Avaliação do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus no Brasil. Brasília, : Ministério da Saúde, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica 2013-2017. . Brasília, 2017ª.: Ministério da Saúde 2013ª, 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. 2013-2017. Brasília, 2017b.
Bronner LL, Kanter DS, Manson JE. Primary prevention of stroke. N Engl J Med.; n. 333 , p. 1392-400, 1995.
CIPULLO, José Paulo et al. Prevalência e fatores de risco para hipertensão em uma população urbana brasileira. 2010.
COSTA, J. M. B.; SILVA, M. R. F.; CARVALHO, E. F. Avaliação da implantação da atenção à hipertensão arterial pelas equipes de Saúde da Família do município do Recife (PE, Brasil). Ciência & Saúde Coletiva, v.16, n.2, p.623-633, 2011
ESTANCIAL, C. S.; MARINI, D. C. Aderência de diabéticos ao tratamento medicamentoso. FOCO: Caderno de estudos e pesquisas, v.4, n.5, 2013
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