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P O R TU G U ÊS 17 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 61 18 GÊNERO TEXTUAL PUBLICITÁRIO 67 19 TIPOLOGIA TEXTUAL I: TEXTO INJUNTIVO, PREDITIVO E DIALOGAL 71 20 TIPOLOGIA TEXTUAL II: NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO 75 21 TIPOS DE DISCURSO 81 22 NOÇÕES DE SINTAXE: FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO 87 23 PERÍODO SIMPLES I: SUJEITO 91 24 PERÍODO SIMPLES II: TRANSITIVIDADE VERBAL E PREDICADO 97 M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PORTUGUÊS PRÉ-VESTIBULAR 61SISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO17 Há muita confusão no que se refere à diferenciação entre “tipos textuais” e “gêneros textuais”. Pode-se dizer que narração, descrição e dissertação são tipos porque são modos de uma organização de texto. Os gêneros constituem-se na escrita que atende a uma dessas estruturas predominantemente. Segundo o teórico Luiz Antônio Marcushi, os gêneros são os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sociocomunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal. (MARCUSHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antônio Carlos [orgs.]. Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004) Os gêneros textuais ordenam e viabilizam as atividades de comunicação do dia a dia. Situam-se e se integram funcionalmente nas culturas, caracterizando-se por suas atividades institucionais, além de suas particularidades linguísticas e estruturais. O TEXTO JORNALÍSTICO O jornal é um veículo diário de comunicação e serve como espaço para noticiar, reproduzir entrevistas, reportar, veicular opiniões e publicidades. NOTÍCIA A notícia expressa um fato novo, interessante para o público. Embora predomine a narração, o jornal não se limita ao ocorrido, procura informar o modo, o porquê, o local, o agente de determinado fato. A notícia não deve expressar opiniões, por isso sua linguagem é impessoal, normalmente fazendo uso da 3ª pessoa, de frases curtas com predomínio da função referencial da linguagem. De forma geral, a notícia apresenta a seguinte estrutura: • Título / Manchete: deve ser claro e objetivo. Trata-se da síntese da informação contida no texto. Deve ser criativo e sedutor, chamando a atenção do leitor; • Lide (LEAD): fornece as principais informações respondendo às perguntas O QUÊ, QUEM, QUANDO, ONDE, COMO e PORQUÊ; • Corpo: traz os detalhes do que foi antecipado pelo lide. As informações respeitam uma ordem cronológica ou de importância. A linguagem deve ser formal, porém simples e direta, esclarecendo todas as informações necessárias. Veja o exemplo: Palmares amanhece alagada após dois dias de chuva Precipitação atinge cidade pernambucana desde sábado. Defesa Civil Municipal fez alerta de nova cheia do Rio Una neste domingo Os moradores de Palmares (PE) acordaram com cerca de um metro de água acima do chão na manhã desta segunda-feira (28). A chuva não deu trégua desde a tarde deste sábado (26). O alagamento na parte baixa da cidade é provocado por causa do solo já encharcado pela inundação da semana passada, quando a água chegou a mais de seis metros de altura. Na tarde deste domingo (27), um sistema improvisa- do de comunicação da Defesa Civil do município passou a circular pelas ruas da cidade. O carro de som pedia para as pessoas deixarem suas casas. Era um alerta para a possível cheia do leito do Rio Una, que acabou se confirmando durante a madrugada desta segunda- feira. O novo alagamento em Palmares deixou parte dos moradores desanimados. Muitos tinham aproveitado os dias de estiagem para tentar recuperar móveis e eletrodomésticos que foram levados pela enxurrada. Alguns também lavaram suas casas, mas o trabalho terá de ser refeito, principalmente no Bairro Modelo, na parte baixa do município, onde a água e a quantidade de lama voltam a preocupar. (http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/06/ palmares-amanhece-alagada-apos-dois-dias-de-chuva.html) A REPORTAGEM A reportagem pode ser considerada a própria essência de um jornal. Embora apresente estrutura semelhante à notícia, com apresentação de um “lide” – dela se difere por ampliar o fato principal, acrescentando opiniões e diferentes versões, preferencialmente comprovadas. A reportagem costuma relacionar um fato central, enunciado no “lide”, a fatos paralelos, por meio de citações, trechos de entrevistas, boxes informativos, dados estatísticos, fotografias etc. Por vezes, é possível encontrar na reportagem caráter opinativo, questionando causas e consequências, interpretando e orientando os leitores. Quanto à linguagem, é impessoal, objetiva, direta, com predomínio da função referencial e do padrão culto da língua. Vamos a um exemplo: A Terra em alerta O planeta esquenta e a catástrofe é iminente. Mas existe solução Ondas de calor inéditas. Furacões avassaladores. Secas intermináveis onde antes havia água em abundância. Enchentes devastadoras. Extinção de milhares de espécies de animais e plantas. Incêndios florestais. Derretimento dos polos. E toda a sorte de desastres naturais que fogem ao controle humano. M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULARSISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO62 PORTUGUÊS 17 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO Há décadas, pesquisadores alertavam que o planeta sentiria no futuro o impacto do descuido do homem com o ambiente. Na virada do milênio, os avisos já não eram mais necessários – as catástrofes causadas pelo aquecimento global se tornaram realidades presentes em todos os continentes do mundo. Os desafios passaram a ser dois: se adaptar à iminência de novos e mais dramáticos desastres naturais; e buscar soluções para amenizar o impacto do fenômeno. Em tempos de aquecimento planetário, uma nova entidade internacional tomou as páginas de jornais e revistas de toda a Terra – o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado pela ONU para buscar consenso internacional sobre o assunto. Seus aguardados relatórios ganharam destaque por trazer as principais causas do problema, e apontar para possíveis caminhos que podem reverter alguns pontos do quadro. Em 2007, o painel escreveu e divulgou três textos. No primeiro, de fevereiro, o IPCC responsabilizou a atividade humana pelo aquecimento global – algo que sempre se soube, mas nunca tinha sido confirmado por uma organização deste porte. Advertiu também que, mantido o crescimento atual dos níveis de poluição da atmosfera, a temperatura média do planeta subirá 4 graus até o fim do século. O relatório seguinte, apresentado em abril, tratou do potencial catastrófico do fenômeno e concluiu que ele poderá provocar extinções em massa, elevação dos oceanos e devastação em áreas costeiras. A surpresa veio no terceiro documento da ONU, divulgado em maio. Em linhas gerais, ele diz o seguinte: se o homem causou o problema, pode também resolvê-lo. E por um preço relativamente modesto – pouco mais de 0,12% do produto interno bruto mundial por ano até 2030. Embora contestado por ambientalistas e ONGs verdes, o número merece atenção. O 0,12% do PIB mundial seria gasto tanto pelos governos, para financiar o desenvolvimento de tecnologias limpas, como pelos consumidores, que precisariam mudar alguns de seus hábitos. O objetivo final? Reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que impede a dissipação do calor e esquenta a atmosfera. (http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/ aquecimento_global/contexto_int.html) O ARTIGO DE OPINIÃO O artigo de opinião é um gênero textual predominantemente argumentativo, que tem por objetivo expressar o ponto de vista do autor acerca de questões relevantes em termos sociais, políticos, culturais etc. Assim, ele é a base para vários tipos de texto dentro de um jornal, como colunas assinadas e, extrapolando um pouco, o próprio editorial – que, emlugar de expressar a opinião de um autor, representa o posicionamento “oficial” do jornal ou revista. O caráter argumentativo vem dos comentários, avaliações, expectativas sobre um tema da atualidade que, por sua relevância, no plano nacional ou internacional, pode ser considerado objeto de análise. Portanto, nesse gênero, cabem reflexões mais detalhadas sobre o tema tratado. O artigo tem como marca principal o fato de se dirigir a um dado público leitor, visto ser um gênero típico do domínio jornalístico. Assim, é fundamental que se perceba a natureza do veículo que se apresenta. Um artigo situado em uma seção para jovens poderá empregar uma linguagem mais coloquial, próxima da realidade do público a que se destina, por exemplo. Ainda tendo como foco esse público leitor, é fundamental em um artigo o emprego de marcas de interlocução, afinal, ainda que não se dirija a um leitor específico, endereça-se a mensagem do texto a alguém, diferente de uma dissertação, em que não há um interlocutor. Dessa forma, a presença de marcas, como vocativo, imperativo e outras serão imprescindíveis nesse tipo de gênero argumentativo. Outro traço importante do artigo são as possibilidades de estratégias discursivas que se apresentam. Por ser um gênero em que a reflexão deve ser mais aprofundada, há uma abertura para que a língua e seus instrumentais sejam explorados. Metáforas, ironias, enumeração de fontes de informação, acusações a oponentes, apelo à sensibilidade do leitor, incursões poéticas são, ao lado da óbvia pertinência dos argumentos, a base para a efetividade do texto. Como o artigo, ao contrário de um editorial, não reflete a opinião de uma instituição, mas de um indivíduo, a presença do “eu” é relevante nesse gênero, uma vez que a subjetividade é intrínseca aqui. Para exemplificar, vamos ler um artigo publicado na Folha de São Paulo: Ciência, ética e escolhas Marcelo Gleiser Folha de S. Paulo, 02/05/2010 Na semana passada, tive o prazer de ciceronear a escritora e filósofa Rebecca Newberger Goldstein, que veio à Dartmouth dar uma palestra sobre seu último livro, o romance “36 Argumentos para a Existência de Deus, Uma Obra de Ficção”. Goldstein é famosa pela sua habilidade de tratar de assuntos cabeludos de filosofia e ciência dentro da narrativa ficcional de um romance. O livro é excepcional em vários níveis. Seu estilo é brilhante e extremamente engraçado, uma descrição contagiante e sincera do mundo acadêmico, da busca pela glória, da inevitável inveja profissional, da competição entre as escolas e da vaidade intelectual que tanto colore as discussões em tópicos que vão desde a mitologia grega à existência do Multiverso (ou seja, de infinitos universos). Como o título informa, o livro trata também da questão da existência de Deus. Mas, para nós aqui nesta coluna, ao menos no contexto do tema de hoje, que é a ética, o livro é principalmente sobre escolhas. Somos produto das escolhas que fazemos ao longo da vida. É bem verdade que, às vezes, as escolhas são feitas à nossa revelia. Por exemplo, quando falha a saúde, ou devido a pressões econômicas. Por falta de emprego, um pacifista com um doutorado em física pode se ver forçado a trabalhar na indústria armamentista. Por outro lado, pode fazê-lo por opção, por ser um patriota. Como Goldstein sugeriu, temos um cerne pessoal (estou criando esse termo) que funciona de forma bem específica. Podemos até deduzir as posições que um conservador ou um liberal tomarão numa variedade de questões, desde a liberação da maconha até a regulação das práticas do mercado de capitais. A correlação das escolhas é bem forte, produto desse cerne pessoal, que “guia” nossas decisões. Será que a ética é parte desse cerne pessoal? Especulo que sim. Algumas pessoas têm padrões éticos mais elevados do que outras. Não há dúvida de que esses padrões podem ser influenciados por eventos na vida, pela educação, por relações etc. Mas alguns casos são mais flexíveis do que outros. E os cientistas? São menos dados a cometer fraudes do que outros profissionais? Na nossa profissão, devemos obedecer a uma regra ética básica: “Nunca minta”. De fato, mentir em ciência é uma péssima ideia. Mais cedo ou mais tarde, a comunidade exporá a sua fraude e sua carreira estará arruinada. É bem simples, na verdade: a natureza não tolera trapaças. Quem lembra, por exemplo, da história da fusão a frio? (Veja pt.wikipedia.org/wiki/Fusao-a-frio) Inocentemente, gostaria de acreditar que essa regra do não mentir deveria valer para todas as profissões. No entanto, é o contexto que determina a aplicação de princípios éticos. Mesmo que você se considere um indivíduo extremamente ético, pode sofrer terríveis pressões para contrariar suas próprias regras. M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULAR SISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO 17 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 63 PORTUGUÊS É fácil pensar em exemplos, desde os mais dramáticos (os alemães que “tinham” de se juntar aos nazistas) aos mais amenos (o estudante que cola na prova do vestibular). A moralidade de uma pessoa pode ser medida pela resistência que oferece a essas pressões, permanecendo fiel aos seus princípios éticos. Trapacear é construir a sua própria prisão. Se ser livre é poder escolher ao que se prender, gostaria de acreditar que, quanto mais seguimos princípios morais elevados, mais livres somos. Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, emHanover (EUA) e autor do livro “Criação Imperfeita”. Vejamos agora um exemplo de editorial: Nação apática Observação, no mínimo instigante, tem sido revelada por deputados já engajados na garimpagem dos votos de outubro. Nas andanças que praticam pelo interior, o que têm visto não é, propriamente, antes de tudo, ser a favor ou contra o governo. Como também menosprezam-se conceitos de esquerda e direita. O que se percebe, de acordo com os que testemunham, é certa tendência a encarar a próxima eleição com espírito de profunda apatia; gente que chega à triste conclusão de que nada vale a pena; que os políticos se igualam no mesmo baixo nível de escassez de competência ou fartura de imoralidade. Portanto, tanto faz, como tanto se fará, votando-se em qualquer um. A se confirmar semelhante situação, as coisas andarão piores, muito além da imaginação dos pessimistas. O cidadão apático é capaz de conduzir malefícios superiores àquele que se vai praticar com um voto inconsciente. Outra conclusão lamentável é que esse quadro de desânimo significa que o brasileiro manda, para o mesmo cadafalso, sem distinção e injustamente, os bons e os maus; e nisso acaba enforcando a própria política, a instituição sagrada, vítima dos que dela se aproveitam para praticar crimes. Nivelar bons e maus políticos, como se nada os diferenciasse, é péssimo; a começar pelo fato de os bons se envergonharem da comparação e se ausentarem. Recolhem-se, sob os aplausos dos maus, que calçam a cara e vão em frente; na verdade, os indesejáveis acabam contemplados e favorecidos, pois já não têm gente séria a enfrentar. Isso posto, há que se considerar que, à frente dos desafios que nos reserva a campanha eleitoral, segue, como bandeira descorada e sinistra, essa apatia endêmica. Haverá tempo para abatê-la, impedindo que influencie e comprometa a eleição? Teriam os candidatos fôlego e disposição para sacudir o que resta de ânimo na alma da sociedade brasileira? Está longe de ser fácil a tarefa a enfrentar, se, no descortinar dos fatos de agora, o que se vê são tropeços, crises dentro e fora do governo. O estado de desânimo, a bem da verdade, não é de hoje; vem prosperando há algum tempo, principalmente quando ganharam publicidade os ensaios de analistas que se debruçavam sobre consultas à opinião pública, que pretenderam aferir o grau de confiabilidade das instituições. Ocorreu há menos de duas décadas: observou-seque a quebra de credibilidade, consequentemente, da admiração e do respeito, acabaria por conduzir, em futuro não muito distante, a um quadro coletivo de esmaecimento e indiferença em relação a elas e aos que as dirigem. Não seria mera coincidência se comparadas antigas previsões com a realidade que se projeta sobre nossos dias. Naquele passado a que se referem essas linhas, o respeito e a admiração populares contemplavam, entre os primeiros, a Igreja, o Exército e a Justiça. Corroeram-se, em parte, os números simpáticos à religião, que paga pelas indefinições e pelos pecados de uma minoria praticante de abusos sexuais, além da hipertrofia que sofreu, resultando na migração que levou milhões a seitas exóticas. Dos ombros dos militares ainda não foi possível remover o ônus do fatídico 64. A Justiça consta como o mais recente prestígio a capitular, por conviver com o elitismo que tolera os poderosos, eterniza recursos protelatórios e festeja caríssimos causídicos, absolutamente inacessíveis aos não milionários. Nos tribunais nem falta o cenário de pugilatos verbais, quando esquentam as divergências. Pergunta-se, então, ao fim e ao cabo, o que dizer ao eleitor para automedicar-se contra o mal-estar da apatia. Outro remédio inexiste, a não ser aplicar, quando chegar a hora, o voto rigorosamente consciente. Pode ser até que depois sobrevenha a decepção, mas, antes, convém saber que, se o Estado está enfermo, quem pode curá-lo é a nação. Ninguém mais. Jornal do Brasil, 28/05/2018 PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM) Árvore da Língua Ao longo dos três andares, uma instalação de 16 metros de altura mostra palavras com mais de 6 mil anos, projetadas em folhas da Árvore da Língua. Ela faz os significados dançarem para falar da evolução do indoeuropeu ao latim e, dele, ao português. Criada pelo designer Rafic Farah, a escultura é pontuada por um mantra de Arnaldo Antunes, com os termos “língua” e “palavra” cantados em vários idiomas. SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. Ano II, n° 6. São Paulo: Segmento, 2006. O texto apresentado pertence ao domínio jornalístico. Sua finalidade e sua composição estrutural caracterizam-no como a) quadro informativo, pois apresenta dados sobre um objeto. b) notícia, já que leva informação atual a um público específico. c) reportagem, porque enfoca um assunto de forma abrangente. d) legenda, porque descreve elementos e retoma uma informação. e) entrevista, pois apresenta uma opinião sobre o local inaugurado. 02. (ENEM) Anfíbio com formato de cobra é descoberto no Rio Madeira (RO) Animal raro foi encontrado por biólogos em canteiro de obras de usina. Exemplares estão no Museu Emilio Goeldi, no Pará O trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho, resultou na descoberta de um anfíbio de formato parecido com uma cobra. Atretochoanaeiselti é o nome científico do animal raro descoberto em Rondônia. Até então, só havia registro do anfíbio no Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília. Nenhum deles tem a descrição exata de localidade, apenas “América do Sul”. A descoberta ocorreu em dezembro do ano passado, mas apenas agora foi divulgada. XIMENES, M. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 1 ago. 2012. A notícia é um gênero textual em que predomina a função referencial da linguagem. No texto, essa predominância evidencia-se pelo(a) a) recorrência de verbos no presente para convencer o leitor. b) uso da impessoalidade para assegurar a objetividade da informação. c) questionamento do código linguístico na construção da notícia. d) utilização de expressões úteis que mantêm aberto o canal de comunicação com o leitor. e) emprego dos sinais de pontuação para expressar as emoções do autor. M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULARSISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO64 PORTUGUÊS 17 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 03. (ENEM) Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros para curtir, em maior intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda na tarefa é o aplicativo Whatscine, recém- chegado ao Brasil e disponível para os sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android (Google). Ao ser conectado à rede wi-fi de cinemas e teatros, o app sincroniza um áudio que descreve o que ocorre na tela ou no palco com o espetáculo em andamento: o usuário, então, pode ouvir a narração em seu celular. O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas de cinema já oferecem o recurso e filmes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso do Whatscine!”, diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para o país. “No Brasil, já fechamos parceria com a São Paulo Companhia de Dança para adaptar os espetáculos deles! Isso já é um avanço. Concorda?” Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em 25 jun. 2014 (adaptado). Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção do emissor, a linguagem apresenta funções diferentes. Nesse fragmento, predomina a função referencial da linguagem, porque há a presença de elementos que a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo. b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da autora. c) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva. d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa. e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma indagação. 04. (ENEM) Mais big do que bang A comunidade científica mundial recebeu, na semana passada, a confirmação oficial de uma descoberta sobre a qual se falava com enorme expectativa há alguns meses. Pesquisadores do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian revelaram ter obtido a mais forte evidência até agora de que o universo em que vivemos começou mesmo pelo Big Bang, mas este não foi explosão, e sim uma súbita expansão de matéria e energia infinitas concentradas em um ponto microscópico que, sem muitas opções semânticas, os cientistas chamam de “singularidade”. Essa semente cósmica permanecia em estado latente e, sem que exista ainda uma explicação definitiva, começou a inchar rapidamente [...]. No intervalo de um piscar de olhos, por exemplo, seria possível, portanto, que ocorressem mais de 10 trilhões de Big Bangs. ALLEGRETTI. F. Veja. 26 mar. 2014 (adaptado). No título proposto para esse texto de divulgação científica, ao dissociar os elementos da expressão Big Bang, a autora revela a intenção de a) a evidenciar a descoberta recente que comprova a explosão de matéria e energia. b) resumir os resultados de uma pesquisa que trouxe evidências para a teoria do Big Bang. c) sintetizar a ideia de que a teoria da expansão de matéria e energia substitui a teoria da explosão. d) ï destacar a experiência que confirma uma investigação anterior sobre a teoria de matéria e energia. e) condensar a conclusão de que a explosão de matéria e energia ocorre em um ponto microscópico. 05. (ENEM) Farejador de Plágio: uma ferramenta contra a cópia ilegal No mundo acadêmico ou nos veículos de comunicação, as cópias ilegais podem surgir de diversas maneiras, sendo integrais, parciais ou paráfrases. Para ajudar a combater esse crime, o professor Maximiliano Zambonatto Pezzin, engenheiro de computação, desenvolveu junto com os seus alunos o programa Farejador de Plágio. O programa é capaz de detectar: trechos contínuos e fragmentados, frases soltas, partes de textos reorganizadas, frases reescritas, mudanças na ordem dos períodos e erros fonéticos e sintáticos. Mas como o programa realmente funciona? Considerando o texto como uma sequência de palavras, a ferramenta analisa e busca trecho por trecho nos sites de busca, assim como um professor desconfiado de um aluno faria. A diferença é que o programa permite que se pesquise em vários buscadores, gerando assim muito mais resultados. Disponível em: http://reporterunesp.jor.br.Acesso em: 19 mar. 2018. Segundo o texto, a ferramenta Farejador de Plágio alcança seu objetivo por meio da a) seleção de cópias integrais. b) busca em sites especializados. c) simulação da atividade docente. d) comparação de padrões estruturais. e) identificação de sequência de fonemas. 06. (ENEM) No tradicional concurso de miss, as candidatas apresentaram dados de feminicídio, abuso sexual e estupro no país. No lugar das medidas de altura, peso, busto, cintura e quadril, dados da violência contra as mulheres no Peru. Foi assim que as 23 candidatas ao Miss Peru 2017 protestaram contra os altos índices de feminicídio e abuso sexual no país no tradicional desfile em trajes de banho. O tom político, porém, marcou a atração desde o começo: logo no início, quando as peruanas se apresentaram, uma a uma, denunciaram os abusos morais e físicos, a exploração sexual, o assédio, entre outros crimes contra as mulheres. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 29 nov. 2017. Quanto à materialização da linguagem, a apresentação de dados relativos à violência contra a mulher a) configura uma discussão sobre os altos índices de abuso físico contra as peruanas. b) propõe um novo formato no enredo dos concursos de beleza feminina. c) condena o rigor estético exigido pelos concursos tradicionais. d) recupera informações sensacionalistas a respeito desse tema. e) subverte a função social da fala das candidatas a miss. 07. (ENEM) O projeto DataViva consiste na oferta de dados oficiais sobre exportações, atividades econômicas, localidades e ocupações profissionais de todo o Brasil. Num primeiro momento, o DataViva construiu uma ferramenta que permitia a análise da economia mineira embasada por essa perspectiva metodológica complexa e diversa. No entanto, diante das possibilidades oferecidas pelas bases de dados trabalhadas, a plataforma evoluiu para um sistema mais completo. De maneira interativa e didática, o usuário é guiado por meio das diversas formas de navegação dos aplicativos. Além de informações sobre os produtos exportados, bem como acerca do volume das exportações em cada um dos estados e municípios do País, em poucos cliques, o interessado pode conhecer melhor o perfil da população, o tipo de atividade desenvolvida, as ocupações formais e a média salarial por categoria. MANTOVANI. C. A. Guardião de informações. Minas faz Ciência. n. 58. jun.-jul.-ago. 2014 (adaptado). M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULAR SISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO 17 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 65 PORTUGUÊS Entre as novas possibilidades promovidas pelo desenvolvimento de novas tecnologias, o texto destaca a a) auditoria das ações de governo. b) publicidade das entidades públicas. c) obtenção de informações estratégicas. d) disponibilidade de ambientes coletivos. e) comunicação entre órgãos administrativos. 08. (ENEM) “O computador, dando prioridade à busca pela própria felicidade, parou de trabalhar para os humanos”. E assim que termina o conto O dia em que um computador escreveu um conto, escrito por uma inteligência artificial com a ajuda de cientistas humanos. Os cientistas selecionaram palavras e frases que seriam usadas na narrativa, e definiram um roteiro geral da história, que serviria como guia para a inteligência artificial. A partir daí, o computador criou o texto combinando as frases e seguindo as diretrizes que os cientistas impuseram. Os juízes não sabem quais textos são escritos por humanos e quais são feitos por computadores, o que mostra que o conto estava bem escrito. O dia só não passou para as próximas etapas porque, de acordo com os juízes, os personagens não foram muito bem descritos, embora o texto estivesse estruturalmente impecável. A ideia dos cientistas é continuar desenvolvendo a criatividade da IA para que ela se pareça cada vez mais com a humana. Simular esse tipo de resposta é difícil, porque o computador precisa ter, primeiro, um banco de dados vasto vinculado a uma programação específica para cada tipo de projeto – escrita, pintura, música, desenho e por aí vai. DANGELO, H. Disponível em: https: /isuper.abril.com.br. Acesso em: 5 dez. 2018. O êxito e as limitações da tecnologia utilizada na composição do conto evidencia a a) indistinção entre personagens produzidos por máquinas e seres humanos. b) necessidade de reformulação da base de dados elaborada por cientistas. c) autonomia de programas computacionais no desenvolvimento ficcional. d) diferença entre a estrutura e a criatividade da linguagem humana. e) qualidade artística de textos produzidos por computadores. 09. (ENEM) Romanos usavam redes sociais há dois mil anos, diz livro Ao tuitar ou comentar em baixo do post de um de seus vários amigos no Facebook, você provavelmente se sente privilegiado por viver em um tempo na história em que é possível alcançar de forma imediata uma vasta rede de contatos por meio de um simples clique no botão “enviar”. Você talvez também reflita sobre como as gerações passadas puderam viver sem mídias sociais, desprovidas da capacidade de verem e serem vistas, de receber, gerar e interagir com uma imensa carga de informações. Mas o que você talvez não saiba é que os seres humanos usam ferramentas de interação social há mais de dois mil anos. É o que afirma Tom Standage, autor do livro Writing on the Wall – Social Media, The first 2.000 Years (Escrevendo no mural – mídias sociais, os primeiros 2 mil anos, em tradução livre). Segundo Standage, Marco Túlio Cícero, filósofo e político romano, teria sido, junto com outros membros da elite romana, precursor do uso de redes sociais. O autor relata como Cícero usava um escravo, que posteriormente tornou-se seu escriba, para redigir mensagens em rolos de papiro que eram enviados a uma espécie de rede de contatos. Estas pessoas, por sua vez, copiavam seu texto, acrescentavam seus próprios comentários e repassavam adiante. “Hoje temos computadores e banda larga, mas os romanos tinham escravos e escribas que transmitiam suas mensagens”, disse Stand age à BBC Brasil. “Membros da elite romana escreviam entre si constantemente, comentando sobre as últimas movimentações políticas e expressando opiniões”. Além do papiro, outra plataforma comumente utilizada pelos romanos era uma tábua de cera do tamanho e da forma de um tablet moderno, em que escreviam recados, perguntas ou transmitiam os principais pontos da acta diurna, um “jornal” exposto diariamente no Fórum de Roma. Essa tábua, o “iPad da Roma Antiga”, era levada por um mensageiro até o destinatário, que respondia embaixo da mensagem. NIDECKER, F. Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 7 nov. 2013 (adaptado}. Na reportagem, há uma comparação entre tecnologias de comunicação antigas e atuais. Quanto ao gênero mensagem, identifica-se como característica que perdura ao longo dos tempos o(a) a) imediatismo das respostas. b) compartilhamento de informações. c) interferência direta de outros no texto original. d) recorrência de seu uso entre membros da elite. e) perfil social dos envolvidos na troca comunicativa. 10. (ENEM) TEXTO I A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indígenas brasileiros. De acordo com o pesquisador Aryon Rodri gues, há 40 mil índios que falam o idioma. A maioria mora ao longo do Rio Solimões, no Alto Amazonas. É a maior nação indígena do Brasil, sendo também encontrada no Peru e na Colômbia. Os ticunas falam uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança com nenhuma outra língua indígena e apresenta complexidades em sua fonologia e sintaxe. Sua característica principal é o uso de diferentes alturas na voz. O uso intensivo da língua não chega a ser ameaçado pela proximidade de cidades ou mesmo pela convivência com falantes de outras línguas no interior da própria área ticuna: nas aldeias, esses outros falantes são minoritários e acabam por se submeter à realidade ticuna, razãopela qual, talvez, não representem uma ameaça linguística. Língua Portuguesa, n. 52, fev. 2010 (adaptado). TEXTO II Riqueza da língua “O inglês está destinado a ser uma língua mundial em sentido mais amplo do que o latim foi na era passada e o francês é na presente", dizia o presidente americano John Adams no século XVIII. A profecia se cumpriu: o inglês é hoje a língua franca da globalização. No extremo oposto da economia linguística mundial, estão as línguas de pequenas comunidades declinantes. Calcula-se que hoje se falem de 6.000 a 7.000 línguas no mundo todo. Quase metade delas deve desaparecer nos próximos 100 anos. A última edição do Ethnologue – o mais abrangente estudo sobre as línguas mundiais –, de 2005, listava 516 línguas em risco de extinção. Veja, n. 36, set. 2007 (adaptado). Os textos tratam de línguas de culturas completamente diferentes, cujas realidades se aproximam em função do(a) a) semelhança no modo de expansão. b) preferência de uso na modalidade falada. c) modo de organização das regras sintéticas. d) predomínio em relação às outras línguas de contato. e) fato de motivarem o desaparecimento de línguas minoritárias. M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULARSISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO66 PORTUGUÊS 17 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 05. GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. A 02. B 03. D 04. C 05. D 06. E 07. C 08. D 09. B 10. D ANOTAÇÕES M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PORTUGUÊS PRÉ-VESTIBULAR 67SISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO GÊNERO TEXTUAL PUBLICITÁRIO18 O texto publicitário é um gênero textual cuja finalidade é promover um produto ou uma ideia e estimular o interlocutor a consumi-lo de alguma forma, seja comercialmente, seja pelo engajamento ou pela mudança de comportamento. De forma básica, é um gênero de natureza argumentativo- persuasiva, de clara função conativa e que faz usos de inúmeros recursos linguísticos, verbais e não verbais, para constituir-se como texto. A ideia básica é persuadir o interlocutor a realizar determinada ação pretendida pelo discurso. Assim, é comum que sejam apresentados argumentos relacionados a vantagens no “consumo” do produto ou na adoção de determinado comportamento, bem como a exploração de aspectos emocionais ou volitivos (relativos ao despertar de vontades) para a consecução dos objetivos. É comum que as “vantagens” apresentadas enquadrem-se em três grupos “temáticos”: vantagens quantitativas (o produto é mais barato, rende mais, tem mais quantidade de algo, é o mais vendido, favorito, campeão de vendas etc); vantagens qualitativas (é melhor, mais gostoso, mais nutritivo, melhor acabamento etc.) ou vantagens ideológicas (exclusividade, classe, estilo, público restrito ou diferenciado, comprometimento com alguma causa etc.). A mensagem publicitária, para ser eficiente, guarda a necessidade de difundir determinada marca ou produto criando- lhe uma imagem clara e duradoura, com a qual algum setor da sociedade identifique-se. Assim, tudo o que estiver em um texto publicitário deve ser intencional na tarefa de despertar a atenção, o interesse, o desejo de compra ou engajamento do interlocutor. Por ter a necessidade de transmissão, esse conjunto de ideias depende de uma mídia para alcançar seu público. Assim, a escolha da mídia – que seria o meio no qual o texto publicitário flui para seu destinatário – revela a escolha de um tipo de público, a forma como o publicitário pensa sobre as necessidades desse público, as expectativas em relação àquilo que é anunciado, além do formato final da mensagem, incluindo o uso da linguagem e a estrutura do discurso. CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO São características comuns do texto publicitário: • Apresentação em linguagem mista, com elementos verbais e não verbais. • Linguagem persuasiva, voltada à despertar reações no público. • Adequação da linguagem às características do público-alvo. • Uso de verbos no imperativo. • Uso de recursos estilísticos como figuras de linguagem, jogos de palavras etc. • Estrutura variável, mas com a presença comum de frases de impacto, slogan e nome da marca/produto. Há alguns esquemas básicos de construção que podem ser identificados no texto publicitário, como: USO DE ESTEREÓTIPOS Diz respeito ao uso de esquemas e de fórmulas conhecidas e consagradas, ainda que não correspondam a uma verdade. Entretanto, como são de conhecimento geral e grande aceitação, os estereótipos evitam questionamentos, já que são tomados como “verdades conhecidas”. Esse tipo de esquema vem caindo em desuso na sociedade atual, já que enfrenta enormes problemas e questionamentos por parte de determinados grupos que se sentem atingidos por esses estereótipos, já que muitas vezes esse comportamento revela-se preconceituoso. Assim as marcas, cada vez mais, tornam-se cuidadosas para evitar que os estereótipos representem uma avaliação negativa do anunciante. Propaganda que usa os estereótipos do corpo da mulher negra de forma preconceituosa. A caracterização da mulher como dona de casa é um dos estereótipos mais utilizados na publicidade. USO EUFÊMICO OU HIPERBÓLICO DA LINGUAGEM É comum a modificação de termos com a clara intenção de influenciar o entendimento do público, escondendo ou minimizando problemas, acusando concorrentes ou potencializando aspectos do próprio produto. Assim, por vezes, surgem conceitos e ideias de forma suavizada e, em outras, de maneira absolutamente exagerada. A morte é suavizada para parecer algo bom, estratégia combinada ao estereótipo da sogra. M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULARSISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO68 PORTUGUÊS 18 GÊNERO TEXTUAL PUBLICITÁRIO Aqui o “maior poder de sucção” é exagerado para um acontecimento inverossímil. CRIAÇÃO DE ANTAGONISTA A ideia de transformar o produto ou ideia em herói, enaltecendo suas qualidades, passa pela criação de um antagonista, mais ou menos verossímil, mas elevados a uma categoria de “inimigo”, que adquire grande importância, valorizando, assim, o produto como única forma possível de resolução. Os insetos são um grande inimigo, dos quais o produto protege (redoma) e contra os quais é “terrrível”. DISCURSO DE AUTORIDADE O discurso de autoridade consiste em utilizar-se de um depoimento, fala, pensamento ou atitude de alguém que detenha reconhecimento sobre alguma área, como especialistas, estudiosos entre outros. Entretanto, é comum que haja também a utilização de pseudoautoridades, indivíduos que possuem reconhecimento na sociedade (artistas, cantores etc.) e que “testemunham” a favor de ideias ou produtos em que não importam suas especialidades. Esse reconhecimento busca associar uma marca, ideia ou produto à fama ou reconhecimento individual. Desta forma, o artista “empresta” sua credibilidade e empatia à ideia anunciada. O uso da imagem de um dentista aliado à recomendação médica dão credibilidade ao produto. A propaganda da marca de carnes coloca a figura do ator Tony Ramos como “garantidor” da qualidade do produto USO DE DISCURSO AFIRMATIVO E REPETIÇÃO DE CONCEITOS Publicidades utilizam-se de frases normalmente afirmativas, sempre expressando verdades incontestáveis. Daí verbos no presente, acompanhados de expressões de reforço, além do uso de imperativos buscam guiar a vontade e o entendimento do interlocutor, não lhe fornecendo chance para contrapor as ideias apresentadas. De outra forma, a repetição como “mantra” de slogans e ideias ajuda a construir a verdade do conceito e a fixar a necessidade de uma determinada ação. A repetição torna-se hipnótica e fixa o comando para a compra do produto. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM) Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. Nesse sentido, apropaganda usa a metáfora do pesadelo para a) informar crianças vítimas de abuso sexual sobre os perigos dessa prática, contribuindo para erradicá-la. b) denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o objetivo de colocar criminosos na cadeia. c) dar a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma criança, enfatizando a importância da denúncia. d) destacar que a violência sexual infantil predomina durante a noite, o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse período. e) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer durante o sono, sendo confundido por algumas crianças com um pesadelo. M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULAR SISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO 18 GÊNERO TEXTUAL PUBLICITÁRIO 69 PORTUGUÊS 02. (ENEM) Essa propaganda defende a transformação social e a diminuição da violência por meio da palavra. Isso se evidencia pela a) predominância de tons claros na composição da peça publicitária. b) associação entre uma arma de fogo e um megafone. c) grafia com inicial maiúscula da palavra “voz” no slogan. d) imagem de uma mão segurando um megafone. e) representação gráfica da propagação do som. 03. (ENEM) Nesse texto, a combinação de elementos verbais e não verbais configura-se como estratégia argumentativa para a) manifestar a preocupação do governo com a segurança dos pedestres. b) associar a utilização do celular às ocorrências de atropelamento de crianças. c) orientar pedestres e motoristas quanto à utilização responsável do telefone móvel. d) influenciar o comportamento de motoristas em relação ao uso de celular no trânsito. e) alertar a população para os riscos da falta de atenção no trânsito das grandes cidades. 04. (ENEM) No Brasil, milhares de crianças e adolescentes trabalham em casas de família. Isso não é legal. O trabalho infantil doméstico encurta a infância, prejudica a autoestima e provoca grande defasagem escolar. Desenvolvemos diversos programas sociais que protegem e dão dignidade a crianças e jovens, como o PETI, PROJOVEM URBANO, PROJOVEM ADOLESCENTE E PROJOVEM TRABALHADOR, entre outros. Disponível em: http://servicos.prt16.mpt.mpbr. Acesso em: 15 jul. 2015 (adaptado). A peça publicitária, em pauta, busca promover uma conscientização social. Pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados pelo autor, o texto a) opõe a fragilidade da criança aos desmandos dos adultos. b) elenca as causas da existência do trabalho infantil no Brasil. c) detalha as iniciativas governamentais de solução do problema abordado. d) divulga ações institucionais locais para o enfrentamento de um problema nacional. e) ressalta a responsabilidade das famílias na proteção das crianças e dos adolescentes. 05. (ENEM) Nessa propaganda, a combinação entre linguagem verbal e não verbal promove um apelo à população para que a) tome a vacina contra gripe. b) se engaje em movimentos pela saúde no trabalho. c) se proteja contra o contágio pelo vírus HIV. d) combata a discriminação no local de trabalho. e) contribua com ações a favor de portadores do vírus HIV. 06. (ENEM) M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULARSISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO70 PORTUGUÊS 18 GÊNERO TEXTUAL PUBLICITÁRIO Campanhas publicitárias podem evidenciar problemas sociais. O cartaz tem como finalidade a) alertar os homens agressores sobre as consequências de seus atos. b) conscientizar a população sobre a necessidade de denunciar a violência doméstica. c) instruir as mulheres sobre o que fazer em casos de agressão. d) despertar nas crianças a capacidade de reconhecer atos de violência doméstica. e) exigir das autoridades ações preventivas contra a violência doméstica. 07. (ENEM) PROPAGANDA – O exame dos textos e mensagens de Propaganda revela que ela apresenta posições parciais, que refletem apenas o pensamento de uma minoria, como se exprimissem, em vez disso, a convicção de uma população; trata-se, no fundo, de convencer o ouvinte ou o leitor de que, em termos de opinião, está fora do caminho certo, e de induzi-lo a aderir às teses que lhes são apresentadas, por um mecanismo bem conhecido da psicologia social, o do conformismo induzido por pressões do grupo sobre o indivíduo isolado. BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de política. Brasília: UnB, 1998 (adaptado). De acordo com o texto, as estratégias argumentativas e o uso da linguagem na produção da propaganda favorecem a a) reflexão da sociedade sobre os produtos anunciados. b) difusão do pensamento e das preferências das grandes massas. c) imposição das ideias e posições de grupos específicos. d) decisão consciente do consumidor a respeito de sua compra. e) identificação dos interesses do responsável pelo produto divulgado. 08. (ENEM) PALAVRAS TÊM PODER Palavras informam, libertam, destroem preconceitos. Palavras desinforma, aprisionam e criam preconceitos. Liberdade de expressão. A escolha é sua. A responsabilidade, também. A liberdade de expressão é uma conquista inquestionável. O que todos precisam saber é que liberdade traz responsabilidades. Publicar informações e mensagens sensacionalistas, explorar imagens mórbidas, desrespeitar os Direitos Humanos e estimular o preconceito e a violência são atos de desrespeito à lei. Para promover a liberdade de expressão com responsabilidade, o Ministério Público de Pernambuco se une a vários parceiros nesta ação educativa. Colabore. Caso veja alguma mensagem que desrespeite os seus direitos, denuncie. 0800 281 9455 – Ministério Público de Pernambuco Disponível em: http://palavrastempoder.org. Acesso em: 20 abr. 2015. Pela análise do conteúdo, constata-se que essa campanha publicitária tem como função social a) propagar a imagem positiva do Ministério Público. b) conscientizar a população que direitos implicam deveres. c) coibir violações de direitos humanos nos meios de comunicação. d) divulgar políticas sociais que combatem a intolerância e o preconceito. e) instruir as pessoas sobre a forma correta de expressão nas redes sociais. TEXTO PARA AS QUESTÕES 09 E10 Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Conar nasceu há 29 anos (viu SÓ? não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela? Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição. Anúncio veiculado na Revista Veja. São Paulo: Abril. Ed.2120, ano 42, nº27, 8 jul. 2009 09. (ENEM) O recurso gráfico utilizado no anúncio publicitário - de disfarçar a potencial supressão de trecho do texto - reforça a eficácia pretendida, revelada na estratégia de a) ressaltar a informação no título, em detrimento do restante do conteúdo associado. b) incluir o leitor por meio do uso da 1ª pessoa do plural no discurso. c) contar a história da criação do órgão como argumento de autoridade. d) subverter o fazer publicitário pelo uso de sua metalinguagem. e) impressionar o leitor pelo jogo de palavrasno texto. 10. (ENEM) Considerando a autoria e a seleção lexical desse texto, bem como os argumentos nele mobilizados, constata-se que o objetivo do autor do texto é a) informar os consumidores em geral sobre a atuação do Conar. b) conscientizar publicitários do compromisso ético ao elaborar suas peças publicitárias. c) alertar chefes de família, para que eles fiscalizem o conteúdo das propagandas veiculadas pela mídia. d) chamar a atenção de empresários e anunciantes em geral para suas responsabilidades ao contratarem publicitários sem ética. e) chamar a atenção de empresas para os efeitos nocivos que elas podem causar à sociedade, se compactuarem com propagandas enganosas. GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. C 02. B 03. D 04. D 05. E 06. B 07. C 08. B 09. D 10. A M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PORTUGUÊS PRÉ-VESTIBULAR 71SISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO TIPOLOGIA TEXTUAL I: TEXTO INJUNTIVO, PREDITIVO E DIALOGAL19 TEXTO INJUNTIVO O gênero injuntivo, também conhecido como instrucional, tem a função de explicar e expor métodos, maneiras e instruções a fim de demonstrar como uma ação deve ser realizada. De forma direta, é o tipo de texto que enuncia o procedimento para executar um determinado ato. É um gênero textual que embasa receitas de cozinha, bulas de medicamentos, manuais de instruções, editais de concursos e, até mesmo, algumas publicidades. Por não ser um gênero argumentativo, não busca o convencimento do leitor, mas tão somente instruí-lo de forma detalhada sobre a realização de um procedimento, transmitindo- lhe informações precisas e comandos para a efetivação do ato. Dessa forma, é um gênero que apresenta a necessidade de um interlocutor ao qual o discurso se dirige e tem como principal objetivo a realização de alguma ação por parte dele, modificando de alguma maneira o seu comportamento, na medida em que fornece instruções e indicações para a execução de uma tarefa ou mesmo a recomendação sobre a forma de uso de um determinado objeto. Alguns estudiosos enxergam no gênero injuntivo uma divisão, separando da categoria os textos chamados “prescritivos”. Enquanto o texto injuntivo forneceria instruções sem buscar evidenciar uma imposição ao leitor – tornando-se mera instrução, como em manuais ou receitas –, o texto prescritivo estabelece uma atitude coercitiva, proibindo comportamentos ou indicando a única maneira de realizar algo, a qual deve submeter-se o interlocutor – como seria o caso de editais de concursos, regulamentos e leis em geral. A linguagem utilizada no gênero é normalmente simples, clara, direta e objetiva. É característica, por conta da necessidade de um interlocutor, a existência de verbos no imperativo, indicando as ações que devem ser realizadas por meio de “ordens” para sua realização. É comum que esse tipo texto também se utilize de descrições sobre objetos, ou ações, de modo a informar o leitor com precisão para que ele possa realizar as ações indicadas. TEXTO PREDITIVO O texto preditivo prediz, ou seja, diz antes. De fato, o entendimento do termo é a exata compreensão de seu contexto. O gênero preditivo é aquele cujo discuro serve para indicar uma previsão, dar uma informação sobre o futuro, de forma a antecipar os eventos que, segundo o enunciador, deverão ocorrer. É um gênero que abarca textos como previsões do tempo, horóscopo, profecias e mesmo alguns provérbios. Como principal característica, apresenta seus verbos no futuro do presente e, por vezes, o presente do indicativo. É comum o uso de expressões com valor de futuro, além da existência de interlocução. Na atualidade, reconhece-se o texto preditivo ligado às novas tecnologias. Pode-se afirmar sua presença como resultado de algoritmos de sites de busca ou mesmo dos próprios aplicativos de celulares. Nesses casos, há a criação de uma espécie de banco de dados de termos mais procurados ou palavras mais digitadas pelos usuários e, durante o preenchimento das primeiras letras de um termo, o aplicativo ou site “prediz”, em forma de sugestão, um termo ou expressão que corresponderia à busca realizada. TEXTO DIALOGAL O texto dialogal é baseado na construção de um diálogo e, portanto, necessita de, no mínimo, dois interlocutores, criando uma espécie de texto “cogerido”, construído à base da integração de turnos entre esses interlocutores. Evidentemente, cada sentença de um enunciador relaciona-se com aquilo que seu interlocutor enunciou e vice-versa, fazendo, assim, com que a trama do texto estabeleça-se por meio do diálogo que vai sendo construído, uma vez que esses interlocutores concordam, discordam, concluem, generalizam, particularizam, justificam, exemplificam etc. É um gênero que se percebe em diversos textos, como as entrevistas jornalísticas, os debates, as reuniões de trabalho, conversas telefônicas, bate-papos em aplicativos e sites de mensagens diretas etc. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM) E se a água potável acabar? O que aconteceria se a água potável do mundo acabasse? As teorias mais pessimistas dizem que a água potável deve acabar logo, em 2050. Nesse ano, ninguém mais tomará banho todo dia. Chuveiro com água, só duas vezes por semana. Se alguém exceder 55 litros de consumo (metade do que a ONU recomenda), seu abastecimento será interrompido. Nos mercados, não haveria carne, pois, se não há água para você, imagine para o gado. Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de carne. Mas não é só ela que faltará. A Região Centro-Oeste do Brasil, maior produtor de grãos da América Latina em 2012, não conseguiria manter a produção. Afinal, no país, a agricultura e a agropecuária são, hoje, as maiores consumidoras de água, com mais de 70% do uso. Faltariam arroz, feijão, soja, milho e outros grãos. Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012. A língua portuguesa dispõe de vários recursos para indicar a atitude do falante em relação ao conteúdo de seu enunciado. No início do texto, o verbo “dever” contribui para expressar a) uma constatação sobre como as pessoas administram os recursos hídricos. b) a habilidade das comunidades em lidar com problemas ambientais contemporâneos. c) a capacidade humana de substituir recursos naturais renováveis. d) uma previsão trágica a respeito das fontes de água potável. e) uma situação ficcional com base na realidade ambiental brasileira. 02. (ENEM) Fogo frio O Poeta A névoa que sobe dos campos, das grotas, do fundo dos vales, é o hálito quente da terra friorenta. O Lavrador Engana-se, amigo. Aquilo é fumaça que sai da geada. M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULARSISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO72 PORTUGUÊS 19 TIPOLOGIA TEXTUAL I: TEXTO INJUNTIVO, PREDITIVO E DIALOGAL O Poeta Fumaça, que eu saiba, somente de chama e brasa é que sai! O Lavrador E, acaso, a geada não é fogo branco caído do céu, tostando tudinho, crestando tudinho, queimando tudinho, sem pena, sem dó? FORNARI, E. Trem da serra. Porto Alegre: Acadêmica, 1987. Neste diálogo poético, encena-se um embate de ideias entre o Poeta e o Lavrador, em que a) a vitória simbólica é dada ao discurso do lavrador e tem como efeito a renovação de uma linguagem poética cristalizada. b) as duas visões têm a mesma importância e são equivalentes como experiência de vida e a capacidade de expressão. c) o autor despreza a sabedoria popular e traça uma caricatura do discurso do lavrador, simplório e repetitivo. d) as imagens contraditórias de frio e fogo referidas à geada compõem um paradoxo que o poema não é capaz de organizar. e) o discurso do lavrador faz uma personificação da natureza para explicar o fenômeno climático observado pelos personagens. 03. (ENEM) 14 coisas que você não deve jogar na privada Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que contamina o ambiente e os animais. Também deixa mais difícil obter aágua que nós mesmos usaremos. Alguns produtos podem causar entupimentos: - cotonete e fio dental; - medicamento e preservativo; - óleo de cozinha; - ponta de cigarro; - poeira de varrição de casa; - fio de cabelo e pelo de animais; - tinta que não seja à base de água; - querosene, gasolina, solvente, tíner. Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles, como óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem ser levados a pontos de coleta especiais, que darão a destinação final adequada. MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta Sustentável, jul.-ago. 2013 (adaptado). O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do foco no interlocutor, que caracteriza a função conativa da linguagem, predomina também nele a função referencial, que busca a) despertar no leitor sentimentos de amor pela natureza, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que beneficiarão a sustentabilidade do planeta. b) informar o leitor sobre as consequências da destinação inadequada do lixo, orientando-o sobre como fazer o correto descarte de alguns dejetos. c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mostrando exemplos de atitudes sustentáveis do autor do texto em relação ao planeta. d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procurando certificar-se de que a mensagem sobre ações de sustentabilidade está sendo compreendida. e) explorar o uso da linguagem, conceituando detalhadamente os termos utilizados de forma a proporcionar melhor compreensão do texto. 04. (ENEM) Receita Tome-se um poeta não cansado, Uma nuvem de sonho e uma flor, Três gotas de tristeza, um tom dourado, Uma veia sangrando de pavor. Quando a massa já ferve e se retorce Deita-se a luz dum corpo de mulher, Duma pitada de morte se reforce, Que um amor de poeta assim requer. SARAMAGO, J. Os poemas possíveis. Alfragide: Caminho, 1997. Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativamente estáveis e podem reconfigurar-se em função do propósito comunicativo. Esse texto constitui uma mescla de gêneros, pois a) introduz procedimentos prescritivos na composição do poema. b) explicita as etapas essenciais à preparação de uma receita. c) explora elementos temáticos presentes em uma receita. d) apresenta organização estrutural típica de um poema. e) utiliza linguagem figurada na construção do poema. 05. (ENEM) O Instituto de Arte de Chicago disponibilizou para visualização on-line, compartilhamento ou download (sob licença Creative Commons), 44 mil imagens de obras de arte em altíssima resolução, além de livros, estudos e pesquisas sobre a história da arte. Para o historiador da arte, Bendor Grosvenor, o sucesso das coleções on-line de acesso aberto, além de democratizar a arte, vem ajudando a formar um novo público museológico. Grosvenor acredita que quanto mais pessoas forem expostas à arte on-line, mais visitas pessoais acontecerão aos museus. A coleção está disponível em seis categorias: paisagens urbanas, impressionismo, essenciais, arte africana, moda e animais. Também é possível pesquisar pelo nome da obra, estilo, autor ou período. Para navegar pela imagem em alta definição, basta clicar sobre ela e utilizar a ferramenta de zoom. Para fazer o download, disponível para obras de domínio público, é preciso utilizar a seta localizada do lado inferior direito da imagem. Disponível em: www.revistabula.com. Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado). A função da linguagem que predomina nesse texto se caracteriza por a) evidenciar a subjetividade da reportagem com base na fala do historiador de arte. b) convencer o leitor a fazer o acesso on-line, levando-o a conhecer as obras de arte. c) informar sobre o acesso às imagens por meio da descrição do modo como acessá-las. d) estabelecer interlocução com o leitor, orientando-o a fazer o download das obras de arte. e) enaltecer a arte, buscando popularizá-la por meio da possibilidade de visualização on-line. 06. (ENEM) Menino de cidade – Papai, você deixa eu ter um cachorro no meu sítio? – Deixo. – E um porquinho-da-índia? E ariranha? E macaco e quatro cabritos? E duzentos e vinte pombas? E um boi? E vaca? E rinoceronte? – Rinoceronte não pode. – Tá bem, mas cavalo pode, não pode? O sítio é apenas um terreno no estado do Rio sem maiores perspectivas imediatas. Mas o garoto precisa acreditar no sítio como outras pessoas precisam acreditar no céu. O céu dele é exatamente o da festa folclórica, a bicharada toda e ele, que nasceu no Rio e vive nesta cidade sem animais. CAMPOS, P. M. Balé do pato e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1988. Nessa crônica, a repetição de estruturas sintáticas, além de fazer o texto progredir, ainda contribui para a construção de seu sentido, M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULAR SISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO 19 TIPOLOGIA TEXTUAL I: TEXTO INJUNTIVO, PREDITIVO E DIALOGAL 73 PORTUGUÊS a) demarcando o diálogo desenvolvido entre o pai e o menino criado na cidade. b) opondo a cidade sem animais a um sítio habitado por várias espécies diferentes. c) revelando a ansiedade do menino em relação aos bichos que poderia ter em seu sítio. d) pondo em foco os animais como temática central da história narrada nessa prosa ficcional. e) indicando a falta de ânimo do pai, sem maiores perspectivas futuras em relação ao terreno. 07. (ENEM) Primeira lição Os gêneros de poesia são: lírico, satírico, didático, épico, ligeiro. O gênero lírico compreende o lirismo. Lirismo é a tradução de um sentimento subjetivo, sincero e pessoal. É a linguagem do coração, do amor. O lirismo é assim denominado porque em outros tempos os versos sentimentais eram declamados ao som da lira. O lirismo pode ser: a) Elegíaco, quando trata de assuntos tristes, quase sempre a morte. b) Bucólico, quando versa sobre assuntos campestres. c) Erótico, quando versa sobre o amor. O lirismo elegíaco compreende a elegia, a nênia, a endecha, o epitáfio e o epicédio. Elegia é uma poesia que trata de assuntos tristes. Nênia é uma poesia em homenagem a uma pessoa morta. Era declamada junto à fogueira onde o cadáver era incinerado. Endecha é uma poesia que revela as dores do coração. Epitáfio é um pequeno verso gravado em pedras tumulares. Epicédio é uma poesia onde o poeta relata a vida de uma pessoa morta. CESAR, A. C. Poética, São Paulo: Companhia das Letras, 2013. No poema de Ana Cristina Cesar, a relação entre as definições apresentadas e o processo de construção do texto indica que o(a) a) caráter descritivo dos versos assinala uma concepção irônica de lirismo. b) tom explicativo e contido constitui uma forma peculiar de expressão poética. c) seleção e o recorte do tema revelam uma visão pessimista da criação artística. d) enumeração de distintas manifestações líricas produz um efeito de impessoalidade. e) referência a gêneros poéticos clássicos expressa a adesão do eu lírico às tradições literárias. 08. (ENEM) Reclame se o mundo não vai bem a seus olhos, use lentes ... ou transforme o mundo. ótica olho vivo agradece a preferência. CHACAL. Disponível em: www.escritas.org. Acesso em: 14 ago. 2014. Os gêneros podem ser híbridos, mesclando características de diferentes composições textuais que circulam socialmente. Nesse poema, o autor preservou, do gênero publicitário, a seguinte característica: a) Extensão do texto. b) Emprego da injunção. c) Apresentação do título. d) Disposição das palavras. e) Pontuação dos períodos. 09. (ENEM) Blues da piedade Vamos pedir piedade Senhor, piedade Pra essa gente careta e covarde Vamos pedir piedade Senhor, piedade Lhes dê grandeza e um pouco de coragem CAZUZA. Cazuza: O poeta não morreu. Rio de Janeiro: Universal Music, 2000 (fragmento). Todo gênero apresenta elementos constitutivos que condicionam seu uso em sociedade. À letra de canção identifica-se com o gênero ladainha, essencialmente, pela utilização da sequência textual a) expositiva, por discorrer sobre um dado tema. b) narrativa, por apresentar umacadeia de ações. c) injuntiva, por chamar o interlocutor à participação. d) descritiva, por enumerar características de um personagem. e) argumentativa, por incitar o leitor a uma tomada de atitude. 10. (ENEM) Essa campanha se destaca pela maneira como utiliza a linguagem para conscientizar a sociedade da necessidade de se acabar com o bullying. Tal estratégia está centrada no(a) M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULARSISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO74 PORTUGUÊS 19 TIPOLOGIA TEXTUAL I: TEXTO INJUNTIVO, PREDITIVO E DIALOGAL a) chamamento de diferentes atores sociais pelo uso recorrente de estruturas injuntivas. b) variedade linguística caracterizadora do português europeu. c) restrição a um grupo específico de vítimas ao apresentar marcas gráficas de identificação de gênero como “o(a)”. d) combinação do significado de palavras escritas em línguas inglesa e portuguesa. e) enunciado de cunho esperançoso “passe à história” no título do cartaz. f) 05.GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. D 02. A 03. B 04. A 05. C 06. C 07. B 08. B 09. C 10. A ANOTAÇÕES M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PORTUGUÊS PRÉ-VESTIBULAR 75SISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO TIPOLOGIA TEXTUAL II: NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO20 INTRODUÇÃO Os textos são classificados, de acordo com suas características, em determinados tipos, que variam conforme a predominância da existência de figuras ou de ideias abstratas. Com isso, temos dois tipos de texto e seus decorrentes discursos de base, conforme o exposto na tabela abaixo. Textos concretos (figurados) Descrição Narração Textos abstratos (conceituais) Exposição Argumentação Diz-se que os textos são concretos quando apresentam palavras ou expressões que correspondem a algo existente (o que se imagina como tal) no mundo natural ou social (figuras). Os textos abstratos são aqueles que apresentam ideias que organizam e ordenam a realidade percebida pelos sentidos. Já com relação aos discursos de base, os textos mais concretos apresentam-se como narrações ou descrições. Já aqueles mais abstratos, como exposições ou argumentações. Em contextos escolares, o discurso expositivo, quando fundido ao argumentativo, gera o modelo dissertativo-argumentativo, típico das provas de vestibular. QUEM FALA Narração narrador Descrição observador Dissertação argumentador FALA O QUÊ Narração ações, acontecimentos Descrição seres, objetos, cenas, processos Dissertação argumentos, conceitos, definições OBJETIVO Narração relatar Descrição identificar, localizar, caracterizar Dissertação discutir, informar, expor NARRAÇÃO Falar de texto narrativo é observar que a matéria da narração é o fato. O relato de um episódio real ou de ficção implica outros elementos (quem os vivencia, o fato em si e as circunstâncias), ou seja: o quê, quem, como, quando, onde, porquê, por isso. Esses elementos não estão, necessariamente, presentes em todas as narrativas. No entanto, são imprescindíveis os elementos quem e o quê para que possa haver narração. São cinco as categorias da narrativa, também chamadas de elementos da narrativa: o enredo, o narrador, os personagens, o tempo e o espaço (ambiente). O enredo engloba a estrutura da narrativa. Mais do que entender a sequência de fatos constituintes da história, o enredo atua na compreensão do conflito; é a trama que envolve personagens que se opõem, diante de um complicador que leva a história para a frente. Um enredo desenvolve-se nos seguintes estágios: • Exposição O narrador apresenta as circunstâncias da história, situando em época e ambiente determinados, introduzindo algumas personagens. • Complicação Ao se iniciar o conflito, há o choque de interesses entre personagens. • Clímax O ápice da história, o ponto de maior tensão. No clímax, o conflito de interesses entre as personagens chega ao ponto em que não há como adiar o desfecho. • Desfecho ou desenlace O material do enredo é o tema, resultante do tratamento dado ao assunto pelo autor, ou seja, o ponto de vista ou enfoque dado. Além da sequência temporal que observamos no texto narrativo, temos como característica a apresentação de personagens que vivem fatos em determinado lugar (espaço) e tempo. Os fatos são narrados por um narrador. É importante observar que o narrador é uma entidade literária, sem existência real; logo, não pode ser confundido com o autor do texto. É ele quem conta a história, apresenta as personagens e, ao fazer isso, constrói um determinado foco narrativo. O foco narrativo é, então, a perspectiva a partir da qual uma história é contada. O narrador em 1ª pessoa pode assumir duas posições diante do que narra: NARRADOR-PROTAGONISTA OU PERSONAGEM PRINCIPAL Não tem acesso aos sentimentos, pensamentos e intenções dos outros personagens, mas narra suas percepções, sentimentos e pensamentos. Por meio desse foco, é possível ao leitor traçar o perfil do protagonista. NARRADOR-TESTEMUNHA OU PERSONAGEM SECUNDÁRIO Embora narre de dentro da trama os acontecimentos, não consegue saber os sentimentos das outras personagens, limitando- se a inferências e hipóteses. Pode ou não tecer comentários. O narrador em 3ª pessoa, por sua vez, pode assumir duas posições diante do que narra: NARRADOR-ONISCIENTE Tem conhecimento de tudo, até dos pensamentos e sentimentos dos personagens. Está acima de tudo, por isso, pode antecipar ações e fatos futuros. M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULARSISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO76 PORTUGUÊS 20 TIPOLOGIA TEXTUAL II: NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO NARRADOR-INTRUSO Simula um diálogo com o leitor, julga, comenta e analisa o comportamento e atitudes narradas. DESCRIÇÃO É o tipo de texto que mostra de forma verbal um objeto, ser, coisa, paisagem ou mesmo um sentimento, sempre por meio da apresentação de seus elementos mais característicos, de suas particularidades e a forma e a ordem de sua organização. A finalidade básica de uma descrição é estimular os sentidos provocados pela coisa observada, como se pudesse dar ao leitor as mesmas impressões que se tem ao estar diante daquilo que é descrito. Para isso, é importante atentar para o ponto de vista, seja ele a posição física em que se encontra o observador, seja a orientação afetiva que apresenta diante daquilo que é descrito. Daí decorrem dois tipos de descrição. A descrição objetiva e a descrição subjetiva. Na primeira, a coisa descrita é mostrada de forma concreta, com foco em seus aspectos intrínsecos, sem revelar as impressões do observador; assim, o foco são características como forma, tamanho, volume, coloração, espessura etc. Na descrição subjetiva atenta-se para a percepção do observador em relação ao que é descrito. Neste tipo de descrição, existe a parcialidade do observador que demonstra suas emoções e impressões individuais acerca daquilo que descreve. É também particularmente importante em uma descrição a ordem dos elementos apresentados ao longo do texto. Essa progressividade auxilia o leitor a combinar os detalhes descritos em uma imagem unificada. DISSERTAÇÃO A dissertação se caracteriza pela defesa de uma ideia, de um ponto de vista, ou pelo questionamento acerca de um determinado assunto. Para a fundamentação desse ponto de vista, o texto dissertativo utiliza-se de uma estrutura argumentativa, pois é a partir desses argumentos que se justificará a ideia central da dissertação. Em geral, para se obter maior clareza na exposição de um ponto de vista, costuma-se distribuir o texto dissertativo em três partes: • Introdução: em que se apresenta a ideia ou o ponto de vista a ser defendido. • Desenvolvimento ou argumentação: em que se desenvolve o ponto de vista para tentar convencer o leitor, usando uma sólida argumentação, com exemplos, citações, ou fornecimentode dados. • Conclusão: em que se dá um fecho ao texto, coerente com o desenvolvimento e com os argumentos apresentados. Em um texto dissertativo não há, de forma alguma, a marca de interlocução. Argumenta-se para convencer um leitor hipotético, chamado de interlocutor universal. Portanto, em uma estrutura dissertativa, a presença da 2ª pessoa ou de vocativos implica uma inadequação ao tipo de texto. Como a elaboração de uma dissertação não está centrada na função poética da linguagem, mas na exposição e defesa de ideias, não se justifica o uso exagerado de figuras de linguagem, pois os subtextos que a linguagem figurada cria podem, de alguma forma, esvaziar o poder argumentativo do texto. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM) As cores Maria Alice abandonou o livro onde seus dedos longos liam uma história de amor. Em seu pequeno mundo de volumes, de cheiros, de sons, todas aquelas palavras eram a perpétua renovação dos mistérios em cujo seio sua imaginação se perdia. [...] Como seria cor e o que seria? [...]. Era, com certeza, a nota marcante de todas as coisas para aqueles cujos olhos viam, aqueles olhos que tantas vezes palpara com inveja calada e que se fechavam, quando os tocava, sensíveis como pássaros assustados, palpitantes de vida, sob seus dedos trêmulos, que diziam ser claros. Que seria o claro, afinal? Algo que aprendera, de há muito, ser igual ao branco. [...] E agora Maria Alice voltava outra vez ao Instituto. E ao grande amigo que lá conhecera. [...]. Lembrava-se da ternura daquela voz, da beleza daquela voz. De como se adivinhavam entre dezenas de outros e suas mãos se encontravam. De como as palavras de amor tinham irrompido e suas bocas se encontrado... De como um dia seus pais haviam surgido inesperadamente no Instituto e a haviam levado à sala do diretor e se haviam queixado da falta de vigilância e moralidade no estabelecimento. E de como, no momento em que a retiravam e quando ela disse que pretendia se despedir de um amigo pelo qual tinha grande afeição e com quem se queria casar, o pai exclamara, horrorizado: – Você não tem juízo, criatura? Casar-se com um mulato? Nunca! Mulato era cor. Estava longe aquele dia. Estava longe o Instituto, ao qual não saberia voltar, do qual nunca mais tivera notícia, e do qual somente restara o privilégio de caminhar sozinha pelo reino dos livros, tão parecido com a vida dos outros, tão cheio de cores.. . LESSA, O. Seleta de Orígenes Lessa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. No texto, a condição da personagem e os desdobramentos da narrativa conduzem o leitor a compreender o(a) a) percepção das cores como metáfora da discriminação racial. b) privação da visão como elemento definidor das relações humanas. c) contraste entre as representações do amor de diferentes gerações. d) prevalência das diferenças sociais sobre a liberdade das relações afetivas. e) embate entre a ingenuidade juvenil e a manutenção de tradições familiares. 02. (ENEM) Ed Mort só vai Mort. Ed Mort. Detetive particular. Está na plaqueta. Tenho um escritório numa galeria de Copacabana entre um fliperama e uma loja de carimbos. Dá só para o essencial, um telefone mudo e um cinzeiro. Mas insisto numa mesa e numa cadeira. Apesar do protesto das baratas. Elas não vencerão. Comprei um jogo de máscaras. No meu trabalho o disfarce é essencial. Para escapar dos credores. Outro dia entrei na sala e vi a cara do King Kong andando pelo chão. As baratas estavam roubando as máscaras. Espisoteei meia dúzia. As outras atacaram a mesa. Consegui salvar a minha Bic e o jornal. O jornal era novo, tinha só uma semana. Mas elas levaram a agenda. Saí ganhando. A agenda estava em branco. Meu último caso fora com a funcionária do Erótica, a primeira ótica da cidade com balconista topless. Acabara mal. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta. VERISSIMO, L. F. Ed Mort: todas as histórias. Porto Alegre: L&PM, 1997 (adaptado). M A T E R I A L D O P R O F E S S O R M A T E R I A L D O P R O F E S S O R PRÉ-VESTIBULAR SISTEMA PRODÍGIO DE ENSINO 20 TIPOLOGIA TEXTUAL II: NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO 77 PORTUGUÊS Nessa crônica, o efeito de humor é basicamente construído por uma a) segmentação de enunciados baseada na descrição dos hábitos do personagem. b) ordenação dos constituintes oracionais na qual se destaca o núcleo verbal. c) estrutura composicional caracterizada pelo arranjo singular dos períodos. d) sequenciação narrativa na qual se articulam eventos absurdos. e) seleção lexical na qual predominam informações redundantes. 03. (ENEM) Menina A máquina de costura avançava decidida sobre o pano. Que bonita que a mãe era, com os alfinetes na boca. Gostava de olhá- la calada, estudando seus gestos, enquanto recortava retalhos de pano com a tesoura. Interrompia às vezes seu trabalho, era quando a mãe precisava da tesoura. Admirava o jeito decidido da mãe ao cortar pano, não hesitava nunca, nem errava. A mãe sabia tanto! Tita chamava-a de ( ) como quem diz ( ). Tentava não pensar as palavras, mas sabia que na mesma hora da tentativa tinha-as pensado. Oh, tudo era tão difícil. A mãe saberia o que ela queria perguntar-lhe intensamente agora quase com fome depressa depressa antes de morrer, tanto que não se conteve e – Mamãe, o que é desquitada? – atirou rápida com uma voz sem timbre. Tudo ficou suspenso, se alguém gritasse o mundo acabava ou Deus aparecia – sentia Ana Lúcia. Era muito forte aquele instante, forte demais para uma menina, a mãe parada com a tesoura no ar, tudo sem solução podendo desabar a qualquer pensamento, a máquina avançando desgovernada sobre o vestido de seda brilhante espalhando luz luz luz. ÂNGELO. I. Menina. In: A face horrível. São Paulo: Lazuli, 2017. Escrita na década de 1960, a narrativa põe em evidência uma dramaticidade centrada na a) insinuação da lacuna familiar gerada pela ausência da figura paterna. b) associação entre a angústia da menina e a reação intempestiva da mãe. c) relação conflituosa entre o trabalho doméstico e a emancipação feminina. d) representação de estigmas sociais modulados pela perspectiva da criança. e) expressão de dúvidas existenciais intensificadas pela percepção do abandono. 04. (ENEM) Machado de Assis Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentou o autodidata Machado de Assis. Disponível em: http://www.passeiweb.com. Acesso em: 1 maio 2009. Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto citado constitui-se de a) fatos ficcionais relacionados a outros de caráter realista, relativos à vida de um renomado escritor. b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade por seus trabalhos e vida cotidiana. c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa, destacando como tema seus principais feitos. d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade histórica, ressaltando sua intimidade familiar em detrimento de seus feitos públicos. e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem tipológica da narração, com um estilo marcado por linguagem objetiva. 05. (ENEM) Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré- história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. […] Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever. Como começar
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