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R O D O L F O P E R E S & P L E N I T U D E E D U C A Ç Ã O Diversos artigos relacionados à nutrição esportiva, estética e empreendedorismo. + Início em Outubro 2020 Coordenação: Rodolfo Peres TURMA 1 | 100% ONLINE Início em Outubro 2020TURMA 1 | 100% ONLINE CONHEÇA NOSSOS PROFESSORES : Roberta Carbonari Aline David Denise de Carvalho Rita de Cássia de Aquino Fabiana Poltronieri Vanessa Coutinho Lucyanna Kaluf Bruno César Kátia Cili Lilian Cuppari Felipe Pereira Simone Felliti Marcelo Rogero Sônia Tucunduva Valentim Magalhães Eleonora Comucci Ana Carolina Franco Rodrigo Manda Tatiany Faria Mariana Granito Liliana Bricarello Rodrigo Moreira João Motarelli Debhora Medeiros Guilherme Lira Vanessa Lima Marianne Rocha Rodolfo Peres Marcelo Carvalho plenitudeeducacao.com.br @aplenitude revistadigital.plenitudeeducacao.com.br Rodolfo Peres Canva Editor Chefe Imagens Alunos e Professores da Pós Graduação em Nutrição Esportiva e Estética Conteúdos Diretor de Edição Gabriela Henriques Na edição 7 da Revista #goaheadnutrition trago para vocês minha visão do cenário atual da Nutrição em nosso país. Espero, com minha experiência de quase 20 anos atuando na área, colaborar para que o estudante e/ou recém formado já iniciem com uma visão mais abrangente e realista. Coordenador da Pós Graduação em Nutrição Esportiva e Estética | Nutrição Clínica Integrativa - Grupo Plenitude Educação. João Pinheiro Revisora Uma ótima notícia é que nessa edição aumentamos nosso conteúdo para 7 artigos específicos. A matéria de capa é sobre o sono e sua relação com composição corporal e performance. Que uma hidratação adequada é fundamental para o esportista, todo mundo sabe, mas poucos realmente dominam as corretas prescrições para cada modalidade. Por isso, trazemos um artigo desvendando esse importante tema. Quer saber tudo sobre ômega 3? A revista conta com um artigo apresentando a importância desse ácido graxo essencial na saúde e na performance. Muitos modismos atualmente sobre dietas ricas em gorduras e dietas Low Carb, certo? Em um artigo, apresentamos alguns malefícios crônicos da adesão de uma dieta rica em gorduras por longo tempo e em outro, abordamos sobre a relação entre uma dieta Low Carb e performance esportiva. Existiriam benefícios afinal? A compreensão sobre a importância de níveis adequados de Vitamina D na saúde e na prática esportiva são fundamentais. Portanto, fechamos a parte científica da revista com um artigo completíssimo sobre esse incrível micronutriente. E como sempre, trazemos uma receita e um artigo sobre empreendedorismo. Forte abraço e boa leitura, Rodolfo Peres. Ou seja, mais uma vez, a revista está imperdível. Uma maneira prazerosa, fácil e gratuita de você se atualizar com os profissionais (alunos e professores), da Plenitude Educação. Quer fazer parte desse time? Venha estudar conosco! 16 LOW CARB X PERFORMANCE 21 ÔMEGA-3 29 HIDRATAÇÃO COMO FONTE DE PERFORMANCE ESPORTIVA E SAÚDE 28 SORVETE PROTEICO COM CALDA DE CHOCOLATE 33 11 IMPACTOS DA PRIVAÇÃO DE SONO: COMPOSIÇÃO CORPORAL, ALTERAÇÕES METABÓLICAS E COMPORTAMENTO ALIMENTAR. SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D NO ESPORTE 06 QUAL O CENÁRIO ATUAL DA NUTRIÇÃO? REFERÊNCIAS HISTÓRICAS NA NUTRIÇÃO 38 OS MALEFÍCIOS DE UMA DIETA RICA EM GORDURAS E O PAPEL DE CARDIOPROTETORES 44 06GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. ARTIGO ARTIGO indiscutível que a Nutrição nunca esteve tão em alta. É só abrir qualquer rede social para se deparar com inúmeros conteúdos sobre o assunto, especialmente relacionados a emagrecimento. É claro que estamos falando de um aumento na quantidade de informações, porque no que diz respeito à qualidade o cenário não é animador. Algo que me preocupa é ver estudantes e nutricionistas abordando o emagrecimento baseados em estratégias simplistas, considerando apenas a exclusão de um determinado nutriente ou o déficit calórico de uma refeição. Isso pode gerar muitos likes em redes sociais, afinal, milhões de pessoas estão em busca de uma fórmula mágica para emagrecer, mas qual a qualidade da informação que está sendo gerada? No caso do emagrecimento, o açúcar sempre aparece como vilão, e determinados alimentos, isolados, responsáveis pelo excesso de peso. Cortem o glúten e a lactose. Usem óleo de coco e sal rosa do Himalaia. O problema é a aveia. Açúcar vicia mais que cocaína. A creatina “X” não retém líquido. É com essas bobagens, fazendo um grande desserviço à população, que inúmeros profissionais vêm ganhando fama e dinheiro. O mais triste é que justamente essas pessoas são convidadas para palestrar em grandes congressos, pois a empresa que patrocina os eventos precisa vender os ingressos, e nada melhor do que convidar um famoso do Instagram para impulsionar as vendas. É um círculo de interesses difícil de ser quebrado, já que a indústria aumenta seu faturamento criando produtos com base nos modismos ditados pela internet. 07GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. As plataformas digitais podem ser muito úteis na divulgação do nosso trabalho, mas um profissional da área de saúde não deve (ou não deveria) se preocupar apenas com a sua popularidade nas redes. Nem sempre o que é relevante para a Internet, é relevante para a saúde da população. É importante lembrar que as pessoas atribuem ao nutricionista uma certa autoridade sobre assuntos ligados à alimentação, e o ponto de vista de um profissional pode virar uma regra para os menos avisados. O sobrepeso e a obesidade são questões muito mais sérias e complexas do que a maioria das postagens costuma apresentar. Cada indivíduo possui características próprias que devem ser consideradas. ARTIGO Distúrbios comportamentais, intolerâncias, alergias, patologias associadas - só para citar alguns poucos exemplos - são negligenciados, como se fossem raros ou não existissem. Ainda há uma dificuldade enorme na compreensão de que o nosso organismo funciona sistemicamente. O sono, a saúde intestinal, os hábitos alimentares, a atividade física, a interação droga-nutriente, o controle de stress, entre outros fatores, se relacionam por completo. Uma base alimentar para hipertrofia realmente é fácil de ser elaborada. Fácil se o indivíduo for saudável, tiver um descanso adequado, um ótimo treinador, total controle do stress e zero dificuldades comportamentais. Só que a realidade de 99% dos pacientes é muito diferente do que é massivamente divulgado pela mídia. 08GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Parece simples, mas não é. Para fazer uma multiplicação responsável de informações, o nutricionista precisa estar preparado, ou seja, ter segurança e conhecimento sobre o que está falando. Quando terminamos a graduação, saímos para o mercado de trabalho com uma caixa de ferramentas básica, com um martelo e uma chave de fendas. Aquele aluno mais dedicado, que fez vários cursos extracurriculares, pode sair da faculdade com um alicate e alguns parafusos a mais. Para fazer uma multiplicação responsável de informações, o nutricionista precisa estar preparado, ou seja, ter segurança e conhecimento sobre o que está falando. Quando terminamos a graduação, saímos para o mercado de trabalho com uma caixa de ferramentas básica, com um martelo e uma chave de fendas. Aquele aluno mais dedicado, que fez vários cursos extracurriculares, pode sair da faculdade com um alicate e alguns parafusos a mais. Quantos nutricionistas conhecem, de fato, o processo de fabricação de suplementos e de alimentos? Quantos profissionais realmente sabem quais características devem ser avaliadas antes de recomendar determina-dos produtos industrializados e suplementos para seus pacientes? Quantos nutricionistas esportivos entendem sobre periodização/planejamento de treinamento para, a partir disso, prescrever a estratégia nutricional e a suple-mentação alimentar mais adequadas? É fácil dizer que creatina e whey protein aumentam a massa muscular. Isso qualquer pessoa pode descobrir fazendo uma busca no Google. O nutricionista tem a obrigação de saber quaisos mecanismos e as reais aplicabilidades desses suplementos. ARTIGO Até mesmo para desmitificar coisas básicas, como o uso de suco detox, é necessário um amplo conhecimento teórico. A ideia já está tão enraizada no senso comum que precisamos dar quase uma aula, durante a consulta, para convencer o paciente a confiar em uma prescrição dietética que não tenha o poderoso suco detox na segunda- feira. 09GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Elaborar um programa alimentar para um idoso que busca minimizar a ação da sarcopenia, com outras patologias associadas, não é nada simples. Ajudar um paciente diabético, que administra insulina, a não ter crises hipoglicêmicas durante o exercício é trabalhoso. Tratar um paciente HIV positivo que precisa aumentar a massa muscular, tanto para o controle da sua imunidade quanto para melhorar a sua autoestima, não é fácil. Com o avanço dos tratamentos farmacológicos, a qualidade de vida desses pacientes pode ser excelente, desde que sejam acompanhados por profissionais devidamente preparados. E mesmo a pessoa fisicamente saudável, mas que tem problemas comportamentais, seja pelo excesso de ansiedade ou por transtornos de imagem, não poderá receber um tratamento reducionista. Garanto a vocês que o nutricionista que se intitula low carb ou segue os modismos, não terá a menor condição de cuidar desses casos com propriedade. A Nutrição é uma só! Na rotina diária de atendimentos precisamos do conhecimento de diversas especialidades. Na primeira consulta você pode atender um triatleta que está se preparando para um Ironman; na sequência, receber um caso de obesidade infantil, seguido por uma gestante ou uma paciente com anorexia. No início da tarde, chega um rapaz tranquilo, com uma educação nutricional muito bem conduzida, desde a infância, que busca melhorar sua performance esportiva e ter mais qualidade de vida. Depois dele, chega uma paciente em transição para uma alimentação vegana, com alguma patologia grave associada e várias intolerâncias e alergias alimentares. No fim do dia, recebe uma pessoa que usa esteroides anabolizantes, com exames totalmente alterados, treinamento inadequado e distúrbios de imagem. Entre uma consulta e outra, ainda terá que responder dúvidas ou fazer ajustes nos programas alimentares de outras dezenas de pessoas: atletas ansiosos às vésperas de uma competição, pacientes oncológicos que estão com inapetência devido à quimioterapia, enfim, cada caso com a sua particularidade. Esse é o exemplo de um dia de trabalho REAL dos nutricionistas. Muitos profissionais que têm essa rotina e cumprem com rigor o compromisso de cuidar da saúde de seus pacientes, não são famosos na internet. ARTIGO Eles se doam tanto ao trabalho, que não sobra tempo para fazer marketing nas redes sociais. Mesmo que se desdobrem e consigam encher as suas páginas com ótimo conteúdo, dificilmente vão superar o apelo midiático e o efeito multiplicador daqueles que usam técnicas simplistas para alcançar os usuários sedentos por fórmulas mágicas. 10GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Ainda que o cenário pareça desolador, lembre-se dos motivos que o levaram a escolher essa profissão. Não ofereça uma solução direta, simples e generalista. Ofereça informação de qualidade e a possibilidade de a pes-oa chegar a você o mais rápido possível, a poucos cliques de uma posta- gem informativa. Use a internet a seu favor, mas com responsabilidade. Que este texto sirva de reflexão para quem acha a Nutrição algo simples. Essa é uma ciência extremamente complexa e a graduação é apenas a primeira etapa de uma jornada infinita em busca de mais conhecimento. Tenho quase 20 anos de experiência em consultório, já atendi milhares de pessoas, palestrei por todo o país, estudei muito ao longo da minha carreira, mas garanto a você que em todas as aulas e grupos de estudos das pós- graduações que coordeno sempre aprendo algo novo. Quanto mais estudamos, mais temos vontade aprender. Juntos, podemos elevar o nível das discussões nas mídias sociais e, principalmente, ajudar as pessoas a viver mais e melhor. 11GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. ARTIGO ARTIGO qualidade de sono é um fator crucial quando pensamos em qualidade de vida e saúde. Hoje, sabemos que o ciclo sono-vigília é controlado pelos ritmos circadianos que envolvem aspectos fisiológicos e comportamentais e que esses ritmos circadianos controlam a atividade metabólica através de diversos fatores como consumo alimentar, níveis hormonais, atividade física, frequência cardíaca e outros. A regulação desses ciclos ocorre através da entrada de luz na retina, com sinalização para o sistema nervoso central (SNC), que será responsável pelo controle da secreção de melatonina, hormônio responsável por sincronizar os ritmos circadianos e estimular o sono. Dessa maneira, o sono é regulado por neurônios presentes no hipotálamo através da ativação ou inibição de sistemas de excitação, estimulando os estados de sono ou vigília. Quando pensamos, então, em fatores de risco para a redução de qualidade de sono estão inclusos fatores psicológicos, biológicos e sociais, ou seja, o estilo de vida, com ênfase no consumo excessivo de cafeína ou bebidas alcóolicas, trabalhos por turnos, excesso de luminosidade no período noturno etc, como fatores cruciais na qualidade do sono (10). Nos últimos anos diversos estudos observaram uma redução significativa na duração de sono, bem como o aumento da obesidade e, ao analisar o cenário, percebe-se uma correlação negativa entre o índice de massa corporal (IMC) e duração de sono (1) e, por isso, a restrição de sono, que normalmente é considerada como menor que 7h, vêm sendo determinada como um fator de risco para o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade (2, 3). Por esse motivo, os estudos foram e continuam sendo conduzidos para investigar os possíveis mecanismos pelos quais a restrição do sono pode levar ao ganho de peso, já que, segundo Cooper, 2018, a redução das horas dormidas foi capaz de aumentar em 40% o risco de desenvolver obesidade e síndrome metabólica em ambos os sexos. 12GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Uma hipótese relativamente óbvia para a relação entre o sono insuficiente e o ganho de peso é o aumento do tempo livre para indivíduos que dormem pouco, com fácil acesso e aumento da oportunidade para se alimentar, facilitando o consumo excessivo de calorias (2). ARTIGO Adicionado a isso, um dos principais mecanismos relatados a partir da redução da qualidade de sono é a alteração de dois hormônios responsáveis pela regulação da fome e saciedade: grelina e leptina. A grelina é um hormônio orexigênico, liberado pelo estômago e pâncreas e responsável por estimular a fome. Seus níveis circulantes variam durante o dia, de acordo com a ingestão alimentar. Por outro lado, a leptina é um hormônio anorexigênico, liberado pelo tecido adiposo e com ação hipotalâmica, sendo responsável por inibir o apetite e promover saciedade, ou seja, age limitando a ingestão alimentar (1,2,9). Apesar das concentrações de leptina serem proporcionais à massa gorda corporal, concentrações muito altas podem ocasionar resistência ao hormônio, inibindo seu efeito, como é visto em alguns indivíduos obesos (5). 13GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Nesse contexto, o que vem sendo observado é que a redução de horas dormidas promove um aumento nas concentrações plasmáticas de grelina e redução das concentrações plasmáticas de leptina, ou seja, mudanças que afetam a ingestão calórica através do aumento da fome e apetite, contribuindo, então, para o excesso da ingestão alimentar e consequente ganho de peso (2). De acordo com Spiegel, 2004, 2 dias de restrição de sono (<7h) foi associado à redução em 18% dos níveis de leptina e aumento de 28% nos níveis de grelina, com posterior aumento da ingestão de alimentos. O aumento do consumo alimentar, normalmente, está associado à busca por alimentos hiperpalatáveis, ou seja, com alta densidade calórica, ricos em carboidratos e gorduras. Além disso, as alterações parecem estar relacionadas não somente ao maiorapetite e aumento das porções, mas também ao maior desejo por comida, uso excessivo de condimentos, baixo consumo de vegetais e maior suscetibilidade à recompensa alimentar, efeitos os quais já são observados a partir da redução modesta do sono – podendo ainda ser potencializados com reduções mais extremas ou privação total das horas dormidas (3, 1). Portanto, a ingestão excessiva de alimentos parece ser uma consequência do sono insuficiente e um mecanismo para aumento do risco da obesidade. Nesse sentido, alguns dados sugerem que há, em indivíduos após restrição de sono, alteração à nível neuronal e ativação de áreas cerebrais específicas relacionadas à motivação, desejo e recompensa, acarretando maior suscetibilidade aos estímulos alimentares e maior sinalização hedônica. O aumento da seletividade e valorização de recompensas alimentares foi também acompanhado pela maior atividade da amígdala em reposta às imagens de alimentos, assim como a conectividade entre amígdala e hipotálamo aumentada especificamente para estímulos alimentares e não para estímulos não alimentares (7, 8). Observa-se também redução no gasto de energia após restrição de sono, acompanhado por aumento da fadiga, sonolência, sensação de cansaço, alterações de humor, maior responsividade ao estresse e redução da atividade física, fatores que, somados ao aumento da ingestão alimentar, facilitam ainda mais o ganho de peso (3, 10). Ademais, a restrição das horas dormidas pode ser fruto não somente de comportamentos habituais, como também da presença de patologias, como é o caso da apneia do sono, caracterizada por episódios recorrentes de obstrução completa ou parcial da respiração, acarretando interrupções do sono durante a noite, podendo levar à perda crônica do sono e aumento da atividade nervosa simpática (6). Nesse caso, existe uma relação bidirecional, já que a obesidade é um dos principais fatores de risco para apneia do sono, enquanto a apneia pode levar obesidade, assim como outros fatores já descritos, como ilustrado na figura 1. Sabendo que a restrição de sono pode levar a alterações no consumo alimentar, parece plausível que a alimentação de reduzida qualidade resultará em respostas metabólicas alteradas e, aparentemente, negativas. Uma quantidade grande de estudos foi capaz de verificar alterações significativas nas funções metabólica e endócrina em indivíduos saudáveis após períodos de débito de sono. Em geral, indivíduos submetidos a menos de 7h de sono apresentam redução da sensibilidade à insulina, aumento dos níveis de cortisol, aumento de marcadores inflamatórios e ativação de vias pró-inflamatórias (como interleucinas 1 e 6 e proteína C reativa) e alterações em fatores de necrose tumoral. A sinalização endócrina também parece ser afetada, alterando o eixo hipotalâmico-hipófise-tireoide, com redução dos níveis de hormônios tireoidianos TSH E T4 (2,11,10, 12). Então, vemos que a restrição de sono acarreta consequências negativas que, se mantidas de maneira crônica, trazem efeitos adversos prejudiciais para a saúde humana, como o desenvolvimento de uma variedade de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, dislipidemias, obesidade, doenças cardiovasculares). ARTIGO 14GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Figura 1. Relação bidirecional entre a restrição de sono e desenvolvimento de obesidade. (4) Spiegel K, Tasali E, Penev P, Van Cauter E. Brief communication: Sleep curtailment in healthy young men is associated with decreased leptin levels, elevated ghrelin levels, and increased hunger and appetite. Ann Intern Med. 2004. (5) Gibbert, AG, Brito, NM. Relações fisiológicas entre o sono e a liberação de hormônios que regulam o apetite. Revista Saúde e Pesquisa. 2011 (6) Beccuti G, Pannain S. Sleep and obesity. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 2011. (7) St-Onge MP, McReynolds A, Trivedi ZB, Roberts AL, Sy M, Hirsch J. Sleep restriction leads to increased activation of brain regions sensitive to food stimuli. Am J Clin Nutr. 2012. ( 8) Rihm JS, Menz MM, Schultz H, et al. Sleep Deprivation Selectively Upregulates an Amygdala-Hypothalamic Circuit Involved in Food Reward. J Neurosci. 2019. (9) Taheri S, Lin L, Austin D, Young T, Mignot E. Short sleep duration is associated with reduced leptin, elevated ghrelin, and increased body mass index. PLoS Med. 2004. (10) Medic, Goran & Wille, Micheline & Hemels, Michiel. Short- and long-term health consequences of sleep disruption. Nature and Science of Sleep. 2017. (11) Buxton OM, Pavlova M, Reid EW, Wang W, Simonson DC, Adler GK. Sleep restriction for 1 week reduces insulin sensitivity in healthy men. Diabetes. 2010. (12) Spiegel K, Leproult R, Van Cauter E. Impact of sleep debt on metabolic and endocrine function. Lancet. 1999. (13) Tan X, Chapman CD, Cedernaes J, Benedict C. Association between long sleep duration and increased risk of obesity and type 2 diabetes: A review of possible mechanisms. Sleep Med Rev. 2018. (14) Cappuccio FP, Cooper D, D'Elia L, Strazzullo P, Miller MA. Sleep duration predicts cardiovascular outcomes: a systematic review and meta-analysis of prospective studies. Eur Heart J. 2011. Por fim, algumas evidências ainda mostram uma possível curva em U quando relacionamos sono e possíveis prejuízos à saúde, já que dormir por períodos longos (considera-se duração maior que 9h) também parece gerar consequências metabólicas negativas, semelhantes à restrição de sono, como risco aumentado para acidente vascular cerebral e diabetes mellitus tipo 2 (13,14). ARTIGO 15GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Conclui-se, então, que a qualidade de sono tem potencial efeito em alterar as respostas metabólicas, podendo prejudicar o metabolismo, a manutenção do peso, respostas metabólicas e neurais, além de alterar o comportamento alimentar e controle de fome e saciedade. Pensando em melhoria da qualidade de sono, estratégias alimentares como o consumo de alimentos ricos em triptofano, melatonina, serotonina e zinco (lácteos, kiwi, cereja) parecem auxiliar, já que são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica e favorecer a via de estímulo ao sono, aumentando o tempo e a eficiência do sono e reduzindo a latência, logo, auxiliando na melhora da qualidade de vida através de diferentes parâmetros (15). Referências: (1) Brondel L, Romer MA, Nougues PM, Touyarou P, Davenne D. Acute partial sleep deprivation increases food intake in healthy men. Am J Clin Nutr. 2010. (2) Cooper CB, Neufeld EV, Dolezal BA, et al. Sleep deprivation and obesity in adults: a brief narrative review. BMJ Open Sport & Exercise Medicine 2018 (3) Yang, C.-L.; Schnepp, J.; Tucker, R.M. Increased Hunger, Food Cravings, Food Reward, and Portion Size Selection after Sleep Curtailment in Women Without Obesity. Nutrients 2019.. ARTIGO 16GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. ARTIGO planejamento nutricional influencia no desempenho físico e cognitivo, na composição corporal, na disponibilidade energética, no tempo de recuperação pós-esforço e na progressão dos resultados, portanto é de grande importância o que um atleta pode comer e beber em sua rotina. Tratando-se de Nutrição Esportiva, a alimentação e a suplementação são fundamentais, porém, tão importante quanto, é a hidratação adequada na base estrutural do planejamento nutricional, assunto que será abordado neste artigo. Hidratar significa adicionar fluido a um organismo para mantê-lo em equilíbrio dinâmico e em um ideal estado de funcionamento. A água tem algumas funções essenciais, uma vez que é o substrato em maior abundância no organismo (~65%) e o meio em que ocorrem todas as reações do metabolismo bioquímico, auxiliando no transporte de substâncias, controle de temperatura interna, na parte estrutural e mecânica do organismo. Devido à fisiologia humana o corpo perde parte da água através das fezes, urina, suor e respiração, quantias que recompensamos através de bebidas (~70%), alimentos (~20%) ou até mesmo pela água induzida em processos internos, metabólicos. Muito comum em exercícios físicos é ocorrera perda de água (desidratação), e se ela perdurar por um longo período o atleta entra em estado de hipoidratação, ou seja, quando o saldo entre o consumo de água e a sua eliminação, é negativo. Ao contrário de quando esse valor é inversamente proporcional, sustentado por muito tempo com excesso de fluidos, denominando-se hiperidratação, que pode resultar em hiponatremia (níveis baixos de sódio no sangue). Para considerar o indivíduo em euidratação (em equilíbrio hídrico), são diversos os fatores, mas, quando ajustados, evitam a perda superior a 3% de peso corporal. Há muitos anos a comunidade científica discute os benefícios de uma ajustada hidratação antes, durante e após os treinamentos, composta inclusive com carboidratos e sais minerais. O que sabemos é que essa combinação ajuda na reposição de fluidos e eletrólitos eliminados no suor. Um bom funcionamento dos processos homeostáticos, manutenção da performance, sensação de sede controlada, volume do plasma equilibrado, retardo do início da fadiga, recuperação pós-treino facilitada e melhor desempenho atlético, são alguns dos benefícios promovidos. 17GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. ARTIGO Proporcionar e sustentar um cenário ideal de hidratação para exercícios físicos intensos é muito mais complexo do que imaginamos, pois envolve questões como o centro de treinamento ser aberto ou fechado (presença ou ausência de luz solar direta, fluxo de ar mínimo), ambiente quente ou úmido, vestimenta e equipamentos (como no do jiu-jitsu e no futebol americano), ou se a competição é individual ou coletiva (atividades intermitentes de alta intensidade por longos períodos). Uma ressalva paralela para modalidades que recorrem a materiais de absorção sintética, com o intuito de reduzir a carga térmica, é qual a perda de fluidos pelo suor será mais elevada, aumentando o risco de desidratação. 18GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Individualidade na hora de determinar a estratégia a se utilizar é de extrema importância, portanto, antropometria, composição corporal, idade, sexo, tempo de preparação até a competição, estado fisiológico, patologias, acidentes anteriores, são fatores que também determinam a assertividade quanto ao cálculo hídrico do atleta em questão. Em indivíduos saudáveis existem simples parâmetros que permitem saber o nível de hidratação do atleta naquele momento, como a sede (indicador do estado de hipoidratado), a densidade urinária, que pode ser observada várias vezes durante o dia, com base na coloração da urina, e a taxa de sudorese, influenciada por alguns fatores já demonstrados. Exercícios de alta intensidade proporcionam uma produção de suor entre 1-2L/h. Se a taxa de suor exceder mais do que 2% do peso corporal, (comum em partidas de futebol de campo, tênis e maratonas) o desempenho esportivo é afetado negativamente e o risco de ferimentos é mais alto. Para se ter uma noção da magnitude da perda de suor, uma opção é realizar a pesagem do esportista antes e depois da prática da atividade, controlando todo o volume de líquido ingerido no evento. O interessante desse acompanhamento mais próximo, é que ele permite ao profissional saber qual o tipo de bebida e qual a quantidade a ser ofertada em cada momento. Normalmente, em modalidades aquáticas o volume de líquido consumido durante os exercícios é insuficiente para repor as perdas de água e eletrólitos, em que a hipoidratação pode se prorrogar e a perda de peso ser ainda maior. Alguns sintomas iniciais alertam o atleta de que ele está suando excessivamente, como dor de cabeça intensa, náusea e sensação de instabilidade. A relação entre o atleta e o profissional deve ser a mais estreita possível, para uma maior e melhor percepção dos sinais e redução dos desequilíbrios osmóticos. ARTIGO É pressuposto pela Diretriz Brasileira de Medicina Esportiva um consumo adequado, 24h antes de um evento, e entre 200-500ml de água até duas horas antes do início da atividade física, com a finalidade de manter o indivíduo euidratado. Após os primeiros 30 minutos de exercício, se faz necessário introduzir entre 6-8ml de líquido/kg/hora de atividade, fracionados a cada 15 minutos. Vale ressaltar que não é aconselhável indicar acima do necessário calculado, mesmo com a intenção de compensar o déficit hídrico. O que é mais recomendado são bebidas com temperaturas entre 15-21°C. As mais frias têm uma lenta absorção e podem causar perda brusca de consciência e desmaios. Já as bebidas mais quentes não são apetitosas, o que reduziria sua ingestão automaticamente. Após as atividades, conforme a especificidade, a recomendação é incluir principalmente sódio, mas também potássio e magnésio para melhor equilíbrio osmótico, a fim de reduzir a sobrecarga nos fatores cardiorrespiratórios e promover um retorno mais eficiente para condições basais após o esforço. 19GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Isotônico natural, composto em sais minerais que normalmente são eliminados através da sudorese, como o magnésio, potássio, sódio, cálcio, fósforo e vitamina C. Muito comum também é a utilização de suplementos alimentares em composição específica de eletrólitos e carboidratos, com o intuito de equilibrar a concentração de açúcar (glicose) no sangue, repor as reservas de glicogênio (energia) do fígado e da massa muscular, aguçar a palatabilidade e, sobretudo, ajudar na reposição de sódio e outros minerais. A própria água mineral contém minerais recomendados para uma boa hidratação, mas vale lembrar que em alguns casos as necessidades nutricionais são maiores, assim, uma opção saborosa e funcional com inúmeros benefícios ao organismo, é a água de coco. Para facilitar o entendimento desse importante tema no cenário esportivo, enfatizo que a desidratação causa desregulação da temperatura corporal, desequilíbrios hidroeletrolíticos, perda de força e, caso persista o cenário (qual terá perda de peso entre 3-5% do peso corporal), manifestações como câimbras musculares, desorientação, fraqueza, apatia e prejuízo quanto ao VO2, serão inevitáveis. Ao insistir na atividade física, resultará em exaustão, insolação, falta de suor, inconsciência e estresse do metabolismo e no sistema nervoso central, com maior tensão cardiovascular. Um detalhe importante é que o sistema digestivo também é afetado e sofre um desequilíbrio no esvaziamento gástrico, com a presença de náuseas, vômitos e diarreia, limitando assim a vontade de beber líquidos, ou seja, será ainda mais difícil estabelecer um equilíbrio novamente no organismo. ARTIGO E isso ainda não é tudo. Em situações mais extremas, com perdas a partir de 6% do peso corporal, grandes são as chances de choque térmico, coma e morte. 20GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Com tantos estudos disponíveis na atualidade, ainda assim quero esclarecer que não existe uma estratégia soberana e universal, visto que a variabilidade de perda hídrica é muito grande de um paciente para o outro. Uma breve significância sobre a água na prática esportiva foi abordada, para a tomada de consciência dos possíveis riscos à saúde em casos de desequilíbrio hídrico. Indispensável para desempenho de alto rendimento é o planejamento individualizado, principalmente com ênfase na hidratação. Busque uma aproximação na relação entre você e o seu paciente. Só assim será possível promover uma melhor performance com redução dos riscos. REFERÊNCIAS: Abrão, C.C.; Alexandrino, E.G.; Prati, S.R.A. Conhecimento e hábitos de hidratação em atletas top 10 Brasil da prova de 800m. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. São Paulo. Vol. 11. Num. 67. p.485-491. 2017. Arnaoutis, G., Kavouras, S.A., Angelopoulou, A., Skoulariki, C., Bismpikou, S., Mourtakos, S., & Sidossis, L.S. (2015). Fluid balance during training in elite young athletes of different sports. J Strength Cond Res, 29(12), 3447-52. Baker LB, Barnes KA, Anderson ML, Passe DH, Stofan JR. Normative data for regional sweat sodium concentration and wholebody sweating rate in athletes. J Sports Sci. 2016;34:358–68. Bebidas, D. E. L. A. S., Rendimiento, Y. D.E., La, S., Uruguayos, F., Rendimiento, Y. E. L., & Elite, D. E. (2018). 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Essas gorduras ômega-3 são geralmente encontradas em peixes, produtos animais, e fitoplâncton. O ômega-3 é um ácido graxo poli-insaturado e por não ser sintetizado por mamíferos, também é denominado um ácido graxo essencial. (COQUEIRO; BUENO; SIMÕES, 2011). O EPA se destaca na prevenção de doenças cardiovasculares e na hipertensão. O DHA apresenta benefícios na prevenção de doenças cardíacas e na redução dos níveis de triglicerídeos. Também é muito relevante seu uso no desenvolvimento da função visual e cerebral (VAINIO; MUTANEM, 2000). ARTIGO O que é ômega-3 e onde o encontramos? O número “3”, do ômega-3, se dá pelo fato de haver uma última dupla ligação no 3º carbono a partir do último (W) da molécula (BUCCI, 1993). Além do ômega-3, há na nossa alimentação o ômega-6. Nos últimos 150 anos, os ácidos graxos ômega-3 foram sendo diminuídos em dietas ocidentais, se comparados ao ômega-6, devido aos interesses do agronegócio e o processamento de alimentos. Para melhorar a relação de omega-6/omega-3, é preciso diminuir a ingestão de ácidos graxos ômega-6 provenientes de óleos vegetais e aumentar a ingestão de óleos ricos em ômega-3 provenientes do consumo de peixe, de duas a três vezes por semana ou através de suplementos. (SIMOPOULOS,2002). Qual sua função? Os ácidos graxos EPA e DHA participam da regulação de vários processos biológicos, na resposta inflamatória, nas vias de sinalização metabólica e na função cerebral e cognitiva, sendo também uma excelente opção antiinflamatória e antioxidante. O óleo de peixe tem um potente efeito de redução sobre os níveis de triglicerídeos (OELRICH; DEWELL; GARDNER, 2011) e, de forma mais branda, sobre a pressão arterial em hipertensos (SIMÃO ET AL., 2012), e uma notável melhora no humor de pessoas com depressão grave (LIAO ET AL., 2019). Como foi demostrado o ômega-3 pode diminuir a resistência periférica à insulina indiretamente, por conta de haver a redução das concentrações circulantes de triglicerídeos (JEN et al., 2003). 22GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. A utilização de ômega 3 é indicada quando os níveis de triglicerídeos se mantiverem persistentemente aumentados entre 200 e 499 mg/dL, na dose de 2 a 4g ao dia, porém há poucos estudos antes da adolescência (Grau de Recomendação: IIa; Nível de Evidência: B) (GIDDING et al., 2004). Outro efeito benéfico analisado foi que os ácidos graxos ômega-3 podem exercer uma proteção particular contra morte súbita, sobretudo nos pacientes vitimados por infarto do miocárdio (MARCHIOLI et al., 2002). Já sobre o efeito na pressão arterial, em uma metanálise de 36 ensaios clínicos randomizados, a suplementação com óleo de peixe (dose média diária de 3,7 g/dia) mostrou reduzir a pressão arterial sistólica em 3,5 mmHg e a diastólica em 2,4 mmHg (GELEIJNSE et al. 2002). ARTIGO Pelo fato do ômega-3 ser precursor de anti- inflamatórios, pode haver tal efeito, beneficiando em inúmeras condições patológicas, principalmente em eventos cardiovasculares. Diversos estudos experimentais mostraram bons efeitos anti-inflamatórios, porém, as investigações in vivo, em humanos, houve alguns resultados conflitantes (SARAVANAN et al., 2010). Observou-se que quantidades desbalanceadas da razão Ômega-6 / Ômega-3 (acima de 7:1) podem exercer grandes danos à saúde, como o agravamento de processos inflamatórios (MARGIORIS, 2009). Como a formação de placa de ateroma nas paredes dos vasos sanguíneos, dislipidemia (aumento do colesterol total, LDL e triglicérides e diminuição do HDL) e inflamação, são fatores intimamente ligados à obesidade, uma dieta balanceada com ingestão adequada de ômega-3 é muito importante e traz diversos benefícios (SANTOS et al., 2013). O ômega-3 se mostrou eficaz para a regulação de índices metabólicos em obesos e até para evitar a obesidade. 23GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Ômega 3, saúde cardiovascular, inflamação e obesidade Ômega 3 e efeito neuroprotetor Estudos experimentais e o Rotterdam Study mostraram que uma dieta rica em ômega-3 ou alimentos antioxidantes (frutas, verduras e legumes) protege contra déficits cognitivos e pode até mesmo melhorar a memória (LIM et al., 2005). Também foi mostrado que o consumo de ômega- 3 foi inversamente relacionado à demência incidente e à doença de Alzheimer, onde uma alta ingestão de gordura saturada e colesterol aumentaria o risco de demência, enquanto o consumo de ômega-3 poderia diminuir esse risco. (KALMIJN et al., 1997). ARTIGO 24GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Ômega 3 e resistência insulínica Uma metanálise de 23 estudos clínicos randomizados, não evidenciou alterações significativas de hemoglobina glicada, glicemia de jejum ou insulina de jejum quando foi suplementado ácido graxo ômega-3 (dose média 3,5 g/dia) em indivíduos diabéticos (HARTWEG et al.,2008). Outra metanálise de 26 ensaios clínicos constatou que a suplementação com óleo de peixe (2-22 g/dia) não alterou os níveis de hemoglobina glicada em pacientes diabéticos (FRIEDBERG et al., 1998). Muitos estudos não mostram efeito direto sobre ômega-3 e resistência insulínica, porém, vale ressaltar que o efeito indireto do ômega-3 sobre a resistência insulina pode ocorrer por meio da redução das concentrações circulantes de triglicerídeos (JEN et al., 2003), e efeitos positivos sobre os eventos cardiovasculares (MARCHIOLI et al., 2002), criando um ambiente favorável para a melhora do quadro glicêmico. Esporte e ômega-3. As espécies reativas de oxigênio (EROS) é o principal fator para o agravo do músculo esquelético que, posteriormente, promove a lipoperoxidação, ou seja, a oxidação da camada lipídica da membrana celular, podendo gerar danos às células e, principalmente, ao nosso DNA, provocando diversas alterações negativas na função celular e tecidual (SOUZA; OLIVEIRA; PEREIRA, 2005; SCHNEIDER; OLIVEIRA, 2004). A prática de exercícios de forma intensa pode provocar alterações no sistema imune, assim como a formação de substâncias inflamatórias (WOODS; VIEIRA; KEYLOCK, 2009). Foianalisado em ratos que uma dieta rica em ômega-3 (EPA e DHA) produziu uma menor síntese de mediadores inflamatórios (BROUARD; PASCAUD, 1990). A suplementação com ácidos graxos ômega-3 (EPA e DHA) em atletas então seria capaz de diminuir os efeitos inflamatórios no músculo lesionado, por conta da diminuição de mediadores inflamatórios e, posteriormente, pela diminuição do tempo de recuperação (HAIDAMUS, 2007), além de promover respostas positivas aos atletas que praticam exercícios de alta intensidade (FETT, 2001). Atletas que praticam esportes de longa duração e alta intensidade, são mais vulneráveis a infecções e inflamações. Portanto, a suplementação com ômega-3 reduz consideravelmente tais problemas, podendo beneficiar na preservação do sistema imune e no próprio treinamento, que teria menor interrupção por possíveis doenças. (LEITÃO; MARTINS; FERNANDES, 2005). ARTIGO 25GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Entre os suplementos que mais ganharam destaque nos últimos anos,está o ômega-3. Os primeiros estudos com ômega-3, tiveram início a partir da observação de esquimós e sua menor incidência de doenças cardiovasculares. Foi descoberto que essa menor incidência se dava pelo ômega-3 presente em grande quantidade em alguns peixes de regiões frias, como, por exemplo: salmão, atum e truta, comumente consumidos por eles (SIMOPOULOS 1997; 2002). Suplementação de ômega-3 As doses da suplementação com ômega-3 (óleo de peixe) ou para veganos (óleo de algas) podem variar de acordo com o objetivo da suplementação. É bom ressaltar que o ácido alfa-linolênico, encontrado mais abundantemente em nozes e sementes, é um ácido graxo ômega-3 que pode ser transformado em EPA e DHA, porém, não é o mesmo ácido graxo encontrado no óleo de peixe. Vale lembrar que quanto mais ômega-3 (EPA e DHA) são fornecidos pela dieta, menos suplementação será necessária. A indicação de consumo pode variar de acordo com a necessidade de cada pessoa e em patologias específicas. Segundo a National Health and Medical Research Council (2006), a recomendação para indivíduos saudáveis é de 1000mg e no máximo 3000mg por dia. A Food and Drug Administration (2000) tem como recomendação máxima de suplementação 2g/dia ou de consumo alimentar até 3g/dia. Já a Food and Agriculture Organization of the United Nations (2010) adota como nível máximo de suplementação 2g/dia. Lembrando que o excesso de ômega 3 também pode ser danoso à saúde, pelo fato de impedir a produção de agentes inflamatórios, levando a uma depleção exagerada do sistema imunológico, diminuição da coagulação sanguínea e aumento do tempo de sangramento (CLARKE et al., 2005; AZEVEDO et al., 2002). De modo geral, é indicado incluir a suplementação de ômega-3 no almoço ou jantar, associando-o com alguma refeição principal, principalmente também para amenizar o popular “arroto de peixe”. As concentrações de ômega-3 são aumentadas moderadamente nos fosfolipídios com a alimentação periódica, entre um a dois dias. Sua depleção na maioria dos tecidos, ocorre por volta de 7 dias, quando a ingestão desse ácido graxo é interrompida. Portanto, é necessário um consumo diário e em quantidades suficientes para evitar a sua depleção, a fim de aproveitar os benefícios dos efeitos que esses ácidos proporcionam (FRIAS, 1995). Os ácidos graxos ômega 3 da semente de linhaça e da proteína do cânhamo) são encontrados na forma de ácido alfa-linolênico (ALA) (WANG, 2006). Porém, apenas o ALA não é suficiente para suplementar o EPA e DHA. O ALA pode ser convertido pelo corpo em uma forma utilizável, onde sua proporção de conversão é baixa, algo na faixa de 5 a 15% (GESTER, 1998). Para vegetarianos e veganos, a suplementação com algas pode aumentar significativamente o nível de DHA (do soro e das plaquetas) e fornecer a formação de EPA substancial (CONQUER, HOLUB, 1996). A suplementação apenas de ALA não é suficiente (FOKKEMA et Al. 2000). Sendo assim, uma alternativa muito válida para veganos, além das sementes de linhaça, são as algas marinhas, que possuem uma boa concentração de EPA e DHA para suplementação. As algas são facilmente encontradas em lojas de suplementos, farmácias e em lojas de produtos naturais. ARTIGO 26GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Suplementação de ômega 3 e veganos Adquirindo seu Ômega-3 de qualidade Investir em um bom ômega-3 é fundamental e vale a pena. Os produtos mais baratos não compensam por terem baixa concentração por cápsula, obrigando a pessoa a tomar muitas cápsulas por dia. Lembrando que a quantidade de ômega-3 presente no produto deve-se somar os níveis de EPA e DHA presentes no rótulo. Não é porque as capsulas contêm 1000mg que há 1000mg de ômega-3 na capsula. O ideal é que haja a maior concentração de EPA+DHA possível por cápsula. Além disso, por se tratar de um ácido graxo, prefira os potes escuros e bem lacrados, pois, se houver oxidação do óleo, a eficácia e a qualidade do produto serão comprometidas. É muito comum os suplementos de ômega-3, conterem metais pesados, como o mercúrio, por isso, em muitos suplementos há o selo de certificação IFOS. O IFOS (International Fish Oil Standards Program) é uma conceituada instituição internacional que avalia a qualidade do óleo de peixe por meio de critérios rigorosos de análise. Para conquistar esse selo, as empresas passam por vários testes que comprovam a qualidade, a pureza e a segurança do produto. É preciso que a marca atinja cinco estrelas nas etapas de verificação para conquistar o certificado. Esse selo é um ótimo indicativo na hora de escolher um ômega-3 de qualidade para consumir, pois mostra que é realmente confiável. Os efeitos adversos mais comuns da suplementação de ácido graxo Ômega-3 são relacionados com o trato gastrointestinal, que podem ocorrer em aproximadamente 4% em dosagens maior que 3 g/dia e em até 20% em dosagens de 4 g/dia (Wang et al., 2006). Além disso, a sensação de "cheirar peixe" é causa frequente de descontinuação do suplemento. O que pode ajudar na aderência ao consumo do suplemento é congelar o óleo de peixe, consumir durante as refeições, modificar o horário da ingestão e/ou mudar a formulação (SANTOS et al., 2013). Vale ressaltar que é muito importante consultar um médico e/ou nutricionista para adequar a dosagem ideal para cada indivíduo. ARTIGO 27GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Efeitos Adversos Referências: Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Informe Técnico n. 63, de 3 de outubro de 2014. AZEVEDO, R. B. et al. Controle da resposta inflamatória por ácidos graxos. In : CURI, R. et al. Entendendo a gordura: os ácidos graxos. Barueri: Manole, 2002. p.379-392. BROUARD, C.; PASCAUD, M. Effects of moderate dietary supplementations with n-3 fatty acids on macrophage and lymphocyte phospholipids and macrophage eicosanoid synthesis in the rat. Biochimica et Biophisica Acta, v.1047, n. 1, p. 19- 28, 1990. BUCCI, L. R. Fats and Ergogenics. 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Depois utilize um pegador de sorvete e faça bolinhas. - Em outro recipiente misture todos os ingredientes da cobertura e finalize o sorvete jogando a calda de chocolate por cima. - Acrescentei 30g de protein ball para decorar (opcional). 29GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. XX ARTIGO 30GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. ARTIGO s vezes vemos muitas mudanças de opinião por causa de um único artigo científico publicado. Não que isso não possa acontecer, mas, de acordo com a pirâmide de evidência científica e a prática baseada em evidência, não é bem assim que acontece. É muito fácil encontrar falhas em qualquer tipo de estudo científico: ou o grupo de indivíduos testados não traduz a eficiência do estudo, ou usaram um protocolo errado, ou simplesmente obtiveram um resultado incomum. Isso não é necessariamente ruim e não se deve rejeitar todas as suas opiniões anteriores toda vez que ler um novo estudo. Pensemos no seguinte: qual nível de evidência seria necessário para convencer alguém a mudar de ideia? Pensando nisso, há tempos ocorre uma discordância sobre a importância do carboidrato para performance esportiva. Alguns afirmam que o carboidrato não é um nutriente essencial devido à capacidade do nosso organismo conseguir sintetizá-lo às custas de outros macronutrientes, enquanto outros dizem que a gordura possui densidade energética maior, sendo mais eficiente em fornecer energia para performance. Essa é uma questão avaliada em um estudo publicado recentemente na revista PLOS One (https://journals.plos.org/plosone/articleid=10.13 71/journal.pone.0234027) sobre a controvérsia de longa data se baixo teor de carboidratos, alto com gordura (LCHF) aumenta o desempenho em atividade de endurance. Então, 2017 foi um ano interessante na ciência da Nutrição e Performance. A pesquisadora Louise Burke e colaboradores no Australian Institute of Sport publicaram um estudo chamado Supernova (https://physoc.onlinelibrary.wiley.com/doi/full /10.1113/JP273230) onde observaram efeitos de três semanas e meia da dieta LCHF, onde o metabolismo dos atletas de marcha atlética de elite (elite race walkers) foi modificado para priorizar especificamente a queima de gordura, mas nesse período houve comprometimento na eficiência metabólica, de modo que o desempenho na corrida sofreu redução. A partir desse estudo, muitos contestaram os resultados e ele foi repetido (Supernova 2). 31GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. ARTIGO O que é a dieta LCHF (também conhecida como dieta cetogênica (subtipoda Low Carb))? Seus princípios para atletas são bastante simples. A energia na forma de depósitos de gordura é difícil de ser utilizada rapidamente para abastecer um exercício mais intenso, ao contrário do que ocorre em um exercício leve ou moderado. Se houver adaptação a uma dieta com LCHF, pode dobrar ou até triplicar a taxa máxima de queima de gordura. Em teoria, isso permite uma alimentação em provas de longa distância principalmente com gordura (deixando os carboidratos de lado). O que é a dieta LCHF (também conhecida como dieta cetogênica (subtipo da Low Carb))? Seus princípios para atletas são bastante simples. A energia na forma de depósitos de gordura é difícil de ser utilizada rapidamente para abastecer um exercício mais intenso, ao contrário do que ocorre em um exercício leve ou moderado. Se houver adaptação a uma dieta com LCHF, pode dobrar ou até triplicar a taxa máxima de queima de gordura. Em teoria, isso permite uma alimentação em provas de longa distância principalmente com gordura (deixando os carboidratos de lado). O trabalho de Louise Burke questiona isso no sentido mais simples possível: em troca de acesso à quantidade vasta de energia advinda das gorduras, o atleta se torna menos eficiente. O que isso quer dizer? Bom, primeiro, é necessário mais oxigênio para produzir um determinado nível de potência muscular. Se o exercício é intenso, aumentar o consumo de oxigênio irá atrapalhar a performance. No artigo Supernova 2, uma página e meia foi dedicada para resumir as críticas ao primeiro estudo da Supernova que surgiram na literatura e nas redes sociais, junto aos ajustes que eles fizeram em resposta no Supernova 2: O desenho experimental do novo estudo é bastante complexo, mas os resultados são simples: são praticamente idênticos aos do primeiro estudo. Os atletas em dieta LCHF ficaram muito proficientes em obter energia da gordura, dobrando sua oxidação de gordura em velocidades de corrida comuns, mas ficaram menos eficientes, pois consumiram mais oxigênio em sua velocidade de corrida nos 20K e em 50K. Em sequência, em uma corrida de 10 km imediatamente após a dieta experimental e em uma corrida de 20 km duas semanas e meia depois, o grupo de alto teor de carboidratos ficou mais rápido enquanto o grupo de LCHF ficou mais lento. A LCHF realmente aumenta a capacidade de queimar gordura, mas nem tudo são flores. Alguns estudos sugerem, por exemplo, que a melhora na queima de gordura ocorre com o custo direto do uso rápido de carboidratos, o que significa que você perde parte de sua capacidade de explosões rápidas de energia (sprints finais, aclives, etc..). 32GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. ARTIGO 33GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Esse problema na eficiência pode ser menos pronunciado em intensidades mais baixas, tornando a estratégia LCHF mais adequada para corridas de ultradistância. Para alguns, essa perda na eficiência não influencia em nada, mas para os sujeitos do estudo, que correm por quatro horas ou menos e se preocupam com cada segundo, aparentemente uma dieta com LCHF não é a melhor opção para obter melhora na performance. Após o estudo original do Supernova, o Journal of Physiology publicou uma resposta (https://physoc.onlinelibrary.wiley.com/doi/full /10.1113/JP273990) enumerando várias maneiras possíveis pelas quais a conclusão pode ter sido incorreta. Com tantos “poderiam ser” e “se” que existiam no estudo, parecia que o estudo Supernova não servia para nada. Há décadas que existem dados na literatura científica sobre o assunto LCHF. É uma abordagem interessante e plausível do ponto de vista bioquímico, mas a eficiência enzimática é de extrema importância para esse tipo de estratégia. As descobertas do Supernova foram replicadas, mais um excelente adendo à literatura científica. Em princípio, está mais fácil afirmar que os carboidratos são essenciais para a performance esportiva. Referências: Burke, L.M., et al., (2017), Low carbohydrate, high fat diet impairs exercise economy and negates the performance benefit from intensified training in elite race walkers. J Physiol, 595: 2785-2807. doi:10.1113/JP273230 (Supernova) Lindseth, I. (2017), Methodological issues question the validity of observed performance impairment of a low carbohydrate, high fat diet. J Physiol, 595: 2989-2989. doi:10.1113/JP273990 Burke LM, et al., (2020) Correction: Crisis of confidence averted: Impairment of exercise economy and performance in elite race walkers by ketogenic low carbohydrate, high fat (LCHF) diet is reproducible. PLOS ONE 15(6): e0235592. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0235592(Supernova 2) dd ARTIGO 33GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. VITAMINA no esporte ARTIGO vitamina D em seres humanos expressa uma identidade única, pois é apenas ela, entre todas as outras vitaminas que pode ser obtida exclusivamente através da exposição aos raios solares. Somos capazes de sintetizar 10.000 a 20.000UI de vitamina D com exposição solar de 20 a 30 minutos. Vale ressaltar que essa exposição deve ser ampla, ou seja, homens de preferência de shorts ou sunga, e as mulheres de shorts e top ou de biquini. O uso de protetor solar também deve ser evitado durante esses poucos minutos de exposição, pois essa proteção atrapalha a biossíntese da Vitamina D porque forma uma barreira física para a passagem dos raios UVB. (1,2) 34GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Obter vitamina D pela alimentação não é a melhor das opções, pois são poucos os alimentos que contêm essa vitamina, e as quantidades obtidas a cada 100g desses alimentos variam de 300 a 1000UI. Nos alimentos de origem animal como o salmão, a sardinha, o atum e o óleo de fígado de bacalhau obteremos vitamina D3 (colecalciferol), já os alimentos de origem não animal irão fornecer a vitamina D2 (ergocalciferol), os cogumelos são um exemplo desses alimentos. Vale ressaltar que não é através das fontes alimentares que conseguimos suprir as nossas necessidades diárias de vitamina D. E se a exposição solar, concomitantemente com a alimentação, não suprir a demanda corporal por essa vitamina, a suplementação passa ser uma opção. (2,3,4) Para a manutenção das funções corporais que dependem em algum grau dessa vitamina, as concentrações plasmáticas ideais devem ser maiores do que 30ng/ml, e populações especificas como: gestantes, pessoas com mais de 65 anos, portadores de hiperparatireoidismo secundário, pessoas em tratamento de câncer e/ou com doenças osteometabólicas são as que devem buscar níveis equivalentes entre 30 a 60ng/ml. Já concentrações sanguíneas maiores que 100ng/ml não são desejáveis porque podem acarretar quadros de intoxicação por essa vitamina. (1,2,3,4) Tecidos-alvo da Vitamina D Atualmente temos estudos consolidados sobre a ação da Vitamina D em alguns tecidos, e esses são considerados sítios clássicos de ação dessa vitamina, como na regulação do metabolismo ósseo, sua estreita relação com as concentrações séricas de cálcio e fósforo, e também sua ação sobre as glândulas paratireoides. ARTIGO Outros tecidos corporais como coração, sistema músculo esquelético, células do sistema imunológico, intestino e pulmão ganharam atenção da comunidade cientifica por também expressar alguma relação com essa vitamina e, principalmente, por ter a presença do receptor nuclear de vitamina D (VDR) nesses tecidos. Por mais que a sua importância já seja reconhecida nesses tecidos, existe a necessidade de se entender os mecanismos pelos quais essa vitamina exerce função nesses sítios não clássicos, e essa é uma grande área de pesquisa a ser desbravada. (1,2,3,4) 35GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. E dentre essas áreas de interesse a importância da vitamina D para o esporte também vem ganhando notoriedade. A vitamina D exerce influência em tecidos que são muito exigidos durante o esporte, como o coração, pulmão e o músculo esquelético. Isso levou os pesquisadores a investigar se diferentes concentrações plasmáticas de vitamina D teriam influência sob condições atléticas diferentes, sugerindo um possível efeito ergogênicoa esses atletas. Avançar na direção desse conhecimento deve ser objeto de estudo para que possamos ter uma prescrição a cerca dessa vitamina de uma maneira mais assertiva. (1,2,5,6,7) Suplementação de Vitamina D no Esporte A grande questão da atualidade é como o receptor (VDR) age nos diferentes tecidos corporais. Além disso, os estudos com os polimorfismos associados a vitamina D também já começaram a ser produzidos, e o entendimento desses mecanismos irá propiciar novas descobertas perante a esse tema. (6,7,8,9,10) O que temos hoje são hipóteses bem interessantes de como a vitamina D influenciaria uma resposta melhor frente ao exercício. Uma das hipóteses é que a presença do receptor (VDR) nos tecidos musculo esquelético e no pulmão poderia influenciar a absorção máxima de oxigênio (VO2 Max) através da melhora da capacidade de transporte e utilização de oxigênio do sangue para os tecidos. No entanto, os poucos estudos que tentaram reproduzir e verificar essa melhora foram muito diversos, e até o momento não é possível determinar a influência da vitamina D na melhora do VO2 Max. Uma das possíveis explicações para uma melhora nessa condição seria a de que as enzimas CYP, que realizam a conversão da vitamina D na sua forma ativa (calcitriol), contêm proteínas com heme e poderia potencialmente afetar a afinidade de ligação do oxigênio à hemoglobina, mas isso foi postulado e até agora não foi provado. (7,9,10) ARTIGO Na recuperação muscular, outro foco bastante interessante para os atletas são os modelos replicados em animais. Foi demonstrada a importância da vitamina D em todos os processos de remodelação e regeneração do tecido, desde o processo de migração, diferenciação e deposição das células satélites para a recuperação do local celular a ser recuperado, mas, até agora, não foi verificado efeito adicional a essa recuperação muscular com concentrações de vitamina D elevadas, e foi recomendado no primeiro momento que apenas garantir a suficiência dessa vitamina = concentrações >30ng/ml foi importante para garantir um bom processo de recuperação muscular. (8,10) 36GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. A ação da vitamina D na força e na potência muscular foi hipotetizada por conta da presença dos receptores (VDR) sensibilizando a entrada e a saída do cálcio no retículo sarcoplasmático, levando a uma melhora na eficiência das pontes cruzadas no processo de contração muscular. Existem algumas evidências que apoiam o importante papel das concentrações adequadas de vitamina D no processo de hipertrofia muscular, mas esses estudos foram feitos só com mulheres idosas e com mobilidade reduzida, e ainda nada concreto foi demonstrado para a população atlética. (5,7) A escassez de estudos que relacionam a vitamina D com a performance atlética não nos permite, até o momento, justificar as hipóteses que foram levantadas, uma coisa é fato, a deficiência (concentrações menores que 30ng/ml) são um impeditivo para a melhora da performance esportiva e essa deve ser combatida. Todas as populações que foram testadas acerca da resposta motora quando deficientes em vitamina D, tiveram prejuízos quando comparadas aos indivíduos com níveis suficientes em vitamina D. Não foram encontradas, até o presente momento, justificativas para o uso de altas doses de vitamina D na melhora da performance esportiva (5,6,7,8,9,10). Referencias 1. Girgis, C. M., Clifton-Bligh, R. J., Hamrick, M. W., Holick, M. F., & Gunton, J. E. (2013). The roles of vitamin D in skeletal muscle: form, function, and metabolism. Endocrine reviews, 34(1), 33-83. 2.Pludowski, P., Holick, M. F., Grant, W. B., Konstantynowicz, J., Mascarenhas, M. R., Haq, A., ... & Rudenka, E. (2018). Vitamin D supplementation guidelines. The Journal of steroid biochemistry and molecular biology, 175, 125- 135. 3. Moreira, C. A., Ferreira, C. E. D. S., Madeira, M., Silva, B. C. C., Maeda, S. S., Batista, M. C., ... & Lazaretti-Castro, M. (2020). Reference values of 25- hydroxyvitamin D revisited: a position statement from the Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism (SBEM) and the Brazilian Society of Clinical Pathology/Laboratory Medicine (SBPC). Archives of Endocrinology and Metabolism, (AHEAD). 4.Maeda, S. S., Borba, V. Z., Camargo, M. B. R., Silva, D. M. W., Borges, J. L. C., Bandeira, F., & Lazaretti-Castro, M. (2014). Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 58(5), 411-433. ARTIGO 37GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. 5.Han, Q., Li, X., Tan, Q., Shao, J., & Yi, M. (2019). Effects of vitamin D3 supplementation on serum 25 (OH) D concentration and strength in athletes: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 16(1), 55. 6.Bass, J. J., Nakhuda, A., Deane, C. S., Brook, M. S., Wilkinson, D. J., Phillips, B. E., ... & Garcia, A. M. (2020). Over-expression of the vitamin D receptor (VDR) induces skeletal muscle hypertrophy. Molecular Metabolism, 101059. 7.Dahlquist, D. T., Dieter, B. P., & Koehle, M. S. (2015). Plausible ergogenic effects of vitamin D on athletic performance and recovery. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 12(1), 33. 8.Garcia, M., Seelaender, M., Sotiropoulos, A., Coletti, D., & Lancha Jr, A. H. (2019). Vitamin D, muscle recovery, sarcopenia, cachexia, and muscle atrophy. Nutrition, 60, 66-69. 9.Moran, D. S., McClung, J. P., Kohen, T., & Lieberman, H. R. (2013). Vitamin D and physical performance. Sports Medicine, 43(7), 601-611. 10.Owens, D. J., Allison, R., & Close, G. L. (2018). Vitamin D and the athlete: current perspectives and new challenges. Sports medicine, 48(1), 3-16. ARTIGO 38GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Os malefícios de uma dieta rica em gorduras e o papel de CARDIOPROTETORES ARTIGO istoricamente, os hábitos alimentares são substituídos por outros, de acordo com o período em que vivemos, e eles possuem grande relação com o crescimento, desenvolvimento e saúde geral dos indivíduos. Pesquisas recentes apontam que dietas ricas em fibras protegem contra obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. Estudos clínicos e epidemiológicos também sugerem que a gordura dietética tem importante papel no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, causando morbidade, mortalidade e incapacidade. Ao longo dos anos, a população brasileira passou por alterações no comportamento alimentar. Um estudo analisou a disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil, e constatou um excesso no consumo de açúcar e presença insuficiente de frutas e hortaliças na dieta. Nas regiões economicamente mais desenvolvidas, no meio urbano e entre famílias com maior renda, houve também excesso no consumo de gorduras em geral, inclusive saturadas. O que chama a atenção é que dietas ricas em gorduras e pobres em frutas, vegetais e cereais integrais predominam tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. Os principais lipídios do plasma humano são colesterol, ésteres do colesteril, triglicerídeos, fosfolipídios e ácidos graxos não-esterificados. São transportados na forma de lipoproteínas, que são divididas de acordo com sua densidade: quilomícrons, lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), lipoproteínas de baixa densidade (LDL) lipoproteínas de densidade intermediária (IDL) e lipoproteínas de alta densidade (HDL). A principal função das lipoproteínas plasmáticas é a do transporte dos triglicerídeos e do colesterol dos locais de síntese, no intestino (origem exógena) e no fígado (origem endógena), para os locais de armazenamento e utilização. Os fatores de risco clássicos (hipertensão, dislipidemia, obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes e histórico familiar) aumentam a probabilidade de doença arterial coronariana, infarto do miocárdio, doença arterial periférica, doença cardíaca coronariana. Entre os fatores de risco quecompõem a síndrome metabólica, temos a dislipidemia, que é caracterizada pela produção de lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c) e a diminuição das lipoproteínas de alta densidade (HDL-c). 39GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. ARTIGO Os triglicerídeos, que constituem três cadeias de ácidos graxos e uma molécula de glicerol, por serem insolúveis em água, são armazenados no tecido adiposo e podem ser transportados entre uma variedade de tecidos através de certas lipoproteínas. O triglicerídeo sofre hidrolização enzimática que dá resultado aos ácidos graxos livres (AGL) e glicerol. Os AGL podem ser oxidados por diversos tecidos, como músculo e miocárdio, portanto, fisiologicamente, o TG desempenha um papel importante como nutriente, transportando para vários tecidos a fim de fornecer energia. Tanto o TG quanto os AGL podem ser mobilizados a partir do fígado e lipoproteínas, e são capazes de migrar para diferentes tecidos, a serem metabolizados de acordo com padrões fisiológicos e necessidades atuais do organismo. Entretanto, níveis séricos elevados de TG e AGL podem estar associados a algumas consequências negativas à saúde, principalmente em pacientes com resistência à insulina (RI), obesidade central (visceral) e diabetes tipo 2 (DM2). 40GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Na presença em excesso de AGL, diminui a capacidade dos tecidos sistêmicos de metabolizar a glicose, causando a elevação de cortisol e, consequentemente, citocinas pró- inflamatórias como interleucina 6 (IL-6) e Fator de necrose tumoral alfa (FNT-a). Essa reação ocasiona uma cascata de distúrbios cardio-metabólicos devido às partículas de LDL possuírem propriedades aterogênicas, e um aumento do risco de eventos cardiovasculares. Um exemplo disso é que o excesso de ácidos graxos livres na corrente sanguínea leva ao comprometimento da oxidação do triglicerídeo e, frequentemente, causa insensibilidade ao receptor de insulina. Na presença em excesso de AGL, diminui a capacidade dos tecidos sistêmicos de metabolizar a glicose, causando a elevação de cortisol e, consequentemente, citocinas pró- inflamatórias como interleucina 6 (IL-6) e Fator de necrose tumoral alfa (FNT-a). Essa reação ocasiona uma cascata de distúrbios cardio-metabólicos devido às partículas de LDL possuírem propriedades aterogênicas, e um aumento do risco de eventos cardiovasculares. Um exemplo disso é que o excesso de ácidos graxos livres na corrente sanguínea leva ao comprometimento da oxidação do triglicerídeo e, frequentemente, causa insensibilidade ao receptor de insulina. ARTIGO Valsdottir et al. avaliaram os efeitos de uma dieta rica em gorduras com baixo teor de carboidratos, e de exercício na bicicleta de alta intensidade, no perfil lipídico, tolerância à glicose e função endotelial, em 3 semanas de dieta, em mulheres com o índice de massa corporal IMC dentro da média (18,5- 25), sem doenças não transmissíveis, não tabagistas. 41GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Elas receberam uma dieta com a mesma quantidade de calorias na dieta de base e na dieta rica em gorduras e baixo carboidrato. As proteínas foram incluídas nas mesmas quantidades nos dois tipos de dietas. Os resultados demonstraram perda de peso de cerca de 2 kg, comparando uma semana antes da intervenção dietética, três semanas de intervenção e uma semana pós intervenção. A massa gorda permaneceu inalterada, porém, a água corporal e a massa livre de gordura foram reduzidas, levantando a hipótese de que a massa magra tenha sido usada como fonte de energia. Houve aumento significativo do colesterol total e triglicerídeos em jejum, além do aumento do HDL e LDL em resposta a dieta LCHF (baixo carbo/ alta gordura). Além disso, também foi coletada através da urina uma concentração crescente de corpos cetônicos, onde no 4º dia em diante os níveis de corpos cetônicos se encontraram altos. Os corpos cetônicos são produzidos na mitocôndria das células do fígado quando há ausência de carboidratos, pela quebra dos ácidos graxos para serem usados como energia. Contudo, algumas estratégias de carboidrato baixo para pessoas com sobrepeso ou obesas têm se mostrado interessantes, porém, para pessoas com o peso equilibrado essa dieta não mostrou ser eficaz, por aumentar demais os níveis de colesterol totais e LDL que, isolados, são fatores de risco para doenças cardiovasculares. Diversas consequências quanto ao uso desenfreado de lipoproteína de alta densidade (gorduras ruins) são demostradas, entre elas, a aterosclerose, uma doença inflamatória crônica e sistêmica que é causa da dislipidemia, caracterizada por um endurecimento e estreitamento do vaso sanguíneo com consequente acúmulo de placa de gordura contendo partículas de lipoproteínas, dentro e fora das células, juntamente com macrófagos. Devido ao estresse oxidativo, estreitamento dos vasos sanguíneos e acúmulo de placas de ateroma o indivíduo pode vir a enfartar ou ter derrame. ARTIGO Funções de cardioprotetores: os auxiliares de uma alimentação individualizada e balanceada 42GO A HEAD NUTRITION | 7ªed. Ômega-3: vários mecanismos prováveis contribuem para o efeito dos ácidos graxos ômega-3, formado pelo ácido docosahexaenóico (DHA) e ácido eicosapentaenoico (EPA) que desregulamentam a produção de VLDL hepática, reduzem a quantidade de ácidos graxos não esterificados, regulam positivamente a beta oxidação de ácidos graxos no fígado, tecido adiposo, coração e músculo esquelético, para que menos ácidos graxos sejam armazenados intracelularmente ou liberados de volta a circulação. Nos tecidos periféricos, aumentam a captação de ácidos graxos por adipócitos, células cardíacas e musculares esqueléticas e neutralizam a liberação lipolítica de ácidos graxos não esterificados do tecido adiposo, suprimindo a inflamação, entre diversas outras funções. Resveratrol: Visto que grande parte das reações metabólicas do organismo humano são realizadas em meio aeróbio, levando à geração de espécies reativas de oxigênio (EROS). As EROs são responsáveis por produzirem energia, fagocitose, regular o crescimento celular, sinalização intercelular e síntese de substâncias de defesa contra infecção. O número excessivo de espécies reativas, ocasiona estresse oxidativo e pode gerar danos a moléculas como proteínas, lipídios e DNA, afetando a saúde. Para reduzir o estresse oxidativo existem moléculas que neutralizam as EROs, dentre elas vitaminas, minerais, flavonoides e não-flavonóides, como o resveratrol, atuando como poderoso antioxidante. O seu efeito cardioprotetor é observado quando esses polifenóis, após sofrerem metabolização no intestino delgado, atuam como antioxidantes através da alteração da produção de radicais livres, eliminação de precursores dos radicais livres, quelação de metais e elevação de antioxidantes endógenos. Portanto, o efeito cardioprotetor do resveratrol vai desde a inibição da agregação plaquetária, a prevenção de oxidação de LDL-c até a proteção do endotélio vascular contra disfunções e danos provenientes de dietas inadequadas. Diante do exposto, ainda faltam mais estudos sobre o assunto, porém, as pesquisas revelam que a individualidade deve ser sempre levada em consideração, desde um praticante de atividade física, até indivíduos sedentários. Vimos que diversos protetores vasculares trabalhando em conjunto com uma dieta individual e balanceada, corrobora para a diminuição do risco de doenças cardiovasculares consideravelmente. Por isso, procure um profissional nutricionista para fazer um planejamento adequado ao seu estilo de vida. PRECOMA, B. D. et al. Diretriz atualizada de prevenção cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Rev. Brasileira de cardiologia, 113 (4) 787-891. 2019. GB, John Mancini; Hegele, Robert. A; Lawrence A. Dislipidemia. Diretrizes de prática clínica. Vol. 42, sup. 1, s178-s-185, 01 de abril. 2018. SCHIAVO, M.; LUNARDELLI, A.; OLIVEIRA, J. R. The influence of diet on the triglycerides serum concentration. Rio de Janeiro, v. 39, n. 4, p. 283-288. 2003. LEAL, J. B, CARVALHO, F. O, GONÇALVES, D.