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Ponto 05 Direitos de Nacionalidade

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- Direitos de Nacionalidade.
- Aula G7 Jurídico (professor Marcelo Novelino) + questões de concurso + Site Dizer o Direito + Livro Paulo Henrique Gonçalves Portela + Resumo TRF5.
- Leitura Lei Seca: art. 12 da CF/88; arts. 63 ao 75 da Lei 13.445/17; arts. 213 a 254 do Dec. 9.199/2017; arts. 13 e 17 do Dec. 3.927/2001.
- Atualização em 24/02/20: questões de concurso + Item 4.4 [sobre Extradição – vide letra b); d) e e) – inclusão de julgados veiculados no Info 946, STF). 
- Revisado Ok
DIREITOS DE NACIONALIDADE
1. INTRODUÇÃO
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo ao Estado, fazendo dele um componente do POVO (NACIONAIS DE UM PAÍS).
Gilmar Ferreira Mendes conceitua nacionalidade como vínculo político e pessoal que se estabelece entre o Estado e o indivíduo, fazendo com que este integre uma dada comunidade política, o que faz com que o Estado distinga o nacional do estrangeiro para diversos fins. Afirma, ainda, que o conceito de nacionalidade associa-se ao ser humano. Somente por extensão pode-se cogitar de nacionalidade de pessoas jurídicas, empresas ou coisas. A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 e a Convenção Americana de São José da Costa Rica estabelecem que a pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em que tiver nascido, na falta de outra. Busca-se, portanto, evitar a situação dos apátridas.
##Questiona-se: Qual a natureza jurídica da nacionalidade? É ponto de divergência doutrinária a natureza jurídica da nacionalidade. Dentre elas, pode-se destacar: a contratual, a de vínculo jurídico e a de vínculo político. A corrente contratualista sustenta ser a nacionalidade um contrato entre o indivíduo e o Estado, do qual resultariam direitos e deveres para os contratantes. Esta teoria é insuficiente para explicar o fenômeno da nacionalidade, uma vez que o recém-nascido também a possui, mesmo não podendo concluir um contrato, pois este pressupõe manifestação de vontade. Entretanto, pode-se considerá-la como sendo ao mesmo tempo um vínculo jurídico e político que une o indivíduo ao Estado, uma vez que dá a ele direitos e deveres de um modo geral e, em especial, direitos políticos.
Apesar de nacionalidade derivar de natio (nação), o conceito de nacional não é ligado a nação, mas ao povo (um conceito mais amplo). Quando se fala em nação, a nação pressupõe um vínculo entre as pessoas, ou de origem histórica, ou de origem cultural, ou de língua. As pessoas têm características em comum. O povo é um conceito mais amplo. No Canadá, por exemplo, alguns são mais ligados ao povo francês, outros são mais ligados ao povo inglês. A palavra “povo” abrange os nacionais de um país.
Povo é o conjunto de pessoas que fazem parte do Estado (elemento humano), unido ao Estado pelo vínculo jurídico-político da nacionalidade. Sendo assim, pode-se dizer que o povo é a dimensão pessoal do fenômeno estatal.
Povo brasileiro = brasileiros natos + naturalizados.
INDIVÍDUO
ESTADO
NACIONALIDADE
Por outro lado, a expressão “população” compreende o conjunto de residentes no território, sejam eles nacionais ou estrangeiros, ou, ainda, apátridas. 
	POVO
	POPULAÇÃO
	Conceito político e jurídico
	Conceito estatístico
	Inclui apenas os nacionais
	Inclui nacionais e estrangeiros
	Inclui os nacionais no exterior
	Inclui pessoas apenas de passagem pelo país
	Brasileiros natos e naturalizados
	Inclui todo mundo: brasileiros, estrangeiros, apátridas, pessoas de passagem
##NÃOCONFUNDIR:
	Povo
	População
	Nação
	Cidadania
	Conjunto de pessoas (elemento humano do Estado) unidas pelo vínculo da nacionalidade.
	Conjunto de habitantes de um território, podendo ser nacionais ou estrangeiros.
	Agrupamento humano ligados por laços históricos, culturais, econômicos e linguísticos.[footnoteRef:1] [1: (TJMT-2014-FMP): Nação é um conceito ligado a um agrupamento humano cujos membros, fixados num território, são ligados por laços culturais, históricos, econômicos e linguísticos.] 
	Possui como pressuposto a nacionalidade, caracterizando-se como titularidades de direitos políticos de votar e ser votado.
##DOUTRINA: Nacionalidade é um conceito mais amplo que o de cidadania. Por conseguinte, pressupõe-se que todo cidadão brasileiro é titular da nacionalidade brasileira, seja ela primária ou secundária. Nacionalidade direitos políticos cidadania. 
##SELIGA: O exercício de DIREITOS POLÍTICOS possui como pressuposto a nacionalidade, seja ela originária ou derivada.
##CONCLUSÃO: O cidadão é o nacional (brasileiro nato ou naturalizado) no gozo dos direitos políticos.
A nacionalidade é regulamentada pelo direito interno (caráter estritamente soberano da concessão da nacionalidade). Algumas regras gerais sobre a nacionalidade:
a) Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade (considerado um direito humano). Evita-se, assim, a figura do apátrida (ou HEIMATLOS, expressão alemã que significa sem pátria ou apátrida).
b) Toda pessoa deveria ter apenas uma nacionalidade. Com isso, evitaria os conflitos da polipatridia (repulsa histórica do DIP à polipatridia, embora ainda exista).
c) Toda pessoa tem direito a mudar de nacionalidade, direito que está sujeito às regras estabelecidas pelos entes estatais envolvidos. 
d)Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade (art. XV da DUDH). A pessoa pode perder sua nacionalidade, desde que a partir de regras previamente estabelecidas e compatíveis com as normas internacionais de direitos humanos e com o Estado de Direito. Ex.: art. 15 da CF.
e) A nacionalidade deve ser efetiva, ou seja, fundamentada em laços sociais consistentes entre o indivíduo e o Estado. Busca-se evitar que a nacionalidade seja concedida em bases meramente mercantilistas ou fictícias. 
f) A nacionalidade da mulher não se relaciona com a do marido. 
g) Os filhos de agentes de Estados estrangeiros herdam a nacionalidade dos pais, não importa onde nasçam. 
h) É proibido o banimento: o Estado não deve expulsar ou deportar o nacional de seu próprio território (art. 5º, XLVII, d). Por outro lado, o Estado sempre deve receber os detentores de sua nacionalidade quando venham do exterior, inclusive quando expulsos ou deportados de Estado estrangeiro (lembrar também da figura do refugiado).
##ATENÇÃO: 
Apesar de a concessão de nacionalidade ser, em grande parte, fruto da discricionariedade dos Estados, A SUA PERDA DEVE SE DAR EM VIRTUDE DE DETERMINADAS DISPOSIÇÕES LEGAIS OU MESMO CONSTITUCIONAIS. Um Estado não pode arbitrariamente privar o indivíduo de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. 
A Convenção de Haia determina que um Estado não pode exercer sua proteção diplomática em proveito de um seu nacional contra outro Estado de que o mesmo seja também nacional. Dispõe também que, em um terceiro Estado, o indivíduo que possua várias nacionalidades deverá ser tratado como se tivesse só uma, podendo esse terceiro Estado reconhecer, dentre as alternativas existentes, apenas a nacionalidade do país no qual ele tenha sua residência habitual e principal ou a do país ao qual, segundo as circunstâncias, o estrangeiro pareça mais ligado, ou seja, a nacionalidade mais efetiva. 
O ordenamento brasileiro não comporta nenhuma possibilidade de admissão da apatridia, embora contemple hipóteses de perda da nacionalidade brasileira (art. 15, CF), que podem levar à apatridia. 
O Brasil admite a polipatridia, mas não expressamente. É que o brasileiro perde a nacionalidade quando adquire outra, salvo nos casos: 1) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira e; 2) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis (art. 12, §4º, incisos I e II, CF). Nesses casos, o sujeito terá a nacionalidade brasileira + outra nacionalidade (polipatridia). [footnoteRef:2] [2: (ABIN-2018-CESPE): Os indivíduos que possuem multinacionalidade vinculam-se a dois requisitos de aquisição de nacionalidade primária: o direito de sangue e o direitode solo.
OBS: Polipátrida é aquele que possui mais de uma nacionalidade.
Também conhecido como multinacional ou com dupla nacionalidade. A causa principal de ocorrência desse fenômeno é quando do nascimento do indivíduo duas legislações com base em critérios diferentes: uma soli e a outra sanguinis, conferem a nacionalidade primária (originária) ao indivíduo. O fenômeno jurídico da polipatrídia, conflito positivo de nacionalidade, traz alguns problemas, como exercício de direitos políticos, serviço militar, proteção diplomática.
 De um modo geral, deve-se considerar o polipátrida como nacional do Estado em que tem seu domicílio, não tendo ele domicílio ou residência deverá ser considerado nacional do Estado que figura em seus documentos. O melhor sistema para se acabar com a polipatrídia é o de obrigar os polipátridas a optarem por uma nacionalidade, e esta opção teria efeito obrigatório para os Estados.] 
Na hipótese de dupla nacionalidade, qualquer um dos Estados pode, em regra, exercer proteção diplomática em favor do indivíduo. Entretanto, NÃO É ADMITIDO O ENDOSSO NOS CASOS DE RECLAMAÇÃO FEITA PELO INDIVÍDUO CONTRA O SEU OUTRO ESTADO PATRIAL. A jurisprudência internacional reconheceu essa exceção em 1912, no caso Canevaro, relativo a um binacional italiano iure sanguinis e peruano iuresolis que tem suas propriedades expropriadas pelo governo peruano e busca proteção diplomática pela Itália. 
2. ESPÉCIES DE NACIONALIDADE
Há duas formas de se adquirir a nacionalidade de um determinado país.
Uma delas é pelo nascimento. Dependendo do local onde a pessoa venha a nascer ou dependendo da ascendência daquela pessoa, ela adquire uma nacionalidade. Trata-se de um ato natural que não está relacionado com a vontade da pessoa. É a chamada nacionalidade originária (primária ou de origem).
A outra forma é uma espécie na qual a nacionalidade é adquirida, em regra, por um ato de vontade do indivíduo. O indivíduo adquire a nacionalidade não por ter determinada ascendência ou por ter nascido em um determinado local, mas sim por uma manifestação de vontade. É a nacionalidade secundária ou adquirida.
2.1. Nacionalidade primária (originária, involuntária, atribuída, de origem, de 1º grau ou nata)
A nacionalidade originária não é adquirida por um ato de vontade (imposta de maneira unilateral), mas pelo nascimento (fato natural).[footnoteRef:3] Vejamos o que dispõe o art. 12, I da CF: [3: (MPMT-2009-FMP): Denomina-se nacionalidade primária aquela que resulta do fato nascimento.] 
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; 
##Obs.: Existem dois critérios para a atribuição da nacionalidade originária:
a) Critério territorial (jus soli): se a pessoa nascer no território do país, será considerada nacional deste ;
b) Critério sanguíneo (jus sanguinis): a pessoa irá adquirir a nacionalidade de seus ascendentes, não importando que tenha nascido no território de outro país.
##Obs.: No Brasil, adota-se, como regra, o critério do jus soli, havendo, no entanto, situações nas quais o critério sanguíneo é aceito.
Quando se fala da nacionalidade primária ou originária, fala-se dos brasileiros natos, previstos no art. 12, I da CF. Analisaremos item por item.
a) “os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país”[footnoteRef:4] (critérios: “jus soli” MENOS o critério funcional); [4: (Analista Previdenciário-IPRESP/SP-2017-VUNESP): Pierre é filho de pais estrangeiros, mas nasceu no Brasil. De acordo com a Constituição Brasileira, Pierre pode ser considerado brasileiro nato, desde que seus pais não estejam a serviço de seu país de origem. BL: art. 12, I, “a”, CF/88.
(PCMT-2017-CESPE): O boliviano Juan e a argentina Margarita são casados e residiram, por alguns anos, em território brasileiro. Durante esse período, nasceu, em território nacional, Pablo, o filho deles. Nessa situação hipotética, de acordo com a CF, Pablo será considerado brasileiro nato e poderá vir a ser ministro de Estado da Defesa. BL: art. 12, I, “a” c/c §3º, VII, da CF/88.
(DPEMS-2013-VUNESP): Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, são brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. BL: art. 12, I, “a”, CF/88.] 
Nota-se que a CF adotou um critério territorial (“Jus soli”). A atribuição da nacionalidade, neste caso, ocorre em razão do local de nascimento (mesmo que os dois pais sejam estrangeiros, em regra). Contudo, percebe-se que a CF/88 exige a exclusão de um outro requisito: o critério funcional.
Pais a serviço de seu país = nacionalidade dos pais. Ex.: um diplomata alemão vem ao Brasil com sua esposa (ela não precisa estar a serviço do país). O filho será alemão nato, não brasileiro. 
Sendo assim, para incidir a exceção quanto aos pais estrangeiros, é necessário que ambos estejam a serviço de seu país. Ex.: Um diplomata argentino vem para o Brasil, como representante de seu país, e se casa com uma venezuelana que trabalha na Petrobrás. Esse casal tem um filho. Neste caso, ele está a serviço de seu país, mas ela, embora seja estrangeira, não está a serviço de seu país. O filho será brasileiro nato, porque apenas um deles está a serviço de seu país. Se a mãe também estivesse a serviço da Venezuela, o filho não seria brasileiro nato.
Contudo, quando o cônjuge está apenas acompanhando o outro que está a serviço de seu país, considera-se como se ambos estivessem a serviço. Ex.: Um argentino veio para o Brasil com a esposa venezuelana. Ele está a serviço da Argentina e a esposa trabalha em um multinacional, mas veio apenas para acompanhá-lo. O filho não terá a nacionalidade brasileira originária.
Por fim, caso o estrangeiro esteja a serviço de outro país (ex.: austríaco a serviço da França), o filho nascido no Brasil será brasileiro.
##CONCLUSÃO: Nasceu no Brasil, é brasileiro nato, exceto se os dois pais (ambos) estiverem a serviço de seu próprio país. Critério jus soli menos o critério funcional.
b) “os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil”[footnoteRef:5] (Critério: “jus sanguinis” MAIS o critério funcional); [5: ] 
Percebe-se que, agora, o critério não é mais o territorial. Neste caso, o indivíduo é considerado brasileiro nato, não por ter nascido no território brasileiro (nasceu no estrangeiro), mas por ser filho de pai brasileiro ou mãe brasileira. Pode ser um ou outro, não precisa ser os dois, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil.
Serviço público a que se refere a alínea “b” é o prestado a qualquer um dos entes (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios), independente de sua natureza.
Nota-se que a hipótese prevista nesta alínea é o contraponto da alínea anterior. Assim como não se reconhece a nacionalidade de um filho de um casal que esteja a serviço de seu país, se for um brasileiro a serviço da República Federativa do Brasil, a Constituição reconhece a nacionalidade originária. Ex.: O filho de um diplomata brasileiro que trabalha na França e se casa com uma alemã terá a nacionalidade brasileira originária reconhecida, pois ele está a serviço do Brasil.
A aquisição da nacionalidade, nessa hipótese, independe de formalidades.
O critério utilizado é o jus sanguinis (critério sanguíneo), conjugado com o critério funcional.
c) “os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;”[footnoteRef:6]. São duas possibilidades: [6: (ABIN-2018-CESPE): Julgue o item seguinte, relativo ao direito de nacionalidade. Filho de brasileiros nascido no estrangeiro que opte pela nacionalidade brasileira não poderá ser extraditado, uma vez que os efeitos dessa opção são plenos e têm eficácia retroativa. BL: art. 12, I, “c”, CF/88 e art. 215 do Dec. 9.199/2017.
OBS: Ou seja, o sujeito é Brasileiro NATO e com isso a CF/88 disciplina, em seu art. 5º, inciso LI: “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”. Então, se ele tiver praticado alguma das hipóteses de extradição (crime comum ou envolvimento com tráfico de entorpecentes e drogas afins), por exemplo, e apenas depois vier a residir aqui e optar pela nacionalidade, o Brasil não poderá extraditar. A eficácia será retroativa, atingirá todos os eventos passados dessa pessoa como brasileiro para todos os efeitos.Parte superior do formulário
(Analista Judiciário/TRF5-2017-FCC): Considere as situações: I) Anny e Joseph, ambos norte-americanos, decidiram sediar uma empresa no Brasil e, por essa razão, mudaram-se para o Rio de Janeiro, onde nasceu seu primeiro filho – Anthony; II) Carlos, brasileiro e diplomata, foi convocado para representar o Brasil na Itália e lá conheceu sua esposa Valentina, italiana, com quem teve o filho Enrico, que nasceu em solo italiano; III) Yohanes e Natália, ambos brasileiros, após namorarem por oito anos resolveram se casar e morar na Alemanha, onde Yohanes possui família, e lá tiveram dois filhos, Hans e Klaus. Ao contrário de Hans, Klaus foi registrado em repartição brasileira competente. São brasileiros natos: Anthony, por ter nascido em solo brasileiro, ainda que de pais estrangeiros; Enrico, por ser filho de brasileiro que estava na Itália a serviço do Brasil; Klaus, por ser filho de brasileiros e ter sido registrado em repartição pública brasileira competente; e Hans, caso venha a residir no Brasil e opte, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. BL: art. 12, I, alíneas “a” a “c”, CF/88.
OBS: Vejamos cada uma das situações trazidas pela questão:
PRIMEIRO: Anthony é brasileiro NATO porque nasceu no Brasil e nenhum de seus pais estavam a serviço de seu país de origem (art. 12, I, “a”, CF).
SEGUNDO: Enrico é brasileiro NATO porque, apesar de ter nascido em solo estrangeiro, seu pai estava a serviço do Brasil (art. 12, I, “b”, CF).
TERCEIRO: Klaus é brasileiro NATO porque, apesar de ter nascido em solo estrangeiro, foi registrado em repartição brasileira competente + seus pais eram brasileiros (art. 12, I, “c”, CF).
QUARTO: Hans pode ser considerado brasileiro NATO caso venha a residir no Brasil e opte, a qualquer tempo, após atingida a maioridade, pela nacionalidade brasilelira. Além disso, seus pais são brasileiros (art. 12, I, “c”, CF).
(TRF2-2017): Sujeito nascido no estrangeiro, filho de mãe brasileira e de pai estrangeiro, que veio a residir no território brasileiro e aqui, após a maioridade, optou e adquiriu a nacionalidade brasileira pode, oportunamente, candidatar-se e ser eleito Presidente da República. BL: art. 12, I, "c", c/c art. 12, §3º, I da CF/88.
OBS: Sendo brasileiro nato, pode concorrer ao cargo privativo de Presidente da República (CF, art. 12, § 3º, I).
(TCEPE-2017-CESPE): Situação hipotética: Cláudio, brasileiro nato, por interesse exclusivamente pessoal, residiu em país estrangeiro, onde teve um filho com uma cidadã local. Assertiva: Nessa situação, segundo a CF, o filho de Cláudio poderá ser considerado brasileiro nato, ainda que não venha a residir no Brasil. BL: art. 12, I, “c”, CF.
OBS: Para que o filho de Claúdio seja brasileiro nato, BASTA que ele seja registrado na repartição competente OU que opte, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira E venha a morar aqui. A chave está nesses conectivos. Por conta desse "OU", entende-se que já que ele não residiu no Brasil (a questão afirma dessa maneira), ele ainda poderá ser brasileiro nato, desde que simplesmente seja registrado no consulado.
(Analista Judiciário/TRT7-2017-CESPE): Caio, nascido na Itália, filho de mãe brasileira e pai italiano, veio residir no Brasil aos dezesseis anos de idade. Quando atingiu a maioridade, Caio optou pela nacionalidade brasileira. A partir das informações dessa situação hipotética, assinale a opção correta. O fato de Caio ser brasileiro nato impede a sua extradição, em qualquer hipótese. BL: art. 12, I, “c”, CF/88.
(TJAP-2008-FGV): Segundo a Constituição, são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. BL: art. 12, I, “c”, CF/88.] 
1ª hipótese: “os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente”[footnoteRef:7]. (Critério: “jus sanguinis” + registro na repartição brasileira competente); [7: (TJRR-2008-FCC): Nascido em dezembro de 2007, na França, filho de pai brasileiro e mãe argelina, João é registrado em repartição consular brasileira sediada naquele país. Nessa hipótese, nos termos da Constituição da República, João é considerado brasileiro nato. BL: art. 12, I, “c”, 1ª parte, CF/88.] 
Trata-se de uma hipótese introduzida pela Emenda Constitucional nº 54/07, em razão de um movimento ocorrido no exterior conhecido como “movimento dos brasileirinhos apátridas”.
Antes da Emenda 54/07, a nacionalidade do filho de um brasileiro ou brasileira (que não estivesse a serviço do país) nascido no exterior só era reconhecida se ele viesse morar no Brasil. Se continuasse morando no exterior, ficaria sem a nacionalidade brasileira. Nos países que adotam apenas o critério sanguíneo (como, e.g., a Itália), tais crianças ficavam sem nacionalidade. Aconteceu com o Ronald, filho do Ronaldo fenômeno.
A EC 54/07 foi elaborada para impedir tal situação. Atualmente, basta fazer o registro da criança na repartição brasileira competente (consulado) para que seja considerada brasileiro nato. Se o país em que a criança nasceu reconhece a nacionalidade dela, os pais podem optar por não registrar. 
Assim, com o preceito incluído pela EC 54/07, adotou-se o critério do jus sanguinis somado a um requisito específico: a necessidade de registro em repartição brasileira competente (Embaixada ou Consulado), independentemente de qualquer outro procedimento subsequente, além do registro, para confirmar a nacionalidade.
2ª hipótese: “(...) ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira” (Critério: “jus sanguinis” + “jus domicilii” [residência] + opção).
Nesta hipótese, instituída pela EC nº 54/07, caso o pai ou mãe não faça o registro na repartição competente, será necessário que o indivíduo venha a residir, posteriormente, no Brasil. Além disso, não basta apenas a residência. Além de residir no Brasil, é necessário optar pela nacionalidade brasileira. Isso pode acontecer a qualquer tempo, desde que já tenha atingido a maioridade.
##Questiona-se: E se a criança vier ao Brasil com menos de 18 anos? Nesse caso ela não teria capacidade pra manifestar sua vontade. Sobre o tema, o STF entende que, como essa opção só pode ser feita após a maioridade, filho de brasileiro(a) que vem residir no Brasil antes dos 18 anos adquire a nacionalidade brasileira automaticamente. Quando atinge a maioridade, a nacionalidade fica suspensa. Sendo assim, até os 18 anos é automático; depoisde 18 anos, suspende até a opção confirmativa. Se não optar, não é mais brasileiro nato. Se optar, é brasileiro nato. É a nacionalidade provisória até os 18 anos.
Assim, a jurisprudência do STF, embora anterior à modificação da CF/88, adota o entendimento no sentido de que a criança que não atingiu a maioridade, mas veio residir no Brasil, adquire provisoriamente a nacionalidade brasileira, sob uma condição suspensiva. Ao atingir a maioridade, a nacionalidade fica suspensa, dependendo da opção confirmativa ou não. Ex.: o Ronald (era apátrida, não pode ser registrado no consulado), quando veio para o Brasil com a Milene, adquiriu a nacionalidade brasileira provisória. Quando ele atingiu a maioridade, optou pela nacionalidade brasileira, sendo, portanto, brasileiro nato. 
##Questiona-se: O que se entende por nacionalidade potestativa? É aquela prevista no art. 12, inciso I, alínea “c”, da CF/88. Atualmente, os requisitos são: 1) Nascidos de pai brasileiro ou mãe brasileira; 2) Que nenhum dos pais estivesse a serviço do Brasil; 3) Inocorrência do registro na repartição competente; 4) Fixação de residência a qualquer tempo; 5) Realização da opção, após a maioridade, a qualquer tempo. No momento em que o filho de pai brasileiro e/ou mãe brasileira, que não estivessem a serviço do Brasil, nascido no estrangeiro, fixasse residência no Brasil, adquiriria a nacionalidade provisória, que seria confirmada com a opção feita perante a Justiça Federal, a partir da maioridade. Como a realização da opção exige plena capacidade de manifestação de vontade, se a fixação de residência em território nacional ocorrer antes da maioridade, passará a ser considerado brasileiro nato, porém sujeita essa nacionalidade a manifestação da vontade do interessado, mediante a opção, depois de atingida a maioridade. Atingida a maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta passa a constituir-se em condição suspensiva da nacionalidade brasileira.
##Atenção: Durante o período de fixação da residência até atingir a maioridade civil, todos os direitos inerentes à nacionalidade poderão ser exercidos, pois a aludida condição suspensiva só vigorará a partir da maioridade. Também por este motivo que Gilmar Ferreira Mendes afirma que, pendente a nacionalidade brasileira do extraditando da homologação judicial ex tunc da opção, já manifestada, suspende-se o processo de extradição.
##Atenção: Gilmar Ferreira Mendes destaca que o texto constitucional não cuidou das questões atinentes à nacionalidade nos espaços hídricos, aéreos ou terrestres não submetidos à soberania de um Estado. Assim, adota-se a posição de Pontes de Miranda que considera brasileiros natos os nascidos a bordo de navios ou aeronave de bandeira brasileira quando estiverem em espaço neutro.
##Atenção ##Concursos Federais: O pedido de opção pela nacionalidade brasileira deve ser apresentado à Justiça Federal. Segundo o Des. Francisco Wildo, está previsto no art. 4º da Lei 818/49, cujos dispositivos devem ser adaptados à disciplina constitucional atual e complementados com dispositivos da Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), com os seguintes destaques: a) autuada a petição inicial, instruída com a documentação necessária, o órgão do Ministério Público Federal será ouvido no prazo de cinco dias; b) provados os requisitos constitucionais, o juiz homologará a opção por sentença; c) transitada em julgado a sentença homologatória, convém entregar os autos ao requerente para facilitar a inscrição da opção no registro civil de pessoas naturais. A decisão do juiz que determina a realização do registro não mais está sujeita ao duplo grau de jurisdição e tem efeito ex tunc.
2.1.1. Adoção: nato ou naturalizado?
##Questiona-se: A adoção pode ser considerada um critério para aquisição da nacionalidade originária? A Constituição não prevê essa hipótese expressamente, por isso há divergência na doutrina.
Alguns autores (Valério Mazzuoli) sustentam que um estrangeiro que é adotado por um casal brasileiro não pode adquirir a nacionalidade brasileira originária. Sustenta-se que esse tipo de nacionalidade só pode ser adquirido quando há previsão expressa. Assim, esse estrangeiro adotado poderia apenas ser naturalizado brasileiro.
No entanto, existe uma outra corrente (Alexandre de Moraes) que sustenta que, embora a CF/88 não tenha previsto a adoção como critério de aquisição de nacionalidade originária, ela prevê, no art. 227, § 6º, uma equiparação entre filhos adotivos e os demais. Com base neste dispositivo, o estrangeiro adotado por brasileiros deveria ser considerado brasileiro nato. Vejamos:
CF, Art. 227, § 6º: Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
2.2. Nacionalidade secundária (adquirida, voluntária, derivada, por aquisição, de 2º grau ou por naturalização)
A nacionalidade secundária é atribuída por fato posterior ao nascimento, normalmente em decorrência da manifestação de vontade do Estado em conceder sua nacionalidade e, em regra, da vontade do indivíduo em adquiri-la. Essa nacionalidade pode ser requerida tanto por estrangeiros quanto pelos heimatlos (apátridas).
O critério de aquisição da nacionalidade secundária, por excelência, é a naturalização. A pessoa se torna nacional naturalizado. 
Na prática internacional existem outros critérios, como o casamento, o vínculo funcional e a vontade da lei (naturalização unilateral). Porém, o Brasil não adota o casamento como critério de atribuição da nacionalidade secundária.[footnoteRef:8] Entretanto, o estrangeiro casado com cônjuge brasileiro pode fazer jus à redução do prazo mínimo de residência no Brasil para obter a naturalização, que pode passar de 4 para apenas 1 ano ou, no caso de cônjuges de diplomatas, para apenas 30 dias de permanência no país. [8: Segundo o STF, não é possível, em nosso sistema jurídico-constitucional, a aquisição da nacionalidade brasileira jure matrimonii, vale dizer, como efeito direto e imediato resultante do casamento civil.[Ext 1.121, rel. min. Celso de Mello, j. 18-12-2009, P, DJE de 25-6-2010.] (TJRN-2013)] 
Existem duas hipóteses de naturalização secundária: a naturalização tácita ou a naturalização expressa.
2.2.1. Naturalização tácita (# involuntária) x expressa
A naturalização tácita é adquirida sem manifestação expressa de vontade. Basta a omissão, o silêncio. Tal naturalização não pode ser confundida com a naturalização involuntária, que é a aquela em que a pessoa adquire a nacionalidade de um país mesmo contra a sua vontade. Portanto, esta última não se confunde com a naturalização tácita, pois a pessoa não pode recusar a nacionalidade. Ex.: se uma brasileira se casa, na Itália, com um italiano, ainda que ela não queira, ela adquire a nacionalidade italiana. 
A naturalização tácita geralmente é adotada naqueles países que estão em formação, cuja população é pequena para o território. O objetivo é povoar o país com nacionais. Isso foi feito, por exemplo, na Constituição Brasileira de 1824 e na Constituição dos Estados Unidos Brasileiros de 1891:
CPIB/1824, Art. 6. São Cidadãos Brazileiros: [...]
IV. Todos os nascidos em Portugal, e suas Possessões, que sendo já residentes no Brazil na época, em que se proclamou a Independencia nas Provincias, onde habitavam, adheriram á esta expressa, ou tacitamente pela continuação da sua residencia.
CREUB/1891, Art 69. São cidadãos brasileiros: [...]
4º) os estrangeiros, que achando-se no Brasil aos 15 de novembro de 1889, não declararem, dentro em seis meses depois de entrar em vigor a Constituição, o ânimo de conservar a nacionalidade de origem;
5º) os estrangeiros que possuírem bens imóveis no Brasil e forem casados com brasileiros ou tiverem filhos brasileiros contanto que residam no Brasil, salvo se manifestarem a intenção de não mudar de nacionalidade.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no entanto, só prevê a naturalização expressa, vejamos:
Art. 12. São brasileiros:
II - naturalizados:a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
a) “os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;”
1ª hipótese: “na forma da lei” – É a nova Lei de Migração, que substituiu o Estatuto do Estrangeiro e trata da aquisição da nacionalidade, como será abordado mais adiante.
2ª hipótese: “originários de países de língua portuguesa”: A própria Constituição já prevê os requisitos (atenção: não se aplica apenas aos portugueses, mas a todos os originários de países de língua portuguesa – ex.: Angola, Açores, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, Timor Leste, dentre outros).
Essa hipótese da alínea “a” é chamada de naturalização ordinária.
Nos casos previstos nesta alínea “a”, não há um direito público subjetivo da pessoa que cumpre os requisitos previstos na lei ou dos originários de países de língua portuguesa que cumprem os dois requisitos previstos na Constituição (“residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral”). 
A naturalização ordinária, a concessão ou não da nacionalidade brasileira é um ato de soberania estatal, um ato discricionário do Governo Brasileiro, ou seja, a pessoa pode cumprir todos os requisitos exigidos e, mesmo assim, o Governo Brasileiro pode negar a concessão da nacionalidade brasileira.
Desse modo, por mais que o naturalizando preencha os requisitos, o ato é discricionário, a concessão da nacionalidade é ato de soberania do Estado, dependendo de oportunidade e conveniência políticas.
b) “os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.”
Esta hipótese é conhecida também como naturalização extraordinária ou quinzenária.
A “ausência de condenação penal” é um requisito objetivo. A pessoa não pode ter tido nenhuma condenação penal, pois, do contrário, ela não pode adquirir a nacionalidade brasileira.
Além disso, como se trata de uma naturalização expressa, a pessoa só adquire se fizer o requerimento.
Nesta hipótese, o STF faz uma interpretação diferente da hipótese anterior, em virtude da expressão “desde que requeiram”. Se o indivíduo cumprir os requisitos e fizer o requerimento, a nacionalidade tem que ser concedida. Portanto, nesta hipótese, há um direito público subjetivo da pessoa que cumpre os requisitos de 15 anos ininterruptos, sem condenação penal, e que faz o requerimento. Não se trata de um ato de soberania estatal. 
Dito de outro modo, cria-se direito público subjetivo para o naturalizando. Caso ele preencher os requisitos, terá direito à naturalização, bastando ele pedir.
##Atenção: A naturalização é faculdade exclusiva do poder executivo e far-se-á mediante portaria do ministro da justiça, com efeitos retroativos à data do requerimento. (STF, Inf. 689).
##EM RESUMO: Vejamos quadro abaixo que resume, de forma didática, quem são os brasileiros natos e naturalizados, a partir do que se extrai do art. 12, incisos I e II da CF/88:
	São brasileiros (art. 12, CF)
	I – Natos (inciso I)
	II – Naturalizados (inciso II)
	a) Os nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a servição de seu país ;
- adotou-se aqui o critério jus soli ; (art. 12, I, a)
- Assim, no Brasil, a regra é o critério do solo, com mitigações previstas no art. 12, I, alineas b e c ;
b) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil ;
· Critério aqui : jus sanguinis + a serviço do Brasil (funcional) (art. 12, I, b)
c) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ;
· Critério aqui foi o jus sanguinis + registro (art. 12, I, c, 1ª parte)
d) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, ainda que não tenham sido registrados na repartição brasileira competente, desde que venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira ;
· Critério aqui : jus sanguinis + residência no Brasil + opção confirmativa ;
· Chamada de nacionalidade potestativa (porque depende desta opção confirmativa, que só pode ser dada após a maioridade)
	a) Naturalização ordinária (comum) – Os estrangeiros que, segundo os requisitos da lei, adquiram a nacionalidade brasileira.
· Para os originários de países de língua portuguesa a lei só pode exigir a residência por uma ano ininterrupto e idoneidade moral ;
· Obs. : o Brasil pode negar a naturalização (é ato discricionário)
b) Naturalização extraordinária – Os estrangeiros de qualquer nacionalidade que estejam residindo no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal ;
Obs. : se o estrangeiro preencher essas condições, o governo brasileiro não pode negar a naturalização (é ato vinculado).
2.3. Lei de Migração 
A Lei de Migração, editada em 2017, traz em seu texto quatro espécies (e não apenas duas) de naturalização. Vejamos o art. 64 da Lei 13.445/17:
Art. 64. A naturalização pode ser: 
I - ordinária; [equivalente à alínea “a” acima]
II - extraordinária; [equivalente à alínea “b” acima]
III - especial; ou 
IV - provisória. 
(i) Naturalização Ordinária
Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as seguintes condições: 
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos; [menor do que da naturalização extraordinária]
III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e [deve-se analisar a idade, o país de origem da pessoa, etc.]
IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. 
##Obs.: Com a nova Lei de Migração, a concessão da naturalização ordinária sofreu certo abrandamento no preenchimento de alguns requisitos em comparação com as disposições do revogado Estatuto do Estrangeiro. Vejamos:
	Lei 13.445/2017
(Art. 65)
	Lei 6.815/1980
(Art. 112)
	Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as seguintes condições:
	São condições para a concessão da naturalização:
	Ter capacidade civil, segundo a lei brasileira
	Capacidade civil, segundo a lei brasileira
	Ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos
	Ser registrado como permanente no Brasil
	Comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando
	Residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização
	Não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei
	Ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando
	 – 
	Exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família
	 – 
	Bom procedimento
	 – 
	Inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano
	 – 
	Boa saúde (requisito dispensado ao estrangeiro que reside no Brasil há mais de 2 anos).
##Obs.: A nova Lei de Migração ainda prevê hipóteses em que o prazo de residência no território nacional será reduzido para, no mínimo, um ano. Vejamos as novas hipóteses em comparação com a previsão constante no Estatuto do Estrangeiro, que continha prazos variáveis, conforme o caso:
	Lei 13.445/2017
(Art. 66)
	Lei 6.815/1980
(Art. 113)
	Redução do prazo de naturalização = 1 ano
Mediante preenchimento de quaisquer das seguintes condições:
	Redução do prazo de naturalização= prazo variável (1, 2 ou 3 anos)
	Ter filho brasileiro
	Ter filho ou cônjuge brasileiro (Um ano)
	1 ano de residência
	Ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de fato no momento de concessão da naturalização
	Ser filho de brasileiro
	
	Haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil
	Haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao Brasil, a juízo do Ministro da Justiça
	
	Recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística
	Recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística
	2 anos de Residência
	 –
	Ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor seja igual, pelo menos, a mil vezes o Maior Valor de Referência; ou ser industrial que disponha de fundos de igual valor; ou possuir cota ou ações integralizadas de montante, no mínimo, idêntico, em sociedade comercial ou civil, destinada, principal e permanentemente, à exploração de atividade industrial ou agrícola.
	
3 anos de residência
Vimos acima que, para ocorrer a naturalização ordinária, é necessário que o estrangeiro tenha residência no Brasil pelo prazo mínimo de 4 anos. A Lei prevê, contudo, que esse prazo mínimo poderá ser reduzido para 1 ano, se o naturalizando: 1) tiver filho brasileiro; 2) tiver cônjuge ou companheiro brasileiro e não estiver dele separado legalmente ou de fato no momento de concessão da naturalização; 3) tiver prestado ou puder prestar serviço relevante ao Brasil; ou 4) tiver destacada capacidade profissional, científica ou artística que recomende a redução. É o que consta no art. 66 da Lei de Migração, vejamos:
Art. 66. O prazo de residência fixado no inciso II do caput do art. 65 será reduzido para, no mínimo, 1 (um) ano se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições:
I - (VETADO);
II - ter filho brasileiro;
III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de fato no momento de concessão da naturalização;
IV - (VETADO);
V - haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil; ou
VI - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística.
Parágrafo único. O preenchimento das condições previstas nos incisos V e VI do caput será avaliado na forma disposta em regulamento.
(ii) Naturalização Extraordinária: 
Como a própria CF/88 já prevê os requisitos, a lei apenas reproduz o que está no texto constitucional. Sendo assim, os requisitos para a naturalização extraordinária não sofreram alterações com a Lei de Migração, e nem poderiam, tendo em vista que decorrem de mandamento constitucional, conforme o art. 12, inciso II, b, da CF/88. Vejamos o teor do art. 67 da Lei 13.445/17:
Art. 67. A naturalização extraordinária será concedida a pessoa de qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a nacionalidade brasileira. 
Cumpre ressaltar a doutrina majoritária entende que a concessão da naturalização extraordinária é ato vinculado. Nesse mesmo sentido, o STF entende que, quando a CF/88 diz “desde que requeiram”, significa que se a pessoa cumprir os 2 requisitos, basta requerer para ter o direito.
(iii) Naturalização Especial: 
É uma das inovações trazidas da Lei de Migração, visto que não há previsão constitucional no mesmo sentido. A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em pelo menos uma das situações elencadas no art. 68 da Lei 13.445/17, vejamos:
Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações:
I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou
II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos. 
##Obs.: Nota-se que o dispositivo diz que “poderá ser concedida”. Portanto, não se trata de direito público subjetivo. É um ato de soberania estatal, discricionário.
Vejamos a seguinte tabela comparativa:
	Lei 13.445/2017
(Art. 68)
	Lei 6.815/1980
(Art. 114)
	Situações para concessão da naturalização especial:
	Naturalização especial no Estatuto do Estrangeiro:
	Seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior
	De cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco anos com diplomata brasileiro em atividade
	Nesses casos, a Lei 6.815/80 dispensava a residência, exigindo apenas a estada no Brasil por 30 dias.
	Seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos
	De estrangeiro que, empregado em Missão Diplomática ou em Repartição Consular do Brasil, contar mais de 10 (dez) anos de serviços ininterruptos.
	
O art. 69 da Lei 13.445/2017, por sua vez, prevê os requisitos para concessão da naturalização especial. A diferença entre naturalização especial e a ordinária é que, na naturalização especial não se exige a residência no Brasil. Vejamos o teor do art. 69 da Lei 13.445/17:
Art. 69. São requisitos para a concessão da naturalização especial: 
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e 
III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. 
(iv) Naturalização provisória: 
Vejamos o teor do art. 70 da Lei 13.445/17:
Art. 70. A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal.
Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será convertida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade. 
Novamente, nota-se que o dispositivo diz que “poderá ser concedida”. Portanto, não se trata de direito público subjetivo. É um ato de soberania estatal, discricionário.
Como a criança não tem como manifestar a sua vontade, a lei reconhece, para crianças e adolescentes nessa situação (veio para o Brasil antes de completar 10 anos), a naturalização provisória, mediante requerimento do seu representante legal. 
Assim que completada a maioridade, há um prazo de dois anos para o requerimento da nacionalidade brasileira secundária. Se o requerimento não for feito, o indivíduo que tinha a naturalização provisória perde a nacionalidade.
##Atenção: Percebe-se que este caso é diferente do brasileiro nato, que pode, a qualquer tempo após atingida a maioridade, requerer a nacionalidade brasileira.
2.3.1. Alguns pontos importantes trazidos pela Lei de Migração
- Tradução ou adaptação do nome: 
No curso do processo de naturalização, o naturalizando poderá requerer a tradução ou a adaptação de seu nome à língua portuguesa. Além disso, será mantido cadastro com o nome traduzido ou adaptado associado ao nome anterior (art. 71, §§1º e 2º da Lei 13.445/17).
- Alistamento como eleitor: 
No prazo de até 1 ano após a concessão da naturalização, deverá o naturalizado comparecer perante a Justiça Eleitoral para o devido cadastramento (art. 71, §3º da Lei 13.445/17).
 
- Efeitos da naturalização: 
A naturalização produz efeitos após a publicação no Diário Oficial do ato de naturalização (art. 73 da Lei 13.445/17).
- Perda da nacionalidade: 
O naturalizado perderá a nacionalidade em razão de condenação transitada em julgado por atividade nociva ao interesse nacional, nos termos do inciso I do § 4º do art. 12 da CF/88. Além disso, o risco de geração de situação de apatridia será levado em consideração antes da efetivação da perda da nacionalidade (art. 75 e § único da Lei 13.445/17).
- Reaquisição da nacionalidade: 
O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do § 4º do art. 12 da CF/88, houver perdido a nacionalidade, umavez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a perda revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo (art. 76 da Lei 13.445/17)..
##NOVIDADE LEGISLATIVA: Foi publicado no dia 20 de novembro de 2017 o Decreto nº 9.199, que regulamenta a Lei nº 13.445 (Nova Lei de Migração). Inteiro teor:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9199.htm.
3. QUASE NACIONALIDADE
Na quase nacionalidade, a CF/88, em seu art. 12, § 1º, equipara o estrangeiro ao brasileiro. Esta hipótese aplica-se única e exclusivamente aos portugueses. Vejamos:
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. 
Dessa forma, o português que tenha residência permanente no país continua sendo português. Ele não precisa se naturalizar brasileiro para ter os mesmos direitos dos brasileiros, desde que Portugal também atribua tais direitos aos brasileiros lá residentes. Ex.: Se um brasileiro residente em Portugal puder votar ou ser votado, o português residente aqui no Brasil também poderá, mesmo não sendo brasileiro.
##Obs.: Trata-se da única hipótese em que a pessoa, mesmo não tendo nacionalidade brasileira, pode exercer direitos políticos. Para tanto, é necessário que haja reciprocidade (cláusula do ut des).
3.1. Brasileiro nato ou naturalizado?
O art. 12, §1º, da CF/88 dispõe que “serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro”. 
##Questiona-se: Mas que brasileiro é esse? O nato ou o naturalizado? Observa-se que, após dizer que serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, a CF diz “salvo os casos previstos nesta Constituição”. Os casos a que se refere a CF/88 são os casos de diferenças de tratamento entre o brasileiro nato e o brasileiro naturalizado (próximo tópico).
##CUIDADO: Já caiu em prova (DPC/RJ e MP/SP) “aos portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes aos brasileiros natos, salvo os casos previstos na CF/88” e muita gente marcou como errado justamente por causa da palavra “natos”. Porém, está correto o enunciado, já que a própria questão excepcionou os casos previstos na CF/88. 
##Conclusão: Se são atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro nato, com exceção daqueles previstos na Constituição, os portugueses são equiparados aos brasileiros naturalizados. Os direitos que os brasileiros naturalizados têm são os mesmos direitos dos brasileiros natos, excetuados os previstos na CF/88 e que serão analisados em seguida. 
##Obs.: O gozo dos direitos políticos no Brasil importa em suspensão do exercício dos mesmos direitos em Portugal.
##DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A norma inscrita no art. 12, § 1º, da CF – que contempla, em seu texto, hipótese excepcional de quase-nacionalidade – não opera de modo imediato, seja quanto ao seu conteúdo eficacial, seja no que se refere a todas as consequências jurídicas que dela derivam, pois, para incidir, além de supor o pronunciamento aquiescente do Estado brasileiro, fundado em sua própria soberania, depende, ainda, de requerimento do súdito português interessado, a quem se impõe, para tal efeito, a obrigação de preencher os requisitos estipulados pela Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses. [Ext 890, rel. min. Celso de Mello, j. 5-8-2004,1ª T, DJ de 28-10-2004.] = HC 100.793, rel. min. Marco Aurélio, j. 2-12-2010, P, DJE de 1º-2-2011.
##Atenção: O benefício do Estatuto da Igualdade não é automático, exigindo que o interessado o requeira e que o pedido seja deferido pelo ministro da justiça.
Importante destacar que havendo reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos aos portugueses com residência permanente no Brasil “os mesmos direitos inerentes aos brasileiros naturalizados”, salvo quando houver expressa vedação constitucional. A Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses, firmada em 7/9/1971, foi substituída por novo tratado bilateral que entrou em vigor em 2001 (Decreto nº 3.927/91), vejamos:
Artigo 13. 
1. A titularidade do estatuto de igualdade por brasileiros em Portugal e por portugueses no Brasil não implicará em perda das respectivas nacionalidades. 
2. Com a ressalva do disposto no parágrafo 3º do Artigo 17, os brasileiros e portugueses referidos no parágrafo 1º continuarão no exercício de todos os direitos e deveres inerentes às respectivas nacionalidades, salvo aqueles que ofenderem a soberania nacional e a ordem pública do Estado de residência. 
Artigo 17. 
1. O gozo de direitos políticos por brasileiros em Portugal e por portugueses no Brasil só será reconhecido aos que tiverem três anos de residência habitual e depende de requerimento à autoridade competente. 
2. A igualdade quanto aos direitos políticos não abrange as pessoas que, no Estado da nacionalidade, houverem sido privadas de direitos equivalentes. 
3. O gozo de direitos políticos no Estado de residência importa na suspensão do exercício dos mesmos direitos no Estado da nacionalidade.
É importante ressaltar que não se trata de uma dupla cidadania ou uma cidadania comum luso-brasileira. Simplesmente, uns e outros recebem, à margem ou para além da condição comum de estrangeiro, direitos que a priori poderiam ser apenas conferidos aos cidadãos do país. Nesse sentido, refere Gilmar Ferreira Mendes que, reconhecida a igualdade, poderá o beneficiário votar e ser votado, bem como ser admitido no serviço público. O titular do estatuto pleno passa a ter deveres como o concernente à obrigatoriedade do voto. Nos termos do tratado, os direitos políticos não podem ser usufruídos no Estado de origem e no Estado de residência. Assim, assegurado esse direito no Estado de residência, ficará ele suspenso no Estado de origem. 
No que tange aos cargos públicos, o beneficiário português do estatuto pleno poderá ter acesso a todas as funções, excetuadas aquelas conferidas apenas aos brasileiros natos. 
Porém, não se pode afirmar que a situação do português admitido no Estatuto de Igualdade seja idêntica à do brasileiro naturalizado. Nesse sentido, observa o jurista Francisco Rezek que, ao contrário do naturalizado, o português beneficiário do estatuto de Igualdade Plena não pode aqui prestar serviço militar, estando submetido à expulsão e à extradição, esta quando requerida pelo governo português. 
O benefício da igualdade só será extinto no caso de expulsão ou de perda da nacionalidade portuguesa. Caso se verifique a perda de direitos políticos em Portugal, haverá igualmente a perda desses direitos no Brasil, fazendo com que o titular do estatuto pleno passe a deter apenas a igualdade civil.
##Atenção: Não confundir duas situações:
	Naturalização de estrangeiro proveniente de país de língua portuguesa (conceito mais amplo) ;
Residência ininterrupta por 1 ano + idoneidade moral.
	Quase nacionalidade (portugueses – conceito mais restrito);
Aos portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro naturalizado.
##Questiona-se: Quais são os dois tipos de “quase nacionalidade”? Temos a dois tipos:
(i) A igualdade simples abarca os mesmos direitos dos brasileiros.
(ii) A igualdade qualificada abarca, além dos demais direitos, os direitos políticos. Atenta-se que os direitos políticos em Portugal serão suspensos, pois a pessoa não pode, por exemplo, votar aqui e votar também em Portugal.
4. DIFERENÇAS DE TRATAMENTO
Importante destacar que a lei não pode estabelecer qualquer tipo de diferença de tratamento entre os brasileiros natos e naturalizados, nos termos do art. 12, § 2º da CF. Assim, só uma Emenda Constitucional pode diferenciar brasileiros natos e naturalizados.
CF, art. 12. (...) 
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
##Obs.: A leipode apenas regulamentar as hipóteses que a própria Constituição prevê, não podendo criar novas diferenças de tratamento.
4.1. Cargos privativos (CF, Art. 12, § 3º)
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:[footnoteRef:9] [9: (TRF2-2014): Pablo nasceu no estrangeiro, filho de mãe brasileira e de pai mexicano, e veio a residir no Brasil pouco antes de completar 15 anos. Atingida a maioridade, optou pela nacionalidade brasileira, através de processo que tramitou na Justiça Federal. Pablo tem, agora, 30 anos de idade. Assinale a opção correta: Em tese, Pablo poderá ser titular, dentro de alguns anos, de qualquer cargo privativo de brasileiro nato. BL: art. 12, §3º, CF.
OBS: Como ele tem trinta anos, faltam apenas 5 para, em tese, ele estar apto a ocupar qualquer cargo privativo de brasileiro nato. Ex: Presidente da República, ministro do STF, ministro de estado da defesa etc.] 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;[footnoteRef:10] [10: (TRF2-2017): Sujeito nascido no estrangeiro, filho de mãe brasileira e de pai estrangeiro, que veio a residir no território brasileiro e aqui, após a maioridade, optou e adquiriu a nacionalidade brasileira pode, oportunamente, candidatar-se e ser eleito Presidente da República. BL: art. 12, I, "c", c/c art. 12, §3º, I da CF/88.
OBS: Sendo brasileiro nato, pode concorrer ao cargo privativo de Presidente da República (CF, art. 12, § 3º, I).] 
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;[footnoteRef:11] [11: (TCEPE-2017-CESPE): Estrangeiro que resida no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e não tenha condenação penal poderá tornar-se, após requerimento, brasileiro naturalizado e, nessa condição, candidatar-se a deputado federal ou senador, mas, se eleito, estará impedido de presidir a casa legislativa à qual pertencer. BL: art. 12, inciso II, “c” c/c §3º, II e III, CF/88.] 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;[footnoteRef:12] [12: (Analista Judiciário/TRF5-2017-FCC): Nuno e Manuel são dois jovens adultos de nacionalidade originária portuguesa que fixaram residência no Brasil e, após cumpridos os requisitos pertinentes, adquiriram a nacionalidade brasileira. Nuno almeja um dia tornar-se Ministro do Supremo Tribunal Federal - STF e Manuel, seguir a carreira diplomática a serviço da República Federativa do Brasil, não possuindo qualquer dos dois a intenção de voltar a seu país de origem. Considerados esses elementos, à luz da CF/88, nenhum dos dois poderá exercer os cargos pretendidos, por serem estes privativos de brasileiros natos. BL: art. 12, §3º, IV e V, CF/88.] 
VI - de oficial das Forças Armadas.[footnoteRef:13] [13: (TRF3-2016): Só o brasileiro nato pode ser Chefe do Estado Maior das Forças Armadas. BL: art. 12, §3º, VI, CF/88.] 
VII - de Ministro de Estado da Defesa
Esse dispositivo acima leva em consideração dois critérios para reservar apenas a brasileiros natos determinados cargos:
(i) Linha sucessória do Presidente da República: Toda e qualquer pessoa que puder, potencialmente, assumir a Presidência da República tem que ser um brasileiro nato. Ninguém que esteja na linha sucessória do Presidente pode ser um brasileiro naturalizado.
LINHA SUCESSÓRIA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
Vice-Presidente Presidente da Câmara de Deputados Presidente do Senado Federal Ministro do STF.
(ii) Segurança Nacional: Alguns cargos, por serem estratégicos, só podem ser ocupados por brasileiros natos.
##Obs.: Como já estudado, para ser Deputado ou Senador, a pessoa não precisa ser, necessariamente, um brasileiro nato. Contudo, os cargos de Presidente da Câmara dos Deputados e Presidente do Senado só podem ser ocupados por brasileiros nato. Uma pessoa que não é brasileira nata (brasileiro naturalizado ou português equiparado) pode se candidatar ao congresso nacional, mas não poderá se candidatar à presidência da respectiva casa. [footnoteRef:14] [14: (TJSP-2013-VUNESP): É (São) cargo(s) eletivo(s) privativo(s) de brasileiros natos o cargo de Presidente das Casas Legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal). BL: art. 12, §3º, II e III, CF/88] 
##Obs.: Os quatro primeiros incisos (I, II, III e IV) estão relacionados ao critério linha sucessória do Presidente da República (inclusive, no STF, como há um revezamento na presidência, TODOS os ministros devem ser brasileiros natos). Já os três últimos incisos (V, VI, VII) estão relacionados ao critério segurança nacional.[footnoteRef:15] [15: (MPPE-2014-FCC): Renomado advogado, brasileiro naturalizado, com 36 anos de idade e 12 de exercício profissional, pretende exercer cargo público, ao qual possa aceder por intermédio de eleição ou nomeação, independentemente de concurso público. Seu interesse recai sobre os cargos de Presidente da República, Senador, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ministro do Superior Tribunal de Justiça ou Ministro do Tribunal de Contas da União. Em tese, preenchidas as demais condições pertinentes a cada cargo considerado, poderá o interessado vir a ser apenas Senador, Ministro do Superior Tribunal de Justiça ou Ministro do Tribunal de Contas da União. BL: art. 12, §3º, CF/88] 
##Atenção: O único Ministro de Estado que tem que ser brasileiro nato é o Ministro da Defesa.
4.1.1. Presidente CNJ (CF, art. 103-B, § 1º)
A CF/88 não menciona o Presidente do Conselho Nacional de Justiça no art. 12, § 3º. No entanto, de acordo com o art. 103-B, §1º da CF/88, o Presidente do CNJ é o Presidente do Supremo Tribunal Federal. Como o Presidente do Supremo tem que ser brasileiro nato (algo inerente a todos os membros do STF por expressa previsão constitucional), necessariamente, o Presidente do CNJ também o será.[footnoteRef:16] [16: (MPMG-2013): O brasileiro naturalizado pode ocupar os seguintes cargos, EXCETO o de: Presidente do Conselho Nacional de Justiça. 
OBS: A questão exige a conjugação de alguns artigos da CF. Vejamos: 1º) O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é presidido pelo Presidente do STF (art. 103-B, §1º - CF); 2º) O Presidente do STF é um dos ministros que integram o STF. 3º)Para ser ministro do STF, o sujeito deve ser, obrigatoriamente, brasileiro nato (art. 12, §3º, inc. IV). Conclusão: O Presidente do CNJ é um brasileiro nato.] 
4.2. Assentos no Conselho da República
Vejamos o teor do art. 89, VII, da CF/88:
CF, Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: [...]
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
Em outras palavras, dos membros que compõem o Conselho da República, órgão consultivo do Presidente, seis membros têm que ser cidadãos brasileiros natos.
4.3. Propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão
Vejamos o teor do art. 222, da CF/88:
CF, Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.
No caso da propriedade dessas empresas, não só o brasileiro nato, mas também o brasileiro naturalizado, podem ser proprietários. Contudo, no caso do naturalizado, ele tem que ter, pelo menos, 10 anos de naturalização. 
##Questiona-se: Por que esse critério tão específico? Dizem que, à época da edição da Constituição Federal de 1988, esse dispositivo foi inserido para evitar que o Roberto Civita perdesse o comando da Editora Abril. 
4.4. Extradição
A extradição ocorre quando o Estado entrega a outro país um indivíduo que cometeu um crime que é punido segundo as leis daquele país (e também do Brasil), a fim de que lá ele seja processado ou cumpra a pena por esse ilícito.
No que se refere à extradição, a CF/88 faz uma diferença entre o brasileiro nato e o naturalizado. 
A extradição é regulamentada pelaLei 13.445/2017, dos arts. 81 a 99. Veremos, a princípio, o conceito de extradição para a diferenciar da expulsão, deportação e entrega. 
Veja o que dispõe o art. 81 da Lei 13.445/17:
Art. 81. A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede [extradição passiva – Brasil concede] ou solicita [extradição ativa – Brasil solicita] a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.
Em resumo, quando se fala em extradição, significa que a pessoa cometeu determinado crime e foi condenada ou está sendo investigada e foge para outro país. O país requerente, então, solicita ao país requerido a extradição do indivíduo para que ele cumpra a pena ou responda ao processo penal em curso. 
##Questiona-se: ##DOD: Quem decide o pedido de extradição? O pedido de extradição é decidido pelo STF, conforme prevê o art. 102, I, “g”, da CF/88.
a) Extradição de brasileiro
Lei 13.445, Art. 82. Não se concederá a extradição quando: 
I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato; 
O brasileiro nato não pode ser extraditado em nenhuma hipótese. O art. 82 da Lei 13.445/17 apenas regulamenta o disposto no art. 5º, LI, da CF/88:
CF, art. 5º, LI: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
Se o brasileiro naturalizado praticou um crime comum antes da naturalização, esta pode ter ocorrido com o intuito de se esquivar da persecução penal. Nesse caso, a extradição pode ser concedida.
Na primeira hipótese, a extradição só é permitida se o crime tiver sido praticado antes da naturalização. 
Já na segunda hipótese, é diferente, pois, se houver comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes ou drogas afins, não importa se o comprovado envolvimento ocorreu antes da naturalização ou depois da naturalização.[footnoteRef:17] A propósito, vejamos recente julgado do STF sobre o tema: [17: (Anal. Judic./TRF1-2017-CESPE): Brasileiro naturalizado que tiver praticado crime comum antes da sua naturalização poderá ser extraditado. BL: art. 5º, LI, CF
(TJMG-2009): Os brasileiros naturalizados podem ser extraditados em caso de tráfico de entorpecentes. BL: art. 5º, LI, CF.] 
É possível conceder extradição para brasileiro naturalizado envolvido em tráfico de droga (art. 5º, LI, da CF/88). STF. 1ª Turma. Ext 1244/República Francesa, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 9/8/2016 (Info 834)
A jurisprudência do STF não admite, em qualquer hipótese, a extradição de brasileiro nato. Vejamos o trecho do seguinte julgado:
STF – HC 83.113 MC/DF: “O brasileiro nato, quaisquer que sejam as circunstâncias e a natureza do delito, não pode ser extraditado, pelo Brasil, a pedido de Governo estrangeiro, pois a Constituição da República, em cláusula que não comporta exceção, impede, em caráter absoluto, a efetivação da entrega extradicional daquele que é titular, seja pelo critério do “jus soli”, seja pelo critério do “jus sanguinis”, de nacionalidade brasileira primária ou originária...
... Esse privilégio constitucional, que beneficia, sem exceção, o brasileiro nato (CF, art. 5.º, LI), não se descaracteriza pelo fato de o Estado estrangeiro, por lei própria, haver-lhe reconhecido a condição de titular de nacionalidade originária pertinente a esse mesmo Estado (CF, art. 12, § 4.º, II, “a”);” (g.n.)[footnoteRef:18] [18: (Anal. Legisl.-Câm. Deputados-2014-CESPE): Considere a seguinte situação hipotética. João, brasileiro nato, durante viagem a determinado país estrangeiro, cometeu um crime e, depois disso, regressou ao Brasil. Em seguida, o referido país requereu a extradição de João. Nessa situação hipotética, independentemente das circunstâncias e da natureza do delito, João não poderá ser extraditado pelo Brasil. BL: art. 5º, LI, CF] 
Conforme exposto no julgado acima, mesmo que o indivíduo também possua a nacionalidade do Estado requerente, a extradição não poderá ser concedida. Ex.: Brasileiro nato, que tenha também nacionalidade originária italiana, comete um crime na Itália e foge para o Brasil. O Estado Italiano requer sua extradição. A extradição não será concedida.
##Questiona-se: O fato de o extraditando ser casado com uma brasileira ou ter um filho brasileiro impede a extradição (DPE/RR/2012; DPU/2017)? Não, conforme o teor da Súmúla 421 do STF, vejamos:
STF – Súmula n. 421: “Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com brasileira ou ter filho brasileiro”.[footnoteRef:19] [19: (Agente da Polícia Civil/AC-2017-IBADE): Epitácio, brasileiro naturalizado, cometera crime de tráfico ilícito de drogas, na Itália, antes de sua naturalização. Considerando que: 1) A Itália requereu sua extradição ao Brasil; 2) Epitácio casou-se com uma brasileira nata e deste relacionamento adveio um filho, assinale a alternativa correta: Epitácio poderá ser extraditado, tendo em vista que não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com brasileira ou ter filho brasileiro. BL: art. 5º, LI, CF e S. 421, STF.] 
Ainda sobre a Súmula 421 do STF, cumpre ressaltar que não obsta a extradição o fato de o súdito estrangeiro ser casado ou viver em união estável com pessoa de nacionalidade brasileira, ainda que, com esta, possua filho brasileiro. Nesse sentido, a Súmula 421 do STF revela-se compatível com a vigente Constituição da República, pois, em tema de cooperação internacional na repressão a atos de criminalidade comum, a existência de vínculos conjugais e/ou familiares com pessoas de nacionalidade brasileira não se qualifica como causa obstativa da extradição. (STF. Plenário. Ext 1201, Rel. Min. Celso de Mello, j. 17/02/2011).
##Cuidado! Existe uma outra Súmula do STF (Súmula n. 1) que trata do tema “expulsão”. Nesse caso, se o sujeito for casado(a) com brasileiro(a) ou tiver filho cujo sustento dele dependa, não poderá haver a expulsão. Vejamos o teor da Súmula em comento:
STF – Súmula n. 01: “É vedada a expulsão de estrangeiro casado com Brasileira, ou que tenha filho Brasileiro, dependente da economia paterna.”.
Um ponto deve ser atualizado em relação à Súmula nº 01 do STF é que, atualmente, após a CF/88, o STF afirma que o estrangeiro em união estável com brasileira também não poderá ser expulso, desde que não haja impedimento para a transformação em casamento (STF. Plenário. HC 100793, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 02/12/2010).
Quanto à segunda parte da súmula nº 01 do STF (existência de filho brasileiro), o STJ entende que a existência de filhos nascidos no Brasil constitui impedimento para o procedimento de expulsão de estrangeiros do País. Tal entendimento é aplicado inclusive a situações em que o parto tenha ocorrido após a expedição do decreto expulsório (STJ. 1ª Seção. HC 304.112/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/10/2015).
##Atenção: Alguns dizem que uma decisão do Supremo (STF – Ext 1.462/DF) autorizou a extradição de uma brasileira nata para os EUA. Contudo, isso não é verdade. Segue trecho do julgado:
STF – Ext 1.462/DF: “[...] 1. Conforme decidido no MS 33.864, a Extraditanda não ostenta nacionalidade brasileira por ter adquirido nacionalidade secundária norte-americana, em situação que não se subsume às exceções previstas no § 4º, do art. 12, para a regra de perda da nacionalidade brasileira como decorrência da aquisição de nacionalidade estrangeira por naturalização.”
O caso acima julgado pelo STF envolve uma brasileira que havia adquirido a nacionalidade norte-americana. Ela tinha o green card, que conferia a ela os mesmos direitos dos demais cidadãos. Ela não precisava da nacionalidade americana para exercer direitos civis no país, mas, voluntariamente, adquiriu a naturalização norte-americana. Já havia sido declarada a perda da nacionalidade brasileira (estudaremos as regras de perda da naturalizada adiante). Portanto, quando o Governodos EUA solicitou a extradição, a extraditanda já não era mais uma brasileira nata, mas sim uma estrangeira.
Para facilitar a compreensão dessa recente decisão do STF, vejamos o resumo da ementa do julgado confeccionado pelo Dizer o Direito, veiculado no Info 859 do STF:
Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o greencard decidir adquirir a nacionalidade norte-americana, ele irá perder a nacionalidade brasileira. Não se pode afirmar que a presente situação se enquadre na exceção prevista na alínea “b” do inciso II do § 4º do art. 12 da CF/88. Isso porque, como ele já tinha o greencard, não havia necessidade de ter adquirido a nacionalidade norte-americana como condição para permanência ou para o exercício de direitos civis. O estrangeiro titular de greencard já pode morar e trabalhar livremente nos EUA. Dessa forma, conclui-se que a aquisição da cidadania americana ocorreu por livre e espontânea vontade. Vale ressaltar que, perdendo a nacionalidade, ele perde os direitos e garantias inerentes ao brasileiro nato. Assim, se cometer um crime nos EUA e fugir para o Brasil, poderá ser extraditado sem que isso configure ofensa ao art. 5º, LI, da CF/88. STF. 1ª Turma. MS 33864/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 19/4/2016 (Info 822). STF. 1ª Turma. Ext 1462/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 28/3/2017 (Info 859).
##Atenção: Com o que se analisou até o presente momento, é possível extrair quatro diferenças de tratamento entre brasileiros natos e brasileiros naturalizados. Vejamos o quadro abaixo, o qual resume de forma didática tais diferenças:
	Extradição
	Somente o naturalizado pode ser extraditado (o nato nunca!)
O naturalizado pode ser extraditado por crime cometido antes da naturazliação ou então mesmo depois da naturalização se o crime cometido foi o tráfico ilícito de entorpecentes.
	Cargos privativos
	Há alguns cargos privativos de brasileiro nato. São eles:
i. Presidente e Vice-Presidente da República ;
ii. Presidente da Câmara dos Deputados ;
iii. Presidente do Senado Federal ;
iv. Ministro do Supremo Tribunal Federal ;
v. De carreira diplomática ;
vi. De oficial das Forças Armadas
vii. De Ministro de Estado da Defesa
	Atividade nociva ao interesse nacional
	Somente o brasileiro naturalizado poderá perder a nacionalidade em virtude da prática de atividade nociva ao interesse nacional (art. 12, par. 4º, I, da CF/88).
	Conselho da República
	Participam do Conselho da República, além de outros membros, seis cidadãos brasileiros natos, segundo o art. 89 da CF/88.
	Empresa jornalística e de radiodifusão
	Para que o brasileiro naturalizado seja proprietário de empresa jornalística e de radiodifusão no Brasil é necessário que tenha se naturalizado há mais de 10 anos.
Ainda, falando em extradição, importante ressaltar que algumas regras devem ser observadas para que ela ocorra (aqui, falamos da extradição passiva, em que o Brasil figura como país requerido). A primeira delas é o princípio da dupla punibilidade. 
b) Princípio da dupla punibilidade
O Estado Brasileiro só autoriza a extradição quando o fato é considerado crime no Brasil e no Estado requerente e quando esse fato ainda é punível em ambos. Vejamos o teor do art. 82, incisos II e VI da Lei 13.445/17:
Art. 82. Não se concederá a extradição quando:
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente;
VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente;
Ainda que seja considerado crime nos dois países (requerente e requerido), se já houver ocorrido a prescrição em qualquer dos países, não há mais punibilidade e não poderá haver a extradição. Em outras palavras, o fato deve ser crime e punível nos dois países. 
Vejamos o seguinte precedente do STF:
STF - Ext 866/PT: [...] “EXTRADIÇÃO E PRINCÍPIO DA DUPLA PUNIBILIDADE. - Consumada a prescrição penal, seja em face da legislação do Estado requerente, seja à luz do ordenamento positivo brasileiro, impõe-se o indeferimento do pedido extradicional, porque desatendido, em tal hipótese, o princípio da dupla punibilidade. Ocorrência, na espécie, de prescrição penal, fundada na legislação brasileira, referente a um dos delitos motivadores do pedido de extradição...”
##Atenção: ##STF: ##DOD: Não se deve conceder a extradição se, na época do fato, a conduta imputada ao extraditando não era punida como crime no Brasil, ainda que, no momento do pedido de extradição, já exista lei tipificando como infração penal. Isso porque seria uma ofensa à irretroatividade da lei penal brasileira. Ex: extraditando financiou grupo terrorista em 2013; ocorre que a Lei de Terrorismo somente foi editada em 2016 (Lei nº 13.260/2016). STF. 2ª T. Ext 1578/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 6/8/19 (Info 946).
##Comentários sobre o julgado acima: ##DOD: Para que haja a extradição, o fato deve ser considerado crime no Estado estrangeiro de origem e também aqui no Brasil. Trata-se do chamado requisito da “dupla tipicidade” que, atualmente, está previsto no art. 82, II, da Lei de Migração. No caso concreto, o financiamento de grupos terroristas é conduta tipificada no Brasil pela Lei 13.260/16 (Lei de Terrorismo). O “problema” é que a conduta praticada pelo agente foi em 2013 e a lei que passou a punir atos de terrorismo no Brasil só foi editada em 2016. Logo, não é possível aplicar a Lei 13.260/16 ao presente caso, tendo em vista a irretroatividade da lei penal brasileira. Portanto, a extradição é inviável, uma vez que, ao tempo da prática da conduta imputada, não havia tipificação em nossa legislação penal comum.
c) Vedação de duplo risco
Compreende a ideia de que a pessoa não pode correr o risco de ser punida pelo mesmo fato em dois países, ou seja, responder no Brasil e também no Estado requerente. Vejamos o art. 82, V da Lei 13.445/17 e, a seguir, julgado do STF:
Art. 82. Não se concederá a extradição quando:
V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido;
STF – Ext 890/PT: “[...] A extradição não será concedida, se, pelo mesmo fato em que se fundar o pedido extradicional, o súdito estrangeiro estiver sendo submetido a procedimento penal no Brasil, ou, então, já houver sido condenado ou absolvido pelas autoridades judiciárias brasileiras. - Ninguém pode expor-se, em tema de liberdade individual, à situação de duplo risco. Essa é a razão pela qual a existência de situação configuradora de "double jeopardy" atua como insuperável obstáculo ao atendimento do pedido extradicional. Trata-se de garantia que tem por objetivo conferir efetividade ao postulado que veda o ‘bis in idem’. Precedentes.”
d) Crime político ou de opinião
Vejamos o teor do art. 5º, LII da CF/88 e art. 82, VII, §§1º e 4º da Lei 13.445/17:
CF, Art. 5º, LII: não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;[footnoteRef:20] [20: (Analista/DPEAM-2018-FCC): João, estrangeiro, residente no país há 10 anos, foi acusado de prática de crime doloso contra a vida cometido no Brasil, tendo sido julgado por este fato perante tribunal do júri brasileiro. Paralelamente, foi condenado em seu país de origem por manifestar-se, publicamente, em contrário à política praticada pelo Governo, o que lá é considerado crime. Em razão dessa condenação, a justiça estrangeira requereu ao Brasil a extradição de João. Considerando essa situação à luz da Constituição Federal, o tribunal do júri poderia ter julgado João, mas a extradição não poderá ser deferida em razão da natureza do crime pelo qual João foi condenado em seu país de origem. BL: art. 5º, XXXVIII, “d” c/c LII, CF.
OBS: João foi acusado de prática de crime doloso contra a vida cometido no Brasil, tendo sido julgado por este fato perante tribunal do júri brasileiro, Nossa Constituição estabelece, em seu art. 5º, XXXVIII, alínea “d” o seguinte: “é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: (...) d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos

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