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1 Louyse Jerônimo de Morais Neuro-oftalmologia Referência: aula da prof. Aganeide Castilho Diagnósticos diferenciais em neuro-oftalmologia Quando olhamos para o paciente, a olho nu, já se observa se há ptose, estrabismo paralítico ou alteração em pupilar [isocórica ou não] – o tamanho normal das pupilas é em torno de 4 mm. • Anisocoria: diferença de tamanho pupilar. Essas são as primeiras observações dentro da detecção de um paciente que apresente um diagnóstico de alguma doença neuro-oftalmológica. Além disso, lembre-se de dominar a anatomia do olho no que diz respeito à córnea, cristalino e fundo de olho. Este último caso envolve a importância do nervo óptico em direta comunicação com o SNC. Existe um trajeto através da papila óptica, que é a cabeça do nervo óptico. As fibras ganglionares se encontram no quiasma óptico, uma parte vai cruzar e outra parte vai na mesma direção, a fim de formar o trato óptico. Chega no corpo geniculado lateral, em seguida, nas radiações ópticas e, enfim, no sulco calcarino do lobo occipital. Tudo tem que estar em harmonia, se não tiver, vai haver lesão. Teste de motilidade ocular • Faz parte do exame oftalmológico. fazemos para observar o movimento do olho. • Músculo reto lateral: inervado pelo nervo abducente; faz abdução. • Músculo oblíquo superior: troclear. • Demais músculos: oculomotor. • Estrabismo adquirido ou paralítico: por conta de acometimento nervoso. Mnemônico: “RADOSIN” A partir do mnemônico acima, podemos inferir o seguinte: RAD – todos os retos [exceto o lateral] são adutores; OSIN – o músculo oblíquo superior é inciclotorsor. O músculo oblíquo inferior, por sua vez, vai realizar a função inversa, sendo, portanto, exciclotorsor. Além disso, sabendo que os músculos retos são adutores, os oblíquos serão abdutores. • Reto superior: elevação, exciclotorsão e adução. • Reto inferior: depressão, exclicotorsão e adução. • Oblíquo superior: depressão, inciclotorsão e abdução • Oblíquo inferior: elevação, exciclotorsão e abdução • Reto medial: adução • Reto lateral: abdução Estrabismo paralítico agudo do VI nervo Estrabismo convergente ou endotropia O que difere o estrabismo paralítico do estrabismo refracional ou convergente na infância por conta da não correção visual do erro refracional? No paralítico, o comprometimento está na inervação. Isso pode ser algo congênito ou pode ser adquirido. No adulto, é muito comum em pacientes hipertensos, o que compromete o fluxo sanguíneo do nervo abducente e paralisa a musculatura. É transitório e pode voltar com 3 a 6 meses. Reflexos pupilares No exame neuro-oftalmológico, uma coisa importante são os reflexos pupilares. Quando o paciente morre ou está na UTI, buscamos midríase, que significa que não está respondendo ao teste do reflexo pupilar, ao colocar a luz no olho. Ao colocar a luz no olho direito do paciente, se o reflexo fotomotor estiver normal, a pupila direita vai entrar em miose, bem como a do olho contralateral. Então, os dois olhos vão responder. A resposta localizada se chama reflexo fotomotor – pode estar presente, ausente ou débil. Quando coloca no olho direito e o olho esquerdo é o analisado e está respondendo, chamamos de 2 Louyse Jerônimo de Morais reflexo consensual. Isso quer dizer que tanto as fibras aferentes quanto as eferentes estão respondendo – reflexo fotomotor e consensual presente. Algumas pessoas podem apresentar anisocoria de forma fisiológica, o que denominamos “pupila de Adie”, geralmente presente no sexo feminino. A dificuldade maior que elas têm é na questão da leitura. Quando a dificuldade é muito grande, em que não se consegue enxergar por conta de diplopia ou distorção de imagem, pode medicar, em alguns casos, com um colírio miótico [pilocarpina], para fazer uma pupila ficar do tamanho da outra. Avaliação sensorial Teste da visão de profundidade Pega um livrinho, que vai ter uma mosquinha. Ela vai estar mais aprofundada nesse livrinho, como se fosse em 3D. O paciente vai observar se está conseguindo ver a mosca um pouco mais profunda e a visão das asas um pouco mais sobrelevada. O teste é denominado Titmus. Faz de forma binocular. Se o indivíduo não tiver problema na binocularidade, vai passar nesse teste. Síndromes 1. Síndrome de Duane • Ausência ou hipoplasia do núcleo do nervo abducente com inervação anômala do músculo reto lateral pelo nervo oculomotor. • Retração do globo ocular • Estreitamento da fenda • Movimentos verticais anômalos à tentativa de abdução Vamos observar que a criança tem uma fenda palpebral que vai diminuir quando faz esse movimento. Isso ocorre porque o oculomotor também está envolvido com o elevador da pálpebra. Na verdade, ocorre uma anomalia em que, ao invés de inervação normal do reto lateral, é como se a ação do nervo oculomotor estivesse acontecendo ali. Além disso, haverá estreitamento da pálpebra e retração do globo ocular – enolftalmia. Na criança é mais difícil de medir, no adulto, observa-se aumento da pressão intraocular, por conta da enolftalmia e da fenda palpebral. Tem classificação 1, 2 e 3, de acordo com o comprometimento na abdução, adução ou abdução e adução do olho. 2. Síndrome de Moebius 3 Louyse Jerônimo de Morais • Paralisia facial bilateral simétrica ou assimétrica • Paralisia do sexto par – ausência de abdução • Outros pares cranianos • Pé torto, braquidactilia, micrognatia, retardo mental • Etiologia multifatorial: misoprostol 3. Síndrome de Brown No caso, já é um comprometimento congênito do tendão do músculo oblíquo superior, que é curto, inelástico e contido pela sua bainha. Por conta da fibrose na bainha, há comprometimento da movimentação. • Congênita: complexo músculo – tendão inelástico. • Adquirida: inflamação / fibrose / sinusite / trauma / tumores / mecânico • Sinais: limitação da elevação em adução, diplopia / posição de cabeça [para tentar reverter a visão dupla] Uma alteração presente é a hipertropia – eleva, mas como compromete musculatura oblíqua, um olho fica mais acima que o outro. Muitas vezes, a criança entorta a cabeça, para conseguir ver melhor. Pode desenvolver torcicolo congênito por conta dessas alterações. 4. Síndrome de Marcus Gunn Movimento sincinético entre a musculatura mastigatória e a pálpebra superior. Está presente em 5% dos casos de blefaroptose congênita. • Ressecção ou transposição do músculo elevador palpebral: é o tratamento, quando está comprometendo. A ambliopia é quando ocorre deprivação do estímulo visual, tendo que correr para resolver antes dos 7 anos. Então, se a ptose estiver comprometendo o eixo visual, tem que fazer tratamento para evitar ambliopia. Há uma inervação anômala, em que a criança, quando está fazendo movimento de abrir boca, reduz ou desaparece a ptose congênita. É uma inervação anômala na questão da mastigação e na pálpebra. Tem que fazer correção do estrabismo, ambliopia e anisometria. Esta última ocorre quando há uma diferença grande de ametropia de um olho para outro. Por exemplo, um paciente com 7 graus de miopia no olho direito e 4 graus de hipermetropia no olho esquerdo. Se colocar em uma escala, vê que são muitos graus de diferença. A distância vértice [distância dos óculos até a córnea] faz com que a criança não consiga usar óculos. Nessa situação, tem que usar lente de contato, pois ela fica em contato direto com olhos, sendo capaz de introduzir máximo poder no sistema lente-ar-olho. Por conta disso, a chance de neutralizar a diferença de grau entre os olhos é maior. Análise do disco óptico • Biomicroscopia de fundo: avalia nervo óptico. o Olhamos escavação e a coloração do nervo óptico, bem como suas bordas, para ver se estão nítidas. • Oftalmoscopia indireta: observar coloraçãoe emergência dos vasos, presença e tamanho da escavação, bem como nitidez das bordas do disco óptico. Também pode ser feito com mapeamento de retina. • Retinografia: é quando tira foto da retina e registra como o nervo óptico está. • OCT: tomografia de coerência óptica – vê profundidade da retina e do nervo óptico. 4 Louyse Jerônimo de Morais Importância do exame de fundo de olho A principal indicação é procurar causas de atrofia óptica: neurite óptica, glaucoma, trauma, papiledema crônico, neuropatia óptica isquêmica, NOHL, drogas e toxinas, compressão do nervo óptico e estado de deficiências. Atrofia óptica Cuidado: a aparência oftalmoscópica de uma papila pálida não estabelece a presença de atrofia óptica. Alguns pacientes, principalmente míopes, apresentam palidez de nervo óptico, sobretudo palidez temporal. Isso de forma fisiológica. • Atrofia primária ou simples: disco óptico sem cor rosada, aparência de porcelana, orifícios da LC = ponto cinza-azulado; palidez temporal. Essa questão dos orifícios da lâmina cribriforme é algo mais minucioso de se ver, deixa para o oftalmologista. • Atrofia secundária Observa-se que o paciente vinha apresentando um edema importante, com perda de bordas, as quais ficam sem nitidez. Então ele começa a, por conta disso, desenvolver atrofia óptica e, por fim, fica com aparência de branco brilhoso. É um branco auto-fluorescente, decorrente de um papiledema mais crônico. Apresenta-se com cor rosada branco-acinzentada e lâmina cribriforme difícil de distinguir. Neuropatia óptica glaucomatosa Trata-se de uma neuropatia óptica progressiva. Campo visual 5 Louyse Jerônimo de Morais É importante, porque dá diagnóstico diferencial por conta das alterações no gráfico do campo visual. Tanto podemos observar alterações específicas do glaucoma, como de algum tumor, adenoma hipofisário, craniofaringioma, escoltomas específicos, alterações de hemianopsia. Enfim, vai caracterizando cada acometimento de campo a cada doença. Papiledema Papiledema – perda total da nitidez com hemorragia em chama de vela Hipoplasia do nervo óptico Hipoplasia do nervo óptico: cabeça do nervo bem pequena [imagem de lesão de toxoplasmose do lado bem maior que o próprio nervo] A hipoplasia do nervo óptico cursa com visão nula ou diminuída, reflexo pupilar normal ou ausente e vasos centrais. Morning Glory Não há coloboma de íris, retina, cc. Raramente bilateral e mais comum em mulheres. Observa-se, no fundo de olho, a cabeça do nervo óptico grande, com vasos retificados saindo dele, mas não existe uma alteração com coloboma. Normalmente, observa figura que parece que parece flor Morning Glory. Coloboma do nervo óptico Forma desorganizada da cabeça do nervo óptico, como se fosse realmente a ausência do fechamento do nervo. Todos os vasos tortuosos e desorganizados. O coloboma do nervo óptico vem, geralmente associado com coloboma de íris [fenda na íris parecendo fechadura de porta]. Coloboma de íris
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