Prévia do material em texto
2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Processos de Recrutamento e Seleção Resumo 1 bim Texto 1: Sentido e Significados do Trabalho Primeiros estudos sobre o sentido do trabalho: Hackman e Oldhan -> Defendem a ideia de que um trabalho que tem sentido, é importante, útil e legítimo para aquele que o realiza e apresenta três características fundamentais: 1) a variedade de tarefas que possibilita a utilização de competências diversas, de forma que o trabalhador se identifique com a execução. Isso descarta o método taylorismo e fordismo que é repetitivo e fragmentado onde a pessoa nem sabe o motivo de estar realizando a tarefa, o que descaracteriza a possibilidade do empregado ver sentido e significado nesse tipo trabalho. No processo de recrutamento e seleção, é importante identificar quais são as competências que ele tem e também as condições de se desenvolver a curto e médio prazo, pois isso também possibilita a pessoa a se identificar com a execução de diversas competências que serão necessárias para as tarefas que ele vai executar no dia a dia dele. 2) um trabalho não-alienante, onde o trabalhador consegue identificar todo o processo – desde sua concepção até sua finalização – e perceber seu significado do trabalho, de modo que contribua para o ambiente social, a autonomia, a liberdade e a independência para determinar a forma com que realizará suas tarefas, o que aumenta seu sentimento de responsabilidade em relação a elas. No processo de recrutamento e seleção, a investigação será a partir do grau de autonomia e até que ponto esse indivíduo está apto e disposto a assumir responsabilidades e desafios. 3) o retorno (feedback) sobre seu desempenho nas atividades realizadas, permitindo ao indivíduo que faça os ajustes necessários para melhorar sua performance. Uma das coisas mais difíceis dentro da área organizacional como dar o feedback, algumas pessoas aceitam bem os feedbacks para ajustar as suas condutas e outras tem dificuldades sobre isso. Um processo de recrutamento e seleção baseado nessas 3 características, poderíamos utilizar dinâmicas, testes ou entrevistas para verificar as competências que esse indivíduo tem, grau de autonomia, se está apto ou não a assumir responsabilidades, verificar qual a capacidade de desenvolver outras competências técnicas ou de relacionamentos interpessoais, como ele lida com feedbacks e/ou críticas, entre outros pontos. Esse processo é algo muito mais elaborado do que simplesmente um conjunto de técnicas, dinâmicas, entrevistas ou testes padronizados. 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Mais adiante, Morin (1996) define o sentido do trabalho como uma estrutura afetiva formada por três componentes: 1) o significado que se refere às representações que o sujeito tem de sua atividade, assim como o valor que lhe atribui. O sentido é onde a pessoa se realiza no trabalho, sendo esta a fonte de prazer que o trabalho traz. O sentido é o que dá o suporte para que a pessoa consiga persistir e perseverar dentro de sua atividade e dentro da organização na qual está inserida. O que adoece não é o trabalho, mas sim, a organização, a cultura, a forma de controle, a forma como a pessoa é cobrada... não é o trabalho em si ou o que a pessoa faz, mas o ambiente onde esse trabalho é exercido. O importante é identificar se aquela função tem sentido para a pessoa. 2) a orientação que é sua inclinação para o trabalho, o que ele busca e o que guia suas ações. 3) a coerência que é a harmonia ou o equilíbrio que ele espera de sua relação com o trabalho. Entre 1981 e 1983, a equipe de investigação Meaning of Work International Research Team (MOW) passou a se destacar na condução de pesquisas com amostras representativas de diferentes países, com vistas a definir e identificar variáveis que expliquem os significados que os sujeitos atribuem ao seu trabalho. Os pesquisadores do MOW estruturaram os dados empíricos das pesquisas em 12 fatores, posteriormente agrupados em três dimensões principais: 1) Centralidade do Trabalho É entendida como o grau de importância que o trabalho tem na vida de uma pessoa em um determinado momento. Ex: Você tem 24 anos, é recém-formado e solteiro -> o trabalho tem um peso na sua vida. Dois anos depois, você casa -> o trabalho tem outro peso na sua vida. Dois anos depois você tem filhos -> o trabalho tem outro peso na sua vida... e por aí vai. A centralidade do trabalho varia com o tempo e condições de vida da pessoa e dentro da centralidade, nós temos a absoluta e a relativa: -> Centralidade absoluta: Mensura o valor atribuído ao trabalho dentro da vida do sujeito. Por que ele trabalha? Qual a importância do trabalho em sua vida? Como o trabalho ajuda na sua autoimagem? -> Centralidade relativa: É influenciada pelos ciclos vitais de vida – recém-formado, fase adulta, fase de desengajamento, aposentadoria, e por aí vai. Esse ciclo normalmente segue uma curva de Laffer, onde no final, o indivíduo começa a não valorizar pequenas coisas, começa a diminuir sua carga de trabalho, etc. 2) Normas Sociais sobre o Trabalho Remetem às normas derivadas de valores morais relacionados com o trabalho, tais como a ética do trabalho e a ética marxista, que atuam como antecedentes dos princípios e condutas sociais associados às crenças sobre as obrigações e os direitos do trabalhador. Basicamente uma troca entre o que o indivíduo recebe da situação de trabalho e suas contribuições para o processo de 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi trabalho. Estas não são estáveis e dependem das circunstâncias ao redor, sofrem influências de variáveis sócio-demográfricas e pessoais. o Direitos – se referem as obrigações relacionadas a sociedade, o indivíduo tem direito a um trabalho interessante, significante (uma coisa é ter direito outra coisa é esse trabalho existir). o Deveres – que constituem os padrões sociais sobre esse trabalho, algo que insira esse trabalhador na sociedade que ele seja significativo para a sociedade. 3) Os Resultados Valorizados do Trabalho/metas do Trabalho O que faz o indivíduo trabalhar? – Valores relacionados com as finalidades que as atividades representam para a pessoa. É composta de variáveis que se referem a valores distintos do trabalho e motivações do construto do significado do trabalho -> prestígio e retorno financeiro, mantê-los em atividade, permitir-lhes contato social e estabelecimento de relações interpessoais, fazê-los sentirem-se úteis para a sociedade, permitir sua auto-realização, entre outros fatores. Os valores do trabalho apresentam diferenças e similaridades transculturais relacionadas com a importância atribuída às facetas do trabalho. *O sentido do trabalho influencia as formas de atividade laboral, a flexibilidade e a produtividade dos trabalhadores, pois afeta as crenças sobre o que é legítimo e o que se pode tolerar do trabalho. Antunes (2002) destaca a relação entre sentido e trabalho na atual realidade social na medida que defende que, para que exista uma vida cheia de sentido fora do trabalho, é necessária uma vida dotada de sentido dentro do trabalho. Isso porque uma vida desprovida de sentido no trabalho é incompatível com uma vida cheia de sentido fora do trabalho e para que haja uma vida dotada de sentido, é necessário que o indivíduo encontre na esfera do trabalho o primeiro momento de realização. O trabalho é rico e sentido individual e social e é um meio de produção de vida que é valorizado tanto pelos defensores tradicionais do capitalismo, quanto pelos marxistas. Entretanto, para os capitalistas, a valorização do trabalho ocorre a partir da existência da propriedade privada e obtenção de excedente por meio da mais-valia (lucro). Por outro lado, no pensamento marxista, entende-se que o trabalho mercadoria não tem valor ou sentidopara o trabalhador que se vê impedido de exercer sua liberdade e criatividade no trabalho, exercendo suas funções com um sentimento de estranheza perante o todo, ou seja, alienado. Sendo assim, o sentido do trabalho, por sua atribuição psicológica e social, varia, na medida em que deriva do processo de atribuir significados e se apresenta associado às condições históricas da sociedade. -> Construto sempre inacabado. *Estudos realizados por MOW e Morin demonstram que a maioria das pessoas, mesmo que tivessem condições para não precisarem trabalhar, continuariam trabalhando pois o trabalho, além de ser uma fonte de sustento, é um meio de se relacionar com os outros e de se sentir parte da sociedade, tendo uma ocupação e um objetivo a ser atingido na vida. Esses mesmos estudos sugerem que o trabalho pode representar tanto uma condição de neutralidade quanto de centralidade na identidade pessoal dos trabalhadores, assim como na identificação com a sociedade. 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Partindo do modelos de Hackman e Oldhan (1975) e dos trabalhos de Morin (1996), fazemos a seguinte distinção entre sentido e significado do trabalho: Significado: a representação social que a tarefa executada tem para o trabalhador, seja individual (a identificação de seu trabalho no resultado da tarefa), para o grupo (o sentimento de pertença a uma classe unida pela execução de um mesmo trabalho), ou social (o sentimento de executar um trabalho que contribua para o todo – a sociedade). Sentido: além do significado individual, coletivo e social do trabalho, a utilidade da tarefa executada para a organização a que se pertence, a auto-realização e a satisfação, o sentimento de desenvolvimento e evolução pessoal e profissional e a liberdade e autonomia para a execução das tarefas. Borges (1997) utiliza os conceitos e definições de significado do trabalho formuladas pelo grupo MOW (1987), e faz uma distinção entre atributos valorativos e atributos descritivos. Ele considera como atributos valorativos, como o trabalho deve ser relacionado a alguns valores que são inerentes, ou seja, os atributos valorativos são o valor que a gente vai associar a esse trabalho. Os atributos descritivos se referem à idealização, como esse trabalho é e o que ele representa mentalmente e emocionalmente para cada pessoa. Entre os atributos valorativos, destacam-se: 1. Exigências sociais: que é a representação social do trabalho, por exemplo: os alunos que fazem medicina e acham que vão sair milionários da faculdade, e não levam em consideração todas as dificuldades que vão enfrentar. 2. Justiça no trabalho: é justiça em termos de garantia no trabalho, de igualdade, do indivíduo ganhar um salário que lhe satisfaça. Ex: quando a criança fala que quando crescer, vai ser professora, e alguém diz a ela que vai morrer de fome. 3. Esforço corporal e desumanização: aquele trabalho que leva a um desgaste corporal muito grande. As empresas falam cada vez mais em humanização e tendem à proporcionar um ambiente melhor, porém os trabalhos mais manuais em geral são menos humanizados. 4. Realização pessoal: se refere à como a pessoa vai ter prazer nos trabalhos que ela faz e é o que garante que o indivíduo mantenha o equilíbrio da vida pessoal. 5. Sobrevivência pessoal e familiar: o quanto o trabalho te permite ter independência financeira e que tipo de qualidade pessoal e familiar aquele trabalho está te proporcionando. Já os atributos descritivos são como o trabalho realmente é, concretamente. Entre os atributos descritivos, são identificados: A carga mental, a exigência mental e o sofrimento provocado também fazem parte desses valores descritivos. 1. Êxito e realização pessoal: apresenta o trabalho a partir das ideias de crescimento pessoal e desafio intelectual. 2. Justiça do trabalho: mostra o trabalho representado quanto ao respeito proporcionado no meio organizacional, pelo cumprimento das obrigações por parte da organização. 3. Sobrevivência pessoal e familiar, independência econômica: função social do trabalho em relação à família e as garantias individuais de sobrevivência e recompensa financeira. 4. Carga mental: descreve o trabalho como esforço mental, subordinação hierárquica, repetição, execução e exigência de ritmo. 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Pesquisas que Morin (2001) realizou com estudantes de administração, administradores da França e do Quebec, apontam cinco motivos para atribuírem sentido ao trabalho: Para realizar-se e atualizar suas competências. Para adquirir segurança e ser autônomo. Para relacionar-se com os outros e estar vinculado a grupos. Para contribuir com a sociedade. Para ter um sentido na vida, o que inclui ter o que fazer e manter-se ocupado. Ao analisarem quais fatores da organização contribuíram para um trabalho com sentido, são destacados pelos estudantes: Boas condições de trabalho (um trabalho que corresponda às competências do trabalhador, horário conveniente, bom salário e preservação de boas condições de saúde). Oportunidade de aprendizagem e realização adequada da tarefa. Trabalho estimulante, variado e com autonomia. Seis principais características, segundo os administradores de nível médio e superior da França e Quebec, para um trabalho que faz sentido: 1. Ser feito de maneira eficiente e levar a algo, isto é, que o trabalho esteja organizado de maneira eficiente e tenha um resultado útil. 2. Ser satisfatório em sua realização, prazer e satisfação na realização das tarefas, dando oportunidade de responder a desafios e usar seu potencial com autonomia. 3. Ser moralmente aceitável e feito de maneira socialmente responsável. 4. Ser fonte de experiências de relações humanas satisfatórias, o que inclui encontrar pessoas de qualidade, desenvolver laços de afeição. 5. Garantir segurança e possibilitar autonomia. O trabalho está associado à noção de emprego e de receber um salário que permita a sobrevivência, atenda às necessidades básicas, provendo segurança e independência. 6. Também mantém as pessoas ocupadas. O trabalho ajuda a nortear o sentido de tempo das pessoas, ocupa o tempo da vida, evita o vazio e a ansiedade. Essas respostas estão direcionadas para uma organização do trabalho que possibilite a realização de um trabalho que tenha sentido para o sujeito que o execute, que seja realizado de forma autônoma, permita desenvolver competências e conhecer o desempenho, para poder também avaliar e fazer os ajustes necessários para melhorar a execução das tarefas. Oliveira et al (2004) trabalha com 3 dimensões – individuais, sociais e organizacionais: Essas dimensões são compostas por subcategorias que vão se relacionar (ver tabela pag 43). Dimensão Individual – coerência, alienação, valorização, prazer, desenvolvimento, sobrevivência e independência. o Coerência: Para o trabalho fazer sentido na dimensão da coerência, dentro de dimensão individual teria que permitir que as pessoas se identificassem com os seus valores; o trabalho que não faz sentido em relação a coerência, é o que coloca em choque os valores da pessoa com os valores da organização onde a pessoa está inserida. 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi o Alienação: é quanto a pessoa não sabe o objetivo do trabalho que está sendo realizado; o trabalho com sentido é o trabalho onde se sabe o que se realiza. o Valorização: diz respeito ao quanto a pessoa se sente valorizada no seu trabalho e essa valorização não está apenas em termos de salário, pois se todos que ganhassem muito se sentissem valorizados em seu trabalho, ninguém largaria uma profissão com um alto salário para abrir uma pousada em Itaunas, por exemplo. É o reconhecimento dos seus parceiros, reconhecimento da sociedade, reconhecimento da família, da própria organização.Quanto mais você sente que é reconhecido no seu trabalho, mais sentido você tem. o Prazer: você tem que gostar do que faz, tem que deitar a cabeça no travesseiro, cansado, mas se sentindo bem com o que fez. Quando você deita a cabeça no travesseiro e pensa “que saco, amanhã tenho que voltar lá e fazer tudo de novo”, você não está encontrando prazer em seu trabalho. o Desenvolvimento: o quanto o meu trabalho está relacionado ao meu desenvolvimento. É o pensamento de que não é a organização que está me dando um curso de capacitação mas eu que vou me desenvolver, ou a partir de novas experiências, ou a partir de novos projetos que eu faço. o Sobrevivência e independência: O trabalho deve nos dar uma condição financeira que nos permita passar da linha de sobrevivência, com uma certa independência. Na dimensão organizacional eles falam da utilidade, organização no trabalho e relações interpessoais: o Utilidade: o quanto que esse trabalho agrega valor para mim, ele me satisfaz e satisfaz as expectativas da empresa. Quando a empresa contrata um candidato, ela tem expectativa em relação a esse candidato, quer que ele seja uma pessoa produtiva, que seja uma pessoa que agregue valor a empresa, que traga boas ideias, que aceite desafios; da mesma forma que o candidato também tem expectativas em relação a empresa, ele quer que a empresa seja um lugar que ele possa crescer, que invista em capacitação, que invista num bom salário, que o valorize. Ambos tem expectativas o Organização no trabalho: se a sua empresa faz um trabalho muito rotineiro, tem pouca possibilidade de autonomia, pouca possibilidade de pensar e criar, é pouco desafiante, provavelmente o grau de entrega desse candidato ou empregado será muito baixo. A empresa pode criar o ambiente que facilite o sentido do trabalho, criando um ambiente que possibilite a autonomia do trabalhador, permita-o pensar e criar, seja desafiante e não rotineiro, para que ele possa “pensar fora da caixa”. o Relações interpessoais: quanto que essa empresa favorece as relações interpessoais, permite o contato com as pessoas e proporciona um ambiente agradável. Dimensão social, Dejour fala que para o trabalho ter sentido ele tem que ter sentido para quem faz, para os pares e para a sociedade – essa é a contribuição que alguém dá para a sociedade. O sentido do trabalho é formado por dois componentes: o conteúdo significativo em relação ao sujeito e em relação ao objeto. De toda forma, o prazer no trabalho é fundamental para a manutenção da saúde e da normalidade. 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Texto 2: Gerenciamento de impressões e comportamento não-verbal em entrevistas de emprego Definição de GI: comportamentos adotados pelo indivíduo com o objetivo de influenciar a percepção com o objetivo de influenciar a percepção dos outros sobre si mesmo, através da regulação e controle das informações na interação social. Em outras palavras, O GI é a maneira que o candidato vai usar de estratégias para tentar influenciar a percepção que ele quer que o entrevistador tenha dele. Todo candidato quer influenciar a percepção que o entrevistador vai ter dele. É um jogo de sedução, o candidato quer seduzir o entrevistador mostrando que é o melhor candidato para a empresa. O mesmo acontece com o entrevistador a partir do momento que esta faz esse mesmo jogo de sedução, mostrando que é a empresa pra o candidato trabalhar. Ninguém mostra os seus defeitos no início de uma relação. O entrevistador deve ir gerenciando essa impressão a partir das informações que o candidato vai passando. Ele vai regular o tipo de informação que este passa, vai se aprofundar em alguns assuntos e em outros não. É importante entender na entrevista que a comunicação não verbal, a comunicação corporal, fica muito mais perceptível para a pessoa que está observando, do que para a pessoa que está produzindo. Às vezes, o candidato tem um discurso, mas o corpo dele está indicando uma coisa completamente diferente. O gerenciamento de impressões é um processo que se manifesta nas interações sociais e, portanto, não se reduz à difusão de uma falsa imagem. Diferenças individuais relativas ao automonitoramento e à orientação social interna ou externa repercutem no uso de estratégias e táticas para gerenciar impressões. O candidato vai sempre tentar influenciar o entrevistador e este, por outro lado, deve tentar se defender da tentativa desta influencia. Por isso, no processo de seleção, quando você usa apenas uma técnica, seja teste, entrevista, dinâmica, etc, a tendência é que o processo fique muito frágil e suscetível ao envelhecimento, pois será possível ter apenas uma percepção desse candidato. Às vezes, você pode ter um candidato que, na entrevista, vai ser super proativo, estimulado e apresentar outras qualidades, porém quando colocado em uma dinâmica de grupo, ele “murcha” dentro do grupo e não consegue ter a mesma proatividade apresentada na entrevista. A aplicação de um teste não mostraria o que a aplicação da dinâmica mostrou. *Não é regra, mas a Ana Paula (professora de Rec. E Selec. Diz que prefere aplicar teste ou dinâmica primeiro e deixar a entrevista por último, pois na dinâmica, ela já colhe algumas observações que podem ser direcionadas na entrevista para aprofundar pontos que talvez não tenham ficado claros durante a dinâmica e/ou testagem. O GI não se restringe ao comportamento verbal oral, pelo contrário, comportamentos não- verbais como gestos, expressões faciais, linguagem corporal, tom de voz, apresentação social, proximidade e níveis de movimentos também encontram-se associados à comunicação verbal oral. A comunicação não verbal pode ser considerada como manifestação expressiva que precede ou acompanha o uso de palavras e sua importância no GI fica mais evidente pelo fato de o comportamento não-verbal ser mais acessível à pessoa que observa do que quem o produz, e pode tanto ser percebido como uma reafirmação quanto uma contradição do comportamento verbal. 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Estratégias: são os caminhos que você vai trilhar para alcançar seu objetivo. Ex: “eu quero ficar rica” é um objetivo e não uma estratégia. “Vou casar com homem rico pra ficar rica” é uma estratégia para conseguir o objetivo. Principais estratégias do gerenciamento: (lembrando que as pessoas usam as estratégias que já levam dentro de si no dia a dia): o Autopromoção: é aquele candidato que vai o tempo todo se apresentar como uma pessoa altamente competente. Não tem o menor pudor em ressaltar as próprias habilidades, só vai falar dos pontos positivos que ele tem e vai querer levar o entrevistador a acreditar que ele era a pessoa mais importante da organização em que trabalhava. Normalmente se apresenta com uma postura muito proativa, não exagera nos acessórios, vai demonstrar muita calma na hora de falar, o ritmo da fala é um ritmo de muita segurança, declara que já participou de vários processos e que tem consciência de que está preparado para o trabalho. Não é, normalmente, uma pessoa prepotente, e normalmente é simpático. Querem mostrar que são altamente competentes e dão a impressão que são altamente confiáveis. Na autopromoção, eles não estão preocupados em serem amáveis, mas pensam que você (entrevistador) tem muita sorte em ter uma pessoa tão competente como ele, como seu candidato. o Exemplificação: é uma das estratégias que mais incômoda, o candidato quer se mostrar como uma pessoa extremamente confiável, tudo ele exemplifica, por ex.: “na semana passada eu estava no meu emprego....” e dá um exemplo do que ele considera como confiança. Dá exemplos dos cargos que já passou, que vai aceitar se o resultado do processo seletivo for negativo, que todos seguem o exemplo dele, que ele gosta de ser visto como uma pessoa dedicada,compreensiva, que dá exemplos, que está ali para ajudar, se um colega de outro setor pede ajuda ele vai ajudar, é uma pessoa que vai mostrar o quanto é comprometido, tem hora pra chegar mas não tem hora pra sair. Essa estratégia é muito parecida com a da autopromoção, só que a autopromoção não tem essa questão das pessoas gostarem dela ou não, ele não precisa dessa aceitação do outro. Na exemplificação essa aceitação é desejada e buscada. A principal característica dessa estratégia é que eles vão “vender” a impressão de que são moralmente confiáveis. o Insinuação: o candidato vai ser muito simpático, muito agradável, sempre vai relatar os favores que ele tem feito aos colegas, e ele é aquele candidato que vai dizer assim “posso dizer uma coisa? Eu adorei essa entrevista! Nossa, há muito tempo eu não participo de uma entrevista tão bem feita!...mesmo que eu não consiga a vaga, só de ter tido essa experiencia já é um grande ganho...” famoso baba ovo. Isso é uma estratégia que o candidato vai se insinuar, vai se mostrar como uma pessoa atrativa, simpática, que aceita os resultados do processo seletivo, vai relatar os favores que faz aos colegas, é amável, agradável, o tom de voz é agradável. A impressão que ele quer dar é que é uma pessoa muito atrativa e muito simpática e empática. o Suplicação: não tem problemas em mostrar as próprias fragilidades, normalmente quem usa essa estratégia são as mulheres, por uma questão cultural de nosso país. Ex: “se eu não conseguir essa vaga, qualquer outra serve, não posso mais chegar em casa sem ter conseguido um trabalho”. O candidato acredita que, quando demonstra fragilidade, vai 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi sensibilizar o entrevistador que, compadecido com a situação dele, vai acabar o selecionando – quase que uma humilhação. o Intimidação: esse mostra que não tem vontade de ser contratado e beira a prepotência. O candidato que apresenta as desvantagens que a empresa tem de não o contratar, fala de todos os sucessos da carreira dele, quer mostrar que é imprescindível para a sua organização. Argumenta que não vai ser fácil contratar profissionais do porte dele. Há 3 tipos de suporte que vão acompanhar a comunicação não verbal: A primeira são as qualidades físicas, os movimentos, algumas pessoas são mais calmas falam menos com a mão, tem candidato que não olham nos olhos do entrevistador, olha para todos os lugares mas não consegue fixar o olhar no entrevistador (contato visual pobre). Outras coisas que acompanham são os objetos relacionados ao corpo, os adornos, os acessórios que as pessoas usam também dizem muito da identidade dela, as roupas, se tem tatuagem (tempos atrás era quase proibido usar, hoje é liberado). Como ela usa o espaço físico da entrevista, se ela bota a bolsa no chão ou se bota na cadeira, se se inclina mais pra frente próxima ao entrevistador, se ela se senta à vontade ou na beira da cadeira. Há 3 perspectivas para ver a relação entre o comportamento verbal e o não verbal. A primeira é a contradição, a pessoa fala (comp. Verbal) uma coisa e o corpo demonstra outra (comp. Não-verbal). A segunda é a substituição quando o comportamento não-verbal substitui o verbal, a pessoa expressa uma tristeza, um abatimento mas não diz nada. Ela substitui o comportamento verbal pelo não-verbal. A terceira é a acentuação, que é quando o comportamento não-verbal coincide e reforça o que está sendo dito na narrativa. Classificação de comportamentos não-verbais: o Comportamento sinestésico: Diz respeito aos movimentos do corpo A cinestesia é uma forma de comunicação onde, às vezes, a pessoa que está falando, vai sentir necessidade de fazer movimentos de corpo. (A pessoa está falando com você com uma caneta na mão, ou uma chave, por exemplo). O Jô Soares era extremamente cinestésico, o raciocínio era elaborado a partir do momento que ele tinha o movimento. Então, o cinestésico é um movimento corporal que vamos perceber durante uma entrevista, por isso é solicitado que não se inicie uma dinâmica de grupo com algo que envolva o toque, porque tem certas pessoas que não gostam de serem tocadas. o Comportamento ocular: Para onde, quando e por quanto tempo o indivíduo olha no decorrer da interação. Como que o candidato vai ter esse movimento ocular, para onde ele vai olhar, quando e por quanto tempo ele vai olhar. O olhar diz muito, dá indícios se aquela temática que você está se 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi aprofundando pode ou não incomodar o candidato. Existem candidatos que não olham para o entrevistador e isso é uma questão que precisa ser observada. o Expressões faciais: Tristeza, raiva, nojo, surpresa e alegria O corpo fala. Por exemplo: a pessoa se acomoda na cadeira e olha para o entrevistador com cara de malandro. o Paralinguagem: Maneira como se diz algo, ou seja, altura e variabilidade da voz, duração dos sons (rápidos ou lentos), pausa, ritmo e velocidade. É cadência na voz, às vezes, fala rápido demais uma coisa que o incomoda, ou baixa o tom de voz, fala mais rápido, fala mais lento, dá pausa, dá velocidade. Por exemplo: se comentar sobre alguma separação, ele pode abaixar o tom de voz, baixar os olhos, é uma coisa que imobiliza, tem que ficar atento, pois fazer entrevista não é apenas fazer perguntas, requer toda uma observação mais detalhada desse entrevistador. o Aparência física: Roupas cabelos, odores, peso, cor, forma do corpo. Sabemos que os acessórios que as pessoas utilizam, tem muito a ver com a personalidade delas e a forma como se relacionam com o mundo. Uma pessoa que usa o gerenciamento da autopromoção, não vai com jeans rasgado e nem com tênis furado em uma entrevista, ele vai medir a roupa que ele vai usar. A calça combinando com o sapato, pode ter um aspecto da autopromoção e isso deve ser um sinal para o entrevistador. Da mesma forma, a pessoa que vai usar a estratégia de suplicação, não vai toda maquiada, com salto alto e cheia de anéis; ela vai com uma aparência mais abatida, vai estar com um olhar mais triste e provavelmente a paralinguagem mais lenta em alguns momentos, pois vai demonstrar tristeza, usando da acentuação nesses momentos. Começamos a perceber que as coisas começam a se encaixar de acordo com as estratégias que os candidatos vão utilizando, por isso que traz tanto a questão dessas características de comportamento não-verbal, a relação do comportamento verbal e não-verbal como acentuação, contradição e substituição e as próprias estratégias que são utilizadas como suplicação, intimidação, insinuação, autopromoção e exemplificação. Ao iniciar a entrevista, o entrevistador pode ficar tenso querendo fazer uma boa e completa entrevista e acabar deixando essas questões passando desapercebidas, porém ele vai ficar mais atento à medida que ficar mais à vontade no papel de entrevistador. As estratégias de gerenciamento e seus indicadores o Autopromoção: essas pessoas são calmas durante a entrevista, seguros, são ágeis, tem foco, gostam de ressaltar que nunca foram demitidos, que nunca levaram advertência, nunca foram expulsas da escola e nunca foram expulsos de uma sala de aula. Normalmente seus 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi comportamentos não-verbais são os movimentos cinestésicos, mexer no corpo quando falam, cadenciar o corpo conforme cadência a narrativa, usam muito a paralinguagem quando querem dar ênfase a alguma coisa, e a acentuação que é essa relação do comportamento verbal com o não-verbal. (Isso é importante saber para a prova). o Insinuação: normalmente usam as táticas, falas como: “meu sonho é trabalhar nessa empresa”. Vão falar sobre como a empresa é sólida, vão estar preocupados com seu comportamento ocular, vão se procurar em ter um olhar para o entrevistador,vão mostrar interesse, muita expressão facial, coisas do tipo: “nossa que bom que você perguntou isso, porque eu acho essa uma pergunta tão inteligente”, o tempo inteiro vão estar fazendo essa questão da insinuação, a aparência física é igual a aparência física da autopromoção, uma aparência enxuta, não cheia de detalhes, na medida certa para procurar um emprego dentro dos padrões (não é um padrão único, depende do segmento da empresa). o Suplicação: desempregado, aquela pessoa que está suplicando, obviamente vai falar sobre o momento que ele está passando, sobre a fragilidade, comportamento ocular (comportamento não-verbal), a paralinguagem, falar mais calmo, devagar, a tristeza (expressão facial), podemos encontrar uma acentuação, mostrar sua fragilidade, normalmente por essa pesquisa quem usa mais a suplicação é a mulher, consequência da sociedade patriarcal em que vivemos. o Exemplificação: Irá reproduzir o que ele estava fazendo, se os colegas não estão conseguindo fazer a tarefa, ele vai lá e ajuda, é prestativo, apresenta expressão facial, acentuação, também a roupa é bem adequada, ele vai sempre buscar exemplificar as questões que ele está trazendo ali. É interessante entender que há o diálogo entre as estratégias, entre o comportamento não- verbal cinestésico, ocular, paralinguagem e os movimentos faciais e também há um diálogo entre o comportamento não-verbal e verbal que é acentuação, contradição e substituição (insinuação?). Quais são as conclusões que eles vão chegar: 1. A estratégia de autopromoção e da exemplificação estão mais relacionadas a comportamentos não-verbais de muita expressividade como cinestesia ou expressão facial. (Importante). 2. A estratégia de suplicação usa muito mais a expressão facial, desânimo, poucos movimentos corporais, uma certa culpabilidade. Comportamento não-verbal: substituição. 3. A estratégia de insinuação são as práticas mais atrativas, usa a cinestesia, a roupa vai ser mais atrativa, uma pessoa agradável de conversar. Comportamento não-verbal: acentuação. 4. Na autopromoção você encontra muita contradição e acentuação. 5. Na exemplificação encontra mais acentuação. 6. Na suplicação encontra mais substituição, às vezes, a pessoa suplica não pela palavra, mas pelo gesto, “aquele corpo que cai”, a pessoa está no limite. 7. Na insinuação é usado mais a acentuação 2022/2 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Tipos de entrevista - individual - de série - de painel - de grupo - social - entrevista de estresse (essa é pouquíssima utilizada hoje por uma questão de respeitabilidade ao candidato). Entrevista Quanto à metodologia Não diretiva Aberta Sel Diretiva Fechada Rec Mista Fechada e aberta Quanto à finalidade Recrutamento e seleção Entrevista de Recrutamento Entrevista de Seleção Individual Painel 1 candidato e 3 entrevistadores. Série Uma série de entrevistas individuais no mesmo dia. Grupo 1 entrevistador para o grupo (ex: 10 pessoas ao mesmo tempo). Social Stress Recrutar: atrair candidatos para a vaga Selecionar: escolher o candidato *Tempo e custo são as variáveis mais importantes que definem a sua seleção.