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capítulo 5 • 220 Inovou duplamente na escolha do concreto armado estrutural para erigir a edificação e também na reutilização de materiais, como por exemplo, o emprego de antigos trilhos dos trens como reforço da malha estrutural do interior do con- creto. E também em relação aos elementos estruturais, as torres, que se elevam acima da cobertura e se destacam na fachada bem como as colunas que também servem de suporte para a ancoragem dos cabos metálicos que sob tração suportam o peso da ponta da marquise que cobre as plataformas. Outro reaproveitamento foi o emprego da conhecida madeira, pinha de Riga, descartada das embalagens das peças de trens e ferrovias vindos de navios da Europa para a confecção das portas de passagem da estação.245 A relevância do projeto de Victor Dubugras é estabelecida de forma defini- tiva quando o comparamos com um dos principais marcos da história de toda a arquitetura contemporânea, que é o projeto do arquiteto Tony Garnier para uma Cidade Industrial, que foi publicada em 1903, contemporâneo, portanto ao pro- jeto da Estação de Mairinque246. Seu pioneirismo esta no fato de ser uma das mais antigas edificações no mun- do construído com uma linguagem plástica tendente à modernidade através do uso racional de uma nova tecnologia – o concreto armado. Destacamos que o emprego do concreto só foi disseminado a partir da década de 1930, uma vez que a Fábrica de Cimento Perus, a primeira do país, foi instalada em São Paulo em 1926, o que demonstra a precocidade desta obra que antecipava em quase três dé- cadas o emprego de uma das técnicas construtivas mais disseminadas no mundo. Com quase 50 anos de idade, Victor Dubugras embarcou mais uma vez numa nova experimentação: o neocolonial, incluindo-se entre os pioneiros que, na me- tade da década de 1910, adotariam a arquitetura inspirada na arte tradicional brasileira. Entre as muitas edificações dessa vertente arquitetônica concebeu dois conjuntos arquitetônicos de grande repercussão na época: a Ladeira da Memória (1919), e os Pousos e Monumentos da Serra de Paranapiacaba (1921-1922) [figu- ra 5.22], dedicados às comemorações do Centenário da Independência do Brasil, além de várias residências. 245 Disponível em: <http://reformafacil.com.br/arquitetura/estacao-de-mairinque-obra-de-arte-historica/>. 246 REIS FILHO, Nestor Goulart. Victor Dubugras: Precursor da Arquitetura Moderna na América Latina. São Paulo: Via das Artes, 2005. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.146/44>.
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