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Linguística e Semiótica (UniFatecie)

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Linguística
e Semiótica
Professor Dr. Rodrigo Robinson
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
R658L Robinson, Rodrigo 
 Linguística e semiótica / Rodrigo Robinson. Paranavaí: 
 EduFatecie, 2021. 
 
 93 p.: il. Color. 
 
 
 
1. Análise linguística. 2. Aquisição da linguagem. 3. Semiótica. 
I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. 
III. Título. 
 
 CDD: 23 ed. 410 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTOR
Professor Doutor Rodrigo Robinson
Rodrigo Robinson é Doutor em Administração - Organização e Sociedade pela 
UEM- Universidade Estadual de Maringá; Professor e pesquisador com experiência em 
docência nos Cursos de Administração e Comunicação Social, em universidades Pública 
e Privadas, nos moldes Presencial e EAD. Profissional com Especialização em Gestão da 
Criatividade e Inovação (PUC-PR) e Graduação em Comunicação Social: Publicidade e 
Propaganda pela Universidade Paulista; Mestre em Administração - Empreendedorismo e 
Mercado também pela UEM. Tem experiência na coordenação de Marketing, no gerencia-
mento de projetos de Design, liderança de equipes criativas, e como professor nos cursos 
de Administração, Marketing e Publicidade e Propaganda. 
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7314552213694334
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá Querida Aluna, Querido Aluno,
Você está prestes a conhecer uma nova forma de compreender e interpretar o 
mundo. Não é exagero dizer que estudar linguística e semiótica nos capacita a entender 
mais profundamente o significado das coisas. Isso porque nossas relações, e a forma como 
nos comunicamos está impregnada de sentidos e significados. 
A Linguística nos ajuda a compreender as estruturas que organizam nossa comu-
nicação, e a Semiótica nos permite desvendar os significados que estão ocultos em nossa 
comunicação. Imagine que você está na sala da sua casa com sua família, e sua mãe pede 
para você fechar a porta. Esse pedido, pode ter diferentes significados, ela pode estar com frio, 
ou o barulho da rua pode estar atrapalhando a conversa, ou ainda pode estar querendo mais 
privacidade. Percebe como o contexto pode mudar o significado por trás de uma simples frase? 
Na Unidade I vamos descobrir o que é a semiótica e os seus diferentes campos de 
estudo e aplicação. Veremos que nossa vida é repleta de signos, ou seja, de coisas que 
estão no lugar de outras coisas. Vamos descobrir a relação de sentido que se estabelece 
entre algo que quer significar e o seu significado.
Já na Unidade II você vai conhecer a importância de estudar a linguística para 
entender que os nossos discursos falam mais do que as próprias palavras que utilizamos. 
Analisaremos os discursos, que nos permite ir mais a fundo na interpretação do que as 
pessoas dizem. Veremos também os diferentes modos de organizar os discursos e como 
eles se aplicam na comunicação.
Em seguida, na Unidade III estudaremos os sistemas de significação, ou seja, de 
que maneira os significados se formam. Faremos isso, a partir das duas principais correntes 
de análise semiótica.
E por fim, na nossa Unidade IV, vamos aplicar esse conteúdo para a análise de anún-
cios. Dessa forma poderemos perceber como podemos utilizar a análise semiótica na prática.
Seja bem-vindo(a). Aproveite esse tempo precioso de estudos.
Grande abraço, Prof. Rodrigo
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Campos de Estudo da Semiótica
UNIDADE II ................................................................................................... 26
Linguagem e o Discurso
UNIDADE III .................................................................................................. 51
Sistemas de Significação e Comunicação
UNIDADE IV .................................................................................................. 72
Análise Semiótica Aplicada
3
Plano de Estudo:
● O que é semiótica? 
● Semiótica e seus caminhos teóricos;
● Função simbólica e semiose;
● Linguagem Verbal e não verbal.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar semiótica e contextualizar os seus estudos;
● Compreender os tipos de linguagem;
● Estabelecer a importância da compreensão 
dos significados para a comunicação.
UNIDADE I
Campos de Estudo da Semiótica
Professor Dr. Rodrigo Robinson
4UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
INTRODUÇÃO
Olá caro aluno (a),
Você já percebeu o quanto o significado das coisas tem importância na compreen-
são da nossa vida diária? Se você fosse atravessar uma rua e não soubesse o significado 
do sinal vermelho no semáforo? Ou se alguém não entendesse o significado das palavras, 
como seria possível uma conversa? Ou ainda os significados mais complexos com o senti-
do de um funeral, ou de um casamento. Os seres humanos têm como característica atribuir 
sentido e significado para a sua vida e todas as práticas do seu dia-a-dia. 
É sobre isso que trata a semiótica. Ela procura desvendar não apenas os significa-
dos das coisas, mas as estruturas de produção desse significado. Ou seja, de que forma as 
coisas ganham significados. 
A semiótica é uma das disciplinas teóricas mais fundamentais na construção de 
um bom comunicador social. Isso porque esses significados são construídos socialmente. 
Seria um desastre se um publicitário utilizasse uma imagem em um anúncio com uma 
determinada intenção e os seus clientes interpretassem essa imagem de uma maneira 
contrária ou negativa. O estudo da semiótica pretende capacitar os comunicadores a não 
agirem, sem saber os significados de suas ações.
Neste capítulo, você aprenderá o que é a semiótica, os diferentes tipos de lin-
guagens a que ela se dedica, e começará a entender a partir de quais bases teóricas as 
análises semióticas acontecem.
Meu desejo é que esse conteúdo desperte em você a curiosidade e o desejo de 
aprofundar os estudos nesta disciplina profunda e encantadora.
Grande abraço e bons estudos!
5UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
1.O QUE É SEMIÓTICA? 
Você acordou nesta manhã, olhou para ao celular, conferiu a hora, leu as últimas 
mensagens, deu uma risadinha com um “meme”, foi até o banheiro identificou a pasta de 
dente para dentes sensíveis, fez sua higiene pessoal, fez um carinho no cachorro, deu um 
“bom-dia” para seu companheiro(a) e foi preparar o café. Enquanto a cafeteira passava 
o café, vocês conversaram sobre o clima e as atividades do dia. No meio da conversa a 
cafeteira emitiu um sinal sonoro e acendeu uma luz verde. Você serviu o café e a conversa 
continuou. Você saiu para o trabalho e resolveu ir por um caminho novo, no meio do caminho 
ficou com vontade de ir ao banheiro, e encontrou um banheiro público com dois desenhos, 
como os representados na imagem acima. Em qual deles você entraria? 
Muito provavelmente, naquele que representa o seu gênero. Mas como podemos 
saber que o desenho da direita da imagem indica um banheiro para homens e o da esquer-
da representa um banheiro para mulheres?
Em toda essa sequência de ações que descrevi anteriormente, que pode ser a 
mais banal e rotineira experiência humana, está imersa a comunicação. E não apenas 
a fala entre os companheiros, ou a língua das mensagens de texto, mas os “memes”, 
as informações da embalagem, até mesmo o carinho no cachorro, o sinal sonoro e a luz 
verde da cafeteira e por fim as figuras que representam os banheiros masculino e feminino. 
Todas essas coisas possuem significados, que somos capazes de interpretar, e que nos 
permitem interagir e vivenciar as nossas experiências diárias. 
6UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
A fala e a língua ocupam um lugar tão central na nossa comunicação que muitas 
vezes não percebemos como nossa vivência como indivíduos sociais está imersa em uma 
complexa e intrincada rede de linguagens. 
É tal a distração que a aparente dominância da língua provoca em nós que, 
na maior parte das vezes, não chegamos a tomar consciência de que o nos-
so estar-no-mundo, como indivíduos sociais que somos, é mediado por uma 
rede intrincada e plural de linguagem, isto é, que nos comunicamos também 
através da leitura e/ou produção de formas, volumes, massas, interações 
de forças, movimentos; que somos também leitores e/ou produtores de 
dimensões e direções de linhas, traços, cores... Enfim, também nos co-
municamos e nos orientamos através de imagens, gráficos, sinais, setas, 
números, luzes...Através de objetos, sons musicais, gestos, expressões, 
cheiro e tato, através do olhar, do sentir e do apalpar. Somos uma espécie 
animal tão complexa quanto são complexas e plurais as linguagens que nos 
constituem como seres simbólicos, isto é, seres de linguagem (SANTAELLA, 
2017, p. 02, grifo nosso)
Todas essas coisas (imagens, gráficos, sinais, setas, números, luzes, objetos, sons 
musicais, gestos, expressões, e as palavras) querem dizer algo, e estão no lugar de outras 
coisas para representar algo. É isso o que chamamos de signos. Então quando vemos 
uma placa de trânsito vermelha com a palavra “PARE”, sabemos que devemos parar e 
deixar os outros carros passarem. Da mesma forma quando estamos caminhando da rua 
e alguém abana a mão para nós, sabemos que esse é uma espécie de cumprimento. Ou 
seja, abanar a mão está no lugar de um cumprimento amigável, e a placa de “PARE” está 
no lugar da obrigação de parar. O sinal com a mão e a placa são signos. 
Parte da busca da humanidade é procurar entender a si mesmo e desvendar o sig-
nificado das coisas, no processo que se entende por significação (COSTA e DIAS, 2019). 
Ou seja, nós costumamos nos preocupar com a importância, o valor, a relevância que 
damos para algo. Por isso, nos interessa saber o que as coisas querem dizer. 
SAIBA MAIS
Os hominídeos desde aproximadamente 2,4 milhões de anos atrás sempre foram consi-
derados os mais sociáveis das espécies de primatas. É consenso que o Homo Sapiens, 
nosso ancestral mais direto, teria surgido há 200 mil anos atrás, no entanto, descobertas 
recentes revelaram um florescer das atividades simbólicas, das artes e da colaboração 
que datam de aproximadamente 50 mil anos atrás. A descoberta revelou um ritual de 
enterro que continha uma elaborada rotina de produção de arte e ornamentos. O fato 
contrapõe a ideia de que esses ancestrais viviam juntos para aumentar suas chances 
de sobrevivência e apenas por um motivo materialista, e abre o entendimento de uma 
função existencial da vida social. 
7UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
Os desenhos rupestres, os ornamentos para os que seriam enterrados, são evidencias 
de um viver simbólico. Ou seja, as atividades simbólicas coordenadas e a ideia de cons-
truir significados de forma colaborativa demonstram como a significação foi extrema-
mente importante para a evolução da humanidade. A capacidade de utilizar coisas para 
representar outras coisas, ou seja, de utilizar signos, foi fundamental para o desenvolvi-
mento da comunicação e da linguagem. Os significados compartilhados, a vida coletiva 
e em sociedade é uma necessidade existencial do ser humano, por isso nos preocupa-
mos em entender o significado das coisas. 
Fonte: Fligstein (2012).
Os estudos da linguística e da semiótica procuram revelar as estruturas de produ-
ção de sentido. A semiótica “é o campo de estudo que se dedica a elucidar os aspectos 
centrais da linguagem e da comunicação” (COSTA e DIAS, 2019, p. 08).
A semiótica é, portanto, o estudo dos signos, a “ciência geral dos signos” (CAMPOS 
e ARAUJO, 2017, p. 22), a etimologia da palavra Semiótica deriva da raiz grega semeion, 
que significa signo. Para Lucia Santaella (2018) todo fenômeno de cultura é um fenômeno de 
comunicação, e a comunicação se estrutura a partir da linguagem, portanto, todo fenômeno 
cultural ou toda a prática cultural pode ser entendido como uma linguagem que produz algum 
sentido. É nessa perspectiva que a Semiótica se estrutura como uma ciência ampla, que se 
propõe a estudar todos os processos significativos na natureza e na cultura. É, portanto, uma 
ciência que pretende investigar todas as linguagens e processos comunicativos possíveis.
Os objetos da investigação semiótica podem ser encontrados em todas as áreas 
do conhecimento envolvidas com as linguagens ou sistemas de significação. Pode-se 
recorrer à linguística (linguagem verbal), à matemática (linguagem dos números), à bio-
logia (linguagem da vida), o direito (linguagem das leis), as artes (linguagem estética), a 
comunicação social (linguagem das mídias), a publicidade (linguagem da sedução e da 
persuasão) e assim por diante.
No entanto, embora a semiótica se ocupe de quase todos os campos do conhe-
cimento e do que se pode chamar de vida, ela não tem a intenção de roubar o campo 
específico de investigação das outras ciências. Apesar de vasta, complexa e intrincada 
em diferentes áreas, o campo de atuação da Semiótica é definido. Ela se ocupa tão 
somente de desvendar os significados dos signos empregados nas mais diferentes 
linguagens. (SANTAELLA, 2017).
8UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
REFLITA
“O simples ato de olhar está carregado de interpretação”.
Fonte: Charles Sander Peirce, 1999.
A frase de Peirce, de que um simples olhar já carrega interpretação, revela outro as-
pecto importante da Semiótica que ainda vale a pena ser tratado nesse primeiro capítulo. É 
a compreensão de que os signos não carregam os significados em si próprios. Ou seja, o 
significado precisa ser interpretado por alguém. Então, não é porque na cultura ocidental o preto 
representa luto, que em outras culturas o significado desse signo será o mesmo. Na China por 
exemplo, a cor do luto é o branco e no Leste Europeu o amarelo (MCCANDLESS, 2012).
É isso que Santaella (1987, p. 18) afirma quando diz que “todo fenômeno da cultura só 
funciona culturalmente”. O signo precisa ser interpretado a partir do seu contexto cultural, e ele 
funciona culturalmente porque aquele que irá interpreta-lo domina estes significadosculturais.
O signo possui um efeito interpretativo. O que você interpreta nessas figuras?
FIGURA 1 – EFEITO INTERPRETATIVO DO SIGNO
Fonte: O autor (2021).
Tenho certeza que esses signos trouxeram significados para a sua mente. Tal-
vez não exatamente os mesmos para todos os que viram essas imagens, pois além da 
compreensão cultural, os signos podem despertar afetos e emoções. De qualquer forma 
descobrir e interpretar esses significados é o que a semiótica se propõe a fazer.
Os estudos da linguística e da semiótica possuem diferentes vertentes históricas, 
e tradições interpretativas. No próximo capítulo iremos aprofundar o conhecimento sobre 
essas vertentes e entender as relações entre elas. 
9UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
2. SEMIÓTICA E SEUS CAMINHOS TEÓRICOS 
A linguística e a semiótica se encontram e se afastam a depender de suas raízes 
teóricas, metodológicas e históricas. Existem três grandes caminhos para o estudo da 
semiótica que se surgiram e se fortaleceram a partir do século XX. Nos EUA, surgem os 
estudos do filósofo e lógico Charles Sanders Peirce (1839-1914) ligados a uma tradição 
empirista. Na França, com Ferdinand Saussure (1857-1915) os estudos seguiram uma 
linha mais racionalista que pensa a partir das estruturas da linguagem. E na União Soviética 
a partir do trabalho dos filólogos Viesselovski e Potiebniá (1835-1891) em uma perspectiva 
mais culturalista (SANTAELLA, 1987; CAMPOS e ARAUJO, 2017).
Neste capítulo iremos aprofundar essas vertentes. Daremos especial atenção aos 
caminhos propostos por Saussure e Peirce, por serem aqueles que mais se desenvolveram 
ao longo do tempo.
2.1 A vertente Russa
Os estudos russos se dedicaram principalmente ao estudo das artes, como o tea-
tro, a literatura a pintura e o cinema. Os textos de Viesslovski e Potiebniá já podiam ser 
encontrados no século XIX, esses estudos ganharam continuidade com os trabalhos do 
linguista Marr. Divergências com o regime Stalinista, fizeram calar autores que bebiam des-
sas fontes e os textos ficaram restritos ou esquecidos por muitos anos. Mesmo silenciado, 
os estudos de Marr continuaram em parceria com o psicólogo Lev Semionovitch Vigotski e 
o cineasta Eisenstein. (SANTAELLA, 1987).
10UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
Em uma época de efervescência cultural, a Rússia produzia teatro de vanguarda 
com Stanislavski, tinha acesso aos textos de Dostoiévski, e desenvolvia uma semiótica 
criativa que deu origem aos estudos científicos da Poética que deu origem ao Formalismo 
Russo. No entanto, o resgate desses textos e os avanços dos estudos intencionalmente 
semióticos só se deram a partir dos anos 1950. (SANTAELLA, 1987). 
A semiótica Russa, também conhecida como Semiótica da Cultura, se desenvolveu 
a partir dos anos 1960 na Escola Tártu-Moscou com a disciplina Semiótica da Cultura, 
quando desenvolvem um método para investigar as relações dos sistemas de signos a 
partir do contexto cultural. (CAMPOS e ARAUJO, 2017).
Por ter ficado muitos anos “adormecida”, esta vertente não ganhou a mesma 
projeção que suas contemporâneas. Por isso nos dedicaremos às linhas que mais se de-
senvolveram e ganharam projeção nos estudos semióticos em todo mundo: a semiótica 
americana e a francesa.
2.2 Ferdinand Saussure
O outro caminho é o que nasceu com o curso de Linguística Geral, proferido pelo 
linguista Ferdinand Saussure na Universidade de Genebra. O curso foi transformado em 
livro e amplamente divulgado na Europa e os conceitos linguísticos explorados neste curso 
serviram de base para a teorização da ciência dos signos. Os estudos foram aprimorados 
por outros semiólogos, especialmente Hjelmslev e Barthes, que o redimensionaram para 
além da linguagem humana, aplicando seus conceitos ao estudo de imagens e objetos. 
(CAMPOS e ARAUJO, 2017; SANTAELLA, 1987).
Para Saussure, a Semiologia era o estudo dos signos incorporados ao seu contexto 
social, aprofundando a relação entre a língua e sociedade. A Linguística era por ele enten-
dida como parte integrante da ciência geral dos signos. O modelo linguístico construído por 
Saussure parte da separação entre língua e fala e entende a linguagem como a capacidade 
humana de produzir sentido.
2.3 A relação dicotômica língua-fala
A separação língua e fala está no centro da metodologia de Saussure, e permitiu es-
tabelecer o modelo que entende uma oposição entre o produto social (língua) e a execução 
do falante (a fala). Apesar de unidas dialeticamente, a língua e a fala são compreendidas 
como partes distintas de um sistema, esse sistema semiológico composto por língua e fala, 
é que dá forma e estrutura ao mundo e à realidade. É a compreensão de que nada existe 
fora desse sistema (CAMPOS e ARAUJO, 2017).
11UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
A língua é entendida como um meio pelo qual as pessoas podem se comunicar 
dentro de um determinado grupo humano. A língua seria um sistema que se organiza so-
cialmente e permite a comunicação entre as pessoas. A língua torna-se objeto de estudo 
da Linguística, e essa separação permite imprimir rigor aos estudos linguísticos trazendo 
objetividade aos estudos que até então eram mais subjetivos (CAMPOS e ARAUJO, 2017).
A preocupação da semiótica desenvolvida por Saussure era compreender: quem 
e como são os signos fundamentais para a comunicação humana? Para encontrar respos-
tas a esta pergunta utilizou-se a análise nesses dois elementos, os sons e as ideias, ou a 
imagem acústica e o conceito. É a integração entre esses dois elementos que constitui a 
integralidade do signo. A imagem acústica refere-se à representação que se dá na mente 
pelos sons das palavras que estão relacionadas a um conceito específico. Então quando 
ouvimos os sons da palavra “árvore” (ou Arbor, na palavra latina utilizada por Saussure 
para explicar o conceito), fazemos ligação direta ao conceito de uma árvore. (CAMPOS 
e ARAUJO, 2017).
Na representação da Figura 2, as setas representam a relação entre conceito e 
imagem acústica, e no exemplo os sons de Arbor, relacionados ao conceito de árvore.
FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DO SIGNO LINGUÍSTICO NA TEORIA SAUSSURIANA
Fonte: Campos e Araujo (217, p. 23).
Posteriormente os termos Imagem Acústica/Conceito, foram substituídos por 
Significante/significado, para deixar mais clara e coerente a oposição, especialmente 
quando o signo não é falado. A imagem acústica se forma também quando não é falada, 
ou seja, quando você lê silenciosamente a palavra “árvore”, por isso a utilização do termo 
significante, e a oposição com o significado (conceito).
Toda a teoria saussuriana se constrói na oposição dicotômica. A própria construção 
dos significados das coisas se dá na negação, ou em oposição a outro conceito. Por exem-
plo: O pato é branco porque não é preto. Aprofundaremos a abordagem diádica de análise 
de Saussure no Tópico 2, da Unidade III desta disciplina.
12UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
Os Estudos de Saussure, foram posteriormente aprimorados em um método semio-
lógico por Hjelmslev, e aplicados por Barthes a signos não-linguísticos. Estes textos tiveram 
grande influência no estruturalismo francês, e em autores como Derrida. Este pensamento 
colaborou com a Semiótica do Mito, da literatura, da narrativa, e da comunicação visual 
(CAMPOS e ARAUJO, 2017). 
2.4 A semiótica lógica de Peirce
Charles Sanders Peirce (1839-1914) foi um cientista notável, Químico, Matemático, 
Físico e ainda estudioso da Biologia e da Geologia. Contudo foi em um momento histórico 
de aumento das linguagens e dos códigos e da proliferação dos meios de reprodução da 
linguagem é que a necessidade de aprofundar esses estudos tomou Peirce. Ele se dedicou 
profundamente ao estudo da Linguística, Filologia e História (SANTAELLA, 1987). 
O fio condutor do cientista Peirce foi a Lógica. E é nesse ponto que sua semiótica 
se diferencia das raízes francesa e russa. Enquanto os estudos de Saussurese estabe-
leceram no campo da antropologia, Peirce recorre a raiz filosófica da Fenomenologia, e 
desenvolve suas teorias a partir das estruturas lógicas do pensamento. Os estudos da Ló-
gica procuram as estruturas e os princípios que tornam uma argumentação válida. Peirce 
desenvolve uma teoria que procura classificar todos os signos possíveis, e entendê-los 
dentro de uma estrutura lógica.
A análise proposta por Peirce, parte de uma abordagem triádica que tem origem 
na lógica de Kant e na Matemática. Peirce aponta a existência de três tipos de raciocínio: 
dedutivo (geral para o específico), indutivo (específico para o geral) e abdutivo (hipotético). 
O pensamento dedutivo também se apropria desta estrutura triádica para validar um argu-
mento. O pensamento dedutivo parte de três proposições, sendo duas premissas e uma 
conclusão. Por exemplo: 
Todos os homens são mortais/Marco era um homem/Portanto, Marco era mortal.
A partir do aprofundamento dos estudos das tríades que estruturam o pensa-
mento Peirce conclui que para classificar e interpretar os signos, também deveria haver 
três classes de signos. Desenvolve então sua tipologia triádica, que contempla o signo, 
a coisa significada e a cognição produzida na mente. Ou o “objeto, representamen” e In-
terpretante. O “representamen” é o signo imediatamente perceptível, o “objeto” é a forma 
de representação do referente, e o interpretante serve como mediador que relaciona o 
objeto ao seu significado.
13UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DO SIGNO LINGUÍSTICO NA TEORIA SAUSSURIANA
Fonte: Campos e Araujo (217, p. 38).
Então, iremos aprofundar a partir de agora as estruturas triádicas da semiologia de 
Peirce no Tópico 3 dessa Unidade. 
14UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
3. FUNÇÃO SIMBÓLICA E SEMIOSE
O que significa esse desenho? Você pode me explicar o significado desse 
conceito? O que significa isso que está acontecendo? 
Essas frases fazem parte do nosso dia-a-dia. A todo momento procuramos entender 
o significado das coisas ao nosso redor. É uma característica da espécie humana, atribuir 
sentido para sua vida e para as suas práticas. Mesmo sem perceber, sempre estabelecemos 
uma relação entre a realidade e o seu sentido, o que podemos chamar de uma relação 
significante. Nós gastamos bastante tempo da nossa vida interpretando o que acontece ao 
nosso redor. A semiótica se propõe a estudar essa relação, não apenas os significados, mas 
especialmente o modo como atribuímos sentido ao mundo (CAMPOS e ARAUJO, 2017).
Essa característica comum e diária, de atribuir sentido às coisas, dependem de 
uma capacidade que desenvolvemos ainda quando crianças e que se mostra fundamental 
para a vida em sociedade. É a capacidade de diferenciar significantes e significados, ou 
seja, em dado momento do desenvolvimento, nos tornamos capazes de separar o objeto 
do seu significado. Essa capacidade é chamada de Função simbólica (PIAGET, 1975).
Por exemplo, quando vemos a palavra “Lápis”, sabemos que a palavra não é um 
lápis de verdade, mas um ela está se referindo a um objeto que existe na realidade. Da 
mesma forma, quando vemos um desenho de um cachorro, sabemos que aquele não é um 
cachorro de verdade, mas que se refere ao conceito do que é um cachorro.
15UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
Toda a base para o estudo dos significados depende dessa capacidade e de uma 
questão de entendimento. Quando falo a palavra “bicicleta”, eu espero que você entenda 
o que eu estou falando – ou seja, um objeto para você se locomover, em uma relação 
básica, entendemos que a palavra bicicleta, se refere a esse objeto conhecido que serve 
para se locomover. No entanto, perceba que a bicicleta concreta, real, não faz parte desta 
conversa. Apenas o seu significante, a palavra que se refere à uma bicicleta real.
É o que chamamos de teoria referencial, em que o significado de uma palavra 
se refere a um objeto ou conceito do mundo. A palavra “cadeira” se refere ao objeto 
real cadeira, mas também a palavra “amor” se refere a um conceito do mundo real. É 
interessante notarmos que o significado sempre está fora da linguagem, ou seja é algo 
que a linguagem representa.
Acontece que, esse modo de pensar nos leva somente até certo ponto na com-
preensão dos significados da linguagem, isso porque um mesmo objeto real pode ter mais 
de um significado, por exemplo, as expressões: “estrela da manhã” e “estrela da tarde”. As 
duas expressões se referem ao mesmo objeto real, o planeta Vênus, no entanto uma se 
refere à quando ele aparece ao nascer do sol, pela manhã, e a outra quando ele aparece 
no final do dia, ao sol se pôr. Perceba que as duas expressões se referem ao mesmo 
objeto, porém à significados diferentes.
A teoria referencial possui limites para a interpretação dos significados complexos 
que constituem a vida humana, mas esse problema já foi tratado por Saussure, quando 
elaborou sua teoria do signo linguístico. Nesta teoria, Saussure exclui a “realidade em si” 
do interior do signo, ou seja, o signo, ou aquela coisa que representa outra coisa, não é a 
coisa em si, ou não carrega a coisa em si dentro dela. 
Então, a expressão “estrela da manhã” que é um signo do planeta Vênus, não 
carrega o planeta Vênus dentro de si, mas sim o significado de que se refere ao planeta 
Vênus visto ao nascer do sol. 
Podemos entender então, que um signo é a junção de um significante com um 
significado. Conforme o pensamento saussuriano, “O significado é um componente 
interno do signo, numa relação indissociável com o um significante” (CAMPOS e ARAU-
JO, 2017, p. 84). 
Signo: uma coisa que está no lugar de outra coisa. (Ex: Lápis)
Significante: É o elemento tangível, perceptível, material do signo. (Ex: A 
palavra Lápis escrita de maneira correta)
Significado: É o conceito, o ente abstrato do signo. (Ex: Instrumento para 
escrever ou desenha, feito de madeira com um grafite no meio)
16UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
REFLITA
Perceba que em Português, a palavra “significado” possui dois sentidos: um relaciona-
do ao uso comum, quando se pergunta “o que isso significa”, e outro que se refere ao 
conteúdo de um signo linguístico. Em outras línguas, como o inglês, existe distinção 
desses sentidos em duas palavras: “meaning” para o sentido comum, e “signified” para 
o conteúdo do signo. 
Fonte: Campos e Araujo (2017).
Este pensamento organizado por Saussure tem pelo menos duas implicações 
para a teoria do significado: a primeira é que não existem ideias ou objetos pré-formados 
pela linguagem, ou seja, o pensamento e o mundo são como uma massa sem forma que 
existe antes da linguagem. É o signo linguístico que organiza essa massa sem forma, em 
estruturas que relacionam palavras e conceitos e permitem que a comunicação aconteça 
(CAMPOS e ARAUJO, 2017).
A segunda implicação é a ideia de valor semiótico. Nessa ideia o significado é o 
valor de um conceito, e esse valor nasce em oposição a outro conceito, que faz parte de 
um sistema semiológico. Então sabemos o conceito de “cadeira” porque ele é distinto do 
conceito de “mesa”. 
Esses conceitos mais diretos foram aprofundados por outros autores como Bar-
thes, isso porque vivemos em um mundo onde os sentidos das coisas não são simples e 
estáveis. As palavras podem assumir diferentes sentidos, de acordo com as situações onde 
são utilizadas. Então, você apaixona e diz “você é o sol da minha vida”, a palavra “sol” não 
está querendo dizer que a pessoa é um objeto celeste que produz calor, mas possivelmente 
que essa pessoa é muito importante para você, ou que você não conseguiria viver sem ela, 
ou ainda que ela ocupa um lugar central na sua vida.
É essa complexidade e a possibilidade de os signos assumirem diferentes significa-
dos que chama de processo de significação. Peirce chamou esse processo de semiose. 
Semiose é, portanto, o processo de significação e de produção de significados. Processocapaz de produzir e gerar signos, partindo da premissa que há uma relação recíproca entre 
significado e significante.
17UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
Roland Barthes, seguindo a tradição saussuriana estabeleceu dois processos, 
dois níveis de significação, para explicar como se estrutura a relação entre significado e 
significante. São os processos denotação e conotação.
A denotação é um processo referencial, estável de um signo. É aquela definição 
mais literal, imediata, como por exemplo a “casa”, como sendo “o lugar onde se mora”. É 
nível mais básico, onde acontece o início do processo de significação. A conotação já se 
apresenta em um segundo nível, mais complexo, que relaciona diferentes significados de 
um mesmo signo. Então a “casa” além de ser o lugar onde se mora, também é o lugar de 
acolhimento, segurança, e uma infinidade de outros significados.
FIGURA 4 – FOTOGRAFIA HISTÓRICA DO PELÉ
Fonte: Revista Placar – Foto de Luiz Paulo Machado – 1976.
Observe a Figura 4. Num primeiro momento você identificará que se trata de uma 
foto do jogador de futebol Pelé. Este é o nível denotativo da imagem, àquilo que ela se re-
fere diretamente. No entanto, essa foto causou comoção e ficou famosa pelos significados 
encontrados no nível conotativo. Como toda a composição que destaca o Pelé da multidão, 
mas especialmente o coração que o suor formou perfeitamente na camiseta. Esse coração 
remete a muitos outros significados, como a dedicação do jogador, ou mesmo uma revela-
ção divina do dom que o maior jogador de futebol de todos os tempos recebeu.
Para Peirce (1999) o processo de semiose se dá em três diferentes momentos, 
seguindo sua teoria triádica: a Primeiridade, a Secundidade e a Terceiridade. A Primeiri-
dade é uma percepção inicial, abstrato, rápido; a Secundidade é a representação ou função; 
e a Terceiridade é o pensamento completo, dado o todo do signo. 
O processo de semiose, ou seja, de compreender como se dá o processo de signifi-
cação é parte importante da análise semiótica. Aprofundaremos esse conteúdo mais adiante.
18UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
4. LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
O uso da nossa língua materna ou nativa, aquela pela qual aprendemos a falar, é 
tão natural que temos a tendência de não perceber que essa não é única linguagem que uti-
lizamos para nos comunicar. A linguagem verbal, sem dúvidas ocupa uma parte importante 
de nossa comunicação, no entanto, somos seres sociais e estamos mergulhados em um 
contexto que é mediado por uma rede plural e intrincada de linguagens. “Nos comunicamos 
também através da leitura e/ou produção de formas, volumes, massas, interações de for-
ças, movimentos; que somos também leitores e/ou produtores de dimensões e direções de 
linhas, traços, cores” (SANTAELLA, 1987, p. 02).
A linguagem tem recursos de oralidade, escrita e muitas outras formas de expressão, 
por isso é heterogênea e diversificada e pode ser dividida em linguagem verbal e não verbal.
A proliferação dos meios de comunicação entre as pessoas, ampliou de maneira 
exponencial as linguagens pelas quais nos comunicamos. É trabalho da semiótica, per-
ceber as estruturas de significação destas linguagens. A linguagem verbal é aquela que 
faz uso de palavras e a não verbal utiliza outras formas de expressão onde as palavras 
não estão presentes.
A constituição da linguagem é parte da formação do próprio ser humano, desde os 
primórdios os homens procuram organizar sistemas que permitam a comunicação. Desde 
os tempos das cavernas, sons, sinais, desenhos e danças fazem parte da comunicação. 
A linguagem é o recurso de comunicação que foi evoluindo, desde a forma auditiva até a 
capacidade de ler e escrever (CAMPOS e ARAUJO, 2017). 
19UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
Foi no século XX, que surgiram e se consolidaram as duas grandes ciências da 
Linguagem: a Linguística e a Semiótica. A Linguística pode ser entendida como a ciência 
da linguagem verbal e a Semiótica a ciência do signo de qualquer linguagem (SANTAELLA, 
1987). As duas ciências se dedicam ao estudo das estruturas da linguagem e dos signos, 
mas apresentam diferenças.
SAIBA MAIS
Charles Sanders Peirce (1839-1914) e Ferdinand Saussure (1857-1913) foram contem-
porâneos, desenvolveram seus estudos sem conhecer um do outro, e lançaram quase 
simultaneamente importantes bases para o estabelecimento de uma ciência da semió-
tica. Peirce iniciou o desenvolvimento de sua teoria já no final do século XIX nos EUA, 
e Saussure já no início do século XX na Europa Ocidental. Interessante perceber como 
a ciência se desenvolve a partir das necessidades do momento histórico que vive a hu-
manidade. 
Fonte: Santaella (1987).
Estamos abordando nesta disciplina, ainda que introdutoriamente, duas linhas de 
interpretação das linguagens: a de Saussure e a de Peirce. Foram os estudos de Saussure 
(1857-1913) que permitiram que os estudos sobre a linguagem verbal se desenvolvessem. 
Ao constituir a língua como objeto e o signo como unidade básica de análise a partir da 
relação diádica de significado e significante, constitui as bases para a análise da linguagem 
verbal. Apesar de seus sucessores, especialmente Barthes terem ampliado o escopo de 
aplicação para outras linguagens, essa tradição de análise tem sido largamente explorada 
na compreensão das linguagens verbais, especialmente pela forte corrente da Análise do 
Discurso. Portanto, também aqui priorizaremos o método que provém desta raiz teórica, 
para a análise de textos.
O modelo proposto por Peirce (1839-1914) se aplica mais fortemente à linguagem 
não verbal. As categorias tricotômicas de análise do signo permitem que se analise signos 
que não são convenções. Os signos linguísticos só funcionam a partir de convenções, 
signos não linguísticos podem ser vinculados a seus referentes por valores culturais e não 
necessariamente por convenções. Estudaremos as características dos signos em Peirce 
mais adiante, e como essa visão permite a análise da linguagem não verbal.
20UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
4.1 A Linguagem Verbal
A linguagem verbal se estrutura a partir da relação entre os signos criados arbitra-
riamente e os seus significados a partir de uma convenção, que são aceitos como corretos 
pelos falantes. Não existe nada na natureza que indique que a letra B deveria ser a segunda 
letra do alfabeto ou que a junção de “B+A” produza o som “BA”, mas a convenção da língua 
nos ensina assim. As convenções são os significados aprendidos.
A linguagem verbal é, portanto, regrada, dirigida por leis da lógica da escrita. São 
essas convenções da linguagem que distinguem uma língua da outra. A língua é, portanto, 
um instrumento coletivo, uma convenção social (CAMPOS; ARAUJO, 2017).
SAIBA MAIS
A invenção da imprensa, por volta de 1450, por Gutenberg (1930-1468), transformou a 
civilização moderna pelo uso da escrita impressa em níveis nunca antes realizados. O 
uso da tipografia – técnica que tem como ferramenta uma prensa e modelos de letras 
móveis feitas em mental, organizadas em uma bandeja na forma de palavras ou frases 
– possibilitou a reprodução rápida de textos escritos, que anteriormente eram manuscri-
tos. Esse invento favoreceu a circulação de informações pela escrita, a divulgação das 
ideias filosóficas e cientificas através de livros e folhetins. Também favoreceu a educa-
ção e, principalmente, incentivou a alfabetização.
Fonte: Campos e Araújo (2017, p. 58).
Aguiar (2004, p. 28 apud CAMPOS e ARAUJO, 2017, p. 57) afirma que a linguagem 
verbal é “[...] objetiva, definidora, cerebral, lógica e analítica, voltada para a razão, a ciên-
cia, a interpretação e a explicação [...]”. A linguagem verbal pode se apresentar de forma 
falada ou escrita, através da fala, aspectos como o tom de voz, e outras características 
influenciam os significados e a interpretação para além das convenções das palavras. A 
linguagem verbal também exige umaanálise para além do significado inicial das palavras, 
que precisam ser compreendidas no contexto do texto e nas frases.
Os textos podem, no entanto, adquirir formas mais complexas, como o uso de 
linguagens figuradas, amplamente utilizadas na literatura e na poesia. Esses recursos per-
mitem explorar fantásticas, imaginárias, e mesmo a complexidade das emoções humanas. 
Os diferentes meios de comunicação usam recursos para chamar a atenção e despertar 
determinadas sensações nos leitores ou ouvintes.
21UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
A linguagem verbal tem esse poder de influenciar o estado psicoemocional do ser 
humano, afetando o ânimo e as emoções. Um elogio pode animar o nosso espírito, aumen-
tando a autoestima e nos trazendo sensações positivas, ao passo que as críticas podem nos 
trazer desânimo e tristeza. Na maioria das vezes as linguagens verbal e não verbal estão 
conectadas, e a junção delas é que nos permite uma compreensão completa do significado.
4.2 Linguagem não verbal
Para Aguiar (2004, p. 28 apud CAMPOS e ARAUJO, 2017, p. 57), a linguagem 
não verbal é a “linguagem das imagens, das metáforas e dos símbolos”. Essa linguagem 
precisa ser compreendida em sua totalidade, ou seja, é a junção dos diferentes elementos 
não verbais que permite a apreensão dos significados. 
Como não existem palavras na linguagem não verbal, ela utiliza outros tipos de 
códigos que podem ser convenções ou não. Por exemplo, sabemos que a luz vermelha 
de um sinal de trânsito, indica que devemos parar. Isso é uma convenção, definimos em 
sociedade que esse sinal seria entendido dessa forma. Por outro lado, quando vemos 
uma fumaça saindo do meio de uma floresta, sabemos que lá tem fogo, não por conven-
ção, não porque definimos que a fumaça indicaria fogo, mas porque aprendemos pela 
natureza que fumaça indica fogo. 
Percebeu a diferença? As linguagens não verbais possuem uma imensa varieda-
de de códigos. A ilustração, a pintura, a fotografia são exemplos de uma linguagem visual 
que se comunica a partir da interpretação desses códigos não verbais. As placas de trân-
sito por outro lado, são elementos de uma linguagem não verbal convencionada. Quando 
vemos uma seta curvada para a direita em uma placa com fundo amarelo, sabemos que 
a seguir virá uma curva para a direita.
FIGURA 5 – EXEMPLOS DE LINGUAGEM NÃO VERBAL
Fonte: O autor (2021).
Nossa vida cotidiana, está imersa nesses signos, e saber produzir sentido e inter-
pretar os sentidos é fundamental para a vida em sociedade, e também para o exercício do 
jornalismo ou da publicidade por exemplo. Aprofundaremos a compreensão dos signos 
não verbais mais adiante.
22UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Parabéns, você chegou ao fim da primeira unidade. É possível que você tenha 
chegado até aqui tentando entender como conseguirá produzir análises semióticas, mas 
calma, vamos aprofundar aos poucos esses conhecimentos. Espero que você tenha ficado 
intrigado e curioso.
Nesta primeira unidade, você pôde ter contato com toda a complexidade desta disci-
plina importante para o desenvolvimento de um comunicador social. Vimos que a semiótica 
se dedica a revelar os significados e as estruturas de significação da comunicação humana.
Você conheceu também as diferentes vertentes teóricas do estudo da semiótica e 
compreender que utilizaremos a tradição saussuriana para desvendar os significados das 
linguagens verbais, e a teoria peirciana para entender as linguagens não verbais. Pode 
perceber como nossa vida está imersa em uma infinidade de linguagens e compreender as 
diferenças entre essas linguagens.
Descobrimos a importância da capacidade que temos de desvincular os signifi-
cados dos significantes, e como desenvolvemos essa capacidade desde a infância. Isso 
nos permite criar conceitos complexos para as coisas e saber que esses conceitos não 
estão atrelados aquelas coisas em si. Nossa vida é complexa, e as coisas podem adquirir 
diferentes significados em diferentes contextos. 
Neste capítulo lançamos as bases para a compreensão dos estudos da semiótico, 
e espero ter criado curiosidade para que você possa compreender como utilizar esses con-
ceitos na análise e na criação dos significados para a comunicação. Nos próximos capítulos 
aprofundaremos estes conhecimentos.
23UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
LEITURA COMPLEMENTAR
Qual a importância da semiótica na publicidade?
Você já se perguntou o porquê de algumas marcas terem mais sucesso com o 
público do que outras? Pois bem, talvez você não tenha reparado ainda, mas o uso da 
semiótica na publicidade é mais comum do que se imagina.
O termo tem origem grega, mas apenas no início do século XX é que o conceito se 
desenvolveu de fato, tendo como precursores os pesquisadores Ferdinand de Saussure e 
Charles Sanders Peirce. A partir do trabalho deles, as empresas entenderam a importância 
de construir uma marca que transmitisse valores por meio de imagens, gestos, sons e 
demais atributos impactantes de fato.
Se você ficou com curiosidade e quer entender melhor como funciona essa tal 
de semiótica, então acompanhe a leitura e saiba os principais detalhes a respeito dessa 
técnica que só ganha força!
Afinal, o que é semiótica?
A semiótica significa a interpretação de signos, ou seja, o entendimento que temos a 
respeito de elementos que fazem algum sentido na maneira de interpretar dos humanos. Ao 
contrário da linguística, esse conceito não se limita apenas ao campo verbal, mas funciona 
também em música, fotografia, religião, cinema, televisão etc.
Todo objeto tem o seu determinado símbolo, ícone ou índice (indício de algo) que 
ativa o nosso pensamento, sendo que, a partir disso, fazemos uma imagem mental sobre 
o que o signo representa. Imaginando uma empresa que utilize um clip de papel como 
logotipo, por exemplo, a tendência é entendermos que a marca remete à organização.
Abrangendo as linguagens verbais e não verbais, a semiótica evidencia a parte 
psicológica compreendida em diversas situações do nosso dia a dia, especialmente pelo 
conhecimento empírico que temos. De maneira geral, essa técnica busca entender o que 
cada objeto significa materialmente e emocionalmente em nossas vidas.
24UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
Quais são as vantagens dessa técnica?
Pensando na publicidade como ponto central da nossa abordagem, existem inúmeras 
vantagens as quais a semiótica pode servir, de modo que os resultados apareçam sem ne-
cessitar de altos investimentos. Se bem aplicado nas campanhas publicitárias, esse conceito 
pode despertar a necessidade na pessoa em adquirir determinado produto ou serviço.
A semiótica pode acelerar o entendimento de uma mensagem, facilitando a 
vida da sua equipe de vendas para não somente ofertar da maneira correta, mas também 
tornar os clientes verdadeiros evangelizadores da marca. É uma técnica que estimula sen-
timentos, e isso acaba interferindo na impulsividade de compra, pois, ao percebermos que 
determinada campanha preenche nossos gostos, gastamos mais.
Pensar na semiótica na publicidade é perceber que ela atua como verdadeira par-
ceira do marketing, tendo em vista que ajuda as agências de comunicação a entenderem 
melhor o que o público-alvo realmente quer. Com isso, é possível reformular o planejamento 
estratégico para obter mais visitas ao site, viralizar conteúdos e auxiliar o atendimento.
Como usar a semiótica na publicidade 
O mercado publicitário tenta se reinventar todos os dias, tendo como propósito 
encontrar a criatividade necessária para incentivar o público-alvo a comprar. No entanto, 
nem todas as pessoas adquirem determinada mercadoria ou serviço pelo preço, mas sim 
pelo significado subentendido.
No filme “Ford versus Ferrari”, por exemplo, a equipe de marketing de Henry Ford II 
deu a entender que a montadora vendia menos do que a concorrência, porque as pessoas 
enxergavam o sucesso e a vitória somente nos carros da Ferrari. Em outraspalavras, 
isso significa que você precisa utilizar signos que transpareçam a mensagem que deseja 
abordar, algo que tenha a ver com o propósito do seu negócio.
Para isso, pode-se modificar o slogan para que chame a atenção do público, de-
senvolver um jingle que fique na memória, mesclar cores que evidenciem uma ou mais 
emoções, entre outros aspectos. É interessante buscar alternativas que ajudem a criar 
similaridades, instiguem lembranças positivas, gerem insights e façam as pessoas enten-
derem que aquele produto ou serviço é essencial.
Fonte: Adaptado de: PIRES, R. Semiótica na publicidade. Rockcontent. 2020. Disponível em: https://
rockcontent.com/br/blog/semiotica-na-publicidade/. Acesso em: 15 set. 2021.
https://rockcontent.com/br/blog/semiotica-na-publicidade/
https://rockcontent.com/br/blog/semiotica-na-publicidade/
25UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Gesto Inacabado - Processo de Criação Artística
Autor: Cecilia Almeida Salles.
Editora: Intermeios.
Sinopse: Este livro busca oferecer uma ampla investigação sobre 
o processo de criação artístico em suas diferentes manifestações. 
Refaz, a partir de documentos de artistas, a construção das obras 
e descreve os procedimentos que sustentam essas produções. 
A proposta de compreender a criação leva à constatação de que 
uma possível teoria do gesto criador precisa falar da beleza da 
precariedade de formas inacabadas e da complexidade de sua 
metamorfose. Além de novas imagens e algumas adequações, 
teve duas adições significativas - a Apresentação da Elida Tessler 
e o Posfácio, no qual são apresentadas as questões semióticas 
que embasam as reflexões sobre a criação artística desenvolvidas 
no livro.
FILME / VÍDEO 
Título: A Origem
Ano: 2010.
Sinopse: Em um mundo onde é possível entrar na mente humana, 
Cobb (Leonardo DiCaprio) está entre os melhores na arte de rou-
bar segredos valiosos do inconsciente, durante o estado de sono. 
A ideia central do filme pode ser entendida a partir da de semiose, 
a vida é como um jogo de representações que transforma a rea-
lidade, o personagem principal entra na mente das pessoas para 
alterar o significado das coisas.
26
Plano de Estudo:
● Linguagem e contexto;
● Semiolinguística;
● Semiolinguística e o estudo do discurso;
● Modos de organização do discurso.
Objetivos da Aprendizagem:
● Estabelecer a importância do contexto para a produção e interpretação da linguagem;
● Conceituar e contextualizar a Semiolinguística;
● Compreender o método da análise do discurso;
● Conceituar e contextualizar a intencionalidade do discurso.
UNIDADE II
Linguagem e o Discurso
Professor Dr. Rodrigo Robinson
27UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 27UNIDADE II Linguagem e o Discurso
INTRODUÇÃO
Olá Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, iremos compreender a relação da linguística com os contextos em 
que os discursos são produzidos. A linguística relacionada à semiótica está mais preocu-
pada com as formas de construção de significados do que com as estruturas formais, as 
regras das línguas.
Vamos explorar a semiolinguística e entender o método de análise do discurso 
proposto por Charaudeau. Essa tem sido uma ferramenta largamente utilizada para com-
preender de que forma as estruturas textuais se relacionam com os contextos de suas 
produções e as intenções daqueles que falam ou escrevem.
Os discursos são entendidos como expressões de intenções e significados que 
precisam ser compreendidos nos seus contextos. Vamos aprofundar os modos de organi-
zação desses discursos e perceber como essas estruturas também interferem no conteúdo, 
ou seja, na mensagem que é produzida por um sujeito de fala, e outro interlocutor que 
interage em uma relação dialética com esse discurso.
A comunicação se estabelece na dialética, entre o emissor, o contexto e o interlo-
cutor. A compreensão dessas estruturas e dessas dinâmicas se fazem fundamentais para 
aqueles que querem se comunicar socialmente, que assumem funções na publicidade, no 
jornalismo, ou em qualquer outra atividade em que a comunicação seja essencial.
Desejo um tempo de muito aprendizado e abertura para novos conceitos. Amplie 
suas visões de mundo e suas compreensões sobre os significados que o mundo adquire 
para diferentes pessoas. Ainda mais, perceba como essas visões de mundo são construí-
das pelos discursos.
Grande abraço.
28UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 28UNIDADE II Linguagem e o Discurso
1. LINGUAGEM E CONTEXTO
Quem são as pessoas desta imagem? De onde elas vêm? Onde elas estão? 
Sobre o que elas estão conversando? Que posturas elas assumem nessa conversa? O 
estudo da linguística se desenvolveu em muitos aspectos, com muitas vertentes, umas 
mais focadas nas estruturas das línguas e outras nos aspectos da psicologia. Existe 
ainda um outro aspecto da linguagem que se torna fundamental para o processo de 
comunicação, o que se entende por contexto.
A filosofia se dedicou, especialmente através de Ludwig Wittgenstein (1889-1951), 
ao estudo da linguística em relação ao contexto de sua produção. Em suas teorias tardias, 
Wittgenstein desenvolveu argumentos como o dos jogos de linguagem para sustentar a 
ideia de que mudanças contextuais podem alterar a gramática profunda da língua, e que, 
portanto, a linguística não pode ser entendida apenas como um sistema lógico matemático 
de signos e significados determinados (COSTA e DIAS, 2019).
Para Wittgenstein “as línguas são um conjunto de regras que orientam a ação 
humana, e não meramente um conjunto de signos, em que cada um deles corresponde 
a um objeto” (COSTA e DIAS, 2019, p. 102). As palavras podem assumir diferentes 
sentidos por ocasião do contexto em que são utilizados. O contexto pode ser o lugar, 
a época, os costumes, os propósitos dos falantes e assim por diante. O contexto pode 
explicar como uma mesma palavra ou expressão pode assumir sentidos e significados 
tão diferentes a depender da situação.
29UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 29UNIDADE II Linguagem e o Discurso
Então se uma pessoa diz a frase: “Eu gosto desta manga”, ela pode estar se refe-
rindo à fruta e seu sabor, ou à manga de uma camisa, ou roupa qualquer. É esse jogo de 
significados que pode ser entendido como o jogo da linguagem. As regras gramaticais são 
apenas as regras do jogo, ou seja, dizem se uma frase está escrita corretamente, mas os 
significados dependem de muitos outros aspectos contextuais. A comunicação mais com-
plexa como a ironia, as metáforas, as analogias e as brincadeiras como a mímica, exploram 
essa diferença entre as frases e seus significados. 
A forma como o contexto afeta o próprio sistema de regras das línguas é complexo 
e tem muitos caminhos, mas pode-se afirmar que todos eles passam pela cultura. A his-
tória e o costume de um povo produzem as diferenças nos significados dos termos, o jogo 
de linguagem é definido por propósitos econômicos, científicos, artísticos, e políticos, e 
algumas formas de expressão vão assumindo regras de utilização ao longo do tempo.
Na comunicação social, especialmente na publicidade, podemos observar mudan-
ças culturais e de costumes. Concepções, palavras e significados utilizados no passado 
podem ser ofensivos e inaceitáveis nos dias de hoje. Como por exemplo, no anúncio dos 
Sabonetes Vizella, veiculado nos anos 1920. Neste anúncio, aparece uma ilustração com 
três meninos negros em uma bacia e um deles pegando o sabonete, com a frase: Para a 
cura das doenças de pele. 
FIGURA 1 – ANÚNCIO DOS ANOS 1920
Fonte: Reis (1920).
30UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 30UNIDADE II Linguagem e o Discurso
Muitos anúncios de sabonetes e produtos de limpeza desta época, faziam relação 
entre a pele negra e a sujeira, ou a doenças. Um aspecto cultural que refletia o racismo 
como parte estrutural das sociedades, e se refletia na linguagem, este exemplo nos permite 
compreender a importância do contexto para a compreensão da mensagem.Veja, mesmo 
nos dias de hoje, a não ser pela grafia da palavra “Pelle”, poderíamos dizer que a frase 
“Para a cura das doenças da Pelle” não tem nada de errado em sua estrutura gramatical. No 
entanto, concordaríamos que seria inaceitável relacionar a negritude com doenças de pele.
FIGURA 2 – ANÚNCIOS RACISTAS DOS ANOS 1920
 
Fonte: PROPAGANDAS HISTÓRICAS. Disponível em: 
https://www.propagandashistoricas.com.br. Acesso em: 30 set. 2021.
Os exemplos evidenciam o processo de modificação que a cultura impõe sobre a 
língua e como novas práticas culturais vão moldando a identidade dos povos. Podemos 
entender o contexto, portanto, como os costumes, as práticas, os hábitos e os propósitos 
de uma comunidade. Além dos aspectos e práticas culturais, o propósito do falante também 
interfere no significado como veremos adiante.
Sotaque e dialetos
Como parte da compreensão da linguagem como expressão social de identida-
de e pertencimento, podemos destacar a importância do sotaque e dos dialetos. Os 
sotaques são as variações na pronúncia das palavras, e está ligado aos fonemas e é 
característica da fala. Os dialetos são variações da língua formal que criam um idioma 
regional diferente do oficial. 
31UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 31UNIDADE II Linguagem e o Discurso
Especialmente em um país de dimensões continentais como o nosso, os sotaques 
são percebidos pelos falantes nativos e expressam as variações culturais do nosso país. 
Os dialetos e os sotaques reforçam as identidades culturais e são elementos importantes 
no fortalecimento do tecido social que liga as pessoas umas as outras. Nas festas regio-
nais, em programas culturais e vivência da tradição regional esses recursos linguísticos são 
ainda mais explorados.
SAIBA MAIS
Você já ouviu falar do Dicionário de Nordestinês ou do Dicionário Gaúcho. As diferenças 
de vocabulário e a variação na utilização das palavras entre as regiões nordeste e sul do 
Brasil evidenciam a existência de dialetos regionais. Essas formas de utilizar a lingua-
gem reforçam os laços de identidade regional.
Exemplos do Dicionário de Nordestinês:
Assunta bem = Preste muita atenção.
Abiscoitado = Tolo, bobo, ingênuo.
Bexiguento = Pessoa sem qualidades; desgramado; gangrenado.
Cipuada = Pancada forte.
Fubento = Desbotado; gasto; muito usado.
Exemplos do Dicionário de Nordestinês:
Bagual – homem, o cara
Barbaridade - pode ser tanto um adjetivo, quanto uma interjeição de espanto
Chinelear – humilhar
Deitar o cabelo – fugir, sair, ir embora
Fatiota – bem vestido, paletó, terno
Fonte: Calheiros (2021).
Um aspecto a se observar, é que certas diferenças fonéticas entre sotaques podem 
ser estigmatizadas pela sociedade, quando pais e professores corrigem as crianças para 
que elas não reproduzam o que consideram marcas de status social inferior ou regiona-
lismos e reforçam a crença geral na comunidade linguística de que a pronúncia tal é indi-
cadora de inferioridade social ou de educação. Os significados da comunicação, portanto, 
são construídos também a partir dos sotaques e dos dialetos. Eles reforçam os estigmas e 
servem como instrumento de diferenciação social (LYONS, 2013). 
32UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 32UNIDADE II Linguagem e o Discurso
Além dos regionalismos e do uso quase inconsciente de sotaques e dialetos, 
estudos recentes demonstraram que as pessoas também recorrem a esses recursos de 
maneira consciente, variando a forma de falar em diferentes situações. De acordo com a 
formalidade da situação em que se encontra a pessoa escolhe também recorrer a dialetos, 
ou modificar os sotaques. A comunicação social também recorre aos sotaques e dialetos 
para aproximar as empresas das pessoas e reforçar os laços de identificação entre elas. 
33UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 33UNIDADE II Linguagem e o Discurso
2. SEMIOLINGUÍSTICA
Cada pessoa tem sua história, sua identidade, seus problemas e suas alegrias, 
seus defeitos e qualidades. Essas pessoas pensam, amam, trabalham, sonham, enfim ex-
pressam suas formas de vida. Nas relações diárias esses indivíduos fazem uso da palavra, 
para a comunicação mais básica, para uma conversa, e nesse momento tornam-se um 
sujeito de palavra, sujeito da comunicação. 
A Semiolinguística se dedica ao estudo desse sujeito da linguagem e das condições 
de produção do seu discurso. A teoria da análise do discurso, proposta por Patrick Charau-
deau (1983), é a base da Semiolinguística como estudamos, especialmente no Brasil e na 
América Latina (MACHADO, 2020).
Muitas propostas de estudo da linguística e da semiótica surgiram no século 
XX e entre elas, a proposta de Patrick Charaudeau foi de criar uma metodologia para 
analisar o discurso levando em consideração a situação da comunicação e não apenas 
a língua. É nessa perspectiva que a Semiolinguística se dedica a analisar os textos, 
falados ou escritos, levando em consideração a língua e todo o contexto no qual estão 
inseridos os sujeitos que se comunicam. Nessa proposta, não é possível separar o 
ato de linguagem de uma pessoa da sociedade onde ela está inserida. As pessoas 
com suas características e vivências psicossociais e afetivas vivem em uma sociedade 
e, portanto, reproduzem os imaginários sociais e são afetadas pelas ideologias que 
estruturam essas sociedades (XAVIER et al., 2021).
34UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 34UNIDADE II Linguagem e o Discurso
SAIBA MAIS
As ideologias no contexto proposto por Charaudeau, são um conjunto de ideias a res-
peito do viver em sociedade. Essas ideologias são a base para as pessoas tomarem 
posição muitas vezes antagônicas, e estão fundadas em valores que são tidos como 
universais e evidentes.
O imaginário social é uma forma compartilhada de entender o mundo. Nasce de repre-
sentações sociais que produzem significados para os objetos e fenômenos do mundo. 
Esses imaginários moldam os comportamentos e se tornam instituições que que aca-
bam por transformar a realidade real em algo com significados.
Fonte: (XAVIER et al., 2021).
A palavra Semiolinguística, surge da junção dos termos semio (semiosis) e linguís-
tica, e evidencia que a construção do significado acontece através da combinação entre a 
forma e o sentido. A análise linguística é semiótica e a semiótica também é linguística. Na 
análise semiolinguística, portanto, busca-se entender o sujeito a partir do seu lugar social e 
quais as intenções e os signos que ele utiliza para produzir sentido (XAVIER et al., 2021).
Um aspecto importante para a compreensão da teoria e para a prática da análise 
do discurso, é que o discurso não pode ser confundido com o texto, ou a expressão verbal. 
O discurso contempla todo o contexto de sua produção, o falante e sua relação com o 
receptor, se estabelece relacionando a encenação do ato da linguagem, a um conjunto de 
saberes compartilhados pelos indivíduos de um grupo social. 
Charaudeau (2008) compreende o ato da linguagem como um jogo de encenação. 
Em uma oposição entre a encenação discursiva e uma encenação linguageira. Na visão de 
Xavier et al. (2021):
A encenação discursiva é o espaço da organização do DIZER, da realização 
dos gêneros e das estratégias[...]. Já a encenação linguageira é o espaço 
do FAZER psicossocial, da produção. No entanto, a encenação linguageira, 
ao incluir também o situacional do ato de linguagem, engloba a encenação 
discursiva (XAVIER et al., 2021, p.17).
35UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 35UNIDADE II Linguagem e o Discurso
FIGURA 3 – RELAÇÃO ENTRE ENCENAÇÃO LINGUAGEIRA E DISCURSIVA
Fonte: Xavier et al. (2021, p.17).
A análise do discurso oferece um instrumental para analisar o dito e o não dito pelos 
sujeitos no ato de linguagem. Ou seja, o ato da linguagem possui significados explícitos 
(manifestos na própria fala) e implícitos (sentidos múltiplos que dependem do contexto da 
comunicação). As pessoas falam encarnadas em suas experiências sociais e históricas, e 
a partir darelação que estabelecem entre si. Ou seja, o emissor da mensagem (aquele 
que fala) estabelece uma relação com quem escuta, o receptor. Significados explícitos e 
implícitos fazem parte da comunicação e ambos, emissor e receptor possuem competência 
para compreender essas combinações complexas de significados (CHARAUDEAU, 2008). 
Por exemplo, se alguém fala: “Feche a porta” – o significado explícito é o que a 
própria frase exprime, um pedido para que a porta seja fechada. No entanto o significado 
implícito pode variar em razão das circunstâncias e da própria condição, características e 
história da pessoa que fala. Então o significado em um dia de frio para uma pessoa que 
não gosta de frio, pode ser: “Estou com frio”. Ou se a casa fica de frente para uma rua 
movimentada pode ser: “Está barulhento lá fora”.
O ato de linguagem é um ato comunicativo em que algo foi enunciado, foi dito ou 
escrito, por um “eu” (sujeito de fala) para um “tu” em um determinado local, hora e situação, 
ato esse carregado de intenções e com o objetivo de influenciar. O ato de linguagem é, 
portanto, carregado de combinações complexas de significados (MACHADO, 2020).
O ato da linguagem se constitui em uma encenação que na teoria da semiolinguística 
é composto por no mínimo quatro sujeitos. Os dois sujeitos, ou as pessoas de carne e osso, 
que são chamados de EUc (Eu-comunicante) e TUi (interpretante). Esses sujeitos atuam no 
espaço do FAZER, o ambiente externo, psicossocial, das relações humanas. E ainda dois 
sujeitos internos, do espaço do DIZER, são como projeções do EUe (Eu-enunciador) e do 
TUd (Tu-destinatário). Nesse espaço interno da comunicação se projetam as estratégias e 
se recorrem aos diferentes gêneros da linguagem. 
36UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 36UNIDADE II Linguagem e o Discurso
FIGURA 4 – ATO DE LINGUAGEM
Fonte: Xavier et al. (2021, p. 18).
Essa compreensão de que a comunicação se dá em duas esferas de comunicação, 
interna (encenação discursiva) e externa (encenação linguageira), revela também a dialéti-
ca dessa dinâmica, ou seja, os contrários interno e externo, psicológico e social interagem 
para formar os significados.
A semiolinguística busca compreender o ato da linguagem, a partir dos seus 
significados implícitos e explícitos, e não apenas o sujeito de fala sozinho, mas na sua 
relação com quem o está ouvindo. Nesta perspectiva, o ato de linguagem se constitui a 
partir de contradições. 
Contradições entre a pessoa que fala como um sujeito individual (discordância) e o 
sujeito coletivo (concordância). Ou seja, a subjetividade (a realidade psíquica, emocional e 
cognitiva do ser humano), a sua individualidade, em contradição com as estruturas sociais, 
os costumes e as regras sociais que constituem o próprio sujeito. Contradição entre o jogo 
de agressão e cumplicidade, de especificidade e consenso. O ato linguageiro se constitui 
nessa dialética (CHARAUDEAU, 2008). 
37UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 37UNIDADE II Linguagem e o Discurso
REFLITA
As nossas falas são reflexos dos sujeitos que somos. Elas estão impregnadas de nos-
sos sentimentos e emoções, e também de nossa condição no mundo. O lugar onde nas-
cemos, nossas condições de educação e sociais, e mesmo o idioma que falamos cons-
tituem a complexidade de nossa compreensão de mundo. Nossas falas são, portanto, 
cheias de contradições e complexidades. A análise do discurso pretende compreender 
essas complexidades.
Fonte: O autor (2021).
No próximo capítulo aprofundaremos essas relações dialéticas, e os aspectos das 
encenações da linguagem, entenderemos também a Análise do Discurso como um método 
que busca compreender os significados da comunicação.
38UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 38UNIDADE II Linguagem e o Discurso
3. SEMIOLINGUÍSTICA E O ESTUDO DO DISCURSO
O método de estudo da Semiolinguística é a análise do discurso. Esta análise inte-
gra as antinomias, ou seja, o ato de linguagem integra o sujeito que fala, sobre o que fala, 
e a forma como falam constituindo o processo de significação do mundo.
Esse processo de significação acontece em um ato de duplo valor: explícito e Im-
plícito. O processo de dupla significação expressa as expectativas múltiplas, ou seja, as 
expectativas dependem do ponto de vista dos atores envolvidos em uma conversa.
Observemos a seguinte situação:
● Situação 01:
(Um grupo de pessoas sentadas em torno de uma mesa. Ambiente animado. 
Um garçom se aproxima do grupo.)
- O garçom (Apontando para um maço de Malboro que está sobre a mesa):
“De quem é este maço de cigarros?”
- Uma pessoa da mesa (dirigindo-se a moça ao seu lado):
“É seu, não é, Cristina?”
- Outra pessoa da mesa (dirigindo-se a quem falou anteriormente):
“Você não entendeu que ele queria um cigarro? Você é lento.” (CHARAUDEAU, 2008, p. 23)
39UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 39UNIDADE II Linguagem e o Discurso
As expectativas múltiplas podem ser percebidas neste diálogo. Em primeiro lugar não 
sabemos pelo diálogo, a intenção do garçom, ao falar sobre o maço de cigarros. (1) Estava 
pedindo um cigarro, (2) queria dizer que não deveria se deixar o maço de cigarros sobre a 
mesa, (3) poderia querer falar sobre como o cigarro faz mal para a saúde, e assim por diante...
Já a compreensão dos outros dois falantes ficaram mais evidentes, o primeiro 
falante parece responder pelo que o garçom perguntou explicitamente, ou seja, quem era o 
dono do maço de cigarros. No entanto, o segundo falante aponta para os sentidos implícitos 
da fala do garçom, indicando que o sentido poderia ser que o garçom quisesse um cigarro. 
A ideia de expectativa múltipla é exatamente porque o jogo de relações possíveis está 
aberto, e não se deve fechar em um único sentido, mas imaginar as diversas possibilidades 
de sentidos que essas falas e esta situação podem sugerir.
O Explícito é, portanto, uma atividade estrutural da linguagem, o uso referencial dos 
símbolos que fazem sentido mesmo sem um contexto, como por exemplo a frase: “Fecha a 
porta”. Existe um sentido explicito, que se relaciona com a realidade que nos rodeia. 
Por outro lado, o implícito, se refere a intencionalidade do sujeito falante. A intenção 
do sujeito que pede para fechar a porta, pode ser (1) “quero lhe contar um segredo”, ou 
(2) “os barulhos do corredor estão incomodando”, (3) “estou com frio”. A construção do 
significado se dá em um jogo onde a totalidade discursiva, ou seja, o que foi dito mais 
as circunstâncias em que a comunicação aconteceu. A esse processo dá-se o nome de 
Significação (CHARAUDEAU, 2008). 
Devemos nos perguntar então em que circunstâncias os discursos são enun-
ciados. Quais os aspectos das condições de produção deste discurso. Observemos a 
seguinte situação:
● Situação 02:
(Crônica esportiva sobre uma partida de futebol entre Grêmio e Palmeiras pela Libertadores 
da América que terminou com 7 expulsos e agressões de todos os lados. O cronista esportivo 
diz o seguinte:)
“Mas um jogo de futebol, sobretudo nesse nível, não é um confronto de intelectuais.” 
(CHARAUDEAU, 2008, p. 28)
Se nos perguntarmos sobre o significado da palavra “intelectuais”, poderemos com-
preender a importância do contexto, ou das circunstâncias em que o discurso foi proferido, 
para a compreensão dos significados.
40UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 40UNIDADE II Linguagem e o Discurso
Poderíamos imaginar que “intelectuais” não fariam uso da força física para resolver 
seus problemas. Ao contrário utilizariam argumentos, para expor suas ideias. Por outro 
lado, jogadores de futebol em sua atividade esportiva recorrem à força física, e a atividade 
pode provocar choques e desentendimentos. Portanto, a utilização da palavra “intelectuais” 
nesse contexto, está relacionada à ideia de “moderação”, “frieza”, “distanciamento”, o que 
seria o oposto do “entusiasmo”, do “calor” e do “contato físico” que existe no futebol.
Existem dois aspectosimportantes a serem considerados nas circunstâncias, 
nas condições da Produção ou Interpretação do ato de linguagem conforme menciona 
Charadeau (2008):
1) A relação que o enunciador e o interpretante, ou seja, quem fala e quem 
escuta, tem com o propósito dessa comunicação;
2) A relação entre os próprios sujeitos da comunicação, ou seja, a relação 
existente, ou que se estabelece entre quem fala e quem escuta.
O primeiro aspecto leva em consideração os saberes dos sujeitos da comunicação 
sobre as práticas sociais que envolvem essa comunicação e para compreender o sentido da 
palavra “intelectual” no exemplo anterior, foi necessário recorrer a um conjunto de represen-
tações coletivas. Esse saber não é conceitual, adquirido através do significado da palavra 
em um dicionário, mas a partir das práticas sociais de uma comunidade da qual fazemos 
parte. Então, entendemos as práticas relacionadas ao futebol, e partilhamos esses saberes 
intuitivamente, por isso entendemos o significado no contexto de produção desse discurso. 
Portanto, as Circunstâncias do Discurso, são conhecimentos compartilhados que podem 
ser compreendidos pelos sujeitos coletivos envolvidos no processo de comunicação.
O segundo aspecto, diz respeito à relação entre os sujeitos da comunicação. En-
tão, para se compreender completamente o significado no contexto em que o discurso é 
proferido, é necessário levar em consideração o que os sujeitos sabem um sobre o outro. 
No exemplo anterior, imaginamos que o cronista esportivo é alguém que conhece o futebol 
e as relações entre os times envolvidos, e por isso quando ele atribui a palavra “intelectual”, 
entendemos que ela tem uma conotação negativa. Nesse sentido, importa notar que na po-
sição de sujeito interpretante filtramos o conteúdo do discurso, ou seja, o que foi dito, pelo 
que sabemos sobre quem está dizendo. Da mesma forma, o enunciador, ou seja, aquele 
que fala, utiliza recursos da linguagem a partir do que ele sabe sobre o seu interpretante. 
Então o vocabulário e a forma de falar com uma criança de seis anos, é diferente da forma 
e do vocabulário para uma conversa com um adolescente de quinze anos. Mesmo que o 
conteúdo da comunicação seja o mesmo (CHARADEAU, 2008). 
41UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 41UNIDADE II Linguagem e o Discurso
Assim os protagonistas da linguagem, aqueles envolvidos no processo de comuni-
cação precisam conhecer aspectos das Circunstâncias do discurso:
- Saberes a respeito do mundo: as práticas sociais compartilhadas.
- Saberes a respeito do outro: dos pontos de vista recíprocos dos protagonistas do 
ato de linguagem: os filtros construtores de sentido.
Vimos anteriormente que o ato da linguagem se constitui em uma encenação e que 
é composto por no mínimo quatro sujeitos. Os dois sujeitos, ou as pessoas de carne e osso, 
que são chamados de EUc (Eu-comunicante) e TUi (interpretante). Esses sujeitos atuam no 
espaço do FAZER, o ambiente externo, psicossocial, das relações humanas. E ainda dois 
sujeitos internos, do espaço do DIZER, são como projeções do EUe (Eu-enunciador) e do 
TUd (Tu-destinatário). Nesse espaço interno da comunicação se projetam as estratégias e 
se recorrem aos diferentes gêneros da linguagem.
Mas qual o papel de cada um desses sujeitos na encenação linguageira? O Eu-
-comunicante é a pessoa real, que começa o processo de produção. Nesse processo ele 
coloca em cena o Eu-enunciador, um sujeito abstrato que representa as estratégias que 
buscam influenciar o Tu-interpretante (o outro sujeito de carne e osso da conversa). O 
Tu-destinatário é o sujeito imaginado, idealizado pelo sujeito-comunicante. Então quando 
começamos uma conversa, imaginamos que nosso ouvinte sabe algumas coisas sobre o 
contexto, e sobre nós mesmos. E da mesa forma aquele nos ouve faz uma imagem de nós, 
imaginando coisas que sabemos e a intenção da nossa fala.
FIGURA 5 – O ESPAÇO DA IDEALIZAÇÃO DOS SUJEITOS
Fonte: Adaptado de Xavier et al. (2021, p. 18).
42UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 42UNIDADE II Linguagem e o Discurso
4. MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO DISCURSO
O ato de comunicação pode ser entendido como um dispositivo em que o sujeito 
falante ocupa um papel central em relação ao seu parceiro interlocutor. Fazem parte deste 
dispositivo, segundo a semiolinguística: a Situação da Comunicação, os Modos de organi-
zação do discurso, a Língua e o Texto (CHARADEAU, 2008).
• A situação da comunicação, como vimos anteriormente, se constitui do contexto, 
o espaço físico e mental no qual se acham os sujeitos, os quais são determinados 
por uma identidade (psicológica e social) e estão ligados por uma intenção, um 
contrato de comunicação.
• Os modos de organização do discurso, que serão aprofundados nesse capítu-
lo, constituem os princípios de organização do conteúdo e da forma linguística e 
dependem do objetivo do sujeito falante: Enunciar, Descrever, Contar, Argumentar.
• A língua é o material verbal que se estrutura a partir das categorias linguísticas. 
Estão sujeitas à forma e ao sentido.
• O texto é o resultado da comunicação que se materializa, e que resulta das esco-
lhas conscientes ou inconscientes do sujeito falante.
 
Comunicar é um processo de encenação, ou seja, assim como no teatro o diretor 
utiliza das falas, do cenário, da luz, dos sons para produzir um efeito de sentido no pú-
blico. O sujeito de fala também utiliza esses dispositivos da comunicação para produzir 
efeitos no interlocutor.
43UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 43UNIDADE II Linguagem e o Discurso
Os modos de organização do discurso não podem ser confundidos com os gêne-
ros textuais, como por exemplo o anúncio publicitário, a carta, ou a matéria jornalística. 
Os modos de organização do discurso são ordenados de acordo com a finalidade do 
ato de comunicação. São quatro os modos de organização: Enunciativo, Descritivo, 
Narrativo e Argumentativo.
4.1 O Modo Enunciativo
O modo enunciativo é o ato de colocar a língua em um discurso, trata-se de um 
fenômeno complexo no qual o sujeito de fala se apropria da língua e a utiliza para organizar 
seu discurso. Todo o discurso tem uma intenção. No processo de apropriação o sujeito 
falante também se situa em relação ao seu interlocutor, ao que ele próprio diz e em relação 
ao mundo a sua volta. 
O modo enunciativo adquire três funções:
● estabelecer uma relação de influência entre o locutor e o interlocutor, a que 
denominamos ato alocutivo ou alocução (relação locutor – intrerlocutor)
● revelar o ponto de vista do locutor, a que denominamos ato elocutivo ou elocu-
ção (relação locutor – locutor)
● retomar a fala de um terceiro, a que denominamos delocutivo ou delocução 
(locutor – proposição)
4.2 4.2 O Modo Descritivo
O modo descritivo segundo Charaudeau (2008, p. 111) consiste em colocar sobre o 
mundo “um olhar parado”, como se fosse uma pintura, uma imagem. Através do processo 
de descrição pode-se nomear, localizar e qualificar o mundo. O autor faz uma distinção 
entre descrever, narrar e argumentar, isso porque narrar está relacionado a uma expe-
riência vivida, ele relata as ações em um tempo específico e tem os seres humanos como 
protagonistas. Já o descrever, é um olhar sobre esse mundo onde vivem os seres humanos.
As duas coisas estão relacionadas, pois dizer “o camundongo salvou o leão” é 
diferente de dizer “O pequeno camundongo salvou o leão, rei dos animais.”, ou seja, as 
narrativas, o contar, precisa se valer da descrição para qualificar o mundo, para dar sentido 
ao mundo (CHARADEAU, 2008, p.111). A palavra “pequeno” é uma descrição de como é 
esse camundongo, ao mesmo tempo em que “rei dos animais” é uma qualidade do leão, 
essa oposição entre o animal fraco que salva o animal forte, está presente em muitas 
fábulas e cria um sentido muito mais profundo e complexo do que a simples enunciação “o 
camundongo salvou o leão”.
44UNIDADE I Campos de Estudo da Semiótica 44UNIDADE II Linguagem

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