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TCC - ÁNALISE DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA DE ABASTECIMENTO NO MUNICÍPIO DE CIDREIRA RIO GRANDE DO SUL

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BACHARELADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA 
Jonas Poncio de Souza 
ÁNALISE DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA DE ABASTECIMENTO NO 
MUNICÍPIO DE CIDREIRA – RIO GRANDE DO SUL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
Junho, 2022
 
JONAS PONCIO DE SOUZA 
ÁNALISE DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA DE ABASTECIMENTO NO 
MUNICÍPIO DE CIDREIRA – RIO GRANDE DO SUL 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto de Pesquisa do Trabalho de Diplomação a ser 
apresentado ao Departamento de Engenharia Civil do 
Centro Universitário Ritter dos Reis, como parte dos 
requisitos para obtenção do título de Engenheiro 
Ambiental e Sanitário. 
Orientador: MSc. Carlos Henrique Pereira Assunção 
Galdino 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
Junho de 2022 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Gostaria inicialmente de agradecer aos meus familiares. Principalmente a minha mãe 
Solange e o meu pai Alberto que sempre me apoiaram em todos os momentos da 
minha vida. Ao meu irmão Richard, meus avós maternos Diamantina e Luiz Carlos e 
meus avós paternos Terezinha e Falcão. 
A minha namorada Rafaella, pelo amor e por compartilhar comigo todas minhas 
emoções, apoiando a superar todas as etapas difíceis e comemorar comigo o 
sucesso. 
Aos meus amigos Adriano, Daniela, Everton, Frank, Jean, Victória e Vinícius, que há 
10 anos compartilham a vida comigo. Além da Bruna, Caroline, Qi, Juliana e Mauricio 
que completaram o nosso grupo. E ao Matheus que está olhando todas as nossas 
conquistas lá de cima com o seu sorrisão. 
Aos meus amigos que conheci durante a faculdade Luiz, Maêva e Raisa, que tornaram 
essa etapa mais divertida. 
Ao meu orientador Carlos H. P. A. Galdino, pelo incentivo, paciência e todo suporte 
necessário para a realização deste trabalho. 
A todos os meus professores que ao longo destes anos passaram pela minha vida me 
fazendo eu me tornar um profissional melhor. 
E a todos que passaram pela minha vida contribuindo de alguma forma. 
 
RESUMO 
 
 
O presente estudo avaliou o impacto da falta de sistemas públicos saneamento básico 
(abastecimento e esgotamento encanados) sobre a qualidade dá água de poço 
artesiano para consumo, que capta água do sistema aquífero quaternário costeiro I 
(SAQC I), através de análises físico-químico-biológico. Para a realização do estudo 
foi escolhido um poço em uma região de intensa urbanização fazendo levantamento 
de informações quanto a geologia, hidrogeologia e caracterização do poço e da 
região. A avaliação dos resultados foi realizada através da comparação com os 
Valores Máximos Permitidos (VMP) em portarias de potabilidade. Os resultados 
obtidos evidenciaram que a falta de um sistema esgotamento sanitário coletivo afetou 
consideravelmente a qualidade da água do poço analisado com a presença de 
coliformes totais, uma vez que há pelo menos uma fossa por residência na região e o 
aquífero é considerado arenoso com predominância de grãos médios a grossos, com 
altos valores de porosidade e permeabilidade. Além da presença de coliformes, houve 
resultados acima do valor permitido para o ferro e o manganês além do fluoreto estar 
no limite permitido. Por fim, este estudo, constatou que além da falta de fiscalização e 
monitoramento do setor público ainda há certas dificuldades em relação a diálogo 
entre diferentes esferas da sociedade. 
 
Palavras-Chave: Água subterrânea; Potabilidade; Análise físico-química e biológica; 
Saneamento básico. 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 01: Perfil de usuário de água subterrânea no brasil 13 
Figura 02: Mapa Hidrogeológico do estado do Rio Grande do Sul 16 
Figura 03: Mapa de saneamento básico do Rio Grande do Sul 18 
Figura 04: Principais fontes de contaminação de água subterrânea 20 
Figura 05: Exemplo de poço escavado 22 
Figura 06: Poços tubulares artesianos do tipo jorrante; localizado em Cristino Castro - Piauí 22 
Figura 07: Mapa de Localização do Município de Cidreira 28 
Figura 08: Gráfico do Produto Interno Bruto (PIB) de Cidreira 30 
Figura 09: Fluxograma de metodologia proposta no trabalho 32 
Figura 10: Água do poço estudado coletada para análise físico-químico-biológico 36 
Figura 11: Geomorfologia do Rio Grande do Sul 39 
Figura 12: Mapa geológico da planície costeira do Rio Grande do Sul 40 
Figura 13: Sistema laguna barreira 41 
Figura 14: Mapa hidrogeológico da região de Balneário Pinhal, Cidreira e Palmares do sul 42 
Figura 15: Localização do poço analisado 44 
Figura 16: Mapa de Registros do Sistema de Outorga de Água do Rio Grande do Sul 46 
Figura 17: Mapa de ocorrência de solo no município de Cidreira 50 
Figura 18: Mapa de Caracterização da Região Estudada 51 
Figura 19: Vala de esgoto localizado no raio de 250 metros 52 
Figura 20: Mapa de localização dos poços outorgados 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 01: Classes dos aquíferos 15 
Tabela 02: Atendimento de água e esgoto dos municípios participantes do SNIS em 2019 17 
Tabela 03: Classificação de poços para captação de águas subterrâneas 21 
Tabela 04: Registro disponibilizados pelo Sistema de Outorga de Água do Rio Grande do Sul 45 
Tabela 05: Resultados do mês de fevereiro para parâmetros adotados pela CORSAN 47 
Tabela 06: Resultado da análise físico-químico-biológico 48 
Tabela 07: Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de 
ocupante 53 
Tabela 08: Resultado da análise de coliforme totais para amostras de poços outorgados 56 
Tabela 09: Padrão de potabilidade para substâncias químicas que representam risco à saúde 66 
Tabela 10: Padrão bacteriológico da água para consumo humano 67 
Tabela 11: Padrão organoléptico de potabilidade 67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
ABAS – Associação Brasileira de Água Subterrânea 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ANA – Agência Nacional das Águas 
CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo 
CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento 
CPRM – Serviço Geológico do Brasil 
DRH – Departamento de Recursos Hídricos 
FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler - RS 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
NTU – Unidade de Turbidez Nefelométrica 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
NBR – Norma Brasileira 
ONU – Organização das Nações Unidas 
PIB – Produto Interno Bruto 
PNRH – Política Nacional de Recursos Hídricos 
SAQC – Sistema Aquífero Quaternário Costeiro 
SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura 
SIG – Sistema de Informação Geográfica 
SIOUT RS – Sistema de Outorga de Água do Rio Grande do Sul 
SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância 
VMP – Valor Máximo Permitido 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO 9 
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA 10 
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA 10 
1.3 JUSTIFICATIVA 11 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 13 
2.1 ÁGUA SUBTERRÂNEA 13 
2.2 TIPOS DE POÇOS 20 
2.3 OUTORGA 23 
2.4 QUALIDADE DA ÁGUA 24 
2.5 SANEAMENTO BÁSICO, SAÚDE E QUALIDADE DE ÁGUA 26 
3 ÁREA DE ESTUDO 28 
3.1 O MUNÍCIPIO 28 
3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA 29 
3.3 DADOS SOCIOECONÔMICOS 29 
4 METODOLOGIA 31 
4.1 GEOLOGIA 32 
4.2 SISTEMA AQUÍFERO QUATERNÁRIO COSTEIRO 33 
4.3 CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO POÇO 33 
4.4 OUTORGA 33 
4.5 ANÁLISE DE QUALIDADE DA ÁGUA 34 
4.6 CARACTERIZAÇÃO A PARTIR DO POÇO ANALISADO 36 
4.7 ANÁLISES DE POÇOS OUTORGADOS 37 
4.8 PROPOSTA DE MELHORIAS 37 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 38 
5.1 GEOLOGIA 38 
5.2 SISTEMA AQUÍFERO QUATERNÁRIO COSTEIRO 41 
5.3 CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO POÇO 43 
5.4 OUTORGA 44 
5.5 ANÁLISE DE QUALIDADE DA ÁGUA 46 
5.6 CARACTERIZAÇÃO A PARTIR DO POÇO ANALISADO 50 
5.7 ANÁLISES DE POÇOS OUTORGADOS 55 
5.8 PROPOSTAS DE MELHORIAS 57 
 CONCLUSÕES 58 
 REFERÊNCIAS 60 
 ANEXO A 66 
 
9 | P á g i n a 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A água é de suma importância para saúde humana e é considerada um recursonatural limitado, com a sua disponibilidade cada vez mais sendo afetada. O planeta 
terra é formado por aproximadamente 97,5% de água salgada, sendo de mares e 
oceanos. Somente 2,5% são de água doce, dentro deste número 68,9% estão em 
estado sólido formando geleiras e calotas polares; as águas subterrâneas somam 
29,9%, 0,9% correspondem a umidade do solo e apenas 0,3% são de água potável 
localizadas em rios e lagos (VERIATTO et al, 2015). 
Com os números acima apresentados, fica exposto a grande relevância que as 
águas subterrâneas têm atualmente, como foi levantado no estudo realizado pelo 
Instituto Trata Brasil dos 5.570 munícipios, 52% são abastecidos total (36%) ou 
parcialmente (16%) por água subterrânea. Após os processos de urbanização teve 
um grande aumento de casos de contaminação de aquíferos e das águas 
subterrâneas, um fator que eleva os números de contaminação são as construções 
irregulares de poços artesianos. 
A região de estudo, neste trabalho será o município de Cidreira, que de acordo 
com o mapa hidrogeológico do Rio Grande do Sul (MACHADO & FREITAS, 2005), 
tem a ocorrência do Sistema Aquífero Quartenário Costeiro I. Este sistema é 
caracterizado por aquíferos associados a camadas arenosas e inconsolidadas com 
granulometria média a grossa, que estão intercaladas com camadas siltico-arenosas 
e argilosas. Os aquíferos deste sistema têm grande importância, porque são utilizados 
como fonte de água para abastecimento de áreas rurais e urbanas e para o 
desenvolvimento de atividades agrícolas e industriais. 
A qualidade da água está diretamente relacionada à saúde humana e muitas 
vezes esta qualidade é alterada por fossas que são as principais e mais frequentes 
fontes de contaminação dos solos e águas subterrâneas. No meio urbano do 
município de Cidreira, 48% do sistema de esgotamento é constituído de fossas 
rudimentares, 39% de fossas sépticas e 12% de rede geral de esgoto ou pluvial (IBGE, 
2010), de acordo com Ayach et al (2012) as águas de poços podem ser contaminadas 
por concentrações de nitrato, que está relacionada à presença de fossas e em áreas 
rurais à utilização de dejetos e fertilizantes nas lavouras. 
 
 
10 | P á g i n a 
 
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA 
 
O município de Cidreira pertence a região do litoral norte do Rio Grande do Sul, 
a cidade possuiu a sua autonomia política em 1988, o que tornou difícil o planejamento 
da cidade. Com a falta do desenvolvimento do sistema de esgotamento sanitário, o 
saneamento da cidade é baseado em fossa séptica, dessa forma o município tem o 
desafio de conscientizar a população a seguir as normas para implementar a correta 
utilização do sistema de fossa séptica junto ao uso de água subterrânea para o 
abastecimento humano. 
Segundo Schäfer et al (2013) as fossas são responsáveis pela liberação de 
diversos tipos de contaminantes, como nitrogênio, fósforo, metais, bactérias e vírus. 
Outro ponto levantado dentro do estudo é pela proximidade entre os poços e as 
fossas, quanto maior a proximidade entre os dois, maior será o risco de poluição. De 
acordo com os moradores de cidreira, a água de poços artesianos é caracterizada 
pelo mau gosto, lembrando o de ferro. Segundo Brasil (2021) até uma concentração 
de 0,3 mg/l de ferro a água atende ao padrão de potabilidade. 
Em vista disto, este Trabalho se propõe a buscar a respostas sobre: O impacto 
da falta de sistemas públicos de saneamento básico na água subterrânea de 
abastecimento do município de Cidreira? 
 
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA 
 
Os objetivos do presente trabalho foram divididos em objetivo geral e objetivos 
específicos, os quais são apresentados a seguir. 
 
1.2.1 Objetivo geral 
 
Este trabalho tem como objetivo geral a avaliação da qualidade da água 
subterrânea do poço artesiano, localizado no bairro Parque dos Pinos no município 
de cidreira-RS, com captação no Sistema Aquífero Quaternário Costeiro I. 
 
 
11 | P á g i n a 
 
1.2.2 Objetivos específicos 
Para efetivar o objetivo geral serão cumpridos os objetivos específicos: 
 Avaliar o uso do recurso hídrico subterrâneo na região de Cidreira; 
 Diagnosticar os poços artesianos do município; 
 Verificar a relação da construção de fossas próximas aos locais de 
captação dos poços artesianos; 
 Coletar amostras de água do poço artesiano situado no bairro Parque 
dos Pinos; 
 Caracterizar a região estudada; 
 Analisar a água de poços artesianos de acordo com os parâmetros 
físico-químicos citados na Portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021. 
 
1.3 JUSTIFICATIVA 
 
A água é sinônimo de vida, assim sendo necessária para a sobrevivência dos 
humanos. Historicamente a disponibilidade da água, com a sua qualidade, é um dos 
fatores que limitam a prosperidade das cidades sendo o centro do desenvolvimento 
sustentável e das suas três dimensões: o ambiental, a econômica e o social 
(BITTENCOURT & PAULA, 2014). 
Em 2015, representantes de grande parte dos países do mundo firmaram um 
compromisso que foi chamado de agenda 2030, o documento adotado na Assembleia 
Geral da ONU é um plano de ação para as pessoas, com 17 objetivos de 
desenvolvimento sustentável seguido de metas que promovem uma vida digna a 
todos. O objetivo número 3 é nominada como Água Potável e Saneamento com uma 
das metas sendo “melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando 
despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos”, 
mostrando o quão importante é trabalhar com essa temática. 
Parte da água infiltrada no solo é absorvida por raízes e outros seres vivos ou 
evapora para a atmosfera, o restante da água continua em ação descendente, 
preenchendo vazios que existem no solo (IRITANI; EZAKI, 2014). Nesse sentido, a 
água subterrânea se torna cada vez mais uma fonte de abastecimento humano 
segura, sempre que confirmada sua potabilidade. Com o uso crescente, o autor do 
 
12 | P á g i n a 
 
trabalho busca preencher lacunas que estão abertas no município de Cidreira quanto 
a qualidade dessa água tão usada. 
De acordo com o estudo realizado pelo instituto Trata Brasil (2018), a água 
subterrânea é o principal recurso natural extraído no Brasil, apresentando um pouco 
mais de 2,5 milhões de poços tubulares instalados, bombeando um quantitativo de 
água superior a 17.580 milhões de m³/ano, volume suficiente para abastecer 
anualmente a atual população brasileira, sendo que em 2015 apenas 6.620 mm³/ano 
são de poços regulares. No Brasil 88% dos poços tubulares existentes são 
desconhecidos pelo poder público, sendo excluídos de qualquer base de dados do 
governo. Perante disso é importante a caracterização da água subterrânea no 
município, já que é alarmante a quantidade de poços que não estão sendo 
cadastrados e com isso ficam fora de um acompanhamento do órgão responsável. 
Com os problemas expostos acima, quanto a falta de planejamento das 
cidades, a água subterrânea fica propensa a ter algum tipo de contaminação, já que 
ocorre construções de fossas próximas aos locais de poços irregulares. Há evidências 
de que águas extraídas de poços profundo, que são utilizados cada vez mais, tem 
contaminações pela consequência de atividades urbanas, frequentemente ocorridas 
no passado com falta de planejamento e controle ambiental, mostrando a importância 
da proteção da água subterrânea como forma de garantir que esta água seja um fator 
de qualidade de vida e não um transmissor de doenças (IRITANI; EZAKI, 2014). 
 
13 | P á g i n a 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
Neste capítulo será apresentada a revisão bibliográfica para o tema proposto. 
Esta revisão não visa esgotar o tema, mas, elucidar pontos importantes para a 
compreensão do trabalho. 
 
2.1 ÁGUA SUBTERRÂNEA 
Água subterrânea é toda a água que ocorre abaixo da superfície da Terra, 
preenchendo os poros ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as 
fraturas, falhas e fissuras das rochascompactas, e que sendo submetida a duas forças 
(de adesão e de gravidade) desempenha um papel essencial na manutenção da 
umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos (ABAS). Normalmente quando se 
fala de água subterrânea, esta mesma é esquecida, pois é um assunto ainda pouco 
tratado em relação a água superficial, mas os reservatórios subterrâneos se tornam 
cada vez mais importante (IRITANI; EZAKI, 2014). 
Exemplificando a grande importância deste bem, no estado de São Paulo 
aproximadamente 80% dos municípios são abastecidos, totalmente ou parcialmente, 
por água subterrânea (CETESB). Já no estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil é 
indicado que dos 5.570 munícipios, 52% são abastecidos total (36%) ou parcialmente 
(16%) por água subterrânea. Esse tipo de abastecimento é importante para 48% dos 
municípios que tem menos de 10 mil habitantes, sendo a única forma de abastecer a 
sua população. Na figura 01 é mostrado o perfil de uso da água subterrânea no Brasil. 
 
Figura 01: Perfil de usuário de água subterrânea no brasil. 
 
Fonte: Hirata, 2019 apud CPRM, 2018. 
 
14 | P á g i n a 
 
De acordo com a Lei Federal nº 9.433/1997, com exceção dos usos 
considerados no art. 12 § 1°, a exploração das águas subterrâneas está sujeita a 
outorgas de uso. Toda água subterrânea é de domínio estadual, com isso irá caber a 
entidades estaduais autorizar a perfuração de poços e uso de aquíferos. Como por 
exemplo, no estado de São Paulo, nos usos isentos de outorga, a legislação exige 
que o proprietário cadastre seu poço no órgão competente, o qual certifica o uso 
isento. Hoje a irregularidade, ilegalidade e o desconhecimento dos poços causam 
evasões de centenas de milhões de reais anualmente em todo o país. Conicelli & 
Hirata (2016) reforçam que a ilegalidade ocasiona diversos problemas sociais, 
ambientais e econômicos com a falta de sustentabilidade das extrações, conflitos 
entre usuários, perda de recurso, aumento de custos de explotação e a contaminação 
de aquíferos pela degradação que pode ocorrer no bombeamento não planejado 
(HIRATA, 2019, p.10). 
Ainda não é existente um movimento do cenário de ilegalidade, como é 
enfatizado no trecho abaixo: 
 
Não há, por parte do governo (e muitas vezes entre os próprios técnicos), a 
vontade da aplicação efetiva da lei, entretanto e paradoxalmente, os casos 
de conflito pela água são raros (e quando existem não XIX Congresso 
Brasileiro de Águas Subterrâneas 3 são entendidos pelas partes), dando a 
falsa impressão de que os problemas não virão e não haverá necessidade de 
medidas mais restritivas de controle pelo uso da água. (CONICELLI & 
HIRATA, 2016, p. 2) 
 
A resolução Conama 396, de 3 de abril de 2008 dispõe sobre a classificação e 
diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas. A resolução é 
apresenta parâmetros e valores máximos permitidos para cada uso como consumo 
humano, irrigação, dessedentação animal e recreação. No artigo 12 é dito que os 
parâmetros a serem selecionados para subsidiar a proposta de enquadramento das 
águas subterrâneas em classes deverão ser escolhidos em função dos usos 
preponderantes, das características hidrogeológicas, hidrogeoquímicas, das fontes de 
poluição e outros critérios técnicos definidos pelo órgão competente. 
Na tabela 01, é apresentado cada classe e sua definição de acordo com a 
resolução Conama 396 de 2008. 
 
 
 
 
15 | P á g i n a 
 
Tabela 01: Classes dos aquíferos 
 
Fonte: Modificado da Resolução Conama 396, de 3 de abril de 2008 
 
2.1.1 AQUÍFEROS 
De acordo com o site do Serviço Geológico do Brasil – CPRM, aquífero é uma 
formação geológica que contém água e permite que quantidades significativas dessa 
água se movimentem no seu interior em condições naturais. Formações permeáveis, 
tais como arenitos e areias, são exemplos de aquíferos (CPRM, c2016-2022). 
No Estado do Rio Grande do Sul existem dois tipos básicos de aquíferos, o 
poroso intergranular e poroso por fraturamento. Os sistemas aquíferos 
predominantemente porosos intergranulares são: Botucatu/Guará I, Santa Maria, 
Quaternário Costeiro I, Quaternário Barreira Marinha, Sedimentos Deltaicos, 
Quaternário Indiferenciado, Botucatu/Guará II, Sanga do Cabral/Piramboia, 
Botucatu/Piramboia, Palermo/Rio Bonito, Quaternário Costeiro II, Aquitardos 
Permianos e Botucatu. Já os sistemas aquíferos predominantemente porosos por 
fraturamento são: Serra Geral I, Serra Geral II, Embasamento Cristalino I, 
Embasamento Cristalino II, Basalto/Botucatu, Serra Geral III, Embasamento Cristalino 
III e Aquicludes Eo – Paleozoicos (MACHADO & FREITAS, 2005, p. 60). 
Na figura 02 é apresentado o mapa hidrogeológico do estado do Rio Grande 
do Sul, produzido pelo Serviço geológico do Brasil – CPRM em conjunto com a 
Secretaria Estadual do Meio Ambiente. 
 
 
16 | P á g i n a 
 
Figura 02: Mapa Hidrogeológico do estado do Rio Grande do Sul 
 
Fonte: Machado e Freitas, 2005 
 
O principal Aquífero do Brasil é o Guarani, que ocupa mais de 55% da área do 
estado do Rio Grande do Sul, apresentando grande diversidade de potencialidade e 
qualidade (MACHADO & FREITAS, 2005). Na figura 02, o aquífero Guarani está 
ilustrado nos diferentes tons de verde. 
 
2.1.2 VULNERABILIDADE COM A FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO 
Com a forte urbanização e a intensificação das atividades antrópicas, sobretudo 
após os anos 1960, têm sido crescentes os relatos de contaminação de aquíferos e 
das águas subterrâneas (HIRATA et al, p.20 2019). A falta de redes de esgotamento 
sanitário e/ou as precárias condições das redes existentes devido a falhas de projeto 
e manutenção correspondem às fontes de degradação de aquíferos ambientalmente 
mais preocupantes, responsáveis pelos maiores casos de contaminação em volume 
e área no Brasil (HIRATA et al. 2019 apud HIRATA et al. 2015). 
 
17 | P á g i n a 
 
 De acordo com as conclusões do trabalho “INFLUÊNCIA DOS TANQUES 
SÉPTICOS NA POLUIÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS”: 
 
A destinação correta do esgoto domiciliar é de suma importância para garantir 
um fornecimento de água potável de boa qualidade, principalmente em áreas 
de alta densidade demográfica, pois é nessas áreas onde há grande 
quantidade de esgoto sendo produzido pela população correndo o risco da 
descarga de esgoto exceder a capacidade de absorção dessa descarga pelo 
sistema, que pode por sua vez estar sendo super explorada pela população. 
(FELDENS et al, 2016, p. 4) 
 
Conforme o diagnóstico de 2019 realizado pelo Sistema Nacional de 
Informações de Saneamento, o índice médio de atendimento total com rede de 
esgotos do país é igual a 54,1%. Já o índice de atendimento urbano com rede de 
esgotos é de 61,9%. Com relação ao indicador médio nacional de tratamento dos 
esgotos gerados, que representa a parcela dos esgotos gerados que é tratada, vale 
destacar que o índice é calculado a partir do volume de água consumido. Observa-se 
na tabela 02 que, em 2019, 49,1% dos esgotos gerados tiveram tratamento (SNIS, 
2019). 
 
Tabela 02: Atendimento de água e esgoto dos municípios participantes do SNIS em 2019. 
 
 
Fonte: Modificado de SNIS, 2019 
 
 O relatório aponta um crescimento de 0,9 ponto percentual no índice total e 1,0 
ponto percentual no índice urbano do índice de atendimento total com rede de 
esgotos, quando comparados ao ano de 2018. Em relação ao índice de tratamento de 
esgoto gerado teve um aumento de 2,8% e de coletado 4% em relação ao ano anterior 
(SNIS, 2019). No Rio Grande do Sul, o índice de atendimento urbano com 
esgotamento sanitário (IN024) é de 37,2% e o índice de tratamento de esgoto (IN046) 
 
18 | P á g i n a 
 
é de 25,9% (SNIS, 2019), ficando abaixo da média nacional e até mesmo da média 
da região sul do Brasil como mostra a figura 03. 
 Na região do litoral gaúcho há poucas informações quanto ao saneamento 
básico dos municípios, entretanto, na figura 03 é ilustrado, em comparaçãocom outras 
regiões dos estados o atendimento da coleta de resíduos, rede geral de esgoto e de 
água. Em 2010, o município de Cidreira apresentava 45,9% de esgotamento sanitário 
(IBGE), sendo que no meio urbano do município 48% são constituídos de fossa 
rudimentar, 39% de fossa séptica e 12% de rede geral de esgoto ou pluvial, já no meio 
rural 53% é de fossa rudimentar, 43% de fossa séptica, 2% de rede geral de esgoto 
ou pluvial, e 1% de vala (INFOSANBAS, 2010). 
 
Figura 03: Mapa de saneamento básico do Rio Grande do Sul 
 
Fonte: PESSOA, M. L., 2017 
 
2.1.3 CONTAMINANTES EM ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 
Historicamente a urbanização formou um ciclo de contaminação trazido pelo 
aumento da ocupação sem controle, trazendo impactos ao sistema hídrico gerando 
efluentes domésticos e industriais, assim como resíduos sólidos. Isso culminou na 
 
19 | P á g i n a 
 
contaminação das águas subterrâneas pelos despejos desordenados, pelas fossas 
sépticas e pelos vazamentos de efluentes. Da mesma maneira a disposição irregular 
de resíduos sólidos formam uma fonte de contaminação (TUCCI, 2008). 
De acordo com a Associação Brasileira de Água Subterrânea, os 
contaminantes se infiltram lentamente entrando em contato com o solo, seja por 
vazamento, derramamento ou depositados. Ao se encontrar com o lençol freático 
entra em um processo lento de lixiviação, se formando em uma fonte de contaminação 
(ABAS, 20-?). 
 Além do esgotamento sanitário, já citado acima. A CETESB cita outras fontes 
de contaminação da água subterrânea, sendo, 
 
os lixões; aterros mal operados; acidentes com substâncias tóxicas; 
atividades inadequadas de armazenamento, manuseio e descarte de 
matérias primas, produtos, efluentes e resíduos em atividades industriais, 
como indústrias químicas, petroquímicas, metalúrgicas, eletroeletrônicas, 
alimentícias, galvanoplastias, curtume, etc.; atividades minerárias que 
expõem o aquífero; sistemas de saneamento “in situ”; vazamento das redes 
coletoras de esgoto; o uso incorreto de agrotóxicos e fertilizantes; bem como 
a irrigação que pode provocar problemas de salinização ou aumentar a 
lixiviação de contaminantes para a água subterrânea; e outras fontes 
dispersas de poluição (CETESB, 2022). 
 
A ABAS explica que há duas formas de caracterizar a contaminação da água 
subterrânea, uma vez que o contaminante seja imiscível em água é formado uma fase 
separada que é chamada de “fase livre”, essa fase pode encontrar-se flutuando sobre 
a água ou até mesmo se infiltrar ainda mais. Caso o contaminante seja volátil, poderá 
ocorrer fontes de vapores nas zonas não saturadas (ABAS, 20-?). 
Em 2006, ROCHA & HORBE, fizeram um estudo sobre a Contaminação 
provocada por um depósito de lixo no aquífero Alter do Chão em Manaus – AM, 
concluindo que a água do bairro Novo Israel, em Manaus, encontrava-se 
comprometida para consumo. Foi analisado 18 poços tubulares e cacimbas, 
ocorrendo a contaminação por Antimônio (Sb), Ferro (Fe), Selênio (Se), Cadmio (Cd), 
Chumbo (Pb), Alumínio (Al), Arsênio (As) e contaminação pontuais de Manganês (Mn) 
e Zinco (Zn). 
Em Várzea Grande (MT) foi encontrado concentrações elevadas de cromo, a 
partir da análise química das águas subterrâneas, podendo chegar até 10 vezes mais 
do que o permitido. A contaminação foi causada pela disposição irregular de resíduos 
pela indústria de curtume por mais de 10 anos (CUNHA & SHIRAIWA, 2011). De 
acordo com o CETESB, poços mal concebidos também são fontes poluidoras, uma 
 
20 | P á g i n a 
 
vez que se torna um caminho para entrada de poluentes, atingindo diretamente as 
águas subterrâneas. 
Na figura 04 é ilustrado as principais fontes de poluição da água subterrânea. 
 
Figura 04: Principais fontes de contaminação de água subterrânea 
 
Fonte: MMA, 2007 
 
2.2 TIPOS DE POÇOS 
 Há duas maneiras para captar água na natureza. A mais comum é a captação 
superficial, que é das águas provenientes de mananciais, rios e lagos e a outra forma 
é a captação das águas subterrâneas, que são utilizados diferentes tipos de poços 
para obter água dos lençóis freáticos (EOS, 2019) A ABAS divide os poços em dois 
grupos, do tipo escavado e do tipo tubular. 
 Na tabela 03 é apresentado o resumo de poços para captação de água e abaixo 
a caracterização de cada tipo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 | P á g i n a 
 
Tabela 03: Classificação de poços para captação de águas subterrâneas 
 
Fonte: Modificado de VASCONCELOS, 2014 
 
Os poços escavados são caracterizados por possuírem um diâmetro acima de 
0,5 metros, a profundidade depende da formação geológica podendo chegar a 20 
metros, pode ser dividido em três classes. Poço escavado cacimba são aqueles 
superiores a 0,5 metros de diâmetro, não possui revestimento, nessa classe ainda há 
um tipo específico que ocorre em regiões de escassez hídrica, chamados de cacimbas 
temporárias, tendo um diâmetro menor de 0,5 metros e com profundidade menor de 
0,5 metros (VASCONCELOS, 2014). 
 Outro tipo de poço escavado é o cacimbão que são caracterizados por 
terem diâmetros entre 1 e 5 metros, possuindo revestimento parcial ou total na sua 
parede. Por último há o poço escavado do tipo amazonas que possui diâmetro acima 
de 5 metros e possui revestimento parcial ou total (VASCONCELOS, 2014). Na figura 
05 é ilustrado um exemplo de poço escavado. 
Poços do tipo tubular possui um revestimento que pode ser de PVC ou aço, 
variando de 2 a 18 polegadas de diâmetro. Em alguns casos esse diâmetro pode variar 
em um mesmo poço, dependendo da profundidade. Essa classe é dividida em outros 
dois grupos, freático e artesiano. Poços do tipo freático são caracterizados por 
captarem água em aquíferos livres (VASCONCELOS, 2014). 
 
 
 
 
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Figura 05: Exemplo de poço escavado 
 
Fonte: Agência nacional das águas 
 
 Os poços artesianos são aqueles que captam água em aquíferos confinados, 
ainda, são divididos em outros dois grupos que são diferenciados pelo nível 
potenciométrico em relação a superfície topográfica. Os poços artesianos do tipo não 
jorrantes captam água em aquíferos abaixo do nível topográfico, necessitando de 
bombeamento de água. Os poços artesianos jorrantes captam água de aquíferos que 
estão acima do nível topográfico, não necessitando de bombeamento, já que a água 
chega na superfície naturalmente (VASCONCELOS, 2014). Na figura 06 é 
apresentado exemplos de poços tubulares jorrantes. 
 
Figura 06: Poços tubulares artesianos do tipo jorrante; localizado em Cristino Castro - Piauí. 
 
Fonte: VASCONCELOS, 2014 
 
23 | P á g i n a 
 
2.2.1 LEGISLAÇÃO E NORMATIZAÇÃO PARA POÇOS 
O artigo 49 da Política Nacional de Recursos Hídricos diz a respeito sobre a 
infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos 
onde perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida 
autorização é uma das infrações. No Rio grande do Sul tem que obter autorização 
para perfuração de poços, que é dado pelo Sistema de Outorga de Água do Rio 
Grande do Sul. 
 Para a construção de poços é preciso adotar normas da associação brasileira 
de nomas técnicas (ABNT). A NBR 12212 estabelece os requisitos para a elaboração 
de projeto de poço para captação de água subterrânea, a norma traz a exigência de 
apresentar informações como a necessidade de água, quantidade de poços e o 
potencial hidrogeológico na região. Também apresenta recomendações que devem 
ser seguidas como diâmetro da perfuração, construção de laje de proteção, espaço 
para colocar filtros e conjunto de bombas. 
 Já a norma técnica 12244 que diz a respeito sobre a construção de poço tubular 
para captação de água subterrânea com extração de forma eficiente e segura. Essa 
norma segue as definições da NBR 12212 e determina os passos que devem ser 
seguidos durante a execução da perfuração, tendo recomendações e exigências 
como selamento, desinfecção e até mesmoelaboração do relatório. 
 
2.3 OUTORGA 
No que confere a constituição federal, no artigo 26, “as águas superficiais ou 
subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito” incluem-se entre os bens da união 
(BRASIL, 1988). De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande do 
Sul, um dos instrumentos de gestão das águas é chamado de outorga de direito de 
uso, que concede, autoriza e permite o usuário a usar este bem público. 
“O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como 
objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo 
exercício dos direitos de acesso à água” (BRASIL, 1997), nesse sentido a outorga de 
direito de uso é um importante instrumento de gestão para manter a qualidade da 
água, assim como ter o conhecimento de qual está sendo o seu uso. Ainda a política 
nacional diz que é outorgada toda captação de água em um corpo de água, extração 
de aquíferos subterrâneos, lançamento de efluentes, aproveitamento hidrelétricos e 
 
24 | P á g i n a 
 
qualquer outro uso que altera o regime, a qualidade e a quantidade da água em um 
corpo hídrico. 
A agência nacional das águas afirma que são competências dos estados a 
gestão e a autorização para o uso de águas subterrânea e perfuração de poços (ANA, 
20-?). No Rio Grande do Sul o Decreto Estadual nº 42.047, de 26 de dezembro de 
2002 regulamenta o gerenciamento e a conservação das águas subterrâneas e 
aquíferos. 
Um instrumento utilizado pelo estado é o SIOUT RS (Sistema de Outorga de 
Água do Rio Grande do Sul), que de acordo com a Secretaria do Meio ambiente do 
Rio Grande do Sul, 
Possui como um de seus objetivos fundamentais permitir que a Secretaria do 
Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul – SEMA RS – tenha uma 
visão conjunta da disponibilidade hídrica e possíveis conflitos nos usos da 
água, possibilitando estabelecer políticas governamentais integradas à 
Regularização Ambiental do Estado. (SEMA, 2018) 
 
A Portaria SEMA nº 110 de 2018, que regulamenta o SIOUT RS, instituiu a 
obrigatoriedade de cadastro eletrônico por meio do sistema para solicitações de 
outorga, dispensa de outorga, reserva de disponibilidade hídrica, autorizações prévias 
para perfuração de poços, regularização de usos de água, alvarás de obras de 
reservas de água, aprovações de plano de segurança de barragens, certificados de 
cadastro, defesas e recursos decorrentes de indeferimento dessas solicitações. 
 
2.4 QUALIDADE DA ÁGUA 
 A água é considerada um solvente universal, ou seja, ela é capaz de dissolver 
a maior parte das moléculas existentes (VITÓ et al, 2016). Por possuir essa 
propriedade, ligada a capacidade de transportar partículas, a água absorve diversas 
impurezas que irão definir a qualidade da água (VON SPERLING, 2005), ainda o autor 
relaciona que a atuação do homem e os fenômenos naturais atuam na qualidade da 
água. 
 As condições naturais podem ser explicadas como atividades que ocorrem 
naturalmente na natureza, como uma infiltração de precipitação no solo que houve 
algum tipo de contato com uma dissolução de rochas, com impurezas do solo ou até 
mesmo com a ocupação de matas e florestas. Esses exemplos anteriores podem 
influenciar na qualidade da água de uma bacia hidrográfica (VON SPERLING, 2005). 
Em relação a interferência humana Von Sperling explica que o homem, 
 
25 | P á g i n a 
 
 
quer de uma forma concentrada, como na geração de despejos domésticos 
ou industriais, quer de uma forma dispersa, como na aplicação de defensivos 
agrícolas no solo, contribui na introdução de compostos na água, afetando a 
sua qualidade. Portanto, a forma em que o homem usa e ocupa o solo tem 
uma implicação direta na qualidade da água (VON SPERLING, 2005, p. 11). 
 
A Lei nº 9433 de 8 de janeiro de 1997 instituiu a política nacional de recursos 
hídricos. Entre os objetivos, estabelece assegurar à atual e às futuras gerações a 
necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos 
respectivos usos além da gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação 
dos aspectos de quantidade e qualidade. No ano de 2021 foi instituída a portaria 
GM/MS nº 888 que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da 
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. 
A água é caracterizada por diferentes parâmetros que podem vir do próprio 
ambiente ou da interferência humana, esses parâmetros são chamados físico, 
químico e biológicos, e são indicadores da qualidade de água, sendo determinados 
em laboratórios de análise de água. Os parâmetros podem ser de utilização geral, 
tanto para caracterizar águas de abastecimento, águas residuárias, mananciais e 
corpos receptores (VON SPERLING, 2005). 
A Portaria nº 888 de 2021 do ministério da saúde apresenta definições 
importantes como o de água potável que é água que atenda ao padrão de potabilidade 
estabelecido na legislação citada e que não ofereça riscos à saúde, também sobre 
padrão de potabilidade que é um conjunto de valores permitidos para os parâmetros 
da qualidade da água para consumo humano, conforme definido na legislação citada. 
Ainda, a Portaria nº 888 apresenta valores máximos permitidos para cada 
parâmetro, padronizando a potabilidade da água. No artigo 27 diz a respeito que a 
água potável deve estar em conformidade com padrão microbiológico, conforme os 
Anexos 1 a 8. No artigo 36 fala que a água potável deve estar em conformidade com 
o padrão de substâncias químicas que representam risco à saúde e ciano toxinas, 
expressos nos Anexos 9 e 10. E por último, o artigo 38 expõe que a água potável deve 
estar em conformidade com o padrão organoléptico de potabilidade expresso no 
Anexo 11. 
No anexo A é apresentada as tabelas com os valores máximos permitidos dos 
parâmetros presentes na Portaria nº 888 de 2021 do ministério da saúde. 
 
 
26 | P á g i n a 
 
2.5 SANEAMENTO BÁSICO, SAÚDE E QUALIDADE DE ÁGUA 
Conforme os dados do Centro de Vigilância Epidemiológica no ano de 2003, 
aproximadamente cem mil pessoas estiveram envolvidas em vinte e quatro surtos de 
intoxicação alimentar em que a água contaminada foi a responsável (SOTO et al, 
2006). A água potável se mostra importante para o enfretamento de ocorrência de 
doenças que ocorrem nos corpos hídricos, um dos maiores problemas enfrentados na 
captação de água de poços e outras fontes particulares é a falta de monitoramento da 
qualidade da água (AYACH, 2012). 
Entre o ano de 2000 e 2011 o Brasil registrou um total de 531 mil casos de 
internações relacionadas a água, sendo 526 mil apenas por ingestão, neste mesmo 
período houve 23.530 internações por ingestão de água (UHR & SCHMECHEL, 2016). 
A relação entre a captação de água de poços, saneamento básico e saúde está 
intrinsicamente ligada uma vez que na falta de abastecimento urbano, as pessoas vão 
optar pela perfuração de poços, como Ayach et al (2009) comprovou relatando que no 
ano de 2006, apenas 66,91% dos seus domicílios eram adequadamente abastecidos 
de água pela rede pública, culminando na perfuração de poços sem critérios técnicos 
adequados. Em relação a saúde Ayach et al (2012) falou a respeito que, 
 
A perfuração de poços deve obedecer a critérios técnicos adequados de 
construção e localização. Muitas vezes, as águas são captadas em poços 
com muito tempo de uso, rasos, localizados inadequadamente próximos de 
fossas e de escoamento de esgoto doméstico, aumentando a possibilidade 
de contaminação de suas águas. O armazenamento dessas águas, depois 
de captadas, também é precário e oferece risco à saúde dos consumidores. 
(AYACH et al, 2012, p. 52) 
 
Fazendo uma relação com o município estudado, onde o seu esgotamento 
sanitário é basicamente resumido em fossas, Ayach et al (2012) deduz que as águas 
de poços também podem ser contaminadas por concentrações de nitrato, que é 
encontrado em grande quantidade em dejetos animaise sua elevada concentração 
está relacionada a presença de fossas e em áreas rurais a utilização de dejetos e 
fertilizantes nas lavouras. 
 Sistemas sépticos para a disposição de efluentes domésticos, do tipo fossas, 
são as principais e mais frequentes fontes de contaminação dos solos e águas 
subterrâneas. Estes sistemas estão muitas vezes localizados sobre aquíferos não-
confinados, os quais são utilizados como fonte de abastecimento de água (COSTA, 
KEMPKA, SKORONSKI, 2016). 
 
27 | P á g i n a 
 
 De acordo com o trabalho de Costa, Kempka e Skoronski (2016), o nitrato 
apresenta diversos problemas a saúde humana como o desenvolvimento de câncer 
no estomago e esôfago, acarreta diferentes doenças a crianças como a síndrome do 
bebê azul, que é perigosa para bebês menores de seis meses de vida. Como por 
exemplo, na região de Natal – RN, trinta e oito poços do sistema público de captação 
d’água tiveram de ser desativados devido à alta concentração de nitrato registrada 
nas suas águas (MELO et al, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 | P á g i n a 
 
3. ÁREA DE ESTUDO 
 
Neste capítulo será apresentada a área de estudo, para uma melhor 
contextualização do problema e para identificação dos problemas locais. 
 
3.1 O MUNÍCIPIO 
 O município de Cidreira fica localizado no litoral norte do Rio Grande do Sul e 
junto com Pinhal, é a praia mais próxima da capital Porto Alegre, estando a 112 km 
de distância. Atualmente é uma das praias mais frequentadas, possui um histórico 
naval pela presença de seu farol e é destaque na pesca havendo uma plataforma 
dentro de seus limites. De acordo com o último censo realizado foi estimada uma 
população de 16.897 pessoas em uma área de 243,420 km² para o ano de 2021. Suas 
vias de acesso são: RS-784, RS-040 e RS-786. 
Na figura 07 é apresentado o mapa de localização do município, com as suas 
áreas urbanas, principais vias e lagoas. 
 
Figura 07: Mapa de Localização do Município de Cidreira 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor 
 
 
29 | P á g i n a 
 
3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
A história do município de cidreira começa em 1767, com a doação da sesmaria 
de Cidreira pela coroa de Portugal para o almoxarife-mor Manuel Pereira Franco, com 
uma área de 29.700 metros e uma orla de 16.500 metros (IBGE, 2017). Ainda de 
acordo com o IBGE (2017), apenas 100 depois, em 1860, começaram a aparecer os 
primeiros veranistas, com casas bem simples feitas de palha e chão batido. 
Por muitos anos o litoral não teve moradores, pela grande dificuldade de 
acesso, apenas no ano de 1907, após a construção do farol, o governador do estado 
do Rio Grande do Sul determinou que o fiscal João Neves residiria no município para 
impedir a construção de casas sem a autorização do governo (SCHÄFER et al, 2013, 
p. 229). 
A partir de 1930 começou a surgir os primeiros moradores que construíram 
casas de madeira, houve a construção da primeira igreja e hotéis na cidade. Na 
década de 50 foi concluída a construção da primeira estrada que ligava a capital do 
Rio Grande do Sul ao município de Cidreira, que contribuiu para o processo de 
urbanização (IBGE, 2017). 
Para entender como ocorreu o processo de emancipação do litoral, é 
necessário voltar para a década de 60, onde teve o início da luta pela emancipação 
de Tramandaí e Capão da Canoa, municípios pertencentes a Osório. O plebiscito foi 
aprovado pela assembleia legislativa em 25 de maio de 1965 e emancipação de 
Tramandaí foi aprovada em 25 de setembro do mesmo ano, com isso, cada distrito foi 
pleiteando sua autonomia política, chegando a vez de Cidreira, em 09 de maio de 
1988 foi elevada a município, se desvinculando de Tramandaí e Palmares do Sul. A 
partir de 2005 o município foi constituído de dois distritos: Cidreira e Costa do Sol 
(SCHÄFER et al, 2013, p. 229). 
 
3.3 DADOS SOCIOECONÔMICOS 
 Conforme o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o 
município de cidreira teve uma população estimada em 16.583 pessoas para o ano 
de 2020 em uma área territorial de 243,420 km². Uma informação importante que 
consta no site do IBGE cidades para o decorrer do trabalho é quanto ao dado de 
internações por diarreia, em 2016 ocupou o 2° lugar entre os 10 municípios da sua 
região geográfica com 0,3 internações por mil habitantes. Em relação ao sistema de 
 
30 | P á g i n a 
 
esgotamento sanitário, o município ocupou em 2010 o 262° lugar entre os 497 
municípios gaúcho, com 45,9% de domicílios com esgotamento sanitário adequado 
(IBGE). 
O PIB per capto no ano de 2018 foi de R$ 17.575,91 ficando em 468° entre os 
497 municípios do Rio Grande do Sul. Na figura 08 é demonstrado como é dividido o 
Produto Interno Bruto (PIB) do munícipio (IBGE, 2018). 
 
Figura 08: Gráfico do Produto Interno Bruto (PIB) de Cidreira 
 
 Fonte: Schäfer et al, 2013, p. 238 
 
 Como já foi dito acima, a ocupação humana do município foi baseada em 
veraneio, com a falta de estrutura e problemas de acesso, dificultou a implementação 
de plantações agrícolas e com isso a sua economia ficou voltada ao setor de serviços, 
representando 83% de sua economia, com o destaque do turismo de praia e 
construção civil (SCHÄFER et al, 2013, p. 238). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 | P á g i n a 
 
4 METODOLOGIA 
A metodologia proposta teve foco em atender um objetivo distinto do qual traz 
a importância da análise da água subterrânea para a população da cidade de Cidreira. 
Para a pesquisa do trabalho foi necessário realizar a análise de um poço que foi 
perfurado na zona urbana no qual foi feito o ensaio físico-químico-biológico para 
examinar a qualidade da água e esse ensaio foi caracterizado com base da legislação 
pertinente sobre potabilidade. Para melhor análise desse estudo e da compreensão 
das etapas foi criado um fluxograma com o resumo da metodologia exposta. Na figura 
09 pode-se observar o fluxograma de metodologia. 
 Entre as limitações encontradas durante o trabalho, a falta de incentivo 
financeiro foi um importante empecilho para não fazer outras análises, juntamente 
com a dificuldade de encontrar registros de poços, com a ausência desse tipo de 
registro no órgão ambiental municipal e a empresa concessionária não realiza o 
serviço de monitoramento e fiscalização, fazendo com que a sociedade conviva com 
o problema. 
 No trabalho foi abordado a geologia e a hidrografia da região, foi feita a 
caracterização do poço juntamente com a localização dele, foi realizada uma pesquisa 
quanto os poços outorgados no município, foi submetido a análises amostras de água 
do poço para escherichia coli, coliformes totais, cor aparente, dureza total, ferro total, 
fluoretos, manganês, nitritos, pH, sódio e turbidez. Foi feita a caracterização em um 
raio de 500 metros do poço analisado e por último comparado com as análises de um 
poço outorgado a 5 km de distância. Em diferentes etapas do trabalho foi utilizado o 
geoprocessamento para criação de mapas para ajudar a contextualizar o trabalho, 
sempre que for abordado a localização dos poços estudados não haverá as 
coordenadas para não identificar os lotes e as casas, uma vez que não foi permitido 
a localização das residências. 
O presente trabalho é caracterizado por pesquisa prática que é destinada a 
intervir diretamente, na realidade, a teorizar práticas, a produzir alternativas concretas, 
a comprometer-se com soluções (DEMO, 2002), pode ser descrita também como: 
Pode ser questionadora, produtiva de conhecimento, para além de mero lugar 
de aplicação da teoria. A prática tem lugar próprio, embora sempre 
dialeticamente imbricado na teoria, correspondendo sobretudo ao intento 
 
32 | P á g i n a 
 
inovador da ciência, que pretende não se esgotar na compreensão da 
realidade, mas transformá-la.” (DEMO, 2002, P. 38) 
 
Figura 09: Fluxograma de metodologia proposta no trabalho 
 
Fonte: Elaboradopelo autor 
 
4.1 GEOLOGIA 
A pesquisa sobre a geologia da área de estudo foi realizada em três etapas. A 
primeira etapa consistiu em descrever os grupos geomorfológicos que ocorrem no Rio 
Grande do Sul sendo a depressão central, escudo sul rio grandense, planalto 
meridional, cuesta da Haedo e planície costeira (Atlas RS). 
A segunda etapa baseou-se em apresentar a planície costeira, geomorfologia 
que ocorre na região estudada e por último foi exposto a geologia pertencente a 
 
33 | P á g i n a 
 
planície costeira, o sistema laguna barreira, descrevendo e apresentando um modelo 
em 3D contemplando os quatro sistemas. 
 
4.2 SISTEMA AQUÍFERO QUATERNÁRIO COSTEIRO 
 A caracterização do aquífero onde está situado o poço que passou pela a 
ánalise será realizada a partir de uma revisão bibliográfica. A pesquisa bibliográfica 
busca explicar e discutir um tema com base em referências teóricas publicadas em 
diferentes materiais como livros, revistas, trabalhos e outros. Também procura 
conhecer e analisar conteúdos científicos sobre determinado tema (MARTINS, 2001). 
 Com o auxílio das bibliografias foi caraterizado o Sistema Aquífero Quaternário 
Costeiro I, aquífero que ocorre na região da planície costeira, onde situa-se o 
município de Cidreira. 
 
4.3 CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO POÇO 
A caracterização do poço que passou pela análise da água foi realizada a partir 
de um levantamento histórico junto ao proprietário e a empresa que fez a perfuração. 
Analisando a profundidade, há quanto tempo possui, se já houve algum tipo de 
manutenção ou análise de qualidade da água, com as informações coletadas será 
possível fazer a caracterização. 
Foi contatada por e-mail a concessionária de saneamento da cidade, a 
Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), para levantamento de 
informação quanto aos poços perfurados ao longo da cidade. Também foi coletado 
informações com a prefeitura para compor o mapa de localização do poço que será 
apresentado nos resultados. 
 
4.4 OUTORGA 
 Para o estudo sobre a outorga no município de Cidreira, foi analisado dados 
disponibilizados pelo Sistema de Outorga de Água do Rio Grande do Sul (SIOUT RS), 
as informações levantadas integrarão um mapa produzido por meio do software QGIS, 
programa que faz parte do sistema de informações geográficas (SIG). 
 
34 | P á g i n a 
 
 Foi elaborado um mapa para apresentar as áreas urbanas, lagos e lagoas 
baixados do site da Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul 
(FEPAM) e os poços cadastrados, outorgados, tamponados e com autorização prévia 
foram obtidos no site do sistema de outorga de água do Rio Grande do Sul (SIOUT 
RS). 
 
4.5 ANÁLISE DE QUALIDADE DA ÁGUA 
Abaixo seguem as metodologias utilizadas em relação aos padrões de 
potabilidade utilizada no município estudado e a análise físico-químico-biológico. 
4.5.1 PADRÕES DE POTABILIDADE PARA A CIDADE DE CIDREIRA 
Foi contatado a Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN) que é 
responsável pelo saneamento básico do município de Cidreira, onde relataram que 
não há uma legislação municipal especifica relacionado aos padrões de potabilidade 
e que utilizam três legislações federais, o marco legal do saneamento básico (Lei nº 
11.445/2007, com redação alterada pela Lei 14.026/2020) que estrutura as referências 
de saneamento básico no país. 
Também é utilizado o decreto nº 5.440, de 4 de maio de 2005 que estabelece 
definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas de 
abastecimento público e por último é aplicado anexo XX da portaria de consolidação 
nº 5 do ministério da saúde de 03 de outubro de 2017 que definidos os procedimentos 
de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão 
de potabilidade. No ano de 2021 houve uma alteração do Anexo XX da Portaria de 
Consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017 que passou a definir o padrão de 
potabilidade pela Portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021. 
4.5.2 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICO-BIOLÓGICO 
 Foram coletadas pelo autor as amostras de água diretamente do poço e 
encaminhado ao laboratório Quimio Ambiental que é reconhecido pela Rede 
Metrológica do Rio Grande do Sul tanto para amostragem quanto para ensaios físico-
químicos e biológicos. O laboratório segue a certificação ABNT NBR ISO/IEC 17025 
 
35 | P á g i n a 
 
que define os fundamentos para a implementação de sistemas de gestão da qualidade 
para laboratórios de ensaios e calibração. Os parâmetros analisados são: Escherichia 
coli, coliformes totais, cor aparente, dureza total, ferro total, fluoretos, manganês, 
nitritos, pH, sódio e turbidez. 
 A análise foi feita em três etapas, retirada dos materiais, coleta da água e 
entrega da coleta. A retirada foi feita na sede do laboratório Quimio Ambiental, o kit 
consistia em três recipientes, sendo um preservado com HNO³, um preservado para 
ensaio microbiológico e outro sem preservação, o kit ainda contava com um isopor 
para manter a temperatura ideal com a ajuda de um gelo reutilizável. A etapa de coleta 
foi feita pela torneira que tem ligação direta com o poço, ambos recipientes que 
contêm preservação deveriam ser enchidos cuidadosamente para não extravasar, já 
o recipiente sem preservação deveria ambientar 3 vezes antes de encher por 
completo. A entrega foi feita antes de completar 24 horas após a coleta. 
O laboratório segue o Standard Methods que é uma das quatro metodologias 
analíticas para determinação dos parâmetros previstos na Portaria GM/MS nº 888, de 
4 de maio de 2021. A metodologia utilizada pela Quimio Ambiental foi criada por três 
sociedades técnicas, a Associação Americana de Saúde Pública (APHA), a American 
Water Works Association (AWWA) e a Federação do Meio Ambiente da Água (WEF). 
Na figura 10 é apresentado a imagem da água coletada em seus respectivos 
recipientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 | P á g i n a 
 
Figura 10: Água do poço estudado coletada para análise físico-químicas e biológicas. 
 
Fonte: Elaborado pelo autor 
 
4.6 CARACTERIZAÇÃO A PARTIR DO POÇO ANALISADO 
Com a análise da água do poço foi consultado com o departamento de recursos 
hídricos do Rio Grande do Sul se haveria uma legislação quanto a distância mínima 
para perfuração de um poço a partir de uma área contaminada, sem sucesso, foi 
utilizada a resolução conjunta SMA/SERHS/SES 3. de 21 de junho de 2006 de São 
Paulo. 
Com o auxílio da legislação de São Paulo, foi delimitado um raio máximo de 
500 metros e outro de 250 metros a partir do poço analisado, com isso foi 
caracterizada a região trazendo os usos da região em um mapa. Compondo o mapa 
estão as residências, comércio, deposito de veículos e uma vala de esgoto. 
Dessa forma, a caracterização facilitou a quantificação de residências na região 
e com a NBR 7229 de 1993 foi possível estimar quanto de esgoto é gerado pela 
população residente dentro do raio de 500 metros. 
 
37 | P á g i n a 
 
Em seguida foi feito um levantamento de consequências que a falta de 
saneamento básico e perfurações irregulares trazem para as pessoas, para comparar 
o que pode estar ocorrendo no município de Cidreira. 
 
4.7 ANÁLISES DE POÇOS OUTORGADOS 
 Com o mapeamento dos poços outorgados no sistema de outorga do Rio 
Grande do Sul foi contatado cada empresa que possui poços, com o intuito de obter 
análises. Após o contato houve dois retornos, uma respondeu que não poderia 
conceder as análises e a outra aceitou disponibilizar. 
 As análises disponibilizadas foram dividias em treze amostras em seis 
momento diferentes, no período entre 2013 e 2015. 
 
4.8 PROPOSTA DE MELHORIAS 
 Como resultado final deste trabalho foi proposto três eixos de melhorias, sendo 
de fiscalização, monitoramento e comunicação. A base para a proposta foi em relação 
as pesquisas realizadas no trabalho em conjunto com as dificuldades encontradas 
durante o trabalho.38 | P á g i n a 
 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Neste capítulo é apresentado os resultados obtidos com a implementação da 
metodologia proposta. Para uma melhor compreensão e discussão, este capítulo foi 
dividido em tópico que foram explicados na metodologia. Os tópicos 5.1 e 5.2 foram 
frutos de uma pesquisa bibliográfica para melhor elucidação do contexto local. Nos 
demais tópicos, estão expostos os resultados da aplicação direta da metodologia 
proposta. 
 
5.1 GEOLOGIA 
A geomorfologia do Rio Grande do Sul é dividida em 5 grupos como podemos 
ver na figura 11. A depressão central ocupa o centro do estado e é formado por rochas 
sedimentares, ao sul fica o escudo sul riograndense caracterizado pelas suas rochas 
ígneas. As rochas basálticas formam o planalto meridional ao norte do estado, por 
conta de uma diferente sedimentação das rochas basálticas foi formado a cuesta da 
Haedo ao oeste e a planície costeira fica no litoral com sua característica faixa 
arenosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 | P á g i n a 
 
Figura 11: Geomorfologia do Rio Grande do Sul 
 
Fonte: Na figura 
 
A planície costeira se estende desde o Rio Mampituba até a foz o arroio Chuí, 
ocupando uma área de 33.000 km². Ela é formada por extensas praias e sistemas de 
lagoas e lagunas. Nos últimos 400 anos, com o recuo e a elevação do nível do mar, 
foi formado o sistema laguna barreira que é dividido em quatro subgrupos, três na fase 
do pleistoceno (I, II e III) e uma na fase do holoceno (IV) (SCHÄFER et al, 2013). 
 No mapa (figura 12) nota-se que no município de cidreira ocorre principalmente 
o sistema laguna barreira III e IV. 
 
 
40 | P á g i n a 
 
Figura 12: Mapa geológico da planície costeira do Rio Grande do Sul
 
Fonte: Modificado de VILWOCK et al, 1994 
 
O sistema laguna barreira III foi o penúltimo a ser criado, 120 mil anos atrás, 
ele é caracterizado por cristas subparalelas as margens das lagunas possuindo 
depósitos de areia de quartzo fina e depósitos de areia com silte e argila com 
incidência de carbono, ferro e manganês. O sistema laguna barreira IV formado 5.100 
anos atrás é formado por areais de quartzo com granulação fina a muito fina possuindo 
minerais pesados em determinadas localidades também há ocorrência de sedimentos 
areno-siltico-argiloso com um elevado teor de matéria orgânica (SCHÄFER et al, 
2013). 
Na figura 13 é apresentado um modelo geológico contemplando os 4 sistemas 
laguna barreira. 
 
41 | P á g i n a 
 
Figura 13: Sistema laguna barreira 
 
Fonte: Modificado de SCHÄFER et al, 2013 
 
 
5.2 SISTEMA AQUÍFERO QUATERNÁRIO COSTEIRO 
 Machado & Freitas (2005) descreveram a ocorrência de aquíferos porosos na 
região da planície costeira, classificando-os em diferentes sistemas: Sistema Aquífero 
Quaternário Costeiro I (SAQC I) e II (SAQC II). Como pode-se ver na figura 14, o 
município de Cidreira localiza-se dentro da região de ocorrência do Aquífero 
Quaternário Costeiro I. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 | P á g i n a 
 
Figura 14: Mapa hidrogeológico da região de Balneário Pinhal, Cidreira e Palmares do sul 
 
Fonte: Schäfer et al (2013) apud Machado, 2005 
 
 O Sistema Aquífero Quaternário Costeiro (SAQC) representa uma importante 
reserva de água subterrânea no litoral do Rio Grande do Sul (SOARES, 2016). De 
acordo com Lisboa et al. (2004), os aquíferos dessa região formam o Sistema Aquífero 
Cenozóico da Planície Costeira, sendo considerado o de maior potencial para 
abastecimento. 
O sistema Aquífero Quaternário Costeiros I é caracterizado por possuir uma 
sequência de camadas arenosas intercalada com camadas síltcoarenosas e 
argilosas, tendo uma capacidade alta, que ultrapassa a 4m³/h/m (Machado & Freitas, 
 
43 | P á g i n a 
 
2005). Ainda no mesmo estudo foi concluído que as águas variam de bicabornatadas 
a cloretadas sódicos onde os níveis de salinidades são inferiores a 400 mg/L Esse 
sistema se inclui nos aquíferos porosos apresentando litologias arenosas sendo de 
grãos médios a grossos, com altos valores de porosidade e por esse motivo possuem 
alta vulnerabilidade à contaminação nas partes mais superficiais dos aquíferos 
(Machado & Freitas, 2005). 
O SAQC I estende-se desde Torres até o Chuí, esse sistema possui uma alta 
vulnerabilidade a contaminação nas partes superficiais, devido aos altos valores de 
porosidade, de permeabilidade e de vazão dos poços (SOARES, 2016). Após estudos 
sobre o aquífero, Troian, Goffermann, Freitas (2014) concluíram que "foram 
identificadas altas concentrações do elemento ferro nas águas analisadas". 
 
5.3 CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO POÇO 
O Poço analisado é do tipo tubular, definido pela Associação Brasileira de 
Águas Subterrâneas (ABAS) como “obra de engenharia geológica de acesso a água 
subterrânea, executada com Sonda Perfuratriz mediante perfuração vertical com 
diâmetro de 4” a 36” e profundidade de até 2000 metros, para captação de água”. O 
poço possui uma profundidade de 25 metros com um diâmetro variando de 2 a 18 
polegadas, o sistema é constituído por uma bomba. 
De acordo com o proprietário o poço foi construído por volta de 2005 e que 
desde então não houve manutenção e análise de água, também não há outorga e em 
nenhum momento recebeu algum tipo de fiscalização por parte do setor público. Ainda 
dentro dos limites do terreno tem uma fossa construída a 4 metros do local que se 
encontra o poço artesiano. 
Conforme a CORSAN, onde passa a rede de água da companhia, não pode 
haver poço e onde ainda não tem água tratada o morador deve pedir uma outorga 
para que possa captar água diretamente do manancial (superficial ou subterrâneo), o 
que raramente acontece. Então tanto este, como os demais poços que são perfurados 
ao longo da cidade, não são registrados e não existe uma fiscalização por parte do 
poder público. 
 
44 | P á g i n a 
 
A seguir é apresentado o mapa (figura 15) com a localização imprecisa do poço 
analisado porque o proprietário do poço não permitiu a localização pontual, com isso 
o mapa também não foi georreferenciado. 
 
Figura 15: Localização do poço analisado 
 
 Fonte: Elaborado pelo autor 
 
Na região estudada há uma grande urbanização, no raio de 500 metros e na 
localização mais aproximada do poço. Com isso há um forte impacto da antropização 
ocasionada pela falta de esgotamento sanitário, no tópico 5.6 será realizada uma 
análise especifica relacionada a caracterização da região. 
 
5.4 OUTORGA 
O Sistema de Outorga de Água do Rio Grande do Sul (SIOUT RS) disponibiliza 
publicamente os registros de outorga no estado. Com uma breve pesquisa foi 
encontrado apenas 15 registros relacionados a outorga em Cidreira, variando de 2017 
a 2021, que são apresentados na tabela 04. 
 
45 | P á g i n a 
 
 
Tabela 04: Registro disponibilizados pelo Sistema de Outorga de Água do Rio Grande do Sul 
 
Fonte: Elaborada pelo autor 
 
Do total de 15 registros, 8 foram solicitações da Companhia Riograndense de 
Saneamento (CORSAN) que se dividem entre tamponamento de poço e 
cadastramento de poços de monitoramento. Podemos ver que 3 solicitações são de 
empreendimentos privados de atividades comerciais e industriais, onde a vazão média 
varia de 1,50 até 6 m³/s. Também há cadastro de 4 poços para consumo humano e 
 
46 | P á g i n a 
 
atividades comerciais que estão ligados a empreendimentos do ramo de hotelaria e 
turismo, com uma vazão média variando de 9 a 37,33 m³/s. 
Na figura 16, é apresentado o mapa com as localizações dos registros 
disponibilizados pelo Sistema de Outorga de Água do Rio Grande do Sul (SIOUT RS). 
 
Figura 16: Mapa de Registros do Sistema de Outorga de Água do Rio Grande do Sul 
 
Fonte: Elaborado pelo autor 
Visualizando o mapa acima, nota-se que dentro da área urbana há apenas 
um poço registrado, sendo tamponado, ou seja, inativo. Poços cadastrados e/ou 
outorgadosestão situados na região onde se encontra a CORSAN e também nas 
áreas rurais, onda há os empreendimentos comerciais e industriais. 
 
5.5 ANÁLISE DE QUALIDADE DA ÁGUA 
Abaixo seguem os resultados obtidos sobre os padrões de potabilidade 
utilizada no município estudado e a análise físico-químico-biológico. 
 
47 | P á g i n a 
 
5.5.1 PADRÕES DE POTABILIDADE PARA A CIDADE DE CIDREIRA 
 O município de Cidreira é parcialmente abastecido pela Companhia 
Riograndense de Saneamento (CORSAN) que segue os padrões de qualidade da 
água tratada de acordo com Valor Máximo Permitido (VMP) estipulado no Anexo XX 
da Portaria de Consolidação nº 05/17-MS. Porém essa portaria passou por uma 
alteração, passando a ser a Portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021 a vigente. 
Na tabela 05 encontra-se os parâmetros adotados pela companhia de 
saneamento do município, ainda na tabela, há os resultados da análise da água de 
abastecimento fornecida pela CORSAN para mês de fevereiro, onde se encontram 
dentro dos valores máximos permitidos, ou seja, potável para consumo humano. 
 
Tabela 05: Resultados do mês de fevereiro para parâmetros adotados pela CORSAN 
 
Fonte: CORSAN 
 
5.5.2 ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICO-BIOLÓGICO 
Na tabela 06 é apresentado os resultados das análises físico-químicas e 
biológicas para os parâmetros descritos no tópico 4.8.2, para a água do poço situado 
no bairro Parque dos Pinos no município de Cidreira. 
 
48 | P á g i n a 
 
Tabela 06: Resultado da análise físico-químicas e biológicas 
 
Fonte: Elaborada pelo autor 
 
A portaria da saúde nº 888/2021 determina que não deve ter presença tanto de 
escherichia coli nem de coliformes totais em 100mL de amostra para que a água seja 
potável, caso seja detectado deve ser investigado o motivo da ocorrência e ações 
corretivas devem ser adotadas pelo responsável. Na água analisada não foi 
encontrado a Escherichia Coli, porém foi encontrado Coliformes Totais. 
A cor Aparente e a dureza tiveram resultados satisfatórios comparados ao valor 
máximo permitido na legislação, foi obtido 10 mg Pt-Co/L de cor aparente, sendo 15 
mg Pt-Co/L seu valor máximo permitido. Assim como a dureza total que foi encontrado 
55,4 mg/LCaCo3 com 300 mg/LCaCo3 de VMP. Os fluoretos encontrados ficaram no 
limite do valor máximo permitido, com 1,5 mg/L de F, valor igual ao seu VMP. 
Seu pH é levemente alcalino, apresentando 8,3. Em relação ao sódio e a 
turbidez, ambos estão com valores dentro dos padrões, enquanto o sódio está em 60 
mg/L a turbidez chega a 3,02 NTU. Um parâmetro importante para caracterização da 
água subterrânea é o nitrito, seu valor máximo permitido é de 1 mg/L, na água 
analisada foi encontrado menos de 0,01 mg/L de nitrito. 
Dois parâmetros que tiveram números expressivos na análise foi o manganês 
e o ferro, com 2,6 e 4 vezes a mais do valor máximo permitido respectivamente. Foi 
encontrado 1,2 mg/L de ferro total na amostra sendo que o VMP é de 0,3 mg/L de Fe. 
 
49 | P á g i n a 
 
Já o manganês apresentou 0,26 mg/L enquanto o valor máximo permitido é de 0,1 
mg/L de Mn. No trabalho “Monitoramento Quali-Quantitativo do Aquífero Costeiro no 
Litoral Norte do Estado do Rio Grande do Sul” o autor comenta que a origem da alta 
concentração de ferro necessita ser melhor estudada através do monitoramento e 
desenvolvimento de estudos outros estudos específicos. A seguir é exposto uma 
rápida pesquisa sobre o solo com o intuito de investigar a ocorrência de ferro, porém 
necessitaria de um estudo mais amplo com análises in loco. 
O solo da região é constituído por dunas além de planossolos, gleissolos e 
neossolos háplicos eutróficos como podemos ver na figura 17. As dunas são 
formações arenosas presentes no litoral, em formato de morros são habitats únicos 
para populações de animais e plantas. 
De acordo com a Embrapa os Neossolos eutróficos apresentam alta saturação 
por bases e acidez além de altos teores de alumínio e de sódio. Variam de solos rasos 
até profundos e de baixa a alta permeabilidade. Os planossolos são solos de alta 
fertilidade. Os Gleissolos háplicos eutróficos são caracterizados por solos com argila 
de alta atividade e de alta fertilidade. 
 
 
 
 
 
 
50 | P á g i n a 
 
Figura 17: Mapa de ocorrência de solo no município de Cidreira
 
Fonte: Elaborado pelo autor 
 
5.6 CARACTERIZAÇÃO A PARTIR DO POÇO ANALISADO 
Após a análise físico-química-biológica é possível afirmar que a água do poço 
não segue os padrões de potabilidade, tendo uma contaminação, principalmente por 
coliformes. No Rio Grande do Sul não há uma legislação específica quanto a distância 
que um poço pode ser construído a partir de um ponto contaminado, ou seja, a 
distância mínima que um poço poderá ser perfurado em relação a uma área 
contaminado. Em São Paulo, segundo a resolução conjunta SMA/SERHS/SES 3. de 
21 de junho de 2006 os poços que estiverem em uma área declarada contaminada 
em um raio de quinhentos metros do ponto de perfuração, deverá apresentar um 
parecer técnico da CETESB. 
No artigo 2º da mesma resolução citada acima, é definido uma área 
contaminada como, 
Área, terreno, local, instalação, edificação ou benfeitoria, que contém 
quantidades ou concentrações de matérias e/ou substâncias em condições 
que causem ou possam causar danos à saúde humana, ao meio ambiente 
ou a outro bem a proteger (SMA, 2006). 
 
51 | P á g i n a 
 
Usando como base a resolução SMA de 2006, foi delimitado dois raios, um de 
250m e outro de 500m para análise da área de influência do posto contaminado, na 
figura 18 é apresentado o mapa contendo as ocupações instaladas no local. 
 
Figura 18: Mapa de Caracterização da Região Estudada 
 
Fonte: Elaborado pelo autor 
 
Dentro do raio de 250 metros é estimado 317 residências, com poucos 
comércios, sendo de pequeno porte como padarias, minimercados e lancherias. Ainda 
há um depósito de veículos e uma vala de esgoto. Enquanto no raio de 500 metros é 
estimado 1472 residências, a maioria dos comércios também são de pequeno porte, 
acrescentando algumas oficinas mecânicas e lojas, além de um supermercado de 
grande porte assim como um posto de gasolina. 
Na figura 19 é apresentada a vala de esgoto existente dentro do raio de 250 
metros. 
 
 
 
 
 
 
52 | P á g i n a 
 
Figura 19: Vala de esgoto localizado no raio de 250 metros 
 
Fonte: Google Maps 
 
Pelo número expressivo de residências, a falta de saneamento básico que 
implica em construções de fossas e a presença de coliformes na análise foi calculado 
a estimativa de vazão de esgotos para a região caracterizada. Por ser uma cidade 
litorânea foi estimado três pessoas por residência, possuindo 1472 residências, a 
estimativa é que temos 4.416 pessoas no raio de 500 metro. 
Essa estimativa se torna importante para o trabalho considerando que as 
fossas são grandes vetores de poluição, como o de coliformes, uma vez que não há 
sistema de esgotamento sanitário coletivo atendendo as residências, a região se torna 
suscetível a poluição através da infiltração por fossas. O que acentua o problema são 
as fossas construídas sem cuidados, com a falta de revestimento e segurança. 
A NBR 7229 de 1993 traz a geração diária por pessoa de acordo com cada 
ocupação, conforme a tabela 07 foi empregado 130 L/dia/pessoa que é referente as 
residências de padrão médio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 | P á g i n a 
 
Tabela 07: Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de ocupante 
 
Fonte: NBR 7229, 1993 
 
 Com base nos valores chegamos a uma estimativa de 574.080 litros de esgoto 
depositados no solo por dia dentro do raio de 500 metros analisados. Pode-se dizer 
que a população está consumindo o que está lançando diariamente uma vez que os 
poços são perfurados sem o devido monitoramento e outorga assim como não há uma 
fiscalização quanto a construção de fossas nem de poços. 
 As bactériasque pertencem ao grupo de coliformes são eliminados pelas fezes 
uma vez que estão presentes no intestino humano e animal de sangue quente, mas 
também há bactérias do grupo que podem ocorrer naturalmente no solo, na água e 
em plantas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). A análise do poço apresentou 
concentrações acima do valor máximo permitido para o consumo humano de 
coliformes totais, provavelmente seja pelo número expressivo de fossas distribuídas 
na região considerando a alta estimativa de esgoto gerado diariamente. 
 De acordo com o Ministério da Saúde, as bactérias do grupo de coliformes são 
gram negativas, esses tipos de bactérias estão associadas a uma série de doenças 
comuns como infecções intestinais e urinárias, meningite e ISTs. Nesse grupo temos 
exemplos de Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter, apesar de vários 
outros gêneros e espécies pertençam ao grupo. 
 
54 | P á g i n a 
 
Em 2016 a cidade de Cidreira ocupou o segundo lugar em internações por 
diarreia entre as dez cidades da região, esse é um problema não só do município, 
mas sim mundial afetado pela falta de saneamento básico, de acordo com a UNICEF, 
297 mil crianças com menos de 5 anos morrem anualmente por diarreia associada à 
água, saneamento básico e falta de higiene. No relatório da organização mundial da 
saúde (OMS) publicado no ano de 2019 relata que ainda havia 144 milhões de 
pessoas ingerindo água sem tratamento e esse número aumenta para 2,2 bilhões de 
pessoas que consomem água de forma insegura, mesmo possuindo acesso a água 
potável, assim como Cidreira, que há abastecimento pela CORSAN mas muitos 
consomem a água captada por poços. 
Com a falta de fiscalização, há inúmeros poços irregulares no município de 
cidreira, fazendo uma comparação com o resto do país, em um levantamento 
realizado em 2019, no Brasil há aproximadamente 2,5 milhões de poços, sendo 90% 
irregulares, estando propensos a contaminações e problemas sanitários e ambientais. 
O estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) levantou vários aspectos 
como a vazão anual dos poços que chegam a 17.580 Mm³/ano, o que abasteceria a 
população brasileira por um ano. 
O estudo ainda traz números que já foram apresentados no presente trabalho, 
onde 52% dos municípios brasileiros são abastecidos total ou parcialmente por águas 
subterrâneas. Além de não haver controle quantitativo da água no aquífero também 
há problemas de qualidade como o lançamento de efluentes no solo, chegando a 
4.329 Mm3/ano no Brasil. Em uma entrevista o Professor Hirata diz, 
 
Quase que todas as cidades brasileiras têm algum nível de contaminação por 
esgoto, e, como tem uma gigantesca quantidade de poços clandestinos, que 
não passam por análises periódicas, você tem um potencial de contaminação 
muito grande para a população (G1, 2019). 
 
Um levantamento de poços irregulares no município estudado seria importante 
para quantificar o impacto que o aquífero está sofrendo, qualitativamente em relação 
as possíveis contaminação por poços perfurados irregularmente, ou seja, não 
seguindo as normas e quantitativamente a respeito da sobrecarga que o aquífero pode 
estar sofrendo. Como por exemplo, em Brasília, estima-se mais de 7 mil poços 
irregulares, correspondendo a aproximadamente 50% do total, estimando-se um 
prejuízo de 4% de índice de perda por causa dos poços não regularizados, trazendo 
problemas de sobrecarga da reserva subterrânea que não terá tempo para repor a 
 
55 | P á g i n a 
 
água assim como a contaminação dos aquíferos com os poços mal projetados 
(CORREIO BRASILIENSE, 2015). 
No município de Cotegipe, na Bahia, houve um caso de 280 famílias estarem 
consumindo água improprias com a presença de coliformes fecais, podendo causar 
várias doenças, como a hepatite A e febre tifoide. Há um reservatório de 5m³ para o 
povoado que é abastecido por uma bomba, de acordo com o relatório da Empresa 
Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA) foi encontrado índices altos de coliformes 
fecais nas análises (G1, 2016). Esse é um exemplo do que pode estar acontecendo 
em Cidreira, com tantas fossas ao longo da cidade, pode estar acorrendo poluição por 
coliformes na água subterrânea. Algo que poderia estar sendo feito pelo órgão público 
e a empresa de saneamento do município é um monitoramento da qualidade da água 
subterrânea ao longo da cidade e uma fiscalização intensificada em relação as fossas 
mal construídas e poços irregulares. 
 
5.7 ANÁLISES DE POÇOS OUTORGADOS 
Com o mapeamento de poços outorgados no sistema de outorga do Rio Grande 
do Sul foi obtido dados referentes a qualidade da água de três poços de um 
empreendimento que fica em uma região mais afastada da zona urbana, sendo de 
aproximadamente 4,3 km de distância além de 5 km de distância do poço analisado 
no presente trabalho, como podemos ver no mapa (figura 20). As análises 
conseguidas são de 2013, 2014 e 2015, dividido em seis momentos nesse período. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 | P á g i n a 
 
Figura 20: Mapa de localização dos poços outorgados 
 
Fonte: Elaborado pelo autor 
 
No período citado acima, foram feitas trezes amostragens e em todas elas não 
tiveram presença de coliformes nas análises. O que fornece indícios que comprovam 
a relação de uma zona urbana sem esgotamento sanitário coletivo, ou seja, tendo 
presença de fossas pode afetar a água subterrânea do local. Na tabela 08 é 
apresentada as datas das amostragens da água no local além do resultado para 
coliformes totais. 
 
Tabela 08: Resultado da análise de coliforme totais para amostras de poços outorgados 
 
Fonte: Elaborado pelo autor 
 
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5.8 PROPOSTAS DE MELHORIAS 
Para uma melhor gestão das águas subterrâneas é proposto três eixos para 
melhor administrá-la. 
O primeiro eixo é sobre fiscalização, com a criação de políticas públicas 
municipais para controlar a exploração irregular dos aquíferos assim como adequar 
as fossas existentes, uma vez que praticamente 50% delas ainda são rudimentares. 
Com uma fiscalização planejada poderá ter um panorama da situação de todo o 
município, podendo intensificar ações em pontos estratégicos com aplicação de 
multas ou até mesmo fazendo um programa junto a população para melhorar as 
condições sanitárias das fossas precárias e para o tamponamento ou regularização 
dos poços irregulares existentes. 
O segundo eixo é de monitoramento, como vemos no presente trabalho há pelo 
menos um poço que não está com qualidade para consumo humano. Para ter um 
cenário completo é necessário monitoramento ao longo da cidade. Com a ajuda do 
eixo um, poderia ser feito um mapeamento de poços irregulares no município e com 
isso identificar locais prioritários para perfurações, em diferentes localidades da 
cidade, a partir de ensaiosfísico-químicas e biológicas regularmente teria um 
acompanhamento qualitativamente e a com estudos quanto a explotação e recarga 
de aquífero poderia acompanhar a sua quantidade. 
O terceiro eixo é quanto comunicação com a população, essa é uma importante 
ferramenta de gestão. Ela consiste em divulgar números principalmente em relação a 
qualidade da água subterrânea consumida e a importância de possuir um sistema 
adequado de esgotamento sanitário. Fazer publicações sobre a relação que a água 
tratada tem com a saúde humana, uma vez que doenças de veiculação hídrica 
poderiam diminuir consideravelmente com a acesso universal ao saneamento básico. 
Um tema importante que não tem visibilidade no município é o Programa Poço Legal, 
criado pela Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, que incentiva os 
usuários a regularizar seus poços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. CONCLUSÕES 
O município de Cidreira é abastecido parcialmente por água tratada pela 
Companhia de Saneamento do Rio Grande do Sul (CORSAN) porém enfrenta 
dificuldade na gestão das águas subterrâneas, quantitativamente

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