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Cuidados Uma das mais antigas profissões de condição cientifica cuja função social, humanitária e humanística permite atingir a existência do ser humano, como o compromisso ético. Espiritualidade Conceito universal, mas ao mesmo tempo, profundamente pessoal e individual, vai além das noções formais de ritual ou prática religiosa para abarcar o ser único de cada indivíduo. Há um conjunto de evidências que demonstram forte relação entre espiritualidade, religião, religiosidade e os processos de saúde, adoecimento e cura, compondo junto dos aspectos físicos, psicológicos e sociais a visão integral do ser humano. Obstáculos: desconhecimento e não atualização científica Epidemiologia Cerca de 80% da população mundial possui alguma afiliação religiosa e a fé tem sido identificada como poderosa força mobilizadora nas vidas de indivíduos e comunidades. Por que falar sobre isso? Espiritualidade e religiosidade são recursos valiosos utilizados pelos pacientes no enfrentamento das doenças e do sofrimento. ↓ Entender: a relevância, identificar demandas e prover adequado suporte espiritual e religioso, beneficia tanto pacientes como a equipe multidisciplinar e o próprio sistema de saúde. Conceitos e definições Espiritualidade: se funde a outros construtos, como a religiosidade e as dimensões de bem-estar psicológico, especialmente as relações positivas com outras pessoas, propósito na vida e, por vezes, crenças paranormais Conhecimento popular: dificulta a definição – cultural – varia de acordo com a religião e tempo. Religião: um sistema organizado de crenças, práticas e símbolos destinados a facilitar a proximidade com o transcendente ou o Divino e fomentar a compreensão do relacionamento e das responsabilidades de uma pessoa com os outros que vivem em comunidade – RELIGIOSIDADE (RO ou RNO) Como entender a espiritualidade Historicamente: processo que se desdobrava dentro de um contexto religioso, com instituições destinadas a facilitar a espiritualização do praticante. Atualidade: um aspecto dinâmico e intrínseco da humanidade, pelo qual as pessoas buscam significado, propósito, transcendência e experimentam relacionamento com o eu, a família, os outros, a comunidade, a sociedade, a natureza e o significativo ou sagrado. Espiritualidade é expressa através de crenças, valores, tradições e práticas Para o GEMCA: “espiritualidade é um conjunto de valores morais, mentais e emocionais que norteiam pensamentos, comportamentos e atitudes nas circunstâncias da vida de relacionamento intra e interpessoal”. Dessa forma, espiritualidade pode incluir religião e outras visões universais, mas engloba formas muito mais gerais pelas quais essas experiências são expressas, inclusive por meio das artes, relações com a natureza e outros e, para alguns, através do conceito de humanismo secular, este enfatizando a razão, a investigação científica, a liberdade e responsabilidade individuais, valores humanos, compaixão e as necessidades de tolerância e cooperação. Anamnese Espiritual e Escalas para Mensuração da Religiosidade e Espiritualidade FERRAMENTAS PARA RASTREAMENTO ESPIRITUAL + COLETA DA HISTÓRIA ESPIRITUAL Anamnese espiritual: perguntas feitas ao paciente para que ele compartilhe seus valores espirituais e religiosos, de forma a identificar possíveis questões espirituais que possam contribuir ou prejudicar a terapêutica Abordagem: durante a entrevista, no momento em que o médico avalia os aspectos psicossociais. Pontos: importância, se ajuda ou gera estresse, sentimentos positivos ou negativos, necessidade espiritual não atendida 1. Rastreamento espiritual: avaliam a presença de necessidades espirituais que indiquem uma avaliação mais profunda. São breves e de fácil aplicação. 2. Coleta da história espiritual: permitem uma avaliação mais ampla dos diferentes domínios da espiritualidade e religiosidade dos pacientes que poderão afetar a evolução clínica, sua postura perante a DCV, o autocuidado e seu bem estar físico, mental e espiritual durante a doença. espiritualidade saúde mental Atitudes e condutas após anamnese espiritual Incorporar espiritualidade na saúde preventiva: questões religiosas são delicadas e nem sempre objetivas a ponto de comportar uma resolução plausível, ainda que possam ter grande importância para o paciente. Incorporar espiritualidade na saúde preventiva: o médico pode estimular o paciente a usar sua espiritualidade como ferramenta de prevenção as doenças, ao exercer atividades como oração e meditação; Incluir espiritualidade no tratamento adjuvante: Médico pode ajudar o paciente a identificar aspectos espirituais que, juntamente com o tratamento padrão, possam auxiliar no desfecho da doença; no caso de doenças graves o médico, após a coleta da história espiritual, pode ajudar o paciente a encontrar significado, aceitar a doença, e enfrentar a situação usando os seus recursos espirituais da melhor forma; Modificar o plano de tratamento: cabe ao médico compreender que o paciente tem autonomia de poder modificar o plano terapêutico com base em suas crenças religiosas e assim propor modificações no rumo do tratamento. Espiritualidade/religião e transtornos mentais. § História singular de negligência: ignoradas na abordagem psiquiátrica; proibida pela crença religiosa. § Psiquiatria: a espiritualidade, a religião, a religiosidade e suas manifestações estiveram, historicamente, associadas a atitudes negativas que comprometiam a evolução do quadro clínico e influenciavam na produção de sintomas (PARGAMENT; LOMAX, 2013). § CONCEITO =/- ESTÃO RELACIONADOS AO PROCESSO SAÚDE/DOENÇA MENTAL Positivo Negativo Relacionado a melhores resultados na recuperação de doença física e mental, na manutenção da saúde mental, física e da longevidade. Associado a resultados negativos – como o fanatismo, as mortificações e o tradicionalismo opressivo – e ao uso inadequado dos serviços de saúde Vivência religiosa/espiritualidade como fator que fortalece o indivíduo no enfrentamento da doença 1) A vivência religiosa/espiritualidade traz um alento para a vida quando associada ao apoio da rede social que se estabelece nas agências religiosas frequentadas por esses indivíduos. 2) Frequentar algum espaço religioso é visto como fator de proteção à crises. 3) Atribui um significado a experiência do adoecimento. 4) Os indivíduos podem autorregular seus sintomas quando se sentem seguros e amparados por um ser divino, apresentando menos sintomas negativos, melhor funcionamento social e, consequentemente, melhor qualidade de vida. 5) influencia a saúde mental por meio de comportamentos e estilo de vida saudáveis, apoio social, sistemas de crenças, estrutura cognitiva, práticas religiosas e expressão saudável do estresse gerado pelo adoecimento. Vivência religiosa como fator que dificulta o tratamento 1) A religião se torna algo prejudicial quando usuários e familiares, em nome da vivência religiosa/espiritualidade que professam, negam a necessidade de tratamento para os transtornos mentais. 2) Religião: algo que pode desequilibrar os pacientes e desestabilizar suas relações sociais, dificultando o tratamento. 3) Para as pessoas com transtornos mentais, atividades religiosas que as expõem publicamente como alguém possuído por uma entidade do mal ou algo correlacionado geram sofrimento e constrangimento, o que contribui para o isolamento social. 4) Os profissionais apontam que em alguns momentos os pacientes atribuem a piora do quadro clínico a causas externas, de cunho espiritual, e que nesses casos eles não se responsabilizam pelo tratamento, aguardando uma solução divina Toda vivência religiosa/espiritualidade tem seu sistema de crenças, por isso, é importante conhecê-lo para identificar se interfere de forma positiva ou nãono tratamento das pessoas com transtornos psiquiátricos e para intervir, se necessário. Diante da inserção do usuário da saúde mental em diferentes cenários, que não apenas na rede de atenção de cuidados, é importante ouvir o que pensam a família e os líderes religiosos a respeito do tema, considerando-os como parceiros importantes na rede social de apoio do paciente.