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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO AGRONEGÓCIO Página 1 de 7 MÓDULO:O Agronegócio, o Meio Ambiente do Trabalho e o Trabalho Decente. Respostas Atividade Avaliativa DOCENTE: Profa. Dra. Carla Reita Faria Leal DISCENTE: Guilherme Leite Rodrigues Questão: “ PESQUISE E REPONDA: 1) Conceitue meio ambiente do trabalho e seus componentes. 2) Discorra sobre pelo menos três princípios que informam o direto ambiental do trabalho, citando exemplos de sua aplicabilidade. 3) Trate da responsabilidade civil do empregador nas hipóteses de ocorrência de acidente do trabalho (típico ou doença ocupacional).” Resposta: Pela brilhante explanação da Prof. Dra. CARLA REITA FARIA LEAL, foi apresentado diversos casos práticos vivenciados pela magistrada, fazendo uma correlação entre o agronegócio e o meio ambiente do trabalho. Desta feita, passa-se a elaborar as respostas. 1) Conceitue meio ambiente do trabalho e seus componentes. Podemos conceituar o meio ambiente do trabalho em síntese, que o conceito abrange o conjunto de todos os elementos materiais e imateriais inerentes a ser humano trabalhador, sendo essencial para a manutenção da integridade física, bem como a UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO AGRONEGÓCIO Página 2 de 7 qualidade de vida, em conformidade ao art. 225, caput1, da Constituição Federal, e o art. 3º2 da Lei nº 6.938/81. Pode-se dizer, portanto, que o ser humano encontra-se no centro da “Política Nacional do Meio-Ambiente” plasmada na Constituição Federal, na Lei nº 6.938/81 e nos diplomas legais e regulamentares esparsos. Sendo assim, os seus componentes todas as ações implementadas nos espaços públicos e privados, artificiais e naturais, materiais e imateriais, deverão primar pela manutenção do equilíbrio necessário à integridade física e psíquica dos indivíduos, sem que nenhum outro interesse de qualquer natureza justifique o contrário.3 2) Discorra sobre pelo menos três princípios que informam o direto ambiental do trabalho, citando exemplos de sua aplicabilidade. Pela palavras do doutrinador Prof. Dr. CELSO ANTONIO PACHECO FIORILLO, destacou que os princípios previsto no Direito Ambiental, estão regidos pela nossa Constituição Federal de 1988 (CF), dos quais citou: Princípio do 1 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 2 Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; V - recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera. (Revogado) V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989). 3 FIORILLO. Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 13ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 68- 74. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO AGRONEGÓCIO Página 3 de 7 Desenvolvimento Sustentável, Poluidor-Pagador, Prevenção, Participação e Princípio da Ubiquidade. 1) Princípio do Desenvolvimento Sustentável, está previsto no art. 2254 e 170, VI5, ambos da Constituição Federal. Vejamos a definição deste princípio pelo entendimento do doutrinador Celso Antonio Pacheco Fiorillo6 (2013, p.57), in verbis: Consta-se que os recursos ambientais não são inesgotáveis, tornando-se inadmissíveis que as atividades econômicas desenvolvam-se alheias a esse fato. Busca-se com isso a coexistência harmônica entre economia e meio ambiente. Permite-se o desenvolvimento, mas de forma sustentável, planejada, para que os recursos hoje existentes não se esgotem ou tornem-se inócuos. Neste viés, as palavras do doutrinador Frederico Amado7, in verbis: Destarte, desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de existência digna das gerações futuras, sendo possível melhorar a qualidade de vida dos vivos sem prejudicar o potencial desenvolvimento das novas gerações. Será sustentável apenas o desenvolvimento que observe a capacidade de suporte da poluição pelos ecossistemas, respeitando a perenidade dos recursos naturais, a fim de manter bons padrões de qualidade ambiental. Todavia, o Princípio do Desenvolvimento Sustentável não possui apenas uma vertente econômico-ambiental, mas também tem uma acepção social, consistente na justa repartição das riquezas do mundo, pois inexiste qualquer 4 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 5 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 6 FIORILLO. Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 13ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 68- 74. 7 AMADO, Frederico Augusto Di Trindade, Direito ambiental esquematizado – 5.a ed. Rio de Janeiro: Forense ; São Paulo : MÉTODO, 2014. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO AGRONEGÓCIO Página 4 de 7 razoabilidade em se determinar a alguém que preserve os recursos naturais sem previamente disponibilizar as mínimas condições de dignidade humana. Entendendo que esse princípio é de suma importância para o meio ambiente, pois, trás um meio termo entre o desenvolvimento, mas não deixando de lado, a sustentabilidade, ou seja, trás o equilíbrio, como forma de balança. Assim, por força da Constituição Federal, a iniciativa privada, está vinculada ao seu desenvolvimento socioeconômico, em conjunto com o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Temos como exemplo de aplicação deste princípio, a utilização da ideia de sustentabilidade no pagamento pelos serviços ambientais, que na prática é cultivado pelo créditos de carbono. Mas ainda é precisar ser feito bastante coisas, no intuito de garantir a aplicação deste princípio, para que não fiquemos nas boas intenções, e nada de efetividade na prática. 2) Princípio Do Poluidor-Pagador, está previsto no art. 225, §3o5 da CF. Vejamos a definição deste princípio pelo entendimento do doutrinador CELSO ANTONIO PACHECO FIORILLO8 (2013, p.59), in verbis: Podemosidentificar no princípio do poluidor-pagador duas órbitas de alcance: a) busca evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo); e b) ocorrido o dano, visa à sua reparação (caráter repressivo). Desse modo, num primeiro momento, impõe-se ao poluidor o dever de arcar com as despesas de prevenção dos danos ao meio ambiente que a sua atividade possa ocasionar. Cabe a ele o ônus de utilizar instrumentos necessários à prevenção dos danos. Numa segunda órbita de alcance, esclarece este princípio que, ocorrendo danos ao meio ambiente em razão da atividade desenvolvida, o poluidor será responsável pela sua reparação. 8 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p.59 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO AGRONEGÓCIO Página 5 de 7 Esse princípio foi objeto da criação da Lei 6.938/81, “é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”. O Poluidor além da esfera civil, deverá ser responsabilidade também na esferas administrativa e criminal, conforme prevê §3o do art. 225 da CF. Por fim, o Princípio do Poluidor-pagador tem sua aplicação nos custos sociais da degradação causada pelo agente econômico. 3) Princípio da Prevenção, está previsto no caput art.225 da CF, ao passo no destaque dos verbos proteger e preservar. Vejamos a definição deste princípio pelo entendimento do doutrinador CELSO ANTONIO PACHECO FIORILLO9 (2013, p.68), in verbis: A prevenção e a preservação devem ser concretizadas por meio de uma consciência ecológica, a qual deve ser desenvolvida através de uma política de educação ambiental. De fato, é a consciência ecológica que propiciará o sucesso no combate preventivo do dano ambiental. Todavia, deve-se ter em vista que a nossa realidade ainda não contempla aludida consciência, de modo que outros instrumentos tornam-se relevantes na realização do princípio da prevenção. Entende-se que no Direito Ambiental, a prevenção poderá ser meio coercitivo para evitar o poluidor nas possíveis práticas de agressões ao meio ambiente, com aplicações de penas e multas rigorosas. Assim, o Princípio da Prevenção trabalha com a certeza científica, sendo invocado quando a atividade humana a ser licenciada poderá trazer impactos ambientais já conhecidos pelas ciências ambientais em sua natureza e extensão. 9 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p.68. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO AGRONEGÓCIO Página 6 de 7 3) Trate da responsabilidade civil do empregador nas hipóteses de ocorrência de acidente do trabalho (típico ou doença ocupacional).” Neste tema sobre responsabilidade civil do empregador, temos o entendimento já posto pelo Supremo Tribunal de Justiça mediante a lavratura da súmula nº 22910. Atualmente a responsabilidade civil do empregador transige nas seguintes 3 (três) correntes definidas abaixo: DISPOSITIVOS APLICÁVEIS TIPO DA RESPONSABILIDADE CIVIL Art. 7º, XXVIII, da Constituição Federal.(Causalidade Tópica). Subjetiva. Art. 927, parágrafo único, do Código Civil. (Risco da Atividade) Objetiva. Art. 225, § 3, da Constituição Federal c/c o Art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81. (Causalidade Sistêmica) Objetiva. A primeira corrente, com previsão legal no art. 7º, XXVIII11, da Constituição Federal, condiciona o dano pela reparação cível através dos acidentes, de acordo com a demonstração de dolo e culpa (responsabilidade subjetiva), no caso prático, englobando todos os acidentes de trabalho de forma geral, independentemente das circunstâncias subjacentes aos casos concretos. “Causalidade Tópica”. A segunda corrente, com previsão legal no art. 927, parágrafo único, do Código Civil.12, define a regra da responsabilidade objetiva pelos danos decorrentes das atividades a implicarem, e afastaria a necessidade de inquisição em torno do dolo e da culpa dos empregadores pelos acidentes de trabalho ocorridos em seus estabelecimentos, “Risco da atividade”. 10 Súmula 229 – A indenização acidentária não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do empregador. 11 XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 12 Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO DO AGRONEGÓCIO Página 7 de 7 Já a terceira corrente, é uma extensão da segunda corrente, com ampliação da proteção do meio ambiente do trabalho, com a cumulação do Art. 14, § 1º13, da Lei nº 6.938/81, com o art. 927, parágrafo único, do Código Civil. Pois bem, no ambiente de trabalho, temos as atividades profissionais que trazem consigo os “riscos especiais”, ou (risco da atividade) que incidem o regime de responsabilidade objetiva. Neste viés, as atividades sempre devem buscar o equilíbrio no ambiente de trabalho, ou seja, os danos que muito embora não integrem, necessariamente, os riscos inerentes à atividade desempenhada pelo empregador, decorrem da organização desequilibrada do local de trabalho. No direito temos que nos debruçar e analisar a tarefe de casos concretos, diante dos de acidentes de trabalho e doenças profissionais e de definir o regime da responsabilidade civil aplicável à cada caso, “Causalidade Sistêmica”. Em suma: quando a organização inadequada dos locais de trabalho ocasiona acidentes laborais, está-se diante da figura da “causalidade sistêmica”, assim denominada justamente porque compreende os infortúnios decorrentes da sistematização deficiente dos fatores de produção que, em tais hipóteses, não têm por origem situação isolada a afetar um ou outro obreiro, mas sim um desequilíbrio ambiental causado, preponderantemente, pela ação ou omissão do empregador.14 Por fim, a responsabilização objetiva ou subjetiva pelos danos ao meio- ambiente laboral dependerá das circunstâncias fáticas apreciadas em concreto pelos intérpretes/aplicadores, a denotarem as hipóteses de causalidade tópica ou sistêmica, ou as situações em que há efetiva à existência de riscos inerentes à atividade desempenhada regularmente pelo empregador. 13 § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. 14 A propósito, a responsabilidade objetiva em tais situações foi consagrada no verbete nº 38 da 1ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho, realizada em 2007 nas dependências do Tribunal Superior do Trabalho:
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