Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Vict�ria K. L. Card�so Bl�queio de neur�eixo Introdução Conceito: ● Bloqueio de neuroeixo = bloqueio da medula espinhal. ○ Realização de raquianestesia e de peridural → nesses locais, a anestesia é SEMPRE local, com a função de bloquear a condução nervosa. ○ A anestesia local faz um bloqueio simpático dos canais de sódio! ■ Nesse momento, o sistema parassimpático sobressai → com isso surgem as complicações. ● Raquianestesia: a anestesia ocorre dentro do canal medular (na subaracnóide), ou seja, entre a aracnóide e a pia-máter → não atinge a medula. ○ Esse tipo de anestesia é realizado para coleta de LCR, pois nesse local há saída de líquor. ○ Local: entre a L2 e L3 → transfixa a medula, entra no canal medular, mas não encosta na medula. ■ Dose máx: 4 ml. ○ Margem de segurança: de L1 para baixo → abaixo da L1 se inicia a cauda equina. ■ Em RN: abaixo de L3 ● Peridural: a anestesia ocorre em um espaço próximo à dura-máter (peri = próximo; dural = dura-máter), entre o ligamento amarelo e a dura-máter, não entra no canal medular, ou seja, a agulha não atinge o líquor. ○ Localização em um espaço virtual (entre o ligamento amarelo e a dura-máter) → local em que há pressão negativa. ○ Aqui NÃO sai líquor. ○ Margem de segurança para a punção: pode-se realizar em qualquer nível, apenas tomando cuidado para não haver perfuração. ■ Dose máx: 40 ml. ■ A toxicidade é muito maior que na raqui. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Técnica 1 para verificar se está no local correto - Técnica de Dogliotti → quando se consegue injetar ar dentro do espaço, por conta da pressão negativa (enquanto não chega nesse espaço virtual, a pressão impede que o ar saia da seringa). ○ Técnica 2 - Técnica da gota pendente: antes de iniciar o procedimento, coloca-se um pouco de soro na seringa, então, por conta da pressão negativa, ao chegar no espaço virtual, a ausência de pressão suga a bolha da seringa. ○ Obs: no caso de inserir a seringa mais do que se deve, pode haver a saída de LCR, indicando que houve a transfixação da medula. ● Camadas atingidas: pele → tecido subcutâneo → vértebras → processo transverso → canal medular → medula. ● Inserção do anestésico na medula espinhal, entre o processo L2 e L3 da coluna vertebral. ○ Entretanto, a anestesia pode ser feita em qualquer nível da coluna. ● Mecanismo de ação: bloqueio de transdução elétrica no impulso nervoso. ● Ordem dos bloqueios: 1. Temperatura. 2. Sensibilidade tátil. 3. Sensibilidade motora. Divisões da coluna vertebral: ● 7 vértebras cervicais. ● 12 vértebras torácicas. ● 5 vértebras lombares. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ A anestesia ocorre nessa divisão. ● 4 porções coccígeas (sacro). Obs: 75% da vascularização de toda coluna e da medula é feita através da artéria de Adamkiewicz, que é um ramo da artéria aorta → Cuidado: raquianestesias e peridurais podem causar um hematoma subdural, com sérias complicações aqui → sangramento dentro do canal medular ou do espaço peridural. Complicações da raquianestesia e da peridural: ● Antes de mais nada: ○ A raqui e a peridural são anestesias de efeito local, que agem (bloqueiam) o sistema simpático. ○ Assim, com essas anestesias, o sistema simpático sobressai e aí surgem as complicações. ○ Resumindo: as grandes complicações e os efeitos da raqui e da peridural são consequências do sistema parassimpático, que começam a agir sem o efeito antagônico do sistema simpático. ● Efeito cardiovasculares: ○ Pacientes com maior risco: idosos e obesos. ○ Especificamente na raquianestesia: cuidados a se ter… ■ Atenção à extensão e a altura da agulha. ■ Complicações mais comuns: hipotensão e bradicardia. ○ Consequências gerais: do local da anestesia para baixo, os vasos estarão dilatados (VASODILATADOS) = diminuição do retorno venoso = hipotensão = bradicardia → obs: a vasodilatação que causa os sintomas de membros “esquentando” e “formigando” durante a anestesia. ■ Quanto maior a área bloqueada pelo sistema nervoso simpático, maiores serão as consequências de reverberação do sistema parassimpático, principalmente quanto a diminuição do retorno venoso. ■ Obs: NUNCA se faz raquianestesia em cardiopata!!! ○ Se houver o bloqueio das fibras de T1 a T4, que são fibras cardioaceleradoras (responsáveis pela inervação do coração), pode haver parada cardíaca. ■ Por isso que há o local mínimo de aplicação para margem de segurança, @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so visto que geralmente a anestesia “sobe” apenas 1-2 níveis. ○ Tratamento da hipotensão: uso de cristalóides (ringer lactato) OU uso de vasoconstrictor (metaraminol ou efedrina). ● Efeitos respiratórios: ○ Há preservação do volume corrente = o paciente se mantém respirando normal. ○ Diminuição da capacidade vital → caso a anestesia alcance a musculatura acessória da respiração, o paciente não conseguirá fazer uma respiração profunda, apenas superficial. ○ As complicações ocorrem mais em idosos e em portadores de DPOC. ○ Apneia, levando a isquemia bulbar → ocorre quando o anestésico se direciona a nível central e atua no bulbo → extremamente raro. ● Efeitos gastrointestinais: ○ Náuseas e vômitos (20%) → são os primeiros sinais da raquianestesia e indicam diminuição do retorno venoso e hipotensão. ○ Os efeitos da raqui costumam ser mais rápidos e agudos do que os da peridural. ○ Causa o aumento de secreções e da motilidade intestinal e relaxamento dos esfíncteres → maior efeito do sistema parassimpático. ○ Causa bloqueio da resposta metabólica ao trauma → glucagon, insulina… ● Efeitos renais: ○ Diminuição do fluxo sanguíneo renal (por conta da hipotensão) → pode haver oligúria. ■ Em caso de não resolução pode ocorrer anúria e IRA. ○ Retenção urinária → após 8/12h de anestesia, o paciente precisa urinar. ■ Em caso de retenção urinária, pode haver bexigoma, então deve-se passar uma sonda vesical. ■ Nesse caso, a retenção passa após 12/24h, quando o sistema parassimpático para de atuar nos esfíncteres. Meninges e dermátomos Características gerais: ● Início: SNC. ● Fim: região sacral. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ● Da camada mais externa para a mais interna: dura-máter, aracnóide, pia-máter, medula espinhal. ● Dura-máter: ○ É a mais externa, espessa e acelular. ○ Se inicia no forame magno e termina na região sacral (S2). ○ Sua superfície interna está em contato com a aracnóide. ○ Composição: fibras de elastina + colágeno. ● Aracnóide: ○ É uma membrana vascular com tecido conjuntivo. ○ Forma as granulações aracnóides. ○ Local de absorção do líquor. ○ Realiza a proteção das raízes nervosas. ● Pia-máter: ○ É aderida a medula espinhal e possui aspecto de rede (fenestrada), justamente para dar mobilidade à medula. ○ Filum terminale: aspecto de rede e altamente vascularizada. Produção, absorção e pressão do líquor: ● Produção: plexo coróide. ● Absorção: vilosidades aracnóides, no SNC. ● Pressão liquórica normal: 15-20 mmHg → cuidado com a hipertensão intracraniana. Volume máx de LCR disponível: 130-150 ml (é o que cabe dentro de todo encéfalo + canal medular). ● Entretanto, o valor diário produzido varia entre 450-500 ml (3x o valor disponível) e o valor excedente é absorvido. Obs: no caso de realização de punção lombar com hipertensão intracraniana, pode haver o processo de herniação na saída do líquor, ou seja, na saída do líquor, o bulbo é “empurrado” (por conta da pressão) para dentro do forame magno, causando morte imediata por compressão do tronco do bulbo. Dermátomos: ● Trata-se de uma área da pele em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ○ Esses nervos sensoriais transportam informações de tato, dor, temperatura e vibração desde a pele até a medula espinhal. ● Quando se realiza uma anestesia na saída de raízes nervosas, englobando por exemplo um plexo, todo aquele dermátomo fica anestesiado. Raquianestesia Tipos de agulhas: existem as agulhas cortantes e não cortantes. ● Agulha cortante: agulha de Quincke→ pelo fato de cortar as fibras, pode causar cefaléia. ● Agulha não cortante: agulha de Sprotte→ como não corta as fibras, o efeito colateral de cefaléia é menor. ○ Essa é melhor. Formas de se realizar a punção: ● Mediana = reta ● Paramediana = deslocando para o lado Posicionamento: 1. Decúbito lateral, em posição fetal, com os joelhos tentando tocar no rosto. OU 2. Sentado, com braços e coluna relaxados. ● Para se realizar a punção, deve-se encontrar a linha de Turriê, traçada entre as cristas ilíacas, que coincide entre os níveis de L2 e L3. ○ Então, a anestesia deve ser realizada desse níve para baixo. Altura do bloqueio - depende da baricidade (peso molecular do anestésico em comparação com o líquor): ● Hiperbáricas com glicose: mais pesada que o líquor → desce no LCR (vai descendo um pouquinho, efeito menor, dura 2h30/3h). ○ Vantagens: anestesia níveis maiores. ○ Cuidado a posição de Trendelemburg: pois, apesar de ser necessária em algumas cirurgias, esse posicionamento @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so facilita que o anestésico local suba alguns níveis, podendo causar mais complicações, como hipotensões mais severas e bradicardia. ● Isobáricas: mesmo peso que o líquor, não alteram sua posição, onde forem injetadas vão ficar.. ○ Vantagem: é mais localizada, tem menos efeitos colaterais, dificilmente sobe e dura mais (4/5h), porque fica mais tempo em uma mesma região. ● Hipobáricas: mais leve que o líquor → sobe no LCR, por isso não se usa mais. ● Fixação bloqueio-equilíbrio. Anestésicos locais atualmente usados: ● Anestésicos utilizados: lidocaína, ropivacaína e bupivacaína. ○ O mais tóxico: ropivacaína. ● Na raquianestesia: bupivacaína (maior duração). ○ Não se usa mais a lidocaína pois ela tem efeito mais rápido e é neurotóxica. ● Na peridural: ropivacaína. Aditivos: (utilizados com os anestésicos locais) ● Opções de uso: vasoconstritores, alfa-2-agonistas, neostigmina e opióides. ● Comumente usada = morfina → TODA raquianestesia ou peridural utiliza também um opióide e na maioria das vezes é a morfina, com finalidade analgésica. Peridural Tipos de agulhas: ● Primeiro ponto: essas agulhas são bem mais calibrosas e bem maiores do que as de raquianestesia. ○ O local da punção é determinante → menos efeitos colaterais. Formas de dispersão do anestésico: ● A dispersão ocorre no sentido caudal-cranial. ● Pontos importantes para o efeito da anestesia: ○ Local da punção. ○ Dose e volume da droga →diferente da raqui, que já está @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so dentro do SNC, a peri bloqueia apenas as raízes nervosas, então é necessário um volume maior, para bloquear mais raízes nervosas. ● Concentração e posição não são importantes. Peridural caudal: ● É utilizada apenas em crianças, até 8 anos de idade, pois a membrana sacrococcígea não é fibrosa. ● Indicações: cirurgias genitourinárias, hérnias inguinais e umbilicais. Complicações: ● Dor lombar: é comum, ocorre em 25% dos casos. ● Lesões mecânicas: lesões medulares e radiculopatias. ○ Ocorre quando a agulha toca na cauda equina (causa um choque). ● Síndrome da cauda equina: lesão de ramos dorsais e ventrais abaixo de L1, com analgesia perineal, parestesias e dores de membros inferiores. ○ Ocorre no pós-operatório imediato. ● Sintomas neurológicos transitórios: dor, disestesia nas nádegas ou pernas, dor lombar persistente, lidocaína 5%, cirurgias de joelho, quadris, litotomia. ● Fístula liquórica: perfuração da meninge, com saída de líquor que fica retido no espaço peridural durante algum tempo. ○ Sintomas associados: cefaleia, tontura… ○ Ocorre após punção e passagem de cateter. ○ Tratamento: blood patch → processo para “tampar” a saída do líquor, utilizando o próprio sangue do paciente para colocar no espaço peridural; assim o sangue vai subir para onde tem a saída do líquor e vai coagular ali, tampando a saída do líquor. ■ Problema: meningite (principalmente por Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa). ● Cefaleia pós-raqui: ○ Ocorre 24-48h após o procedimento. ○ Método confirmatório: pedir para o paciente ficar sentado e em pé → há piora importante da dor → dor holocraniana. ○ Sintomas associados: os sintomas podem persistir por até 7 dias. ■ Tontura. ■ Náuseas e vômitos. @p�sitivamed Vict�ria K. L. Card�so ■ Rigidez de nuca. ■ Náuseas e vômitos. ■ Sintomas auditivos e visuais. ■ Hipotensão liquórica. ○ População mais acometida: ■ Mulheres (especialmente jovens). ■ Gravidez. ■ Múltiplas punções. ■ Uso de agulhas calibrosas e cortantes. ○ Tratamento: ■ Repouso + hidratação + analgésicos + cafeína (um dos principais pontos do tratamento). ■ Injeção de SF 0,9%. ■ Injeção Dextran 40. ■ Último caso → realizar blood patch (tampão sanguíneo). ● Raquianestesia total: ○ Ocorre quando a anestesia sobe até o SNC, através da perfuração da dura-máter. ○ Sinais: hipotensão severa, bradicardia e parada cardiorespiratória. ○ Tratamento: intubação + reanimação. ● Hematoma: ○ Sinais: fraqueza ou falta de sensibilidade nos membros inferiores. ○ A pesquisa para confirmação é IMEDIATA. ○ O tempo para diagnosticar com RNM, drenar cirurgicamente e reverter o quadro é de 8 HORAS. ■ Após 8h as lesões são irreversíveis. ○ Contraindicação para raquianestesia: uso de anticoagulantes (AAS e AINH)! → pois, caso haja um sangramento, o normal é a formação de um trombo, mas nesses pacientes, o uso de anticoagulantes impede a formação de um trombo, o que causa uma compressão medular, por conta da intensidade do sangramento. @p�sitivamed
Compartilhar