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DIREITO FALIMENTAR - RESUMO

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DIREITO FALIMENTAR
 INTRODUÇÃO
Recuperação de Empresas – Prof. Roney Lemos
1. Sujeição ao regime da Lei. 11.101/2005.
Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.
Código Civil: Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
III Jornada de Direito Civil (CJF).
Enunciado 193. Art. 966: O exercício das atividades de natureza exclusivamente
intelectual está excluído do conceito de empresa.
III Jornada de Direito Civil (CJF).
Enunciado 194 – Art. 966: Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores da produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.
Enunciado 195. A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um dos
fatores da organização empresarial.
2. Exclusão do regime da Lei. 11.101/2005 ???
Associações: Código Civil. Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
ASSOCIAÇÃO DO HOSPITAL EVANGÉLICO DO RIO DE JANEIRO
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. TRIBUNAL CONCLUIU QUE A PARTE PLEITEANTE É UMA ASSOCIAÇÃO. AUSÊNCIA DE REGISTRO NA JUNTA COMERCIAL. IMPOSSIBILIDADE DE REQUERER A RECUPERAÇÃO JUDICIAL. NATUREZA JURÍDICA BASEADA NOS ELEMENTOS FÁTICOS E PROBATÓRIOS DOS AUTOS. REEXAME DAS PROVAS. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
(STJ. AgInt no AREsp 658531 / RJ. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2015/0017742-5. Relator(a): Ministro RAUL ARAÚJO. Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA. Data do Julgamento: 15/03/2021. Data da Publicação/Fonte: DJe 07/04/2021)
3. Situação do produtor rural.
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Situação do produtor rural - cenário atual - conforme a Lei no 14.112, de 2020:
É cabível o pedido de recuperação da empresa, desde atendidas as exigências documentais para fins de comprovação do tempo mínimo de exercício da atividade rural (nova redação do art. 48, § 1o, § 2o, § 3o, § 4o e § 5o, da Lei 11.101/2005), assim como respeitados os limites de abrangência do plano de recuperação (nova redação do art. 49, § 6o, § 7o, § 8o e § 9o, da Lei 11.101/2005).
Questão para debate: Seria possível a recuperação judicial de uma associação?
A Lei 11.101/2005 estabelece que o regime de Recuperação Judicial é cabível ao empresário ou à sociedade empresária que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 anos e atenda aos demais requisitos estabelecidos pelo artigo 48. Ainda, dispõe o artigo 966 do Código Civil que é empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Muito embora a estrutura das associações não seja a de uma sociedade empresária, visto que não possui inscrição de empresário no Registro Público de Empresas Mercantis, algumas associações desenvolvem atividade econômica, fazendo com que riquezas e empregos sejam gerados, cuja preservação é o intuito da Lei. As associações sem fins lucrativos não integram o rol taxativo previsto no artigo 1o da Lei 11.101/2005, que disciplina a Recuperação Judicial do empresário e da sociedade empresária, mas também não foram excluídas pela lei como autorizadas ao manejo da Recuperação Judicial. Por não haver expressa previsão legal que exclua das associações a possibilidade de pedir Recuperação Judicial e pela atividade econômica que muitas delas exercem, sendo, portanto, agente econômico, os Tribunais passaram a decidir pelo deferimento do pedido de Recuperação Judicial para as associações sem fins lucrativos, devido a sua relevância social e o desempenho de atividade empresarial. Apesar de o pedido de Recuperação Judicial pelas associações sem fins lucrativos ainda ser um tema polêmico, se a associação demonstrar que exerce atividade produtiva que deve ser preservada em razão de sua relevância econômica e social, os Tribunais vêm se predispondo por deferir os pedidos. Pela letra fria da lei, contudo, as associações não possuem legitimidade para requerer a Recuperação Judicial, podendo no entanto valer-se de outros institutos legais, como a insolvência civil, prevista pelo Código de Processo Civil de 1973.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA
OBJETIVOS 
A recuperação judicial tem por objetivo:
(i)viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de (ii) permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, (iii) promovendo, assim, apreservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. (Art. 47, Lei. 11.101/2005)
“Assim, a recuperação da empresa não deve ser vista como um valor jurídico a ser buscado a qualquer custo. Pelo contrário, as más empresas devem falir para que as boas não se prejudiquem. Quando o aparato estatal é utilizado para garantir a permanência de empresas insolventes inviáveis, opera-se uma inversão inaceitável: o risco da atividade empresarial transfere-se do empresário para os seus credores.”
“A função social de empresa presente na redação do artigo, indica, ainda, visão atual referentemente à organização empresarial, cuja existência está estribada na atuação responsável no domínio econômico, não para cumprir as obrigações típicas do Estado nem substituí-lo, mas sim no sentido de que, socialmente, sua existência deve ser balizada pela criação de postos de trabalho, respeito ao meio-ambiente e à coletividade e, nesse sentido é que se busca preservá-la.”
“Ao se referir a estímulo à atividade econômica, está implícito o reconhecimento de que a empresa é uma das fontes geradoras de bem-estar social e que, na cadeia produtiva, o desaparecimento de qualquer dos elos pode afetar a oferta de bens e serviços, assim como a de empregos, por conta do efeito multiplicador na economia.”
REQUISITOS (ART. 48, Lei 11.101/2005).
Poderá requerer recuperação judicial o devedor (empresário) que, no momento do pedido, exerça regularmente (registro) suas atividades há mais de 2 (dois) anos E que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I – não ser FALIDO e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes.
Lei 11.101/2005. Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial.
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial (PLANO “ORDINÁRIO”).
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no PLANO ESPECIAL. (alterado pela L.C 147/2014).
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na Lei 11.101/2005.
Comprovações específicas para atividade rural (Lei no 14.112, de 2020)
No caso de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a comprovação do prazo 2 (dois) anos, por meio da Escrituração Contábil Fiscal (ECF) ou por meio de obrigação legal de registros contábeis que venha a substituir a ECF, entregue tempestivamente.
Para a comprovação do prazo 2 (dois)anos, o cálculo do período de exercício de atividade rural por pessoa física é feito com base no Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou por meio de obrigação legal de registros contábeis que venha a substituir o LCDPR, e pela Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e balanço patrimonial, todos entregues tempestivamente. No que diz respeito ao período em que não for exigível a entrega do LCDPR, admitir-se-á a entrega do livro-caixa utilizado para a elaboração da DIRPF.
Na recuperação judicial de companhia aberta, serão obrigatórios a formação e o funcionamento do conselho fiscal, nos termos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, enquanto durar a fase da recuperação judicial, incluído o período de cumprimento das obrigações assumidas pelo plano de recuperação.
LEGITMIDADE ATIVA (ART. 48, Lei 11.101/2005).
Devedor Empresário (Individual e Sociedade).
Situações de difícil ocorrência: a recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.
A questão do falecimento da pessoa natural que exerce atividade empresarial: estão legitimados o cônjuge sobrevivente, os herdeiros do devedor e o inventariante
A questão do sócio remanescente:
Fábio Ulhoa Coelho entende como sócio remanescente o sócio dissidente, isto é, o sócio minoritário, que restou vencido na deliberação sobre o pedido derecuperação judicial.
Tomazette discorda. Afirma que se trata de hipótese de legitimação do sócio remanescente se refere aos casos de unipessoalidade temporária da sociedade.
CONSOLIDAÇÃO PROCESSUAL E CONSOLIDAÇÃO SUBSTANCIAL
1. SITUAÇÃO DOS GRUPOS ECONÔMICOS.
“A sociedade controladora e suas controladas podem constituir um grupo de sociedades, um conjunto empresarial regulado por convenção específica, por meio da qual se obriguem a combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos sociais, ou a participar de atividades ou empreendimentos comuns (artigo 265 da Lei 6.404/76). A constituição do grupo de sociedade pressupõe a existência de uma sociedade controladora e, em contraste, de sociedades controladas; (...)
A impossibilidade de constituição formal, vale dizer, de constituição de direito do grupo sem que haja uma relação de controle societário, não impede sociedades meramente coligadas de agruparem-se de fato, quero dizer, informalmente, inclusive mediante o estabelecimento plenamente válido de uma convenção intragrupal. Não há norma jurídica que o vede. (...)”.
SITUAÇÃO DOS GRUPOS ECONÔMICOS, CONFORME A LEI No 14.112/2020:
CONSOLIDAÇÃO PROCESSUAL
Os devedores que atendam aos requisitos previstos na Lei 11.101/2005 e que integrem grupo sob controle societário comum poderão requerer recuperação judicial sob consolidação processual.
Cada devedor apresentará individualmente a documentação exigida no art.51 da LRF.
Art. 69-I. A consolidação processual, prevista no art. 69-G desta Lei, acarreta a coordenação de atos processuais, garantida a independência dos devedores, dos seus ativos e dos seus passivos. (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020)
§ 1o Os devedores proporão meios de recuperação independentes e específicos para a composição de seus passivos, admitida a sua apresentação em plano único.
§ 2o Os credores de cada devedor deliberarão em assembleias-gerais de credores independentes.
§ 3o Os quóruns de instalação e de deliberação das assembleias-gerais de que trata o § 2o deste artigo serão verificados, exclusivamente, em referência aos credores de cada devedor, e serão elaboradas atas para cada um dos devedores.
§ 4o A consolidação processual não impede que alguns devedores obtenham a concessão da recuperação judicial e outros tenham a falência decretada.
§ 5o Na hipótese prevista no § 4o deste artigo, o processo será desmembrado em tantos processos quantos forem necessários.
CONSOLIDAÇÃO SUBSTANCIAL
O juiz poderá, de forma excepcional, independentemente da realização de assembleia-geral, autorizar a consolidação substancial de ativos e passivos dos devedores integrantes do mesmo grupo econômico que estejam em recuperação judicial sob consolidação processual, APENAS quando constatar ainterconexão e a confusão entre ativos ou passivos dos devedores.
Cumulativamente: ocorrência de, no mínimo, 2 (duas) das seguintes hipóteses: I - existência de garantias cruzadas; II - relação de controle ou de dependência; III - identidade total ou parcial do quadro societário; e IV - atuação conjunta no mercado entre os postulantes.
Em decorrência da consolidação substancial, ativos e passivos de devedores serão tratados como se pertencessem a um único devedor.
A consolidação substancial acarretará a extinção imediata de garantias fidejussórias e de créditos detidos por um devedor em face de outro.
A consolidação substancial não impactará a garantia real de nenhum credor, exceto mediante aprovação expressa do titular.
Admitida a consolidação substancial, os devedores apresentarão plano unitário, que discriminará os meios de recuperação a serem empregados e será submetido a uma assembleia-geral de credores para a qual serão convocados os credores dos devedores.
A rejeição do plano unitário implicará a convolação da recuperação judicial em falência dos devedores sob consolidação substancial.
2. COMPETÊNCIA: Juízo do principal estabelecimento.
Lei 11.101/2005. Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.
Lei 11.101/2005. Art. 6o, § 8o: A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial ou a homologação de recuperação extrajudicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de falência, de recuperação judicial ou de homologação de recuperação extrajudicial
relativo ao mesmo devedor.
LEI COMPLEMENTAR No 100, DE 21 DE NOVEMBRO DE 2007. (Dispõe sobre o Código de Organização Judiciária do Estado de Pernambuco, e dá outras providências):
Art. 78. Compete ao Juízo de Vara Cível processar e julgar as ações de natureza cível, salvo as
de competência de varas especializadas.
Art. 79. Compete ao Juízo de Vara da Fazenda Pública: I - processar, julgar e executar as ações, contenciosas ou não, principais, acessórias e seus incidentes, em que o Estado Federado ou o Município, respectivas autarquias, empresas públicas e fundações instituídas ou mantidas pelo poder público forem interessados na condição de autor, réu, assistente ou opoente, excetuadas as de falências e recuperação de empresas e as de acidentes do trabalho.
2. COMPETÊNCIA: em caso de grupo econômico.
O juízo do local do principal estabelecimento entre os dos devedores e competente para deferir a recuperação judicial sob consolidação processual, em observância ao disposto no art. 3o da Lei 11.101/2005. (Art. 69-G, § 2o, Lei 11.101/2005).
RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA
PEDIDO DE PROCESSAMENTO
Lei 11.101/2005. Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com:
I – a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira.
O devedor precisa comprovar a crise de insolvência, caracterizada pela insuficiência de recursos financeiros ou patrimoniais com liquidez suficiente para saldar suas dívidas. (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020). (Redação confusa: “§ 6o Em relação ao período de que trata o § 3o do art. 48 desta Lei...).
Esse relatório deve compor o corpo da petição inicial, não se trata de documento ou anexo. 
II – as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da
legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção.
Osdocumentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial e,
mediante autorização judicial, de qualquer interessado.
As microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração
contábil simplificados nos termos da legislação específica.
O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que se referem os §§
1o e 2o deste artigo ou de cópia destes.
III – Relação nominal completa dos credores, sujeitos ou não à recuperação judicial, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço físico e eletrônico de cada um, a natureza, conforme estabelecido nos arts. 83 e 84 da Lei 11.101/2005, e o valor atualizado do crédito, com a discriminação de sua origem, e o regime dos vencimentos. (Redação dada pela Lei no 14.112, de 2020).
Manifestação doutrinária anterior ao disposto na Lei no 14.112, de 2020: Essa relação deverá
conter a indicação de todos os credores da empresa devedora, e não apenas aqueles sujeitos à recuperação judicial. (AYOUB, Luiz Roberto; CAVALLI, Cássio. A construção jurisprudencial da recuperação judicial de empresas. Rio de Janeiro : Forense, 2013.).
Manifestação doutrinária anterior ao disposto na Lei no 14.112, de 2020: Deve tal lista apresentar os credores separados por suas categorias, com todos os dados dos respectivos
créditos. (BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Lei de recuperação de empresas e falência. São Paulo: RT, 2017).
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento.
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores.
Instrução Normativa DREI No 81, de 10 de junho de 2020: Art. 96. A Certidão Simplificada constitui-se de extrato de informações atualizadas, constantes de atos arquivados e/ou de arquivos eletrônicos.
Contrato social ou estatuto social, com arquivamento na Junta Comercial.
Na sociedade limitada, o administrador pode ser designado no contrato social (ou instrumento de alteração) ou em ato separado (ata).
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do
devedor.
Crítica: O artigo 51, VI, rompe completamente com tais princípios elementares do direito societário e associativo, criando uma confusão entre personalidades e patrimônios distintos.
(MAMEDE, 2016, p. 149).
Crítica: O bem jurídico afetado pela apresentação das referidas relações de bens é, sem dúvida, o direito à privacidade (art. 5o, X, da CF). [...] Para tanto, o juízo da recuperação, ao
receber esses documentos, poderá determinar que eles não sejam autuados e que sejam mantidos em segredo de justiça. (AYOUB, Luiz Roberto; CAVALLI, Cássio. A construção jurisprudencial da recuperação judicial de empresas. Rio de Janeiro: Forense, 2013. PP. 98/99).
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras.
Não foi especificado o período compreendido pelos extratos apresentados.
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial.
A existência de protestos atestados em tais certidões não é impedimento para recuperação judicial, isto é, não se exige uma certidão negativa, como ocorria na antiga concordata. (TOMAZETTE, 2016, p. 83).
IX – a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.
A redação é dúbia. Autor ou réu? A parte final da frase pode induzir a que se considere apenas os valores que caibam ao devedor pagar, o que distorce a avaliação do patrimônio. (SZTAJN, Rachel. Comentários ao artigo 47 da Lei 11.101/2005. SATIRO DE SOUZA JÚNIOR, Francisco; PITOMBO, Antônio Sérgio (coord.) Comentários à lei de recuperação de empresas e falência - Lei 11.101/2005. São Paulo: RT, p. 256).
X - o relatório detalhado do passivo fiscal; e (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020).
XI - a relação de bens e direitos integrantes do ativo não circulante, incluídos aqueles não sujeitos à recuperação judicial, acompanhada dos negócios jurídicos celebrados com os credores de que trata o § 3o do art. 49 da 11.101/2005. (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020).
Lei 6.404/76 (Arts. 178 e 179):
Ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.
Ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.
Ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia.
Investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa.
Ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens.
Intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.
O valor da causa corresponderá ao montante total dos CRÉDITOS SUJEITOS à recuperação judicial.
DECISÃO DE PROCESSAMENTO
(PARTE 1)
DECISÃO DE PROCESSAMENTO: CONSTATAÇÃO PRÉVIA
(Panorama com da Lei no 14.112, de 2020)
Lei no 11.101/2005. Art. 51-A. Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, poderá o juiz, quando reputar necessário, nomear profissional de sua confiança, com capacidade técnica e idoneidade, para promover a constatação exclusivamente das reais condições de funcionamento da requerente e da regularidade e da completude da documentação apresentada com a petiçãoinicial.
OBJETIVO: A constatação prévia consistirá, objetivamente, na verificação das reais condições de funcionamento da empresa e da regularidade documental.
VEDAÇÃO: vedado o indeferimento do processamento da recuperação judicial baseado na análise de viabilidade econômica do devedor.
PRAZO PARA CONCLUSÃO: o juiz deverá conceder o prazo máximo de 5 (cinco) dias para que o profissional nomeado apresente laudo de constatação das reais condições de funcionamento do devedor e da regularidade documental.
PROCEDIMENTOS:
A constatação prévia será determinada sem que seja ouvida a outra parte e sem apresentação de quesitos por qualquer das partes, com a possibilidade de o juiz determinar a realização da diligência sem a prévia ciência do devedor, quando entender que esta poderá frustrar os seus objetivos.
O devedor será intimado do resultado da constatação prévia concomitantemente à sua intimação da decisão que deferir ou indeferir o processamento da recuperação judicial, ou que determinar a emenda da petição inicial, e poderá impugná-la mediante interposição do recurso cabível.
REMUNERAÇÃO do profissional encarregado da constatação prévia: a remuneração do profissional deverá ser arbitrada posteriormente à apresentação do laudo e deverá considerar a complexidade do trabalho desenvolvido.
CARACTERIZAÇÃO DE FRAUDE: Caso a constatação prévia detecte indícios contundentes de utilização fraudulenta da ação de recuperaçãojudicial, o juiz poderá indeferir a petição inicial, sem prejuízo de oficiar ao Ministério Público para tomada das providências criminais eventualmente cabíveis.
INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO: Caso a constatação prévia demonstre que o principal estabelecimento do devedor não se situa na área de competência do juízo, ojuiz deverá determinar a remessa dos autos, com urgência, ao juízo competente.
DECISÃO DE PROCESSAMENTO: CONTEÚDO E EFEITOS
Lei 11.101/2005. “Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato”:
NOMEAÇÃO DO ADMINISTRADOR JUDICIAL
Momento: I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 da Lei 11.101/2005. Critério de escolha. Lei 11.101/2005.
Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz.
Impedimentos. Lei 11.101/2005. Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada.
§ 1o Ficará também impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3o (terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente. § 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em desobediência aos preceitos desta Lei. § 3o Ojuiz decidirá, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sobre o requerimento do § 2º deste artigo.
No caso de administrador judicial pessoa jurídica, deve-se aferir a existência dos mesmos impedimentos para os administradores, controladores ou representantes legais da pessoa jurídica, bem como em relação àquele que será indicado como responsável pela condução do processo, nos termos do art. 21, parágrafo único, da Lei no 11.101/2005. Embora tais impedimentos não sejam decorrência do texto expresso da lei, a finalidade buscada pela imposição de tais impedimento só será atendida se eles forem estendidos para tais situações também. (TOMAZETTE: 2018, p. 140)
Na situação da pessoa jurídica nomeada administradora judicial, aqueles impedimentos de ordem pessoal, referidos no parágrafo anterior, serão aferidos a seus administradores, controladores ou representantes legais, além do profissional declarado no termo de compromisso como responsável pela condução do processo.
Remuneração. Lei 11.101/2005.
Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes.
Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do
valor de venda dos bens na falência.
A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2% (dois por cento), no caso de microempresas e empresas de pequeno porte ou na hipótese ao Art. 70-A da Lei 11.101/2005. (O produtor rural, desde que o valor da causa não exceda a R$ 4.800.000,00).
O administrador judicial substituído será remunerado proporcionalmente ao trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razão ou for destituído de suas funções por desídia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações fixadas nesta Lei, hipóteses em que não terá direito à remuneração.
Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas contas desaprovadas.
“A alteração da base de cálculo (passando a ser considerado o valor atualizado do passivo, deixada de lado uma mera estimativa inicial) e do percentual incidente sobre esta (elevada a proporção em 1% [um por cento], totalizando 4% [quatro por cento] sobre a nova base de cálculo) permitem seja promovida uma acomodação à situação concreta deste feito, conjugadas suas características próprias.
Ademais, não foi demonstrado que os honorários arbitrados não respeitam a capacidade de pagamento do Grupo xxx, dado seu porte, previsto pagamento de parcelas mensais cujo valor absoluto (de R$ 98.500,00 noventa e oito mil e quinhentos reais) não podem ser tido como extravagante, ainda que se tenha em conta a crise econômica vivenciada entre os anos de 2015 e 2016 e revigorada em virtude das medidas sanitárias vinculadas à pandemia do Covid-19 (“Coronavírus”).”
Atribuições. Lei 11.101/2005.
Art. 22. II – na recuperação judicial:
a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial.
b) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação.
c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor, fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo devedor. (Redação dada pela Lei no 14.112, de 2020) (Vigência)
d) apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do art. 63 Lei 11.101/2005.
e) fiscalizar o decurso das tratativas e a regularidade das negociações entre devedor e credores; (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020).
f) assegurar que devedor e credores não adotem expedientes dilatórios, inúteis ou, em geral, prejudiciais ao regular andamento das negociações; (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020).
g) assegurar que as negociações realizadas entre devedor e credores sejam regidas pelos termos convencionados entre os interessados ou, na falta de acordo, pelas regras propostas pelo administrador judicial e homologadas pelo juiz, observado o princípio da boa-fé para solução construtiva de consensos, que acarretem maior efetividade econômico-financeira e proveito social para os agentes econômicos envolvidos; (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020) (Vigência)
h) apresentar, para juntada aos autos, e publicar no endereço eletrônico específico relatório mensal das atividades do devedor e relatório sobre o plano de recuperação judicial, no prazo de até 15 (quinze) dias contado da apresentação do plano, fiscalizando a veracidade e a conformidade das informações prestadas pelo devedor, além de informar eventual ocorrência das condutas previstas no art. 64 desta Lei; (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020) (Vigência)
Recomendação CNJ No 72 de 19/08/2020
“Art. 2o Recomendar a todos os Juízos com competência para o julgamento de ações de recuperação empresarial e falência que determinem aos administradores judiciais que adotem como padrão de RMA – Relatório Mensal de Atividades do devedor, previsto no art. 22, II, “c”, da Lei no 11.101/2005, que consta em anexo.
§ 1o O administrador judicial tem total liberdade para inserir no RMA outras informações que julgar necessárias, mas deverá seguir essa recomendação de padronização de capítulos de forma a contribuir com o andamento do processo, em benefício dos credores e dos magistrados.
§ 2o O RMA apresentado aos Juízos recuperacionais deverá ser disponibilizado pelo administrador judicial em site eletrônico.”
DECISÃO DE PROCESSAMENTO
(CONTINUAÇÃO)
DISPENSA DA APRESENTAÇÃO DE CERTIDÕES NEGATIVAS
Art. 52, inciso II, Lei 11.101/2005. Determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, observandoo disposto no art. 69 da Lei 11.101/2005. (Redação original. ANTES da Lei no 14.112, de 2020).
Art. 69, Lei 11.101/2005. Em todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor sujeito ao procedimento de recuperação judicial deverá ser acrescida, após o nome empresarial, a expressão "em Recuperação Judicial". Parágrafo único. O juiz determinará ao Registro Público de Empresas (Junta Comercial) e à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil a anotação da recuperação judicial nos registros correspondentes. (Redação dada pela Lei no 14.112, de 2020).
Art. 52, inciso II, Lei 11.101/2005. II - determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades, observado o disposto no § 3o do art. 195 da Constituição Federal e no art. 69 desta Lei. (Nova redação. Lei no 14.112, de 2020)
CF. Art. 195. § 3o A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
Lei 8.666/93. Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-se-á a:
II - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física.
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo anterior acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei:
§ 2o É permitido à Administração, no caso de concordata do contratado, manter o contrato, podendo assumir o controle de determinadas atividades de serviços essenciais. (Observar encaminhamentos da Nova Lei de Licitações)
Lei 14.133/2021. Art. 69. A habilitação econômico-financeira visa a demonstrar a aptidão econômica do licitante para cumprir as obrigações decorrentes do futuro contrato, devendo ser comprovada de forma objetiva, por coeficientes e índices econômicos previstos no edital,
devidamente justificados no processo licitatório, e será restrita à apresentação da seguinte documentação:
II - certidão negativa de feitos sobre falência expedida pelo distribuidor da sede do licitante.
“4. Inexistindo autorização legislativa, incabível a automática inabilitação de empresas submetidas à Lei n. 11.101/2005 unicamente pela não apresentação de certidão negativa de
recuperação judicial, principalmente considerando o disposto no art. 52, I, daquele normativo, prevê a possibilidade de contratação com o poder público, o que, em regra geral, pressupõe a participação prévia em licitação. (...) 6. A interpretação sistemática dos dispositivos das Leis n. 8.666/1993 e n. 11.101/2005 leva à conclusão de que é possível uma ponderação equilibrada dos princípios nelas contidos, pois a preservação da empresa, de sua função social e do estímulo à atividade econômica atendem também, em última análise, ao interesse da coletividade, uma vez que se busca a manutenção da fonte produtora, dos postos de trabalho e dos interesses dos credores. 7. A exigência de apresentação de certidão negativa de recuperação judicial deve ser relativizada a fim de possibilitar à empresa em recuperação judicial participar do certame, desde que demonstre, na fase de habilitação, a sua viabilidade econômica. 8. Agravo conhecido para dar provimento ao recurso especial.” (STJ. AREsp 309867 / ES. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2013/0064947-3.
Ministro GURGEL DE FARIA. T1 - PRIMEIRA TURMA. Data do Julgamento: 26/06/2018)
“(...) Por fim, não se olvide que eventual determinação judicial de que seja permitida a participação de empresa em recuperação judicial, sem a exigênciade apresentação das certidões exigidas pelo Edital, contrariaria aos princípios da legalidade, isonomia, igualdade, vinculação ao ato convocatório e ainda representaria adentrar na discricionariedade administrativa, o que é vedado ao Poder Judiciário. Dessa forma, há de se concluir que as razões recursais são dissociadas do conteúdo do acórdão recorrido e não têm o poder de infirmá-lo, porquanto os fundamentos autônomos e suficientes à manutenção do aresto,
no ponto, mantiveram-se inatacados e incólumes nas razões do recurso especial, convocando, na hipótese, a incidência das Súmulas 283 e 284 do STF. (STJ. AREsp 1861644. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO. Data da Publicação: 24/08/2021).
“5. Como o deferimento do processamento da recuperação judicial não atinge o direito material dos credores, não há falar em exclusão dos débitos, devendo ser mantidos, por conseguinte, os registros do nome do devedor nos bancos de dados e cadastros dos órgãos de proteção ao crédito, assim como nos tabelionatos de protestos.
Também foi essa a conclusão adotada no Enunciado 54 da Jornada de Direito Comercial Ido CJF/STJ.”
(STJ. Processo REsp 1374259 / MT RECURSO ESPECIAL 2011/0306973-4. Relator(a): Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO (1140). Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA. Data do Julgamento: 02/06/2015)
IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus administradores.
Quando do afastamento do devedor, nas hipóteses previstas no art. 64 da Lei 11.101/2005, o juiz convocará a assembleias-geral de credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que assumirá a administração das atividades do devedor, aplicando-se-lhe, no que couber, todas as normas sobre deveres, impedimentos e remuneração do administrador judicial. O administrador judicial exercerá as funções de gestor enquanto a assembleia-geral não deliberar sobre a escolha deste. Na hipótese de o gestor indicado pela assembleia-geral de credores recusar ou estar impedido de aceitar o encargo para gerir os negócios do devedor, o juiz convocará, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, contado da recusa ou da
declaração do impedimento nos autos, nova assembleia-geral.
V – ordenará a intimação eletrônica do Ministério Público e das Fazendas Públicas federal e de todos os Estados, Distrito Federal e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, a fim de que tomem conhecimento da recuperação judicial e informem eventuais créditos perante o devedor, para divulgação aos demais interessados.
DECISÃO DE PROCESSAMENTO E EFEITOS QUANTO AOS CRÉDITOS SUJEITOS E NÃO SUJEITOS
SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES CONTRA O DEVEDOR
Lei 11.101/2005. Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato:
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, na forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§1o, 2o e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei.
Também constará obrigatoriamente da decisão que defere o processamento da recuperação judicial a determinação da suspensão das ações e execuções contra o devedor, a chamada automatic stay do direito americano. Tal suspensão visa a dar algum fôlego para que ele possa concentrar seus esforços na negociação do plano de recuperação. (...)
A suspensão também impedirá a quebra da igualdade entre os credores, pois, se não houvesse a suspensão, alguns receberiam o valor do seu crédito e outros não, sem se levar em contra a prioridade dada a cada credor. (TOMAZETTE, 2016).
ABRANGÊNCIA DA SUSPENSÃO, PROIBIÇÃO DE ATOS DE CONSTRIÇÃO E OUTRAS REPERCUSSÕES
Lei 11.101/2005. Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica: (Redação dada pela Lei no 14.112, de 2020)
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei; (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020)
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência; (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020)
III - proibição de qualquer formade retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência.
QUANTO TEMPO LEVARÁ A SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES CONTRA O DEVEDOR – STAY PERIOD ?
180 (cento e oitenta) dias, contado do deferimento do processamento da recuperação, prorrogável por igual período,uma única vez, em caráter excepcional, desde que o devedor não haja concorrido com a superação do lapso temporal. (Redação dada pela Lei no 14.112, de 2020)
ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL ANTERIOR À LEI no 14.112/2020
“2. É assente a orientação jurisprudencial da Segunda Seção desta Corte no sentido de admitir a prorrogação do prazo de que trata o artigo 6o, § 4o, da Lei n. 11.101/2005 (Lei de Falência e Recuperação Judicial e Extrajudicial), o qual determina a suspensão do curso da
prescrição, bem como de todas as ações e execuções em face do devedor pelo período de 180 (cento e oitenta) dias, consoante as peculiaridades do caso concreto. Incidência do enunciado contido na Súmula 83/STJ.” (STJ. AgInt no AREsp 1356729/PR. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2018/0225308-3. Ministro MARCO
“2. Conforme destacado no julgado singular, a Terceira Turma do Superior tribunal de Justiça, assentou o posicionamento de que a regra suspensiva do art. 6o, caput e § 4o, da Lei n.o 11.101/05, não pode consistir em expediente que conduza à prorrogação genérica e
indiscriminada do lapso temporal suspensivo para todo e qualquer processo relacionado à empresa recuperanda.” (STJ. AgInt no REsp 1753854 / DF AGRAVO INTERNO
COMO DEVE SER CONTADO O PRAZO DE SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES CONTRA O DEVEDOR?
“3. O STJ entende que o prazo estampado no art. 6o, § 4o, da Lei n. 11.101/2005 (stay period) deve ser contado em dias corridos, o que confere a melhor preservação da unidade lógica da recuperação judicial: alcançar, de forma célere, econômica e efetiva, o regime de crise empresarial, seja pelo soerguimento econômico do devedor e alívio dos sacrifícios do credor, na recuperação, seja pela liquidação dos ativos e satisfação dos credores, na falência.” (STJ. AgInt no REsp 1803591 / MG. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL
RESSALVAS AO REGIME DE SUSPENSÃO
As ações previstas nos §§ 1o, 2o e 7o do art. 6o da Lei 11.101/2005 e as relativas a créditos excetuados na forma dos §§ 3º e 4o do art. 49 da mesma Lei 11.101/2005.
COMO FICAM AS DEMANDAS POR QUANTIA ILÍQUIDA?
Previsão legal: Lei 11.101/2005.
Art. 6o
§ 1o. Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação que demandar quantia ilíquida.
§ 3o O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1o e 2o deste artigo poderá determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria.
COMO FICAM AS AÇÕES TRABALHISTAS?
Previsão legal: Lei 11.101/2005.
Art. 6o
§ 2o É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8o desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença.
§ 3o O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1o e 2o deste artigo poderá determinar a reserva da importância que estimar devida na recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria.
COMO FICAM AS EXECUÇÕES FISCAIS?
Previsão legal: Lei 11.101/2005.
Art. 6o.
§ 7o-B. O disposto nos incisos I, II e III do caput do artigo 6o. da Lei 11.101/2005 não se aplica às execuções fiscais, admitida, todavia, a competência do juízo da recuperação judicial para determinar a SUBSTITUIÇÃO DOS ATOS DE CONSTRIÇÃO que recaiam sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial até o encerramento da recuperação judicial, a qual será implementada mediante a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o disposto
no art. 805 do referido Código. (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020)
ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL ANTERIOR À LEI no 14.112/2020
“6. Apesar de as execuções fiscais não se suspenderem com o processamento da recuperação judicial (art. 6o, § 7o, da Lei no 11.101/2005), a jurisprudência desta Corte se firmou no sentido de que os atos expropriatórios devem ser submetidos ao juízo da recuperação judicial, em homenagem ao princípio da preservação da empresa.” (STJ. CC 168000 / AL
“4. O deferimento do processamento da recuperação judicial não tem, por si só, o condão de suspender as execuções fiscais, na dicção do art. 6o, § 7o, da Lei n.11.101/2005, porém a pretensão constritiva direcionada ao patrimônio da empresa em recuperação judicial deve, sim, ser submetida à análise do juízo da recuperação judicial. 5. O advento da Lei n. 13.043/2014, que possibilitou o parcelamento de crédito de empresas em recuperação judicial, não repercute na jurisprudência desta Corte Superior acerca da competência do Juízo universal, em homenagem do princípio da preservação da empresa.”. (STJ. AgInt no CC 166058 / MG. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA 2019/0152047-6. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO. S2 - SEGUNDA SEÇÃO. Data do Julgamento: 02/06/2020).
ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL ATUAL (LEI no 14.112/2020)
“Na verdade, cabe ao juízo da recuperação judicial verificar a viabilidade da constrição efetuada em sede de execução fiscal, observando as regras do pedido de cooperação jurisdicional (art. 69 do CPC/2015), podendo determinar eventual substituição, a fim de que não fique inviabilizado o plano de recuperação judicial. Constatado que não há tal pronunciamento, impõe-se a devolução dos autos ao juízo da execução fiscal, para que adote as providências cabíveis. Isso deve ocorrer inclusive em relação aos feitos que hoje encontram-se sobrestados em razão da afetação do Tema 987. (...) Diante do exposto, proponho que seja cancelada a submissão do presenterecurso ao regime dos recursos repetitivos, cancelando-se o Tema Repetitivo 987.”
RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA EMPRESA
VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS
Um dos efeitos da decisão de processamento da Recuperação Judicial ou da Decretação da Falência.
Na Recuperação Judicial: Art. 52. 1o O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, que conterá: I – o resumo do pedido do devedor e dadecisão que defere o processamento da recuperação judicial; II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e a classificação de cada crédito; III – a advertência acerca dos prazospara habilitação dos créditos, na forma do art. 7o, § 1o, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor nos termos do art. 55 desta Lei.
I. “FASE ADMINISTRATIVA”:
1.1. Atribuição do administrador Judicial:
Lei 11.101/2005. Art. 7o A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas.
“2. O art. 7o da Lei 11.101/2005 afirma que o crédito já existente, ainda que não vencido, pode ser incluído de forma extrajudicial pelo próprio Administrado Judicial, ao elaborar o plano ou de forma retardatária, evidenciando que a lei não exige provimento judicial para que o crédito seja considerado existente na data do pedido de recuperação judicial.”
(STJ. AgInt no CC 152900 / SP. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA 2017/0147895-5. Ministro LÁZARO GUIMARÃES/DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5a REGIÃO. S2 - SEGUNDA SEÇÃO. 23/05/2018).
1.2. Iniciativados credores:
 Habilitação.
 Divergência.
1.3. Prazo: Lei 11.101/2005, Art. 7o. § 1o. Publicado o edital previsto no art. 52, § 1o, ou no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.
1.4. Conteúdo da Habilitação: Lei 11.101/2005, Art. 9o. A habilitação de crédito realizada pelo credor nos termos do art. 7º, § 1o, desta Lei deverá conter: I – o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer ato do processo; II – o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação; III – os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a serem produzidas; IV – a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento; V – a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor. Parágrafo único. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo.
1.5. Conclusão da “Fase Administrativa”:
Lei 11.101/2005. Art. 7o., § 2o. O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos na forma do caput e do § 1o deste artigo, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo do § 1o deste artigo, devendo indicar o local, o horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8o desta Lei terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação.
II. “FASE JUDICIAL”:
2.1. Meio: Impugnação contra a relação de credores (elaborada pelo administrador judicial).
2.2. Fundamento: Art. 8o, Lei 11.101/2005.
2.3. Prazo: 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7º, § 2o, da Lei 11.101/2005.
2.4. Legitimidade: Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público.
2.5. Competência: Juiz da recuperação judicial.
2.6. Fundamentos: Ausência de qualquer crédito ou manifestando- se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado.
IMPUGNAÇÃO DE CRÉDITO POR CREDOR OU INTERESSADO QUE NÃO PROMOVEU HABILITAÇÃO “ADMINISTRATIVA”
“A Lei, contudo, não limita a possibilidade de impugnação apenas ao credor que deduziu anteriormente habilitação ou divergência administrativa. Pelo contrário, o artigo permite amplamente a qualquer legitimado promover a impugnação, inclusive sobre crédito de terceiro”. (SACRAMONE, Marcelo. Comentários à lei de recuperação de empresas e falência, P. 92).
“[n]ão se considera exigível, para a apresentação de impugnação tempestiva, que o credor ou o interessado tenha ingressado com a habilitação administrativa, ou seja, o credor poderá deduzir, o prazo de 10 dias a partir da publicação da lista dos credores feita pelo administrador judicial, sua impugnação (art. 8o). Como poderá deduzir impugnação sem ter apresentado habilitação administrativa, apenas se justifica a consideração como retardatária habilitação apresentada após o decurso do prazo de 10 dias para as impugnações judiciais.” (SACRAMONE, Marcelo, P. 99).
2.7. Limites da discussão segundo o TJSP: “... tendo em vista que, à primeira vista, é incabível promover uma revisão contratual, com ampla rediscussão de cláusulas e encargos, no incidente de impugnação de crédito, devendo as questões levantadas, por regra, serem discutidas nas vias ordinárias.” (TJSP. Processo no 2031656-43.2020.8.26.0000. Relator(a):Des. FORTES BARBOSA. Órgão Julgador: 1a Câmara Reservada de Direito Empresarial. 21 de fevereiro de 2020).
2.8. Procedimento:
Art. 13. A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas necessárias. Parágrafo único. Cada impugnação será autuada em separado, com os documentos a ela relativos, mas terão uma só autuação as diversas impugnações versando sobre o mesmo crédito.
Art. 11. Os credores cujos créditos forem impugnados serão intimados para contestar a impugnação, no prazo de 5 (cinco) dias,juntando os documentos que tiverem e indicando outras provas que reputem necessárias.
Art. 12. Transcorrido o prazo do art. 11 desta Lei, o devedor e o Comitê, se houver, serão intimados pelo juiz para se manifestar sobre ela no prazo comum de 5 (cinco) dias. Parágrafo único. Findo o prazo a que se refere o caput deste artigo, o administrador judicial será intimado pelo juiz para emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias, devendo juntar à sua manifestação o laudo elaborado pelo profissional ou empresa especializada, se for o caso, e
todas as informações existentes nos livros fiscais e demais documentos do devedor acerca do crédito, constante ou não da relação de credores, objeto da impugnação.
Art. 15. Transcorridos os prazos previstos nos arts. 11 e 12 desta Lei, os autos de impugnação serão conclusos ao juiz, que:
I – determinará a inclusão no quadro-geral de credores das habilitações de créditos não impugnadas, no valor constante da relação referida no § 2o do art. 7o desta Lei;
II – julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito, o valor e a classificação;
III – fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes;
IV – determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário.
Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de credores, a relação dos credores de que trata o § 2o do art. 7o, ressalvado o disposto no art. 7o-A (específico para falência) da Lei 11.101/2005.
Art. 17. Da decisão judicial sobre a impugnação caberá agravo.
Parágrafo único. Recebido o agravo, o relator poderá conceder efeito suspensivo à decisão que reconhece o crédito ou determinar a inscrição ou modificação do seu valor ou classificação no quadro- geral de credores, para fins de exercício de direito de voto em assembleia-geral.
III. “HABILITAÇÃO RETARDATÁRIA”: Lei 11.101/2005.
Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7o, § 1o, desta Lei, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias.
§ 1o Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembleia-geral de credores.
§ 2o Aplica-se o disposto no § 1o deste artigo ao processo de falência, salvo se, na data da realização da assembleia-geral, já houver sido homologado o quadro-geral de credores contendo o crédito retardatário.
Reserva da importância: Art. 10. § 4o Na hipótese prevista no § 3o deste artigo, o credor poderá requerer a reserva de valor para satisfação de seu crédito.
Forma:
§ 5o As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação do quadro-geral de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 desta Lei.
§ 6o Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito.
Art. 13. A base de cálculo das custas processuais corresponde: IV - ao valor do crédito atualizado, na hipótese de HABILITAÇÃO DE CRÉDITO RETARDATÁRIO em processo de recuperaçãojudicial ou de falência.
“Após conferir a publicação da relação, o credor insatisfeito tem duas alternativas. Se não se encontra relacionado, deve apresentar a habilitação de seu crédito perante o administrador judicial. Se se encontra na relação publicada, mas discorda da classificação ou do valor atribuído aos seus créditos, deve suscitar a divergência também junto ao administrador judicial. A leifixa como prazo para a habilitação ou apresentação da divergência os 15 dias seguintes à publicação da relação dos credores. Autoriza, ademais, de modo expresso, a habilitação de crédito quando já vencido esse prazo. Cabe indagar, diante disso, se seria possível a apresentação de divergência retardatária? O credor cujo crédito encontra-se contemplado na relação publicada pelo administrador judicial e discorda do valor ou classificação, tendo perdido o prazo do art. 7o, § 1o, não pode mais suscitar divergência? A resposta parece-me simples. Por medida de isonomia, deve-se aplicar o disposto no artigo aqui comentado também para o caso de divergência. Em outros termos, não se pode rejeitar a divergência retardatária, porque isso significaria tratar de forma discriminatória o credor que foi incorretamente mencionado na relação e o omitido. Se admitida a declaração retardatária em favor desse último, não cabe negar-se a apresentação da divergência extemporânea em favor do primeiro. Não há fundamento para a discriminação. A interpretação do art. 10 da LF conforme a Constituição impõe, a partir do princípio constitucional da igualdade, a conclusão pela admissão da divergência retardatária.”(COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à Lei de Falências e de Recuperação de Empresas. 11a. Ed. São Paulo: RT, 2016. P. 93).
VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS
As habilitações e as impugnações retardatárias acarretarão a reservado valor para a satisfação do crédito discutido. (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020)
A recuperação judicial poderá ser encerrada ainda que não tenha havido a consolidação definitiva do quadro-geral de credores, hipótese em que as ações incidentais de habilitação e de impugnação retardatárias serão redistribuídas ao juízo da recuperação judicial como ações autônomas e observarão o rito comum. (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020)
IV – POSTERIOR DESCOBERTA DE FALSIDADE, DOLO, SIMULAÇÃO, FRAUDE, ERRO ESSENCIAL OU, AINDA, DOCUMENTOS IGNORADOS NA ÉPOCA DO JULGAMENTO DO CRÉDITO OU DA INCLUSÃO NO QUADRO-GERAL DE CREDORES.
Lei 11.101/2005, Art. 19. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito ou da inclusão no quadro-geral de credores. § 1o A ação prevista neste artigo será proposta exclusivamente perante o juízo da recuperação judicial ou da falência ou, nas hipóteses previstas no art. 6o , §§ 1o e 2o , desta Lei, perante o juízo que tenha originariamente reconhecido o crédito. § 2o Proposta a ação de que trata este artigo, o pagamento ao titular do crédito por ela atingido somente poderá ser realizado mediante a prestação de caução no mesmo valor do crédito questionado.
PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Prazo de apresentação: O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência. (Art. 53. Lei 11.101/2005)
Contagem do prazo para apresentação: Art. 189. Aplica-se, no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei, o disposto na Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), desde que não seja incompatível com os princípios desta Lei. § 1º Para os fins do disposto nesta Lei: I - todos os prazos nela previstos ou que dela decorram serão contados em DIAS CORRIDOS;
Conteúdo: Art. 53. Lei 11.101/2005.
I – discriminação pormenorizada dos meios derecuperação a ser empregados, conforme o art. 50 da Lei 11.101/2005, e seu resumo;
II – demonstração de sua viabilidade econômica; e
III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada.
Em caso de consolidação substancial:
Art. 69-L. Admitida a consolidação substancial, os devedores apresentarão plano unitário, que discriminará os meios de recuperação a serem empregados e será submetido a uma assembleia-geral de credores para a qual serão convocados os credores dos devedores.
§ 1o As regras sobre deliberação e homologação previstas nesta Lei serão aplicadas à assembleia-geral de credores a que se refere o caput deste artigo.
§ 2o A rejeição do plano unitário de que trata o caput deste artigo implicará a convolação da recuperação judicial em falência dos devedores sob consolidação substancial.
Meios: Art. 50. Lei 11.101/2005.
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas;
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente;
III – alteração do controle societário;
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar;
VI – aumento de capital social;
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro;
X – constituição de sociedade de credores;
XI – venda parcial dos bens;
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;
XIII – usufruto da empresa;
XIV – administração compartilhada;
XV – emissão de valores mobiliários;
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.
XVII - conversão de dívida em capital social;
XVIII - venda integral da devedora, desde que garantidas aos credores não submetidos ou não aderentes condições, no mínimo, equivalentes àquelas que teriam na falência, hipótese em que será, para todos os fins, considerada unidade produtiva isolada.
Limites.
I - Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.
AGRAVO INTERNO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. NOVAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DA EMPRESA RECUPERANDA. INCIDÊNCIA SOBRE AS GARANTIAS REAIS OU FIDEJUSSÓRIAS. POSSIBILIDADE SOMENTE COM EXPRESSA APROVAÇÃO DOS CREDORES RESPECTIVOS. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. DESPROVIMENTO DA SÚPLICA.
1. Segundo pacificado pela Segunda Seção, no REsp n. 1.794.209/SP, a cláusula do plano de recuperação judicial que estende a novação aos coobrigados, fiadores, obrigados de regresso e avalistas deve ser aprovada expressamente pelos credores detentores dessas garantias, não tendo eficácia para os que não compareceram à assembleia geral de credores, abstiveram-se de votar ou se posicionaram contra. (STJ. AgInt no AgInt no AREsp 1573068 / SC AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2019/0256171-0. Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE. T3 - TERCEIRA TURMA. 20/09/2021)
II - Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação judicial.
III - Não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislaçãodo trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial.
O prazo estabelecido no caput deste artigo poderá ser estendido em até 2 (dois) anos, se o plano de recuperação judicial atender aos seguintes requisitos, cumulativamente: (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020)
apresentação de garantias julgadas suficientes pelo juiz;
aprovação pelos credores titulares de créditos derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de acidentes de trabalho, na forma do § 2o do art. 45 desta Lei;
e garantia da integralidade do pagamento dos créditos trabalhistas.
O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial.
Ressalva: Não haverá sucessão ou responsabilidade por dívidas de qualquer natureza a terceiro credor, investidor ou novo administrador em decorrência, respectivamente, da mera conversão de dívida em capital, de aporte de novos recursos na devedora ou de substituição dos administradores desta. (Lei no 14.112, de 2020)
Alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor: Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 da Lei 11.101/2005. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor de qualquer natureza, incluídas, mas não exclusivamente, as de natureza ambiental, regulatória, administrativa, penal, anticorrupção, tributária e trabalhista, observado o disposto no § 1o do art. 141 da Lei 11.101/2005.
Art. 60-A. A unidade produtiva isolada de que trata o art. 60 desta Lei poderá abranger bens, direitos ou ativos de qualquer natureza, tangíveis ou intangíveis, isolados ou em conjunto, incluídas participações dos sócios. (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020) (Vigência)
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não afasta a incidência do inciso VI do caput e do § 2o do art. 73 desta Lei
(convolação em falência = prejuízo de credores não sujeitos à recuperação judicial, inclusive as Fazendas Públicas).
Jurisprudência: Créditos trabalhistas submetidos ao PRJ
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. EXECUÇÃOTRABALHISTA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ATOS DECONSTRIÇÃO DO PATRIMÔNIO AFETADO AO PLANO DE SOERGUIMENTO. EMPECILHOS ÀVENDA DE UNIDADE PRODUTIVA ISOLADA (UPI).VIOLAÇÃO À "BLINDAGEM" LEGAL DA ALIENAÇÃO (LRJF, art. 60). CONFLITO DE COMPETÊNCIA CARACTERIZADO.
2. A Lei de Recuperação Judicial e de Falência prevê que a alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor estará livre de quaisquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária (art. 60). 3. Conflito de competência conhecido para declarar a competência do Juízo da Recuperação Judicial. (STJ. CC 161042 / RJ. CONFLITO DE COMPETENCIA 2018/0245312-6. Relator para o acórdão: Ministro RAUL ARAÚJO. S2 - SEGUNDA SEÇÃO. 23/10/2019).
Aviso aos credores.
- O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções.
Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz convocará a assembleia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação.
As deliberações da assembleia-geral de credores poderão ser substituídas pela comprovação da adesão de credores sujeitos à recuperação judicial e requerer a sua homologação judicial, desde que observado o quórum previsto no art. 45 da Lei 11.101/2005 em caso de deliberação sobre o plano, verificadas, ainda, as exceções previstas na Lei 11.101/2005.
Jurisprudência: Controle da legalidade
“A concessão de prazos e descontos para pagamento dos créditos novados insere-se dentre as tratativas negociais passíveis de deliberação pelo devedor e pelos credores quando da discussão assemblear sobre o plano de recuperação apresentado, respeitado
o disposto no art. 54 da LFRE quanto aos créditos trabalhistas.”
(STJ. REsp 1631762 / SP. RECURSO ESPECIAL 2016/0268393-2. Relator(a) Ministra NANCY ANDRIGHI. Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA. 19/06/2018).
Jurisprudência: Tratamento entre os credores
Enunciado 57 (CJF), a saber: “O plano de recuperação judicial deve prever tratamento igualitário para os membros da mesma classe de credores que possuam interesses homogêneos, sejam estes delineados em função da natureza do crédito, da importância do crédito ou de outro critério de similitude justificado pelo proponente do plano e homologado pelo magistrado”.
Possibilidade de tratamento favorecido ao credor financiador: “(...) Assim, conquanto a regra seja a inexistência de tratamento diferente entre todos os credores de uma mesma classe, o pars conditio creditorum pode ser relativamente afastado, para admitir-se a diferenciação entre credores, desde que vinculada aalgum benefício dado às empresas recuperandas em relação à preservação e ao fomento da sua atividade empresarial, visando seu soerguimento e a concretização dos valores insertos no artigo 47 da Lei n. 11.101/2005.”
ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES
1. Atribuições na Recuperação Judicial de Empresa:
1.1. Aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor;
1.2. A constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição (LRF. Art. 28. Não havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições);
1.3. O pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 da Lei 11.101/2005 (O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da desistência na assembleia geral de credores).
1.4. O nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor;
1.5. Qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores;
1.6. Alienação de bens ou direitos do ativo não circulante do devedor, não prevista no plano de recuperação judicial.
2. Convocação:
2.1. A assembleia geral de credores será convocada pelo juiz.
2.2. Além dos casos expressamente previstos na Lei 11.101/2005, credores que representem no mínimo 25% (vinte e cinco por cento) do valor total dos créditos de uma determinada classe poderão requerer ao juiz a convocação de assembleia geral. (Art. 36, § 2o, LFR).
2.3. Meio de convocação: LFR. Art. 36. A assembleia-geral de credores será convocada pelo juiz por meio de edital publicado no diário oficial eletrônico e disponibilizado no sítio eletrônico do
administrador judicial, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, o qual conterá: I – local, data e hora da assembleia em 1ª (primeira) e em 2a (segunda) convocação, não podendo esta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1a (primeira); II – a ordem do dia; III – local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano de recuperação judicial a ser submetido à deliberação da assembleia.
3. Presidência e Secretaria:
A assembleia será presidida pelo administrador judicial, que designará 1 (um) secretário dentre os credores presentes.
OBS: Nas deliberações sobre o afastamento do administrador judicial ou em outras em que haja incompatibilidade deste, a assembleia será presidida pelo credor presente que seja titular do maior crédito.
4. Estrutura:
A assembleia-geral será composta pelas seguintes classes de credores:
I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho;
II – titulares de créditos com garantia real;
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados.
IV - titulares de créditos enquadrados como microempresaou empresa de pequeno porte.
Criação excepcional de subclasses entre os credores da recuperação judicial:
“(...) A criação de subclasses entre os credores da recuperaçãojudicial é possível desde que seja estabelecido um critério objetivo, justificado no plano de recuperação judicial, abrangendo credores com interesses homogêneos, ficando vedada a estipulação de descontos que impliquem em verdadeira anulação de direitos de eventuais credores isolados ou minoritários.”(REsp 1.700.487/MT, Rel. p/ acórdão Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 02/04/2019, DJe de 26/04/2019).
5. Direito a voto:
Terão direito a voto na assembleia geral: (i) as pessoas arroladas no quadro-geral de credores ou, na sua falta, (ii) na relação de credores apresentada pelo administrador judicial na forma do art. 7o, § 2o, da Lei 11.101/2005, ou, ainda, na falta desta, (iii) na relação apresentada pelo próprio devedor nos termos dos arts. 51, incisos III e IV do caput, 99, inciso III do caput, ou 105, inciso II do caput, da Lei 11.101/2005, acrescidas, em qualquer caso, das que estejam habilitadas na data da realização da assembleia ou (iv) que tenham créditos admitidos ou alterados por decisão judicial, inclusive as que tenham obtido reserva de importâncias, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 10 da Lei 11.101/2005.
OBS: Não terão direito a voto e não serão considerados para fins de verificação do quorum de instalação e de deliberação os titulares de créditos excetuados na forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 da Lei 11.101/2005.
6. Quorum de instalação:
A assembleia instalar-se-á, em 1a (primeira) convocação, com a presença de credores titulares de mais da metade dos créditos de cada classe, computados pelo valor, e, em 2a (segunda) convocação, com qualquer número. (Art. 37, § 2o, LFR)
7. Participação dos credores:
Para participar da assembleia, cada credor deverá assinar a lista de presença, que será encerrada no momento da instalação.
7.1. O credor poderá ser representado na assembleia geral por mandatário ou representante legal, desde que entregue ao administrador judicial, até 24 (vinte e quatro) horas antes da data
prevista no aviso de convocação, documento hábil que comprove seus poderes ou a indicação das folhas dos autos do processo em que se encontre o documento.
7.2. Os sindicatos de trabalhadores poderão representar seus associados titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho que não comparecerem, pessoalmente ou por procurador,à assembleia.
OBS: Para exercer a prerrogativa acima prevista, o sindicato deverá apresentar ao administrador judicial, até 10 (dez) dias antes da assembleia, a relação dos associados que pretende representar, e o trabalhador que conste da relação de mais de um sindicato deverá esclarecer, até 24 (vinte e quatro) horas antes da assembleia, qual sindicato o representa, sob pena de não ser representado em assembleia por nenhum deles.
Na hipótese de suspensão dos trabalhos – prazo máximo para encerramento:
Art. 56. § 9o Na hipótese de suspensão da assembleia-geral de credores convocada para fins de votação do plano de recuperação judicial, a assembleia deverá ser encerrada no prazo de até 90 (noventa) dias, contado da data de sua instalação.
Qualquer deliberação prevista nesta Lei a ser realizada por meio de assembleia-geral de credores poderá ser substituída, com idênticosefeitos, por: (Incluído pela Lei no 14.112, de 2020) I - termo de adesão firmado por tantos credores quantos satisfaçam o quórum de aprovação específico, nos termos estabelecidos no art. 45-A desta Lei; II - votação realizada por meio de sistema eletrônico que reproduza as condições de tomada de voto daassembleia-geral de credores; OU III - outro mecanismo reputadosuficientemente seguro pelo juiz.
Até 5 (cinco) dias antes da data de realização da assembleia-geral de credores convocada PARA DELIBERAR SOBRE O PLANO, o devedor poderá comprovar a aprovação dos credores por meio de TERMO DE ADESÃO, observado o quórum previsto no art. 45 da Lei 11.101/2005, e requerer a sua homologação judicial.
O juiz intimará os credores para apresentarem eventuais oposições, no prazo de 10 (dez) dias.
Oferecida oposição, terá o devedor o prazo de 10 (dez) dias para manifestar-se a respeito, ouvido a seguir o administrador judicial, no prazo de 5 (cinco) dias.
No caso de DISPENSA DA ASSEMBLEIA-GERAL OU DE APROVAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM ASSEMBLEIA-GERAL, as oposições apenas poderão versar sobre: I - não preenchimento do quórum legal de aprovação; II - descumprimento do procedimento disciplinado nesta Lei; III - irregularidades do termo de adesão ao plano de recuperação; ou IV -irregularidades e ilegalidades do plano de recuperação.
8. Participação sem voto:
Os sócios do devedor, bem como as sociedades coligadas, controladoras, controladas ou as que tenham sócio ou acionista com participação superior a 10% (dez por cento) do capital social do devedor ou em que o devedor ou algum de seus sócios detenham participação superior a 10% (dez por cento) do capital social, poderão participar da assembleia geral de credores, sem ter direito a voto e não serão considerados para fins de verificação do quorum de instalação e de deliberação.
9. Cômputo dos votos:
O voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito, ressalvado, nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, o disposto no § 2o do art. 45 da Lei 11.101/2005.
OBS: Na recuperação judicial, para fins exclusivos de votação em assembleia-geral, o crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional pelo câmbio da véspera da data de realização da assembleia.
9. Cômputo dos votos – abusividade e cessão de crédito:
O voto será exercido pelo credor no seu interesse e de acordo com o seu juízo de conveniência e poderá ser declarado nulo por abusividade somente quando manifestamente exercido para
obter vantagem ilícita para si ou para outrem.
A cessão ou a promessa de cessão do crédito habilitado deverá ser imediatamente comunicada ao juízo da recuperação judicial.
10. Quorum de aprovação:
Considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia-geral, EXCETO nas (i) deliberações sobre o plano de recuperação judicial nos termos da alínea a do inciso I do caput do art. 35 desta Lei, (ii) a composição do Comitê de Credores (LFR. Art. 44. Na escolha dos representantes de cada classe no Comitê de Credores, somente os respectivos membros poderão votar) ou (iii) forma alternativa de realização do ativo nos termos do art. 145 da Lei 11.101/2005.
10.1. Nas DELIBERAÇÕES SOBRE O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL, todas as classes de credores referidas no art. 41 da Lei 11.101/2005 deverão aprovar a proposta.
OBS: i) Em cada uma das classes referidas nos incisos II (créditos com garantia real) e III (créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados) do art. 41 da Lei 11.101/2005, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia e, CUMULATIVAMENTE, pela maioria simples dos credores presentes.
ii) Nas classes previstas nos incisos I (titulares de créditos derivados dalegislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho) e IV (titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte) do art. 41 da Lei 11.101/2005, a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, INDEPENDENTEMENTE do valor de seu crédito.
iii) O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quorum de deliberação SE O PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL NÃO ALTERAR O VALOR OU AS CONDIÇÕES ORIGINAIS DE PAGAMENTO DE SEU CRÉDITO.
11. Deliberação: Autonomia da Assembleia Geral de Credores (AGC) nas questões econômicas do Plano de Recuperação Judicial (PRJ).
“(...) Em regra, a deliberação da assembleia de credores é soberana,

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