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LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Me. Luciana Lobo GUIA DA DISCIPLINA 2022 1 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. BASES DO DIREITO TRIBUTÁRIO Objetivos: • Identificar as diferenças entre o direito, a moral e a religião; • Apresentar o conceito do Direito Tributário; • Analisar as fontes do Direito Tributário. Palavras-Chave: Direito Tributário; Conceito; Fontes. Certamente você deve, como eu, se irritar com a quantidade de tributos que pagamos no Brasil. Contudo, vamos tentar dissociar esta má impressão que temos dos tributos do estudo que vamos iniciar. Em outras palavras, vamos tentar esquecer no transcorrer do nosso curso que pagamos eventualmente tributos demais, ou que este dinheiro não é usado de maneira adequada, para, assim, focar nas suas qualidades e características importantes na nossa vida profissional. Vamos lá! 1.1. Conceito e características do Direito Olá, vamos começar nosso curso, repletos de disposição e abertos para novas experiências. Conto com você! Nosso curso primeiramente irá analisar o direito como um todo, para depois focar no Direito Tributário em si, verificando suas características. Ademais, iremos verificar a incidência do Direito Tributário junto à Constituição Federal. O homem é um ser social dotado de duas características básicas: a sociabilidade e a politicidade. Contudo, ao se inserir no seio da sociedade, interagindo com os demais, 2 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância surgem conflitos. Antecipo que esses conflitos são dirimidos por normas religiosas, normas de trato moral e normas de direito. A sociabilidade revela-se pelo impulso que o homem tem de viver junto de seu semelhante, trocando experiências, emoções e comunicando-se. Já a politicidade envolve as várias relações que os homens mantém entre si, por integrarem a mesma comunidade. E na medida em que o homem se integra em grupos vai assumindo papéis e responsabilidades perante o próximo e perante a comunidade como um todo. Revela-se, então, o ser político que ele é, e, consequentemente, passa a ser titular de direitos e obrigações. Conforme acima dito, como titular de diretos e obrigações e atuando na sociedade de forma política surgem os conflitos. Estes podem ser solucionados, antes mesmo da aplicação propriamente dita do direito (leis), através da aplicação de regras de moral, religião e trato social. Logo, inúmeros conflitos sociais não chegam ao judiciário em decorrência de uma postura moral, ou devido a um comportamento religioso, que acabam por solucionar a lide. Ao analisar as características do direito, da moral e da religião, verificamos diferenças pontuais, pois enquanto no direito temos a heteronomia, bilateralidade e a coercibilidade, na moral e na religião denota-se a presença da autonomia, unilateralidade e incoercibilidade. Diante da heteronomia, cabe consignar que a pessoa deve cumprir uma norma legal mesmo que discorde dela, e caso não o faça poderá ser forçado a fazê-lo. Ademais, para a lei, enquanto uma pessoa ostente direitos, outra, certamente, apresenta obrigações, posto que bilateral. Por exemplo, se uma pessoa reside em um condomínio, diante das determinações legais, essa tem o dever de pagar as despesas condominiais, queira ou não queira, ache justo ou não, pois assim determinam as regras de direito. Caso não o faça, poderá o condomínio ingressar em juízo obrigando o cumprimento desse dever. Por outro lado, o cumprimento de uma regra moral ou religiosa somente se dá se a pessoa estiver agindo de acordo com sua vontade, isto é, aquilo que acredita e tem a 3 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância intenção de fazer. Ademais, diante da incoercibilidade, característica inerente desses institutos, se uma regra moral ou religiosa não for cumprida as demais pessoas não podem obrigar sua realização. Passando a analisar o direito em si, cabe colocar que todas as regras disciplinadoras da vida em sociedade recebem o nome de Direito. Ex. direito à felicidade, direito à vida digna, direito de ser respeitado em seu ambiente de trabalho, etc. A finalidade primária do direito é realizar e regular as relações humanas, buscando a paz e a prosperidade no meio social, impedindo e reprimindo a desordem, os crimes. Sem o Direito imperaria a lei do mais “forte”, do medo. O Direito e a força são dois pontos que se encontram ligados, porém a forma como se dá essa ligação apresenta diversas vertentes. Sobre o tema há, principalmente, três correntes de pensamentos: • Uma primeira linha de pensamento sustenta haver incompatibilidade entre direito e força, da mesma forma que não há conciliação entre moral e força, pois entende que as pessoas voluntariamente cumprem suas obrigações. Essa teoria idealiza o mundo jurídico, desconsiderando o que ocorre na realidade social. Seria realmente uma vitória se todas as pessoas voluntariamente cumprissem com suas obrigações. Mas sabemos que isso está longe de ser nossa realidade social; • Diametralmente oposta, de acordo com 1Miguel Reale, temos a teoria que vê no Direito uma expressão da força. L hering, seu idealizador, defende que o Direito se reduz à fórmula NORMA+COAÇÃO. Para seus adeptos, esclarece o jurista, o Direito é uma ordenação coercitiva da conduta humana (p. 47). A crítica maior que se faz a esta corrente está ligada ao fato de que várias pessoas cumprem voluntariamente as normas, independentemente de qualquer aplicação de coação/força; 1 Reale, Miguel. Lições Preliminares de Direito - 27ª Ed. 2002, Saraiva. 4 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Para uma terceira corrente o Direito é a ordenação coercível da conduta humana. Segundo Miguel Reale a diferença em relação à corrente anterior reside no fato de que para os primeiros a força está sempre presente no mundo jurídico, enquanto que para os últimos, a coação no Direito é meramente potencial. É denominada Teoria da Coercibilidade. Essa é certamente a teoria em vigor, pois a princípio as pessoas cumprirem com suas obrigações. E apenas para a parcela que deixa de agir de acordo com a lei, o Direito tem a possibilidade de aplicar a força, dentro dos ditames da lei. Diante disso, o fato é que temos o dever de cumprir a lei, não podendo alegar ignorância ou desconhecimento. Logo, podemos até lutar pela mudança, mas enquanto a norma não for revogada ou modificada, devemos cumpri-la. Da exposição acima, conclui-se que o DIREITO É UMA ORDENAÇÃO HETERÔNOMA E COERCÍVEL DA CONDUTA HUMANA. (Lições Preliminares de Direito, p.48/9). Ademais, podemos concluir que as normas de direito possuem uma estrutura IMPERATIVO-ATRIBUTIVA, pois ao mesmo tempo que impõem um DEVER jurídico a alguém, atribuem um PODER ou DIREITO subjetivo a outrem. Daí, porque se diz que a cada direito corresponde um dever. Por exemplo, se o trabalhador possui direitos, o empregador possui deveres. 1.2. Conceito de Direito Tributário e suas fontes. O Direito Tributário é considerado um importantíssimo ramo do direito, tendo em vista sua relevância para a manutenção da máquina administrativa, pois o Estado necessita de recursos para propiciar à coletividade o bem-estar geral, proporcionado saúde, educação, segurança pública, dentre outros pontos indispensáveis a manutenção da vida em sociedade. Esses recursos, como veremos adiante, tem como origem principal os tributos. Cabe consignar, de plano, que o Direito Tributário faz parte do ramo do direito público, posto que, ao regular os direitos e deveres do cidadão perante o Estado, visa atender os interesses da sociedade de um modo geral. Apenas com o intuito de 5 Legislação Tributária UniversidadeSanta Cecília - Educação a Distância complementar o raciocínio, prudente esclarecer que o direito privado, em contrapartida, busca a harmonia dos interesses particulares em si. Desta forma, o Direito Tributário, como ramo do direito público que é, regulamenta a atividade estatal de fixar e cobrar os tributos, tudo de acordo com a lei, lei esta que, por sua vez, é elaborada, de regra, pelo poder legislativo. Ou seja, o Direito Tributário tem por finalidade essencial apresentar regras relativas à instituição, arrecadação e fiscalização dos tributos. Na verdade, esse ramo do direito está presente na nossa vida cotidiana, pois pagamos tributos diariamente, como, por exemplo, no consumo da energia elétrica, compra de produtos, dentre inúmeros outros atos corriqueiros. Salienta-se que para bem regularizar toda essa atividade tributária do Estado, o direito, através da Constituição Federal, estabelece as competências tributárias para cada um dos entes políticos, apresentando quais são os impostos federais, estaduais e municipais, como veremos mais adiante. No entendimento do Douto Doutrinador Paulo de Barros Carvalho (2014)2, o Direito Tributário é o ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo conjunto das proposições jurídico normativas que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos. No mesmo sentido, contudo de uma forma mais direta, Luciano Amaro3 coloca que o Direito Tributário é a disciplina jurídica que trata dos tributos. Dando continuidade ao nosso estudo analisaremos as fontes do Direito Tributário, ou seja, seu nascedouro. Nesse sentido, temos que as normas jurídicas são formadas pelas fontes, que se dividem em formais e materiais. 2 CARVALHO, P.B. Curso de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2014. 3 Amaro, Luciano. Direito Tributário Brasileiro - 21ª Ed. 2016. http://www.saraiva.com.br/direito-tributario-brasileiro-21-ed-2016-9269604.html 6 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância As fontes materiais são os fatos que acontecem na sociedade e que apresentam relevância ao Direito. Já as fontes formais são as normas postas que viabilizam a aplicação do Direito ao caso concreto. Através das leis o Estado passa a ter o direito de arrecadar e o contribuinte, que praticou o fato gerador, o dever de pagar4. As fontes formais do Direito Tributário se dividem em primárias e secundárias. As primárias se evidenciam quando há uma mudança da lei que atinge a relação entre o Estado/fisco e o contribuinte. Já as fontes formais secundárias ostentam um caráter explicativo das normas primarias. Assim, a junção das fontes formais primárias e secundárias forma a legislação tributária, conforme se denota através do artigo 96 do CTN (Código Tributário Nacional): Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. As fontes formais primárias do Direito Tributário estão primeiramente previstas na Constituição Federal (artigo 59) apresentando as espécies tributárias, as imitações ao poder de tributar do Estado, além de distribuir as competências entre os entes da federação (União, Estados-membro, Municípios e Distrito Federal). Abaixo da Constituição Federal temos a lei complementar, sendo que a mais importante no âmbito do Direito Tributário é o Código Tributário Nacional. De regra, a lei complementar não cria tributo, no entanto, existem algumas exceções, a saber: • Empréstimo compulsório (artigo 45); • Imposto sobre grandes fortunas (artigo 153); • Competência residual (artigo 154). 4 A compreensão tridimensional do Direito sugere que uma norma adquire validade objetiva integrando os fatos nos valores aceitos por certa comunidade num período específico de sua história. No momento de interpretar uma norma é necessário compreendê-la em função dos fatos que a condicionam e dos valores que a guiam. A conclusão que nos permite tal consideração é que o Direito é norma e, ao mesmo tempo, uma situação normatizada, no sentido de que a regra do Direito não pode ser compreendida tão somente em razão de seus enlaces formais - CARVALHO, José Mauricio de. O homem e a filosofia, pequenas meditações sobre a existência e a cultura. 2. ed., Porto Alegre: Edipucrs, 2007. 7 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ainda como fonte primária do Direito tributário temos: • Lei ordinária, que necessita apenas de maioria simples para aprovação (basta a maioria dos presentes na hora da votação); • Medida provisória para a criação de imposto apenas, ou seja, as demais espécies tributárias não podem ser instituídas por MP; • Lei delegada; • Tratados internacionais; • Decreto Legislativo; • Resolução. Ela serve para determinar alíquotas de tributos (IPVA) As fontes do Direito Tributário secundárias são: • Decretos. Estes especificam uma lei já existente, fazendo parte do poder regulamentar da administração pública. Esse poder serve para especificar uma lei já existente. Exemplo: RIR (Regulamento do Imposto de Renda) e RIP. • Atos Administrativos; • Convênios. Estão são acordos que podem ser estabelecidos entre a União, os estados, o distrito e os municípios. Salienta-se que estes não podem contrariar a lei; Obs. Doutrina, jurisprudência e costumes. Para alguns doutrinadores estes não são fontes formais diretas, posto que não vinculam a sociedade, contudo, não se pode negar que estas ao menos servem de base para a elaboração das leis, uma vez que apresentam opiniões sobre determinados assuntos. Cabe esclarecer, por fim, que existe uma outra forma de divisão das fontes, classificação está bastante usada entre os doutrinadores. Vamos lá! • Fontes materiais: são os elementos que contribuem para a formação do conteúdo das normas jurídicas, como por exemplo, os fatores climáticos, 8 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância geográficos, econômicos, entre outros, que originam normas jurídicas concedendo incentivos fiscais para empresas que no Nordeste se instalem. • Fontes formais: são as formas como as normas jurídicas se tornam conhecidas, sendo que a mais usual é a lei. Essas fontes formais podem vir da sociedade ou do próprio Estado, nesse sentido as fontes se dividem em: • Estatais: são originadas em atos estatais, como se dá com a lei e a jurisprudência. Isto é, a lei e criada preponderantemente pelo poder legislativo e a jurisprudência pelo judiciário; • Legislação: É a mais importante fonte do Direito. Abrange todas as modalidades de normas jurídicas escritas, como por exemplo, a Constituição Federal, as Leis Ordinárias, as Medidas provisórias, etc. • Jurisprudência: São as decisões reiteras dos tribunais, no mesmo sentido e sobre o mesmo tema, ocorrendo no momento em que o poder judiciário aplica a lei ao caso concreto. • Não estatais: estas advêm da sociedade, como por exemplo, os costumes e a doutrina. • Costume: é o conjunto de normas de conduta social, criadas espontaneamente pela sociedade, através do uso reiterado e uniforme, gerando na população certeza de sua obrigatoriedade. • Doutrina: É exteriorizada através dos trabalhos dos juristas, materializada em seus livros, comentando temas relacionados com o Direito. Veja que independentemente da classificação dada, o importante é que a origem do direito tributário, ou seja, sua fonte principal é a mesma, isto é, as leis. Resumo do Módulo Primeiramente, verificamos as diferenças entre direito, moral e religião, diferenças estas ressaltadas no quadro abaixo 9 Legislação Tributária UniversidadeSanta Cecília - Educação a Distância Direito Moral Religião Heteronomia Autonomia Autonomia Coercibilidade Incoercibilidade Incoercibilidade Bilateralidade Unilateralidade Unilateralidade Posteriormente falamos das fontes do conceito e das fontes do direito tributário. Lembrando que uma possível classificação a ser apresentada é a seguinte: • Estatais – lei e jurisprudência; • Não estatais – costumes e doutrina. Espero que esteja gostando tanto quanto eu. Conto com você como meu fiel companheiro por essa incrível viagem pelo Direito tributário. 10 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E SUAS RECEITAS Objetivos: • Analisar o Sistema Tributário Nacional; • Verificar suas receitas; • Descrever a repartição dessas receitas. Palavras-Chave: Sistema Tributário; Receitas; Repartição. Caro aluno! Gostaria de iniciar esse nossa aula com um pensamento de NORBERTO BOBBIO5 que muito se encaixa ao Sistema Tributário atual: “não é verdade que o aumento da liberdade seja sempre um bem ou o aumento do poder seja sempre uma mal”. Pense nisso, ao adentrar pelo mundo do Direito Tributário. Bons estudos! 2.1. Receitas Tributárias O Estado para cumprir com todas suas obrigações perante a sociedade e a lei, necessita de receitas que viabilizem o ingresso de dinheiro em seus cofres e, assim, a realização de todas as suas metas, quer em relação às suas próprias necessidades estruturais (por exemplo, em decorrência do pagamento de seus funcionários), quer em relação aos anseios sociais (construção de uma creche, por exemplo). Assim, essas receitas diferenciam-se por sua natureza em 2 (duas) grandes espécies: as receitas originárias e as receitas derivadas. As primeiras têm origem em atos do próprio Estado, utilizando-se de bens que possuem, como o arrendamento de bens públicos, por exemplo. Já as receitas derivadas originam-se por meio de dinheiro advindo dos contribuintes diante do pagamento dos tributos. Ante o exposto, denota-se que nem todo ingresso de receita qualifica-se como tributo, não sendo, pois, sinônimos. 5 A era dos direitos, 11ª edição. Campus. Rio de Janeiro: 1992. 11 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2.2. Sistema Tributário Nacional Primeiramente cabe definir de forma direta o significado do termo “Sistema Tributário Nacional”. Assim, o sistema nada mais é do que o conjunto de normas e institutos que tem por finalidade criar e arrecadar tributos que, conforme disposição constitucional, são repartidos entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Infelizmente sabemos que o Brasil é mundialmente conhecido como país de grande desigualdade social, e um dos fatos geradores dessa desigualdade é exatamente a existência de um Sistema Tributário por vezes ineficiente e injusto, sistema este que necessita de uma reforma urgente, sob pena de acabar por paralisar o país diante da enorme carga tributária interna, como também em decorrência da desigualdade legal que o país apresenta para com seus parceiros comerciais. Assim, a lei define tributos e suas espécies, apresenta os princípios basilares desse sistema, conforme veremos adiante. Cabe consignar que, conforme consta na Lei Maior o Brasil é uma Federação. Essa forma federativa, conforme determina a Constituição Federal, tem como consequência a união de Estados, Municípios e Distrito Federal que de forma independente e autônoma, formam o Brasil. Assim, a Constituição Federal distribui competências entre os entes da federação, concedendo poderes para administrar e legislar a cada um deles. Diante disso, no que tange a União, a Constituição Federal, nos artigos 21, 22, 23 e 24 concede as competências necessárias para sua administração. Com relação os Estados e ao Distrito Federal a outorga das competências se dá através do artigo 25. Por fim, os Municípios recebem suas incumbências através do artigo 30, também da Lei Maior. Diante da repartição das competências em geral, também são atribuídas pela constituição às competências tributárias. Tal fato se vislumbra ao se analisar a Lei Maior no título VI - da tributação e do orçamento, bem como o capítulo I - do Sistema Tributário Nacional, dando-se relevância aos artigos 145, 153, 155 e 156 daquele Texto Magno, conforme texto abaixo: 12 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - Impostos; II - Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Art. 153. Compete União instituir impostos sobre: I - Importação de produtos estrangeiros; II - Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - Renda e proventos de qualquer natureza; IV - Produtos industrializados; V - Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - Propriedade territorial rural; VII - Grandes fortunas, nos termos de lei complementar. Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - Transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; II - Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações e iniciem no exterior; III - Propriedade de veículos automotores; Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - Propriedade predial e territorial urbana; II - Transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos e sua aquisição. III - Serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art.155, II, definidos em lei complementar. Além das competências ordinárias acima ressaltadas, que pertencem a cada um dos entes e que estão previstas expressamente nos artigos 153, 155 e 156, há em favor da União o estabelecimento de competências extraordinárias, previstas no artigo 154, originando o Imposto de Guerra (incidente sobre qualquer fato econômico, ainda que já seja gerador de tributo previsto na CF) e o Imposto residual (que somente se cria por Lei Complementar e que só pode incidir sobre fato econômico novo, ainda não previsto na CF). Obs. Conforme determina o artigo 147, competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos Municipais; (...). https://jus.com.br/tudo/poder-de-policia https://jus.com.br/tudo/servicos-publicos https://jus.com.br/tudo/propriedade 13 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Logo, no tocante aos tributos estaduais, dentre os quais se destaca o ICMS, tem a União à competência para sua instituição, nos territórios federais. Depois de analisados os pontos constitucionais relacionados ao Sistema Tributário Nacional, cabe destacar o Código Tributário Nacional, onde se verifica um sistema de harmonização das competências tributárias, buscando atribuir, a cada ente da federação a competência por legislar e administrar tributos sob todas as categorias econômicas tributárias. O quadro abaixo demonstra a divisão das competências tributárias e as categorias econômicas sobre os quais recaem os tributos previstos em nossa legislação6: União Estados Municípios Renda IR; Contr. Previdenciária; Contr. ao Seguro de Acidentedo Trabalho; Contr. ao Salário Educação. _________ _________ Patrimônio ITR; Grandes Fortunas; Contribuição de Melhoria. ITCMD; IPVA; Contribuição de Melhoria. IPTU; ITBI; Contribuição de Melhoria. Atividade Econômica IPI; IOF; II; IE; COFINS; PIS; CSLL; CIDE. ICMS ISS Através da análise do quadro acima se verifica uma grande concentração da política tributária sob a competência da União Federal, em detrimento dos Estados e Municípios, diante da efetiva concentração de poder político e econômico nas mãos da União Federal em detrimento dos demais entes federativos. Salienta-se que existem dois modos de repartição tributária: 6 No site em destaque http://www.portaltributario.com.br/glossario.htm encontram-se os significados das siglas dos tributos acima elencados. http://www.portaltributario.com.br/glossario.htm 14 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Direta: ocorre quando a receita passa diretamente para o ente beneficiário, sem qualquer intermediário e sem que esta receita faça, antes da repartição, parte de qualquer fundo constitucional. • Indireta: quando os recursos a serem repartidos são destinados a um fundo de participação, e os beneficiários receberão receitas divididas seguindo os critérios legais e constitucionais previamente definidos. É o caso da quota do Fundo de Participação dos Municípios. Como o repasse é feito após a destinação dos recursos sujeitos à repartição (47% do Imposto de Renda e 47% do IPI) ao citado fundo. Em síntese, são diretas as repartições previstas nos artigos: 153, parágrafo 5º, 157 e 158, da CF/88 e indiretas, estas quando as relativas aos fundos de participação (CF, art. 159, I, a, b e c) ou compensatórios (DF, art. 159, II). A união reparte com os estados e municípios. Os estados repartem com os municípios e estes últimos (municípios) não repartem com ninguém. Assim, por exemplo, certo tributo federal quando arrecadado é depois redistribuído entre estados e municípios de acordo com a relação que estes tenham com o fato que originou o tributo. Da mesma forma quando um tributo é arrecadado pelos estados devem eles repassar parte dessa receita para os municípios localizados neste estado. A Constituição define que pertencem aos estados e municípios o Imposto de Renda Retido na Fonte que são por eles retidos por pagamentos realizados. A eles pertencem também um volume de aproximadamente 22% do produto da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para a formação dos Fundos dos Estados e dos Municípios. Além disso, os municípios têm direito a 50% da arrecadação do Imposto Territorial Rural, cobrado pela União e 50% da arrecadação do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, cobrado pelos estados, além de 25% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias, do Estado. 15 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Obs. Cabe acrescentar que a competência do Distrito Federal abrange a exercida pelos Estados-membros e pelos Municípios. E mais, existem tributos cujas receitas não são repartidas: • Todos os impostos arrecadados pelos Municípios e pelo Distrito Federal; • O imposto estadual sobre transmissão causa mortis e doações – ITCD; • Os impostos federais sobre importação, exportação, grandes fortunas e os extraordinários de guerra; • Os tributos vinculados, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais, empréstimos compulsórios, não estão sujeitos a qualquer repartição. Assim, terminamos mais uma aula. Espero que estejam compreendendo, mas em caso de dúvida é só me procurar na plataforma. Até a próxima! Resumo do Módulo Primeiramente falamos das receitas tributárias, lembrando que estas podem ser receitas originárias e as receitas derivadas. Ademais, analisamos o sistema tributário nacional sob a ótica da Constituição, trazendo a repartição das competências entre os entes da federação. 16 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. TRIBUTO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Objetivos: • Entender a extensão do termo tributo e analisar suas características; • Verificar as espécies tributárias e suas características; Palavras-Chave: Gênero Tributo; Espécies Tributárias. 3.1. Tributo Trata-se de uma receita derivada que permite ao Estado manter sua atividade genérica ou específica em alguns casos, a fim de atender as necessidades sociais. O tributo além de apresentar um caráter estritamente fiscal, também ostenta outras duas funções muito importantes. Assim, o tributo também apresenta uma característica extrafiscal, no momento em que exerce uma função que não é essencialmente arrecadatória, mas sim regulatória de certo ramo econômico, atuando de modo a permitir que o Estado tenha nele instrumentos intervencionistas, como, por exemplo, através da instituição do CIDE (contribuição interventiva do domínio econômico). Por fim, poderá ter uma característica parafiscal, permitindo que entes não pertencentes ao Estado recebam a condição de credores tributários, de modo que nestes casos o tributo ingressando diretamente nos cofres daquela entidade sirva a propósitos específicos, tendo como exemplo as contribuições profissionais. Cabe consignar, em seguida, que o conceito legal de tributo está escrito no artigo 3º do CTN e fundamentalmente podemos destacar os seguintes requisitos: • Prestação pecuniária - a noção de tributo exige que a prestação a ser oferecida ao Estado seja em moeda ou em valor que pode se exprimir em moeda. Logo, não é considerado um tributo às prestações não pecuniárias, ainda que seja criada por lei. É o caso da prestação de serviço militar e da prestação de serviço eleitoral; • Criado por lei - o tributo jamais será o resultado de uma obrigação criada por um contrato celebrado com o ente da Federação, nem fruto de uma condenação judicial do particular em favor do Estado; 17 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Cobrado mediante atividade estatal vinculada - será sempre o poder público que executará as tarefas de fiscalização do crédito; • Que não constitua sanção de ato ilícito - o tributo nunca estará relacionado a prática pelo particular de um ato ilícito administrativo, os quais geram multas, mas jamais tributos. Diante dessas caracteristicas podemos concluir que não é considerado tributo: • Obrigação contratual (ex: contratos de concessão, celebrado entre o poder público e uma concessionária); • Condenação judicial que gera pagamento, por exemplo, de custas ao governo; • Multas administrativas, como aquelas de trânsito. Existem basicamente quatro formas de tributação: Lucro real, presumido, arbitrado e simples nacional para ME – Microempresa, EPP – Empresa de Pequeno Porte e para MEI – Microempreendedor Individual. • Lucro Real: é o resultado das receitas descontando-se os custos e despesas ajustado pelas adições e exclusões. O interessante neste caso, ou seja, com a utilização do RIR – Regulamento de Imposto de Renda, a empresa paga o imposto apenas quando obtém lucro; • Lucro Arbitrado: até o advento da Lei nº 8.981/95, somente a autoridade fiscal poderia arbitrar o resultado. Contudo, a partir de 1996 foi concedido ao contribuinte a possibilidade de fazer a opção por essa modalidade de base de cálculo do Imposto de Renda, conforme artigo 26 da referida lei, regulamentada pelo artigo 530 do RIR, conforme texto abaixo [...]: VII – o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas utilizadas para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. § 1º Quando conhecia a receita bruta, o contribuinte poderá efetuar o pagamentodo Imposto de Renda correspondente com base nas regras previstas nesta seção. § 2º Na hipótese do parágrafo anterior: A apuração do Imposto de Renda com base no lucro arbitrado abrangerá todo ano- calendário, assegurada a tributação com base no lucro real relativa aos meses não 18 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância submetidos ao arbitramento, se a pessoa jurídica dispuser de escrituração exigida pela legislação comercial e fiscal que demonstre o lucro real não abrangido por aquela modalidade de tributação, observando o disposto no § 5º do artigo 37; Por fim, é estipulado pela fiscalização, em decorrência da inaptidão ou falta de documentação por parte do sujeito passivo: • Lucro Presumido: conforme determina o § 1º do artigo 516 do RIR, esta espécie é definida em relação a todo o ano-calendário (Lei nº 9.718, de 1998, art. 13, § 1º), aplicando-se um percentual sobre o faturamento, conforme determinação legal; • Simples Nacional: nesta hipótese, a Lei Complementar nº 123/2006, define uma forma simplificada para a tributação de impostos federais, estaduais e municipais para as micro, pequenas empresas e para o MEI, contudo deve-se atentar as atividades que podem optar por esse regime e identificar o anexo das alíquotas para cálculo dos impostos. Não deixe de analisar o site abaixo indicado, a fim de enriquecer seus conhecimentos: www.portaldomicroempreededorindividual.com.br Depois de apresentado o conceito de tributo e de entender que este é gênero que ostenta diversas espécies, passamos a analisar essas espécies tributárias. Assim, através do conceito legal de tributo podemos verificar 5 (cinco) espécies de tributos, com características que as diferenciam umas das outras. Para se configurar cada espécie tributária tem-se uma norma que possui uma previsão abstrata de um fato econômico que se denomina HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA (como por exemplo, auferir renda, prestar serviço, ser proprietário) e uma ocorrência concreta, ou seja, a realização real do fato antes previsto abstratamente a que se denomina FATO IMPONÍVEL (é o auferir, é o prestar serviço, é o ser proprietário). Quando se verifica a perfeita coincidência entre o fato concreto e a previsão abstrata dizemos que ocorreu o FATO GERADOR do tributo. No instante em que ação real se iguala àquela previsão do abstrato há a perfeita coincidência entre norma e fato, surgindo o fato gerador do tributo. Assim, no exato instante http://www.portaldomicroempreededorindividual.com.br/ 19 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância em que alguém realiza concretamente aquilo que a norma previa abstratamente, podemos dizer que nasce a obrigação tributária. Neste dia dizemos que ocorreu o fato gerador. Desta forma, ao estudar as características do fato econômico previsto na lei teremos a diferenciação entre impostos, taxas e contribuições de melhoria, como veremos abaixo. 3.2. Espécies Tributárias • Impostos • Taxas • Contribuições de melhoria • Empréstimos Compulsórios • Contribuições especiais 3.2.1. Os impostos Esta é a espécie tributária mais importante para as receitas dos entes federativos. Como veremos a seguir estes são divididos entre todos os entes da Administração Pública Direta - União, Estados membros, Municípios e Distrito Federal. Cabe consignar que o imposto é uma espécie tributária que ostenta como fato gerador uma atuação do contribuinte, independentemente de qualquer atuação estatal específica em relação a ele. Ou seja, os fatos econômicos que geram a cobrança dos impostos serão sempre praticados pelos contribuintes, sem qualquer vínculo com qualquer espécie de atuação do ente estatal. Por exemplo, o IPVA tem por fato gerador o fato de ser o contribuinte “proprietário de um veículo”, independentemente de qualquer atuação direta do Estado o dever de pagar esse imposto é presente ante a propriedade. Os impostos no Brasil estão todos previstos, expressamente previstos na Constituição, sendo que os de competência da União estão previstos no artigo 153 e 154; dos Estados e Distrito Federal no artigo 155; e dos municípios no artigo 156. Ressalta-se, como já colocado em momento anterior que o Distrito Federal tem tanto a competência estadual quanto a competência municipal. 20 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Sem essa repartição os contribuintes não saberiam para quem pagar seus impostos eis que suas atuações (fatos econômicos) não fazem com que se vinculem a nenhum dos três entes de forma direta. Por exemplo, não há razão lógica que me leve a pagar o IPVA para os estados e o IR para a União. Desta forma, isso de dá em decorrência de uma ordem constitucional, já que em nenhum dos exemplos o fato do contribuinte ser proprietário de certo bem o vincula ao, ao estado ao a União. Obs. Através da competência extraordinária já analisada surgem as seguintes espécies de imposto da União: • Imposto de Guerra - incidente sobre qualquer fato econômico, ainda que já seja gerador de tributo previsto na CF; • Imposto residual - que somente se cria por Lei Complementar e que só pode incidir sobre fato econômico novo, ainda não previsto na CF. As taxas, ao contrário dos impostos, são tributos que têm por fato gerador uma atuação estatal diretamente vinculada ao contribuinte, ou seja, trata-se da contraprestação pela atividade estatal que se dirige ao contribuinte. Esta atuação estatal pode vir na forma de serviço público ou na forma de exercício do poder de polícia. O poder de polícia é o atributo que o poder público tem de intervir na esfera individual com a finalidade de tutelar ou proteger interesses coletivos. Assim nesta modalidade a atuação do estado é diretamente vinculada não ao beneficiário, que é toda a sociedade, mas ao causador da atividade pública, como no caso de um alvará para abertura de um estabelecimento comercial, onde quem paga a taxa é o solicitante, dono do comercio. É indispensável que o serviço público ou o exercício do poder de polícia apresente as seguintes características: • Seja divisível ou individualizável, de modo que se conheça o seu beneficiário (serviço) ou o seu causador (poder de polícia). Exemplo: o serviço público de emissão de passaporte ou de prestação de serviço judicial verifica-se a individualização claramente; • Basta que esse serviço seja colocado à disposição do contribuinte para motivar a cobrança. 21 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Obs. Os serviços públicos universais, como a segurança pública, não permitem, por esta razão, a cobrança de taxa, posto que prestado para toda a coletividade de forma indivisível. Salienta-se que os serviços universais são essenciais e precisam ser realizados, mas o serão com receita oriunda dos impostos, que servem a tudo, ou de outras receitas, como, por exemplo, um financiamento. Atualmente a CF prevê a cobrança de uma contribuição de iluminação pública, entretanto se discute a legalidade dessa cobrança, pois como o fato gerador é uma prestação de serviço, o tributo correspondente seria uma taxa e não uma contribuição. Por outro lado, não poderia se aplicar a taxa, pois se trata de um serviço indivisível. Quanto à ilegalidade da cobrança de taxa de iluminação pública já decidiu o STF, conforme texto abaixo: "A orientação do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a Taxa de Iluminação Pública é inconstitucional, uma vez que seu fato gerador tem caráter inespecífico e indivisível." (AI 479587 AgR, Relator Ministro Joaquim Barbosa, Segunda Turma, julgamento em 3.3.2009, DJe de 20.3.2009) Logo, quando a inaceitabilidade da cobrança de taxa relativa à iluminação pública ou pelo serviço de limpeza pública não maisse discute. Ocorre que alguns doutrinadores e juristas entendem que esses serviços indivisíveis deveriam ser custeados pelos impostos, uma vez que o fato gerador não apresenta a característica da taxa nem mesmo de outra espécie tributária vinculada. Nesse sentido: "É assente nesta colenda Corte que as taxas de iluminação pública e de limpeza pública se referem a atividades estatais que se traduzem em prestação de utilidades inespecíficas, indivisíveis e insuscetíveis de serem vinculadas a determinado contribuinte, não podendo ser custeadas senão por meio do produto da arrecadação dos impostos gerais." (AI 463910 AgR, Relator Ministro Ayres Britto, Primeira Turma, julgamento em 20.6.2006, DJ de 8.9.2006). Foi nesse contexto que a Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública foi positivada no Sistema Constitucional Tributário com a Emenda Constitucional n.º 39, de 19 de dezembro de 2002, que adicionou ao texto constitucional o art. 149-A. Com isso, a CIP http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=582822 http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=369224 http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=369224 22 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância passou a integrar o rol das espécies tributárias, amealhando recursos para os cofres municipais. Oportuna à transcrição do art. 149-A, da Constituição Federal, verbis: “Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único: É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica” A partir daí passou a se discutir a legalidade desta emenda, contudo, a posição hoje dominante, inclusive perante o STF, entende pela legalidade da Emenda Constitucional que criou a CIP, e consequentemente pela manutenção da sua cobrança. Por fim, é de se consignar que taxa não é a mesma coisa que tarifa. De plano, cabe esclarecer que taxa é uma espécie tributária, enquanto tarifa não o é. A partir dessa afirmação outras inúmeras diferenças se apresentam, conforme quadro abaixo publicado no Portal Educação em 15/04/2013: (http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/43852/diferencas-constitucionais-entre- as-taxas-tarifas-e-precos). Taxa Tarifa Objeto Exercício do poder de polícia ou a utilização de serviços públicos específicos e divisíveis. Art. 145, II, CF. Serviços públicos explorados por concessionários. Art. 175, parágrafo único, III, CF. Obrigatoriedade Existente por se tratar de tributo. A contraprestação pelo serviço é devida independentemente da vontade do contribuinte. Art. 145, II, CF Inexistente. Fica obrigado a pagar somente aquele que opta pelo serviço. Finalidade Lucrativa Não há. A prestação pecuniária existe apenas para cobrir os custos da atividade. Existente como o principal interesse do particular em explorar uma atividade pública. Natureza jurídica Tributo Preço público Exemplo Taxa de esgoto Tarifa de ónibus http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/43852/diferencas-constitucionais-entre-as-taxas-tarifas-e-precos http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/43852/diferencas-constitucionais-entre-as-taxas-tarifas-e-precos 23 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância As contribuições de melhoria, por seu turno, são espécies tributárias que têm por fato gerador uma ação estatal na forma de obra pública que cause valorização imobiliária. Nota-se que tanto quanto as taxas as contribuições de melhoria se vinculam a uma atuação estatal individual, entretanto as contribuições de melhoria não se vinculam a um serviço generalizado ou ao poder de polícia, mas sim a uma obra pública que valoriza o imóvel particular. Assim, sempre que houver uma obra pública que comprovadamente cause aos imóveis vizinhos de forma direta uma valorização imobiliária real pode-se em tese pensar neste tributo. A fixação desse tributo dar-se-á com o respeito a dois limites: • Limite global – a soma de todas as contribuições cobradas por causa da obra não pode exceder o custo da própria obra, sob pena de haver enriquecimento sem causa do ente da federação que realizou a obra; • Limite individual – a base de cálculo da contribuição para cada proprietário nunca poderá ser maior do que a própria valorização auferida por ele. Assim, se seu imóvel antes da obra valia 20 e depois da obra passou a valer 25, a base para a cobrança será apenas cinco, ou seja, sobre a efetiva valorização. O procedimento de verificação da valorização encontra-se previsto no CTN. Outra espécie tributária é o empréstimo compulsório que se encontra previsto no artigo 148 da CF, incidindo sobre qualquer fato econômico real, ou seja, a CF não elenca os fatos que poderão sofrer incidência do EC, mas em compensação descreve claramente os motivos que permitem sua instituição. Esse tributo somente pode ser criado através de Lei Complementar, oriunda de ato do Congresso Nacional, onde sua aprovação necessita de maioria absoluta e quórum qualificado, ao contrário das leis ordinárias, que são aprovadas por maioria simples. Ademais, a Constituição Federal determina, também, que apenas a União poderá instituí- lo. 24 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Os motivos para a instituição dessa espécie tributária, como acima dito, se encontram estipulados na Lei Maior, isto é, nos incisos do artigo 148, e são os seguintes: • Inciso I – nos casos de calamidade pública e de guerra externa; • Inciso II – nos casos de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Além disso, o parágrafo único do mesmo artigo determina que a destinação da receita é específica e dirigida ao motivo que originou sua instituição. Por fim, como última espécie tributária as contribuições especiais são divididas em três espécies, nos exatos termos do artigo 149, da Constituição Federal: • Contribuições Sociais; • Contribuições de Intervenção no domínio econômico; • Contribuições no interesse das categorias profissionais ou econômicas; • Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública. Salienta-se que está espécie já foi acima explicada quando falamos da taxa. As contribuições especiais, como um todo, são tributos que não possuem natureza própria, de modo que ora se apresentam com características de imposto e ora com o perfil de taxas. A grande especificidade desse tributo é que normalmente se apresentam sob a forma de contribuições parafiscais, ou seja, apesar da competência para sua criação pertencer à União, esta delega, entretanto, a capacidade tributária (aptidão de arrecadar, ser credor) para outros entes que são criados exatamente para o fim a que se destina a contribuição. Por exemplo, nas contribuições sociais previdenciárias a competência para instituição é da União que delega a capacidade tributária ao INSS, o qual passa a ter a capacidade ativa do tributo, arrecadando-o. Essa delegação de capacidade denomina-se parafiscalidade. O mesmo se dá com os Conselhos Profissionais como OAB, CFM e outros. Vê-se, pois, que a competência de criação é indelegável, conforme determina a Constituição, onde somente os entes da Federação (União, Estados, Municípios) podem 25 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância criar tributos. Assim, ou pertence à União ou aos estados (DF) ou aos municípios e se pertence a um não pertencerá a outro. 3.2.2. Resumo do Módulo Analisamos nessa aula o tributo, bem como as diversas espécies tributárias que delem derivam com todas as suas especificações,verificando as características que as diferenciam. 26 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS Objetivos: • Analisar os princípios tributários previstos na Lei Maior; • Verificar as consequências desses princípios. Palavras-Chave: Princípios Tributários; Consequências. Estamos iniciando nossa segunda semana e continuo contando com a sua companhia por esta viagem ao mundo do Direito Tributário. No mais, espero que esteja apreciando e que o conteúdo contribua para o seu crescimento na área das Ciências Contábeis. Conforme será analisado nesta semana, a Constituição Federal se preocupou em colocar limites à ação tributária do Estado. Estas limitações funcionam, na verdade, como verdadeiros princípios em favor dos contribuintes que os defendem contra a ânsia arrecadatória do fisco, apoiado pelo poder legislativo. Cabe esclarecer que a presente matéria se encontra na Carta Magna, Seção II, denominada “Das Limitações do Poder de Tributar”, conforme descrito abaixo: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; II - Instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; III - Cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; IV - Utilizar tributo com efeito de confisco; V - Estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; VI - Instituir impostos sobre: a) Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) Templos de qualquer culto; 27 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância c) Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) Livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. e) Fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. § 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. § 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. § 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. § 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. Art. 151. É vedado à União: I - Instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; II - Tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; III - Instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Art. 152. “É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino”. 28 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Os princípios representam os alicerces inabaláveis do sistema jurídico pátrio e se constituem em regras de respeito absoluto. Nessa direção, cabe esclarecer que foi a Constituição Federal quem elegeu certos valores como sendo valores supremos e relacionados às diversas áreas da vida social. Assim temos diversos princípios dos vários campos legais. Por exemplo: • Princípios relacionados à pessoa humana - direito à vida, à saúde; • Princípios relativos aos direitos individuais - o princípio da ampla defesa e do contraditório. • Princípios do campo econômico - princípio da liberdade econômica e da livre iniciativa. • Princípios penais - princípio da presunção de inocência. Pois bem, nossa matéria também é repleta de princípios que deverão estar presentes não só na atuação do poder público como executor das leis, mas também pelos próprios legisladores quando da confecção das normas jurídicas que irão formar o direito tributário. Logo, os alicerces tributários são os princípios constitucionais tributários, presente na nossa Lei Maior que tem como destinatário toda a coletividade. Salienta-se que esses princípios são verdadeiros limites ao poder de tributar, limitando a atuação dos entes da federação nesse campo, a fim de proteger o contribuinte. Diante dessa explanação inicial, passamos agora aos princípios propriamente ditos. Vamos lá! • Princípio da legalidade – encontra- se previsto no art. 150, I, CF. Dele se extrai o fundamento de que no Brasil os tributos devem ser criados ou majorados (aumentados) por meio de lei. De regra utiliza-se a regra é a lei ordinária, contudo, os impostos, as contribuições residuais e o empréstimo compulsório só pode ser criado ou aumentado por lei complementar. Cabe colocar, ainda, quanto a este princípio que a Medida Provisória, depoisda EC 32 é instrumento para tratar de matéria tributária atinente à lei ordinária, de modo que não 29 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância há dúvida sobre a possibilidade de medida provisória poder criar ou aumentar um tributo que também poderei ter sido criado ou majorado por lei ordinária. Assim, se certo tributo só pode ser criado por Lei Complementar só por Lei Complementar é que poderá ser aumentado. Ressalta-se que mesmo que criado por medida provisória este tributo só ganhará eficácia desde que respeitando os critérios da anterioridade previstos para cada tributo, como veremos mais a frente e somente a partir de sua transformação em lei pelo congresso. Nunca é demais ampliar nossos conhecimentos, por isso, abaixo apresento o texto constitucional referente à medida provisória, corriqueiramente chamada de MP. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). I - Relativa à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). a) Nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). b) Direito penal processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). c) Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). d) Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). II - Que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) III - Reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) IV - Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 30 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). § 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta se manterá integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). Outras exceções ao princípio da legalidade se refere aos impostos. Vejamos: • Regra – os impostos só podem ser criados ou majorados por lei complementar; • Exceção - os impostos extras fiscais, isto é, o II, IE, IPI e IOF podem ter suas alíquotas aumentadas por ato do Poder Executivo, como por exemplo, decreto, instrução normativa. • Princípio da irretroatividade - previsto no art. 150, III, a, CF. Significa dizer que a lei tributária só se dirige aos fatos futuros, de modo que para que determinado fato econômico possa ser atingido por uma nova lei tributária que tenha criado um tributo ou seu aumento é necessário que o fato seja posterior à lei. Entretanto, como é comum no direito, existe uma exceção quanto ao tema. Assim, se a lei posterior for mais benéfica ao contribuinte, impondo pena mais branda a este, em caso de infração à lei, esta norma não seguirá o princípio da irretroatividade. Trata-se, pois, de caso em que a lei retroage para diminuir a pena do contribuinte. 31 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Princípio da anterioridade - encontra-se previsto no art. 150, III, b/c, CF. Esse princípio tem a finalidade de minimizar as surpresas tributárias ao contribuinte. Por este a lei tributária apenas passe a produzir efeitos a partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao da publicação (exercício financeiro seguinte). Antes disso a lei tem vigência, mas não eficácia. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - Cobrar tributos: b) No mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993). • Princípio da noventena – Também com o intuito de minimizar surpresas, além do princípio da anterioridade o legislador criou o princípio da noventena, previsto na letra c ao inciso III do artigo 150, de modo que hoje além de a nova norma tributária ter que aguardar o exercício financeiro seguinte, também é preciso que haja ainda um prazo de 90 dias a separar a publicação da lei do início de sua eficácia. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - Cobrar tributos: c) Antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiuou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003). Assim, a partir de agora para que realmente tenha eficácia em 1º de janeiro, a lei deve ser publicada até 90 dias antes do final do exercício financeiro. Logo, se, por exemplo, for publicada em 20 de dezembro uma norma que institui um tributo teremos que contar 90 dias para dar início a sua eficácia. Exceções: O parágrafo 1º do artigo 150 enumera os casos em que não será necessário cumprir nenhuma das duas exigências. São situações que refletem ou casos de urgência ou casos de extrafiscalidade. Assim é que o e empréstimo compulsório de guerra (148, I), o imposto de guerra (154, II), o II, o IE e o IOF, EC e IG (153, I, II e V) podem ser dentro do mesmo exercício sem que tenham que aguardar os 90 dias. 32 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Já o IPI (artigo 153, IV, CF) pode ser aumentado no mesmo ano, mas deve aguardar os 90 dias da letra C, ou seja, é apenas exceção ao princípio da anterioridade, mas segue a regra do princípio da noventena. Ao contrário, o IR, IPVA e IPTU deve aguardar o ano seguinte (respeito à letra B, mas não precisa ter o lapso de 90 dias, ou seja, é exceção ao princípio da noventena. • Princípio da igualdade – Por este princípio, previsto no artigo 150, II, da Constituição Federal, tem-se a regra segundo a qual pessoas ou situações semelhantes devem sofrer o mesmo tratamento tributário do estado. Esse princípio, entretanto, deve ser lido com cuidado, pois é possível a instituição de diferenças entre pessoas semelhantes em decorrência de isenções ou para garantir a igualdade socioeconômica entre diferentes regiões do país. • Princípio da Uniformidade Geográfica - Princípio previsto no artigo 151, I, que determina ser vedado à União o estabelecimento de diferenças tributárias entre contribuintes que estejam localizados em locais diferentes. Ou seja, se o tributo é nacional o tratamento nacional deve ser igualitário. Exceção à regra há na hipótese de concessão de incentivos fiscais apenas para promover o equilíbrio socioeconômico das regiões, beneficiando certa região mais fraca. Isenções – São regras estabelecidas em lei que garantem a determinados contribuintes um tratamento tributário privilegiado em relação a certo tributo por se encontrar ele na situação que a lei indica como sendo apta a gerar o tratamento diferenciado. Aparentemente essas hipóteses geram certa ruptura com o princípio da igualdade, entretanto, esta apenas se dá em função estritamente da peculiaridade que a lei vê como especial. Por exemplo, o fato gerador do IPTU é ser proprietário de imóvel urbano. Assim, em tese, todos nesta condição deveriam ser tributados da mesma forma. Ocorre que a lei pode entender que alguma situação de fato exige um tratamento mais benéfico, como por 33 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância exemplo, os idosos aposentados com um único imóvel podem ficar isentos deste tributo por conta dessa situação que a lei entenda como especial. Resumo do Módulo A Constituição Federal determina limites ao poder de tributar do Estado, e esses limites se vislumbram através dos princípios constitucionais tributários. Salienta-se que esses princípios ostentam exceções, como anteriormente visto. Vamos rever os mais relevantes: • Princípio da legalidade: a) Regra: Imposto, empréstimo compulsório e contribuições residuais – só podem ser criados ou aumentados por lei complementar; Exceção: II, IE, IOF e IPI – podem ter sua alíquota majorada da por mero ato do poder executivo; b) Regra: Taxa, contribuição de melhoria e contribuição especial pode ser criada ou aumentada por lei complementar – também podem através de MP. • Princípio da anterioridade e da noventena. 34 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. ANÁLISE DOS DEMAIS PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS Objetivos • Analisar os demais princípios tributários previstos na Lei Maior; • Verificar as consequências desses princípios. Palavras-Chave: Princípios Tributários; Consequências. Caro aluno, vamos dar continuidade ao nosso estudo referente aos princípios constitucionais tributários, que, conforme já colocamos, acabam por limitar o poder de limitar dos entes tributantes. • Princípio do Não Confisco - este se encontra previsto no artigo 150, inciso IV, da Constituição, do capítulo I - Do Sistema Tributário Nacional, da Seção II – Das Limitações do Poder de Tributar. Este princípio se dirige a todos os entes da federação, ou seja, União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Trata-se, na verdade, de uma barreira ao poder de tributar, impedido o livre-arbítrio do legislador na instituição (criação ou majoração) dos tributos. Desta forma, o tributo utilizado com efeito de confisco será tido como inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, devendo a lei ser retirada do ordenamento jurídico. Nesse diapasão podemos citar o Hugo de Brito Machado ao afirmar que: "Os princípios jurídicos da tributação existem para proteger o cidadão contra os abusos do Poder de Tributar pertencente ao Estado” 7. Analisando a aplicabilidade do tema na prática prudente trazer a sessão plenária do julgamento da ADIN 2010-2, onde se questionava a constitucionalidade da lei que possibilitava a elevação de 25% da alíquota da contribuição previdenciária dos servidores públicos, assim se manifestou o Ministro Carlos Mário Velloso em seu voto: É que a Constituição não tolera a utilização de tributo com efeito de confisco (CF, art. 150, IV). Como se chega a essa conclusão? Qual seria o conceito de ‘tributo com efeito de confisco? O conceito é indeterminado, caso em que o juiz laborará 7 Curso de Direito Tributário - 37ª Ed. 2016 35 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância em área que chamaríamos de ‘área cinzenta’. Em primeiro lugar, a questão, ao que me parece, deve ser examinada no conjunto de tributos que o servidor pagará, no seu contracheque, dado que se trata de tributo incidente sobre o vencimento, salário ou proventos. (...) ademais, o efeito de confisco se caracterizaria, sobretudo, no fato, por exemplo, de o servidor, em razão da exigência fiscal, ter que se privar de bens ou utilidades de que vinha se utilizando. Na verdade, por mais que o tributo incida sempre sobre um fato econômico gerador ou demonstrador de riqueza, o tributo não pode retirar desse fato sua quantidade de riqueza de modo a desaparecer para o particular o benefício do seu próprio ato. Entendemos que este princípio deveria ostentar uma aplicação em âmbito maior, impedindo não só que um tributo especificamente seja confiscatório, mas que a carga tributária sobre determinada atividade ou até de modo global o seja. Porém, infelizmente, isso ainda não ocorre efetivamente, posto que a análise se dá apenas some um tributo específico. Caro aluno, faça agora um exercicio de pesquisa pessoal e entre na página da Receita Federal e pesquise acerca da carga tributária dos impostos federais no Brasil e veja que para um cidadão médio no Brasil a carga significa aproximadamente quatro meses de sua receita anual. Cabe consignar, por fim, no que tange esse principio, que também é bom ressaltar que a noção de confisco está intimamente ligada à quantidade e qualidade dos serviços públicos prestados, pois em países avançados, como os países nórdicos, a carga pessoal tributária é muito elevada, mas em compensação o nível dos serviços públicos é sensacional, o que afasta por si só a ideia de confisco ou lesão. • Princípio da progressividade - é um princípio constitucional atinente ao IR, ao ITR e ao IPTU, pelo qual se autoriza opoder tributante a majorar paulatinamente a alíquota destes tributos. Há dois tipos de progressividade: a fiscal, na qual para o aumento progressivo das alíquotas importa apenas o valor da base de cálculo, de modo que o imposto é calculado em faixas de incidência, tanto maior quanto maior for à base de cálculo. 36 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Esta progressividade se dá nos casos do IR e numa das hipóteses do IPTU após a emenda constitucional nº 29. Ao analisar a tabela do IR percebe-se que há no Brasil 3 (três) faixas de incidência, uma inicial isenta, uma alíquota de 15% e outra de 27,5%, sendo que em cada uma se deduz o volume já atingido pela faixa anterior. A outra progressividade é a extrafiscal, modalidade na qual o aumento progressivo das alíquotas não se dá em relação ao valor da base de cálculo e sim por conta de fatores não essencialmente tributários, normalmente vinculados a alguma política pública como a política urbana e a função social da propriedade e a política agrária. Em resumo, esta progressividade autoriza o poder tributante a impor a alíquota maior como se fosse uma penalidade ao contribuinte por ter ele infringido alguma norma não tributária, como por exemplo, manter terreno não edificado ou área rural improdutiva. É o caso dos artigos 153, § 4º e 182, § 4º, da CF. • Princípio da Não-cumulatividade – Este princípio antigamente era afeto apenas ao ICMS e ao IPI, contudo, hoje também se estende a algumas contribuições como a COFINS e o PIS e pelo qual se permite abater do montante de imposto devido pelo contribuinte na sua operação o valor de imposto incidente na operação anterior (e não necessariamente que tenha sido pago), de maneira que o imposto sempre recairá sobre o valor agregado à mercadoria pelo contribuinte. Desta forma, ao adquirir uma mercadoria ou insumo o adquirente se credita do valor acrescido à mercadoria, mas pago pelo comerciante ou industrial anterior. E ao vender a mercadoria ele debita do valor do imposto devido de sorte que o saldo será a diferença entre o débito e o crédito. Nesse sentido temos a lição do ilustre professor Ricardo Alexandre8: “A não cumulatividade é técnica que tem por objetivo limitar a incidência tributária nas cadeias de produção e circulação mais extensas, fazendo com que, a cada etapa da cadeia, o imposto somente incida sobre o valor adicionado nessa etapa. 8 Direito Tributário Esquematizado / Ricardo Alexandre. – 9 ª ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. Pág. 51. 37 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Assim, ao final da cadeia, o tributo cobrado jamais será maior que o valor da maior alíquota, multiplicado pelo valor final da mercadoria. ” Em se tratando de ICMS, a título de exemplo, cabe colocar que quando uma mercadoria é fornecida a R$ 200,00 (duzentos reais), incidirá aqui o imposto sobre a totalidade do montante. E se esta mesma mercadoria é revendida por R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais), incidirá novamente o ICMS sobre esse valor, até chegar ao destinatário final. Pois bem, conforme o exemplo acima citado, o segundo alienante da mercadoria de R$ 250,00 terá direito à compensação do crédito, vez que o primeiro alienante pagou também o ICMS. • Princípio da Seletividade – Constitui um notável exemplo de extrafiscalidade, de modo a selecionar os bens de consumo mais ou menos essencial ao cidadão. A Constituição Federal estabelece a observância do princípio da seletividade em dois impostos: o IPI (art. 153, §3º, I) e o ICMS (art. 155, §2º, III). Na verdade, esse princípio é afeto ao IPI e ao ICMS, porém, a jurisprudência também o estende ao PIS e COFINS, permitindo que se estabeleça tratamento diferenciado para certos produtos em função de critérios de essencialidade fixados em lei, de sorte que um gênero alimentício de primeira necessidade pode sofrer incidência privilegiada em relação ao outro gênero não essencial. Nesse contexto, a Justiça Federal de São Paulo proferiu uma importante decisão relativa a não cumulativa/seletividade do PIS/COFINS. Por esta, as empresas do setor editorial foram beneficiadas com uma inédita sentença judicial da 25ª Vara da Justiça Federal de São Paulo, que ampliou o conceito de insumos para as contribuições sociais destacadas. A mencionada decisão reconhece direito creditório para as editoras, cuja atividade econômica depende essencialmente da aquisição de direitos autorais para obter o resultado econômico faturamento. http://www.direitoeleis.com.br/index.php?title=Extrafiscalidade&action=edit&redlink=1 http://www.direitoeleis.com.br/Constitui%C3%A7%C3%A3o_Federal http://www.direitoeleis.com.br/index.php?title=IPI&action=edit&redlink=1 http://www.direitoeleis.com.br/ICMS 38 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Entendeu o Juízo que os gastos ou as despesas sofridas pela editora na compra de direitos autorais, geram o direito de apropriar-se dos créditos de PIS e COFINS não cumulativos. Desta forma, foi reconhecido o direito da editora de recuperar os pagamentos indevidos a maior a título de PIS e da COFINS, vez que, aquisição de direitos autorais cria o direito de desconto de 9,25% sobre os gastos com estes insumos diante das pessoas jurídicas que comercializam o direito autoral. Esse mecanismo é realizado na contabilidade do contribuinte, através do crédito pelas mercadorias adquiridas (o valor a se creditar vem na Nota Fiscal emitida pelo vendedor e que acompanha a mercadoria) e, posteriormente, pelo débito do imposto devido na operação de venda do contribuinte (este valor a ser debitar é aquele que consta da Nota Fiscal de saída e que acompanha a mercadoria quando da venda). O direito autoral foi reconhecimento como insumo para as editoras, bem como a recuperação dos pagamentos realizados indevidamente a maior dos últimos cinco anos. Assim, a União Federal foi obrigada a devolver ao contribuinte os recolhimentos efetivados dentro deste período 5 (cinco) anos, devidamente atualizados pela taxa SELIC. Na verdade, se entendeu que os gastos financeiros para a aquisição das obras literárias devem ser entendidos como um custo intrinsecamente ligado à criação da obra literária para a editora, ou seja, um insumo pertinente à sua cadeia produtiva, ligados à sua atividade fim. O juiz acolheu o pedido da editora com base ao princípio da não-cumulatividade das contribuições do PIS e da COFINS estampados no artigo 3º da lei 10.637/02 e 10.833/03, considerando o aproveitamento aos créditos previstos pela própria legislação. Resumo do Módulo Caro aluno, para apresentar o resumo deste módulo, entendemos por bem apresentar novos exemplos sobre os princípios supra ressaltados. Vamos lá! 1º exemplo: Não cumulatividade 39 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2º exemplo: Progressividade 40 Legislação Tributária Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS Objetivos: • Analisar as imunidades tributárias; • Verificar as consequências dessas imunidades; • Verificar as diferenças entre imunidade e isenção. Palavras-Chave: Imunidade; Consequências; Diferenças. Caro aluno! Vamos iniciar mais essa aula tratando de um assunto de extrema relevância para os cofres públicos e, consequentemente, para a sociedade. Conto com seu empenho de sempre. Vamos lá estudar as imunidades! As imunidades são normas constitucionais que impedem o nascimento da lei tributária que descreva os fatos arrolados por elas. O ilustre Doutrinador Paulo de Barros Carvalho conceitua imunidade nos seguintes termos9: “A classe finita e imediatamente determinável de normas jurídicas, contidas
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