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REFORMAS DA PREVIDÊNCIA TEMER E BOLSONARO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE POLÍTICA, ECONOMIA E NEGÓCIOS
CLAUDIA MARIA MARTINS DA SILVA AQUINO 
NADIELE MATOS MASCARENHAS
REFORMAS DA PREVIDÊNCIA: TEMER E BOLSONARO
Osasco
2019
SUMÁRIO 
1.	INTRODUÇÃO	3
2.	HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL	3
3.	REFORMA DA PREVIDÊNCIA – TEMER	5
3.1.	PRIMEIRA PROPOSTA	5
3.2.	SEGUNDA ALTERAÇÃO	5
4.	REFORMA DA PREVIDÊNCIA – BOLSONARO	6
4.1.	Regras de transição	6
4.1.1.	Sistema de pontos	6
4.1.2.	Idade mínima pré-fixada	7
4.1.3.	Máximo de dois anos para aposentadoria	7
4.2.	Aposentadorias especiais.	7
4.2.1.	Professores, policiais e agentes penitenciários	7
4.2.2.	Servidores públicos	7
4.2.3.	Trabalhadores rurais.	7
REFERÊNCIAS	9
1. INTRODUÇÃO
A Previdência Social é um dos direitos da Seguridade Social, conforme o art.6º da Constituição Federal de 1988. Portanto, não se trata de um programa de proteção, no qual o participante pode ou não ser beneficiado, mas um direito previsto em lei e, consequentemente, assegurado ao contribuinte. A Previdência objetiva proporcionar meios de subsistência ao segurado e sua família, seja momentaneamente, devido à maternidade, doença ou acidente, ou permanentemente, devido à invalidez, velhice ou ainda em caso de morte do segurado. 
No Brasil, a Previdência Social é um sistema de seguro obrigatório para todos os trabalhadores com carteira assinada, porém os trabalhadores autônomos e empresários podem decidir se querem contribuir para o sistema, caso planeiem ter o benefício. Ou seja, nem todo cidadão é segurado, mas todos os segurados são, obrigatoriamente, contribuintes. 
Após a criação da Previdência, por anos foi possível mantê-la estável, algo compreensível para qualquer país em que a população jovem seja consideravelmente maior que a população idosa. Entretanto, o envelhecimento da sociedade brasileira, decorrente do aumento do número dos idosos segurados e a redução dos trabalhadores contribuintes, ocasionam a cada ano maiores déficits nas contas da Previdência. Diante disso, os últimos governos têm proposto reformas visando acabar ou reduzir estes déficits. 
HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL
Ao longo dos anos, a Previdência Social brasileira passou por diversas mudanças envolvendo o grau de cobertura, o elenco de benefícios oferecidos e a forma de financiamento do sistema. BRASIL. LEI No 8.212 DE 24 DE JULHO DE 1991.
A Seguridade Social está definida no art.1 da Lei orgânica da seguridade social como um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social.
Segundo o site da previdência social, o início da previdência no Brasil se deu a partir do decreto n° 9.912 – A, de 26 de março de 1888, que regulamentava o direito à aposentadoria dos funcionários dos correios. No mesmo ano, foi criada a Lei n° 3.397 de 24 de novembro que criou a Caixa de Socorros em cada uma das Estradas de Ferro do Império. A partir de então foram criadas diversas leis e decretos que regulavam a previdência em diversos setores de trabalho.
Porém apenas em 1923, com o decreto no 4.682 de 24 de janeiro, conhecida como Lei Elói Chaves, foi dado de fato o ponto de partida para a previdência no Brasil. Segundo o BrasilPrev, o texto propunha a formação de uma reserva para os empregados de cada uma das empresas ferroviárias no país. Com o avanço da industrialização, as garantias trabalhistas ganharam mais atenção e incentivaram o surgimento de vários “Institutos de Aposentadorias e Pensões”.
Para SOUZA (2013), por meio desse decreto, era então instituída a Caixa de Aposentadorias e Pensões (CAP’s) do qual tinham por alvos os trabalhadores operários urbanos e os ferroviários. Esses funcionários pagavam uma contribuição mensal e 
ganhavam o direito de se aposentar em caso de invalidez, idade avançada ou por acidentes de trabalho, os quais eram muito constantes.
Foi ao longo da década de 1930, já no período autoritário do governo Vargas, que se estruturou o Sistema Previdenciário de forma mais abrangente com a criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), organizados por categorias profissionais
que passaram a conviver com as, inicialmente estabelecidas, CAPs, estruturadas por empresas. Cada instituição tinha liberdade para o estabelecimento de seu pacote de benefícios e suas alíquotas de contribuição. Esta fragmentação perdurou até a década de
1960, apesar das várias tentativas de unificação do Sistema Previdenciário com vista a corrigir a diferenciação existente. (RANGEL et al., 2009)
Ainda segundo RANGEL et al. (2009), em 26 de agosto de 1960 foi promulgada, após 14 anos de tramitação no Congresso Nacional, a Lei Orgânica da Previdência Social (3.807). Ela visava diminuir a disparidade entre categorias profissionais propondo uma uniformização das contribuições, bem como das prestações de serviços dos institutos. A alíquota de contribuição foi estabelecida em 8% do salário, os benefícios foram uniformizados entre as várias instituições e o Estado passou a ser encarregado do pagamento de pessoal e dos encargos sociais correspondentes à administração do Sistema Previdenciário e à cobertura de eventuais insuficiências financeiras. Isto significou, em termos de regime de financiamento, o transpasso de regime de capitalização coletiva para regime de repartição simples. 
“São dessa época a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), em 1966, o fim da estabilidade no trabalho e a unificação da Previdência, com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social, que reunia todas as Caixas de Pensões e os IAP’s, retirando de sua gestão a presença dos trabalhadores. Na área da Previdência, também foi acionada a extensão dos benefícios aos trabalhadores rurais, sem exigir sua contribuição ou a contribuição dos empregadores, desincumbindo, especialmente os últimos como forma de retribuir seu apoio ao regime, da obrigação de bancar parte dos benefícios sociais aos mesmos. Os benefícios também foram estendidos aos autônomos e aos empregados domésticos.” (COUTO, 2000 p. 128-130).
O processo de previdência consolida-se em 1977 a partir da criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS) que perdurou até a implementação dos ditames constitucionais, segundo Bravo (2010, p.36): 
“Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), composto por duas autarquias: Instituto Nacional de Assistência Medica da Previdência Social (INAMPS), para a prestação da assistência médica, e o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS), cabendo-lhes a atividade financeira do sistema e integrado pelas demais entidades: Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), Legião Brasileira de Assistência (LBA), Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM);Empresa de Processamento de Dados da Previdência (DATAPREV); Fundação Abrigo Cristo Redentor (FACR) e Central de Medicamentos (CEME) como órgão autônomo.”
Segundo a BrasilPrev, apesar de as entidades de previdência privada já estarem regulamentadas desde 1977, o crescimento mais pronunciado dessas instituições só foi verificado na década de 1990, impulsionado pela estabilidade monetária alcançada com o Plano Real. E, a cada dia se tornam mais procuradas pela população para ajudar na realização de projetos de vida.
Com a Constituição de 1988 começou-se a colocar em prática tudo que se produziu dentro das articulações feitas para a promulgação da constituição cidadã. Entretanto, apenas em 1991, segundo TEIXEIRA (2006) foi criada a Lei que regulamenta a previdência, a Lei no. 8.212, a Lei Orgânica da Seguridade Social, que estabelece o Plano de Custeio da Previdência Social, e da Lei no. 8.213, que formaliza o Plano de Benefícios da Previdência Social. O artigo 3a da Lei no. 8.212/1991 assim define sua finalidade: “A previdência social tem por fim assegurar a seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, desemprego involuntário,encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem
dependiam economicamente”.
REFORMA DA PREVIDÊNCIA – TEMER 
O Brasil tem aproximadamente 133 milhões de pessoas em idade economicamente ativa, porém, apenas 60 milhões são contribuintes da previdência social. Com as mudanças sugeridas o governo Temer previa uma economia de 480 bilhões de reais. Entretanto, esse cálculo leva em consideração apenas as economias previstas na reforma e não as consequências indiretas que podem surgir, como por exemplo o aumento de contrações de pessoas físicas como pessoas jurídicas que diminui a contribuição para a previdência. 
1.1. PRIMEIRA PROPOSTA
A primeira proposta de reforma foi enviada à Câmara em dezembro/2016 e propunha igualdade nos critérios de aposentadoria para homens e mulheres. Os dois critérios passariam a ser 65 anos de idade e 25 anos de contribuição. A aposentadoria integral, no entanto, só seria concedida após 49 anos de contribuição (MARTELLO; AMARAL,2016).
Para os homens com mais de 50 anos e mulheres com mais de 45 no momento da implantação, a reforma dá direito à regra de transição. Essa pessoa deveria pagar um pedágio de 50% do tempo que faltasse para a aposentadoria nas regras atuais. (MARTELLO; AMARAL,2016).
Ou seja, um homem de 55 anos de idade com 31 anos de contribuição, pelas regras atuais, precisaria trabalhar mais 4 anos para que pudesse se aposentar, e de acordo com a regra de transição esse trabalhador cumpre o pedágio de 50% (2 anos) e pode se aposentar. Assim, ao invés dos 4 anos faltantes na regulamentação atual o indivíduo precisa contribuir por 6 anos.
A Proposta de reforma previa ainda a igualdade de tempo de contribuição e idade mínima para os trabalhadores rurais e urbanos, e exclui a redução de tempo para os professores (MARTELLO; AMARAL,2016).
1.2. SEGUNDA ALTERAÇÃO
Com a intenção de aprovação mais rápida na Câmara a proposta original foi alterada mantendo o os 65 anos para os homens e modificando a idade mínima para 62 para mulheres a partir de 2038. Antes disso, a regra de transição define a idade mínima para aposentadoria para homens em 55 anos na iniciativa privada e 60 para os servidores públicos. Para as mulheres, a idade será de 53 e 55, respectivamente. 
Está previsto ainda regras de transição diferenciadas para professores, policiais e trabalhadores com atividades de alto risco à saúde. Os professores poderão se aposentar aos 60 anos de idade e os policiais, aos 55, independentemente do sexo. Entre os que têm atividades de risco, não há uma idade mínima.
O tempo mínimo de contribuição também sofreu alteração na segunda versão da proposta. Os 25 anos definidos inicialmente passam a valer apenas para servidores públicos, enquanto para os contribuintes do setor privado são previstos 15 anos. Entretanto, para receber 100% do salário de sua categoria o contribuinte precisa ter contribuído por 40 anos. 
A aposentaria, assim como ocorria antes da reforma temer é calculada com base no tempo de contribuição e na idade do contribuinte, conforme tabela abaixo. 
Além das mudanças mencionadas anteriormente a reforma Temer propõe ainda reajuste no teto salarial do benefício. Os servidores públicos que podiam receber até o valor integral de seu salário passam a estar limitados ao teto do INSS, que hoje é de R$5.531,00. 
É importante ressaltar que para os parlamentares as regras são as mesmas dos demais contribuintes e não está previsto tempo de transição. Ou seja, a partir do momento de aprovação da PEC só pode se aposentar parlamentares homens com 65 anos e mulheres com 62, desde que tenham 15 anos ou mais de contribuição e com teto salarial do INSS. Para os militares, não houve alteração.
REFORMA DA PREVIDÊNCIA – BOLSONARO 
Assim como a reforma proposta por seu antecessor o atual governo propôs alteração das idades mínimas para 65 anos para homens e 62 para mulheres com tempo mínimo de contribuição de 15 anos. A aposentadoria por tempo de serviço, no entanto, seria extinta. O Cálculo do valor do benefício é calculado com base no tempo de contribuição, para quem tem até 20 anos contribuídos o valor recebido é de 60%, após esse tempo são acrescidos 2% por ano. Ou seja, para receber 100% do benefício o contribuinte precisar ter, além da idade mínima, 40 anos de contribuição.
1.3. Regras de transição
Como é padrão nas reformas propostas para a previdência, existem regras de transição. O governo Bolsonaro propõe três processos que podem ser escolhidos de acordo com o que for mais benéfico ao contribuinte;
1.3.1. Sistema de pontos
Esse sistema soma a idade do contribuinte ao tempo de contribuição determinando uma quantidade mínima de pontos para que a aposentadoria seja concedida. Para solicitações de benefícios no ano de 2019 as mulheres precisariam ter no mínimo 30 anos de contribuição e 86 pontos acumulados enquanto os homens precisariam de 35 anos e 96 pontos. 
Os pontos necessários seriam aumentados gradativamente, até atingirem 100 para mulheres e 105 para homens no ano de 2033, quando finalizaria o período de transição.
1.3.2. Idade mínima pré-fixada
Nesse modelo, são mantidos os tempos mínimos de contribuição, 30 e 35 anos e a idade mínima e definidas idades mínimas a cada ano. Ou seja, inicialmente o contribuinte precisaria ter 56 anos, se mulher e 61 se homem, e ao fim do período de transição chegaríamos a 62 e 65 com um aumento de 6 meses a cada ano. 
Assim, um contribuinte com 35 anos de contribuição, mas que não tenha 61 anos completos em 2019 não poderia solicitar sua aposentadoria. 
1.3.3. Máximo de dois anos para aposentadoria
Para os contribuintes que estão a no máximo dois anos de cumprir o tempo mínimo de contribuição, 30 e 35 anos, existiria a possibilidade de optar pela aposentadoria sem idade mínima com fator previdenciário, como ocorre atualmente. Entretanto, essa opção aplica um pedágio de 50% do tempo que falta. Ou seja, um contribuinte com 34 anos de contribuição precisaria contribuir com mais 18 meses ao invés dos 12 iniciais. 
1.4. Aposentadorias especiais.
Assim como as regras atuais da previdência a proposta prevê condições especiais para 
contribuintes específicos. Professor, trabalhadores rurais e militares, por exemplo,
possuem benefícios que são citados na PEC.
1.4.1. Professores, policiais e agentes penitenciários
Atualmente essa categoria é subdividida pelo setor de prestação do serviço. Para 
servidores da inciativa privada não possui uma idade mínima para aposentaria desde que 
tivessem 30 anos de contribuição, para os homens e 25, para as mulheres. Com a nova 
proposta todos os contribuintes precisariam ter pelo menos 30 anos de pagamento e 60 
anos de idade. Já servidores públicos que antes precisavam ter ao menos 50 anos de 
idade para mulheres e 55 para homens passam a estar sujeitos as mesmas regras que os 
contribuintes privados. 
Os policiais e agentes penitenciários ficariam sujeitos, na nova proposta, a uma idade 
mínima de 55 anos com tempo de contribuição de 30 anos para os homens e 25 para as 
mulheres.
1.4.2. Servidores públicos
Atualmente, os servidores públicos tem idade mínima de aposentadoria de 55 anos para 
mulheres e 60 para homens além de tempo de contribuição de 30 e 35 anos 
respectivamente. Essa categoria passaria a ter a mesma idade mínima que os servidores 
de empresas privadas, 62 e 65 anos. E tempo de contribuição reduzido para 25 anos com 
pelo menos 10 de serviço publico e 5 anos no de atuação no cargo atual
1.4.3. Trabalhadores rurais.
Essa categoria que atualmente já tem regras diferenciadas seguiria com algumas 
divergências. A idade mínima que era de 55 anos para as mulheres se iguala aos 60 anos 
já exigidos atualmente dos homens e que se manteria para eles. O tempo de contribuição
também passaria a ser igual para homens e mulheres. Serão necessários 20 anos de 
pagamento, ao contrário dos 15 atuais. 
Como complemento o governo prevê a exigência de contribuição mínima anual de 
R$ 600,00 por núcleo familiar, uma cobrança não presente nas regras atuais. 
É importante relembrar ainda que novos parlamentaresdeixam de ter condições especiais e passam a estar sujeitos as mesmas regras que os demais contribuintes
REFERÊNCIAS 
O GLOBO. Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/reforma-da-previdencia-futuro-da-aposentadoria-23376613. Em 11/04/2019.
Brasil El Pais. Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/23/politica/1511462959_394417.html. Em 11/04/2019.
BBC. Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47312686. Em 12/04/2019.
MARTELLO, A. e AMARAL, L. – Governo anuncia proposta de reforma da Previdência com idade mínima de 65 anos, 2016.Disponível em: http://g1.globo.com/economia/noticia/governo-anuncia-proposta-de-reforma-da-previdencia-com-idade-minima-de-65-anos.ghtml
PEREIRA, L.A reforma previdenciária e as regras de idade na aposentadoria,2016. Disponível em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI232885,101048-A+reforma+previdenciaria+e+as+regras+de+idade+na+aposentadoria
PORTINARI,N. - Entenda a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo relator, 2017. Disponível em:http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/04/1876738-entenda-a-proposta-de-reforma-da-previdencia-apresentada-pelo-relator.shtml
SILVA, A. A reforma da previdência social brasileira: entre o direito social e o mercado. Disponível em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392004000300003
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