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SAF - Artigo cientifico - Leonardo Moreira

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Centro Universitário de Brasília - UniCEUB 
Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais - FAJS
Curso de Bacharelado em Direito / Curso de Bacharelado em Relações Internacionais   
LEONARDO DE ABREU GUIMARÃES MOREIRA
GESTÃO ADMINISTRATIVA EM CLUBES DE FUTEBOL: um traço comparativo entre a recém-autorizada sociedade anônima e seu impacto perante às antigas e vigentes associações sem fins lucrativos
BRASÍLIA/DF
2022
LEONARDO DE ABREU GUIMARÃES MOREIRA
GESTÃO ADMINISTRATIVA EM CLUBES DE FUTEBOL: um traço comparativo entre a recém-autorizada sociedade anônima e seu impacto perante às antigas e vigentes associações sem fins lucrativos
Artigo científico apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito/Bacharel em Relações Internacionais   pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais - FAJS do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB).
Orientador(a): Professor(a) Roberto Krauspenhar
BRASÍLIA/DF
2022
LEONARDO DE ABREU GUIMARÃES MOREIRA
GESTÃO ADMINISTRATIVA EM CLUBES DE FUTEBOL: um traço comparativo entre a recém-autorizada sociedade anônima e seu impacto perante às antigas e vigentes associações sem fins lucrativos
Artigo científico apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito/Bacharel em Relações Internacionais   pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais - FAJS do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB).
Orientador(a): Professor(a) Roberto Krauspenhar
BRASÍLIA, 22 DE SETEMBRO DE 2022
BANCA AVALIADORA
_________________________________________________________
Professor(a) Orientador(a)
__________________________________________________________
Professor(a) Avaliador(a)
Título do artigo: GESTÃO ADMINISTRATIVA EM CLUBES DE FUTEBOL: um traço comparativo entre a recém-autorizada sociedade anônima e seu impacto perante às antigas e vigentes associações sem fins lucrativos.
Autor: LEONARDO DE ABREU GUIMARÃES MOREIRA
Resumo: O presente artigo científico tem como objetivo apresentar o funcionamento teórico e prático das associações ou agremiações esportivas e as novas sociedades anônimas do futebol, através de uma completa contextualização isolada de cada instituição administrativa. Abordando, necessariamente os modelos de gestão, a viabilidade financeira, o “percentual” de sucesso que pode ser diretamente atribuído às maneiras de se gerir um clube de futebol no Brasil, considerando, para todos os fins, o sucesso competitivo como o principal objetivo a ser alcançado sem que haja um desequilíbrio financeiro esperado.
Em momento posterior, após completa contextualização sobre as duas modalidades de gestão de clubes de futebol, apresentar as razões que tornam a nova modalidade empresarial (sociedade anônima do futebol, sancionada pela Lei 14.193/21) a alternativa mais viável aos clubes de futebol no Brasil, atendo-se às eventuais consequências negativas, citando, também, casos existentes no Brasil e na Europa.
Palavras-chave: sociedade anônima; futebol; associação; agremiação; esporte; gestão administrativa; clube-empresa.
Sumário: 
1 O FUTEBOL E O MERCADO ECONÔMICO
O futebol sempre foi uma grande manifestação cultural/esportiva que acompanhou o desenvolvimento da civilização em seus momentos mais primórdios. Existem indícios de que algo semelhante ao que se conhece por futebol já era praticado pelos chineses há mais de 2.500 anos antes de Cristo.[footnoteRef:1] [1: TREVISAN, Márcio. A história do futebol para quem tem pressa. Edição Única. São Paulo/SP, Editora Valentina, 2019, pp. 18-21] 
1.1 O contexto histórico do futebol:
Como cultura, o futebol se espalhou e adaptou-se às constantes evoluções da civilização, momento em que também chegou à Europa, cativando países como França, Grécia, Alemanha e Itália.
 Mas por qual motivo os ingleses costumam receber os créditos pela invenção de esporte cuja prática já data mais de 5 mil anos? A resposta é simples: foram as regras inglesas que tornaram o futebol uma unanimidade mundial. Os ingleses foram os grandes contribuintes para a popularização do esporte.
O inglês Ebenezer Cobb Morley[footnoteRef:2] definiu as regras, que futuramente foram corrigidas e adaptadas, mantendo a essência do futebol que se conhece atualmente. [2: Ebenezer Cobb Morley, o pai das regras do futebol. Disponível em: https://www.futbox.com/blog/futebol-outros/ebenezer-cobb-morley-o-pai-das-regras-futebol. Acesso em: 01/05/2022] 
Foi também na Inglaterra que se originou a estrutura de ranqueamento de equipes que conhecemos mundialmente hoje: a definição por divisões com promoções e rebaixamentos, hierarquizando os clubes e possibilitando a ascensão pelo mérito administrativo e esportivo.
1.2 Do amador ao profissional:
As regras e associações criadas pelos ingleses, começaram a dar uma face mais institucionalizada ao futebol, passou-se a enxergá-lo como uma nova profissão e, por consequência, o interesse em dispor de uma organização com princípios administrativos e empresariais na gestão dessas equipes.[footnoteRef:3] [3: TREVISAN, Márcio. A história do futebol para quem tem pressa. Edição Única. São Paulo/SP, Editora Valentina, 2019, pp. 26-29] 
Como a Inglaterra foi um país de alto desenvolvimento em suas revoluções industriais, não demorou para que os envolvidos no futebol conseguissem aplicar tais conceitos de gestão e organização aprendidos nas indústrias, fábricas e demais ambientes de trabalho, afinal, a institucionalização do futebol profissionalizaria o ramo de maneira veloz.
A expansão do futebol trouxe como consequências a ideia de profissionalizar-se nos mais variados âmbitos, especialmente o econômico. Já se percebia um forte fenômeno cultural de alto engajamento com seu público-alvo. Naturalmente, os atletas que possuíam destaque foram se profissionalizando, à medida que o meio social clamava por uma maior disseminação de conteúdo e prática desportiva. O futebol estreitava laços e movimentava cifras na economia. À medida que a evolução tecnológica se tornava mais acessível, maiores eram os meios de propagação e expansão de mercados do futebol.[footnoteRef:4] [4: Ibidem. pp 26-29] 
Surgem os acordos televisivos, direitos de imagem, envolvimentos em apostas esportivas, patrocínios, campanhas e demais meios de marketing geradores de lucro. Como comparativo contemporâneo do impacto do futebol na economia, dados da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) atestam que o futebol, por si só, movimentou em 2021, um montante relativo a R$ 52.9 bilhões, valor que representa quase 1% do PIB do país.[footnoteRef:5] [5: EY e CBF apresentam relatório sobre impacto do futebol na economia. Disponível em:https://www.mktesportivo.com/2019/12/ey-e-cbf-apresentam-relatorio-sobre-impacto-do-futebol-na-economia/ Acesso em: 03/05/2022] 
No Brasil, há uma média de 25,7 milhões de pessoas que acompanham futebol pela televisão, Tais fatos constatam que existem ainda mais valores indiretos que estão relacionados ao futebol, mas impossíveis de serem catalogados com precisão, já que um bar nem sempre está 100% composto por amantes do esporte.[footnoteRef:6] [6: O futebol movimenta 378 milhões na economia brasileira de forma indireta: Disponível em:https://www.barrazine.com.br/2020/02/o-futebol-movimenta-378-milhoes-na-economia-brasileira-de-forma-indireta/ Acesso em: 27/04/2022] 
Retornando à Inglaterra, berço responsável pela expansão comercial do futebol, tem-se que a Premier League, primeira divisão de futebol profissional inglês, contribuiu diretamente com 7,6 bilhões de libras esterlinas entre 2016 e 2017[footnoteRef:7]. Por trás desses valores, têm-se que, para manter-se ativa e lucrativa, sob o status da “melhor liga de clubes do planeta”, a Premier League exige uma força tarefa geradora de mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, constituindo um valor de 3,3 bilhões de libras esterlinas pagos para o governo britânico[footnoteRef:8]. [7: Premier League contribui com 7,6 bilhões para a economia do Reino Unido. Disponívelem:https://www.mktesportivo.com/2022/01/premier-league-contribuiu-com-7-6-bilhoes-para-a-economia-do-reino-unido/ Acesso em: 29/04/2022] [8: Ibidem. Disponível em: https://www.mktesportivo.com/2022/01/premier-league-contribuiu-com-7-6-bilhoes-para-a-economia-do-reino-unido/ Acesso em: 29/04/2022] 
É cristalino, portanto, que o papel do futebol já ultrapassa os simples limiares de um divertimento para seu público-alvo. Assim como na Inglaterra, semelhante é o caso de diversos países ao redor do globo que enxergam o futebol, não somente como um meio de manifestação cultural, mas também como mecanismo complementar de lucros para o governo. Verifica-se a presença do futebol nas esferas sociais, econômicas e políticas.
1.3 O surgimento da formação do clube-empresa:
Os primeiros passos da disseminação do futebol tiveram seus desdobramentos em associações ou sociedades sem fins lucrativos, justamente pela questão amadora que circulava à época. Naquele momento não se vislumbrava o futebol como mecanismo econômico gerador de lucros.[footnoteRef:9] [9: O conceito de clube empresa pelo mundo. Disponível em: https://universidadedofutebol.com.br/2009/10/23/o-conceito-de-clube-empresa-pelo-mundo/ Acesso em : 27/04/2022] 
A partir do momento em que as atividades chamavam atenção na esfera econômica, política e social, o futebol encontrou nos clubes, a possibilidade de uma transformação em clube-empresa, prática que teve seu início na Inglaterra. Como o futebol começava a movimentar cifras na economia, a necessidade de regulamentá-lo era maior e o interesse público era grande, já que o esporte contribuía direta e indiretamente com o PIB do país. 
O surgimento do clube-empresa veio como uma alternativa a substituir as associações. Uma prática de grande aceitação pelos órgãos públicos, já que existe uma maior facilidade na fiscalização empresarial ao comparar-se com uma associação. Além do mais, a transformação facilita, de maneira transparente, a chegada de novos investidores para o capital social da equipe, portanto é uma medida que beneficia clubes e órgãos fiscalizadores, assim como o próprio governo.[footnoteRef:10] [10: Ibidem. Disponível em: https://universidadedofutebol.com.br/2009/10/23/o-conceito-de-clube-empresa-pelo-mundo/ Acesso em: 27/04/2022] 
Basicamente, o clube-empresa ou sociedade anônima do futebol, é toda equipe esportiva gerida por pessoa jurídica de direito privado na forma de sociedade anônima ou empresa limitada com o objetivo de obter lucros com o futebol.[footnoteRef:11] [11: Modelo de clube empresa pode ser espelho para o Brasil. Disponível em:https://www.terra.com.br/esportes/futebol/predominante-na-europa-modelo-de-clube-empresa-pode-ser-espelho-para-o-brasil-aponta-estudo,1201b2334bd0989508af5c923971880cg14xacej.html. Acesso em: 30/04/2022] 
Sendo o modelo de gestão predominante na Europa, a probabilidade de sucesso em uma transformação para clube-empresa é alta. Na França, Inglaterra e Itália, todas as equipes de primeira e segunda divisões são 100% compostas por clubes-empresa. Na Espanha, esse número cai para 90% e na Alemanha corresponde a 86%. 
As citadas acima, são as cinco principais ligas de clubes do planeta, que movimentam as maiores cifras do mercado e estão quase sempre no topo do mérito esportivo europeu e mundial. Para efeitos de comparação, o campeonato europeu mais relevante para clubes de futebol, a Liga dos Campeões da UEFA, desde 2004, possui todos os seus campeões provenientes das cinco principais ligas europeias (Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Espanha).
Ou seja, o alto índice de aceitação da estrutura de clube-empresa está colaborando para a centralização do sucesso do futebol europeu nesses cinco países. Exceções como Barcelona e Real Madrid, conseguem manter-se saudáveis financeiramente por meio de associações.
Gráfico disponibilizado pela empresa “EY”, indicando as modalidades de gestão de clubes da Europa.
	Os dados provenientes da empresa de estatística EY ilustram o atual cenário das cinco principais ligas europeias e sua aderência à política de clube-empresa. Além da instalação de clube-empresa, a introdução do fair play financeiro (mecanismo que regula a legitimidade de gastos de um clube de maneira proporcional à sua arrecadação e mérito esportivo) e centralização da negociação de direitos de transmissão, foram fundamentais para o desenvolvimento dessas ligas e consequentemente, de seus clubes.[footnoteRef:12] [12: Ibidem. Disponível em: https://www.terra.com.br/esportes/futebol/predominante-na-europa-modelo-de-clube-empresa-pode-ser-espelho-para-o-brasil-aponta-estudo,1201b2334bd0989508af5c923971880cg14xacej.html. Acesso em: 02/05/2022] 
Já no Brasil, a situação é totalmente diferente. Com poucos clubes totalmente inseridos na política de Sociedade Anônima do Futebol, encontram-se diversos casos em que o modelo associativo vem causando dívidas astronômicas para as equipes, tornando um ambiente de trabalho muito menos prospero para os envolvidos. 
O modelo associativo sem fins lucrativos goza de isenção de impostos federais, assim como do pagamento do Imposto de Renda e contribuição social, enquanto clubes sob gestão empresarial precisam recolher o PIS e o Imposto de Renda sobre o lucro. Apesar disso, o modelo empresarial é muito mais transparente no que diz respeito à captação de novos investidores, principalmente estrangeiros, o que pode apresentar à um clube em dificuldades, uma saída financeiramente saudável ao modelo associativo.
Hoje na Série A do Campeonato Brasileiro, os vinte clubes possuem um faturamento próximo à R$ 5 bilhões e tem um endividamento combinado de quase R$ 8 bilhões. O resultado dessa conta está nos constantes atrasos de salário, baixa regulamentação de fair play financeiro, dificuldades das equipes em honrar seus contratos para aquisição de novos jogadores, profissionais e até mesmo a manutenção ativa de suas instalações.[footnoteRef:13] [13: Clube empresa. Disponível em: https://blog.magnetis.com.br/clube-empresa/ Acesso em 01/05/2022] 
2 ASSOCIAÇÕES E SOCIEDADES ANÔNIMAS DO FUTEBOL
Não demoraria para que a composição administrativa das equipes em modelo de sociedade anônima apresentasse relevante destaque no cenário esportivo europeu, induzindo o resto do mundo à adoção da mesma prática, tornando, especialmente no contexto da Europa, o modelo associativo obsoleto para a maioria das equipes de futebol.
2.1 Introdução pelo futebol europeu:
	Como núcleo de disseminação do futebol, as inovações e novidades em termos de gestão esportiva chegaram primeiro no continente europeu. Isso deu-lhes mais tempo para desenvolver as técnicas e práticas mais eficazes no sentido de gerir um clube esportivo. Nesse cenário, chega ao futebol europeu o conceito de clube-empresa, atrelado aos princípios de uma sociedade anônima ou limitada, ou seja, uma empresa com domínio majoritário das ações de um clube e que, por consequência, controla a grande maioria de seus passos.
	No futebol europeu, 92% das equipes das cinco principais ligas (Inglaterra, Espanha, França, Itália e Alemanha) funcionam em modalidade de clube-empresa (seja sociedade anônima ou limitada).[footnoteRef:14] Ou seja, a cada dez equipes das referidas ligas, nove são administradas pela modalidade empresarial. [14: Modelo dos grandes da europa, clube empresa pode ser aprovado no senado. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/modelo-dos-grandes-da-europa-clube-empresa-pode-ser-aprovado-no-senado/. Acesso em: 03/05/2022] 
	O sucesso está diretamente refletido à valorização e marketing a médio prazo. Mais renda e possibilidade de investimento, maior interesse de investidores internacionais com alto poder de compra. A estrutura vem sendo bem eficaz, já que a principal competição internacional de clubes, a UEFA Champions League, teve uma equipe das cinco principais ligas europeias levando o troféu em 28 das últimas 30 edições.[footnoteRef:15]Em termos de visibilidade e marketing, os clubes comandados por investimentos, empresas ou empresários estrangeiroschega a 35%[footnoteRef:16]. [15: Final da Champions League, conheça o vencedor. Disponível em: https://pt.uefa.com/uefachampionsleague/news/025b-0ee5fb0a3d85-dbe186a96a71-1000--conheca-o-vencedor-bayern/ Acesso em 03/05/2022] [16: Modelo dos grandes da europa, clube empresa pode ser aprovado no senado. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/modelo-dos-grandes-da-europa-clube-empresa-pode-ser-aprovado-no-senado/. Acesso em: 03/05/2022] 
2.2 Sociedade Anônima no futebol brasileiro:
	Com a Lei 14.193/2021, o Governo Federal autorizou que clubes de futebol se transformem em sociedades anônimas, se assim desejarem. Como estrutura, a Sociedade Anônima do Futebol (S.A.F.) consiste em uma estrutura em que seu mecanismo permite o pagamento das obrigações do clube aos credores por meio de recuperação judicial/extrajudicial. Facilita, também, a execução de bens e negociações coletivas, com planos de pagamento bem definidos.[footnoteRef:17] [17: Clubes empresa. Disponível em: https://www.contabeis.com.br/noticias/50647/clubes-empresa-entenda-como-funciona-a-sociedade-anonima-do-futebol-no-brasil/. Acesso em: 03/05/2022] 
No Brasil, a SAF visa solucionar os principais problemas para os clubes: a reestruturação de dívidas aos clubes que se encontram nessa condição, e oportunizar novos horizontes aos clubes que, apesar de estarem com suas contas em dia, não conseguem apresentar um crescimento ao nível dos principais clubes do país. Dessa forma, a SAF oportuniza maiores prazos para pagamento e uma renegociação de dívidas mais organizada [footnoteRef:18]. [18: Ibidem. Disponível em: https://www.contabeis.com.br/noticias/50647/clubes-empresa-entenda-como-funciona-a-sociedade-anonima-do-futebol-no-brasil/. Acesso em: 03/05/2022] 
Como exemplo de equipes que aderiram ou estão no processo de transformação em SAF, pode-se perceber a distinção em relação à necessidade da gestão empresarial:
1. Cruzeiro, Botafogo e Vasco da Gama:
Equipes historicamente relevantes e com uma grande quantidade de conquistas que comprovam seu sucesso e tradicionalismo esportivo. Equipes que, no entanto, encontram-se em complicações de gestão, com dívidas que estão ofuscando e frustrando suas expectativas de competir em alto nível. 
2. Atlético/GO, RB Bragantino e Cuiabá:
Já neste quadro, existem equipes que não possuem tanto sucesso no cenário nacional, encontravam-se relativamente saudáveis em sua gestão e controle de dívidas, porém, sem um investidor mais incisivo, não lhes era possível almejar um crescimento e desenvolvimento para competir com as principais equipes do Brasil.
De maneira ilustrativa e estatística, pode-se perceber que atualmente, no Brasil, o sucesso e mérito esportivo não são determinantes à saúde financeira dos clubes, assim como a saúde financeira de clubes de menor porte não se traduz em sucesso no ranking esportivo de primeiro escalão.
Em pesquisa feita pela empresa Sports Value, teve-se que no ano de 2019, os clubes de futebol com o maior acúmulo de dívidas eram: 1) Botafogo; 2) Cruzeiro; 3) Internacional; 4) Corinthians; 5) Atlético Mineiro. Ou seja, o ranking de maior endividamento de 2019 é liderado por equipes de altíssimo escalão e tradicionalismo esportivo no Brasil. Tamanho é o sucesso das equipes que, juntos, acumulam mais de 15 títulos de relevância nacional e internacional nos últimos dez anos.[footnoteRef:19] Além disso, de todos os clubes na lista (20), 11 deles possuíam dívidas acima dos R$ 500 milhões. Ora, se a gestão associativa não consegue clarear as dívidas nem em caso de altíssimo mérito nos torneios, resta claro que o modelo administrativo é a principal razão da insalubridade financeira da grande maioria dos times de futebol no Brasil. [19: https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2022/01/novo-modelo-de-clubes-de-futebol-saf-comeca-a-se-tornar-realidade.] 
Gráfico disponibilizado pela empresa “Sports Value”, indicando o endividamento dos clubes de futebol no Brasil.
Já em 2020, o Atlético Mineiro assumiu a liderança do endividamento, superando a marca bilionária (R$ 1.208.500,00), aumentando a dívida em quase meio milhão. Das equipes em endividamento superior a R$ 500 milhões, nenhuma delas foi capaz de encerrar o ciclo 2019-2020 em superávit, outro fator alarmante ao modelo de gestão aplicado.
Para níveis de comparação, a equipe com maior endividamento em 2019, o Botafogo, deixou a liderança negativa, mas ainda assim engrandeceu seu débito em mais de R$ 120 milhões. 
Já o Ceará, equipe com menor dívida entre os clubes citados, apesar de ter se mantido com o menor índice de débito fiscal e extrafiscal, saltou de uma dívida de 14,3 milhões para R$ 26,5 milhões, valores que correspondem a um crescimento de 85% da dívida originária.
Gráfico disponibilizado pela empresa “Sports Value”, indicando o endividamento dos clubes de futebol no Brasil.
Independente de casos individuais, é certo que o futebol brasileiro foi lento na transição de associações para empresas, muito embora o cenário europeu já colha frutos consistentemente nessa modalidade. Tal fato ocorre, no entanto, não por ideais contrários à sociedade anônima no futebol, mas por limitações legais, recentemente destravadas com a sanção da Lei da SAF (14.193/2021) e a falta de eficiência na regulação tributária.
Sem a presença de uma disposição mais taxativa, específica ao caso, os clubes não possuíam liberdade para articular seus negócios de maneira mais ampla, livre e financeiramente viável.”[footnoteRef:20] [20: Ibidem. Disponível em: https://www.contabeis.com.br/noticias/50647/clubes-empresa-entenda-como-funciona-a-sociedade-anonima-do-futebol-no-brasil/. Acesso em: 05/06/2022] 
Na concepção tributária, um clube gerido na modalidade de associação, contribui com um imposto total de 3 a 4%. Quisesse uma equipe trabalhar na modalidade empresarial, antes da sanção da Lei 14.193/21, encararia uma taxa próxima de 20% em impostos, valores impraticáveis ao futebol brasileiro. Com o advento da SAF, as taxas sobre a receita circulam na faixa de 5%, muito próximo aos valores suportados pelas associações.[footnoteRef:21] [21: Ibidem. Disponível em: https://www.contabeis.com.br/noticias/50647/clubes-empresa-entenda-como-funciona-a-sociedade-anonima-do-futebol-no-brasil/. Acesso em: 13/06/2022] 
Ou seja, a sociedade anônima traz uma gestão mais profissional e necessariamente transparente. Oportuniza ao futebol brasileiro, o contato com uma maior facilidade de fiscalização tributária e o abandono às amarras políticas vistas nas associações, repletas de conflitos de interesses e benesses a conselheiros.
2.3 A estrutura societária da SAF:
Além da previsão da existência de acionistas em ações ‘superordinárias’, a Sociedade Anônima do Futebol, traz o conceito de que o acionista majoritário não poderá deter participação direta ou indireta em outra SAF. Na hipótese de um acionista qualquer deter de 10% ou mais do capital volante de outra sociedade, este não terá direito de voto em assembleias, não participa da administração. Tais ideias surgem justamente para evitar conflitos formais de interesses advindos de um ou mais acionistas, que possam comprometer a fluidez e boa gestão dos clubes nos preceitos da boa-fé.[footnoteRef:22] [22: Sociedade Anônima de Futebol, um novo e peculiar tipo societário. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021-ago-18/maeda-sociedade-anonima-futebol-tipo-societario. Acesso em 13/06/2022] 
Nesse tema, a lei previu a existência dos conflitos de interesses e estabeleceu proibições expressas no âmbito societário. Ainda, qualquer pessoa jurídica detentora de 5% ou mais do capital social da SAF, deverá informar a própria SAF e ao órgão administrativo responsável, os dados da pessoa natural que a controle ou seu beneficiário.[footnoteRef:23] [23: Ibidem. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021-ago-18/maeda-sociedade-anonima-futebol-tipo-societario. Acesso em 13/06/2022] 
2.4 A administração e financiamento da SAF:
Quanto à administração, a SAF necessariamente precisa dispor de um conselhode administração e um conselho fiscal. Além disso, foram criadas disposições legais para restringir as pessoas que podem ser eleitas para tais conselhos, conforme o art. 5º, §1º da Lei da SAF, novamente na intenção de evitar conflitos de interesses entre os membros. 
Surge também, a obrigação de manter públicas as seguintes informações, a serem publicadas no site oficial do clube: estatuto social; atas de assembleias gerais; composição e biografia dos membros administrativos; conselho fiscal e diretoria, entre outros.[footnoteRef:24] [24: Ibidem. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021-ago-18/maeda-sociedade-anonima-futebol-tipo-societario. Acesso em 13/06/2022] 
Em termos financeiros, as SAF’s poderão emitir debêntures, denominadas “debêntures-fut”, que estão caracterizadas nos incisos do artigo 26 da Lei da SAF, como sendo:
I - remuneração por taxa de juros não inferior ao rendimento anualizado da caderneta de poupança, permitida a estipulação, cumulativa, de remuneração variável, vinculada ou referenciada às atividades ou ativos da Sociedade Anônima do Futebol; II - prazo igual ou superior a 2 (dois) anos;  III - vedação à recompra da debênture-fut pela Sociedade Anônima do Futebol ou por parte a ela relacionada e à liquidação antecipada por meio de resgate ou pré-pagamento, salvo na forma a ser regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários;  IV - pagamento periódico de rendimentos;  V - registro das debênture-fut em sistema de registro devidamente autorizado pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários, nas suas respectivas áreas de competência.  [footnoteRef:25] [25: Lei 14.193/2021. Disponível em: https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/1259816920/lei-14193-21. Acesso em 13/06/2022] 
Dessa premissa, os eventuais recursos captados por meio das debêntures-fut deverão ser alocados, exclusivamente no desenvolvimento de atividades ou pagamento de gastos de atividades típicas da SAF.
3 A EVOLUÇÃO LEGISLATIVA ANTERIOR À SAF
A história recente do futebol brasileiro tem vislumbrado oportunidades de valorização de seu produto por meio de uma maior flexibilização e profissionalização das gestões de clubes e entidades responsáveis pelos torneios. Finalmente há o consenso de que o atraso em relação ao futebol europeu pode ser, no mínimo, reduzido, se existirem práticas e políticas externas que afetem positivamente o esporte.
3.1 – O prisma constitucional 
O Direito Constitucional trata, desde a Constituição de 1934, da presença, não só do futebol, mas do desporto em geral. Presente em seu artigo 5º, caracteriza o desporto como educacional. Já na Constituição de 1988, a abordagem faz jus à popularidade já consolidada do desporto. Houve a atribuição de competências para legislar sobre o desporto (art 24, inc. IX). Já no art. 217 da CF/88, o esporte recebe um cuidado especial, dispondo-o como um direito de cada um, do qual a prática deve ser garantida pelo Estado. Pelo desenrolar do artigo, dispõe em seus incisos: das entidades responsáveis pela organização e fiscalização do esporte, a diferenciação profissional e amadora, as consequências jurídicas do fenômeno esportivo e a competência da União e Estados para legislar sobre.[footnoteRef:26] [26: Direito Desportivo no âmbito Constitucional – presente em: https://andradejulia.jusbrasil.com.br/artigos/150630423/direito-desportivo-no-ambito-constitucional. Acesso em 22/06/2022] 
3.2 O surgimento da Lei Pelé (9.615/98):
Fora do âmbito constitucional, em 1998 o Brasil aprovou a Lei 9.615 e deparou-se com um novo conjunto de normas específicas para a condução do esporte no Brasil. Dentre as principais mudanças que afetaram o Direito Desportivo, merecem destaque:
1. O fim do “passe”, que à época, nada mais era que uma importância devida por um empregador a outro pela cessão do atleta durante a vigência de um contrato ou após seu término. Em uma terminologia simplificada, o “passe” era uma espécie de multa ou indenização caso outro clube apresentasse interesse nos serviços de determinado atleta e o fizesse dentro da vigência contratual com outra equipe. Em suma, é o que se entende hoje por valor de mercado de um jogador.
2. Trouxe mudanças estruturais na relação empregatícia entre clubes e jogadores, vinculando-os à CLT, permitindo que usufruíssem de direitos trabalhistas. A natureza do vínculo esportivo passou a ser acessória, de modo que, ao final do contrato, o vínculo entre atleta e clube também seria encerrado (inovação que não deixava o atleta “preso” ao clube, após o término da vigência contratual)
3. Incentivou o debate ao desenvolvimento dos clubes-empresa e maior fomento do marketing como forma de empreendedorismo esportivo.[footnoteRef:27] [27: Mudanças na Legislação Desportiva Brasileira – presente em:
https://efdeportes.com/efd111/legislacao-desportiva-brasileira-caso-do-futebol-e-a-lei-do-passe.htm
] 
3.3 TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO – ENTENDIMENTO DE 05/09/2022
O corregedor-geral da Justiça do Trabalho, ministro Guilherme Caputo Bastos, publicou edital que atualizou normas do TST para estipular parâmetros relativos aos clubes de futebol. A mudança está vinculada ao Regime Centralizado de Execuções (RCE), que figura como entidade capaz de renegociar dívidas trabalhistas e cíveis dos clubes, assim como está presente no art. 13 da Lei 14.193/21 (Lei da SAF).[footnoteRef:28] [28: Clubes só poderão ter benefícios no pagamento de dívidas trabalhistas se aderirem à SAF, decide TST. – presente em: https://www.estadao.com.br/esportes/futebol/clubes-so-poderao-ter-beneficios-no-pagamento-de-dividas-trabalhistas-se-aderirem-a-saf-decide-tst/. Acesso em: 08/09/2022.] 
A recente decisão especificou que somente os clubes que aderirem à transformação em sociedade anônima do futebol poderão gozar dos benefícios do RCE, que ao caso em questão, trata-se de extensão de prazo para que haja a centralização de suas execuções, usufruindo de um prazo de seis anos, podendo ser estendido por mais quatro anos caso o devedor tenha pagado pelo menos 60% dos seus débitos. 
Em comparação, as equipes em modelo associativo possuem apenas seis anos e contam com um procedimento diferente, já que 20% de suas receitas mensais são dedicadas a fazer estes pagamentos de dívidas. A SAF, por sua vez, adequada à exigência do RCE constitui uma “fila” de credores para recebimento do crédito.
4 CONSIDERAÇÕES E CONTEXTUALIZAÇÕES – CASOS INTERNACIONAIS DE GESTÃO EMPRESARIAL NO FUTEBOL
Ao que tudo indica, o controle por meio de sociedade anônima vem como uma resposta natural a substituir a associação sem fins lucrativos no que diz respeito à administração de clubes de futebol. Em uma era de constante endividamento que afeta o futebol brasileiro como um todo, a S.A.F. chega como uma alternativa viável aos clubes que oportuniza combinar saúde financeira com sucesso esportivo, ou até mesmo, eliminar a constante associação de que o “fracasso” de uma equipe está diretamente ligado somente a seu baixo potencial de investimento, ou ainda, escândalos internos de administração.
É certo que, por um lado, a sociedade anônima não erradica a problemática estrutural muito vista em associações, mas dificulta muito o trabalho dos que lá estão em prol, apenas, de seus próprios interesses. Isso ocorre, pois, como dito em capítulo próprio, uma das inovações trazidas pela S.A.F. é a capacidade de regular e fiscalizar com maior transparência. Fator que, isolado, não é garantidor de uma equipe administrativa íntegra, mas que traz uma série de novos obstáculos aos aspirantes a maus gestores ou administradores corruptos.
4.1 HERANÇA EUROPÉIA
A gestão empresarial em clubes de futebol é quase que uma regra na Europa. Com a grande maioria das equipes de sucesso sendo administradas por empresários ou grupos econômicos, essa intervenção tem facilitado em vários fatores, tais como:
1) Planejamento estratégico, uma vez que com uma certeza de aportes financeiros, a diretoria possui mais liberdade para atuar em médio e longo prazo.
2) Investimentos externos, uma vez quesua estrutura empresarial admite a participação de múltiplos investidores.
3) Transparência econômica, e analisando com ressalvas às legislações locais, a estrutura empresarial dos clubes facilita a fiscalização tributária, uma vez que todos os seus recursos são de transparente e fácil identificação e de obrigatória presença no controle contábil.
4.3 FREANDO OS INVESTIMENTOS INCONSEQUENTES: O SURGIMENTO DO FAIR-PLAY FINANCEIRO NA EUROPA
Importante salientar que, com a facilitação de investimentos, surge a nova problemática: o fair-play financeiro. O “Financial Fair-Play”, como é referido na Europa, nada mais é do que um conjunto de regras que visam frear os investimentos abusivos e desleais ao esporte. É plenamente legítimo que uma equipe feche negócios com eventual empresa que tenha alto potencial de investimento, contanto que as ações sejam realizadas dentro de um limiar aceitável no balanço financeiro anual do clube.
4.4 CASO NEWCASTLE UNITED – INCORPORAÇÃO FINANCEIRA
O exemplo mais recente no cenário europeu é o tradicional clube inglês Newcastle United, comprado recentemente por um consórcio saudita. Apesar de popular e tradicional, o clube do norte da Inglaterra enfrentou anos de muita frustração administrativa e baixo orçamento (comparado à clubes de semelhante magnitude e impacto social). Tais fatores reduziram drasticamente o seu potencial competitivo e, por consequência, dificultaram uma projeção com maior visibilidade (o marketing dos clubes europeus tem grande papel no planejamento estratégico).[footnoteRef:29] [29: For FFPS sake, how the rules impact Newcaslte United https://true-faith.co.uk/for-ffps-sake-how-the-rules-impact-newcastle-united/ Acesso em: 26/06/2022] 
Superada a problemática financeira, o Newcastle eleva seu patamar, torna-se muito mais convidativo à atletas de peso, possui maior flexibilidade de planejamento e dispõe de metas mais ambiciosas. A empolgação, no entanto, não poderá exceder os limites impostos pelo fair-play financeiro, já que o clube só poderá gastar um excedente de trinta milhões de libras em relação ao que arrecada anualmente.
Desta forma, enxerga-se o fair-play financeiro como um conjunto normativo e fiscalizador que proíbe o crescimento espontâneo e desleal de clubes de futebol, não permitindo um gasto amplamente superior ao que é arrecadado.
 Apesar dos esforços, esse tipo de incorporação financeira agressiva, vista também em clubes como Manchester City e Chelsea (hoje, clubes protagonistas no futebol mundial), nem sempre é frustrada pelas regras de fair-play financeiro, já que o regramento apenas comporta o balanço anual dos clubes, possibilitando que diluam suas negociações de maneira fragmentada ao longo dos anos, sem que infrinjam as regras dispostas.
4.5 CASO HERTHA BERLIM – GESTÃO EMPRESARIAL QUE GEROU PREJUÍZO
	A incorporação empresarial e investimentos financeiros, no entanto, não garantem o sucesso de uma equipe. O Hertha Berlim, clube alemão, enfrenta até hoje os prejuízos de uma incorporação mal executada pelo empresário Lars Windhorst, que aportou cerca de 374 milhões de euros no clube, que seriam destinados à compra de jogadores, investimentos em estrutura e dívidas.
	O ponto negativo dessa incorporação é que o acionista majoritário enxerga o clube de uma maneira muito diferente do seu torcedor, longe de uma ‘paixão’, e mais como um negócio cujo único objetivo é o lucro. O Hertha Berlim não soube administrar os recursos, fez um planejamento questionável, realizando negócios e trazendo atletas que não corresponderam às expectativas. A especulação otimista se tornou um caos e Lars Windhorst considerou o investimento um erro, com severas críticas à diretoria da equipe.[footnoteRef:30] [30: Hertha Berlin takeover, disponível em: https://apnews.com/article/soccer-sports-berlin-frankfurt-bundesliga 243b3c93a32b1c4ef0f3c534c40416ea. Acesso em: 01/07/2022
] 
	Atualmente, o Hertha segue na primeira divisão alemã, mas está cada vez mais distante do sucesso almejado pelos investidores, que o projetariam como uma potência europeia a médio prazo.
5 CONSIDERAÇÕES E CONTEXTUALIZAÇÕES – CASOS DE GESTÃO EMPRESARIAL NO BRASIL
Embora sancionada em agosto de 2021, a Lei da SAF já produz efeitos em clubes brasileiros, que seguem comprovando o alto potencial de uma estrutura empresarial na manutenção sadia de um clube de futebol. Seja no balanço comercial favorável, seja tornando-se convidativo à patrocinadores e até mesmo atletas, a sociedade anônima do futebol já é uma realidade palpável e com precedentes de inicial sucesso.
5.1 CRUZEIRO ESPORTE CLUBE – GESTÃO RONALDO
Já citado neste artigo, o Cruzeiro tomou os holofotes em 2019 quando apresentou uma das maiores crises financeiras vistas por um clube de futebol no Brasil. De escândalos administrativos, planejamentos ineficazes e gastos inconsequentes, o clube mineiro encontrou-se diante de uma crise que o levou à segunda divisão do campeonato brasileiro e viu um desmanche em grande parte de seu elenco, precisando readequar-se à situação adversa.
O “tombo” era maior do que o esperado, já que o modelo associativo continuava gerando prejuízos e incertezas dentro do clube. O resultado da equação trouxe um amargo srevés: três anos consecutivos no segundo pelotão competitivo.
Em 2022, o Cruzeiro oficializou a sua venda para o ex-jogador Ronaldo Nazário de Lima, popularmente conhecido por Ronaldo Fenômeno. O ex-atleta e empresário assumiu a situação e reorganizou o clube em todos os seus segmentos, realizando um planejamento compatível à situação financeira da equipe. Como consequência da nova estrutura, o Cruzeiro passou por cortes e reajustes salariais, readequando sua folha salarial mensal de 5 milhões de reais à 2 milhões de reais.[footnoteRef:31] [31: Gestão Ronaldo – presente em: https://ge.globo.com/futebol/times/cruzeiro/noticia/2022/06/02/cruzeiro-gestao-ronaldo-salarios-em-dia-e-recordes-explicam-lideranca-com-folga-na-serie-b.ghtml
] 
Valores que significam uma economia de 36 milhões de reais por ano, os impactos foram extremamente positivos, visto que o clube passou a ter um planejamento financeiro realista e possível de ser cumprido. Ora, assim como em qualquer ambiente de trabalho, a produtividade está diretamente relacionada às condições de trabalho. Atletas, médicos, colaboradores, analistas, treinadores, entre outros, agora recebiam uma certeza salarial com condições de estabilidade e planejamento transparente.
A soma dos fatores significou uma campanha extremamente sólida dentro de campo e uma gestão administrativa que limitou altos salários e proporcionou a manutenção eficiente dos ativos do clube. Tão bem executado foi o trabalho, que o Cruzeiro ocupava a primeira colocação da segunda divisão de futebol com ligeira vantagem sobre seus adversários. 
A superioridade foi tamanha, que especialistas e estatísticos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) garantiram em agosto de 2022 (um ano após a sanção da lei da SAF), as chances do Cruzeiro em garantir a classificação à primeira divisão do futebol brasileiro em 99,99%.
5.2 BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS – GESTÃO JOHN TEXTOR
Outro clube que viu sua má organização administrativa e financeira significar um rebaixamento à segunda divisão foi o Botafogo, oficialmente comprado pelo empresário John Textor, também acionista majoritário de um clube inglês, Crystal Palace F.C.
A situação do clube carioca, no entanto, foi menos severa que a do Cruzeiro. Apesar de dívida próxima a um bilhão de reais, o Botafogo conseguiu o acesso à primeira divisão no ano seguinte ao seu rebaixamento. Isso, em termos práticos, significa maior verba em direitos de imagem, maior potencial de marketing e investimentos externos.
Nesse contexto, o americano John Textor tornou-se acionista majoritário do Botafogo (90%), que, após conclusão dos trâmites burocráticos de transição do clube em uma empresa, não poupou esforços para que a equipe pudesse almejar novos ares.
Tendo investido 150 milhões de reais no ano inicial (com mais 250 milhões a serem seguidos nospróximos anos), o empresário oportunizou condições de otimismo ao tradicional clube carioca, que contaria com novos reforços e patrocinadores destinados a manter o clube financeiramente rentável e esportivamente competitivo. O último, no entanto, gera controvérsia entre os especialistas, já que pelo potencial investido, o Botafogo deveria estar em uma posição mais confortável no campeonato brasileiro (ao momento desse artigo, 13º colocado). 
Porém, pelo prisma financeiro, o Botafogo apresenta um balanço comercial favorável (não confundir como uma estrutura livre de dívidas) e possui como principal objetivo estratégico, a permanência na elite do futebol brasileiro, fatores inimagináveis a tão curto prazo em um cenário associativo.
REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA:
Clubes só poderão ter benefícios no pagamento de dívidas trabalhistas se aderirem à SAF, decide TST. – presente em: https://www.estadao.com.br/esportes/futebol/clubes-so-poderao-ter-beneficios-no-pagamento-de-dividas-trabalhistas-se-aderirem-a-saf-decide-tst/. Acesso em: 08/09/2022.
Direito Desportivo no âmbito Constitucional – presente em: https://andradejulia.jusbrasil.com.br/artigos/150630423/direito-desportivo-no-ambito-constitucional. Acesso em 22/06/2022
Ebenezer Cobb Morley, o pai das regras do futebol. Disponível em: https://www.futbox.com/blog/futebol-outros/ebenezer-cobb-morley-o-pai-das-regras-futebol. Acesso em: 01/05/2022
EY e CBF apresentam relatório sobre impacto do futebol na economia. Disponível em:https://www.mktesportivo.com/2019/12/ey-e-cbf-apresentam-relatorio-sobre-impacto-do-futebol-na-economia/ Acesso em: 03/05/2022
Final da Champions League, conheça o vencedor. Disponível em: https://pt.uefa.com/uefachampionsleague/news/025b-0ee5fb0a3d85-dbe186a96a71-1000--conheca-o-vencedor-bayern/ Acesso em 03/05/2022
Lei 14.193/2021. Disponível em: https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/1259816920/lei-14193-21. Acesso em 13/06/2022
Modelo de clube empresa pode ser espelho para o Brasil. Disponível em: https://www.terra.com.br/esportes/futebol/predominante-na-europa-modelo-de-clube-empresa-pode-ser-espelho-para-o-brasil-aponta-estudo,1201b2334bd0989508af5c923971880cg14xacej.html. Acesso em: 30/04/2022
Modelo dos grandes da europa, clube empresa pode ser aprovado no senado. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/modelo-dos-grandes-da-europa-clube-empresa-pode-ser-aprovado-no-senado/. Acesso em: 03/05/2022
O conceito de clube empresa pelo mundo. Disponível em: https://universidadedofutebol.com.br/2009/10/23/o-conceito-de-clube-empresa-pelo-mundo/ Acesso em : 27/04/2022
Premier League contribui com 7,6 bilhões para a economia do Reino Unido. Disponível em:https://www.mktesportivo.com/2022/01/premier-league-contribuiu-com-7-6-bilhoes-para-a-economia-do-reino-unido/ Acesso em: 29/04/2022
Sociedade Anônima de Futebol, um novo e peculiar tipo societário. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021-ago-18/maeda-sociedade-anonima-futebol-tipo-societario. Acesso em 13/06/2022
Clube empresa. Disponível em: https://blog.magnetis.com.br/clube-empresa/ Acesso em 01/05/2022
Gestão Ronaldo – presente em: https://ge.globo.com/futebol/times/cruzeiro/noticia/2022/06/02/cruzeiro-gestao-ronaldo-salarios-em-dia-e-recordes-explicam-lideranca-com-folga-na-serie-b.ghtml
Hertha Berlin takeover, disponível em: https://apnews.com/article/soccer-sports-berlin-frankfurt-bundesliga 243b3c93a32b1c4ef0f3c534c40416ea. Acesso em: 01/07/2022
Lei do Passe. Disponível em: https://efdeportes.com/efd111/legislacao-desportiva-brasileira-caso-do-futebol-e-a-lei-do-passe.htm. Acesso em: 01/07/2022
O futebol movimenta 378 milhões na economia brasileira de forma indireta: Disponível em:https://www.barrazine.com.br/2020/02/o-futebol-movimenta-378-milhoes-na-economia-brasileira-de-forma-indireta/ Acesso em: 27/04/2022
TREVISAN, Márcio. A história do futebol para quem tem pressa. Edição Única. São Paulo/SP, Editora Valentina, 2019, pp. 18-21

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