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DIREITO DESPORTIVO Ficha Catalográfica DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Direito Desportivo São Paulo 2021 FICHA TÉCNICA Titulação e Nome Completo do Professor@ Presidência da Mantenedora Titulação e Nome Completo do Professor@ Vice-presidência Executiva Titulação e Nome Completo do Professor@ Reitoria Titulação e Nome Completo do Professor@ CEO Titulação e Nome Completo do Professor@ Diretoria de EaD Titulação e Nome Completo do Professor@ Coordenador@ Pedagógico Titulação e Nome Completo do Professor@ Coordenador@ de Área Titulação e Nome Completo do Professor@ Revisor de Conteúdo Rogério Batista Furtado Supervisor de Conteúdo Giovanna Messias Aléo Web Designer Profa. Ma. Natália Bertolo Bonfim Autoria Todo material didático disponibilizado, por meio físico ou digital, ao longo e para consecução de seu Curso, não poderá ser reproduzido, parcial ou integralmente, sob pena de ser responsabilizado civil e criminalmente, nos termos da Lei 9.610/98, por violação de propriedade intelectual, pois que todo e qualquer material é de propriedade da UNIVERSIDADE BRASIL e deverá ser utilizado exclusivamente em âmbito privado pel@ ALUN@. APRESENTAÇÃO Car@ Alun@, Nesta unidade, você aprenderá a distinguir o atleta profissional e o não profissional, o atleta autônomo e o atleta em formação. Inicialmente, você compreenderá que diferenciação entre profissional e não profissional não diz respeito à modalidade desportiva, e sim ao atleta. Após, conhecerá a figura do atleta autônomo, que se dedica à modalidade desportiva como profissão, mas não tem um contrato de trabalho com a entidade de prática desportiva. Ao final, estudará a figura do atleta em formação, que celebra com o clube um contrato de formação sob a forma de “bolsa aprendizagem”. Bons estudos! NATÁLIA BERTOLO BONFIM DIREITO DESPORTIVO DIREITO DESPORTIVO DO TRABALHO (PARTE III) 1. ATLETA PROFISSIONAL E ATLETA NÃO PROFISSIONAL 7 2. ATLETA AUTÔNOMO 10 3. ATLETA EM FORMAÇÃO 12 ASSINATURA DO PRIMEIRO CONTRATO DE TRABALHO 15 DIREITO DE PREFERÊNCIA PARA RENOVAÇÃO 16 INDENIZAÇÃO POR FORMAÇÃO 17 CLUBE FORMADOR 18 SOLIDARIEDADE 21 REFERÊNCIAS 24 6 6 AULA 6 DIREITO DESPORTIVO DO TRABALHO (PARTE III) Objetivo 1. Distinguir o atleta profissional do atleta não profissional. Objetivo 2. Conhecer a figura do atleta autônomo. Objetivo 3. Identificar a figura do atleta em formação. 7 1. ATLETA PROFISSIONAL E ATLETA NÃO PROFISSIONAL Você já aprendeu que a Constituição Federal de 1988 foi o primeiro diploma constitucional a enquadrar o desporto como um direito do cidadão, em seu art. 217 e incisos: Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados: I — a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; II — a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; III — o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional; IV — a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional. Dentre os princípios previstos no art. 217 da Constituição Federal, destaca-se a diferenciação entre desporto profissional e não profissional. No Brasil, o atleta pode ser amador ou profissional, não sendo permitidas diferenças entre modalidades esportivas, sujeitando-se todas elas à Justiça Desportiva. A Lei Pelé reafirma esse princípio, prevendo-o em seu rol de princípios fundamentais (art. 2º, inc. VI), “consubstanciado no tratamento específico dado ao desporto profissional e não- profissional”. 8 Esta diferenciação é estabelecida pelo art. 3º, §1º da Lei Pelé, que assim dispõe: Art. 3º O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes manifestações: I — desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer; II — desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente; III — desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações. IV — desporto de formação, caracterizado pelo fomento e aquisição inicial dos conhecimentos desportivos que garantam competência técnica na intervenção desportiva, com o objetivo de promover o aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática desportiva em termos recreativos, competitivos ou de alta competição. § 1º O desporto de rendimento pode ser organizado e praticado: 9 I — de modo profissional, caracterizado pela remuneração pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de prática desportiva; II — de modo não-profissional, identificado pela liberdade de prática e pela inexistência de contrato de trabalho, sendo permitido o recebimento de incentivos materiais e de patrocínio. Observe que a diferenciação entre profissional e não profissional não diz respeito à modalidade desportiva, e sim ao atleta. A lei separa o desporte em três categorias: desporto educacional, de participação e de rendimento. Dentro do desporto de rendimento aparecem as categorias de atletas: profissionais ou não profissionais. Portanto, note que não existe esporte amador ou profissional; há desportista amador e desportista profissional (TASSO apud ROSIGNOLI; RODRIGUES, 2017, p. 75). Deste modo, para a Lei Pelé, o atleta profissional é aquele que possui vínculo de trabalho com o clube, enquanto o atleta não profissional é aquele que não possui contrato de trabalho com nenhum clube, praticando a modalidade desportiva com liberdade, mas sendo-lhe permitido o recebimento de incentivos materiais e de patrocínio. Em 2013, a fim de regulamentar a Lei Pelé, foi editado o Decreto nº 7.984 que, dentre vários assuntos, tratou sobre a prática desportiva profissional, dispondo sobre a atividade profissional, a competição profissional e o atleta profissional. A única menção ao atleta não profissional neste Decreto está no art. 61, que dispõe que “o atleta não profissional que perceba 10 incentivos materiais na forma de bolsa, conforme disposto no art. 4º, parágrafo único, não será considerado contribuinte obrigatório do RGPS”. Perceba, portanto, que a legislação brasileira ampara apenas a figura do atleta profissional, ficando o atleta não profissional alheio ao sistema desportivo. Por último, devemos chamar a atenção para o seguinte fato: ainda que a legislação brasileira exija a existência de um contrato de trabalho entre clube e atleta, este não pode ser o único critério utilizado para caracterizar um atleta profissional. Por exemplo, como dizer que o tenista Guga Kuerten, que passou a vida de atleta de alto rendimento disputando competições da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), não seria um atleta profissional por não ter contrato formal de trabalho desportivo celebrado com um clube? (SANTORO, p. 7). Logo, outros critérios deverão ser observados para considerar um atleta como profissional, como por exemplo, se tem a intençãode praticar a modalidade de maneira profissional; se se dedica integralmente à modalidade; se tem uma alimentação balanceada; se pratica a modalidade como fonte de renda; dentre outros. 2. ATLETA AUTÔNOMO Em 2011, a Lei nº 12.395 alterou a Lei Pelé em alguns pontos, dentre eles, passou a prever a figura do atleta autônomo no art. 28-A: Art. 28-A. Caracteriza-se como autônomo o atleta maior de 16 (dezesseis) anos que não mantém relação empregatícia com 11 entidade de prática desportiva, auferindo rendimentos por conta e por meio de contrato de natureza civil. § 1º O vínculo desportivo do atleta autônomo com a entidade de prática desportiva resulta de inscrição para participar de competição e não implica reconhecimento de relação empregatícia. § 2º A filiação ou a vinculação de atleta autônomo a entidade de administração ou a sua integração a delegações brasileiras partícipes de competições internacionais não caracteriza vínculo empregatício. § 3º O disposto neste artigo não se aplica às modalidades desportivas coletivas. O Decreto nº 7.984/2013 também conferiu tratamento à figura do atleta autônomo em seu art. 47: Art. 47. Caracteriza-se como autônomo o atleta maior de dezesseis anos sem relação empregatícia com entidade de prática desportiva que se dedica à prática desportiva de modalidade individual, com objetivo econômico e por meio de contrato de natureza civil. § 1º A atividade econômica do atleta autônomo é caracterizada quando há: I — remuneração decorrente de contrato de natureza civil firmado entre o atleta e a entidade de prática desportiva; II — premiação recebida pela participação em competição desportiva; ou 12 III — incentivo financeiro proveniente de divulgação de marcas ou produtos do patrocinador. § 2º O atleta autônomo enquadra-se como contribuinte individual no Regime Geral de Previdência Social — RGPS. Assim sendo, tem-se que o atleta autônomo é o maior de 16 anos, que se dedica à modalidade desportiva como profissão, mas não tem um contrato de trabalho com a entidade de prática desportiva. O seu vínculo com a entidade é de natureza civil, isto é, ele irá se inscrever para participar de competições, mas sem que isso implique no reconhecimento de relação empregatícia. Além disso, só se enquadra como atleta autônomo aquele praticante de modalidades individuais (ROSIGNOLI; RODRIGUES, 2017, p. 79). Portanto, a remuneração do atleta autônomo decorre de um contrato de natureza civil com a entidade de prática desportiva, além de poder celebrar contratos de patrocínio ou marketing com esta ou com outras pessoas. Ainda, a legislação prevê a possibilidade de estabelecer premiação ao atleta pela participação em competição desportiva. 3. ATLETA EM FORMAÇÃO Segundo o art. 29, §4º da Lei Pelé, o atleta não profissional em formação, maior de quatorze e menor de vinte anos de idade, poderá receber auxílio financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob a forma de bolsa de aprendizagem 13 livremente pactuada mediante contrato formal, sem que seja gerado vínculo empregatício entre as partes. Neste contexto, o atleta maior de 14 e menor de 20 anos poderá celebrar com o clube um contrato de formação sob a forma de “bolsa aprendizagem”, e não gera vínculo empregatício. A teor do art. 29, §6º da Lei Pelé, o contrato de formação desportiva deve incluir, obrigatoriamente: I — identificação das partes e dos seus representantes legais; II — duração do contrato; III — direitos e deveres das partes contratantes, inclusive garantia de seguro de vida e de acidentes pessoais para cobrir as atividades do atleta contratado; e IV — especificação dos itens de gasto para fins de cálculo da indenização com a formação desportiva. Já o art. 50 do Decreto nº 7.984/2013 estabelece que este contrato visa propiciar ao atleta: I — capacitação técnico-educacional específica para sua modalidade desportiva; II — conhecimentos teóricos e práticos de atividade física, condicionamento e motricidade; III — conhecimentos específicos de regras, legislação, fundamentos e comportamento do atleta de sua modalidade; 14 IV — conhecimentos sobre civismo, ética, comportamento e demais informações necessárias à futura formação de atleta desportivo profissional; e V — preparação para firmar o primeiro contrato especial de trabalho desportivo, norteado pelo programa de formação técnico-profissional, compatível com o desenvolvimento físico e psicológico. Ainda, o art. 51 do Decreto permite às partes incluir no contrato, facultativamente, algumas obrigações do atleta, tais como: I — observar as cláusulas do contrato de formação desportiva; II — cumprir o programa de treinamento e o horário de capacitação determinados pela entidade formadora; III — assistir às aulas teóricas e práticas programadas pela entidade formadora, com satisfatório aproveitamento; IV — apresentar-se nas competições desportivas preparatórias e oficiais, nas condições, horários e locais estabelecidos pela entidade de prática desportiva contratante; V — permanecer, sempre que necessário, em regime de concentração, observado o limite semanal de três dias consecutivos; VI — assistir às aulas da instituição educacional em que matriculado e apresentar frequência e aproveitamento satisfatórios; e VII — respeitar as normas internas da entidade formadora. 15 Como formalidade, o contrato de formação deverá ser registrado na entidade de administração da respectiva modalidade desportiva (art. 29, §13, Lei Pelé). ASSINATURA DO PRIMEIRO CONTRATO DE TRABALHO Quanto à assinatura do primeiro contrato de trabalho, já sabemos que o art. 29, caput da Lei Pelé, autoriza ao atleta assinar com o clube, a partir dos 16 anos, o primeiro contrato especial de trabalho desportivo, cujo prazo não poderá ser superior a 5 anos. Lembre-se que, em relação ao futebol, a FIFA determina que o contrato celebrado com atleta menor de idade tenha duração máxima de 3 anos. Quanto aos demais esportes, a duração dos contratos varia de acordo com cada modalidade. Além disso, a contratação do atleta em formação será feita diretamente pela entidade de prática desportiva formadora, sendo vedada a sua realização por meio de terceiros (art. 29, §12, Lei Pelé). De acordo com o art. 29, §7º da Lei Pelé, a entidade de prática desportiva formadora e detentora do primeiro contrato especial de trabalho desportivo com o atleta terá o direito de preferência para a primeira renovação deste contrato, cujo prazo não poderá ser superior a 3 anos, salvo se para equiparação de proposta de terceiro. Neste sentido, a norma visou assegurar ao clube que investiu na formação do atleta estabilidade e segurança, em razão do investimento que fez no atleta profissional. 16 DIREITO DE PREFERÊNCIA PARA RENOVAÇÃO Para assegurar seu direito de preferência, a entidade de prática desportiva deverá apresentar, até 45 dias antes do término do contrato em curso, proposta ao atleta, de cujo teor deverá ser cientificada a correspondente entidade regional de administração do desporto, indicando as novas condições contratuais e os salários ofertados (art. 29, §8º). O atleta, então, deverá apresentar resposta à entidade de prática desportiva formadora, de cujo teor deverá ser notificada a entidade regional de administração, no prazo de 15 dias contados da data do recebimento da proposta, sob pena de aceitação tácita (art. 29, §8º). A entidade de administração do desporto deverá publicar o recebimento da proposta nos seus meios oficiais de divulgação, no prazo de 5 dias contados da data do recebimento (art. 29, §10). Segundo o art. 29, §9º, se outra entidade de prática desportiva oferecer proposta mais vantajosa ao atleta, deve-se observar o seguinte: I — a entidade proponentedeverá apresentar à entidade de prática desportiva formadora proposta, fazendo dela constar todas as condições remuneratórias; II — a entidade proponente deverá dar conhecimento da proposta à correspondente entidade regional de administração; e III — a entidade de prática desportiva formadora poderá, no prazo máximo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da 17 proposta, comunicar se exercerá o direito de preferência de que trata o §7º, nas mesmas condições oferecidas. Se o clube formador ofertar as mesmas condições, e, ainda assim, o atleta não concordar com a renovação do primeiro contrato especial de trabalho desportivo, ele poderá exigir do novo clube o valor indenizatório correspondente a, no máximo, 200 vezes o valor do salário mensal constante da proposta. INDENIZAÇÃO POR FORMAÇÃO O art. 29, §5º da Lei Pelé dispõe que: § 5º A entidade de prática desportiva formadora fará jus a valor indenizatório se ficar impossibilitada de assinar o primeiro contrato especial de trabalho desportivo por oposição do atleta, ou quando ele se vincular, sob qualquer forma, a outra entidade de prática desportiva, sem autorização expressa da entidade de prática desportiva formadora, atendidas as seguintes condições: I — o atleta deverá estar regularmente registrado e não pode ter sido desligado da entidade de prática desportiva formadora; II — a indenização será limitada ao montante correspondente a 200 (duzentas) vezes os gastos comprovadamente efetuados com a formação do atleta, especificados no contrato de que trata o § 4º deste artigo; III — o pagamento do valor indenizatório somente poderá ser efetuado por outra entidade de prática desportiva e deverá ser efetivado diretamente à entidade de prática desportiva formadora no prazo máximo de 15 (quinze) dias, contados da data da vinculação do atleta à nova entidade de prática 18 desportiva, para efeito de permitir novo registro em entidade de administração do desporto. Assim, na impossibilidade de o atleta assinar o primeiro contrato especial desportivo de trabalho com o clube formador, que irá elevá-lo à condição de atleta profissional, e assinar com outro clube, o clube formador deverá ser indenizado na forma do §5º acima transcrito. Note que o caput do §5º menciona que o atleta que se vincular, sob qualquer forma, a outra entidade de prática desportiva, sem autorização expressa da entidade de prática desportiva formadora, deverá pagar indenização a esta. Assim sendo, o dispositivo não trata apenas da formalização de um contrato de trabalho, mas de qualquer outro meio que ligue o atleta a outro clube, sem que haja autorização do clube formador. Além disso, é necessário que o atleta esteja vinculado ao clube formador mediante registro na entidade regional ou nacional de administração do desporto e não tenha se desligado deste (ROSIGNOLI; RODRIGUES, 2017, p. 83). CLUBE FORMADOR Para ser considerado como formador, o clube deverá obedecer aos seguintes requisitos previstos no art. 29, §2º da Lei Pelé: § 2º É considerada formadora de atleta a entidade de prática desportiva que: I — forneça aos atletas programas de treinamento nas categorias de base e complementação educacional; e 19 II — satisfaça cumulativamente os seguintes requisitos: a) estar o atleta em formação inscrito por ela na respectiva entidade regional de administração do desporto há, pelo menos, 1 (um) ano; b) comprovar que, efetivamente, o atleta em formação está inscrito em competições oficiais; c) garantir assistência educacional, psicológica, médica e odontológica, assim como alimentação, transporte e convivência familiar; d) manter alojamento e instalações desportivas adequados, sobretudo em matéria de alimentação, higiene, segurança e salubridade; e) manter corpo de profissionais especializados em formação tecnicodesportiva; f) ajustar o tempo destinado à efetiva atividade de formação do atleta, não superior a 4 (quatro) horas por dia, aos horários do currículo escolar ou de curso profissionalizante, além de propiciar-lhe a matrícula escolar, com exigência de frequência e satisfatório aproveitamento; g) ser a formação do atleta gratuita e a expensas da entidade de prática desportiva; h) comprovar que participa anualmente de competições organizadas por entidade de administração do desporto em, pelo menos, 2 (duas) categorias da respectiva modalidade desportiva; e 20 i) garantir que o período de seleção não coincida com os horários escolares. Estes requisitos são complementados por aqueles previstos no art. 49 do Decreto nº 7.984/2013: Art. 49. Caracteriza-se como entidade de prática desportiva formadora, certificada pela entidade nacional de administração da modalidade, aquela que assegure gratuitamente ao atleta em formação, sem prejuízo das demais exigências dispostas na Lei nº 9.615, de 1998, o direito a: I — programas de treinamento nas categorias de base e formação educacional exigível e adequada, enquadrando-o na equipe da categoria correspondente a sua idade; II — alojamento em instalações desportivas apropriadas à sua capacitação técnica na modalidade, quanto a alimentação, higiene, segurança e saúde; III — conhecimentos teóricos e práticos de educação física, condicionamento e motricidade, por meio de um corpo de profissionais habilitados e especializados, norteados por programa de formação técnico-desportiva, compatível com o desenvolvimento físico, moral e psicológico do atleta; IV — matrícula escolar e presença às aulas da educação básica ou de formação técnica em que estiver matriculado, ajustando o tempo destinado à efetiva atividade de formação do atleta, não superior a quatro horas diárias, aos horários estabelecidos pela instituição educacional, e exigindo do atleta satisfatório aproveitamento escolar; V— assistência educacional e integral à saúde; 21 VI — alimentação com acompanhamento de nutricionista, assistência de fisioterapeuta e demais profissionais qualificados na formação física e motora, além da convivência familiar adequada; VII — pagamento da bolsa de aprendizagem até o décimo dia útil do mês subsequente ao vencido; VIII — apólice de seguro de vida e de acidentes pessoais para cobrir as atividades de formação desportiva, durante toda a vigência do contrato, incluindo como beneficiários da apólice de seguro os indicados pelo atleta em formação; IX — período de descanso de trinta dias consecutivos e ininterruptos, com a garantia de recebimento dos incentivos previstos na Lei coincidente com as férias escolares regulares; X — registro do atleta em formação na entidade de administração do desporto e inscrição do atleta em formação nas competições oficiais de sua faixa etária promovidas pela entidade; e XI — transporte. Segundo o art. 29, §3º, a entidade nacional de administração do desporto certificará como entidade de prática desportiva formadora aquela que comprovadamente preencha os requisitos estabelecidos na Lei Pelé. SOLIDARIEDADE No âmbito do futebol, a FIFA estabelece o “mecanismo de solidariedade”, uma compensação a ser paga ao clube formador na hipótese de transferências internacionais. 22 Neste contexto, a Lei Pelé incluiu, em seu art. 29-A, o “mecanismo de solidariedade interno”, compensação a ser paga ao clube formador no caso de transferências nacionais. Segundo este dispositivo legal, sempre que ocorrer transferência nacional, definitiva ou temporária, de atleta profissional, até 5% (cinco por cento) do valor pago pela nova entidade de prática desportiva serão obrigatoriamente distribuídos entre as entidades de práticas desportivas que contribuíram para a formação do atleta, na proporção de: I — 1% (um por cento) para cada ano de formação do atleta, dos 14 (quatorze) aos 17 (dezessete) anosde idade, inclusive; e II — 0,5% (meio por cento) para cada ano de formação, dos 18 (dezoito) aos 19 (dezenove) anos de idade, inclusive. O clube que receber o atleta deverá reter do valor a ser pago à entidade de prática desportiva cedente 5% do valor acordado para a transferência, distribuindo-os às entidades de prática desportiva que contribuíram para a formação do atleta (art. 29- A, §1º). Como exceção a essa regra, caso o atleta se desvincule da entidade de prática desportiva de forma unilateral, mediante pagamento da cláusula indenizatória desportiva, caberá à entidade de prática desportiva que recebeu a cláusula indenizatória desportiva distribuir 5% (cinco por cento) de tal montante às entidades de prática desportiva responsáveis pela formação do atleta (art. 29-A, §2º). O percentual devido às entidades de prática desportiva formadoras do atleta deverá ser calculado de acordo com certidão a ser fornecida pela entidade nacional de administração 23 do desporto, e os valores distribuídos proporcionalmente em até 30 dias da efetiva transferência (art. 29-A, §3º). SAIBA MAIS Leia a reportagem de Ralph Machado, Projeto inclui atleta autônomo em competição esportiva profissional. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/731375-PROJETO-INCLUI- ATLETA-AUTONOMO-EM-COMPETICAO-ESPORTIVA-PROFISSIONAL VEIGA, Maurício Corrêa da. Atleta em formação não é menor aprendiz. Lei em Campo, 23/09/2020. Disponível em: https://leiemcampo.com.br/atleta-em-formacao-nao-e-menor- aprendiz/ Assista ao vídeo Quanto ganham os clubes formadores com transferências de jogadores? Mecanismo de solidariedade, no canal Joga Direito. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aoxcLuLjomU&ab_channel=Jo gaDireito https://www.camara.leg.br/noticias/731375-PROJETO-INCLUI-ATLETA-AUTONOMO-EM-COMPETICAO-ESPORTIVA-PROFISSIONAL https://www.camara.leg.br/noticias/731375-PROJETO-INCLUI-ATLETA-AUTONOMO-EM-COMPETICAO-ESPORTIVA-PROFISSIONAL https://leiemcampo.com.br/atleta-em-formacao-nao-e-menor-aprendiz/ https://leiemcampo.com.br/atleta-em-formacao-nao-e-menor-aprendiz/ https://www.youtube.com/watch?v=aoxcLuLjomU&ab_channel=JogaDireito https://www.youtube.com/watch?v=aoxcLuLjomU&ab_channel=JogaDireito 24 REFERÊNCIAS BELMONTE, Alexandre Agra et al. Direito do trabalho desportivo: os aspectos jurídicos da Lei Pelé frente às alterações da Lei nº 12.395/2011. São Paulo: LTr, 2013. CAÚS, Cristiana; GÓES, Marcelo. Direito aplicado à gestão do esporte. São Paulo: Trevisan Editora, 2013. MACHADO. Rubens Approbato et al. Curso de Direito Desportivo Sistêmico. v. 2. São Paulo: Quartier Latin, 2010. MARTINS, Sérgio Pinto. Direitos Trabalhistas do Atleta Profissional de Futebol. São Paulo: Atlas, 2011. MELO FILHO, Álvaro et al. Direito do Trabalho Desportivo. Atualizado com a Nova Lei Pelé. São Paulo: Quartier Latin, 2012. MELO FILHO, Álvaro. Nova Lei Pelé – Avanços e Impactos. Rio de Janeiro: Ed. Maquinária, 2011. NETTO, André. Formação de atletas no Brasil é precária. USP. Disponível em: https://paineira.usp.br/aun/index.php/2019/07/23/formacao-de-atletas-no-brasil-e- precaria/ Acesso em: 03/2021. OLIVEIRA, Leonardo Andreotti P. de et al. Direito do Trabalho e Desporto. São Paulo: Quartier Latin, 2014. ROSIGNOLI, Mariana; RODRIGUES, Sérgio Santos. Manual de direito desportivo. São Paulo: LTr, 2017. SANTORO, Luiz Felipe Guimaraes. O “desporto profissional” no ordenamento jurídico brasileiro. Disponível em: https://docplayer.com.br/10708576-O-desporto- profissional-no-ordenamento-juridico-brasileiro.html Acesso em: 03/2021. SOUZA, Gustavo Lopes Pires de et al. Direito Desportivo. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2014. VEIGA, Maurício de Figueiredo Correa. A Evolução do Futebol e as Normas que o Regulamentam – Aspectos Trabalhistas-Desportivos. São Paulo: LTr, 2013. Este conteúdo foi produzido para o Núcleo de Educação a Distância da Universidade Brasil e sua reprodução e distribuição são autorizadas apenas para alunos regularmente matriculados em cursos de graduação, pós-graduação e extensão da Universidade Brasil e das Faculdades e dos Centros Universitários que mantêm Convênios de Parceria Educacional ou Acordos de Cooperação Técnica com a Universidade Brasil, devidamente celebrados em contrato. https://paineira.usp.br/aun/index.php/2019/07/23/formacao-de-atletas-no-brasil-e-precaria/ https://paineira.usp.br/aun/index.php/2019/07/23/formacao-de-atletas-no-brasil-e-precaria/ https://docplayer.com.br/10708576-O-desporto-profissional-no-ordenamento-juridico-brasileiro.html https://docplayer.com.br/10708576-O-desporto-profissional-no-ordenamento-juridico-brasileiro.html 25 − . ..
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