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1 Saúde Coletiva O modelo assistencial da vigilância da saúde Profª Ms. Dayane Scaramal • Unidade de Ensino: 1 • Competência da Unidade de Ensino: Compreender o trabalho do profissional de saúde coletiva; conhecer as funções da vigilância em saúde; as medidas de prevenção de doenças e agravos; e compreender o conceito e o trabalho relacionado à risco e vulnerabilidade. • Resumo: Conhecer mais sobre a saúde coletiva e o trabalho dos profissionais de saúde nesta área, compreendendo a atuação dos profissionais em saúde coletiva; o conceito e áreas de abrangência da vigilância em saúde; medidas necessárias para prevenção de doenças e danos que acarretam sequelas e mortes na população; e os conceitos de risco e vulnerabilidade / medidas de enfrentamento. • Palavras-chave: Risco, vulnerabilidade, vigilância • Título da teleaula: Modelo assistencial da vigilância da saúde • Teleaula nº: 01 Por que os indivíduos adoecem? Qual o perfil de adoecimento e mortalidade da população brasileira? Qual o papel da Saúde Coletiva frente a essas questões? Fonte: Shutterstock 505244407 Temas da aula • Noções de saúde coletiva • Risco e vulnerabilidade em saúde • Transição demográfica e epidemiológica • Doenças transmissíveis • Doenças e agravos não transmissíveis • Organização do sistema de saúde Conceitos Noções de saúde coletiva Saúde Coletiva Compreende o processo saúde e doença, explicando a doença como resultado da interação de diversos fatores. Objetivo de promover o cuidado a agravos e doenças dos grupos sociais, da coletividade. Fo n te d a im ag e m : Sh u tt e rs to ck 71 99 44 35 4 1 2 3 4 5 6 2 Fundamentos da Saúde Coletiva Saúde Coletiva Ciências Sociais em Saúde Epidemio logia Política, planejamento e gestão Ciências Sociais em Saúde Modelo de determinação social da doença Fonte: https://goo.gl/images/WIPFNA. Acesso em 30 ago. 2018 Crítica ao modelo biologista. Se preocupa com as necessidades sociais em saúde e não apenas com a doença. Como cuidar da saúde da coletividade? • Buscar a promoção da saúde e a qualidade de vida: ser saudável é muito mais do que a inexistência de doença. • Prevenir doenças, riscos e agravos. • Dar autonomia aos indivíduos para que tomem decisões e façam escolhas sobre sua saúde. • Ações interdisciplinares. Fonte: Freepik 17244214 Epidemiologia A saúde coletiva se utiliza da epidemiologia para conhecer a distribuição das doenças nas coletividades humanas, para planejar práticas e programas de saúde. Fo n te d a im age m : Sh u tte rsto ck 18521290 0 9 Analisam os problemas de saúde, identificam os fatores de risco e as formas de prevenção. Política, planejamento e gestão • Conceito ampliado de saúde. • Integração entre os diferentes setores da sociedade. • Formulação e implementação de políticas de saúde abrangentes. • Busca alternativas para melhoria dos sistemas e serviços e para a consolidação da saúde como um direito de todos os cidadãos. Fonte: Freepik 15873165 Conceitos Risco e vulnerabilidade em saúde 7 8 9 10 11 12 3 Conceito de risco em saúde Risco: probabilidade de ocorrência de um evento em uma população ou indivíduo. Fatores de Risco: aumentam a probabilidade de ocorrência de agravos e doenças. Em uma doença, pode haver mais de um fator de risco. Redução de riscos: prevenir o adoecimento ou agravos de saúde, controlar os fatores de risco. Fonte da imagem: Shutterstock 618721550 Vulnerabilidade • A vulnerabilidade parte do princípio de que a doença é resultado da interação entre: • Fatores individuais: biológicos, psicológicos. • Fatores Coletivos: contexto cultural, socioeconômico. Esses fatores não podem ser separados, além disso, aumentam a suscetibilidade da pessoa para contrair a doença. Fonte da imagem: Shutterstock 1361957651 A vulnerabilidade apresenta três aspectos: O comportamento das pessoas pode torna-las mais ou menos vulneráveis ao adoecimento Dimensão individual Disponibilidade de recursos materiais e financeiros, liberdade para tomada de decisões em saúde Dimensão social Influência positiva ou negativa das instituições; acesso aos serviços públicos oferecidos Dimensão institucional ou programática Vulnerabilidade • O conceito de vulnerabilidade é complexo. • As dimensões se influenciam mutuamente, sendo impossível separar a pessoa do mundo em que ela vive. • Quando uma pessoa adoece, ela não pode ser considerada a única responsável pela doença. Fonte da imagem: Freeopik 4553600 Quanto maior a vulnerabilidade, maior o risco A vulnerabilidade antecede ao risco e determina os diferentes riscos de se infectar, adoecer e morrer (AYRES et al., 2006). Fonte: FREEPIK. Disponível em: https://bit.ly/3c0vG6U. Acesso em: 07 jul. 2022. A violência é considerada uma vulnerabilidade social, e é considerada um problema de saúde pública. Apresenta impacto na morbimortalidade, alterando o perfil de problemas de saúde. Traz consequências para a integridade física, psicológica e emocional. Aumenta as demandas nos serviços de saúde e produz altos custos sociais e econômicos. Violência Fonte da imagem: Freepik 5466159 13 14 15 16 17 18 4 Conceitos Transição demográfica e epidemiológica Transição demográfica e epidemiológica Taxa de fecundidade Expectativa de vida Diversas transformações demográficas ocorreram no Brasil nas últimas décadas, resultando em um novo perfil de morbimortalidade da população. A transição demográfica e epidemiológica pode ser dividida em 4 fases. Vamos conhecer? Fo n te d a im age m : Sh u tte rsto ck 17172742 0 0 Taxa de mortalidade infantil Primeira fase: pré-moderna • Altas taxas de natalidade. • Altas taxas de mortalidade: desnutrição, epidemias e doenças infecciosas e parasitárias, condições médicas e sanitárias precárias. Fo n te : F re e im ag e s 14 28 79 8 População predominantemente rural, famílias numerosas Segunda fase: moderna • Taxa de natalidade se mantém elevada: Baby Boom. • Redução das taxas de mortalidade: melhores condições médicas e sanitárias, descoberta da penicilina e das vacinas, controle das epidemias. Fo n te : h tt p s: // b it .l y/ 3c H 61 gW . A ce ss o e m : 24 n o v. 2 02 1. Desenvolvimento industrial, urbanização e desenvolvimento econômico e social Terceira fase: industrial • Redução da natalidade: mulher no mercado de trabalho, métodos contraceptivos, planejamento familiar. • Estabilização das taxas de mortalidade. Fo n te : h tt p s: // b it .l y/ 3o U SI 25 . A ce ss o e m : 24 n o v. 2 02 1. Maior desenvolvimento urbano, melhora da renda, elevação do nível de escolaridade Quarta fase: pós-industrial • Baixas taxas de natalidade e fecundidade. • Baixas taxas de mortalidade. • Crescimento populacional baixo, próximo a zero, envelhecimento populacional. Fo n te : F re e p ik 11 98 06 22 Taxas de fecundidade abaixo da taxa de reposição populacional. 19 20 21 22 23 24 5 Urbanização Escolaridade Tecnologia médica e de saúde pública Declínio da Mortalidade por doenças infecciosas Declínio da Fertilidade Envelhecimento da população Doenças e Agravos Não Transmissíveis Aumento das desigualdades: causas externas Persistência ou reemergência de doenças infecciosas Transição demográfica Transição epidemiológica Resolução da SP Transição demográfica e pirâmide populacional Fonte da imagem: Shutterstock 244001017 Ana Laura realiza estágio em uma UBS e auxiliou em um estudo para conhecer a população e das doenças mais prevalentes. Identificou uma população idosa significativa, além de elevados números de DANT e de doenças transmissíveis. Quais aspectos podem ter contribuídopara esse resultados? Transição demográfica Fonte: https://bit.ly/3kcItp2. Acesso em 13 jul. 2021. Transição epidemiológica no Brasil • Diferenças sociais e regionais na distribuição de bens e no acesso a serviços de saúde. • Polarização epidemiológica: diferentes padrões de morbimortalidade em uma mesma população. Fonte da imagem: Freepik 7955856 DANT e doenças transmissíveis. Reintrodução de epidemias de dengue e persistência de doenças como malária, tuberculose e hanseníase. Interação Envie suas dúvidas! 25 26 27 28 29 30 6 Indicação de leitura da semana Acesso ao livro na Biblioteca Virtual Conceitos Doenças transmissíveis Doenças transmissíveis Grande relevância para a saúde pública por um longo período, gerando prejuízos sociais e econômicos. Várias políticas foram implementadas para o controle dessas doenças, no entanto, elas não foram eliminadas. Fo n te d a im age m : Fre e p ik 10587905. Doenças endêmicas São características de um determinado local, com quantidade previsível de casos Doenças epidêmicas São aumentos abruptos do número de doenças em um curto espaço de tempo Tendência das doenças transmissíveis Persistentes Níveis elevados apesar das ações de controle: relacionadas com as condições de vida Tuberculose, Hanseníase, Hepatites virais, Meningites, Esquistossomose Declinantes Redução natural, ou por imunização Poliomielite, Varíola, Sarampo, Doença de Chagas, Febre Tifoide Emergentes e reemergentes Emergentes: surgiram recentemente. AIDS, gripe aviária e suína, COVID-19 Reemergentes: controladas no passado e que reapareceram. Dengue, Sarampo Doenças transmissíveis no Brasil Por que algumas doenças persistem? Condições socioeconômicas, baixa escolaridade, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, alterações ambientais, globalização. Quais são as doenças mais relevantes? Malária, Hanseníase, Dengue, IST/Aids, Tuberculose, Hepatites virais. Abordagem e controle • Conhecimento do perfil epidemiológico. • Medidas de prevenção. • Imunização. • Controle dos determinantes sociais de saúde. • Educação em Saúde. Fo n te d a im ag e m : Fr e e p ik 11 15 66 77 31 32 33 34 35 36 7 Conceitos Doenças e agravos não transmissíveis Doenças e agravos não transmissíveis Fo n te d a im age m : Sh u tte rsto ck 12253099 1 8. Doenças Crônicas não transmissíveis (DCNT) Doenças e agravos não transmissíveis (DANT) Hipertensão, infarto, acidente vascular encefálico, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema, bronquite), neoplasias, diabetes, doenças renais, e causas externas (acidentes, violência). Problema de saúde pública da atualidade, responsável por 2/3 das doenças no Brasil. Fatores de Risco • Organização das sociedades, industrialização e urbanização: desigualdade social, desemprego, poluição. • Aumento da expectativa de vida, aumento da população idosa. • Hábitos de vida: sedentarismo, alimentação, obesidade, tabagismo, consumo de bebidas alcóolicas. Fonte: Shutterstock 26052433 Brasil: homicídios, acidentes de trânsito e suicídios como segunda causa da mortalidade e incapacidade entre jovens. Acomete pessoas em idade produtiva: problemas econômicos para as famílias, comunidades e sociedade em geral. Maior demanda de cuidados e assistência à saúde: Cronicidade e multiplicidade das doenças e internações hospitalares. Impacto sociais e econômicos das DANT Fo n te : Sh u tte rsto ck 31224224 9 Abordagem e controle • Conhecimento dos fatores causais e sua interação nas doenças e agravos. • Monitorização do índice de adoecimento e morte. • Identificação de fatores de risco. • Educação em Saúde. Fonte da imagem: Freepik 7955856 Conceitos Organização do sistema de saúde 37 38 39 40 41 42 8 Sistema Único de Saúde Setor público Baixa complexidade Média complexidade Alta complexidade Terceiro setor ONGs Entidades filantrópicas Associações sem fins lucrativos Sistema suplementar Operadoras de planos de saúde Seguro-saúde Serviços particulares Fonte da imagem: https://bit.ly/3u4N2Ub. Acesso em 30 mar. 2021. Organização do Sistema Suplementar Agência Nacional de Saúde - ANS Controla e fiscaliza as atividades das empresas que comercializam os planos de saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA Fiscaliza e realiza controle clínico de todos os produtos Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC Garante a competitividade no setor, evita práticas de valores abusivos Fo n te d a im age m : Fre e p ik 5766593 ANVISA Operadoras ANS Organização do Sistema Suplementar Serviços Beneficiários Materiais Medicamentos Equipamentos Fornecedores Hospitais Clínicas Laboratórios Prestação de serviço SBDC ANVISA Autogestões Opera plano de saúde criados por empresas públicas e privadas. Empregados, ex-empregados e familiares. Medicinas de grupo Comercializa planos de saúde para pessoas e empresas. Planos de saúde médicos e odontológicos. Cooperativas Profissionais autônomos que oferecem serviços com redução de custos para os consumidores. Seguradoras Contrato de seguro que reembolsa o usuário pelas despesas médicas. Modalidades do Sistema Suplementar Fonte da imagem: Freepik 1240920 Resolução da SP Educação em Saúde como ferramenta da Saúde Coletiva Fonte da imagem: Shutterstock 244001017 Ana Laura está se preparando para apresentar um trabalho sobre os tipos de doenças e as estratégias de controle e prevenção. Percebeu que a educação em saúde é uma estratégia importante para o manejo de doenças em geral, e se questionou: O que é educação em saúde? Como ela é colocada em prática? 43 44 45 46 47 48 9 Educação em Saúde Educar para a saúde é auxiliar na construção de um indivíduo autônomo, capaz de tomar decisões em relação à sua saúde, à de sua família e da comunidade. Fonte da imagem: Freepik 6696034 Educação Popular em Saúde (EPS) do Ministério da Saúde Partir do princípio de que todos possuem conhecimento sobre saúde Todo conhecimento gerado deve possuir um significado para a vida Educar a população a partir de suas necessidades reais A escuta deve ser incluída como uma forma de reconhecer os indivíduos e as suas necessidades Quais são os princípios da Educação em Saúde? Campanhas educativas do Ministério da Saúde Fonte: Ministério da Saúde. Disponível em: https://bit.ly/3oe3r8y. Acesso em: 02 Dez. 2021. Interação Questão de concurso BAHIA/IESES 2016 (adaptado) - Há várias maneiras de definir os conceitos de risco e de vulnerabilidade social, devido às diversas áreas de conhecimento que fazem uso deles, porém, a abordagem dá-se através de perspectivas diferenciadas. Constata-se, primeiramente, que há uma discussão em torno da gênese do conceito de risco e seu uso (FRANÇA et al., 2002; YUNES; SZYMANSKI, 2001), que se apresenta em várias disciplinas do campo das Ciências Naturais e Exatas (por exemplo, Biologia e Ecologia) e, em particular, das Ciências da Saúde (Medicina, Epidemiologia) e das Ciências Sociais e Humanas (Economia, Sociologia, Política, Psicologia). Por outro lado, tem havido uma confusão no uso dos conceitos de risco e vulnerabilidade havendo a necessidade de esclarecimento conceitual. A Política Nacional de Assistência Social (BRASIL, 2004) também se utiliza desses conceitos os quais são assim compreendidos: I. Os conceitos de vulnerabilidade e risco social devem ser problematizados, uma vez que a falta de recursos financeiros aumenta à probabilidade de agravos à saúde. II. Os riscos estão associados com situações próprias do ciclo de vida das pessoas, com as condições das famílias, da comunidade e do ambiente em que as pessoas vivem e de nada tem a ver com probabilidade. III. A vulnerabilidade é a possibilidade de perigo. IV. As vulnerabilidades e riscos devem ser enfrentados como produtos da desigualdade,e, portanto, requerem uma intervenção para além do campo das políticas sociais. Recapitulando • Fundamentos de saúde coletiva • Ciências Sociais em Saúde, Epidemiologia, Política, planejamento e gestão • Risco e vulnerabilidade em saúde • Risco, vulnerabilidade e violência • Transição demográfica e epidemiológica • Doenças transmissíveis • Doenças e agravos não transmissíveis • Organização do sistema de saúde • SUS e sistema suplementar 49 50 51 52 53 54