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CIMATEC TÉCNICAS DE ANÁLISE DE VIBRAÇÕES I CIMATEC Salvador 2004 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE VIBRAÇÕES I Copyright 2004 por SENAI DR BA. Todos os direitos reservados Área Tecnológica de Manutenção Industrial Elaboração: Antonio Fernando Abreu de Andrade Revisão Técnica: Robson da Silva Magalhães Revisão Pedagógica: Rita Cruz Normalização: Sueli Madalena Costa Negri Catalogação na fonte (NIT – Núcleo de Informação Tecnológica) _______________________________________________________ SENAI- DR BA. Técnicas de análise de vibrações l. Salvador, 2004. 125p. il. (Rev.01) 1. Análise de Vibrações l. Título CDD 621 ________________________________________________________ SENAI CIMATEC Av. Orlando Gomes, 1845 - Piatã Salvador – Bahia – Brasil CEP 41650-010 Tel.: (71) 3462-9500 Fax. (71) 3462-9599 http://www.senai.fieb.org.br SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................7 1.1 CONDIÇÕES DO MONITORAMENTO DE MÁQUINAS POR ANÁLISE DE VIBRAÇÕES:.................. 7 1.2 MANUTENÇÃO PREDITIVA ATRAVÉS DA ANÁLISE DE VIBRAÇÕES: ........................................ 9 1.3 RESULTADOS PREVISTOS: .................................................................................................... 10 2 FUNDAMENTOS DE VIBRAÇÃO E RESPOSTAS ÀS EXCITAÇÕES ...................11 2.1 MOVIMENTOS BÁSICOS: ....................................................................................................... 12 2.2 CONCEITOS BÁSICOS: ........................................................................................................... 14 2.3 DOMÍNIO DO TEMPO E DOMÍNIO DA FREQÜÊNCIA: ............................................................... 16 2.4 PRINCIPAIS PARÂMETROS: ................................................................................................... 18 2.5 CONCEITUAÇÃO BÁSICA DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE ESTRUTURAS:..................... 19 3 MEDIDAS DE VIBRAÇÃO - INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO.............................23 3.1 SENSORES:............................................................................................................................ 23 3.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS NA ESCOLHA DOS SENSORES: ............................................ 25 3.3 ESCOLHA E MONTAGEM DE SENSORES:................................................................................ 26 3.4 ANALISADORES DE FREQÜÊNCIA DE VIBRAÇÃO: ................................................................. 28 4 PROCESSAMENTO DIGITAL ....................................................................................32 4.1 CARACTERÍSTICAS DOS SINAIS DINÂMICOS: ........................................................................ 32 4.2 SINAIS HARMÔNICOS:........................................................................................................... 32 4.3 ANÁLISE DE FOURIER:.......................................................................................................... 33 4.4 CARACTERÍSTICAS DA FFT: ................................................................................................. 35 4.5 ENJANELAMENTO (JANELAS): .............................................................................................. 40 4.6 MODULAÇÃO DE SINAIS: ...................................................................................................... 43 5 IDENTIFICANDO OS PROBLEMAS MAIS COMUNS EM MÁQUINAS ...............49 5.1 VIBRAÇÃO POR DESBALANCEAMENTO: ............................................................................... 49 PROBLEMAS COM EIXOS TORTOS: ..................................................................................................... 50 5.2 VIBRAÇÃO POR DESALINHAMENTO:..................................................................................... 52 5.3 VIBRAÇÃO PROVOCADA POR FOLGA: ................................................................................... 55 5.4 VIBRAÇÃO OCASIONADA POR EXCENTRICIDADE: ................................................................ 57 5.5 VIBRAÇÃO POR RESSONÂNCIA: ............................................................................................ 59 5.6 VIBRAÇÃO EM FUNÇÃO DE PROBLEMAS EM MANCAIS DESLIZANTES: ................................. 61 5.7 VIBRAÇÃO DEVIDA À PROBLEMAS HIDRÁULICOS/AERODINÂMICOS.................................... 63 5.8 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS TIPOS DE DEFEITOS EM ENGRENAGENS E MANCAIS DE ROLAMENTO DEVIDO À VIBRAÇÃO.................................................................................................... 66 5.9 TABELA DE DEFEITOS EM ELEMENTOS MECÂNICOS CAUSADOS PELA PRESENÇA DE VIBRAÇÕES: ....................................................................................................................................... 70 6 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DAS CONDIÇÕES DE MÁQUINAS........93 6.1 LEVANTAMENTO DO LOCAL:................................................................................................ 94 6.2 PROCEDIMENTOS FINAIS: ................................................................................................... 106 6.3 PROGRAMAÇÃO DOS BANCOS DE DADOS PRISM: ............................................................. 107 6.4 ESTABELECIMENTO DE NÍVEIS DE ALERTA: ....................................................................... 118 Referências.............................................................................................................................125 APRESENTAÇÃO Com o objetivo de apoiar e proporcionar a melhoria contínua do padrão de qualidade e produtividade da indústria, o SENAI BA desenvolve programas de educação profissional e superior, além de prestar serviços técnico e tecnológicos. Essas atividades, com conteúdos tecnológicos, são direcionadas para indústrias nos diversos segmentos, através de programas de educação profissional, consultorias e informação tecnológica, para profissionais da área industrial ou para pessoas que desejam profissionalizar-se visando inserir-se no mercado de trabalho. Este material didático foi preparado para funcionar como instrumento de consulta. Possui informações que são aplicáveis de forma prática no dia-a-dia do profissional, e apresenta uma linguagem simples e de fácil assimilação. É um meio que possibilita, de forma eficiente, o aperfeiçoamento do aluno através do estudo do conteúdo apresentado no módulo. 7 1. INTRODUÇÃO Ensaios não-destrutivos (END) são métodos que garantem a qualidade e a manutenibilidade de produtos e processos. A escolha de um END depende de uma grande quantidade de parâmetros. O conhecimento de detalhes sobre o possível tipo de defeito e a localização deste sãorequeridos na maioria dos casos. A acessibilidade ao defeito também deve ser garantida. Algumas observações servem para justificar o emprego de END na indústria recentemente: • Um aumento nos padrões de qualidade dos produtos e processos; • O aumento dos custos causado por paradas imprevistas da planta; • Um aumento nos padrões de segurança e proteção ambiental; • Uma melhoria dos instrumentos de controle e sensores; • Um aumento da experiência e do entendimento na interpretação de sinais. Os mais comuns END são: • Inspeção Visual; • Ensaios de Líquido Penetrante; • Ensaios de Partículas Magnéticas; • Ultra-som • Raio X; • Ensaios com a Corrente de Eddy; • Análise de Vibrações. 1.1 Condições do monitoramento de máquinas por análise de vibrações: Com os altos investimentos que as indústrias fazem atualmente em máquinase equipamentos, paradas por períodos longos ocasionam interrupção da produção, tornando-se uma situação dispendiosa para as empresas. Conseqüentemente, uma grande quantidade de esforços e inovações são aplicadas no processo de manutenção das plantas industriais, visando reduzir estes intervalos de tempo. Durante sua vida útil sabemos que as máquinas vão sofrendo um processo de desgaste contínuo. Com o passar do tempo se nada for feito para minimizar ou evitar este desgaste, o equipamento quebrará causando a parada do processo ao qual faz parte. Quando é que uma máquina quebra? Esta pergunta é difícil de responder e sua resposta envolve muitas considerações. Podemos dizer intuitivamente que se não fizermos a manutenção correta de um equipamento, sua quebra ocorrerá mais cedo do que uma máquina que possui um plano de manutenção e que é corretamente executado. Podemos 8 fazer o acompanhamento de determinados parâmetros das máquinas e através destes prever com uma certa antecedência a ocorrência de falhas. Chamamos este acompanhamento de monitoramento e para tanto, devemos encontrar parâmetros característicos, os quais descrevam as condições de operação das máquinas sob análise. Uma possibilidade é medir o nível de vibrações em unidades tais como, deslocamento (amplitude), velocidade ou aceleração, e observar sinais característicos presentes nas variações destes parâmetros, os quais fornecerão informações importantes sobre as condições de trabalho do equipamento, indicando o momento em que a manutenção deve ser realizada para evitar a quebra do mesmo. Vibração é uma oscilação mecânica em torno de um ponto. Podemos encontrá-la em máquinas como resultado da presença de forças dinâmicas, originadas nas partes em movimento. Freqüentemente ela é citada como um fenômeno destrutivo, mas às vezes pode ser gerada intencionalmente para realizar algum tipo de trabalho, como por exemplo as britadeiras, os compactadores, as caixas de som, etc. O controle de vibrações como um método de END utilizado no monitoramento de equipamentos, permite identificar com precisão os possíveis defeitos presentes nos componentes mecânicos de máquinas e estruturas. Podemos observar abaixo alguns exemplos de defeitos em componentes que podem ser acompanhados através da Análise de Vibrações, quanto a sua evolução: Figura 1-Exemplos de defeitos. Atualmente as indústrias de processos têm enfrentado problemas gerais, tais como: redução de custos, aumento do tempo de operação das máquinas e outros problemas diversos inerentes a qualquer unidade produtiva. Com isso, a busca de técnicas que possibilitem solucionar esses problemas, tornou-se intensa. Uma destas alternativas é a programação de intervenções através do acompanhamento da qualidade de funcionamento das máquinas, conhecida por Manutenção Preditiva ou Manutenção por Condição. 9 A manutenção preditiva diferencia-se da corretiva pelo fato de que a intervenção no equipamento somente ocorrerá a partir do momento em que este apresentar os sinais característicos de falha, enquanto que na manutenção corretiva a intervenção ocorre quando o equipamento quebra, implicando num aumento de custos de manutenção (horas de parada, mão-de-obra, falta de reposição, etc.). A manutenção preditiva é aquela que indica as condições reais de funcionamento das máquinas, baseada em dados que informa o seu desgaste ou processo de degradação. Trata-se da manutenção que prediz o tempo de vida útil dos componentes das máquinas e equipamentos e as condições para que esse tempo de vida seja bem aproveitado. A manutenção preditiva baseia-se no monitoramento da condição, que é feita com a coleta de dados periódicos, interpretação dos mesmos, avaliando a sua severidade e traçando sua tendência ao longo do tempo, visando uma intervenção coerente tanto técnica como econômica. Os ensaios não destrutivos, entre eles a análise de vibrações são utilizados para realizar uma avaliação segura das condições de funcionamento dos equipamentos, acompanhado da evolução de falhas detectadas nas máquinas. Com isso, é possível fornecer previsões de quebra dos equipamentos, garantindo a operação sem riscos de quebras inesperadas até a execução de uma parada planejada. A análise de vibrações é a técnica utilizada na manutenção preditiva para avaliação de máquinas rotativas que apresenta um melhor custo/benefício, em relação as demais técnicas, fornecendo dados que possibilitam prolongar a vida dos equipamentos, baseando-se nas informações obtidas durante a operação normal do mesmo. 1.2 Manutenção preditiva através da análise de vibrações: Em linhas gerais, o planejamento da implantação desta técnica de diagnose pode ser dividido em duas fases: • A primeira inclui o domínio da tecnologia e o acompanhamento das máquinas consideradas críticas para o processo produtivo. O sistema de gerenciamento é geralmente constituído de 1 coletor de dados,e o respectivo Software de análise. • A segunda fase consiste na divulgação e suporte à implantação desta tecnologia às manutenções de área. Serão gerenciados através dos recursos das manutenções de área, os equipamentos que, por razões diversas, não foram atendidos na primeira fase. Portanto, o planejamento (definição dos níveis de vibração, periodicidade das medidas, etc.), acompanhamento histórico, diagnósticos e a decisão de onde e quando intervir, são atribuições da manutenção de área. A Manutenção Preditiva central prestará, sempre, apoio a implantação, planejamento e às análises das 10 manutenções de área, quando os recursos alocados nas áreas não forem suficientes. Veja Figura 2. Figura 2-Fluxograma de um programa de análise de vibração. Para a implantação da Manutenção Preditiva em máquinas rotativas através da medida e análise de vibrações, é necessário estabelecer o seguinte: • Lista dos equipamentos a serem medidos com respectiva identificação e cadastramento no sistema; • Levantamento de dados construtivos e operacionais dos equipamentos, tais como: rolamentos, número de dentes das engrenagens, rotação, potência, desenhos construtivos, etc.; • Histórico de manutenção dos equipamentos; • Escolha dos pontos de medição e sua identificação no sistema e na máquina; • Aparelho de medição e registro das vibrações; • Grandezas a serem medidas para cada ponto; • Níveis de alarme para cada ponto de medição; • Periodicidade das medições; • Programação dos pontos de coleta de dados; • Informações e relatórios periódicos. 1.3 Resultados previstos: As atividades de Manutenção Preditiva permitem ganhos financeiros para a empresa, resultantes dos seguintes benefícios: 11 • Redução dos custos de manutenção: Com base na análise de vibrações e nas curvas de tendência, pode-se ter uma previsão de quando será necessário uma intervenção de manutenção, e quais os serviços a serem realizados, prolongando-se assim a vida útil de componentes, substituindo- se apenas o necessário; • Aumento da eficiência das intervenções de manutenção: Através da indicação antecipada dos elementos com falha e da avaliação dos resultados das intervenções; • Aumento da disponibilidade de equipamentos: A utilização de programas preditivos pode virtualmente eliminar paralisações imprevistas devido a falha de máquinas, bem como reduzir a necessidade de programação de paradas desnecessárias para serviços preventivos; • Aumento da confiabilidade operacional: A eliminação de paradas não programadas aumenta as confiabilidades operacionais, reduzindo riscos de perda de produção. 2. FUNDAMENTOS DE VIBRAÇÃO E RESPOSTAS ÀS EXCITAÇÕES: Todo movimento físico de um equipamento ou movimento de rotação de uma máquina é normalmente referido como vibração. Vibração tem haver com oscilação, movimento repetitivo, que na maioria dos casos provocam danos nas máquinas e estruturas onde ocorrem. Desde o início das atividadesde manutenção, os inspetores tentam mensurar o tamanho da vibração através dos sentidos humanos. Medi-la significa a possibilidade de identificar sua origem e minimizar sua influência. Na prática, é muito difícil evitar a vibração. Geralmente ela ocorre devido aos efeitos dinâmicos de fabricação, folgas, contatos, atrito entre peças de uma máquina e ainda, devido a forças desequilibradas de componentes rotativos e de movimentos alternados. É comum que vibrações insignificantes para determinados elementos, excitem as freqüências de outras peças da estrutura, provocando defeitos que levam a quebra do equipamento. Com a evolução da eletrônica, foi possível desenvolver equipamentos para coleta e análise de dados, visto que a conversão da vibração mecânica para um sinal eletrônico é o melhor caminho para conseguirmos medi-la. O meio de conversão dos sinais mecânicos para sinais eletrônicos são os chamados transdutores, o sinal de saída de um transdutor é proporcional o quão rápido (freqüência), quão grande (amplitude) é o movimento oscilatório. A freqüência fornece qual é a fonte de vibração do equipamento e a amplitude qual a severidade, além destes parâmetros temos também o período que indica os intervalos de tempo em que ocorre a repetição do movimento vibratório, ver a Figura 3. 12 Figura 3 – Sistema massa-mola. Um exemplo de um transdutor é o sensor de aceleração (acelerômetro), por exemplo, onde é possível converter movimentos vibratórios em sinais elétricos e digitais para uma análise em tempo real ou posterior, dos fenômenos vibratórios envolvidos. Quando falamos de movimento vibratório temos que identificar as diferenças entre os diversos tipos. Os movimentos vibratórios podem ser harmônicos, periódicos e/ou randômicos. Todo movimento harmônico é periódico, porém nem todo movimento periódico é harmônico. O movimento randômico acontece quando não podemos predizer a maneira com que a máquina se comporta, sendo o mais comum de observarmos em casos práticos. 2.1 Movimentos básicos: Movimento periódico: O movimento oscilatório pode repetir-se regularmente, como no pêndulo de um relógio, ou apresentar irregularidade considerável, como em eventos da natureza (terremotos, por exemplo). Quando o movimento se repete em intervalos regulares de tempo (T) é denominado movimento periódico. Movimento harmônico: A forma mais simples de movimento periódico é o movimento harmônico: Uma massa suspensa por uma mola é deslocada de sua posição de equilíbrio, passando a oscilar em torno de um ponto de equilíbrio. Se representarmos graficamente a variação do deslocamento da massa em função do tempo, observaremos então um movimento de forma senoidal que chamaremos de movimento harmônico simples.O movimento registrado pode ser expresso pela equação: 13 ( ) T tAsenX π2= Figura 4 – Exemplo de movimento harmônico. Definimos a grandeza ω é como freqüência angular , e sua equação é dada por: f T ππϖ 22 == onde T é o período e ƒ a freqüência. Podemos reescrever a equação do movimento harmônico usando a freqüência angular definida acima: ( )tAsenX ϖ= como foi mostrado na equação acima, a freqüência angular é expressa em radiano por segundo, uma vez em que um período, ou ciclo, a partícula em oscilação percorre uma circunferência completa, ou 2π radianos, e o período expresso em segundos. Exemplo: Vamos considerar uma engrenagem de 12 dentes com um diâmetro externo de 6 polegadas, girando a velocidade constante. Marcamos um dos destes e observa-se o número de voltas que este dente realiza durante um intervalo de tempo determinado. Se nosso dente realizou 20 voltas completas em um segundo, dizemos então que sua freqüência f será de 20 ciclos/s ou 20 Hertz (1 ciclo/s = 1 Hz (hertz)). Neste caso a freqüência angular de nossa engrenagem será de 2π x 20 Hz, ou seja ω = 125,7 rad/s. Movimento randômico: Movimento randômico ocorre de uma maneira aleatória e contém todas as freqüências em uma banda especifica de freqüência, podendo ser também 14 chamado de ruído. Movimento randômico é cada movimento não é repetitivo. (Ex: O estourar de pipocas dentro de uma panela). Figura 5 – Exemplo de movimento randômico. 2.2 Conceitos básicos: Relação entre tempo e freqüência: • Período (T): É o intervalo de tempo em que o elemento gasta para realizar uma oscilação completa. • Freqüência (f): É o numero de ciclos (repetições) que ocorrem em um intervalo de tempo. Exemplo: Vamos supor que um elemento oscila com uma freqüência de 60 ciclos por segundo, ou seja, durante o intervalo de tempo de 1 segundo ele repete o movimento 60 vezes. Para encontrarmos o período de tempo em que uma oscilação ocorre, dividiremos o intervalo de tempo pelo numero de repetições, teremos assim o intervalo de tempo gasto para realizar uma oscilação (o período). A freqüência relaciona-se com o período através da seguinte expressão: T f 1= Sendo que f é dada em ciclos por segundo (ou Hertz (Hz)) e T em segundos. Para o caso acima citado, onde o elemento possui uma freqüência f = 60 Hz, podemos calcular o período, onde teremos: T = 0.0167 s. 15 Amplitude de vibração: A amplitude de vibração descreve a severidade da vibração, pode ser quantificada de diversas maneira: Pico-a-pico, Pico, Valor-médio e Raiz Quadrática Media (RMS). • Medição Pico-a-pico mostra o nível de vibração do topo do pico positivo à base do pico negativo. Esta medição se refere à amplitude total do deslocamento de equipamento em relação a uma referência (zero), indicando o percurso máximo da onda, este valor pode ser útil onde o deslocamento vibratório de uma parte da máquina é crítico para uma tensão máxima ou onde a folga mecânica é fator limitante. • A medição Pico mostra o nível de vibração do topo do pico positivo à linha de referência (zero). Este é um valor particularmente válido para a indicação de choques de curta duração, porém indica somente a ocorrência do pico, não levando em consideração o seu histórico no tempo da onda. • A medição de Valor-Médio Retificado representa (0.637 * Pico) da onda senoidal. Este valor calculado é exato somente quando a onda medida é uma senóide pura. Este é um valor que leva em consideração o histórico no tempo da onda, mas na prática é de interesse limitado, por não estar relacionado diretamente com qualquer quantidade física útil. • A medição RMS (Raiz Média Quadrática) é a verdadeira representante do valor eficaz da curva. O valor eficaz (RMS) pode ser calculado através de: ]0[]0[ *707.0*)º45cos( PicoPico dd −− = ou através da aquisição do RMS Verdadeiro – calculado pela raiz quadrada da média do somatório dos quadrados de pontos da curva. Portanto, o valor RMS é a medida de nível mais relevante, porque leva em consideração o histórico no tempo da onda e dá um valor de nível, o qual é diretamente relacionado a energia contida na vibração, e portanto, à capacidade destrutiva da mesma. Relação entre os tipos de medição: • Valor Médio = 0.637 * Pico; • Valor Médio = 0.90 * RMS; • Pico-a-pico = 2 * Pico; • Pico = 1.414 * RMS; • Pico = 1.57 * Valor Médio; 16 • RMS = 0.707 * Pico; • RMS = 1.11 * Valor Médio. Fontes de freqüência: Existem três diferentes tipos de fontes de freqüência na máquina: • Freqüências geradas: também chamadas de freqüência forçadas, são aquelas causadas pelos os esforços girantes da máquina, quando em funcionamento. Podemos citar como exemplo o desbalanceamento, a freqüência de engrenamento, a de passagem de palhetas, as freqüências geradas por atrito de rolamento, etc. Essa freqüência estará sempre presente nas medições da máquina, porém podem estar em níveis aceitáveis sem indicar problemas vibratórios; • Freqüências excitadas: também chamadas de freqüências naturais, representam uma propriedade do sistema. Uma amplificaçãoda vibração, chamada ressonância, ocorre quando a freqüência gerada é idêntica à freqüência natural. Em alguns casos a fonte de excitação pode ser removida, antes do fenômeno da ressonância ocorrer. Ex. Excitação das freqüências naturais de um rolamento, devido à quebra de um filme de óleo. Adicionando lubrificante ou alterando a viscosidade, podemos retornar a freqüência original. OBS: Ressonância em máquinas rotativas é semelhante aos amplificadores de eletrônica. Na maioria dos casos excessivas amplitudes de vibração são encontradas e a solução para tais casos é sempre complexa exigindo software avançados e profissionais experientes; • Freqüência causada por fenômenos elétricos/eletrônicos: Em certas situações sinais falsos ou errôneos podem estar presentes, por exemplo, quando um sinal senoidal é recortado (truncado) devido a um sinal saturado durante a coleta de dados, este fenômeno causa a inserção de uma onda quadrada no sistema. OBS: Deve-se conhecer bastante de máquinas para entender o que está acontecendo com as mesmas, não se deixando levar por coletas tomadas erroneamente. 2.3 Domínio do tempo e domínio da freqüência: Podemos identificar o domínio da freqüência ao nosso redor através de alguns exemplos práticos. Por exemplo a Luz é freqüência, a cor vermelha é freqüência, som é freqüência. Nós não nos referimos a estes itens como freqüências, nós apenas chamamos de Luz, Cor e Som. O corpo humano está limitado a um determinado intervalo (range) de freqüência, por exemplo, podemos identificar sons entre 20 e 20000 Hz, o que nos impossibilita reconhecer certos tipos de 17 defeitos em máquinas através do ruído gerado, ou ainda que estes defeitos podem estar mascarados por outros fora do nosso range de detecção. No domínio do tempo podemos fazer uso de parâmetros comuns em nossas vidas como deslocamento, velocidade e aceleração, para identificar tais defeitos. Vamos tomar como exemplo a suspensão de um carro. Ao passar por um buraco sentimos a carroceria subir e descer. Podemos identificar através do deslocamento quanto foi que esta carroceria deslocou em relação a sua posição inicial (por exemplo 2 cm) ou podemos dizer que esta carroceria oscilou em relação a sua posição com uma determinada velocidade (por exemplo 1 cm/s). Analisando alguns destes problemas no domínio do tempo, observamos que os sinais no domínio do tempo para máquinas rotativas se mostram bastante complexos. Figura 6 – Exemplo de um sinal analisado no domínio do tempo e da freqüência. Para análise de vibração é necessário dominar diagnósticos no domínio do tempo e da freqüência para análise completa e precisa. Para passarmos do domínio do tempo para o domínio da freqüência é necessário aplicar uma ferramenta matemática conhecida como Transformada de Fourier ao sinal (FFT). Fourier foi um grande matemático francês que desenvolveu um algoritmo (uma equação matemática) que quebrava um sinal complexo de ondas no tempo, decompondo-o em ondas individuas, facilitando assim a transposição matemática para o domínio da freqüência e conseqüentemente sua análise. Entretanto esta brilhante tecnologia não foi usada extensivamente até o advento do computador, utilizado na transformação do sinal do tempo em espectro de freqüência. 18 Figura 7 – Exemplo de um sinal onde foi aplicada a Transformada de Fourier. 2.4 Principais parâmetros: Relação entre deslocamento, velocidade e aceleração: • Velocidade: é a medida de quão rápido o objeto se move de zero a pico e isto é normalmente mensurado em milímetros por segundos (mm/s) no sistema métrico. • Deslocamento: é medida de quão o longe o objeto se move em relação a uma referência, de forma alternada. Sua grandeza é mensurada em “mícrons” ( sistema métrico ). • Aceleração: é a razão de mudança (variação) da velocidade de zero a pico e é normalmente medida em unidades de força gravitacional (g’s) no sistema métrico. Isto significa que altas freqüências geram altos níveis de aceleração. Os parâmetros relacionam-se entre si através das seguintes equações: ( )222 f a f vD ππ == Onde: D = deslocamento; v = velocidade; a = aceleração; f = freqüência. OBS: Equação válida somente para sinais senoidais. 19 Figura 8 – Exemplo dos gráficos de deslocamento, velocidade e aceleração respectivamente. Podemos notar que indicações de baixa freqüência geram altos níveis de deslocamento e indicações de alta freqüência geram baixos níveis de deslocamento, ou seja, transdutores de deslocamentos são mais eficientes para realçar componentes de baixa freqüência. Componentes de alta freqüência são bem representados com o uso de aceleração como parâmetro, como por exemplo na identificação de componentes de rolamentos entre 1000Hz e 10000Hz de faixa de freqüência. A velocidade de vibração é o parâmetro mais influenciado por ruídos de baixas ou de altas freqüências, mostrando num espectro a mais planas das curvas, sendo por isso o parâmetro normalmente escolhido para a avaliação da severidade da vibração ou análise da mesma, entre 10Hz e 1000Hz. 2.5 Conceituação básica do comportamento dinâmico de estruturas: Graus de liberdade de um sistema: é a quantidade de coordenadas independentes necessárias pra se definir completamente (de forma inequívoca) a posição de um sistema, ou seja, como o sistema vibra. Um sistema tem tanto modos de vibrar quanto são os seus Graus de Liberdade. Sistema com comportamento linear: é aquele para o qual vale a regra da adição ou superposição, ou seja, se para uma entrada (excitação) Ea, o sistema fornece uma saída (resposta) Sa e, se para entrada (excitação) Eb o sistema fornece uma saída (resposta) Sb, diz-se que o sistema apresenta um comportamento linear se para uma nova entrada Ec = Ea + Eb o sistema fornece uma saída (resposta) Sc = Sa + Sb 20 Conseqüência 1: se Ec = α (Ea + Eb) � Sc = α (Sa +Sb); Conseqüência 2: um elemento elástico que apresenta um comportamento linear é uma mola que obedece a lei de Hooke (F = Kx); Conseqüência 3: para uns sistemas lineares , uma excitação senoidal gera uma resposta senoidal. Modo próprio de vibrar ou modo de vibrar: Um sistema mecânico pode armazenar energia mecânica de duas formas: • Cinética: mv2 / 2 [função do movimento da(s) massa(s)]; • Potencial: kx2 / 2 [função da deformação do(s) elemento(s) elástico(s)]. Como conseqüência, temos então três alternativas: • O sistema armazena energia exclusivamente na forma cinética e o movimento deve permanecer inalterado (lei da inércia); • O sistema armazena energia exclusivamente na forma de energia potencial , e os elementos elásticos deverão ser mantidos deformados; • A terceira alternativa é o sistema de armazenar energia sendo trocada internamente de cinética ⇔ potencial. Esta troca se dá com um certo tempo “RITMO“ que é função das inércias das partes que se movem e da rigidez dos elementos que se deformam; Este Ritmo é chamado de freqüência própria ou freqüência natural do sistema. O exemplo mais clássico de um sistema simples (1 grau de liberdade) é o sistema constituído por uma massa (m) e uma mola linear de rigidez (k). Sua Freqüência Natural pode ser calculada de forma simplificada da seguinte forma: Lei de Newton ⇒ F = m.a , onde a = d2x/dt2 Lei de Hook ⇒ F = - k.x ⇒ m.a = - kx ⇒ Cuja solução é do tipo x = xo.sen(ωωωω.t) , com ωωωω = 2.ππππ.f x k m m.d2x = -kx dt2 1 21 Conseqüentemente a velocidade será: v = vo.cos(ωωωω.t) , com vo = ωωωω.xo e a aceleração a = - ao. ωωωω 2.sen(ωωωω.t) , com ao = ωωωω 2.xo , e ⇒ De e ⇒ xo = amplitude de deslocamento; vo = amplitude de velocidade; ao = amplitude de aceleração. A amplitude corresponde ao valor de pico. É comum para o deslocamento se utilizar o valorpico a pico, p.p. ou D.A. (Double Amplitude) Um Sistema tem tantos Modos de Vibrar quanto são seus Graus de Liberdade. Cada modo de vibrar é caracterizado por uma freqüência própria ou natural (eigen frequency) e pela Forma de Vibrar (Modal Shape), que é representada por um vetor próprio (eigen vector). Exemplo: Dois Pêndulos iguais, conectados por uma mola bem flexível: MODO 1 MODO 2 FREQÜÊNCIAS NATURAIS: F1 <<<< F2 VETORES PRÓPRIOS (SHAPE): [X1 X2] = [ 1 1 ] , [X1 X2] = [ 1 -1 ] Figura 9 – Sistema de dois graus de liberdade (dois modos de vibrar). OBS: Outros parâmetros modais (massa modal, rigidez modal, etc) podem ser utilizados, dependendo da modelagem aplicada; Para sistemas lineares, diferentes modos de vibrar podem ocorrer simultaneamente, e podem ser tratados (analisados) isoladamente. Desta forma, 1 a = ωωωω2.x 2 2 ωωωωn = k m M MM M 22 um sistema com n graus de liberdade e, portanto, n Modos de Vibrar, pode ser entendido/modelado/analisado como sendo n sistemas de um grau de liberdade superpostos (Análise Modal). Se um sistema for excitado de forma periódica com freqüência igual a sua natural, (com o ritmo que ele gosta) ele tende a absorver toda a energia que puder, aumentando seu movimento. É o que se chama de ressonância. O gráfico a seguir, mostram que, quando as freqüências, natural e de excitação, estão próximas (ωf / ω = 1) a amplitude tende a infinito, levando à quebra da máquina quando a resistência mecânica é ultrapassada. Dizemos que o sistema está em ressonância. Figura 10 – Gráfico do deslocamento de um sistema na ressonância. Em um sistema vibrando na ressonância (em um modo próprio), todos os pontos atingem a posição de máxima deflexão de cada ciclo, simultaneamente (andam em fase ou em oposição de fase 0º ou 180º); Velocidade Crítica: Definida como sendo a velocidade em eixos rotativos onde as deflexões, ocasionadas pelo desbalanceamento, tornam-se muito severas. A velocidade crítica ocorre quando a freqüência ou velocidade de rotação do eixo Ω se iguala a sua freqüência natural ω, podendo ocasionar danos graves ao equipamento. Crítica Velocidade⇒=Ω m k Figura 11 – Gráficos de amplitude e de ângulo de fase identificando-se a velocidade crítica. 23 3. MEDIDAS DE VIBRAÇÃO - INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO: 3.1 Sensores: Os três principais caminhos para representar a detecção de movimentos pelos monitores de vibração são deslocamento, velocidade e aceleração. Estes três parâmetros são matematicamente relacionados e podem ser derivados da entrada de qualquer sensor de movimento. A seleção de um sensor proporcional a deslocamento, velocidade ou aceleração depende da freqüência de interesse e do nível de sinal envolvido. Sensores de deslocamento: Sensores de deslocamento são utilizados para medir deslocamento a baixa freqüência e pequenas amplitudes. No passado, os monitores de deslocamento utilizavam sensores de proximidade, sem contato, tais como Eddy Probes. Atualmente, transdutores de deslocamento piezelétrico (acelerômetro com dupla integração) têm sido desenvolvidos para superar alguns dos problemas associados aos transdutores do tipo Eddy Probe. Ele produz uma saída proporcional ao movimento absoluto da estrutura melhor do que o movimento relativo entre o ponto de proximidade do sensor e a superfície e o alvo, tal como um eixo. Figura 12 – Exemplo de um sensor de deslocamento tipo Eddy Probe. Figura 13 – Exemplo de um sensor de deslocamento tipo Eddy Probe. Área Elétrica Eixo Distância “Eddy Current” ou “Proxímetro” 24 Sensores de velocidade: Sensores de velocidade são usados para medidas de baixa à média freqüência. Eles são úteis para monitoramento de vibração em máquinas rotativas. Quando são comparados aos acelerômetros, os sensores de velocidade têm sensibilidade menor para vibrações de alta freqüência. Desta forma, eles são menos suscetíveis a sobrecargas do amplificador. As sobrecargas podem comprometer a fidelidade da amplitude baixa, e sinais de baixa freqüência. Os sensores de velocidade tradicionais utilizam um sistema eletromagnético (bobina e imã) para gerar o sinal proporcional de velocidade. Agora, os sensores de velocidade tradicional e do moderno sensor piezelétrico de velocidade são mostrados na figura abaixo. Figura 14 – Exemplo de sensores de velocidade. Acelerômetros: Acelerômetros são os sensores de movimento preferido para aplicações de monitoramento de vibração. Eles são úteis para medir de baixa à alta freqüência, e são disponíveis numa variedade ampla de fins gerais e desenhos para aplicações específicas. Figura 15 – Exemplo de sensores de aceleração. 25 Sensores piezelétricos: Os sensores piezelétricos podem operar normalmente nas mais severas condições, sem afetar a sua performance. A maioria dos sensores usados em monitoramento de vibração possuem amplificadores internos. O elemento piezelétrico de um sensor produz um sinal proporcional de aceleração. Este pequeno sinal de aceleração é amplificado para medições de aceleração e / ou convertido (integrado proporcionalmente) quando se deseja medir velocidade ou deslocamento. Material piezelétrico: Os dois materiais piezelétricos básicos usados nos medidores de vibração são: cristal de quartzo e cerâmica piezelétrica, enquanto ambos são adequados para design de sensores, a diferença em suas propriedades permite uma maior flexibilidade na sua escolha. Por exemplo, o quartzo natural tem sensibilidade menor à carga e exibe um ruído de fundo maior, quando comparados a materiais piezocerâmicos. A maioria dos fabricantes de sensores de vibração utiliza materiais piezocerâmicos desenvolvidos especialmente para aplicação de sensor. Formulações especiais otimizaram as características para obter informação confiável em meios de operações extremas. A sensibilidade excepcionalmente alta desse material piezocerâmico permite o design do sensor com resposta de freqüência aumentada quando comparas ao quartzo. 3.2 Vantagens e desvantagens na escolha dos sensores: Sensor de corrente (Eddy Probe): Vantagens: • Resposta em baixas freqüências; • Mede deslocamento relativo; • Útil como referência para análise e balanceamento dinâmico; • Confiável, se apropriadamente instalado e mantido. Desvantagens: • Dificuldade para instalação; • Limitada para medição de deslocamento para freqüências altas; • Calibração depende do material do eixo; • Produz sinal de “run-out” falsos no eixo. 26 Sensor de velocidade Vantagens: • Não necessita de fonte externa; • Saída do sinal: Força; • Fácil de utilizar. Não é sensível aos problemas de montagens. Desvantagens: • Não é útil em freqüências muito baixas ou muito altas; • Possui partes internas móveis; • A orientação na montagem é importante; • Tamanho; • Precisão. Acelerômetros Vantagens: • Range (intervalo) muito grande de freqüências; • Range grande de amplitudes; • Suporta variações de temperatura; • Disponível para saídas de velocidades e deslocamento; • Design robusto. Desvantagens: • Não dá resposta DC; • É limitado em temperatura, devido ao amplificador interno; • Sensível a configuração de montagem. 3.3 Escolha e montagem de sensores: Quando selecionamos um sensor para monitoramento, alguns fatores devem ser considerados até que o melhor sensor seja escolhido para aplicação, o usuário deve-se questionar para se familiarizar com o sensor. As questões típicas são: • Qual o nível de vibração? • Qual o range da medição que interessa?• Qual a temperatura exigida? • Existem corrosivos químicos presentes? 27 • O ambiente corre riscos de explosão? • Existe transiente acústico e ou eletromagnético intenso? • Existe descarga eletrostática na área? • A maquina é aterrada? Outras questões também deve ser levantadas quanto aos conectores, cabos etc.: • Qual tamanho de cabo é necessário? • O cabo deve possuir proteção externa? • A qual temperatura o cabo ficará exposto? • É necessário conector a prova d’água? • Será necessário utilizar outro tipo de instrumentação? • É necessária uma fonte externa de alimentação? Montagem de sensores: O tipo da configuração de montagem depende primeiramente do tipo de sinal dinâmico a ser coletado, qual o range de amplitude necessário e qual o range de freqüência. Outros fatores também são considerados para montagem ou não de sensores, tais como acessibilidade, proibições, temperatura, etc. Em geral existem quatro configurações para montagem de sensores de vibrações: stud (prisioneiro), adesivo, magneto e ponteira. Figura 16 – Exemplo de montagem de sensores. 28 Montagem Stud (prisioneiro): Este tipo de montagem resulta na melhor resposta de range de freqüência. É recomendada para montagem de sensores em sistemas de monitoramento permanentes e medições em alta freqüência em geral. Conseguimos uma resposta máxima do range de freqüências dos acelerômetros. Deve-se observar, durante a montagem, a correta usinagem no ponto de conexão, o torque suficiente para montagem e a proteção posterior com silicone. Montagem com adesivo: Se não se pode aparafusar um sensor na máquina, podemos utilizar o adesivo como solução técnica. Existem atualmente diversos tipos de adesivos, os quais tem boa resposta de conexão, permitindo extrair até 70% do range de freqüência do acelerômetro. Deve-se observar a correta limpeza do local de montagem a fim de se ter a aderência necessária, com segurança. observando também o limite de temperatura do adesivo a ser utilizado com a realidade da máquina. Montagem com magneto e ponteira: Os magnetos são o tipo de montagem mais utilizados no campo, devido sua facilidade de manuseio, porém há um inconveniente: perde-se bastante do range de freqüências do acelerômetro, dependendo da qualidade de conexão entre mancal e magneto. Magneto tipo “plano” possui melhor resposta que os de “dois pólos” (plano: 50% e dois pólos: 30% do range de freqüências do acelerômetro). A ponteira deve ser o último recurso, sendo até não recomendada sua utilização, devido à perda de repetibilidade do sinal, trazendo o range de freqüências do acelerômetro para aproximadamente 10%. 3.4 Analisadores de freqüência de vibração: Sempre que uma máquina exibir vibração excessiva ou um aumento significativo em sua vibração durante as medições periódicas, o próximo passo é realizar uma análise completa da vibração de forma a determinar suas causas. O elemento chave de qualquer análise de vibração é determinar quais freqüências estão presentes e suas amplitudes, e separar dentre essas, aquelas que são indicadoras de problemas. Para fazer isso necessitamos do Analisador de Freqüências de Vibração. Esses instrumentos estão disponíveis em uma grande variedade de formatos, tamanhos e capacidades. Porém, o escopo desse curso não detalhará cada um desses instrumentos. Entretanto, todos esses instrumentos têm características 29 comuns mínimas sem as quais nada poderia ser feito. É muito importante aos técnicos que irão trabalhar nessa área, entender esses conceitos básicos desses instrumentos, pois muitos problemas de vibração tem sido erroneamente identificados ou perdidos, simplesmente porque o analista não entende como funciona um analisador de vibração. Todos os analisadores disponíveis hoje podem ser divididos nas seguintes categorias: • Analisadores Analógicos ou de Filtro Sintonizável; • Analisadores Digitais. Figura 17 – Exemplo de montagem de sensores. Analisadores de freqüência analógicos: Introduzidos durante a década de 50, os analisadores analógicos ou por filtro sintonizável, eram o que havia de mais moderno disponível para a realização da análise de vibração. Um analisador de filtro sintonizável trabalha de forma similar a um rádio. Numa determinada região existem, literalmente, dezenas de estações de rádio transmitindo programas ao mesmo tempo, mas cada estação está transmitindo em uma freqüência assinalada de transmissão. No nosso receptor de rádio existe um sintonizador que ajuda você a ajustar uma freqüência específica de transmissão fazendo então, com que se ouça a música de uma estação em particular. O sintonizador é na realidade um filtro eletrônico que aceita uma freqüência de transmissão de cada vez e rejeita todas as outras. Um analisador de freqüência tipo filtro sintonizável trabalha exatamente com o mesmo princípio do rádio. Uma máquina pode gerar diversas freqüências diferentes ao mesmo tempo em função de suas rotações de serviço, componentes mecânicos e freqüências de problemas. 30 O analisador analógico inclui um filtro que pode sintonizar ou varrer sobre uma faixa de freqüência de interesse para capturar ou identificar cada freqüência gerada. As únicas diferenças entre um rádio comum e um analisador analógico são: 1. O filtro do analisador de vibração é projetado para responder à freqüências de vibração e não radiofreqüências (RF); 2. O analisador de vibração usa um sensor tipo acelerômetro enquanto o rádio utiliza uma antena; 3. O analisador apresenta os valores sintonizados de amplitude x freqüência em indicadores ou em cartas impressas (chamadas de Assinatura de Vibração ou Espectro); o rádio apresenta como resultado da sintonia o som através de auto-falantes. O instrumento inclui um botão de manuseio do filtro usado para a sintonia manual sobre uma faixa larga de freqüência de vibração. Chaves de seleção são incluídas para a seleção do parâmetro de medição da amplitude e largura da banda do filtro. Também são incluídos os mostradores para apresentar as informações de amplitude e freqüência. Uma lâmpada estroboscópica é também incluída para análise de fase, balanceamento, confirmação da rotação e estudos em câmera lenta. Especificamente o instrumento fotografado inclui uma impressora interna para a geração dos espectros impressos e outras informações; também possuem um sistema que pelo simples apertar de um botão produz uma varredura automática do filtro de análise ajustado, sobre a faixa de freqüência de interesse e produz um espectro impresso simultaneamente. Esse aperfeiçoamento nos analisadores tipo filtro sintonizável elimina a tarefa tediosa e demorada do rastreamento manual de cada freqüência de interesse e sua marcação gráfica manual em uma folha de dados. Os analisadores analógicos de filtro sintonizável são considerados hoje ultrapassados em comparação com os padrões tecnológicos existentes. Entretanto, alguns desses instrumentos são fabricados ainda hoje e ainda existem centenas de velhos instrumentos desse tipo em uso. Analisadores digitais de freqüência (FFT): Os analisadores analógicos por filtro sintonizável vêem sendo utilizados ao longo de muitos anos e tem sido utilizado para detectar, identificar e resolver muitos problemas em máquinas. Entretanto, esses aparelhos, como vimos anteriormente, possuem inúmeras desvantagens se comparados com os analisadores digitais modernos, entre elas: 1. Os analisadores analógicos são tipicamente grandes e pesados com pesos na faixa de 10 a 15 kg. Em compensação a maioria dos analisadores digitais atualmente, nem chegam a 2 kg; 31 2. Os analisadores analógicos não podem armazenar dados ou se comunicarem diretamente com computadores. Já os analisadores digitais podem armazenar dados de vibração em memória própria e se comunicar com computadores externos; 3. Nos instrumentos analógicosas capacidades e funções são governadas basicamente pelo projeto inicial. As atualizações e aperfeiçoamentos só podem ser feitos através de mudanças de hardware. Os instrumentos digitais são basicamente computadores e os aperfeiçoamentos podem ser feitos alternando os programas internos; 4. Analisadores analógicos têm limitações de precisão em freqüência e não conseguem separar muito bem, freqüências muito próximas. Com ajustes apropriados, os analisadores digitais podem medir freqüências abaixo de frações de cpm; 5. Os analisadores analógicos são tipicamente limitados a 600.000 c pm de freqüência máxima, ao contrário dos analisadores digitais que podem medir até mais de 4 milhões de cpm; 6. Os analisadores analógicos são bem mais lentos que os digitais. O analisador analógico pode levar de 30 segundos a vários minutos para imprimir o espectro enquanto que o analisador digital pode tornar disponível um espectro simples em apenas alguns segundos (em alguns modelos, até em frações de segundo). Essas são apenas algumas das vantagens que os analisadores digitais de vibração, incluindo ai os coletores de dados, têm sobre os analisadores analógicos. 32 4. PROCESSAMENTO DIGITAL: 4.1 Características dos sinais dinâmicos: As informações dos processos industriais e de todos os experimentos de engenharia são transmitidos por sinais dinâmicos. Em alguns casos, a análise tem de ser feita com a informação total incluindo o valor médio, as variações lentas e as rápidas. Este é o caso típico dos sinais do tipo DC. Outras vezes, é suficiente para a análise considerar apenas as variações rápidas do fenômeno, eliminando por filtragem o valor médio e as variações lentas. Os sinais usados são então, do tipo AC. Independentemente da forma dos sinais portadores das informações de interesse, será imperioso analisá-los com o maior critério, pois a qualidade da interpretação depende diretamente da Análise dos Sinais. É necessário então conhecer as diversas formas com as quais os sinais se apresentam e seus possíveis modos de combinação dinâmica. O analista deve captar os sinais emitidos pelas máquinas e perceber se neles existem formas puras, distorcidas, combinadas ou moduladas. Depois desta observação pode-se escolher as técnicas de Análise de Sinais mais convenientes e adequadas ao caso em questão. Atualmente são disponíveis inúmeros analisadores de sinais, com recursos computacionais e preços pequenos. 4.2 Sinais harmônicos: Os sinais harmônicos representam perfeitamente a maioria dos sinais de uma máquina. Uma componente de vibração é essencialmente um movimento harmônico, uma senóide como visto anteriormente. O sinal harmônico tem grandezas características próprias que são: - Amplitude: valor medido do nível de referência a um valor máximo do sinal; - Freqüência: número de vezes que o ciclo se repete, por unidade de tempo; - Período: tempo de execução de um ciclo completo do sinal; - Defasagem: avanço ou atraso de um sinal em relação a outro qualquer. Sinais harmônicos de mesma espécie ocorrendo simultaneamente interagem entre si e podem formar um sinal harmônico único. São várias as formas de combinação de sinais. Se a combinação for por processo de soma, pode ocorrer os seguintes casos: - A soma de dois sinais harmônicos de mesma freqüência resulta em outra harmônica de mesma freqüência e amplitude de defasagens próprias; 33 - A soma de dois sinais harmônicos de freqüências diferentes resulta em sinal periódico, mas não harmônico; - A soma de dois sinais com freqüências quase iguais é um caso especial chamado Batimento e é de ocorrência comum. 4.3 Análise de Fourier: Para compreender a informação contida em um sinal, é preciso discretizar o sinal captado, ou seja, dividi-los em sinais simples, para associá-los a suas origens e identificar as excitações correspondentes. Foi enfatizado, anteriormente, que a vibração de um equipamento real apresenta-se como um fenômeno complexo contendo um número apreciável de componentes, tanto em freqüência quanto em amplitude, devido a várias massas vibrando. Figura 18 – Sinal no domínio do tempo, sua discretização e em seguida o sinal no domínio da freqüência. No final do século passado, o barão Jean Baptiste Fourier mostrou que qualquer sinal ondulatório pode ser descrito como uma combinação de sinais senoidais. Demonstrou ainda que, para cada sinal, a combinação de sinais senoidais que o descreve é única. Assim, um sinal qualquer pode ser descrito matematicamente como: ( ) ( ) ( ) ( )x t X t X t X tn n n= + + + + + +1 1 1 2 2 2sen sen ... senω ϕ ω ϕ ω ϕ 34 No caso do exemplo de sinal vibratório apresentado na Figura 18, ele é o resultado da combinação de apenas três funções senoidais (Figura 18 (b)) cuja descrição matemática é: ( ) ( ) ( ) ( )333222111 ϕωϕωϕω +++++= tsenXtsenXtsenXtx Levando-se em conta essas idéias, e considerando que uma máquina real se comporta como várias massas vibrando, se torna natural descrever o fenômeno vibratório de um equipamento indicando os valores das amplitudes máximas Xi relativas a cada uma das freqüências de vibração ωi presentes na composição do sinal vibratório. A descrição dessa forma é denominada forma espectral ou simplesmente espectro da vibração. Usualmente o espectro da vibração é apresentado na forma gráfica, do tipo mostrado na Figura 18 (c), que exemplifica a representação espectral do sinal da Figura 18 (a). No caso de um sistema mecânico real que tem um sinal vibratório complexo, como, por exemplo, um sistema motor-esmeril, o espectro de vibração é composto por um número muito grande de sinais senoidais combinados, resultando em um gráfico do tipo apresentado na Figura 19. Figura 19 – Sinal no domínio do tempo obtido no mancal de um sistema motor-esmeril. 35 Para a separação das componentes harmônicas, determinar seu espectro de freqüências, hoje temos os recursos fantásticos em modernos coletores de dados, os quais aplicam o algoritmo matemático de decomposição harmônico chamado FFT (Fast Fourier Transformer). Figura 20 – Sinal complexo e seu espectro FFT. 4.4 Características da FFT: O algoritmo da FFT foi especialmente desenvolvido para aplicação em analisadores digitais, em razão disso, ele tem uma série de propriedades e limitações decorrentes do processo. O fato básico a ser compreendido, é que a transformada é aplicada em blocos, Figura 20. O sistema ADC adquire um determinado tempo de sinal, normalmente identificado por Tr, decorrente da denominação em inglês “time record”, e digitalizada esse sinal em N pontos espaçados igualmente. Por questões de hardware, normalmente N = 1024 pontos, ou algum múltiplo par desse número. 36 Figura 21 – Esquema de obtenção do sinal e do espectro. Verifica-se pelo esquema, que a FFT transforma o sinal em blocos, cada bloco equivalente a uma amostragem de um tempo Tr do sinal. Em razão da forma como são as freqüências no cálculo dos coeficientes da FFT, cada bloco com N pontos de informação do sinal, é transformado em bloco com N/2 freqüências igualmente espaçadas. O valor mais alto de freqüência, para a qual é calculada a amplitude, é dada por: 37 Tr N f ⋅ = 2max as demais freqüências são igualmente espaçadas entre 0 e fmáx, ou seja: 0, 1/Tr, 3/Tr, ..., (n/2)/Tr Assim, como o número de pontos utilizados na digitalização de um sinal é constante para um dado equipamento, a freqüência máxima que pode ser alcançada via uma análise por FFT é governada pelo tempo de amostragem referente ao sinal digitalizado. A separação entre os valores de freqüência é definida por decorrência, Figura 22 onde a resolução entre as freqüências é 1/Tr. Figura 22 – Relações entre a freqüência e o tempo de aquisição do sinal.. Problemas na Análise pela FFT: O primeiro cuidado ao se utilizarFFT para gerar um espectro de um sinal, é lembrar que o algoritmo se comporta como um analisador de filtros paralelos de largura de banda constante. Se o problema for distinguir componentes próximas de alta freqüência, a resolução conseguida com a FFT pode não ser suficiente. Neste caso a solução será proceder a filtragem do sinal através de um filtro de banda larga, limitando o campo de freqüências do sinal para a região de interesse. Este processo é realizado, nos analisadores digitais, por meio de um “filtro digital”, e o processo de seleção das faixas de interesse é conhecido por “zoom” ou BSA, iniciais da expressão em inglês “Band Select Analysis”. O outro problema associado ao uso da FFT na obtenção de espectros de vibração, é que a transformada de Fourier, ferramenta matemática usada na implementação da FFT, supõe que o sinal é periódico através do tempo. Com os dados disponíveis pela aquisição digital do sinal é limitado dentro de um intervalo 38 de tempo, o algoritmo da FFT supõe que o sinal se espelha para trás e para frente de forma periódica. Este procedimento pode causar problemas sempre que o “corte” do sinal ocorrer de tal forma que a periodicidade do sinal fique distorcida. Ao assumir o sinal “espelhado”, a FFT estará transformando um sinal diferente do original, não periódico, e conseqüentemente o resultado não será adequado. Este tipo de defeito na montagem, ou melhor, na edição do sinal para FFT, é conhecido como “leakage” (“fuga”) sendo notório o surgimento de freqüências em torno da freqüência do sinal. Figura 23 – Problema de “leakage” na FFT. Uma observação importante sobre este fenômeno, é que se o sinal for transiente no tempo, a edição do sinal, via espelhamento para frente e para trás, redunda em um sinal periódico e, portanto, a sua FFT levará a um resultado correto. A Figura 24 ilustra este caso. Figura 24 – Edição de um sinal transiente para FFT. 39 Este fato, leva à uma proposta de solução para o problema de leakage: basta “enjanelar” a função editada de modo que nos pontos de edição, as amplitudes do sinal no tempo se anule, ou melhor, fiquem muito pequenas. Claude Shannon e Harry Nyquist provaram que, para não se perder a informação contida num sinal amostrado, é necessário que a freqüência de leitura ou amostragem (Nº de leituras/Período de amostragem) seja pelo menos o dobro da maior freqüência de interesse contida no sinal. A esta freqüência é usual chamar- se freqüência de Nyquist. De fato, se pretendermos adquirir o sinal harmônico da Figura 25 (a) e a freqüência de amostragem escolhida for igual à do sinal, acontecerá que seremos levados a pensar estar perante um sinal contínuo (freqüência = 0) de amplitude dependente do instante em que se iniciou a aquisição Figura 25 (b). Figura 25 – Freqüência de amostragem igual à freqüência do sinal em análise Se a freqüência de amostragem for maior que a do sinal, mas inferior ao seu dobro obteremos um sinal de freqüência inferior à verdadeira Figura 26 (a). Finalmente, se a freqüência de amostragem for maior ou igual ao dobro da freqüência do sinal (freqüência de nyquist) já se obtém o valor correto desta Figura 26 (b) e (c). 40 Figura 26 – Exemplos da ocorrência do “aliasing”. Ao fenômeno de confundir uma freqüência com outra menor, situação que se verifica quando a freqüência de amostragem é inferior ao dobro da freqüência em análise, é costume chamar-se aliasing. Na prática, a compreensão deste erro é muito importante quando se utiliza a lâmpada estroboscópica, pois é vulgar confundirmos a rotação real com outra de metade, um terço ou um quarto do seu valor. O princípio de funcionamento da lâmpada estroboscópica baseia-se numa luz intermitente, de freqüência regulável pelo utilizador que, ao refletir numa fita colada para o efeito no veio em rotação, cria a ilusão desta estar parada, caso a freqüência seja igual à do veio. Assim, quando se pretende medir a rotação varia-se a freqüência da lâmpada até se parar a fita refletora colada previamente no veio. Naturalmente que se o veio rodar ao dobro, triplo ou qualquer múltiplo inteiro da freqüência da lâmpada teremos sempre a ilusão da fita parada. Todos estes casos são erros de aliasing. Uma forma de determinarmos corretamente a rotação consiste no aumento da freqüência da lâmpada até obtermos duas imagens paradas da fita. A rotação verdadeira será igual à freqüência imediatamente anterior que mantinha uma imagem parada. O erro de aliasing não é problemático para os analisadores de vibrações pois estes equipamentos possuem filtros passa-baixa que impedem que freqüências mais elevadas presentes no sinal caiam no intervalo de freqüência da aquisição. 4.5 Enjanelamento (janelas): Já vimos anteriormente que o espectro de freqüência de um sinal harmônico é composto por uma só linha. Isto é verdade quando falamos de sinais contínuos, mas no caso do processamento de sinal digital pode não ser rigorosamente assim. De fato, na Figura 27 temos um sinal amostrado durante um período de tempo (T – período de amostragem) que por acaso coincidiu exatamente com um número inteiro de ciclos deste. 41 Figura 27 – Período de amostragem coincidente com um número inteiro de ciclos (harmônica de amplitude 1, fase 0 radianos e freqüência 8 hz). Assim o espectro obtido pela FFT é rigoroso. Mas na prática nada nos garante que, quando medimos uma vibração, o período de amostragem escolhido coincida com um número inteiro de ciclos. Além disso, a vibração real das máquinas é normalmente composta por variadas contribuições a diferentes freqüências e fases. Nas Figuras 28 e 29 podemos constatar o que acontece neste caso ao espectro de freqüência. Figura 28 – Período de amostragem não coincidente com um número inteiro de ciclos (harmônica de amplitude 1, fase 0 radianos e freqüência 8 hz). Figura 29 – Período de amostragem não coincidente com um número inteiro de ciclos da harmônica de maior freqüência. Como podemos ver, a não existência de um número inteiro de ciclos no sinal amostrado provoca no espectro FFT o aparecimento de falsas componentes de freqüência assim como a amplitude à freqüência verdadeira surge menor. Este efeito chama-se windowing, ou efeito de janela ou enjanelamento. 42 A razão deste nome deve-se a que parte amostrada do sinal seja como a parte do sinal real que vimos através de uma janela Figura 30. Figura 30 – Amostragem do um sinal da figura 29 com uma janela retangular. O erro de enjanelamento pode ser reduzido se escolhermos a janela adequada. Uma das janelas mais usadas na medição de vibrações periódicas em Manutenção é a janela Hanning (Figura 31). O objetivo desta janela é conseguir que as amplitudes do espectro sejam mais próximas dos seus valores verdadeiros e reduzir o número de componentes falsas do espectro. Se aplicarmos ao sinal a janela hanning o resultado será o seguinte: Figura 31 – Período de amostragem não coincidente com um número inteiro de ciclos da harmônica de maior freqüência. Utilização da janela Hanning. No tempo verifica-se uma atenuação do sinal amostrado nos extremos e na freqüência, se compararmos a Figura 31 com a Figura 29, podemos constatar que a amplitude da maior freqüência se aproximou mais do seu valor real (X = 2) e o número de falsas componentes diminuiu apesar das que restaram aumentarem em amplitude. No entanto será sempre fácil verificar se estas componentes são ou não verdadeiras bastando para tal mudar a escala de freqüências de modo a aumentar a resolução ou fazendo um zoom. Outras janelas também costumam ser usadas, como é o caso da Kaiser-Bessel, Flat-Top ou da Exponencial. Na Figura 32 listam-se as janelas mais vulgares e quais as suas aplicações. 43 Tipo de sinal Aplicação Janela Transiente Geral Retangular Transientes curtos e testesde impacto com sinal de excitação curto Transiente Transientes longos e testes de impacto com sinal de excitação longo Exponencial Transientes muito longos Hanning (x % de sobreposição) Contínuo Geral e medição de respostas com excitação aleatória Hanning Separação de picos adjacentes Kaiser-Bessel Calibração Flat-Top Sinais pseudo-aleatórios, análise por ordens e medição de respostas com excitação pseudo- aleatória Retangular Figura 32 – Janelas e suas aplicações 4.6 Modulação de sinais: O analista de Manutenção Preditiva deve conhecer alguns fundamentos de modulação para poder identificar e assim associar às excitações correspondentes. Quando um sensor capta um sinal dinâmico e o transfere para o analisador, provavelmente ele vem misturado com outros ou está modificado por algum outro processo de modulação. O analista necessita reconhecer a forma de modificação para escolher a maneira mais adequada de separá-los e associá-los às causas que o geram. No universo de sinais dinâmicos, muitos deles apenas se misturam e então são facilmente separados pelo processo de FFT. Algumas vezes, o processo físico favorece a combinação de sinais, surgindo diversas formas de modulação. Podemos citar como exemplo: gaiolas de rolamentos, campos magnéticos, correntes rotóricas, engrenamentos, etc. As formas mais comuns de modulação são: Amplitude Modulada (AM), Freqüência Modulada (FM) e a Modulação de Fase. 44 A modulação é composta por um sinal modulador e um sinal portador (chamado portadora). O sinal portador em sua propagação “transporta” o sinal modulador. O sinal modulador modifica o portador alterando-lhe ou a amplitude ou a freqüência ou a fase. Modulação de amplitude: Uma forma de modulação em amplitude AM consiste em “multiplicar” uma harmônica de freqüência ωp (a portadora) pelo sinal modulador f(t). Esta forma de modulação cria duas componentes eqüidistantes da freqüência, suprimindo a portadora. É também chamado de Modulação em Amplitude com Portadora Suprimida. ( )ttf pϖcos).( Outra forma de modulação em amplitude AM, o processo físico faz com que os sinais se associem por um processo de soma. Se a amplitude da portadora for sempre maior do que o maior pico do sinal modulador, o processo de modulação irá transportar o sinal modulador sem perder nenhuma informação. O espectro em freqüência deste tipo de AM contém um pico na freqüência da portadora com bandas laterais espaçadas da(s) freqüência (s) do sinal modulador. Figura 33 – Espectro de freqüência AM com portadora. Modulação em freqüência: Neste caso, o sinal de alta freqüência (onda portadora) tem sua freqüência variando conforme o sinal de menor freqüência, denominado sinal modulador. O sinal FM tem amplitude constante e igual à da portadora e freqüência instantânea variável. O espectro FM tem as seguintes características: 45 • Infinitas bandas laterais em torno da freqüência portadora; • A modulação em freqüência não é linear, portanto, não vale o princípio da superposição, dificultando a análise de sinais modulados por sinais complexos; • Dependendo do valor do índice de modulação , a amplitude da portadora no espectro pode ser nula. Os casos mais comuns de FM em máquinas rotativas ocorrem em Engrenamentos e Motores Elétricos. Figura 34 – Sinal modulado em Freqüência. Na prática, muitas vezes é difícil distinguir um espectro com FM de um outro com AM. Veja abaixo comparação entre eles: Figura 35 – Comparação entre Batimento, AM e FM. 46 Nos casos mais complexos podemos ter superposição de AM + FM + Batimento e Super-modulação. Figura 36 – Comparação de sinais. Grau de Modulação “ββββ”: O grau de modulação β indica de uma forma geral o nível ou a intensidade de falha em determinados sintomas de falhas em máquinas. Por exemplo: em motores elétricos, se tivermos β = 2 no motor A e β = 5 no motor B, ambos associados a problemas de barras do rotor rompidas, podemos dizer que no motor B tal sintoma está mais acentuado do que no motor A, apenas comparando-se os graus de modulação β encontrados nos espectros. 47 Figura 37 – Espectros em freqüência para vários graus de modulação. Filtros: O filtro é um dispositivo que, teoricamente, deixa passar um determinado número de freqüências e bloqueia as demais. A separação entre a freqüência mínima e a máxima que o filtro deixa passar é denominada largura de faixa ou banda, definida por: 12 ffB −= onde: f1 = a freqüência mais baixa, f2 = a freqüência mais alta. Visando uma maior conveniência para ajustar faixas de freqüência sobre as quais se deseja deixar passar o sinal, é definida internacionalmente, uma freqüência, denominada freqüência central, expressa pela relação: 48 21 fff c ⋅= ou seja, a média geométrica das freqüências limites do filtro. Nos casos usuais são utilizados basicamente dois tipos de filtros: o de largura de faixa constante e o de largura de faixa percentual ou proporcional. Os filtros de largura constante cobrem a faixa de interesse num número de faixas cuja largura não é alterada em função de freqüência. Um exemplo são os filtros com largura de faixa de 20 Hz. Os filtros de largura proporcional ou percentual, apresentam uma largura de faixa que é percentualmente proporcional à freqüência central da faixa, por exemplo: 100 cfnB = onde, n é a largura da faixa em porcentagem da freqüência central. Os filtros normalmente apresentam uma largura de faixa percentualmente igual a 6% da freqüência central. Os mais utilizados são os de oitava e de terça de oitava, que correspondem a uma largura de faixa é igual a 70,7% da freqüência central para os de oitava e para o filtro de terça 23,1% da freqüência central. Com o auxílio dos filtros obtém-se as amplitudes das diferentes freqüências, bastando então traçar o espectro versus freqüência. 49 5. IDENTIFICANDO OS PROBLEMAS MAIS COMUNS EM MÁQUINAS: Está fora do objetivo deste curso introdutório descrever detalhadamente as características associadas a cada problema específico que podem ser encontrados em todos os tipos de máquinas. Essa apostila foi desenvolvida para aquelas pessoas que tem pouca experiência no uso da detecção de vibração e suas técnicas de análise para a Manutenção Preditiva. A seqüência deste capítulo aborda as características dos problemas mais comuns em máquinas em geral, a saber: 1. Desbalanceamento; 2. Eixo torto; 3. Desalinhamento; 4. Folgas; 5. Problemas de excentricidade; 6. Ressonância; 7. Rolamentos (caso típico em 88% das ocorrências); 8. Mancais deslizantes; 9. Problemas hidráulicos ou aerodinâmicos; 10. Problemas em motores elétricos AC assíncronos; 11. Engrenagens; 12. Correias. A análise de vibração, como a medicina, não é uma ciência exata. Entretanto, com a informação fornecida neste capítulo, associada ao bom senso, tornarão vocês aptos a indicar a maioria dos problemas de máquinas com confiança. 5.1 Vibração por desbalanceamento: O desbalanceamento de componentes de máquinas é talvez o problema mais fácil de reconhecer com certeza. O desbalanceamento simples, não complicado por outros fatores, pode ser rapidamente identificado pelas seguintes características: 1. A vibração ocorre a 1 x rpm do componente desbalanceado. A presença de múltiplas freqüências harmônicas (2x, 3x, 4x, etc.) usualmente indica problemas adicionais como folga, roçamentos entre outros; 2. A vibração é razoavelmente uniforme na radial dos mancais, nunca excedendo uma relação 5:1 entre a horizontal e a vertical. As medições de 50 fase geralmente apresentam uma diferença entre 60º e 120º, entre a horizontal e a vertical; 3. Se um componente específico como motor, ventilador, bomba, é a fonte do desbalanceamento, esse componente vibrará mais que os outros. Se a fontefor um acoplamento toda a máquina vibrará. O estado do desbalanceamento também pode ser afetado por condições de operação, tais como carga ou temperatura. Por exemplo, máquinas operando em altas temperaturas podem se distorcer fisicamente e deformar em função da dilatação, resultando em mudanças no balanceamento do rotor. Grandes ventiladores de tiragem de fornos de rotor soldado devem ser balanceados à temperatura de operação, de forma a compensar distorções térmicas. Quando balanceados à temperatura ambiente, podem rodar bem suaves a frio, mas, começam a vibrar violentamente quando em operação normal à quente., Complementando, devido a pequenas variações de posição e diâmetro médio nas pás de grandes ventiladores de rotor montado, podem apresentar variações significativas de balanceamento com a variação do fluxo. Em outras palavras, uma variação no ajuste das válvulas pode resultar em uma variação significativa na amplitude de desbalanceamento e características da fase. Esses efeitos são referenciados como desbalanceamento aerodinâmico e indicam a importância de balancear o rotor sob as condições normais de operação. Problemas com eixos tortos: Eixos tortos são um problema comum encontrado em máquinas devido a erros de fabricação ou então, da manipulação durante o transporte ou instalação. Também pode ser provocado por distorção térmica ou desbalanceamento excessivo. Independente das causas, eixos tortos produzem uma vibração predominantemente em 1 x rpm, muito parecida com o desbalanceamento. E como no desbalanceamento, na direção radial essa vibração é uniforme e não direcional. Mas, diferente do desbalanceamento, o eixo torto irá produzir um nível significativo de vibração AXIAL. Toda a vez que a amplitude da vibração medida na direção axial exceder 50% da maior amplitude medida na direção radial, um eixo torto será a provável causa de altas vibrações axiais. Sendo o eixo torto a principal causa da vibração axial, podemos confirmá-lo através de uma simples análise de fase nessa direção, pois, podem existir dois tipos diferentes de entortamento de eixo: 1. Rotores com um simples empenamento; 2. Eixos com um entortamento ou dobra, próximo a um mancal específico. Cada um desses tipos de distorção irá produzir alta amplitude axial, mas cada tipo irá ocasionar uma vibração axial notavelmente diferente. Portanto, uma análise de 51 fase não apenas verificará uma condição de empenamento, mas também apontará a natureza e o local exato do empenamento. Identificando um eixo com um entortamento próximo a um mancal: A vibração axial causada por um eixo torto pode realmente acontecer de duas formas diferentes. Normalmente, o eixo se dobra próximo a um mancal em particular, como acontece em uma dobra na ponta de um eixo causada por uma pancada no transporte ou instalação, o mancal vai tender a "dançar" axialmente. Essa "dança" ou retorção pode ser facilmente reconhecida tomando medições axiais de fase em várias posições do mesmo mancal, como apresentado na figura abaixo. Figura 38 – Exemplos de um mancal com entortamento. Quatro medições de fase axiais por mancal são recomendadas, porém, limitações físicas e de segurança, com certeza, tornarão impossível obter todas as leituras recomendadas. De qualquer forma, mais de uma leitura axial é necessária. Então, tente medir a maior quantidade possível (no mínimo duas posições diametralmente opostas). Mancais que são montados tortos em seus alojamentos, também apresentam alta vibração axial e a mesma característica de fase exposta acima. Entretanto, o mancal torto possui vibração axial extremamente direcional, então, as amplitudes axiais nas posições indicadas na figura acima serão muito diferentes umas das outras, sendo que a maior amplitude será na posição para onde o mancal está torto. Identificando um eixo com um simples empenamento: Um eixo que possua um empenamento simples como o mostrado na Figura 39, pode não provocar que seus mancais vibrem axialmente na forma de movimentos de retorção. Também um simples empenamento pode fazer com que os suportes dos mancais vibrem axialmente de forma uniforme ou plana como o mostrado na figura abaixo. Nesse caso a amplitude axial e a fase medidas nas 4 posições indicadas serão muito uniformes, quase iguais, indicando um movimento plano ou uniforme do mancal. De forma a identificar um empenamento simples como a causa da alta vibração axial, será necessário comparar o movimento axial relativo entre os suportes dos 52 mancais. Se o eixo está somente empenado, os suportes dos mancais do rotor irão revelar uma substancial condição de fora de fase conforme mostrado na figura abaixo. Apesar de um empenamento pronunciado revelar 180º de defasagem na direção axial entre os suportes, uma defasagem de apenas 90º é significativa o suficiente para indicar um possível empenamento. Uma verificação com um relógio comparador deve ser feita no rotor para determinar eventuais empenamentos, especialmente se as amplitudes axiais excederem 50% da mais alta amplitude radial. É importante observar que as leituras de fase axial nos suportes dos mancais sejam feitas com o sensor de vibração sempre na mesma direção. Por exemplo: se você mede o mancal da direita em sua face do lado direito, o mesmo deve ser feito no mancal da esquerda. Se não for possível e você girar o sensor e colocá-lo para a esquerda, o valor de fase lida terá que ser corrigido, subtraindo-se 180º da leitura obtida. Figura 39 – Eixo com um empenamento simples. Abaixo temos a indicação do movimento plano do mancal. 5.2 Vibração por desalinhamento: Verificações têm demonstrado que nos estágios iniciais da maioria dos Programas de Manutenção Preditiva, o desalinhamento de máquinas diretamente acopladas é de longe o problema mais comum que causa a vibração nas máquinas. A respeito de mancais auto-compensadores e acoplamentos flexíveis, é difícil alinhar dois eixos 53 e seus mancais de forma a não existirem forças que irão produzir vibração. Mesmo com as máquinas bem alinhadas inicialmente, vários fatores podem afetar esse estado, incluindo: 1. Temperatura (máquinas alinhadas a frio ou na oficina, podem apresentar grandes desalinhamentos quando aquecidas - por fatores de operação ou pelo sol) devido à dilatação térmica dos metais; 2. Assentamentos de fundação; 3. Deterioração de ancoragens. A Figura 40 ilustra os três tipos desalinhamentos: off-set, angular e combinado. As características de vibração ocasionadas por desalinhamento dependem do tipo de desalinho e da extensão ou grau de desalinhamento. Seguem aqui as características gerais a verificar: 1. As forças resultantes do desalinhamento no acoplamento são geralmente "compartilhadas" pelas máquinas acopladas. Como resultado, as amplitudes de vibração medidas nas unidades motoras e movidas vão apresentar um nível razoavelmente próximo. É claro que diferentes massas e rigidez vão resultar em amplitudes de vibração levemente diferentes. Entretanto, a vibração não será tipicamente localizada em um único componente; 2. A vibração será normalmente direcional. O desalinhamento ocorre em uma certa direção, e como resultado as forças radiais não serão uniformemente aplicadas em todas as direções na radial; 3. As freqüências características da vibração ocasionadas pelo desalinhamento serão 1x, 2x e 3x rpm e podem aparecer em qualquer combinação, dependendo do tipo e da extensão do desalinho. Desalinhamento angular geralmente causa vibração em 1x rpm, enquanto que o desalinhamento off-set ou paralelo causa vibração predominante em 2x rpm. De fato o desalinhamento paralelo é provavelmente a causa mais comum de vibração predominante em 2x rpm. Combinações de desalinhamentos angulares e paralelos podem mostrar conjuntos de 1x e 2x rpm e em alguns casos, até 3x rpm; 4. Sempre que o desalinhamento é
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